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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/345/o-
planejamento-deve-ser-flexivel
Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Janeiro | 2009
Replanejar
O planejamento deve ser
flexível
Sustos, como descobrir que a turma não está no nível
imaginado, pedem uma mudança de rumos
Arthur Guimarães
Por mais bem fundamentado que seja o planejamento escolar, o professor
precisa ter consciência de que alguns imprevistos podem surgir ao longo do
ano letivo (e esses sinais não devem ser ignorados). É importante que haja
uma avaliação constante do processo de ensino, com o educador sempre
alerta para diagnosticar obstáculos encontrados e medir o ritmo de avanço
das atividades sobre os temas programados. 
Os assuntos trazidos no dia-a-dia pelos alunos, como notícias da televisão ou
dilemas pessoais e familiares, também precisam ter um tempo reservado
para serem debatidos - se possível relacionando-os aos conteúdos
curriculares, mas logicamente sem forçar conexões distantes. O cuidado de
monitorar as aulas e o comportamento dos estudantes periodicamente é
determinante para perceber a necessidade de pequenos ajustes, pausas,
acelerações, mudanças de rota ou mesmo a retomada de algumas
informações que não foram aprendidas de forma consistente pela turma. "É
uma questão de bom senso. O planejamento inicial é feito sem que o
docente conheça seus alunos. É com a interação e com o próprio tato que o
educador vai perceber o que vai manter ou não", explica Benigna Freitas, do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília (UnB). 
As avaliações são a principal ferramenta para saber quando improvisar.
Depois de cada aula, o professor pode criar o hábito de fazer anotações
sobre o andamento das rotinas, comparando o que foi inicialmente previsto e
o que realmente aconteceu. Aqui, podem entrar observações a respeito de
grupos mais avançados e até sobre conteúdos que pareciam totalmente
dominados. A escrita leva a pensar. É inclusive um momento em que fica
claro ao docente se suas explicações surtiram efeito ou não ajudaram no
entendimento dos conceitos trabalhados. Nos registros, entram ainda as
cartas que foram tiradas da manga para contornar eventuais sustos durante
a aula. "Ao escrever, você cria uma distância do que foi feito, o que ajuda na
ref lexão sobre os procedimentos utilizados", explica Neide Noffs, professora
de Didática e Metodologia do Ensino da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). "É com essa prática que o profissional consegue ter noção
dos limites da flexibilidade do planejamento. Ele deve se perguntar se sua
explicação surtiu efeito e os objetivos foram alcançados. Se não foram, cabe
cogitar alguma alteração de rota", argumenta. 
A especialista cita o francês Yves Chevallard para embasar seu entendimento
de que as mudanças de percurso são bem-vindas. "Um conteúdo de saber
que tenha sido definido como saber a ensinar sofre, a partir de então, um
conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um
lugar entre os objetos de ensino. O 'trabalho' que faz de um objeto de saber a
ensinar um objeto de ensino é chamado de transposição didática", escreveu
o educador. Neide acredita que conhecer a realidade dos alunos é um fator
fundamental nessa transformação do saber. "O conhecimento científico, por
exemplo, não deve ser repetido em classe exatamente do jeito como está nos
livros. As informações precisam ser trabalhadas e preparadas para serem
repassadas aos estudantes. E é elementar entender quem são esses
estudantes. Por isso, enquanto se aprendem quem são eles e o que sabem,
podem ocorrer desvios de rota", analisa. 
Outros fatores, menos ligados ao nível de conhecimento dos alunos, também
podem influenciar a rotina desenhada. A previsão inicial de que as atividades
devem ter continuidade com tarefas como a lição de casa pode não ser
concretizada. "Por motivos variados, acontece de algumas crianças não
conseguirem fazer essa extensão dos estudos, o que as deixaria
desamparadas no trabalho com um conteúdo que demanda teoricamente
um complemento do estudo fora da escola", diz a professora da PUC-SP. 
Acontecimentos cotidianos relatados na mídia ou mesmo eventos marcantes
na comunidade igualmente podem - e devem - ser relacionados aos
conteúdos curriculares, o que muitas vezes pede uma interrupção no
combinado. "Há uma falta de tempo para o educador se planejar. E os
sistemas escolares burocratizam o ensino. Fica a impressão de que com um
roteiro rígido e rotineiro se erra menos. O problema é que muitas vezes o
aprendizado passa a ser significativo exatamente quando você faz uma pausa
para contextualizar certo tema, fugindo do script", diz Newton Bryan,
professor de Planejamento e Gestão Educacional da Faculdade de Educação
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
Segundo ele, no entanto, devem ser tomados cuidados na hora de incluir
novos assuntos na pauta. "Ignorar não é o caso. São muitos games, vídeos e
seriados que podem servir de inspiração. Mas é preciso ter uma boa
formação para dar guinadas consideráveis. Um docente que não tem total
habilidade com a geografia poderia ser um fracasso tentando relacionar os
conteúdos da disciplina com a catástrofe causada pelas chuvas em Santa
Catarina", pondera o especialista. Benigna também foca nesse ponto. "A
escola precisa saber o que é fundamental para ser trabalhado e o que é
secundário. Não está certo deixar tudo de lado para discutir determinado
assunto sem nenhuma programação nem vínculo com o currículo. O peso de
cada coisa precisa ser medido pelo educador sem exageros", avalia a
professora da UnB.
 
AS DICAS PARA ATRAVESSAR A CORDA BAMBA
É preciso equilíbrio para percorrer o ano letivo sabendo mesclar as
atividades essenciais com eventuais mudanças de percurso que se
fizerem necessárias rumo ao objetivo final. O mais importante é saber
(re)planejar sempre, estabelecer prioridades e, principalmente, nunca
deixar de levar em conta as características e necessidades de
aprendizagem dos estudantes. Para tanto... 
Considere sempre o que os alunos aprenderam até o momento, a série
em que estão e a relevância do conteúdo 
Avalie com que frequência o assunto estudado aparecerá novamente
nos anos seguintes. Se não existe uma previsão de retomada do
conteúdo no futuro, talvez não seja a hora de desviar de foco 
Pergunte a si mesmo: "Quem eu estou ensinando?" Defina aonde quer
chegar, o que a turma realmente precisa e o que é possível fazer 
Escute com atenção os questionamentos que surgirem
Por que ser flexível 
O professor que não faz um planejamento maleável corre o risco de não
alcançar seus objetivos 
Os alunos são a referência para a elaboração de um plano. É preciso
acompanhar o desenvolvimento deles 
O plano é uma previsão, sujeita a erros. Daí a importância em mudar

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