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Docência para o Ensino Superior PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR: Um olhar sobre o planejar e avaliar Ana Cláudia Barreiro Nagy Edna Barberato Genghini NAGY, Ana Cláudia Barreiro GENGHINI, Edna Barberato Planejamento e Avaliação no Ensino Superior: um olhar sobre o planejar e avaliar (livro-texto) / Ana Cláudia Barreiro Nagy; Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2018. 108 p. : il. 1. Planejamento. 2. Avaliação. 3. Ensino Superior. I. Nagy, Ana Cláudia Barreiro. Genghini, Edna Barberato. II. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. Professora conteudista ANA CLÁUDIA BARREIRO NAGY é natural do Rio de Janeiro, onde cursou Magistério e começou a estudar na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduou-se em Pedagogia na Universidade Presbiteriana Mackenzie (1994). Especializou-se em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). É mestre em Educação: Currículo, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), onde iniciou o Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (2005). Também cursou Letras (Português e Francês) na Universidade de São Paulo (2018), com intercâmbio na Université Lumière Lyon 2. Para complementar sua formação, concluiu a pós-graduação em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância na Universidade Federal Fluminense (2019). Foi professora nos cursos de Pedagogia, Engenharia, Psicologia e Educação Física na UNIP. Também atuou na mesma universidade como coordenadora do curso de Pedagogia no campus Norte. Atualmente é professora conteudista da pós-graduação em Formação em Educação a Distância da UNIP Interativa. Foi professora tutora para os cursos de graduação EaD em Pedagogia e Normal Superior da Universidade do Norte do Paraná e na pós-graduação no Centro Universitário Senac – São Paulo. Professora colaboradora EDNA BARBERATO GENGHINI, professora universitária desde 2002. Atualmente, é coordenadora para todo o Brasil dos cursos de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP EaD, onde também atua como professora adjunta, nas modalidades interativa e semipresencial. É diretora e psicopedagoga da Mentor Orientação Psicopedagógica Ltda. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica pelas Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-graduação lato sensu em Formação em Educação a Distância pela Universidade Paulista – UNIP (2011). É autora e coautora de livros-texto para os cursos de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP EaD. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 6 1. O PLANEJAMENTO NO ENSINO SUPERIOR ........................................................................ 7 1.1 Ensino e pesquisa ................................................................................................................... 7 1.2 Planejamento interdisciplinar na universidade ....................................................................... 17 1.3 Planejamento participativo ..................................................................................................... 22 2. O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL .................................................................................... 30 2.1 O que é planejamento ........................................................................................................... 30 2.2 Tipos de planejamento .......................................................................................................... 40 2.3 Etapas e elementos do planejamento .................................................................................... 44 3. AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR .................................................................................. 51 3.1 Conceitos e concepções sobre avaliação .............................................................................. 51 3.2 Instrumentos de avaliação ..................................................................................................... 66 4. ABORDAGENS E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR ............................ 77 4.1 Desafios da avaliação ............................................................................................................ 77 4.2 A avaliação e as relações de poder ....................................................................................... 85 4.3 Avaliação como melhoria e avanços nos processos de ensino e aprendizagem ................... 93 APRESENTAÇÃO Olá, aluno(a)! Bem-vindo(a)! Neste material você encontrará os conteúdos pertinentes à disciplina Planejamento e Avaliação no Ensino Superior, que trata, fundamentalmente, da elaboração de um planejamento eficaz e eficiente, considerando-se as boas práticas de um professor em contexto universitário. Ainda, será muito importante compreender quais são e como funcionam as formas de se avaliar os alunos – e por que não o professor também? –, buscando perceber que a sala de aula (presencial ou virtual) é um espaço rico de construção de conhecimento. Também estudaremos as possibilidades e concepções atuais e procedimentos pedagógicos que (re)orientam a prática de planejar e avaliar no Ensino Superior na atualidade. Para finalizar, vamos discutir as relações de poder que a avaliação considera, especialmente no Brasil. Animado(a)? Então, mãos à obra! INTRODUÇÃO O objetivo desse livro-texto do curso de pós-graduação em DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR da UNIP EaD é ajudá-lo a compreender o que é ser professor na atualidade e perceber como o planejamento e a avaliação são extremamente importantes para a prática educativa, e não só nos cursos de graduação. O material que agora você tem em seu poder está dividido em quatro unidades didáticas distintas, porém complementares. Cada uma delas apresenta uma particularidade do tema e foi organizada tendo em vista facilitar seu percurso dentro da temática. Veja como estão organizadas: Unidade 1 – O planejamento no Ensino Superior: Ensino e pesquisa; Planejamento interdisciplinar na universidade; Planejamento participativo. Unidade 2 – O planejamento educacional: Tipos de planejamento; Etapas e elementos do planejamento. Unidade 3 – Avaliação no Ensino Superior: Concepções sobre avaliação; Instrumentos de avaliação. Unidade 4 – Abordagens e práticas de avaliação no Ensino Superior: Desafios da avaliação; A avaliação e as relações de poder; Avaliação como melhoria e avanços nos processos de ensino e aprendizagem. Para estudar todos os temas indicados, os objetivos gerais da disciplina são: • Relacionar o planejamento das atividades aos instrumentos, às propostas e aos usos da avaliação no processo educativo; • Entender a importância do planejamento para o ensino e a pesquisa; • Analisar o caráter subjetivo e as relações de poder que envolvem as práticas de avaliação no contexto universitário; • Compreender os desafios que os docentes vivenciam nos processos avaliativos. Saiba, também, quais são os objetivos específicos: • Identificar o conceito de planejamento e avaliação; • Compreender os processos de planejar e avaliar e como interferem na construção do conhecimento para o ensinosuperior; • Conhecer tipos e etapas de planejamento e instrumentos de avaliação; • Identificar desafios ao processo de avaliação; • Perceber que a avaliação não é neutra, mas deve ser fidedigna. Aproveite a leitura e as imagens do seu livro e não deixe de buscar as indicações da sessão “Saiba mais” para aprimorar seus conhecimentos. Boa jornada! 7 UNIDADE 1 1. O PLANEJAMENTO NO ENSINO SUPERIOR Nesta unidade, a intenção principal é buscar compreender o que é o ato de planejar e sua importância para a ação docente no ensino superior. Também vamos verificar como planejar de forma interdisciplinar, aproveitando os “talentos” das diversas áreas de conhecimento com foco em ensino e pesquisa. Ainda, discutiremos o planejamento estratégico para os cursos de graduação. Para começar, vamos falar sobre o ensino e a pesquisa, já que toda a atividade de um professor precisa ter esses dois eixos: ensinar e, ao mesmo tempo, pesquisar. 1.1 Ensino e pesquisa Pesquisa é o processo que deve aparecer em todo o trajeto educativo. (DEMO, 2006, p. 18). A universidade é um espaço de muitas construções. Buscamos um curso superior para aprender uma profissão, para nos integrar ao mundo, para construir conhecimento específico sobre determinada área de ensino. Entretanto… não é só isso. Enquanto frequentamos uma universidade, somos solicitados a realizar diversos trabalhos acadêmicos – dissertações, resumos, artigos científicos, ensaios etc. e, para conseguir produzir esses trabalhos devemos buscar fontes seguras de informação, como os livros publicados sobre o tema, sites de universidades, o Scielo, artigos produzidos para congressos. Enfim, há uma riqueza muito grande de possíveis fontes. Essa é uma face do ato de pesquisar, mas ainda há mais. Pesquisar precisa ser encarado como uma postura, uma ação necessária para todo aquele que deseja formar-se professor. Conteúdos trabalhados na unidade: O planejamento no Ensino Superior: Ensino e pesquisa; Planejamento interdisciplinar na universidade; Planejamento participativo na educação. 8 Figura 1: Pesquisa Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/s/semiphoto/05/p/9075accaf5b517d33613a6 d66edf60a0.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. Certamente não é só isso, ou seja, encontrar o que já foi produzido por outros pesquisadores. Um professor precisa ser, também, um pesquisador! Pensar a formação para a docência universitária implica, no horizonte, a perspectiva dos compromissos éticos e sociais que temos para com as novas gerações. Assim, para ser docente no ensino superior é necessário desenvolver consciência clara sobre o papel da formação e do formador em relação aos jovens. Esses são o foco central desse trabalho. É essencial saber criar condições de aprendizagem: Por que criá-las? Para quem? Com o quê? Como?. Ter uma perspectiva filosófico-política sobre o trabalho docente em relação àqueles com os quais desenvolverá ações pedagógicas. Destas considerações pode- se derivar uma dinâmica curricular formativa. Formações precisam ter um sentido (GATTI, 2016, p. 79). O trecho acima mostra a importância de ser docente no ensino superior. Gatti (2016) coloca como imprescindível saber criar condições para promover as aprendizagens. Ser um pesquisador vai dizer muito do docente que você é/será. • Vale a pena conhecer, caso você ainda não conheça, o Scielo (<http://www.scielo.br/?lng=pt>). É uma biblioteca científica online onde é possível encontrar artigos sobre os mais variados temas. • O melhor de tudo é que todos esses artigos passam por um crivo muito cuidadoso antes de serem publicados. • O Scielo é muito respeitado. Pode confiar! 9 Um professor não pode achar que ao receber seu diploma está com todo o conteúdo aprendido e o que aprendeu é suficiente para seguir sua carreira. É o começo, claro, você concorda comigo, não é? Mas todos os dias há produção de conhecimento científico mundo afora e é aí que o professor precisa embrenhar-se e entrar em contato com esses conhecimentos para estar preparado para atuar numa sala de aula. Figura 2: Formação contínua sempre Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/diannehope/03/l/1426078817xowfe.jpg>. Acesso em: 29 out. 2018. Quando falamos em ensino superior essa responsabilidade aumenta, já que os alunos, adultos, já passaram por inúmeras e diferentes experiências e seus questionamentos serão cada vez mais complexos. Os Princípios gerais e objetivos da Educação Superior estão definidos na Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Consulte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Existe um Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, o SINAES, descrito na Lei n.º 10.861 de 14 de abril de 2004, que o instituiu. Consulte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm>. 10 Como lidar com isso, então? É preciso ter respostas e, quando não as tivermos, precisaremos ter curiosidade (e essa é uma obrigação profissional!) e interesse em encontrá-las. Devemos ter em mente, ainda, que serão os alunos do ensino superior os futuros profissionais, aqueles que, com suas descobertas, trarão progresso para nossa sociedade. Na Universidade, a aprendizagem, a docência, a ensinagem só serão significativas se forem sustentadas por uma permanente atividade de construção do conhecimento. Tanto quanto o aluno, o professor precisa da pesquisa para bem conduzir um ensino eficaz (SEVERINO, 2008, p. 83). Desse modo, a prática da pesquisa na graduação vai produzir conhecimento para responder aos questionamentos sociais, assim como para inovar e solucionar problemas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira trata do ensino superior entre os artigos 43 e 57, no capítulo IV. Veja o que diz o Art. 44: A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo; III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. Leia na íntegra esse capítulo, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 30 out. 2018. 11 Tendo isso que discutimos em mente, dá para entender que pesquisar vai funcionar como uma importante ferramenta para ampliação de conceitos, de objetos e de busca de racionalidade e verdades, certo? Figura 3: Racionalização Disponível em: <https://openphoto.net/gallery/image/view/24563>. Acesso em: 10 out. 2018. Podemos, então, dizer que a pesquisa é: […] o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema (GIL, 2017, p. 32). Como um universitário pode obter sucesso em seu curso se não desenvolver a postura de pesquisador, especialmente se depois vier a tornar-se professor? Ah, não é possível pensar diferente, não é mesmo? É por isso que pesquisa e ensino devem andar de mãos dadas, um nãovive sem o outro. 12 Veja o que Chalita (2005, p. 61), que já foi secretário da Educação em São Paulo, diz a esse respeito: O conhecimento é um norte que ajuda a encontrar e percorrer a estrada da vida. O conhecimento é um caminho para se chegar à sabedoria. O conhecimento é um motor que move os sentimentos e controla as tempestades. É conhecimento o que obtemos com o ato de pesquisar. Na universidade temos mesmo que realizar os trabalhos, concorda? Então, porque não pensar que não serão apenas trabalhos, mas que poderão ser respostas para nossas próprias necessidades como sociedade? Por que não pesquisamos com o intuito de crescer cognitivamente, academicamente, como indivíduos e que podemos contribuir com o entorno em que vivemos para melhorar a vida do próximo? “Planejamento e educação no Brasil” é um livro que analisa as estratégias, os caminhos e descaminhos do planejamento a partir da visão de que o planejamento é um ato de intervenção técnica e política. Leitura essencial que o planejador esteja preparado para ter em mente a necessidade de desenvolver uma articulação permanente a fim de estabelecer coordenação entre a esferas técnica, política e burocrática, indispensável para ter uma postura autônoma na estrutura e no sistema de relações das instituições e da sociedade. Não deixe de ler! KUENZER, A. Z. et al. Planejamento e educação no Brasil. São Paulo: Cortez, 2013. 13 Figura 4: Estudar para conhecer Disponível em: <https://openphoto.net/thumbs2/volumes/mike/openphoto_dot_net/2002_3_8_170_11_OPL.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. Aposto que depois de ler tudo isso você já está começando a pensar em como vai se desenvolver como pesquisador. Acertei? Para começar… que tal incentivar o hábito da leitura em seus alunos? Você sabe quantos livros um universitário lê? Sugiro o seguinte artigo: “O hábito da leitura dos universitários” que afirma que “o conhecimento que pode ser encontrado através da leitura é o meio mais importante para o processo de ensino-aprendizagem”. É um estudo que analisou os hábitos de leituras de universitários do curso de administração da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Caruaru, identificando os principais meios de pesquisa utilizados por esses estudantes. Consulte: <http://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/2336/2039>. 14 Figura 5: Ler é indispensável Disponível em: <https://www.pics4learning.com/details.php?img=abigailgant.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. Nosso sistema de ensino reproduz, muitas vezes, um modelo de ensino ultrapassado, que “derrama” conteúdos, datas, nomes, locais, acontecimentos e pequenos “truques” para tornar a vida do estudante mais fácil, para que ele “passe” na prova, ou, pior ainda, nos faz decorar essas coisas todas. Isso não provoca interesse no que aprendemos, mas pode ser diferente, te dou minha palavra! Quando vivenciamos um ensino mais assertivo, mais alegre, mais motivante, ah!, o resultado é sempre muito mais satisfatório – para quem aprende e para quem ensina. 15 Figura 6: O educador pernambucano Paulo Freire Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_as sist692997/prev/AgenciaBrasil160412_JFC2488.JPG>. Acesso em: 02 nov. 2018. Vamos ler um trecho do educador pernambucano Paulo Freire para nos ajudar a refletir sobre tudo o que estamos conversando aqui? Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino (…). No meu entender, o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, (re)procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 2004, p. 14). Ah… Paulo Freire… Seu texto é tão simples e positivamente incisivo, não é? http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_assist692997/prev/AgenciaBrasil160412_JFC2488.JPG http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_assist692997/prev/AgenciaBrasil160412_JFC2488.JPG http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_assist692997/prev/AgenciaBrasil160412_JFC2488.JPG 16 Figura 7: Processo educativo Disponível em: <https://thumbs.dreamstime.com/t/school-books-desk-education-concept- 43664095.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. As dimensões do planejamento educacional: o que os educadores precisam saber trata dos fundamentos teóricos e dos elementos de planejamento baseados na prática educacional cotidiana. Leitura para todos que se dedicam ao ato de planejar. Esse livro ajuda o educador a entender os mecanismos necessários para realizar o planejamento do ensino e suas dimensões. SANTOS, P. S. M. B. dos. As Dimensões do Planejamento Educacional: O Que os Educadores Precisam Saber. São Paulo: Cengage Learning, 2017. Para conhecer mais sobre Paulo Freire, recomendo visitar o Instituto Paulo Freire em <http://www.paulofreire.org/> e buscar suas obras, como a mais famosa delas, a “Pedagogia do Oprimido”. https://thumbs.dreamstime.com/t/school-books-desk-education-concept-43664095.jpg https://thumbs.dreamstime.com/t/school-books-desk-education-concept-43664095.jpg 17 Agora, vamos falar sobre a interdisciplinaridade? Figura 8: Interdisciplinaridade Disponível em: <http://www.pics4learning.com/details.php?img=img_4789.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. 1.2 Planejamento interdisciplinar na universidade Diante do que já conversamos, sobre a importância de ensino e pesquisa no contexto educacional e universitário, nos cabe falar um pouquinho sobre o currículo e o planejamento. Vejamos: o currículo é a identidade da instituição de ensino, correto? É a partir dele que o trabalho educativo se realiza. O que está nele, entretanto, não vem pronto. Muito pelo contrário, ele vai sendo construído de acordo com o grupo de docentes, auxiliares de ensino, administrativos e alunos também. Aliás, ele precisa representar esses grupos, que são aqueles que convivem na escola ou na universidade. Como concretizá-lo? É por meio da ação de planejar, de formalizar o planejamento, que sua concretização ocorrerá. Através dela e de sua execução responsável, da prática e da filosofia de ensino que o currículo será efetivado. Assim… é bem importante fazer um planejamento, não é mesmo? 18 Como sabemos, a educação formal prescinde de uma ação intencional, ou seja, uma ação que precisa ser, necessariamente, planejada. Se o docente trabalhar em conjunto com outros docentes? Se ele fizer parcerias com os colegas? Hum… seria interessante! Aqui cabe falar um pouco sobre a interdisciplinaridade. Você sabe o que é isso? A interdisciplinaridade está ligada a superar as barreiras entre as diferentes áreas de conhecimento. Claro que, diante do nosso sistema de ensino, não é uma atividade fácil, não! Porém… com conhecimento, boa vontade e disposição para aprender e pesquisar, nada nesse mundo é impossível! Então, vamos continuar. Para a professora Ivani Fazenda (2006, p. 61), uma das maiores estudiosas brasileiras sobre o tema: A superação das barreiras entre as disciplinas consegue-se no momento em que instituições abandonam seus hábitos cristalizados e partem em busca de novos objetivos e no momento em que as ciências compreendam a limitação das barreiras de seus aportes. Mais difícil que esta, é a eliminaçãodas barreiras entre as pessoas, produto de preconceitos, falta de formação adequada e comodismo. Essa tarefa demandará a superação de obstáculos psicossociológicos, culturais e materiais. Ah, viu como pode acontecer? Nós não lidamos com os conhecimentos de maneira linear, ou seja, nós aprendemos fazendo links com o que já conhecemos, caso contrário, aprender seria bem difícil, concorda? Isso é interdisciplinaridade! A interdisciplinaridade é uma metodologia que respeita a especificidade de cada área de conhecimento, procurando estabelecer e compreender as relações entre os conhecimentos sistematizados, ampliando o espaço de diálogo na direção da negociação de ideias e da aceitação de outras visões (PONTUSCHKA, 2010). 19 Figura 9 - Interdisciplinaridade Disponível em: <https://openphoto.net/gallery/image/view/20602>. Acesso em: 10 out. 2018. Em nossa realidade educativa, ainda trabalhamos com a linearidade. Vamos acabar com isso. Uma prática interdisciplinar dá significado aos conteúdos, pois rompe com a famosa divisão hermética das disciplinas. A interdisciplinaridade vem, portanto, olhar os aprendentes como eles realmente aprendem: de forma integral e não-linear. Imagine se desde o planejamento a visão for assim? PONTUSCHKA, N. N. (Org.). Ousadia no diálogo. Interdisciplinaridade na escola pública. São Paulo: Loyola, 2010. O livro, que defende a interdisciplinaridade desde seu subtítulo, traz uma visão ampla da diferença de um planejamento pautado a partir de temas geradores e do conhecimento que esse trabalho produz no aluno e no educador. Todos os professores deveriam fazer um estudo aprofundado na questão dos temas geradores para conhecer seus benefícios para a aquisição do conhecimento. 20 Vou dar um exemplo de como esse trabalho pode funcionar bem. A fonte é uma revista direcionada aos professores da educação básica, a Nova Escola. Veja só: Um grupo de mãos dadas para ensinar Quando o apagão de 2001 forçou milhões de brasileiros a reduzir o consumo de energia elétrica, a professora de Ciências Maria Lúcia Sanches Callegari, do Colégio Santa Maria, em São Paulo, fez uma proposta às 5ªs séries: construir um aquecedor solar (veja modelo didático). Logo a ideia despertou o interesse de outras cinco professoras. Todas se envolveram e, utilizando o horário reservado para o trabalho coletivo, montaram um projeto conjunto, que vem se repetindo anualmente. Para conciliar tantas disciplinas, o planejamento é feito logo no início das aulas. Dessa forma, os professores abordam conteúdos de seu currículo de acordo com as etapas da construção e da instalação do aquecedor. A professora de Geografia trabalhou o clima brasileiro e conceitos de orientação utilizando a bússola, para que todos localizassem o norte, direção para onde a placa do aquecedor deveria estar voltada ao ser instalada sobre as casas. A de Matemática pediu uma pesquisa sobre o consumo de energia dos eletrodomésticos e explorou conceitos de proporção ao calcular com a garotada o tamanho das placas solares de acordo com o volume das caixas d'água. Em História, foram resgatados os motivos econômicos que causaram a degradação do meio ambiente brasileiro. Nas aulas de Ciências, os estudantes pesquisaram as fontes de energia no país e quais alternativas apresentam menos impacto ambiental. Com a professora de Língua Portuguesa, eles bolaram questionários para entrevistar as famílias que receberiam o equipamento. O objetivo das aulas de Ensino Religioso foi orientar os estudantes no contato com a comunidade, para que eles compreendessem as razões das diferenças entre a realidade deles e a dos moradores de bairros carentes. "A ideia de doar os aparelhos para a população foi das próprias crianças", lembra a orientadora da 5ª série Ivani Anauate Ghattas. As avaliações também são formuladas de maneira interdisciplinar. Em História, por exemplo, os estudantes são desafiados a discorrer sobre o extrativismo predatório ocorrido no Brasil Colônia. Além disso, o objetivo é levá-los a associar os prejuízos ao meio ambiente que hoje ameaçam a qualidade de vida, conteúdos que, na teoria, fariam parte do programa de Ciências. Além de confirmarem que a fórmula tem sido vitoriosa no que se refere à aprendizagem da turma, as seis professoras contabilizam ganhos pessoais. "Temos aprendido sempre para colocar nosso conhecimento a serviço dos estudantes", afirma Maria Lúcia. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/249/interdisciplinaridade-um- avanco-na-educacao>. Acesso em: 10 out. 2018. 21 Bom, acredito que essa discussão foi interessante e te deu pistas de como refletir acerca desse tema. Vamos continuar a reflexão! Você sabia que a interdisciplinaridade cresce na pós-graduação brasileira? Consulte o portal do Ministério da Educação para se informar sobre esse tema: <http://portal.mec.gov.br/midias-na-educacao/180-estudantes- 108009469/pos-graduacao-500454045/6713-sp-1646083365>. Acesso em: 03 nov. 2018. “Na interdisciplinaridade escolar a perspectiva é educativa. Assim, os saberes escolares procedem de uma estruturação diferente dos pertencentes aos saberes constitutivos das ciências (CHERVEL, 1988; SACHOT, 2001). Na interdisciplinaridade escolar, as noções, finalidades habilidades e técnicas visam favorecer sobretudo o processo de aprendizagem, respeitando os saberes dos alunos e sua integração”. Fonte: FAZENDA, I. (Org.). O que é interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2008 (p. 21). Disponível em: <<https://filosoficabiblioteca.files.wordpress.com/2013/11/fazenda-org-o-que-c3a9- interdisciplinaridade.pdf>. Acesso em: 05 out. 2018. 22 1.3 Planejamento participativo Figura 10: Planejamento participativo Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lauramusikanski/05/p/9238ff400eb4e9cec2 e328cced34b57f.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2018. Para pensar em um projeto participativo, a primeira coisa que nos cabe é definir participação: A participação, em seu sentido pleno caracteriza-se por uma força de atuação consciente, pelo qual os membros de uma unidade social Conheça o trabalho intitulado A interdisciplinaridade e o trabalho coletivo: análise de um planejamento interdisciplinar, que vai aprofundar seu conhecimento sobre o tema. É uma leitura que explicita detalhadamente o trabalho dos autores no projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, no qual a experiência foi realizada. O artigo está disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v11n1/12.pdf. Acesso em: 02 nov. 2018. 23 reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e de seus resultados, poder esse resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir em torno de questões afetivas (LÜCK, 2005, p. 19). Assim, quando estamos em um contexto educativo no qual se planeja de modo participativo, fica claro que os envolvidos têm a oportunidade de discutir, refletir, questionar e decidir colaborativamente, ou seja, estarão participando e isso tem um caráter transformador, não acha? Figura 11: Colaboração Disponível em: <https://thumbs.dreamstime.com/m/many-hands-together-group-people-joining- hands-19391482.jpg>. Acesso em: 25 out. 2018. Na educação, não queremos construir uma realidade mais justa para todos? Então, o caminho é desenvolver uma postura participativa que auxilie nas mudanças, com o intuito de criar uma sociedade em que os diferentes olhares sejam respeitados a fim de, se necessário, transformar a realidade em que vivemos para que ela seja cada vez melhor para os que a integram. As fases desse tipo de planejamento são as seguintes: a preparação do plano (realização do planejamentocom a colaboração de todos); o acompanhamento atento da execução do que foi pensado, planejado e a revisão contínua de todo o processo de modo que situações “engessadas” não se propaguem. https://thumbs.dreamstime.com/m/many-hands-together-group-people-joining-hands-19391482.jpg https://thumbs.dreamstime.com/m/many-hands-together-group-people-joining-hands-19391482.jpg 24 Cabe ressaltar que essa visão de planejamento promove um “empoderamento” dos participantes, os quais se sentirão parte das decisões e se enxergarão como responsáveis pelas conquistas no processo educativo! Fases do planejamento participativo: 1) Preparação do plano; 2) Acompanhamento atento da execução; 3) Revisão contínua de todo o processo. Trabalhar um processo participativo de planejamento permite: > maior consciência sobre a missão da organização, > um melhor entendimento da estrutura da organização e da relação do ambiente interno com o contexto social, económico e político. > a criação de novos instrumentos de análise e previsão; > estabelecimento de critérios para a definição de prioridades e alocação de recursos; > formas de aprendizado reciproco; > uma melhor compreensão das dificuldades enfrentadas nas diferentes instâncias da organização e maior cooperação entre elas; > uma maior cooperação entre as diferentes instâncias no sentido de obter maior eficiência e eficácia, abrindo caminhos para novas formas de gestão, aumentando a capacidade de resposta às demandas tanto internas como externas; > uma otimização dos recursos disponíveis, possibilitando uma relação mais positiva entre custos e benefícios, diminuindo o peso dos gastos administrativos; > a definição clara de funções e a articulação funcional e operativa entre as diferentes instâncias > uma consciência da globalidade e interdependência entre as diversas atividades. > Uma consciência da responsabilidade de cada um na obtenção dos resultados. (ANDRADE, s.d. Disponível em: <http://www.novasociedade.com.br/conjuntura/artigos/hilda1.htm>. Acesso em: 21 out. 2018). 25 Figura 12: Sempre Paulo Freire Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/23/gallery_as sist692997/prev/AgenciaBrasil160412_JFC2461.JPG>. Acesso em: 02 nov. 2018. Para Freire (2004), as instituições que promovem educação escolar – e, claro, as universidades fazem parte desse contexto – precisam estar centradas em experiências que estimulem a tomada colaborativa de decisão e responsabilidade. Ele acrescenta que é decidindo que se aprende a decidir e o universitário vai precisar saber tomar decisões em sua atividade profissional, portanto, é fundamental “treinar” e desenvolver essa característica para a vida pessoal e o mundo do trabalho. 26 Convido-o (a) a realizar uma atividade sobre as temáticas que discutimos nessa unidade. Leia os excertos I e II: I) Uma das soluções encontradas para se trabalhar a diversidade cultural no contexto escolar é a interdisciplinaridade, esta pode ser compreendida como uma fundamental ferramenta para uma mudança significativa na educação, especialmente ao que se refere às diferenças existentes no âmbito educacional (PINTO e MACEDO, 2014, p. 3). Fonte: PINTO, A. H. P. e MACEDO, A. B. O planejamento interdisciplinar e a prática da diversidade cultural no contexto da sala de aula. Fórum Internacional de Pedagogia (FIPED), Santa Maria/RS, 2014. Disponível em: editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_16_06_20 14_21_02_44_idinscrito_1831_b79b0b4cf81c0b2f1bfef4bcb018f4e9.pdf>. Acesso em: 30 out. 2018. II) (…) a interdisciplinaridade pode auxiliar na dissociação do conhecimento produzido e orientar a produção de uma nova ordem de conhecimento, constituindo condição necessária para melhoria da qualidade do Ensino Superior, mediante a superação da fragmentação, uma vez que orienta a formação global do homem” (FAVARÃO e ARAÚJO, 2004, p. 103). Para saber mais sobre o planejamento participativo recomendo a leitura de “Subsídios ao Planejamento Participativo: textos selecionados”, organizado por Elizeu F. Calsing. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002572.pdf>. Acesso em: 20 out. 2018. 27 Fonte: FAVARÃO, N. R. L.; ARAÚJO, C. de S. A. Importância da interdisciplinaridade no ensino superior. Educere, Umuarama, p. 103-115, vol. 4, n.2, jul./dez., 2004. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/index.php/educere/article/view/173/>. Acesso em: 30 out. 2018. Agora, faça uma reflexão sobre a importância de desenvolver um processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Elabore um pequeno texto sobre esse tema, relacionando os dois excertos acima. Justifique e exemplifique como trabalhar a partir do conceito de interdisciplinaridade que foi trabalhado nessa unidade. Bom trabalho! _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 28 Chegamos ao final dessa primeira unidade. Aqui você estudou sobre o conhecimento e sua importância para o ensino. Esse conhecimento é construído através de pesquisas responsáveis em livros, artigos e, claro, em sites confiáveis. O professor precisa entender que faz parte de seu métier (trabalho, profissão, ofício) desenvolver em seus alunos uma postura pesquisadora e desenvolver-se como pesquisador também. Especialmente o aluno universitário, que está na graduação para aprender uma profissão, ser um pesquisador é de grande importância, até porque ele deverá enxergar-se como alguém que aprende para criar, para atuar em prol da melhoria da sociedade em que vive. Não deixe de ler Prática do planejamento participativo, de Danilo Gandin, obrigatório para quem quer refletir acerca desse tipo de planejamento. O livro tem como objetivo fundamentar a necessidade de planejamento, especialmente no campo educacional. O autor traz uma análise sobrea relação escola- sociedade. Ainda, ele vê o processo educativo atual como imprescindível de ser discutido por todos aqueles que estão envolvidos em contextos educativos para não viverem essa função sem questioná-la, posicionando-se de maneira firme, clara e eficaz num trabalho de cunho transformador. Para Gandin, é através do planejamento participativo que, por mais que as relações sejam tensas, a dialética entre a realidade existente e a realidade desejada não poderá ser uma barreira para a efetivação de ações educacionais de boa qualidade. A chave é o planejamento participativo. GANDIN, D. Prática do Planejamento Participativo. Petrópolis: Vozes, 2013. 29 Vimos também que ensino e pesquisa estão intrinsecamente associados, que um não vive sem o outro, não é mesmo? Para isso, ou seja, para melhorar sua atuação docente, uma alternativa é planejar com seus pares, interdisciplinarmente, mudando a visão tradicional de ensino que ainda é desenvolvida em nosso sistema educacional. Também discutimos sobre o planejamento participativo e sua importância não só para nossas vidas, como para nossa ação docente. Espero que você tenha aprendido bastante e esteja motivado(a) a ir adiante. 30 UNIDADE 2 2. O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Nesta unidade a intenção principal é conceituar planejamento educacional e conhecer seus tipos, etapas e elementos. Preparado(a)? Então, mãos à obra! 2.1 O que é planejamento Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode improvisar a educação, seja ela qual for seu nível (SCHMITZ, 2000, p. 101). Figura 13: Planejando Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/BUSHKO/09/p/3ffcc97fbfbddf0fe6c7e640c 01d3ac6.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. Conteúdos trabalhados na unidade: o que é planejamento; tipos de planejamento; etapas e elementos do planejamento. 31 Antes de falar sobre o planejamento em contextos educacionais, convido você a ler dois exemplos sobre o ato de planejar em nossa vida. Gandin (2011, s.pag.) vai nos ajudar. Diz ele que: Vale a pena, (…), verificar alguns tipos de situação humana e analisar a especificidade do planejamento por ela exigido. Claro que cada exemplo abaixo é uma possibilidade entre muitíssimas parecidas ou iguais. A – O Conserto de um Automóvel Para consertar máquinas, certamente há necessidade de planejamento. Ele consistirá de três passos: • compreensão do padrão da máquina, isto é, da estrutura que lhe permite o funcionamento, ou seja, do seu estado ideal; deste passo em geral não se fala e as pessoas não se dão conta de que ele existe porque naturalmente ele é preexistente na mente de quem vai fazer o conserto e não precisa ser enunciado; • um diagnóstico – é o que mais aparece – buscando descobrir as diferenças existentes na máquina real em relação ao padrão ideal desta mesma máquina; o conceito central deste diagnóstico é o de problema e o seu resultado mais forte é a relação de problemas detectados; faz parte deste diagnóstico, também, a avaliação de possibilidades e de recursos; • decisão do que se vai fazer, incluindo aqui as ações diretas de solução do(s) problema(s) e/ou as orientações (propostas como estratégias) de uso da máquina. Com mais complexidade por causa do “humano” nele existente, o trabalho do médico usa um esquema igual a este. B – A Administração de um Aeroporto (este tipo inclui, também, quase todas as situações de planejamento de empresas comerciais e similares, como as de serviços mais simples). Muito parecido com o caso anterior é a administração de alguns serviços públicos, não necessariamente governamentais, cujo padrão esteja quase totalmente dado. Há ideias de segurança, bem-estar, bom atendimento, rapidez, etc. que devem ser realizadas. Estas ideias dão os critérios – pode-se falar aqui de indicadores – para a prática. As três etapas do planejamento descritas acima permanecem. O que é diferente são os conteúdos que se acrescentam em relação ao que se realiza no caso anterior. Além da compreensão do padrão básico do serviço que é dado pela cultura dos usuários e pelo costume que se cria, é necessária aqui a complementação deste padrão, no sentido de buscar mais contentamento para os que usam o serviço, incluindo ou não maneiras próprias de servir. O levantamento de sugestões junto ao público é a forma primeira de participação dos usuários na fixação deste padrão. 32 O diagnóstico, além de verificar a existência e a extensão de problemas, incluirá o grau de satisfação das pessoas que trabalham no serviço e dos que usufruem seus benefícios. A decisão sobre o que se vai fazer é mais abrangente em virtude dos acréscimos anteriores. Além disto, estas decisões insistirão mais em estratégias, visando aos modos de ser e de se comportar que aumentem a qualidade do serviço, dentro do padrão estabelecido. Pode contar com mais mudanças, algumas estruturais, que são geradas pela modificação do padrão referencial estabelecido. Interessantes esses exemplos, concorda? Podemos perceber o quão importante foi realizar um planejamento para cada um dos casos descritos pelo autor. Para enriquecer nossa reflexão, vou te contar uma experiência pessoal e os passos que desenvolvi quando planejei para fazer um intercâmbio na França em 2018. Figura 14: Estudar na França Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/diannehope/03/l/142603491524xz9.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/diannehope/03/l/142603491524xz9.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/diannehope/03/l/142603491524xz9.jpg 33 Como eu estava estudando Letras (Português e Francês) na Universidade de São Paulo, vi uma oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos na língua francesa e, nada melhor do que viver por um tempo onde se fala essa língua. Havia outras opções de lugar, já que se fala francês em diversos países, mas escolhi a França, mais especificamente a cidade de Lyon, que é grande, mas não tanto quanto Paris, por exemplo. Figura 15: Université Lumière Lyon 2 Arquivo pessoal da autora. 02 jan. 2018. O primeiro passo foi me inscrever num edital do convênio entre minha universidade e a universidade estrangeira. Concorri a uma vaga para a Université Lumière Lyon 2. Separei os documentos e os encaminhei para participar da seleção. Após ter sido aprovada e conquistado a vaga, inscrevi-me em outro edital, dessa vez para tentar uma bolsa de estudos. Após ter sido classificada, recebi o aviso de que a bolsa seria minha! Quase não coube em mim de tanta alegria! A partir desse momento, comecei a verificar como estaria o clima na cidade para poder escolher que roupas levar. Também pesquisei nos sites das empresas aéreas quando seria mais barato comprar minhas passagens e enviei um pedido de moradia ao Crous de Lyon (Les Œuvres Universitaires et 34 Scolaires), que é um serviço do Estado, tutelado pelo Ministère de l’Enseignement Supérieur, de la Recherche et de l’Innovation, que tem a missão de ajudar estudantes estrangeiros a viver na cidade oferecendo moradia. Figura 16: 2018 Disponível em: <https://www.istockphoto.com/br/foto/2018-escritos-com-carimbos-de- passaporte-em-fundo-branco-gm871195612-145241219>. Acesso em: 25 out. 2018. Fiquei muito ansiosa até que a resposta viesse, pois, minha bolsa era em reais e lá a moeda é o euro, que tem um valor muito maior que o do dinheiro brasileiro… Também precisei esperar pela carta de aceite da universidade francesa paradar entrada no visto francês. Passaporte válido, malas prontas, um lugar para morar pelos setes meses em que vivi em Lyon, a vaga na universidade e a bolsa para custear minha estadia. Metade do caminho já estava vencida! https://www.istockphoto.com/br/foto/2018-escritos-com-carimbos-de-passaporte-em-fundo-branco-gm871195612-145241219 https://www.istockphoto.com/br/foto/2018-escritos-com-carimbos-de-passaporte-em-fundo-branco-gm871195612-145241219 35 Figura 17: Vista da cidade de Lyon, França Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/karpati/preview/fldr_2010_01_25/file81512 64442525.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. Deixei uma procuração dando plenos poderes a uma pessoa de minha confiança aqui no Brasil, pois pensei que, se acontecesse qualquer coisa, ela poderia resolver para mim, já que seria impossível viajar da França para assinar um documento aqui no Brasil antes do fim dos sete meses, por exemplo. Figura 18: Procuração Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jppi/preview/fldr_2008_11_17/file00018494 87704.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/karpati/preview/fldr_2010_01_25/file8151264442525.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/karpati/preview/fldr_2010_01_25/file8151264442525.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/karpati/preview/fldr_2010_01_25/file8151264442525.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jppi/preview/fldr_2008_11_17/file0001849487704.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jppi/preview/fldr_2008_11_17/file0001849487704.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jppi/preview/fldr_2008_11_17/file0001849487704.jpg 36 Esses foram alguns dos meus passos até chegar lá. Veja que pensei no que seria necessário para realizar esse sonho de estudar fora. Assim, pude viajar com tranquilidade! Você percebeu como planejar, ou seja, me preparar com antecedência foi fundamental para conseguir chegar até lá? Claro que você tem vários exemplos para contar de como conquistou um objetivo. Você projetou o futuro, você se organizou de forma a obter sucesso em seu plano. Como professor, não é diferente. Após conhecer os exemplos acima sobre planejamento, escreva um objetivo que você tem, mas ainda não conquistou. Pense no que você precisa fazer para atingir esse objetivo. Formule estratégias para conseguir realizá-lo. Feito isso, você terá construído um planejamento. Agora, é começar a correr atrás do que você planejou e obter sucesso! Boa sorte! _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 37 O trabalho docente envolve grande complexidade e deve ser consciente e sistematicamente objeto de reflexão. Precisa ser originário de um planejamento bem feito, que considere para quem ele será destinado. O que quero dizer com isso? Planejar é fundamental na ação educativa. Não podemos, como disse SCHMITZ (2000) na epígrafe, improvisar a educação, caso contrário não obteremos sucesso, será tempo perdido (nosso e de nossos alunos) e isto pode ter consequências desastrosas, inclusive o abandono da escola ou universidade. Para ir adiante, a partir dessa reflexão que estamos fazendo, vamos definir o planejamento. Figura 19: Reflexão para planejar Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lauramusikanski/07/p/6018e4e081406715a 33da4b96a07496f.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2018. Vou apresentar definições de cinco conceituados estudiosos da educação: 1) Haydt (2006, p. 45): Planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e prever as formas alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar os objetivos desejados (grifos nossos). 2) Menegolla e Sant’anna (2001, p. 40): Planejamento é um instrumento direcional de todo o processo educacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina todos os recursos e meios https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lauramusikanski/07/p/6018e4e081406715a33da4b96a07496f.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lauramusikanski/07/p/6018e4e081406715a33da4b96a07496f.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lauramusikanski/07/p/6018e4e081406715a33da4b96a07496f.jpg 38 necessários para a consecução de grandes finalidades, metas e objetivos da educação (grifos nossos). 3) Turra et al. (1995, pp. 15-16): O planejamento é um processo de tomada de decisões com objetivo de racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino e de aprendizagem. (…) “todo planejamento deve se voltar na sua consecução física ou seja, através de um plano projetado para existir e ser avaliado e reavaliado sempre que necessário buscando compartilhar os ideais com a comunidade, registrando momentos e épocas, repensando os fatos registrados em determinada sociedade; o qual deve refletir a política educacional de um povo, inserido no contexto histórico, que é desenvolvida a longo, médio ou curto prazo” (grifos nossos). 4) Libâneo (2013, p. 36): O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. (…) é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos didaticamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade. (grifos nossos) 5) Masetto (1996, p. 59): Planejar é um ato intencional onde cada orientador ou facilitador organiza-se para o período que vai se juntar a vários participantes que também buscam atividades intencionais particulares. É organizar ações para a realização de tarefas agradáveis e muitas vezes em comum, com alvos traçados e retraçados até que se chegue ao resultado esperado (grifos nossos). O que essas definições têm em comum? Vamos listar as partes importantes: 1) Analisar uma dada realidade e alcançar os objetivos; 2) Instrumento direcional que determina as grandes urgências e todos os recursos e meios; 3) Processo de tomada de decisões através de um plano projetado para existir e ser avaliado e reavaliado para refletir a política educacional; 4) Processo de racionalização; 5) Ato intencional para organizar ações com alvos traçados e retraçados. Percebeu que essas definições se complementam? Todas falam sobre a intencionalidade e consciência necessárias ao ato de planejar para a consecução de objetivos e para isso consideram recursos para quem está se planejando dentro de sua realidade. 39 Ainda, há a menção de avaliar e reavaliar sempre que houver necessidade de mudanças para atingir aqueles objetivos pensados inicialmente. Figura 20: Avaliação Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/node/1123167?id=118834>. Acesso em: 02 nov. 2018. Então… planejamento é isso: pensar sobre a realidade que vivenciamos, buscar as melhores formas de atingir objetivos que oplanejador julgar pertinentes para que o aluno aprenda sempre. PLANEJAMENTO ELABORAR EXECUTAR AVALIAR Vale ressaltar que um planejamento não está acabado, ou seja, ele é passível de alterações a todo tempo, de acordo com o grupo para o qual foi realizado e as condições que se apresentarem. Das práticas pedagógicas, portanto, deve fazer parte o ato de planejar. Mais ainda, toda prática deve iniciar com o planejamento! Concorda? 40 A ação docente não é só o que se faz em sala de aula. Essa ação só poderá ocorrer após a reflexão sobre todos os seus elementos e componentes e, claro, não podemos deixar de mencionar que ela não é apenas uma ação burocrática, mas vem sim, carregada de intencionalidade e ideologia para que se obtenha sucesso no espaço universitário. O que vai pautar sua execução precisa ser pensado - e repensado a todo tempo. Planejar é uma estratégia educacional que visa à promoção e ao desenvolvimento da aprendizagem. Dito isso, te convido a conhecer os tipos de planejamento. 2.2 Tipos de planejamento Já entendemos que o planejamento é uma atividade intencional, ideológica, reflexiva e articulada, certo? Também já entendemos que, se for realizada após muita reflexão, permitirá um ensino crítico e significativo, no qual os alunos em parceria com o docente vão construir conhecimento enquanto interagem. Você não pode deixar de ler “Por que planejar? Como planejar? Currículo - Área – Aula”. É um livro simples e que vai direto ao ponto. Segundo os autores, a educação, o ensino e toda a ação pedagógica devem ser pensados e planejados de modo que possam propiciar melhores condições de vida à pessoa. Concordamos que o planejamento é um procedimento fundamental tanto para o professor como para o aluno, certo? Então, é esse o tema que perpassa toda a discussão dos autores, ou seja, de que a educação, o ensino e toda a ação pedagógica devem ser pensados e planejados de modo que possam propiciar melhores condições de vida às pessoas, cabendo à escola e aos professores, portanto, o dever (e a obrigação!) de planejar a sua ação educativa. MENEGOLLA M. e SANT’ANNA, I. M. Por que planejar? Como planejar? Currículo - Área – Aula. Petrópolis: Vozes, 2014. 41 Figura 21: Planejando Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/Dia2018/11/p/4dda95682513fcb030312a6 c7a201ed2.jpg>. Acesso em: 15 out. 2018. É importante lembrar que o planejamento pressupõe definir objetivos – direcionados aos conteúdos que serão ensinados – assim como terá o intuito de promover o desenvolvimento e o aprimoramento das habilidades e competências necessárias para o uso crítico no contexto social em que ambos estiverem inseridos. Ah… após ler esse trecho você percebeu que é preciso construir práticas de planejamento efetivas para que possamos obter sucesso, não é mesmo? Vivemos numa sociedade em constante mudança, na qual os desafios e exigências são como barreiras a serem vencidas constantemente, então, cabe ao professor atuante nas universidades usar esse espaço acadêmico como lócus de práticas capazes de sustentar a realidade do mundo moderno, mundo esse que vem exigindo, cada vez mais, uma formação ética, crítica e reflexiva. Como fazemos isso? Lançando mão de planejamento que se divide em tipos. Vamos conhecê-los a seguir: a) Planejamento educacional – também denominado planejamento do Sistema de educação, “é o de maior abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e reflete as grandes políticas educacionais” (VASCONCELLOS, 2012, p. 95). b) Planejamento escolar – atividade que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. “É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 2013, p. 21). https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/Dia2018/11/p/4dda95682513fcb030312a6c7a201ed2.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/Dia2018/11/p/4dda95682513fcb030312a6c7a201ed2.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/Dia2018/11/p/4dda95682513fcb030312a6c7a201ed2.jpg 42 c) Planejamento curricular – é o “processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares” (VASCONCELLOS, 2012, p. 56). d) Planejamento de ensino – é o “processo de decisão sobre a atuação concreta dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos” (PADILHA, 2017, p. 38). DIVISÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO PRINCIPAIS MODALIDADES 1) Educação Básica: caráter obrigatório, é dever dos pais ou responsáveis que as crianças e adolescentes concluam a educação básica, assim como é dever do Estado oferecer essa educação. Ela é constituída pelas seguintes modalidades: a) Educação Infantil: duração de 4 anos, com alunos de 0 a 3 anos; b) Pré-escola: duração de 3 anos, com alunos de 4 a 6 anos; c) Ensino Fundamental: duração de 9 anos, com alunos de 6 a 14 anos; d) Ensino Médio: duração de 3 anos, com alunos de 15 a 17 anos; e) Ensino Médio Técnico: escolas podem oferecer cursos técnicos em períodos contraturnos – que são os períodos extraclasse – para seus alunos. A duração é variável, podendo ser de 1 a 3 anos. f) Educação de Jovens e Adultos (EJA): atende a indivíduos que não tiveram a oportunidade de cursar o Ensino Fundamental ou Médio na idade prevista. Os módulos são de 6 meses cada e equivalem aos anos do ensino regular. Todos os estados têm autonomia para elaborar seus métodos de ensino e gerir as escolas. g) Educação no Campo: existem escolas adaptadas às peculiaridades da vida rural e de cada região, contendo seus próprios currículos, métodos didáticos e calendário escolar. h) Educação Especial: modalidade “para educandos portadores de necessidades especiais”, são escolas que possuem adaptações físicas e de materiais escolares que facilitem o ensino a indivíduos com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental. 2) Educação Superior: graduação, pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) e ensino a distância (EaD) nas universidades. Nessa modalidade se encaixam alunos e alunas que concluíram o Ensino Médio. Os cursos de nível superior são opcionais. Isso significa que o Estado não é obrigado a garantir que todos os cidadãos cursem essa modalidade, porém ele precisa garantir – segundo a Constituição – o acesso público e gratuito a ela. Fonte: <https://www.politize.com.br/sistema-educacional-brasileiro-divisao/>. Acesso em: 03 nov. 2018. 43 Para elaborar um bom plano de ensino, Larchert (s.d., pp. 61-62) nos dá alguns conselhos: • Conhecer em profundidade os conceitos centrais e leis gerais da disciplina, conteúdos básicos, bem como dos seus procedimentos investigativos (e como surgiram historicamente na atividade científica). • Saber avançar das leis gerais para a realidade concreta, entender a complexidade do conhecimento para poder orientar a aprendizagem. • Escolher exemplos concretos e atividades práticas que demonstrem os conceitos e leis gerais, os conteúdos e os assuntos de maneira que todos os entendam. • Iniciar o ensino do assunto pela realidade concreta (objetos, fenômenos, visitas, filmes), para que os alunos formulem relações entre conceitos, ideias- chave, das leis particularesàs leis gerais, para chegar aos conceitos científicos mais complexos. • Saber criar problemas e saber orientá-los (situações de aprendizagem mais complexas, com maior grau de incerteza que propiciam em maior medida a iniciativa e a criatividade do aluno). É importante que o professor conheça todos esses tipos e participe de sua execução. De acordo com Padilha (2001, p. 24), o plano será a “apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar”. Além de ser o produto do planejamento, também será um guia para orientar a prática pedagógica. Todo planejamento resultará em um plano. Plano é o documento a ser construído após todas as reflexões, será um registro das decisões – o que se pensa fazer (objetivos), como fazer (estratégias), quando fazer (cronograma), com que fazer (recursos), com quem fazer (grupo para o qual se planeja). 44 PARA QUE? OBJETIVO O QUE? CONTEÚDO COMO? METODOLOGIA COM O QUE? RECURSOS RESULTADO AVALIAÇÃO Atenção! Um planejamento que envolva contextos educativos não pode ser autoritário, construído simplesmente para cumprir com a burocracia. Ele precisa ser colaborativo, participativo, no qual todos os envolvidos, especialmente seus pares, contribuam com suas ideias e experiências para ser realizado. Vamos passar para as etapas e elementos do planejamento. Figura 22: Etapas para chegar ao planejamento Disponível em: <https://thumbs.dreamstime.com/m/tie-knot-gay-marriage-coarse-rope-colors- homosexual-flag-tied-middle-isolated-background-35540805.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. 2.3 Etapas e elementos do planejamento Todo educador, ao planejar o ensino, faz uma antecipação organizada e sistemática das etapas de seu trabalho. Cuidadosamente, identifica os objetivos que tem intenção de atingir, indica quais serão os conteúdos com os quais vai trabalhar, seleciona os melhores procedimentos e estratégias para sua ação e prevê os instrumentos para avaliar o progresso de seus alunos. Para isso precisa seguir alguns passos, o que facilita sua vida. Você sabe que passos são esses? https://thumbs.dreamstime.com/m/tie-knot-gay-marriage-coarse-rope-colors-homosexual-flag-tied-middle-isolated-background-35540805.jpg https://thumbs.dreamstime.com/m/tie-knot-gay-marriage-coarse-rope-colors-homosexual-flag-tied-middle-isolated-background-35540805.jpg 45 Figura 23: Elaboração do plano Disponível em: <https://www.istockphoto.com/br/foto/papel-de-fazer-a-l%C3%A2mpada-para-o- conceito-de-energia-de-poder-de-ideia-sobre-fundo-gm1018306404-273760442>. Acesso em: 30 out. 2018. Vou me basear em Piletti (2004) para explicar. De acordo com ele, são quatro as etapas do planejamento de ensino: 1) Conhecimento da realidade: momento em que procuramos saber quais são as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. É a sondagem, ou seja, busca de dados sobre a realidade; 2) Elaboração do plano: momento para determinar os objetivos, selecionar e organizar os conteúdos, procedimentos de ensino, recursos, procedimentos de avaliação e estruturar o plano de ensino; 3) Execução do plano: é o desenvolvimento das atividades previstas; 4) Avaliação e aperfeiçoamento do plano: além de avaliar os resultados obtidos com a ação docente, avaliamos a qualidade do plano elaborado e nossa eficiência como professores. É importante não esquecer que no momento da execução há a possibilidade de lidar com o elemento “surpresa”, algo que não estava previsto. Por essa razão, a principal característica de todo planejamento precisa ser a “flexibilidade”. https://www.istockphoto.com/br/foto/papel-de-fazer-a-l%C3%A2mpada-para-o-conceito-de-energia-de-poder-de-ideia-sobre-fundo-gm1018306404-273760442 https://www.istockphoto.com/br/foto/papel-de-fazer-a-l%C3%A2mpada-para-o-conceito-de-energia-de-poder-de-ideia-sobre-fundo-gm1018306404-273760442 46 Cumprindo essas etapas, a chance de sucesso é enorme. Ressalto que todo planejamento de ensino tem seus componentes. Peço novamente auxílio ao professor Piletti (2004) para explicá-los. Vejamos: Figura 24: Objetivos Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/bobby/preview/fldr_2004_02_13/file00079 1465857.jpg>. Acesso em: 30 out. 2018. 1) Objetivos: é a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da atividade. Dividem-se em: – Objetivos gerais: são as metas e os valores que procuramos atingir; – Objetivos específicos: são proposições mais específicas, referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo. 2) Conteúdo: é a organização do conhecimento em si. 3) Procedimentos: são ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com o conhecimento. 4) Técnicas: modos particulares de provocar a atividade dos alunos no processo de aprendizagem. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/bobby/preview/fldr_2004_02_13/file000791465857.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/bobby/preview/fldr_2004_02_13/file000791465857.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/bobby/preview/fldr_2004_02_13/file000791465857.jpg 47 5) Recursos: são os componentes do ambiente de aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno; podem ser humanos ou materiais. 6) Avaliação: é o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados alcançados em relação aos objetivos. Figura 25: Procedimentos Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hilarycl/08/l/1408198590f2ws1.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2018. Leia o texto abaixo e procure identificar o problema de Pedro e Antonio e as etapas e elementos do planejamento que eles realizaram para resolvê-lo: Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes mais baixas do terreno. Em certos lugares, a terra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes os pés apenas escorregavam nela, às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil andar. Pedro e Antonio estavam a transportar, numa camioneta, cestos cheios de cacau para o sítio onde deveriam secar. Em certa altura perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro que tinham pela frente. Pararam, desceram da camioneta, olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram a pé uns dois metros de lama, defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal. Pensaram, discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos secos https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hilarycl/08/l/1408198590f2ws1.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hilarycl/08/l/1408198590f2ws1.jpg 48 de árvores, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passassem sem atolar. Pedro e Antonio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham de resolver e, em seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas nas escolas, Pedro e Antonio estudaram enquanto trabalhavam. Fonte: LEITE, L. C. L. Encontro com Paulo Freire. Revista Educação e Sociedade. São Paulo, maio 1979, pp. 68-69. Relacione o texto às etapas do planejamento, segundo Piletti (2004) e veja se Pedro e Antonio realizaram corretamente o planejamento. Se você encontrar alguma falha, aponte-a e dê sua sugestão. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Sei que você realizou a atividade corretamente. Você percebeu que “estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema” (LEITE, 1979, p. 69) e aplicou o que acabamos de estudar, não é? Parabéns! Para finalizar, veja este esquema: 49 Fonte: TURRA et al., 1995, p. 26. Faça uma simulação. A seguir, você vai encontrar o mesmo esquema. Sua tarefa é preencher os quadros com as ações que você pensou em desenvolver para cada uma das etapas, tal como no esquema que já está preenchido, só que agora você vai colocar os passos a partir de um determinado conteúdo que pretende trabalhar. Bom trabalho! Bom, acredito que essa discussão foi interessante e te deu pistas de como refletir acerca desse tema. Vamos continuar a reflexão nas próximas unidades! 50 Chegamos ao final dessa segunda unidade. Aqui você estudou sobre o planejamento educacional. Nós definimos o que é planejamento, seus tipos, etapas e elementos. Espero que você tenha aprendido bastante e esteja motivado(a) a ir adiante. É importante ressaltar que todo planejamento é intencional e, como os processos de ensino e aprendizagem, precisa ser sistemático, há etapas a seguir para que a ação docente resulte em sucesso. Afinal, desejamos o melhor para nossos alunos, não é mesmo? Partimos agora para a próxima unidade para continuar aprendendo. Bom estudo! 51 UNIDADE 3 3. AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR Nesta unidade, a intenção principal é estudar sobre avaliação, tema que sempre provoca polêmica, e discuti-lo é de extrema importância para todo professor. Vamos, também, analisar instrumentos de avaliação e pensar em como podemos realizar uma avaliação que efetivamente busque a melhoria dos processos de ensinar e aprender. Preparado(a)? Então, mãos à obra! 3.1 Conceitos e concepções sobre avaliação A avaliação escolar é o termômetro que permite confirmar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos arriscamos a dizer que a avaliação é a alma do processo educacional (SANT'ANNA, 1995, p. 7). Nas unidades anteriores, estudamos a importância do planejamento para a prática pedagógica. Agora, vamos discutir o outro eixo dessa prática, que é a avaliação. Os dois são fundamentais ao trabalho docente de boa qualidade. Ambos são, na verdade, as peças-chave para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem e definidores da qualidade do ensino de uma maneira geral e que vão culminar na aula ministrada pelo professor. Assim, uma aula bem planejada também precisa ser avaliada. Salienta Hoffmann (2008, p. 17) que a avaliação é: […] uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. Basta pensar que avaliar é agir com base na compreensão do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo. Conteúdos trabalhados na unidade: Conceitos e concepções sobre avaliação; Instrumentos de avaliação. 52 Diante disso, como já vimos, o trabalho docente é uma atividade complexa que deve ser consciente e sistemática, pois em seu centro está a aprendizagem do aluno. Em nosso sistema de ensino ainda encontramos instituições que consideram a avaliação como medida do que o aluno aprendeu, ou seja, a quantidade de informações absorvidas pelo estudante é o que conta, suas notas o definem como bom, regular ou mau aluno, como alguém que apreendeu os conteúdos ou não. Está tudo errado! Figura 26: Somos números Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/03/l/1426869530b31 6l.jpg>. Acesso em: 27 out. 2018. Já somos números em tudo – registro de identidade, de motorista, de matrícula etc. Na escola e universidade recebemos essa mesma quantidade de pontos a partir da visão de quem nos avalia, considerando não quem somos e nossas capacidades e histórias, mas a expectativa que tem sobre os instrumentos aplicados. Diante desse contexto, o que importa, então, é a nota. Isso não é avaliar. É medir, concorda? https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/03/l/1426869530b316l.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/03/l/1426869530b316l.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/03/l/1426869530b316l.jpg 53 Você conhece a fábula “A escola dos bichos”, de R. H. Reeves? Vamos ler? Figura 27: Fábula “A escola dos bichos” Fonte: Foto da autora. 02 nov. 2018. Medida não é a mesma coisa que avaliação. Medida (mensuração): o professor atribui um número (de 0 a 10, normalmente) a cada aluno; é a nota que o aluno obtém num teste, por exemplo; são considerados apenas erros e acertos para as questões, ou seja, o desempenho do aluno a partir de uma escala de valor. Avaliação: o professor faz um juízo de valor, de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão; o processo é mais importante que o resultado final. 54 Era uma vez um grupo de animais que quis fazer alguma coisa para resolver os problemas do mundo. Para isto, eles organizaram uma escola. A escola dos bichos estabeleceu um currículo de matérias que incluía correr, subir em árvores, em montanhas, nadar e voar. Para facilitar as coisas, ficou decidido que todos os animais fariam todas as matérias. O pato se deu muito bem em natação; até melhor que o professor! Mas quase não passou de ano na aula de voo, e estava indo muito mal na corrida. Por causa de suas deficiências, ele precisou deixar um pouco de lado a natação e ter aulas extras de corrida. Isto fez com que seus pés de pato ficassem muito doloridos e o pato já não era mais tão bom nadador como antes. Mas estava passando de ano, e este aspecto de sua formação não estava preocupando a ninguém – exceto, claro, ao pato. O coelho era de longe o melhor corredor no princípio, mas começou a ter tremores nas pernas de tanto tentar aprender natação. O esquilo era excelente em subida de árvore, mas enfrentava problemas constantes na aula de voo, porque o professor insistia que ele precisava decolar do solo, e não de cima de um galho alto. Com tanto esforço, ele tinha câimbras constantes, e foi apenas “regular” em alpinismo e fraco em corrida. A águia insistia em causar problemas, por mais que a punissem por desrespeito à autoridade. Nas provas de subida de árvore era invencível, mas insistia sempre em chegar lá da sua maneira… Na natação deixou muito a desejar… Cada criatura tem capacidades e habilidades próprias, coisas que faznaturalmente bem. Mas quando alguém o força a ocupar uma posição que não lhe serve, o sentimento de frustração, e até culpa, provoca mediocridade e derrota total. Um esquilo é um esquilo; nada mais do que um esquilo. Se insistirmos em afastá-lo daquilo que ele faz bem, ou seja, subir em árvores, para que ele seja um bom nadador ou um bom corredor, o esquilo vai se sentir um incapaz. A águia faz uma bela figura no céu, mas é ridícula numa corrida a pé. No chão, o coelho ganha sempre. A não ser, é claro, que a águia esteja com fome! Por que te convidei a ler essa fábula? 55 Figura 28: Fábula “A escola dos bichos” Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lisaleo/10/p/0fa24dc811d1152d7e74e6a86 d0bb158.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. Você reparou que todos somos diferentes e que se o professor considerar apenas o produto da aprendizagem do aluno, ou seja, aquelas respostas finais que forem dadas nas provas sem analisar o processo até chegar a elas, quer dizer, suas estratégias individuais utilizadas para lidar com os desafios propostos, vai apenas medir seus resultados podendo, inclusive, desestimulá-lo a ir adiante e buscar mais conhecimento? Entretanto, não é essa nossa função não. Devemos ser aquela figura de quem o aluno vai se lembrar por tê-lo ajudado a superar suas dificuldades e a potencializar seus talentos. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lisaleo/10/p/0fa24dc811d1152d7e74e6a86d0bb158.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lisaleo/10/p/0fa24dc811d1152d7e74e6a86d0bb158.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/l/lisaleo/10/p/0fa24dc811d1152d7e74e6a86d0bb158.jpg 56 Um professor precisa ser um motivador, olhar para seu aluno como alguém capaz de vencer as barreiras entre ele e o conhecimento. Como fazemos isso? Um caminho, certamente, é através de uma avaliação justa e responsável. Veja o que o professor Luckesi (2011, p. 48) nos diz sobre o tema: Sugiro a leitura de “Contribuições de Heraldo Vianna para a avaliação educacional”, publicação da Fundação Carlos Chagas em 2014. Disponível em: <http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/issue/viewIssue/307/78>. Acesso em: 27 out. 2018. A avaliação escolar vem sendo utilizada ao longo dos anos para classificar e selecionar os alunos assim como instrumento de disciplina e autoritarismo na sala de aula. É um tipo de avaliação que, ao apenas classificar, contribui para comportamentos competitivos entre os alunos sem buscar promover a construção de conhecimento. A autora mostra, com esse livro, como transformar essa visão de avaliação em uma verdadeira ação pedagógica. Não deixe de ler! HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito & desafio – uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Educação e Realidade, 2008. http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/issue/viewIssue/307/78 57 […] para qualificar a aprendizagem de nossos educandos, importa, de um lado, ter clara a teoria que utilizamos como suporte de nossa prática pedagógica, e, de outro, o planejamento de ensino, que estabelecemos como guia para nossa prática de ensinar no decorrer das unidades de ensino do ano letivo. Ele completa afirmando que “o ato de avaliar a aprendizagem na escola é um meio de tornar os atos de ensinar e aprender produtivos e satisfatórios” (p. 49) e isso vale para a melhorar a aprendizagem do aluno e a ação do professor, afinal, não queremos que nosso aluno obtenha sucesso? Aqui não me refiro apenas a tirar “nota boa”, pois queremos que nosso aluno aprenda, antes de mais nada, a desenvolver o pensamento crítico. Figura 29: Avaliação Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/08/p/befa26202dfb2074c816 b20fbcfebff4.jpg>. Acesso em: 27 out. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/08/p/befa26202dfb2074c816b20fbcfebff4.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/08/p/befa26202dfb2074c816b20fbcfebff4.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/08/p/befa26202dfb2074c816b20fbcfebff4.jpg 58 Outro estudioso, Perrenoud (2000, p. 67) amplia nossa visão. Diz ele que: […] a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. Em outras palavras, a avaliação não é somente aplicar provas, anotar os resultados e somar tudo no final do ano ou semestre. Ela não pode ser apenas classificatória; ela deve servir como um diagnóstico constante do que está ocorrendo na sala de aula, já que o aluno é uma pessoa e, como tal, tem uma bagagem única, que carrega diariamente e influencia diretamente sua aprendizagem e sua vida. Figura 30: Avaliação influenciando na aprendizagem Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jdurham/preview/fldr_2010_01_01/file9501 262405569.jpg>. Acesso em: 01 nov. 2018. Sem clareza sobre o que significa verdadeiramente o processo de avaliação, o docente estará sujeito a realizar práticas intuitivas que poderão https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jdurham/preview/fldr_2010_01_01/file9501262405569.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jdurham/preview/fldr_2010_01_01/file9501262405569.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jdurham/preview/fldr_2010_01_01/file9501262405569.jpg 59 estimular a aprendizagem ou frustrá-la, impedindo que o aluno avance na construção de conhecimento. Está na hora de classificar os tipos de avaliação, concorda? O artigo 13 da LDB 9394/96 traz a incumbência dos docentes: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Um estudioso muito importante sobre avaliação foi Benjamin Bloom (1913-1999), professor da Universidade de Chicago. A partir de seu trabalho, os estudos da área passaram a ser obrigatórios em todos os cursos de formação de professores. Conheça um pouco sobre ele em: <http://www.eses.pt/usr/ramiro/mestria.htm>. Acesso em: 02 nov. 2018. http://www.eses.pt/usr/ramiro/mestria.htm 60 Figura 31: Passos do planejamento e da avaliação Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/Melodi2/04/p/225b97e22f27ae40add7338 bc4ede08b.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. Veja o quadro a seguir: https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/Melodi2/04/p/225b97e22f27ae40add7338bc4ede08b.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/Melodi2/04/p/225b97e22f27ae40add7338bc4ede08b.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/m/Melodi2/04/p/225b97e22f27ae40add7338bc4ede08b.jpg 61 Quadro: Tipos de avaliação Diagnóstica Formativa Somativa Detecta o conhecimento do aluno; Ajuda a realizar o planejamento para suprir necessidades/atingir objetivos; É suporte para o planejamento de ensino; Deve ser aplicada no início do processo de ensino-aprendizagem. Verificase o proposto no planejamento está sendo atingido; A partir dela é possível aplicar a recuperação paralela para resgatar os conceitos revisando-os ao longo do caminho e evoluindo cada um no seu ritmo; O professor age como mediador; Não classifica com uma nota. Considera o potencial de desenvolvimento do aluno; Objetiva decisões para (re)planejar ações docentes para intervir e adequar as práticas para o aluno aprender e não apenas melhorar a nota. Atribui notas para o aluno ser promovido ou não; É realizada durante o bimestre/semestre/ano. Quando avaliar Entrevistas; Exercícios/simulações para identificar com quem o aluno se relaciona; Consulta a anotações da vida escolar do aluno; Observação dos alunos, particularmente durante os primeiros dias de aula; Questionários/conversa. Todos os dias: fazer/responder perguntas; observar desempenho; Ocasionalmente: provas ou outros instrumentos, mais ou menos formais; Periodicamente: testes ao final de cada subunidade, unidade ou projeto, para aferir a aprendizagem e desempenho. Prova ou trabalho final; Avaliação baseada nos resultados cumulativos ao longo do ano letivo; Mistura das duas formas acima. Fonte: Adaptação de: BLOOM, B. H.; HASTINGS, T.; MADAUS, G. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Pioneira, 1993. 62 Tendo clareza dessas etapas, o professor poderá avaliar seus alunos – e sua ação – de forma integrada, olhando não somente para as notas obtidas, mas para os processos que fizeram o aluno chegar a elas. Também é importante comentar que a avaliação precisa ser contínua, ou seja, devemos ter em mente que, a todo momento, estamos avaliando nossos alunos e a nós mesmos, pois só assim vamos perceber o desenvolvimento da aprendizagem, da construção do conhecimento daqueles com os quais estamos trabalhando. Para desenvolver uma avaliação verdadeiramente formativa, o professor se transforma em pesquisador de sua própria prática pedagógica e, para tanto, deve pautar-se por determinados princípios, tais como sugere Luckesi (2011, p. 175): • Conscientizar‑se de que sua atividade tem por objetivo “iluminar” a realidade de aprendizagem de seu aluno – Quando o docente avalia, acende uma lanterna para iluminar seu caminho de investigador, pois assim é mais fácil saber onde pisa, vislumbrar outros percursos possíveis e escolher estratégias para chegar ao seu objetivo, a aprendizagem do educando. • Comprometer‑se com uma visão pedagógica que leve em consideração o fato de que o ser humano sempre pode aprender – Já sabemos que a prática da avaliação tem relação direta com as ideias pedagógicas dos responsáveis por ela (professores, coordenadores, pedagogos). Assim, o comprometimento não é somente com a avaliação, mas com uma prática pedagógica de qualidade. • Estar ciente de que a construção do conhecimento depende tanto da exposição teórica de conteúdos quanto dos instrumentos utilizados para abordá‑los na prática, além de algumas outras variáveis – A avaliação é resultado de uma soma de fatores: a forma que o professor escolheu para avaliar, as ideias pedagógicas que permeiam essa escolha, as considerações acerca dos instrumentos utilizados, as datas de aplicação destes, a relação do aplicador com os educandos, entre outros fatores. • Ter a noção clara de que a prática avaliativa vinculada à aprendizagem só faz sentido se for parte de um processo e também se fornecer uma posição sobre a aprendizagem final do aluno – A avaliação é realmente parte do processo educativo e deve ser entendida como uma prática que pode ser corrigida, reavaliada, retomada. Por outro lado, como os tempos da escola são limitados, é preciso apresentar ao educando um resultado final e uma certificação, que devem constituir-se em um testemunho da aprendizagem satisfatória obtida. 63 O texto a seguir refere-se a uma história que ocorreu em uma escola na cidade de Curitiba (PR) e traz o relato de como uma avaliação diagnóstica se transformou em uma experiência de avaliação formativa. Acompanhe como a professora lidou com a situação de não aprendizagem de seus alunos e conseguiu auxiliá-los em sua construção de conhecimento. De como a avaliação diagnóstica fez bem à matemática A expectativa de cursar o quarto ano era enorme. Desde o fim do ano anterior, as crianças, muito ansiosas, já conjecturavam sobre como deveria ser difícil essa nova etapa. Passaram as férias e, enfim, chegou o primeiro dia da nova fase: estavam no quarto ano. Como de praxe naquela escola, nas primeiras semanas de aula, os professores faziam uma avaliação diagnóstica para que pudessem conhecer um pouco os alunos que estavam ingressando na nova etapa. E assim foi feito. Os alunos fizeram atividades diversas (que nem sabiam integrar uma avaliação diagnóstica) e seus professores procuraram colher naqueles resultados muito mais que números ou classificações; buscaram formas de educar aquelas turmas. A professora do quarto ano C, no entanto, detectou que seus alunos não tinham conseguido realizar as questões de Matemática presentes na avaliação diagnóstica aplicada na turma. Como as demais turmas da escola não haviam apresentado dificuldades para a realização da atividade e considerando que esta era adequada ao nível da série, a professora percebeu que realmente estava diante de uma situação pedagógica que merecia uma atenção especial e que alguma medida precisaria ser tomada antes de ela prosseguir com os conteúdos do quarto ano. O receio dela era que, ao ensinar os conteúdos novos, os alunos não conseguissem compreendê‑los, visto que lhes faltava a base para esse novo aprendizado. Para a formulação do diagnóstico dessa situação, a professora recorreu à ajuda da pedagoga da escola. Descobriram que, enquanto os alunos dessa turma estavam no terceiro ano, em razão do excesso Para te ajudar, caso precise, deixo a dica de três planilhas elaboradas para facilitar a visão do professor sobre o desempenho de seus alunos. Disponível em: <<<https://canaldoensino.com.br/blog/3-planilhas-que-podem-facilitar-a- vida-do-professor>. Acesso em: 25 out. 2018. https://canaldoensino.com.br/blog/3-planilhas-que-podem-facilitar-a-vida-do-professor https://canaldoensino.com.br/blog/3-planilhas-que-podem-facilitar-a-vida-do-professor 64 de atividades desenvolvidas, a professora não tinha conseguido realizar todas as atividades que poderia (e deveria) para que os alunos pudessem assimilar os conhecimentos matemáticos trabalhados. Assim, tinha deixado de aplicar algumas atividades práticas, desconsiderando em parte que as crianças precisam inicialmente trabalhar os conceitos de forma concreta para poderem construir seus conhecimentos (no caso da Matemática, o material dourado se constitui em um excelente exemplo de recurso que permite a realização desse tipo de prática). Diante desse diagnóstico, o que fez a professora do quarto ano? Reconsiderou o que havia programado anteriormente (a revisão de conteúdos) e retomou os conceitos não aprendidos ainda, agora por meio de jogos e atividades práticas. Tudo foi resolvido em menos de um mês e a aprendizagem virou uma grande brincadeira, como o mundo infantil tem de ser. A professora utilizou a avaliação diagnóstica para reordenar os ensinamentos da turma em questão. Sob esse preceito, a avaliação funcionou como formativa, pois deu bases para uma ação pedagógica voltada à verdadeira formação dos alunos. A professora do quarto ano, ao assumir para si a tarefa de ensinar e não somente de “cumprir o planejamento”, deu a todos uma grande lição sobre ensino, aprendizagem e avaliação. Nada é mais importante do que a aprendizagem do aluno, e a avaliação formativa pode ser uma excelente ferramenta para “colocar nos trilhos” umaaprendizagem quase perdida. No fim, a professora ainda teve a oportunidade de ouvir de seus alunos: “Profª, Matemática é uma delicía! [sic]”. E pôde concluir: “aquele que se preocupa com os efeitos da sua ação modifica-a para melhor atingir seus objetivos” (PERRENOUD, 2008, p. 78). Agora, faça o seguinte: 1) Aponte qual a situação-problema do relato; 2) Indique as ações da professora para a melhora da aprendizagem de seus alunos; 3) Se você estivesse no lugar da professora, como agiria? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 65 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Vamos agora estudar sobre os instrumentos que podemos utilizar para avaliar nossos alunos. Figura 32: Instrumentos da avaliação Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/piyushrath/05/p/b27bfedb24185c3e21abb4 077915cedf.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/piyushrath/05/p/b27bfedb24185c3e21abb4077915cedf.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/piyushrath/05/p/b27bfedb24185c3e21abb4077915cedf.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/piyushrath/05/p/b27bfedb24185c3e21abb4077915cedf.jpg 66 3.2 Instrumentos de avaliação Você já foi solicitado pelos seus professores a apresentar um seminário? Já realizou provas discursivas e objetivas com ou sem consulta? E provas práticas? Já deu alguma aula ou miniaula sendo observado por professores e colegas? Já realizou outras formas de avaliação, não é mesmo? Esses são alguns dos instrumentos de avaliação mais conhecidos. Cada um tem seu objetivo e complexidade, mas sempre “valeram nota” e/ou estavam sujeitos às observações dos professores. Em sua prática pedagógica, os docentes precisam lidar com diferentes formas de avaliar os alunos. Nem sempre gostamos de realizá-los. Eu, por exemplo, detesto ter de responder às questões das provas, principalmente se forem objetivas, em que são apresentadas diversas assertivas para escolher as certas e erradas e depois escolher a opção do tipo “apenas I e II estão corretas”; “somente IV está errada”. Nem sempre é fácil concordar com uma das alternativas… E você? A qual tipo de instrumento não tem muita “afeição”? Qual te parece mais adequado e em qual situação? Responder adequadamente a essa última pergunta é o “pulo do gato” no processo avaliativo! Ah, você percebeu que citei a palavra “processo”? Pois é, a avaliação não pode ser um momento apenas, ela deve fazer parte de um processo e não pode ser tida como definitiva. Figura 33: Processo avaliativo – Um passo de cada vez <http://www.imageafter.com/dbase/textures/grounds/b10grounds004.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. http://www.imageafter.com/dbase/textures/grounds/b10grounds004.jpg 67 Luckesi (2006, p. 180) afirma que “o ato de avaliar (…) não se destina a um julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois não é um ato seletivo (…) destina-se ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão”. Percebeu nessa fala seu valor enquanto processo? Acrescento que pensar sobre como avaliar, ponderar sobre qual instrumento utilizar e em que momento, assim como saber o porquê se avalia, não é perda de tempo, pelo contrário, tudo isso é necessário em uma ação avaliativa responsável. Quando pensamos sobre que objetivos esperamos atingir, assim como os critérios nos quais a avaliação vai ser pautada, a análise dos resultados obtidos nos auxilia na retroalimentação do processo. Veja como no esquema a seguir: Fonte: <http://www2.unifesp.br/centros/cedess/producao/produtos_tese/produto_gilmara_klein.pdf>. Acesso em: 29 out. 2018. Percebeu? Bons instrumentos, boa avaliação, resultados reveladores! Agora que você já entendeu a avaliação como um processo, vejamos alguns dos instrumentos de avaliação, ou seja, os recursos utilizados para coletar e depois analisar os dados recolhidos visando promover a aprendizagem do aluno, que são os mais comuns e mais utilizados na universidade: prova, portfólio, trabalho escrito, debate, seminário e autoavaliação. 68 Vamos começar pelo sistema de avaliação mais comum: a prova! a) Prova: é o instrumento mais utilizado; passa ao professor uma sensação de justiça, visto que todos os alunos respondem às mesmas questões e pelo mesmo tempo de duração. Para Vasconcellos (2012, p. 115) usar a prova é “mais cômodo (…) sempre foi assim; (…) não sabe como fazer diferente; (…) há uma legitimação social para este tipo de prática (…); e localiza o problema no aluno, não se questiona o processo”. Figura 34: Prova <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jessica_seewer/05/p/8d7ac58eacc8cdae5b bc2c629bfcaf28.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jessica_seewer/05/p/8d7ac58eacc8cdae5bbc2c629bfcaf28.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jessica_seewer/05/p/8d7ac58eacc8cdae5bbc2c629bfcaf28.jpg 69 Há que se destacar que há dois tipos de provas: Prova discursiva (OKUDA, 2011, p. 37) As questões devem ser relevantes e com significado; situações problema inéditas devem ser propostas; a redação deve ser clara e objetiva; texto, figuras, mapa, tabela e outros devem ser explorados se forem adequados; uma questão da prova não deve conter elementos que respondem outra(s); a inteligência dos alunos não deve ser subestimada; devem ser evitados enunciados que solicitem respostas pessoais, itens de tipos variados numa questão, questões optativas e inclusão de diferentes tipos de questões (objetivas e discursivas) numa mesma prova; o nível de dificuldade deve ser equilibrado e coerente com a metodologia docente; as questões da prova devem ser pautadas nas habilidades e conteúdos trabalhados em sala ou atividades extras; as questões devem ser ordenadas, numeradas e dispostas adequadamente na página, de forma legível e o valor de cada parte e de cada questão deve ser informado no texto da prova; deve conter espaço para as respostas, evitando questões que conduzamao simples “sim” ou “não”. Prova objetiva (OKUDA, 2011, p. 39) Como é do tipo “teste”, favorece a memorização e não dá ao professor, com boa margem de acerto, saber efetivamente quanto o aluno realmente aprendeu; deve ter questões suficientes de acordo com o conteúdo; deve conter questões fáceis, médias e difíceis; o enunciado apresentar um problema a ser analisado; deve-se evitar repetir palavras/frases nas alternativas; essas devem ser homogêneas, plausíveis, com a mesma extensão, dispostas, por exemplo, da frase mais extensa para a mais curta ou vice-versa; a concordância gramatical não deve dar indícios da resposta correta; evitar expressões como “a melhor”, “a mais adequada”, “a mais provável”. b) Portfólio: é um instrumento de avaliação constituído pela “organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que favoreçam (…) uma visão evolutiva do processo” (HOFFMANN, 2008, p. 205). Portfólio (HOFFMANN, 2008, p. 205) Deve ser organizado pelo aluno, sob orientação do professor. Não é uma simples coletânea, pois ele deve contribuir para entender o processo de aprendizagem e indicar ao professor que caminho seguir. São as intenções de quem o organiza que o torna significativo. c) Trabalho escrito (individual ou em grupo): produção realizada por um aluno ou grupos de alunos orientados pelo professor. Tem objetivo de 70 responder a uma ou mais questões ou discorrer sobre certo tema. Quando realizado coletivamente, estimula os alunos à cooperação e realização de ações conjuntas, criando um espaço para compartilhamento, confronto e negociação de ideias e para que cada membro possa dar sua contribuição. Todos precisam estar familiarizados com o tema a ser estudado. Figura 35: Trabalho individual <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/anicahsu/11/p/510b47fd2c3d8234d81d2bb 62cf6856d.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. Veja um exemplo de como pensar objetivamente a avaliação de um ponto da disciplina “HISTÓRIA”: • Conteúdo: o tempo como produção histórica. • Critério de avaliação: compreende o processo de produção histórica como temporal e que tem influência no presente. • Instrumento avaliativo (prova dissertativa/trabalho individual): os historiadores estudam o passado. Por que então se pode dizer que “a História é uma ciência do presente”? https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/anicahsu/11/p/510b47fd2c3d8234d81d2bb62cf6856d.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/anicahsu/11/p/510b47fd2c3d8234d81d2bb62cf6856d.jpg 71 d) Debate: como situação de interação, visa à troca de ideias sobre determinado tema, de preferência polêmico. Ainda, permite relacionar as ideias apresentadas/discutidas em um processo de reflexão, o que promove a ampliação dos conhecimentos sobre o tema ou assunto discutido. Figura 36: Debate <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/10/p/bb764ef10e711f a7ea7d0c014a0958b4.jpg>. Acesso em: 02 nov. 2018. e) Seminário: é um trabalho que requer três etapas: pesquisa sobre um tema, elaboração da apresentação e exposição para toda a turma. É como uma aula expositiva ou de conversação realizada por um aluno ou grupo de alunos. Figura 37: Seminário <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/c/clarita/preview/fldr_2005_05_29/file000294 00867.jpg>. Acesso em: 31 out. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/10/p/bb764ef10e711fa7ea7d0c014a0958b4.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/DodgertonSkillhause/10/p/bb764ef10e711fa7ea7d0c014a0958b4.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/c/clarita/preview/fldr_2005_05_29/file00029400867.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/c/clarita/preview/fldr_2005_05_29/file00029400867.jpg 72 f) Autoavaliação: é uma atividade que pressupõe uma reflexão sobre sua própria aprendizagem, para que o aluno compreenda qual caminho percorreu (processo), qual sua fragilidade, superação e barreiras vencidas. Agora pense: qual desses instrumentos mais lhe agrada? A qual deles você não gosta de se submeter? Por quê? Vou te contar um segredo: eu detesto fazer prova. Fico ansiosa, às vezes me dá um “branco” e parece que esqueci tudo… Conheço pessoas que odeiam fazer trabalhos e apresentar seminário. Tem gente que fica até doente, acredita? Isso, porque cada um de nós tem um estilo diferente de aprender e expor o que aprendeu. Somos diferentes, lembra que já falamos sobre isso? Por essa razão os professores precisam variar os instrumentos. Tem outra razão também. Segundo Méndez (2005, p. 98): […] mais que o instrumento, importa o tipo de conhecimento que põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de qualidade (mental ou prática) que se exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados. O seminário sempre é precedido de debate e discussão. Esse importante instrumento de avaliação não pode ser uma apresentação em forma de monólogo, na qual o aluno discorre sobre um tema sem interrupções e sem questionamentos dos colegas e do professor. Tem sentido desenvolver-se a autoavaliação quando o próprio aluno aprende a diagnosticar o que aprendeu, quais são suas dificuldades no processo, e quais de suas capacidades lhe facilitam aprender. Estas percepções o ajudarão por toda a vida (MASETTO, 2003). 73 Se utilizarmos um instrumento de avaliação aleatoriamente, é bem provável que ele não traga as respostas que esperamos obter. Aqui, refiro-me às informações sobre o que nossos alunos aprenderam. Não queremos isso, certo? Veja o esquema a seguir que pode nos ajudar a escolher e aplicar adequadamente um instrumento de avaliação: Disponível em: <http://www2.unifesp.br/centros/cedess/producao/produtos_tese/produto_gilmara_klein.pdf>. Acesso em: 27 out. 2018. 74 Para que um instrumento de avaliação cumpra sua função, deve ser válido e preciso, abranger os diferentes domínios da aprendizagem, ser diversificado, estar articulado ao conteúdo trabalhado, apresentar-se em linguagem simples, correta e acessível, auxiliar na aprendizagem do aluno. Bom, acredito que essa discussão foi interessante e te deu pistas de como refletir acerca da avaliação. Você, certamente, vai pensar de forma bem responsável sempre que precisar decidir sobre qual instrumento de avaliação aplicar. Vamos realizar uma atividade sobre o que discutimos nessa unidade? Reflita sobre a imagem abaixo, que relaciona conhecimento e ação docente. Perceba que há três metáforas: a) Balde a ser enchido; b) Cadeia (hierárquica); c) Rede. Descreva o que você entende pelas imagens metafóricas apresentadas e relacione-as a um tipo de conhecimento. Justifique suas escolhas. Convido-o(a) a ler o material escrito por Gilmara Klein sobre os instrumentos de avaliação intitulado “Produto da dissertação de mestrado: Avaliação do processo de ensino e aprendizagem: seu significado para o estudante- trabalhador do curso de graduação em enfermagem”. Disponível em: <http://www2.unifesp.br/centros/cedess/producao/produtos_tese/produto_gilmara_klein.pdf>. Acesso em: 28 out. 2018. 75 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 76 Chegamos ao final dessa terceira unidade. Aqui você estudou sobre a avaliação e sua importância no contexto educacional. Vimos que não devemos aplicar instrumentos de avaliação aleatoriamente, sem ter claro para que ele vai servir. Entendemos que avaliar é um processo que não deve ser construído isoladamente do que temos como concepção de ensino, pois avaliar precisa ser sinônimo de oportunizar momentos de aprendizagem. Fazendo isso, vamos desconstruir velhos mitos, alguns dos quais cresceram junto com a gente, por exemplo, quanto à avaliação somativa, ou seja, que só juntar as notas obtidas é o suficiente para aprovar ou reprovar um aluno. Pensamos diferente disso, não é? Quero dizer que, após toda nossa reflexão, a avaliação para nós não é um apêndice do trabalho docente, mas uma companheira dos processos de ensinar e aprender. Espero que você tenha aprendido bastante e esteja motivado(a) a ir adiante. 77 UNIDADE 4 4. ABORDAGENS E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR Nesta unidade vamos continuar estudando sobre avaliação. Agora, após ter conceituado e discutido sobre alguns dos instrumentos de avaliação mais utilizados pelo professor, nosso foco será analisar os desafios desse processo que, como já vimos, não é nada fácil, não! Entretanto, a esperança de dias melhores sempre nos move a ir adiante, não é verdade? É com esse pensamento que você deve entrar nessa unidade. Preparado(a)? Então, mãos à obra! 4.1 Desafios da avaliação Figura 38: Desafio Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/alvinsmith/10/p/e32881395fc4c55bc3bc54 564d3da961.jpg>. Acesso em: 03 nov. 2018. Conteúdos trabalhados na unidade: Desafios da avaliação; A avaliação e as relações de poder; Avaliação como melhoria e avanços nos processos de ensino e aprendizagem. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/alvinsmith/10/p/e32881395fc4c55bc3bc54564d3da961.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/alvinsmith/10/p/e32881395fc4c55bc3bc54564d3da961.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/a/alvinsmith/10/p/e32881395fc4c55bc3bc54564d3da961.jpg 78 O trabalho do professor, como sabemos, é complexo, precisa vir de uma consciência profunda de seu papel na sociedade, assim como deve ser sistemático e planejado. No centro de sua atuação estão os alunos e seu principal objetivo deve ser que eles aprendam de modo significativo. Dentre as etapas dessa atuação, de forma interligada, estão o planejamento, a execução do que foi planejado e a avaliação de tudo o que ocorreu. Veja que a avaliação aparece por último, afinal de contas, é necessário que seja verificado o que funcionou ou não funcionou. Como já vimos, será através da avaliação que vamos saber o quanto replanejar será necessário. Chamo sua atenção para um ponto relevante nessa discussão: Saber avaliar passa por uma boa formação! Sim!!! Se o professor não for bem formado, talvez não tenha a percepção de como agir “corretamente” diante de um contexto educacional que exige um pensamento concreto sobre como, quando, porquê avaliar seu aluno. Alavarse (2013, p. 136) traz uma reflexão: Avaliação educacional, seguramente, é um tema que, além de se desdobrar em vários outros temas correlatos, ocupa um lugar privilegiado, explícita e implicitamente, no conjunto de aspectos referentes à educação escolar há tanto tempo quanto esta tem de existência, sobretudo se a considerarmos no âmbito da escolarização de massas, pois a consolidação da escola se fez acompanhar pari passu1 de práticas avaliativas de modo que a avaliação fosse se conformando como uma das marcas mais indeléveis da própria escola, sobretudo quando seus resultados são destinados à definir as trajetórias dos alunos. Esta avaliação, atualmente denominada de avaliação interna, não esteve isenta de problematizações e questionamentos, gerando uma literatura gigantesca e toda sorte de regulamentações, inclusive tendo motivado iniciativas de políticas educacionais que procuraram conformá-la em moldes alternativos, como, por exemplo, é o caso da promoção automática e até mesmo na organização do ensino em ciclos. Diante desse trecho, nos deparamos com um dos desafios da avaliação: 1) Avaliar é tema importantíssimo para a educação Sem considerar a relevância do processo de avaliação, a educação não vai para frente. Muitos estudiosos dedicam deu tempo a estudar a avaliação. Ela 1 Locução de origem latina que significa "de igual passo", o pari passu é usado principalmente no direito comercial e significa que todas as partes são tratadas de forma justa. 79 é o mecanismo através do qual vamos saber se estamos caminhando ou se estamos estacionados. Ainda, deve ser permanente. Vamos ver outros desafios? 2) Caráter seletivo Avaliar passa a ser medida simplesmente e, assim, não considera o processo (como já discutimos na unidade anterior). Pensar avaliação como medir o que foi ou não aprendido (ou apreendido) não faz sentido em um processo educacional, já que o objetivo precisa ser a construção de conhecimento, não considerar o aluno como um depósito de conteúdo de acordo com o programa educacional ao qual estiver submetido. Figura 39: Seleção de alunos – “melhores” X “piores” Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/r/roastbeeph/04/l/1397568562bkzsf.jpg>. 04 nov. 2018. 3) Paradoxo docente Por formação, todos os professores são avaliadores. Entretanto, nem sempre recebem, em sua formação inicial, instrumentalização suficiente para serem esse avaliador profissional. 4) É preciso perceber que o mundo mudou Cada vez mais os alunos vêm com propostas e objetivos diferentes para sua formação. Se o docente continua acreditando que apenas as provas escritas vão mostrar o quanto o aluno aprendeu – e como aprendeu –, a decepção pode ser gigantesca. Há diversos instrumentos avaliativos a ser aplicados de acordo com objetivos previamente definidos. Cada um deles avalia certas https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/r/roastbeeph/04/l/1397568562bkzsf.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/r/roastbeeph/04/l/1397568562bkzsf.jpg 80 características, então, professor, não use apenas as provas para verificar a aprendizagem de seu aluno! 5) Pontos, pontos, pontos Você vai me dizer que na escola ou universidade em que trabalha o sistema de avaliação já é pré-definido e você tem de aplicar provas, somar os pontos obtidos e essa será a nota final do aluno. Eu entendo perfeitamente. Também já tive de lidar com isso, mas isso não é uma desculpa para não realizar aulas-debate, simulações, seminários etc. Talvez você não possa considerar uma nota para esses instrumentos, mas poderá entender como é seu aluno, quais suas dificuldades… Figura 40: Nota Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/09/p/1a541f1dd6f5f8ce7142 9df7924249d0.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. 6) Conhecimento prévio existe, sim, senhor Todo aluno traz conhecimentos que desenvolveu antes de entrar na universidade. Um bom professor parte deles para trabalhar seu conteúdo. Sabero que o aluno já sabe pode facilitar muito o seu trabalho. Aplique avaliações diagnósticas sempre que sentir necessidade. Por meio delas você obterá dados que te auxiliarão não só na avaliação, mas na hora de planejar a aula e os momentos avaliativos. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/09/p/1a541f1dd6f5f8ce71429df7924249d0.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/09/p/1a541f1dd6f5f8ce71429df7924249d0.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/09/p/1a541f1dd6f5f8ce71429df7924249d0.jpg 81 Figura 41: Bagagem individual – Conhecimento prévio Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/kolobsek/03/l/1363265964r93kc.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. 7) Os alunos são diferentes. Homogeneidade não é regra O conjunto das pesquisas na área educacional, cada vez mais, vem evidenciando que as reformas governamentais têm um caráter homogêneo e homogeneizador e, portanto, não consideram a diferença entre os alunos. Entretanto, em nossa sala de aula, podemos sim (e devemos!) considerar que homogeneidade não existe. […] a avaliação da aprendizagem precisa ter seu centro deslocado da homogeneidade, garantida pelos objetivos uniformes e necessária à classificação que permite a seleção e a exclusão. Também precisa ter sua discussão direcionada pelas múltiplas ações cotidianas, buscando captar os diferentes sentidos, conhecimentos, processos e culturas que se entrelaçam nos encontros que a escola promove a cada dia; procurando não os lugares fixos onde encaixar os estudantes a partir de seus desempenhos, mas os entre lugares (BHABHA, 1998) – fluidos, contraditórios, deslizantes, mutantes, híbridos, fronteiriços, diferentes – em que se encontram, favoráveis à aprendizagem como ato dialógico que confronta e desestrutura permanentemente o saber e o não saber (ESTEBAN, 2006, p. 133). Por exemplo, provas como Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) etc. têm caráter homogeneizador por serem únicas, aplicadas ao mesmo tempo e para um grupo de alunos que se encontra nas mesmas condições. Não vamos fugir delas, mas elas não estão em nossas salas de aula. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/kolobsek/03/l/1363265964r93kc.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/k/kolobsek/03/l/1363265964r93kc.jpg 82 Você já ouviu falar que diante de sua turma o professor é “rei”? Vamos fazer disso uma máxima muito positiva, ou seja, sem desrespeitar os sistemas de ensino, vamos construir em nossas salas ambientes verdadeiramente de aprendizagem significativa, vamos dar nosso melhor para que nossos alunos aprendam! O ENEM foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores. É utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/enem-sp-2094708791. Acesso em: 04 nov. 2018. O ENADE é uma das avaliações que compõem o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), criado pela Lei n.º 10.861, de 14 de abril de 2004. Seu objetivo é avaliar e acompanhar o processo de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação; suas habilidades para ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e competências para compreender temas exteriores ao âmbito específico da profissão escolhida, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento. É obrigatório e a situação de regularidade do estudante no Exame deve constar em seu histórico escolar. A primeira aplicação do Enade ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento. Disponível em: http://inep.gov.br/web/guest/perguntas-frequentes4. Acesso em: 04 nov. 2018. O SAEB é composto por um conjunto de avaliações externas em larga escala que permitem ao Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de alguns fatores que possam interferir no desempenho do estudante, fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado. Por meio de provas e questionários, permite que os diversos níveis governamentais avaliem a qualidade da educação praticada no país, de modo a oferecer subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas com base em evidências. O desempenho no Saeb e os dados sobre aprovação, obtidos no Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Disponível em: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb. Acesso em: 04 nov. 2018. 83 Figura 42: Heterogeneidade na sala de aula Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/02/l/1423952556vkemz.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. É provável que você tenha pensado em outros desafios. Vamos realizar uma atividade com esse tema? 1) Aponte outros desafios que dificultam – ou emperram – a possibilidade de se realizar uma avaliação fluida, representativa. Faça uma lista. Em seguida, proponha soluções para vencer essas barreiras. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/02/l/1423952556vkemz.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/q/quicksandala/02/l/1423952556vkemz.jpg 84 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Leia o excerto abaixo, que está nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p. 97): “A avaliação é hoje compreendida pelos educadores como elemento integrador, entre a aprendizagem e o ensino, que envolve múltiplos aspectos: O ajuste e a orientação da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; Obtenção de informações sobre os objetivos que foram atingidos; Obtenção de informações sobre o que foi aprendido e como; Reflexão contínua para o professor sobre sua prática educativa; Tomada de consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades.” A partir da leitura desse trecho, qual função a avaliação escolar assume nestaconcepção? Ainda cabe, nos dias atuais, essa visão? Justifique sua resposta. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 85 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Vamos discutir as relações de poder que fazem parte da educação? 4.2 A avaliação e as relações de poder Figura 43: Poder Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/v/Vibescom/07/p/df90045267eb28e9f01397 9f37491d60.jpg>. Acesso em: 03 nov. 2018. Quando avalia, o docente emite um juízo de valor sobre o aluno, fundamentado em suas concepções de vida, de educação, de aluno e de sociedade. Como destaca Vasconcellos (2012, p. 18): o problema da avaliação é muito sério e tem raízes profundas: …não é problema de uma matéria, série, curso ou escola; é de todo um sistema educacional, inserido num sistema social determinado, que impõe certos valores desumanos como o utilitarismo, a competição, o individualismo, o consumismo, a alienação, a marginalização, valores estes que estão incorporados em práticas sociais, cujos resultados colhemos em sala de aula, uma vez que funcionam como “filtros” de interpretação do sentido da educação e da avaliação. Avaliar não é nada simples, pelo contrário! Vamos usar uma metáfora para entender um pouco mais sobre essa complexidade: nos tribunais os jurados ouvem e leem sobre o caso que julgarão. Ao longo do processo, vão desenvolvendo crenças acerca do que visualizam e https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/v/Vibescom/07/p/df90045267eb28e9f013979f37491d60.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/v/Vibescom/07/p/df90045267eb28e9f013979f37491d60.jpg 86 escutam para concluir se o réu é culpado ou inocente. Promotores e advogados vão contribuir com seus discursos até que o juízo de valor sobre o caso esteja pronto na cabeça do júri. O que se forma é, na verdade, uma conjectura sobre o que pode ou não ser verdadeiro e o destino de alguém vai ser decidido a partir desse juízo de valor. O mesmo ocorre a respeito da relação entre aluno e o conhecimento e quem decide isso é o professor. Veja só: É muito poder, não é mesmo? Oras, não é, não. Se é o professor quem planeja a aula e a executa (e dela constam momentos de avaliação) é claro que ele tem esse poder. Mas… e se a avaliação for colaborativa, ou seja, se o aluno puder participar desse processo? O professor continuará sendo professor e um professor melhor, pois terá em seu aluno um parceiro. Veja a imagem a seguir, publicada pela editora Vozes no livro “A Vida na Escola e a Escola da Vida”, de Ceccon et al. (2000, pp. 48-49). Antes de ler meu comentário… QUEM DECIDE É O PROFESSOR. Dê uma olhadinha na imagem abaixo. Liste o que mais o(a) impressionou. Descreva o que a professora está fazendo ao oferecer a lima ao aluno. 87 Figura 44: A vida na escola e a escola da vida Fonte: CECCON, C. Et al. A vida na escola e a escola da vida. Petrópolis: Vozes, 2000, pp. 48- 49. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/37206952/A-Vida-Na-Escola-e-a-Escola-Da- Vida>. Acesso em: 04 nov. 2018. ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Você percebeu que o aluno está com uma bola de ferro presa ao pé e a professora lhe oferece uma lima, certo? Por que ela faz isso? Certamente o que ela deseja é que seu aluno obtenha sucesso na jornada escolar. Nas páginas anteriores do livro citado (pp. 46-47) há outra imagem na qual há alunos com boias subindo na plataforma para mergulhar e o aluno que vimos na imagem está segurando a bola. A professora não faz diferenciação entre eles, simplesmente está com uma planilha nas mãos para “medir” o desempenho de cada um. 88 Qual será a “nota” que o aluno sem boia vai conseguir? Ele nem deve conseguir vir à tona. Ele vai afundar! Viu como às vezes a avaliação passa por uma relação de poder em que o aluno não tem a menor chance de sozinho obter sucesso? Mas… E se o professor puder estender-lhe a mão e ajudá-lo a percorrer o caminho? Ah, temos aqui o conceito de equidade. A função da educação é promover a equidade (Oliveira, 2015). Autor de “Repensando a educação brasileira”, João Batista Oliveira diz que ensino no país reproduz a desigualdade e que ainda há muito o que fazer no setor. Hum… Qual o caminho para não enxergar a avaliação como “arma” e poder fazer a diferença na vida do aluno? Veja essas falas de professores convidados a dizer o que pensam sobre a prova: Equidade é a “característica de algo ou alguém que revela senso de justiça, imparcialidade, isenção e neutralidade: duvidou da equidade das eleições; correção no modo de agir ou de opinar; em que há lisura, honestidade; igualdade: tratou-a com equidade; disposição para reconhecer a imparcialidade do direito de cada indivíduo: a empresa reconhecia a equidade de seus funcionários. Disponível em: <<https://www.dicio.com.br/equidade/>. Acesso em: 17 nov. 2018. 89 Nossa! Percebemos o quanto a avaliação, entendida apenas como aplicação de prova (portanto, ferramenta para medir o aluno) é, também, uma “arma” carregada pronta para atingir seu alvo: obrigar o aluno a estudar; castigá- lo por não fazer o que dele se espera; documentar a avaliação e preparar para a vida. Você deve se lembrar que eu disse que detesto fazer prova, não é? Talvez você também deteste. Sabe o resultado que teremos, eu e você, nas mãos de professores que creem nessa concepção de avaliação? Estaremos “perdidos”! É nesse ponto que eu gostaria de chegar: avaliação não pode ser disputade poder, até porque, se isso acontecer, quem vai sempre perder é o aluno. A avaliação pensada assim será sempre uma “surpresa”, pois quem vai prepará-la será o professor. O aluno vai recebê-la pronta e voilá! passa a ser refém de um processo nem sempre justo. É uma forma de obrigar o aluno a estudar. É um documento para a avaliação. Prepara para situações de vida: vestibular, concursos…. Não consigo me desligar dela. Se os alunos saem do script aplico prova. 90 Em “Repensando a educação brasileira: o que fazer para transformar nossas escolas”, João Batista Oliveira mostra que a educação brasileira, nos últimos anos, tornou-se campo de disputas políticas e ideológicas. Concordamos com isso! Ele completa que entre os especialistas da área educacional que também são formadores de opinião sobre o tema, entretanto, chegou-se ao consenso de que a escola – pública e privada – e a qualidade do ensino que oferece não estão de acordo com os anseios atuais da sociedade. Essa constatação aponta para uma má qualidade da educação no Brasil. O livro faz um passeio pela questão, sem ambição em oferecer “a solução” para o tema. Oliveira propõe debater o que está acontecendo dentro das escolas e analisar o projeto educacional adequado, assim como suas possibilidades e limites. É certo que a aprendizagem não está se dando como deveria. Os alunos são privados de participar dos benefícios e oportunidades existentes no país, além de não estarem recebendo uma educação que permita avançar mais do que gerações anteriores. É imprescindível que nós, professores e responsáveis pelos contextos educativos, corrijamos os rumos da educação. Você não pode deixar de ler esse livro! OLIVEIRA, J. B. A. Repensando a educação brasileira: o que fazer para transformar nossas escolas. São Paulo: Atlas, 2015. 91 Figura 45: Somos todos diferentes. Disponível em: <http://www.imageafter.com/dbase/images/objects/b1screws01.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. Seguindo essa lógica, ou seja, desenvolvendo práticas avaliativas que enfatizam apenas medir, verificar e classificar os alunos a partir dos instrumentos aplicados – normalmente uma prova –, reforça as relações de poder desenvolvidas dentro da sala de aula e, ainda, uma ideologia que pode até ser bastante sutil, mas que tem como intuito o controle e a reprodução social. É, avaliar nesses moldes reproduz as desigualdades e ressalta as diferenças. Hoffmann (2008) acrescenta que a avaliação precisa ser o caminho para a aprendizagem do aluno e isso ocorrerá quando possibilitar ao professor tomar consciência da realidade de sua sala de aula para, então, auxiliar na promoção da aprendizagem. Essa postura avaliativa é mediadora e está a serviço do benefício do aluno e da educação. O oposto ocorre se a visão for diferente: uma perspectiva não mediadora/não emancipatória vai reforçar a educação bancária, sob uma concepção autoritária cuja intenção é controlar, selecionar, como já dissemos, e premiar os “melhores” (aqui vamos entender esse “melhores” como aqueles que obtiveram mais sucesso em responder às provas). Ao avaliar dessa maneira, o docente vai reforçar uma realidade social seletiva e excludente. Se olhar de outra forma, se considerar o processo, será bem diferente. Nesse caso, é bem provável que o professor aja como um verdadeiro educador e se mobilize para planejar alternativas de avaliação com objetivo de promover a construção de conhecimento, que será significativa, podendo, também, criar efeitos mais democráticos socialmente. http://www.imageafter.com/dbase/images/objects/b1screws01.jpg 92 O que você pensa sobre isso? Eu gostaria de saber e, por isso, te convido a fazer uma reflexão. Aqui mesmo nesse livro eu apresentei a você o professor Bloom. Eu falei que foi a partir de seus estudos que todos os cursos de formação de professores passaram a “ensinar” como avaliar. Se você estivesse diante do professor Bloom, ou de seus seguidores, o que você teria a lhe dizer sobre seu trabalho? Elabore um pequeno texto que explicite sua opinião sobre a frase grifada acima. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Benjamin Bloom nasceu em 21/02/1913 e faleceu em 13/09/1999. Foi professor, pesquisador, editor literário e examinador em processos educativos. Deixou diversas contribuições quanto à avaliação, tendo criado a Taxionomia de Bloom, documento que nos auxilia na avaliação da progressão da aprendizagem. 93 Podemos ir adiante para o último tema do nosso livro. Vamos lá. 4.3 Avaliação como melhoria e avanços nos processos de ensino e aprendizagem Ao ideal da avaliação formativa como processo de melhoria das aprendizagens (FERNANDES, 2009, p. 5). Em Demo (2006), encontramos a ideia da avaliação processual e contínua. Já falamos sobre isso, lembra? Diante dessa ideia, enxergamos a avaliação como um recurso que nos ajudará a acompanhar a aprendizagem dos nossos alunos. Ainda, tendo esse aspecto em mente, avaliar servirá como um apoio para essa aprendizagem. Diz o autor que “avaliar não é apenas medir, mas, sobretudo, sustentar o desenvolvimento positivo dos alunos” (p. 97). O que ele quer dizer, então, é que não avaliamos “para estigmatizar, castigar, discriminar, mas para garantir o direito à oportunidade. As dificuldades devem ser transformadas em desafios, os percalços em retomadas e revisões, as insuficiências em alerta” (p. 97). Entretanto… você vai concordar comigo: nem todo professor vê a avaliação assim. Acabamos de discutir esse tema no tópico anterior. Por que será? Como falamos sobre Benjamin Bloom, entre na página indicada abaixo, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, que apresenta de forma bem didática a taxionomia (classificação) dos objetivos educacionais proposta pelo autor. Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/apucarana/estrutura- universitaria/diretorias/direc/programa-novos-talentos-utfpr-apucarana/oficina-taxonomia-de- bloom-no-preparo-de-avaliacoes/material-produzido-oficina-taxonomia-de-bloom-no-preparo-de- avaliacoes/apresentacao-taxonomia-bloom-anexo-2/at_download/file>. Acesso em: 04 nov. 2018. 94 Veja o esquema a seguir: Por ele, percebemos que de acordo com a concepção que o professor tem de educação, claro, ele vai enxergar sua função pedagógica – ou como transmissor do conhecimento adquirido ao longo dos anos universitários. Nesse caso, alguém preocupado em verificar se o aluno é capaz de reproduzir o que lhe foi “ensinado”, ou como um verdadeiro educador, preocupado com a construção de conhecimento do aluno, que enxerga a avaliação como processo, como “companheira” dos processos de ensino e aprendizagem, a fornecer subsídios de como o aluno aprende. Se o docente se entende como transmissor, só avaliará para controlar e a única avaliação que vai importar será a somativa. Se o docente se entende como educador, será um parceiro do aluno, um motivador, e a avaliação será maisuma ferramenta de acompanhamento, visando que o aluno aprenda verdadeiramente. 95 Figura 46: Educador parceiro Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hotblack/preview/fldr_2010_12_09/file1861 291926088.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. O Art. 13 da LDB 9394/96 traz a incumbência do docente: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hotblack/preview/fldr_2010_12_09/file1861291926088.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/hotblack/preview/fldr_2010_12_09/file1861291926088.jpg 96 Gostaria de apresentar a você dois materiais diferentes buscando, em meus pensamentos, entender qual o real motivo para que avaliar seja realmente tão complicado assim, esse “bicho de sete cabeças” para os professores. Peço ajuda para Domingos Fernandes e sua reflexão que resultou no livro “Avaliar para aprender: fundamentos, práticas e políticas”, publicado pela editora da UNESP, em 2009, com o primeiro material. Ele diz: Sintetizando, poderemos dizer que, ao longo deste livro, se evidenciaram alguns fatores que podem ser determinantes para que se possa concretizar uma concepção de avaliação orientada para a melhoria das aprendizagens. Destacarei aqui alguns dos mais relevantes: Os alunos devem ser ativamente envolvidos no processo de sua aprendizagem e de sua avaliação; O feedback é fundamental e imprescindível para que a avaliação possa melhorar as aprendizagens; A avaliação deve permitir a alunos e professores a regulação dos processos de aprendizagem e de ensino; Os alunos devem desenvolver competências no domínio da autoavaliação e perceber como poderão superar suas dificuldades; A informação avaliativa deve ser obtida mediante uma diversidade de estratégias, técnicas e instrumentos; A avaliação influencia de modo significativo a motivação e a autoestima dos alunos e A motivação e a autoestima tem uma influência muito forte nas aprendizagens (FERNANDES, 2009, p. 164 – grifos meus). Vejamos o que podemos tirar de suas contribuições: a) Em primeiro lugar, todo docente deve pensar em uma concepção de avaliação essencialmente voltada para a melhoria da aprendizagem. Caso contrário, ela só será obtenção de “medida” e é exatamente esse viés avaliativo que criticamos; b) Em segundo lugar, ele menciona a importância do envolvimento dos alunos, aqueles que serão avaliados em seu processo de aprendizagem e da própria avaliação. Ao saber o que dele se espera, com isso ele poderá retribuir, por exemplo. Entretanto, se a avaliação for “um tiro no escuro”, a chance de acertar o alvo será irrisória! 97 Figura 47: Tornar possível o impossível http://www.imageafter.com/dbase/images/nature_plants/b19nature_plants235.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. c) e d) Ainda, Fernandes (2009) fala sobre o feedback e autoavaliação. Oras! Quem não quer fazer uma atividade, prova, apresentação, seja a qual instrumento for submetido e, o mais brevemente possível, saber sobre seus resultados, suas conquistas e suas fragilidades? É fundamental dar esse retorno para que o aluno possa, ele também, autoavaliar seu desempenho. e) Em quinto lugar, o autor menciona a diversidade de estratégias, instrumentos e técnicas que o professor deve lançar mão para conseguir dados sobre seus alunos. Se somente um instrumento é utilizado e ele sempre demonstrar o mesmo resultado, a avaliação ficará comprometida, sendo ela positiva ou negativa. Uma variedade de formas de avaliar é fundamental! Ele termina afirmando que a avaliação vai afetar a motivação e a autoestima e essas influenciarão diretamente as aprendizagens. Concordamos com ele, não é? Se o aluno tem uma visão clara de como está se saindo em determinado curso ou disciplina, poderá entender em que tem mais facilidade ou dificuldade para aprimorar-se ou resolver os problemas. Estando motivado, sentindo-se capaz, terá mais chances de obter sucesso! http://www.imageafter.com/dbase/images/nature_plants/b19nature_plants235.jpg 98 Figura 48: Avaliando para vencer Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/BonnieHenderson/01/l/14531821519zc5b.j pg>. Acesso em: 04 nov. 2018. Avaliar para aprender: fundamentos, práticas e políticas. O livro trata da avaliação como mecanismo possibilitador de aprendizagens. O autor fala sobre a massificação e a diversificação da população escolar como conquistas sociais importantes que fizeram com que os sistemas de ensino sofressem modificações profundas. Entretanto, não foi ainda possível garantir que a avaliação fosse entendida como todo e qualquer processo deliberado e sistemático de coleta de informação, mais ou menos participativo e interativo, mais ou menos negociado, mais ou menos contextualizado, acerca do que os alunos sabem e são capazes de fazer em uma diversidade de situações. É uma leitura que você precisa fazer! FERNANDES, D. Avaliar para aprender: fundamentos, práticas e políticas. São Paulo: UNESP, 2009. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/BonnieHenderson/01/l/14531821519zc5b.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/BonnieHenderson/01/l/14531821519zc5b.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/b/BonnieHenderson/01/l/14531821519zc5b.jpg 99 Agora, peço apoio ao professor Masetto (s.d.) que, tratando do processo de avaliação, destaca pontos que julga pertinentes e eu concordo com todos eles! Aposto que você também vai concordar, pois as ideias do autor no artigo “Docência Universitária - Repensando a Aula” demonstram como a avaliação pode modificar as aulas universitárias (e em qualquer nível de ensino). Veja lá: a) O processo de avaliação deverá estar integrado ao processo de aprendizagem, de tal modo que funcione como elemento motivador da aprendizagem, e não como um conjunto de provas e/ou trabalhos que apenas verifiquem se o aluno passou ou não. b) Uma característica básica da avaliação é seu caráter de feedback ou de retroalimentação, que traga ao aprendiz informações necessárias, oportunas e no momento em que ele precisa para que desenvolva sua aprendizagem. c) Tanto no uso de técnicas presenciais como no uso de tecnologia à distância, encontram-se embutidas informações que permitem ao professor e aos alunos se avaliarem com relação aos objetivos pretendidos. Basta explorá-las. d) Os vários participantes do processo de aprendizagem precisam de feedback: o aluno, o professor, os colegas ou grupo de alunos, e o programa que está sendo desenvolvido. Todos estão implicados na aprendizagem e na aula universitária. Todos precisam saber se estão colaborando para a consecução dos objetivos acordados. e) Tem sentido desenvolver-se a autoavaliação, quando o próprio aluno aprende a diagnosticar o que aprendeu, quais são suas dificuldades no processo, e quais são suas capacidades que lhe facilitam aprender. Estas percepções o ajudarão por toda a vida. f) A aula universitária, então, passa a ser também um espaço de avaliação: um espaço para o diagnóstico da aprendizagem, bem como de diálogo, discussões e sugestões para o seu desenvolvimento. (grifo meu) Disponível em: http://www.escoladavida.eng.br/anotacaopu/Formacao%20de%20Professores/repensando_a_aula.htm.Acesso em: 17 nov. 2018. Perceba que nas falas dos dois autores que escolhi (Fernandes e Masetto) há determinados pontos em comum, como pensar em avaliação e aprendizagem concomitantemente, a autoavaliação, a importância do feedback como retroalimentação de todo o processo educativo, o feedback para os docentes também, como indícios para sua reflexão sobre a ação. O item f) amplia o tema e mostra como a aula universitária (ou na educação básica) pode transformar-se em contexto educativo, ou seja, considera o diálogo como coleta de informações para pensar que caminhos tomar visando melhorar o ensino em todas as possibilidades que surgirem. 100 Figura 49: Aula com avaliação participativa Disponível em: <https://images2.pics4learning.com/catalog/p/thumb_big/presentationtovisitors_thumb_big.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. Um livro que nos dá uma visão interessante sobre os instrumentos de avaliação é “Avaliações mais criativas: ideias para trabalhos nota 10!”, de Solimar Silva, publicado pela editora Vozes em 2018. A autora não entrou na questão crucial de uma avaliação que seja inclusiva ou mediadora. O livro não é teórico, mas traz sugestões de trabalho, provas e testes que podem fazer com que as avaliações sejam nota 10. No livro há múltiplas sugestões de critérios e instrumentos avaliativos que explorem mais a criatividade e proponham desafios instigantes aos alunos. Recomendo a leitura! SILVA, S. Avaliações mais criativas: ideias para trabalhos nota 10! Petrópolis: Vozes, 2018. https://images2.pics4learning.com/catalog/p/thumb_big/presentationtovisitors_thumb_big.jpg https://images2.pics4learning.com/catalog/p/thumb_big/presentationtovisitors_thumb_big.jpg 101 Vamos terminando por aqui essa unidade e nosso livro. Espero que você tenha aproveitado nossas discussões e reflexões. Mas, antes de chegar ao fim, vou lhe convidar para um último exercício. 1) Leia a lista que todo teórico da avaliação gostaria de ver sendo posta em prática no que se refere às ações de caráter avaliativo. 2) Cite exemplos para alguns dos itens elencados na lista. 3) Explique como, na prática de sala de aula, podemos ser o orgulho dos teóricos (e dos nossos colegas de profissão, dos nossos alunos e da sociedade). Para saber mais sobre a avaliação e suas potencialidades, sugiro a leitura do artigo intitulado “Para uma teoria da avaliação formativa”. Boa leitura! FERNANDES, D. Para uma teoria da avaliação formativa. Revista Portuguesa de Educação. CIEd - Universidade do Minho, 2006, 19(2), pp. 21-50. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v19n2/v19n2a03.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2018. 102 Lista de ações de caráter avaliativo Fonte: FERNANDES, D. Avaliar para aprender: fundamentos, práticas e políticas. São Paulo: UNESP, 2009. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 103 Como penso que posso ir um pouquinho além do conteúdo principal desse livro, já que a educação é um tema bem complexo, deixo uma lista de sugestões de produções cinematográficas que, mesmo sem terem sido filmadas com intenção de serem discutidas em sala de aula, servem com muito afinco a esse propósito. Mais do que apenas entreter, há filmes que têm o poder de nos inspirar. Quando tratam de educação, produções nacionais e internacionais fazem nossos pensamentos voarem… Muitas devem ter tido mesmo a intenção de chamar a atenção da sociedade para o que temos de mais importante: refletir acerca dos modelos de ensino, do papel docente, do aluno e do próprio sistema educacional. Separe a pipoca, boa diversão e reflexão. Muito das duas! Figura 50: Revisão audiovisual Disponível em: <https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/Prawny/05/l/13994844286podv.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018. https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/Prawny/05/l/13994844286podv.jpg https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/Prawny/05/l/13994844286podv.jpg 104 Título Ano País Direção Sinopse Quando Sinto que já Sei 2014 (Brasil) Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima Esse filme registra práticas inovadoras na educação brasileira. Os diretores investigaram iniciativas em oito cidades brasileiras e colheram depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais. A Educação Proibida 2012 (Argentina) German Doin e Verónica Guzzo Gravado em países da América Latina, esse documentário problematiza a escola moderna e apresenta alternativas educacionais em mais de 90 entrevistas com educadores. Paulo Freire – Contemporâneo 2006 (Brasil) Toni Venturi Entrevistas com familiares, pedagogos e o próprio Paulo Freire apresentam o pensamento e a atemporalidade do método de alfabetização do educador. O Clube do Imperador 2002 (EUA) Michael Hoffman Baseado no texto The Palace Thief, de Ethan Canin, conta a história de William Hundert, um professor apaixonado pelo trabalho que tem sua vida pacata e controlada totalmente mudada quando um novo estudante, Sedgewick Bell, chega à escola. Porém, o que começa como uma terrível guerra de egos acaba se transformando em uma profunda amizade entre professor e aluno, a qual terá reflexos na vida de ambos nos próximos anos. Sociedade dos Poetas Mortos 1989 (EUA) Peter Weir Em 1959, John Keating volta ao tradicionalíssimo internato Welton Academy, onde foi um aluno brilhante, para ser o novo 105 professor de Inglês. No ambiente soturno da respeitada escola, ele torna-se uma figura polêmica e malvista, pois acende nos alunos a paixão pela poesia e pela arte e a rebeldia contra as convenções sociais. Além da Sala de Aula 2011 (EUA) Jeff Bleckner Baseado em fatos reais, o filme narra a trajetória e os desafios enfrentados por uma professora recém-formada em uma escola temporária para sem-tetos nos Estados Unidos. Ao Mestre com Carinho 1967 (EUA) James Clavell Longa-metragem que narra a história de um engenheiro, Mark Thackeray, que vai lecionar para um grupo de estudantes completamente indisciplinados. Seu grande desafio é ensinar esses jovens sobre tolerância e respeito ao próximo. O Aluno 2010 (Inglaterra, EUA, Irlanda do Norte) Justin Chadwick O filme reconta a história de Kimani Maruge Ng’ang’a, um queniano que foi preso e torturado por lutar pela liberdade de seu país. Aos 84 anos, quando soube de um programa governamental de escolas para todos, Maruge se candidata a uma escola primária que atende crianças de seis anos de idade. Sua entrada acontece graças ao apoio de uma das professoras e ele também se torna um grande educador.106 Chegamos ao final dessa quarta unidade. Aqui você estudou sobre a avaliação de forma positiva e negativa, ou seja, olhamos tanto processos avaliativos com viés da melhoria educativa, quanto como forma de mostrar poder. Nosso foco é sempre pensar no aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem. Assim, avaliação para nós é considerar o aluno como um todo, especialmente pensando como melhorar nosso trabalho docente para promover ao máximo a construção de conhecimento. Espero que você tenha aprendido bastante! 107 REFERÊNCIAS ALAVARSE, O. Desafios da avaliação educacional: ensino e aprendizagem como objetos de avaliação para a igualdade de resultados. Cadernos Cenpec. Nova série, [s.l.], v. 3, n. 1, dez. 2013. Disponível em: <http://cadernos.cenpec.org.br/cadernos/index.php/cadernos/article/view/206>. Acesso em: 03 nov. 2018. BLOOM, B. H.; HASTINGS, T.; MADAUS, G. Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Pioneira, 1993. CHALITA, G. Educar em oração. São Paulo: Editora Canção Nova, 2005. DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2006. ESTEBAN, M. T. Avaliação e fracasso escolar: questões para debate sobre a democratização da escola. Rev. Lusófona de Educação, n. 13 Lisboa, 2009. 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