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2 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
As teses para recuperação de tributos são portas de entrada para 
atuação na atuação na área tributária, por representarem formas ágeis e 
fundamentadas em manifestações dos Tribunais Superiores, que 
propiciam apresentar aos clientes verdadeiras oportunidades de redução 
de carga tributária e recuperação de créditos dessa natureza. 
Ainda, considerando o cenário de crise econômica pelo qual grande parte 
das empresas estão passando, as teses tributárias apresentam-se como 
oportunidades para que o tributarista possa auxiliar seus clientes, 
adotando medidas judiciais ou administrativas para, licitamente, reduzir 
a carga tributária e para recuperação de valores indevidamente 
recolhidos a título de tributos nos últimos 5 anos. 
Nesse contexto, selecionei algumas importantes teses da atualidade, 
apresentando seus fundamentos jurídicos. 
 
 
 
As Contribuições ao PIS e à COFINS encontram fundamento de validade 
no art. 195, I, “b”, da Constituição, incidindo sobre: 
 
4 
 
 contribuintes sujeitos ao regime cumulativo do PIS e 
COFINS – Lei nº 9.718/98. 
 contribuintes sujeitos ao regime não-cumulativo do PIS e 
COFINS – Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. 
Para que se caracterize como faturamento ou receita, é necessário que o 
ingresso financeiro se integre ao patrimônio sem quaisquer reservas ou 
condições, vindo a acrescer o seu vulto, como elemento novo positivo. 
Desse modo, os valores correspondentes aos tributos incidentes sobre 
as vendas (ICMS) não configuram como receita do contribuinte, mas 
simplesmente valores que transitam nas suas contas (meros ingressos) 
para, em seguida, serem repassados ao Fisco. 
Nesse sentido, o STF, nos autos do RE nº 574.706/PR (Repercussão Geral) 
Tema 69, decidiu que o ICMS não compõe a base de cálculo para fins de 
incidência do PIS e da COFINS, visto que tais valores não refletem 
riquezas/faturamento de titularidade do contribuinte, mas tão somente 
o mero repasse de valores que têm como destinatários os Estados. 
A respeito do assunto, confira-se relevante trecho do voto da Rel. Min. 
Cármen Lúcia: 
“O conceito de faturamento diz com riqueza própria, quantia que tem 
ingresso nos cofres de quem procede à venda de mercadorias ou à 
prestação de serviços, implicando, por isso mesmo, o envolvimento de 
noções próprias ao que se entende como receita bruta. 
(...) 
Difícil é conceber a existência de tributo sem que se tenha uma vantagem, 
ainda que mediata, para o contribuinte, o que se dirá quanto a um ônus, 
como é o ônus fiscal atinente ao ICMS. O valor correspondente a este 
último não tem a natureza de faturamento. Não pode, então, servir à 
incidência da Cofins, pois não se revela medida de riqueza apanhada pela 
expressão contida no preceito da alínea ‘b’ do inciso I do artigo 195 da 
Constituição Federal. 
(...) 
Da mesma forma que esta Corte excluiu a possibilidade de ter-se, na 
expressão “folha de salários”, a inclusão do que satisfeito a 
administradores, autônomos e avulsos, não pode, com razão maior, 
entender que a expressão “faturamento” envolve, em si, ônus fiscal, como 
é o relativo ao ICMS, sob pena de desprezar-se o modelo constitucional, 
adentrando-se a seara imprópria da exigência da contribuição, 
 
5 
 
relativamente a valor que não passa a integrar o patrimônio do alienante 
quer de mercadoria, quer de serviço, como é o relativo ao ICMS. Se 
alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da 
mercadoria. 
(...) 
Conforme previsto no preceito constitucional em comento, a base de 
cálculo é única e diz respeito ao que faturado, ao valor da mercadoria ou 
do serviço, não englobando, por isso mesmo, parcela diversa. Olvidar os 
parâmetros próprios ao instituto, que é o faturamento, implica 
manipulação geradora de insegurança e, mais do que isso, a duplicidade de 
ônus fiscal a um só título, a cobrança da contribuição sem ingresso efetivo 
de qualquer valor, a cobrança considerado, isso sim, um desembolso.” 
 
Foram interpostos Embargos de Declaração no referido Recurso 
Extraordinário, os quais estão pendentes de julgamento. 
A Receita Federal do Brasil editou atos normativos (infralegais) 
determinando que a exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da 
COFINS seja feito com base no valor do ICMS recolhido, ao invés do 
destacado, tendo em vista a sistemática da não-cumulatividade, a qual 
prevê a compensação do devido em cada operação com o montante 
cobrado nas etapas anteriores. Vide: Solução de Consulta COSIT nº 
13/2018 e IN RFB nº 1.911/2019. 
Contra tal determinação cabe medida judicial, com fundamento na 
decisão proferida no RE nº 574.706/PR e, especialmente, tendo em vista 
a incidência do PIS e da COFINS recai somente sobre o valor do 
faturamento ou receita, assim entendido o valor recebido por ocasião 
das vendas de mercadorias e prestação de serviços que efetivamente 
integrem o patrimônio do contribuinte. 
Embora o recolhimento do ICMS considere os créditos apurados em 
razão da operação anterior, havendo recolhimento da diferença positiva 
de ICMS, o crédito de ICMS aproveitado em razão da aquisição dos bens 
e serviços necessários ao desenvolvimento da atividade produtiva não 
pode ser inserido no conceito de faturamento, conforme conceito 
constitucionalmente delimitado pelo STF. 
 
6 
 
Esse é o motivo pelo qual consideramos que, para fins de determinar a 
base de cálculo do PIS e da COFINS, deve ser excluído o valor total de 
ICMS destacado na nota fiscal. 
 
 
Trata-se de tese que tem como fundamento a decisão do STF nos autos 
do RE 574.706. Considerando que os valores destacados na nota fiscal, a 
título de ICMS, não configuram receita do contribuinte, depreende-se 
que os valores destacados a título de ISS também não se qualificam como 
faturamento ou receita do contribuinte, visto que tais valores são 
repassados aos Municípios. 
Vejamos decisões nesse sentido: 
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. ISS. EXCLUSÃO 
BASE CÁLCULO. PIS E COFINS. POSSIBILIDADE. EMBARGOS 
INFRINGENTES NÃO PROVIDOS. 
- O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 240.785, já havia 
manifestado entendimento no sentido da inconstitucionalidade da inclusão 
do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS. 
- Ao finalizar o julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706-PR, com 
repercussão geral reconhecida, os ministros entenderam que o valor 
arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do 
contribuinte, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas 
contribuições, que são destinadas ao financiamento da seguridade social. 
- Cabe ressaltar que o v. acórdão eletrônico foi publicado em 02/10/2017 
(DJe-223). Ainda que assim não fosse, desnecessária seria a espera pela a 
publicação do respectivo acórdão para a aplicação do entendimento acima 
exposto, já que verificada a publicação da respectiva ata de julgamento, 
ocorrida em 20.03.2017 (DJe n.º 53) nos termos do artigo 1.035, § 11, do 
CPC. Dessa forma, deve prevalecer o entendimento adotado pelo Supremo 
Tribunal Federal no sentido de reconhecer a inconstitucionalidade da 
inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. 
- A recente posição do STF sobre o descabimento da inclusão do ICMS na 
formação da base de cálculo do PIS/COFINS aplica-se também ao caso da 
inclusão do ISS, já que a situação é idêntica. Precedentes. 
- Recurso não provido. 
 
 
7 
 
(TRF3, EI 00044778420084036105, SEGUNDA SEÇÃO, 
DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA NOBRE, e-DJF3 Judicial 1 
DATA: 16/03/2018). 
 
 
JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTIGO 543-B, § 3º, DO CPC/73. 
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS 
INFRINGENTES. ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA 
COFINS: INCONSTITUCIONALIDADE, CONFORME TESE 
FIRMADA PELO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL (RE Nº 
574.706), PLENAMENTE APLICÁVEL IN CASU, CONFORME 
PRECEDENTE DESTA C. SEÇÃO. INVIABILIDADE DE 
SUSPENSÃO DO JULGAMENTO DO FEITO, À CONTADE 
EVENTO FUTURO E INCERTO: SUFICIÊNCIA DA PUBLICAÇÃO 
DA ATA DE JULGAMENTO NA QUAL CONSTOU CLARAMENTE 
A TESE ASSENTADA PELA SUPREMA CORTE. JUÍZO DE 
RETRATAÇÃO EXERCIDO PARA DAR PROVIMENTO AO 
AGRAVO LEGAL E, CONSEQUENTEMENTE, NEGAR 
PROVIMENTO AOS EMBARGOS INFRINGENTES. 
1. Não há viabilidade para a suspensão do julgamento deste feito, à conta do 
resultado de evento futuro e incerto. Na singularidade do caso a ata de 
julgamento do RE 574.706/PR foi publicada (20 de março de 2017) e nela 
constou claramente a própria tese assentada pela Suprema Corte ("o ICMS 
não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins"), de 
modo que tornou-se de conhecimento público o pensamento do STF na 
parte, a permitir a aplicação do tema aos demais casos em tramitação que 
versem sobre a mesma causa de pedir. Noutras palavras, o Poder Judiciário 
tem segurança para aplicar o quanto decidido pela Suprema Corte em sede 
vinculativa. Além disso, o CPC/15 dispõe no artigo 944 que "não publicado 
o acórdão no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da sessão de 
julgamento, as notas taquigráficas o substituirão, para todos os fins legais, 
independentemente de revisão". Na espécie, já se ultrapassou de muito o 
prazo de 30 dias da sessão de julgamento (20 de março de 2017), de modo 
que esse art. 944 - que se insere nas regras gerais sobre recursos - deve ter 
eficácia. Nem mesmo a omissão do Presidente do Tribunal em lavrar as 
conclusões e a ementa e mandá-las publicar (§ único) impede a eficácia desse 
artigo, na espécie, porquanto todos os votos e a conclusão final (singela) 
tornaram-se de conhecimento geral do meio jurídico. 
2. A recente posição do STF sobre o descabimento da inclusão do ICMS na 
formação da base de cálculo do PIS/COFINS aplica-se também ao caso da 
inclusão do ISS, já que a situação é idêntica. Precedente desta 2ª Seção. 
3. A jurisprudência firmada na Suprema Corte a respeito da matéria (RE nº 
574.706/PR e RE nº 240.785/MG) deve ser aplicada, eis que caracterizada 
 
8 
 
a violação ao art. 195, I, da Constituição Federal, sendo mister reconhecer à 
autora o direito de não se submeter ao recolhimento do PIS e da COFINS 
com a inclusão do ISS em sua base de cálculo, tal como posto no voto 
vencedor. 
4. Juízo de retratação exercido para dar provimento ao agravo legal 
interposto pela autora e, consequentemente, negar provimento aos 
embargos infringentes. 
 
(TRF3, EI 00128825620104036100, SEGUNDA SEÇÃO, 
DESEMBARGADOR FEDERAL JOHONSOM DI SALVO, e-DJF3 
Judicial 1 DATA: 21/02/2018). 
 
 
EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO ORDINÁRIA. EXCLUSÃO 
DO ISS DA BASE DE CÁLCULO DE PIS/COFINS. POSSIBILIDADE. 
DECISÃO STF. PRECEDENTES DESTA CORTE. EMBARGOS 
INFRINGENTES PROVIDOS. 
I - A questão posta nos autos diz respeito à possibilidade de inclusão do 
ICMS na base de cálculo do PIS da COFINS. É certo que as discussões 
sobre o tema são complexas e vêm de longa data, suscitando várias 
divergências jurisprudenciais até que finalmente restasse pacificada no 
recente julgamento do RE 574.706. 
II - As alegações do contribuinte e coadunam com o posicionamento atual 
da Suprema Corte, conforme o RE 574.706/PR, julgado na forma de recurso 
repetitivo. 
III - E não se olvide que o mesmo raciocínio no tocante a não inclusão do 
ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS se aplica ao ISS. 
IV - Embargos infringentes providos. 
 
(TRF3, EI 00018874220144036100, SEGUNDA SEÇÃO, 
DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO CEDENHO, e-DJF3 
Judicial 1 DATA: 12/05/2017). 
 
O tema aguarda julgamento no STF: RE 592.616, Tema 118 em 
Repercussão Geral. 
 
 
 
 
9 
 
 
 
Também esse tema decorre da decisão proferida A tese em destaque 
discute sobre a possibilidade das Contribuições ao PIS e à COFINS serem 
excluídas de suas próprias bases de cálculo, uma vez que não constituem 
faturamento ou receita do contribuinte. 
Nesse sentido, existem decisões favoráveis no âmbito dos TRFs, como é 
o caso da 4ª Turma do TRF da 3ª Região, a qual vem reconhecendo o 
direito dos contribuintes de excluírem o PIS e a COFINS de sua própria 
base. Confira-se o teor de recente acórdão: 
TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. 
EXCLUSÃO DO PIS E DA COFINS DA BASE DE CÁLCULO DAS 
PRÓPRIAS CONTRIBUIÇÕES. SENTENÇA QUE CONCEDEU A 
ORDEM. REMESSA OFICIAL E APELO DA UNIÃO 
DESPROVIDOS. 
– Recurso Extraordinário n. 574706. Repercussão geral reconhecida. Os 
valores arrecadados a título de ICMS não são incorporados ao patrimônio 
do contribuinte e, dessa forma, não podem integrar a base de cálculo do PIS 
e da COFINS, uma vez que a arrecadação daquele imposto constitui tão 
somente ingresso de caixa ou trânsito contábil a ser totalmente repassado ao 
fisco estadual e, assim, não representa faturamento ou receita. Destarte, 
razoável que se aplique o mesmo raciocínio ao presente caso, haja vista a 
identidade de fundamentos e especialmente porque tributos não devem 
realmente integrar a base de cálculo de outros tributos. Quanto a essa 
matéria, saliente-se que não afasta o presente entendimento o fato de o 
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 582461, ter concluído 
no sentido de ser constitucional a inclusão do valor do ICMS na sua própria 
base de cálculo, uma vez que, ao contrário do que acontece com as 
contribuições ao PIS e a COFINS, há autorização expressa no texto da Carta 
Magna de 1988. 
– Ao se entender que o quantum pago a título de PIS e de COFINS 
(destacados em nota fiscal) integre o valor total da nota, em realidade admite-
se que essas contribuições fazem parte do faturamento da pessoa jurídica, o 
que viola o princípio da capacidade contributiva, segundo o qual os 
particulares devem contribuir conforme a sua capacidade econômica e não 
de acordo com valores que sequer fazem parte de seu faturamento, 
considerado que serão repassados compulsoriamente ao fisco. 
– Lei n. 12.973/14. Com relação à Lei n. 12.973/14, especificamente no que 
concerne às contribuições para o PIS e à COFINS, tal diploma normativo 
apenas manteve a expressão total das receitas auferidas (artigos 54 e 55 – 
 
10 
 
para a sistemática da não cumulatividade), bem como especificou as receitas 
compreendidas na definição de receita bruta (artigo 2º, o qual alterou o 
artigo 12 do Decreto-Lei n. 1.598/77 – para a sistemática da 
cumulatividade). No entanto, apesar de a mencionada lei incluir o § 5º ao 
artigo 12 deste decreto-lei, entendo que o julgamento pelo Supremo 
Tribunal Federal do RE n. 574.706 encerrou tal discussão ao considerar 
expressamente neste julgado as alterações concernentes ao tema trazidas 
pela Lei 12.973/2014. Portanto, em respeito ao ordenamento jurídico 
brasileiro, se a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS 
foi declarada inconstitucional de forma legítima e pelo órgão competente 
para tanto, descabido o pleito da apelante no que toca a essa análise, 
conforme se comprova ao se analisar o inteiro teor do acórdão citado. 
– Receita líquida. Receita bruta diminuída dos valores relativos a devoluções 
e vendas canceladas, descontos concedidos incondicionalmente, tributos 
sobre ela incidentes e valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que 
trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro 
de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. Em outras palavras, 
apenas no cálculo da receita líquida é que foi expressamente mencionada a 
hipótese de desconto de tributos sobre ela incidentes. Porém, o fato de a 
técnica legislativa ter-se valido da exclusão de tributos somente ao se referir 
à receita líquida (artigo 12, § 1º, do Decreto-Lei n. 1598/77) não significa 
automaticamente que esses devam ser incluídos na receita bruta (artigo 12, 
caput, do Decreto-Lei n. 1598/77), uma vez que, se assim fosse, estar-se-ia 
diante de um raciocínio interpretativo tão somente dedutivo, porém em 
relação a algo que somente por leipoderia ser estabelecido, qual seja, a 
especificação da base de cálculo de um tributo, nos termos do princípio da 
legalidade (artigo 150, inciso I, da CF/88) e do artigo 44 do CTN. Por fim, 
cumpre ressaltar que os valores de ICMS, nos moldes do que consta no 
artigo 13, §1º, da LC n. 87/96, permitem destaque na respectiva nota fiscal, 
no que se conclui jamais poderem integrar o preço da mercadoria ou da 
prestação do serviço para fins de cálculo da receita bruta do contribuinte. 
– Entendimento do Supremo no julgamento do RE n. 582461. Quanto à 
questão, saliente-se que não afasta o presente entendimento o fato de o 
Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE n. 582.461, ter 
concluído no sentido de ser constitucional a inclusão do valor do ICMS na 
sua própria base de cálculo, uma vez que, ao contrário do que acontece com 
as contribuições ao PIS e a COFINS, há autorização expressa no texto da 
Carta Magna de 1988 a esse respeito. 
– Prazo prescricional na repetição de indébito de tributos sujeitos à 
homologação. A questão relativa à contagem de prazo prescricional dos 
tributos sujeitos a lançamento por homologação foi analisada pelo Superior 
Tribunal de Justiça, à vista do Recurso Especial nº 1.269.570/MG, julgado 
recentemente, em 23.05.2012, e seguiu o entendimento que foi definido no 
Recurso Extraordinário nº 566.621/RS pelo Pleno do Supremo Tribunal 
Federal, no sentido de que a repetição ou compensação de indébitos pode 
ser realizada em até dez anos contados do fato gerador somente para as ações 
ajuizadas até 09.06.2005. Por outro lado, foi considerada: “válida a aplicação 
do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da 
vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005”. O artigo 
 
11 
 
3º da Lei Complementar nº 118/2005 deve ser aplicado às ações ajuizadas a 
partir de 09/06/2005. No caso dos autos, verifica-se que o mandamus foi 
impetrado em 10.09.2018 (Id. 67395155). Aplicável, portanto, o prazo 
prescricional quinquenal. 
– Necessidade de comprovação do recolhimento em sede de mandado de 
segurança para fins de compensação. No que tange à pessoa jurídica, a 
questão da comprovação para fins de compensação tributária no âmbito do 
mandado de segurança foi objeto de nova análise pela 1ª Seção do Superior 
Tribunal de Justiça (no julgamento do Resp 1.365.095/SP e do Resp 
1.715.256/SP, apreciados sob a sistemática dos recursos repetitivos), que 
concluiu que basta a demonstração da qualidade de contribuinte em relação 
ao tributo alegadamente pago de forma indevida. Dessa forma, os valores 
efetivamente a serem compensados somente serão apurados na seara 
administrativa, momento em que devem ser apresentados todos os 
documentos pertinentes ao recolhimento a maior. Em outras palavras, para 
o deferimento do pleito compensatório requerido judicialmente não se faz 
imprescindível a juntada das guias de pagamento, necessárias apenas no 
momento em que se for efetivar a compensação perante o fisco. Assim, 
considerado o período quinquenal a ser compensado, deverá ser deferida a 
compensação nesta sede pleiteada, porquanto comprovado o direito líquido 
e certo necessário para a concessão da ordem no presente remédio 
constitucional. 
– Compensação de valores indevidamente recolhidos. Conforme 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado no Recurso Especial 
n.º 1.137.738/SP, representativo da controvérsia, submetido ao regime de 
julgamento previsto pelo artigo 543-C do Código de Processo Civil, no 
tocante à compensação deve ser aplicada a lei vigente à época da propositura 
da demanda. In casu, deve ser aplicada a Lei nº 10.637/2002, com as 
limitações previstas na Lei nº 11.457/2007, ambas vigentes à época da 
propositura da demanda. Nesse ponto, cumpre registrar que a Lei n. 
13.670/18 incluiu o artigo 26-A à Lei n. 11.457/07, a permitir que o sujeito 
passivo que apure crédito tributário possa utilizá-lo na compensação de 
débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados 
pela Secretaria da Receita Federal, à exceção das contribuições das 
contribuições previdenciárias pelo contribuinte que não utilizar o eSocial 
(quanto a essa questão, já foi inclusive editada uma instrução normativa pela 
Receita Federal, qual seja, a IN 1.810/18). Seguem as disposições normativas 
mencionadas. Quanto ao artigo 170-A do Código Tributário Nacional, a 
matéria foi decidida pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento 
dos Recursos Especiais n.º 1.164.452/MG e n.º 
1.167.039/DF representativos da controvérsia, que foram submetidos ao 
regime de julgamento previsto pelo artigo 543-C do Código de Processo Civil 
e regulamentado pela Resolução n.º 8/STJ de 07.08.2008, no qual fixou a 
orientação no sentido de que essa norma deve ser aplicada tão somente às 
demandas propostas após sua entrada em vigor, que se deu com a Lei 
Complementar n.º 104/2001, mesmo na hipótese de o tributo apresentar 
vício de constitucionalidade reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. 
A ação foi proposta em 2018, após a entrada em vigor da LC nº 104/2001, 
 
12 
 
razão pela qual incide o disposto no artigo 170-A do Código Tributário 
Nacional. 
– Correção monetária do indébito. Quanto à correção monetária, saliento 
que se trata de mecanismo de recomposição da desvalorização da moeda 
que visa a preservar o poder aquisitivo original. Dessa forma, ela é devida 
nas ações de repetição de indébito tributário e deve ser efetuada com base 
no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça 
Federal, aprovado pela Resolução nº 267/2013 do Conselho da Justiça 
Federal. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de 
Justiça. No que se refere aos juros de mora, o Superior Tribunal de Justiça 
firmou entendimento no Recurso Especial n.º 1.111.175/SP, representativo 
da controvérsia, submetido ao regime de julgamento previsto pelo artigo 
543-C do Código de Processo Civil, no sentido de que nas hipóteses em que 
a decisão ainda não transitou em julgado, como é o caso dos autos, incide 
apenas a taxa SELIC, que embute em seu cálculo juros e correção monetária 
(REsp 1.111.175/SP, Primeira Seção, rel. Min. Denise Arruda, j. 
10.06.2009, DJe 01.07.2009). 
– A matéria referente aos artigos 1o e 7o da LC n. 07/70, artigo 2o da Lei n. 
9.715/98, artigos 1o e 2o da LC n. 70/91, artigos 2o e 3o da Lei n. 9.718/98, 
artigos 1o das Leis n. 10.637/02 e n. 10.833/03, artigo 208 do 
RIR/2018, artigos 109, 111 e 176 do CTN, artigos 3o, inciso I, 150, inciso I, 
e § 6o, 194 e 195 da CF/88 e artigo 187 da Lei n. 6.404/76, citados pela 
fazenda em seu recurso, não tem o condão de alterar o presente 
entendimento pelas razões explicitadas anteriormente. 
– Negado provimento à remessa oficial, bem como igualmente ao apelo da 
União. (TRF 3ª Região, 4ª Turma, ApReeNec – APELAÇÃO / REEXAME 
NECESSÁRIO – 5022842-67.2018.4.03.6100, Rel. Desembargador 
Federal ANDRE NABARRETE NETO, julgado em 19/12/2019). 
 
O tema aguarda julgamento no STF: RE 1.233.096, Tema 1067 em 
Repercussão Geral. 
 
 
 
A CPRB consiste em contribuição previdenciária sobre a receita bruta, 
substitutiva da contribuição previdenciária sobre a folha de salários. 
A 1ª Seção do STJ, considerando o conceito de receita bruta firmado pelo 
STF, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo da CPRB. 
 
13 
 
Precedentes: STJ, Resp 1.624.297, Resp 1.629.001, Resp 1.638.772. 
Tema em Repercussão Geral no STF: RE 1.187.264 – Tema 1048. 
A contribuição ao Funrural também é uma contribuição previdenciária 
substitutiva: em vez de incidir sobre a folha de salários, sua base de 
cálculo é a receita bruta da comercialização da produção rural. Logo, o 
ICMS incidente na venda da produção não pode sujeitar-se a essa 
contribuição. 
 
 
O lucro presumido, para fins de incidência de IRPJ e CSLL, é calculado 
mediante aplicação de percentualsobre o valor da receita, conforme 
exemplificado na tabela abaixo: 
 Venda de mercadorias ou produtos 
 Transporte de cargas 
 Atividades imobiliárias (compra, venda, 
loteamento, 
 incorporação e construção de imóveis) 
 Serviços hospitalares 
 Atividade Rural 
 Industrialização com materiais fornecidos pelo 
encomendante 
 
 
8 % 
 Serviços de transporte (exceto o de cargas) 16% 
 Serviços profissionais (Sociedades Simples - SS, 
médicos, dentistas, advogados, contadores, 
auditores, engenheiros, consultores, 
economistas, etc.) 
 Intermediação de negócios 
 Administração, locação ou cessão de bens 
móveis/imóveis ou direitos 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 Serviços de construção civil, quando a 
prestadora não empregar materiais de sua 
propriedade nem se responsabilizar pela 
execução da obra (ADN Cosit 6/97). 
 Serviços em geral, para os quais não haja 
previsão de percentual específico 
32% 
 
Sendo a receita a base para a aplicação do percentual e, assim, 
determinar o lucro presumido a ser tributado pelo IRPJ e CSLL, essa 
receita não pode abranger ICMS ou ISS na sua determinação. 
“TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE 
DE CÁLCULO. COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. 
O Plenário do STF, no julgamento do Recurso Extraordinário 574706, com 
repercussão geral reconhecida, entendeu que o valor arrecadado a título de 
ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte, representando 
apenas ingresso de caixa ou trânsito contábil a ser totalmente repassado ao 
fisco estadual. 
Não se tratando de receita bruta, os valores recolhidos a título de ICMS não 
compõem a base de cálculo do IRPJ e da CSLL (...). 
(TRF4, AC 5018422-58.2016.404.7200, Primeira Turma, Relator Jorge 
Antonio Maurique, juntado aos autos em 12/05/2017). 
 
Tema submetido à sistemática dos recursos repetitivos no STJ: REsp 
1767631/SC, REsp 1.772.634/RS, REsp 1.772.470/RS. 
 
 
 
A Lei nº 11.033/04 (art. 17) prescreveu não haver impedimento à 
manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados às operações com 
alíquota zero (monofásico). 
 
15 
 
Exemplos de produtos sujeitos ao regime monofásico: 
 combustíveis, como gasolina, óleo diesel, biodiesel, álcool 
hidratado para fins carburantes, gás liquefeito de petróleo (GLP) e 
querosene de aviação; 
 produtos farmacêuticos; 
 produtos de perfumaria, toucador e higiene pessoal; 
 máquinas e veículos, bem como autopeças, câmaras de ar e pneus 
de borracha; 
 bebidas, como água, cervejas e refrigerantes. 
STJ, no AgRg no REsp nº 1.051.634, de 27/04/2017, a 1ª Turma entendeu 
pela manutenção dos créditos: 
PROCESSUAL. CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO 
RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. TRIBUTAÇÃO PELO 
SISTEMA MONOFÁSICO. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. 
POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL CONCEDIDO PELA LEI N. 
11.033/04, QUE INSTITUIU O REGIME DO REPORTO. EXTENSÃO 
ÀS EMPRESAS NÃO VINCULADAS A ESSE REGIME. 
CABIMENTO. 
I - O sistema monofásico constitui técnica de incidência única da tributação, 
com alíquota mais gravosa, desonerando-se as demais fases da cadeia 
produtiva. Na monofasia, o contribuinte é único e o tributo recolhido, ainda 
que as operações subsequentes não se consumem, não será devolvido. […] 
III - O fato de os demais elos da cadeia produtiva estarem desobrigados do 
recolhimento, à exceção do produtor ou importador responsáveis pelo 
recolhimento do tributo a uma alíquota maior, não é óbice para que os 
contribuintes mantenham os créditos de todas as aquisições por eles 
efetuadas. 
(STJ. AgRg no REsp nº 1.051.634. Primeira Turma. Rel. Min. Regina 
Helena Costa. DJe 27.04.2017). 
 
 
Tendo em vista a divergência de entendimentos dentro do STJ, a 1ª Seção 
do STJ está examinando a questão, nos EAREsp 1.109.354/SP e EREsp 
1.768.224/RS. 
 
16 
 
 
 
Nos moldes do art. 195, I, “a”, da Constituição, a União pode instituir 
contribuições previdenciárias sobre a folha de salários e remuneração 
paga ao trabalhador em decorrência dos serviços por ele prestados. 
Assim, as verbas de cunho meramente indenizatório devem ser excluídas 
da incidência da contribuição previdenciária, tendo em vista que não são 
consideradas remuneratórias, ou seja, não integram o salário-
contribuição. 
 STJ - Resp n.º 1.230.957/RS – Recurso Repetitivo 
 STJ - AgInt no AREsp 1125481 / SP 
 STJ - REsp 1146772 / DF 
No julgamento do STJ, a tese consolidada é de que as verbas 
indenizatórias e não habituais não sofrem incidência de contribuição 
previdenciária. 
As verbas não sujeitas à tributação por contribuições previdenciárias, 
conforme consolidado pela jurisprudência, são: 
(i) aviso prévio indenizado; 
(ii) primeiros 15 dias de afastamento por auxílio doença e auxílio 
acidente; 
(iii) férias indenizadas; 
(iv) abono de férias; 
(v) auxílio-educação; 
(vi) auxílio-creche; 
(vii) salário-maternidade. 
 
 
17 
 
O valor pago a título de vale-transporte não possui caráter 
remuneratório, mas sim indenizatório. Não integra, portanto, a base de 
cálculo das contribuições incidentes sobre a folha de salários. 
Argumento favorável ao contribuinte que triunfou no STF foi que o 
dinheiro referente ao auxílio transporte é uma indenização ao 
trabalhador no seu deslocamento ao local de trabalho. Tanto que, se não 
usado, o trabalhador não é reembolsado nem é transformado em moeda 
corrente. 
 Jurisprudência favorável: RE 478.410 – STF - O Plenário do Supremo 
Tribunal Federal decidiu que o Instituto Nacional de Seguridade 
Social (INSS) não poderá cobrar contribuição previdenciária 
incidente sobre o vale-transporte pago em dinheiro aos 
funcionários. 
 
 
Nos termos do § 2º do art. 149 da CF, o critério para recolhimento de 
contribuições se limita ao faturamento, receita bruta e valor da 
operação, excluindo a folha salário. Assim, tendo em vista a EC nº 33/01, 
entende-se por inconstitucional o recolhimento de contribuições sociais 
ao Sistema S, SEBRAE, INCRA e demais contribuições interventivas sobre 
a folha de salários. 
Em síntese, depois da a edição da EC nº 33/2001, foi acrescentado ao 
artigo 149 do texto constitucional o § 2º, inciso III, alínea “a”, que 
estabeleceu a relação de bases de cálculo para criação de contribuições 
sociais gerais e contribuições de intervenção no domínio econômico, a 
 
18 
 
saber: (i) faturamento; (ii) receita bruta; (iii) valor da operação; e, (iv) 
valor aduaneiro. 
 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, 
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e 
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições 
a que alude o dispositivo. 
(...) 
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de 
que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
33, de 2001) 
(...) 
 
III - poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, 
de 2001). 
 
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o 
valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; 
 (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
 
b) específica, tendo por base a unidade de medida 
adotada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
 
 
 
 
 
Essa relação de bases de cálculo é taxativa e estabelece as bases 
econômicas sobre as quais podem incidir esses tributos. 
E não é possível, que a lei amplie este rol taxativo, consignado na 
Constituição. Aliás, esse é o entendimento do STF que, no julgamento da 
inclusão do ICMS no cálculo do PIS e da Cofins-Importação (RE nº 
559.937), com repercussão geral reconhecida, destacou várias vezes que 
as bases de cálculo previstas no artigo 149 da Constituição tem essa 
característica (taxatividade). 
Por essa razão, as contribuiçõesao INCRA, SEBRAE, APEX e ABDI e 
Sistema “S” Sistema “S” (SESI, SENAI, SESC, SENAC, SENAT), por não 
possuírem as bases de cálculo mencionadas, são inconstitucionais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1
 
19 
 
Tema em repercussão geral no STF - Abrangência: contribuição ao 
SEBRAE, APEX e ABDI (RE 603624 RG) e para o Incra (RE 630898 RG) - 
Voto da Min. Rosa Weber favorável. Pedido de vista pelo Min. Dias 
Toffoli. 
 
 
 
O artigo 149 da Constituição Federal de 1988 especifica que podem ser 
criadas contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de 
interesse das categorias profissionais ou econômicas. Em vista disso, 
foram criadas algumas de contribuições sociais, dentre elas, as 
conhecidas popularmente como contribuições parafiscais por conta de 
terceiros. 
A Lei 6.950/1981, por sua vez, estabeleceu em seu art. 4º que o limite 
máximo do salário de contribuição é fixado em valor correspondente a 
20 (vinte) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Estabeleceu 
ainda no seu parágrafo único que “o limite a que se refere o presente 
artigo aplica-se às contribuições parafiscais arrecadadas por conta de 
terceiros.” 
 
Lei nº 6.950/1981: 
 
Art. 4º O limite máximo do salário-de-contribuição, previsto no art. 5º da Lei 
nº 6.332, de 18 de maio de 1976, é fixado em valor correspondente a 20 
(vinte) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 
Parágrafo único - O limite a que se refere o presente artigo aplica-se às 
contribuições parafiscais arrecadadas por conta de terceiros. 
 
Sobreveio o Decreto 2.318/1986, que, em seu art. 3º, alterou esse limite 
da base contributiva apenas para a Previdência Social, restando mantido 
em relação às contribuições parafiscais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6332.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6332.htm#art5
 
20 
 
Decreto-lei nº 2.318/1986: “Art. 3º Para efeito do cálculo da 
contribuição da empresa para a previdência social, o salário de 
contribuição não está sujeito ao limite de vinte vezes o salário mínimo, 
imposto pelo art. 4º da Lei nº 6.950, de 4 de novembro de 1981. 
 
 
 
 
Ou seja, no que diz respeito às demais contribuições com função 
parafiscal, fica mantido o limite estabelecido pelo artigo 4º da Lei no 
6.950/1981. 
 Jurisprudência favorável: AgInt. no REsp 1570980/SP, Rel. Ministro 
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 
17/02/2020, DJe 03/03/2020. 
 
TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. 
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DEVIDA A TERCEIROS. LIMITE DE 
VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 4º DA LEI 6.950/1981 NÃO 
REVOGADO PELO ART. 3º DO DL 2.318/1986. INAPLICABILIDADE 
DO ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA 
NACIONAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Com a entrada em 
vigor da Lei 6.950/1981, unificou-se a base contributiva das empresas para a 
Previdência Social e das contribuições parafiscais por conta de terceiros, 
estabelecendo, em seu art. 4º, o limite de 20 salários-mínimos para base de 
cálculo. 
Sobreveio o Decreto 2.318/1986, que, em seu art. 3º, alterou esse limite da 
base contributiva apenas para a Previdência Social, restando mantido em 
relação às contribuições parafiscais. 2. Ou seja, no que diz respeito às demais 
contribuições com função parafiscal, fica mantido o limite estabelecido pelo 
artigo 4º, da Lei no 6.950/1981, e seu parágrafo, já que o Decreto-Lei 
2.318/1986 dispunha apenas sobre fontes de custeio da Previdência Social, 
não havendo como estender a supressão daquele limite também para a base 
a ser utilizada para o cálculo da contribuição ao INCRA e ao salário-educação. 
3. Sobre o tema, a Primeira Turma desta Corte Superior já se posicionou no 
sentido de que a base de cálculo das contribuições parafiscais recolhidas por 
conta de terceiros fica restrita ao limite máximo de 20 salários-mínimos, nos 
termos do parágrafo único do art. 4º da Lei 6.950/1981, o qual não foi 
revogado pelo art. 3º do DL 2.318/1986, que disciplina as contribuições 
sociais devidas pelo empregador diretamente à Previdência Social. 
Precedente: REsp. 953.742/SC, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJe 10.3.2008. 
4. Na hipótese dos autos, não tem aplicação, na fixação da verba honorária, 
os parâmetros estabelecidos no art. 85 do Código Fux, pois a legislação 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6950.htm#art4
 
21 
 
aplicável para a estipulação dos honorários advocatícios será definida pela data 
da sentença ou do acórdão que fixou a condenação, devendo ser observada a 
norma adjetiva vigente no momento de sua publicação. 5. Agravo Interno da 
FAZENDA NACIONAL a que se nega provimento. (AgInt no REsp 
1570980/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2020, DJe 03/03/2020) 
 
Nota-se que a 1ª turma do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Resp 
1.570.980, determinou que a base de cálculo de incidência das 
contribuições parafiscais estaria limitada a 20 (vinte) salários mínimos. 
Essa decisão é um importante precedente para as empresas que queiram 
recuperar o valor a maior pago nos últimos 5 anos, bem como deixar de 
pagar as referidas contribuições no futuro acima do teto de 20 salários 
mínimos. 
 
 
22 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
Como vimos, as teses para recuperação de tributos são portas de entrada 
para atuação na atuação na área tributária, por representarem formas 
ágeis e fundamentadas em manifestações dos Tribunais Superiores, que 
propiciam apresentar aos clientes verdadeiras oportunidades de redução 
de carga tributária e recuperação de créditos dessa natureza. 
Para implementá-las, porém, É ESSENCIAL conhecer as alternativas, 
requisitos, trâmite e consequências do processo tributário! 
Do mesmo modo, uma boa defesa tributária depende da identificação do 
caminho apropriado e das alternativas cabíveis, tanto no âmbito 
administrativo, como no judicial e em sede de execução fiscal. 
É por isso que, ao aprender o direito tributário, não devemos estudar os 
conceitos e as teses de um modo apartado dos meios de sua 
implementação. Direito material e processo tributário andam de mãos 
dadas! 
Esse é o cerne do método PENSAR TRIBUTÁRIO! 
 
 
24 
 
 
 
Tema importantíssimo para as defesas tributárias! 
Sempre que estivermos tratando de processo tributário, as 
particularidades do caso concreto devem ser consideradas, assim como 
os objetivos que se pretende alcançar com a medida. 
Quando o cliente o comunica que recebeu um lançamento ou um auto 
de infração tributário, o primeiro item a observar é o prazo para defesa 
administrativa, contado da data em que o contribuinte foi notificado. 
Estando dentre do prazo, a defesa administrativa, na maior parte das 
vezes, mostra-se mais vantajosa que o ingresso de medida judicial, pois 
enquanto tramita o processo administrativo tributário, o crédito fica com 
sua exigibilidade suspensa: não pode ser protestado, não pode ser 
cobrado, o contribuinte mantém sua situação de regularidade fiscal, 
estando apto a obter documento com efeitos de Certidão Negativa de 
Débitos (CND). 
Além disso, a defesa administrativa mostra-se mais vantajosa por não 
serem exigidas custas para sua realização, nem haver risco de incorrer 
em verbas de sucumbência. Sobre esse ponto, vale lembrar a súmula 
vinculante nº 21 do STF: 
“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de 
dinheiro ou bens para admissibilidadede recurso administrativo.” 
 
Se a defesa for julgada improcedente, tem cabimento recurso 
administrativo, para ser examinado em segunda instância, nos termos 
assegurados pelo art. 5º, LV, da Constituição de 1988: 
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes”. 
 
 
 
 
25 
 
Sobrevindo a decisão final do processo administrativo tributário, seus 
efeitos são os seguintes: 
 Se a decisão for favorável, total ou parcialmente ao contribuinte, 
anulando uma parcela ou a íntegra do crédito tributário, tal decisão 
se torna imutável, extinguindo o crédito tributário. 
 Se a decisão for contrária, mantendo parte ou a íntegra do crédito 
tributário, o contribuinte pode socorrer-se do Judiciário, 
ingressando com medida judicial objetivando anular o referido 
débito. 
Diante desse contexto, as defesas administrativas se mostram, em geral, 
vantajosas, sendo a primeira medida a ser adotada em face de um 
lançamento ou autuação fiscal. Isso porque, como visto, se o 
contribuinte não obtiver êxito na esfera administrativa, assiste-lhe o 
direito de ingressar com ação judicial para questionar referido débito. 
Mas atenção! O caminho inverso não é possível: se o contribuinte fizer 
uso, desde logo, de ação judicial, essa conduta implica renúncia às 
instâncias administrativas, no que diz respeito à matéria objeto de análise 
judicial. 
Feitos esses esclarecimentos, passemos aos itens que precisam ser 
analisados para fins de defesa em face de lançamento tributário ou auto 
de infração. 
Elaborei um roteiro (um checklist) para facilitar essa tarefa. 
Ao se deparar com um lançamento tributário ou auto de infração, 
examine os seguintes aspectos: 
 
 
 QUEM lavrou o lançamento ou o auto de infração é sujeito 
COMPETENTE para realizar esse ato e para cobrar o tributo? QUEM está 
 
26 
 
sofrendo a cobrança tributária é, efetivamente, CONTRIBUINTE ou 
RESPONSÁVEL tributário? 
 QUANDO o lançamento ou auto de infração foi notificado ao 
contribuinte? QUANDO ocorreu o fato gerador do tributo objeto de 
exigência? Considerando esses aspectos temporais, verifica-se se 
ocorreu a DECADÊNCIA do crédito tributário, um dos principais pontos 
de nulidade e cancelamento das autuações fiscais. 
 ONDE foi lavrada a autuação fiscal também é ponto importante 
para verificar a regularidade de sua realização e COMPETÊNCIA da 
autoridade administrativa que o fez. 
 COMO foi realizado o procedimento de fiscalização e de lavratura 
da exigência fiscal? Essa análise, que abrange o Relatório Fiscal ou Termo 
de Verificação Fiscal, possibilita verificar NULIDADES NO 
PROCEDIMENTO que resultou na autuação fiscal. 
 POR QUÊ abrange as razões que justificam a autuação fiscal, 
podendo ser de ordem FORMAL ou MATERIAL. O lançamento ou auto de 
infração de conter a CAPITULAÇÃO LEGAL, consistente nos dispositivos 
legais violados e aplicados para fins de imposição tributária (requisito 
formal). Além disso, os motivos que levaram a fiscalização a concluir pela 
ocorrência do fato gerador e/ou da infração fiscal, assim como pela 
atribuição de responsabilidade tributária, devem estar muito bem 
evidenciados e fundados em PROVAS (requisito material). 
Havendo vício em qualquer desses itens, tem-se a nulidade da autuação 
fiscal. 
Há, ainda, estratégias a serem consideradas quando das defesas e 
recursos administrativos, para aumentar as chances de êxito. 
É preciso estar ciente, por exemplo, de que os julgadores administrativos 
não examinam questões relativas à constitucionalidade da lei ou de 
 
27 
 
outros atos normativos. Por isso, recomenda-se dar enfoque prioritário 
aos argumentos de ordem legal e fática, especialmente com a juntada de 
provas, de DOCUMENTOS FISCAIS hábeis para demonstrar os equívocos 
constantes da exigência tributária. 
Essa breve exposição já permite entrever que, para identificar e realizar 
uma defesa administrativa tributária bem sustentada é preciso ter em 
mente diversos aspectos do direito tributário, tais como: competência, 
decadência, sujeição passiva, responsabilidade tributária, requisitos 
formais e materiais do lançamento tributário, provas, além dos efeitos de 
tal medida, como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, 
impedindo atos de cobrança pela autoridade administrativa. 
Normalmente, a dificuldade com a PRÁTICA TRIBUTÁRIA decorre da 
circunstância desses conceitos serem estudados apenas pelo viés teórico 
e apartados uns dos outros. Estuda-se a decadência tributária, por 
exemplo, de forma totalmente estanque da responsabilidade tributária 
e dos elementos do lançamento tributário. 
No entanto, a defesa tributária exige que esses itens sejam, todos eles, 
examinados e considerados em face do caso concreto. São conceitos que 
não existem por si só, isolados uns dos outros! Por isso, precisamos criar 
o hábito de PENSAR O DIREITO TRIBUTÁRIO como um todo, 
compreendendo sua dinâmica e fazendo a necessária conexão entre seus 
elementos. 
 
 
 
Como visto, na hipótese de o contribuinte não obter êxito no âmbito do 
processo administrativo tributário, é possível socorrer-se do Judiciário. 
Do mesmo modo, já tendo ultrapassado o prazo para defesa 
administrativa, também nesse caso o acesso ao Judiciário é o caminho a 
ser trilhado. 
 
28 
 
Para tanto, é preciso identificar a medida judicial cabível e mais 
apropriada aos objetivos pretendidos. Eis algumas perguntas que devem 
ser feitar para a identificação dessa medida: 
 Qual o objeto da controvérsia (fato ou direito)? 
 O que se pretende com a medida (ex: impedir ato coator, anular, 
reconhecer direito, restituir)? 
 Quanto tempo passou desde o surgimento do objeto da 
controvérsia? 
Se a discussão levada a juízo envolve questões conceituais e, portanto, 
ilegalidade ou inconstitucionalidade da exigência tributária (exclusão do 
ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS), mandado de segurança é 
medida judicial que, em regra, mostra-se mais apropriada, tendo em vista 
a maior celeridade no seu trâmite e menor onerosidade quanto a ônus de 
sucumbência. 
Por outro lado, tratando-se de discussão que envolva controvérsias 
fáticas (ex: grau de risco para fins de GILRAT/FAP), demandado produção 
de provas durante o trâmite da ação, ação ordinária mostra-se mais 
condizente para tais fins. 
Em qualquer caso, sempre é importante considerar a data da ocorrência 
do ato ou ilegalidade que se quer combater (ex: mandado de segurança 
tem prazo decadencial de 120 dias). 
Em suma, a identificação da medida judicial apropriada se dá com a 
análise do contexto em que a controvérsia se encontra inserida, das 
provas do direito do contribuinte e das consequências de eventual 
sentença denegatória. 
O processo judicial tem relevância tanto para defesa do contribuinte (ex: 
anulatória de auto de infração), como para impedir a prática de atos 
coatores consistentes em cobranças ilegais ou inconstitucionais e para 
reaver valores indevidamente pagos nos últimos 5 anos. 
A concretização das teses tributárias, portanto, exige conhecimento e 
apropriada utilização das medidas judiciais. 
 
29 
 
Convém esclarecer que, mesmo nas hipóteses em que o STJ ou o STF 
tenham se manifestado sobre a ilegalidade ou inconstitucionalidade de 
determinada exigência, a propositura de ação judicial faz-se 
recomendável e até mesmo necessária para a concretização do direito, 
especialmente para garantir segurança ao contribuinte em faze da 
oscilação do entendimento jurisprudencial em nosso País. 
Quanto à maior parte das teses tributárias, por se darem em razão da 
ilegalidade ou inconstitucionalidade de tributo (ex: exclusão do ICMS da 
base de cálculo do PIS e da COFINS, não incidência de contribuições 
previdenciárias sobre verbas indenizatórias, limite da contribuição de 
terceirosà base de cálculo de 20 salários-mínimos etc.), tem cabimento 
Mandado de Segurança com Pedido de Liminar, objetivando: 
(i) reconhecer o direito o direito do contribuinte de recolher o 
tributo sobre a base de cálculo correta; e 
(ii) reconhecer o direito do contribuinte de compensar os valores 
indevidamente recolhidos nos últimos 5 anos, com quaisquer 
tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, 
atualizando-se o crédito com aplicação da taxa SELIC. 
O cabimento de Mandado de Segurança em caso como o ora examinado 
é objeto da Súmula 213 do STJ: 
"O mandado de segurança constitui ação adequada para a 
declaração do direito à compensação tributária". 
Ainda, quanto aos documentos que devem instruir tal pedido, não há 
necessidade de serem juntados todos os comprovantes de recolhimento 
indevido, bastando a comprovação da situação de credor. 
 
 
30 
 
Nesse sentido, decidiu o STJ, Recursos Especiais 1.365.095/SP e 
1.715.256/SP, fixando as seguintes teses, consolidadas no Tema 
Repetitivo 118: 
“(a) tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a 
declarar o direito à compensação tributária, em virtude do 
reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade da anterior 
exigência da exação, independentemente da apuração dos respectivos 
valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação cabal de que o 
impetrante ocupa a posição de credor tributário, visto que os 
comprovantes de recolhimento indevido serão exigidos 
posteriormente, na esfera administrativa, quando o procedimento de 
compensação for submetido à verificação pelo Fisco; e 
(b) tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo 
específico sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva 
alegação da liquidez e certeza dos créditos, ou, ainda, na hipótese em 
que os efeitos da sentença supõem a efetiva homologação da 
compensação a ser realizada, o crédito do Contribuinte depende de 
quantificação, de modo que a inexistência de comprovação suficiente 
dos valores indevidamente recolhidos representa a ausência de prova 
pré-constituída indispensável à propositura da ação mandamental”. 
 
 
A considerável a quantidade de execuções fiscais em trâmite. Muitas 
delas, porém, padecem de vícios que levariam à sua extinção, tais como 
nulidades e prescrição intercorrente. 
Como já referido anteriormente, a atuação em processos de execução 
fiscal demanda que o conhecimento a respeito da Lei nº 6.830/80 (LEF) 
seja conjugado aos demais requisitos para a cobrança do crédito 
tributário. Novamente, o PENSAR O DIREITO TRIBUTÁRIO em sua 
completude, e não como conceitos isolados, faz toda a diferença. 
Nos termos do art. 6º da Lei de Execuções Fiscais, a petição inicial será 
instruída com a Certidão de Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, 
como se estivesse transcrita. Inclusive, consta expressamente que a 
petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único 
documento, preparado até mesmo por processo eletrônico. 
Acrescente-se, ainda, a Súmula 559 do STJ, nos termos da qual: 
 
31 
 
"Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial 
com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não 
previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980". 
Diante de tais disposições, uma boa defesa em execução fiscal deve 
pautar-se em documentos outros, além daqueles constantes do 
processo em si. Isso porque a mera análise da Certidão de Dívida Ativa 
não permite, na maior parte das vezes, identificar os exatos limites da 
controvérsia. 
Para conferência do objeto material da lide, bem como examinar a 
ocorrência de transcurso de prazo prescricional ou outras nulidades na 
cobrança do tributo, é necessário buscar o auto de infração que lhe deu 
origem, assim como, se houver, o correspondente processo 
administrativo. 
As nulidades no processo administrativo tributário podem e devem ser 
alegadas em defesa na execução fiscal, motivo pelo qual aquele checklist 
mencionado no tópico do processo administrativo tributário (1. Quem; 2. 
Quando; 3. Onde; 4. Como; 5. Por que) deve ser aqui novamente 
utilizado. 
Para além dele, é preciso verificar os elementos constantes da CDA, para 
identificar, dentre outros, 
 prescrição; 
 se os sujeitos constantes da CDA são os mesmos da atuação fiscal, 
em, em caso afirmativo, se foram preenchidos os requisitos para 
sua responsabilização; 
 os juros e multas aplicados. 
Feita essa análise, quais são as formas de defesa do executado? 
Em regra, utilizam-se: 
 Exceção de pré-executividade 
 Embargos do devedor 
Nos termos do art. 8º da Lei 6.830/1980, “o executado será citado para, 
no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e 
encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução”. 
 
32 
 
Tratando-se, porém, de matéria de ordem pública (como decadência e 
prescrição), ou que não demande dilação probatória, tem lugar a 
chamada “exceção de pré-executividade”. Não se trata de processo ou 
ação autônoma, mas simples petição nos autos da Execução Fiscal. 
Súmula 393 do STJ: 
“A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente 
às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.” 
Tendo em vista suas características peculiares, a exceção de pré-
executividade deve ser apresentada antes de garantido o juízo, em 
petição autônoma, em que se indiquem os fatores de nulidade da 
referida pretensão executiva. 
Estando garantida a execução mediante depósito, fiança bancária, 
seguro garantia ou penhora, o executado terá 30 dias para oferecer 
embargos, ocasião em que deve alegar todas as matérias de defesa, 
requerendo a produção probatória cabível, como, por exemplo, perícia 
contábil quanto aos valores cobrados. 
Como, porém, não são admissíveis embargos do devedor antes de 
garantida a execução, surge um grande problema para executados que 
não possuam bens ou outros meios de ofertar tal garantia. Ficariam eles 
impedidos de se defender? 
A resposta é NÃO! Embora não tenha o condão de suspender o trâmite 
da execução, o objeto da cobrança pode ser discutido em ação 
anulatória do débito fiscal. 
Desse modo, as nulidades e demais motivos pelos quais a cobrança é 
indevida podem ser levadas a juízo mesmo que o devedor não tenha 
como garantir o débito executado, assegurando-se sua ampla defesa e 
inafastabilidade da tutela jurisdicional. 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
34 
 
 
 
Assim como em toda atividade profissional, o advogado precisa traçar 
um processo de difusão do seu trabalho e ampliação de sua carteira de 
clientes. 
Nesse contexto, estabelecer a estratégia de atuação é fundamental. Para 
tanto, recomenda-se: 
 delimitar o nicho de atuação pretendido; 
 identificar os potenciais clientes que deseja alcançar; 
 pesquisar previamente a atividade do cliente; e 
 estudar suas características para fins de uma aproximação eficaz. 
Feita essa primeira análise e o contato para apresentar oportunidades 
tributárias, prepare-se para, na reunião, fazer perguntas sobre o cliente 
e sua atividade, bem como para escutar com atenção e interesse. 
Apresente as soluções de forma clara, com foco em pontos que 
interessem para o cliente. 
É importante conhecer previamente possíveis objeções e estar 
preparado para respondê-las, tais como sobre a duração do processo, 
ponderações sobre as vantagens e desvantagens de adotar a medida 
neste momento, riscos de oportunidade etc. 
 
35 
 
Independentemente do fato da reunião resultar em contratação, 
mantenha o relacionamento com o cliente, informando-o sobre decisões 
e legislações que possam ser aplicados a ele. 
As teses tributárias, por serem pautadas em controvérsias e decisões 
judiciais disseminadas, apresentam-se como portas de entrada para esse 
primeiro contato com o cliente. Afinal, elas propiciam a iniciativa para 
redução de carga tributáriae recuperação de créditos. 
Realizada essa conexão inicial e estabelecida a relação de confiança, 
surge a possibilidade de evidenciar que a consultoria tributária, para 
evitar autuações fiscais, bem como para melhor estruturar o negócio 
praticado, são caminhos para a redução de riscos fiscais e da carga 
tributária. 
 
 
Planejamento tributário consiste na adoção de alternativas lícitas, 
anteriores à ocorrência do fato gerador do tributo, com objetivo de 
adotar caminhos negociais com menor carga tributária. 
O planejamento tributário pode dar-se mediante opção legal, nas 
hipóteses em que a legislação expressamente indica a liberdade de 
escolha quanto ao regime de tributação a ser adotado. É o que se verifica, 
por exemplo, na opção entre os regimes de tributação pelo lucro real, 
pelo lucro presumido ou pelo Simples Nacional. 
Para além dessa modalidade, grande importância assume o 
planejamento tributário estratégico, pautado no princípio da autonomia 
da vontade, que impera no âmbito do direito privado. 
Também denominado de “elisão fiscal”, o planejamento tributário é 
medida lícita, consistindo na escolha de formas de direito mediante as 
quais não se dá a efetivação do fato tributário, e, consequentemente, 
impedindo o nascimento da relação jurídica. 
 
36 
 
Diferencia-se da “evasão fiscal”, de caráter ilícito e que decorre de 
operações simuladas em que, ocorrido o fato tributário, pretende-se 
ocultá-lo, mascarando o negócio praticado. 
Dentre os fundamentos do planejamento tributário no ordenamento 
brasileiro, convém destacar: 
 a rígida repartição das competências tributárias, estando os entes 
federativos proibidos de instituir e cobrar tributos não previstos no 
seu rol competencial; e 
 os princípios constitucionais da estrita legalidade e da tipicidade 
tributária, nos termos do quais para que se exija um tributo é 
imprescindível a prévia determinação legal e a ocorrência do fato 
que preencha todos os requisitos constantes da lei. 
Em vista disso, caso o particular opte por praticar um fato não previsto 
em lei, este fica fora do âmbito de tributação. E, se havendo duas 
estipulações legais distintas, a opção do contribuinte de praticar o fato 
previsto na lei com consequência tributária menos onerosa, impede que 
se exija tributo diverso. 
Não bastassem tais conclusões, decorrentes da previsão constitucional, 
o Código Tributário Nacional traz diverso preceitos em sentido 
semelhante. Confira-se: 
 Art. 108, § 1º, do CTN: veda o uso de analogia para exigência de 
tributo não previsto em lei. 
 Art. 110 do CTN: veda a alteração de institutos, conceitos e formas 
de direito privados utilizados pela CF na repartição de 
competências. 
 Art. 118 do CTN: a determinação legal do fato gerador é 
interpretada abstraindo-se dos efeitos dos fatos efetivamente 
ocorridos. 
 Art. 142 do CTN: prevê a atividade vinculada da autoridade 
administrativa, que deve efetuar o lançamento se e quando 
ocorrido o fato previsto em lei. 
Acrescente-se, ainda, o parágrafo único do art. 116 do CTN, nos termos 
do qual a autoridade administrativa está autorizada a desconsiderar 
negócios jurídicos praticados pelo contribuinte apenas na hipótese de 
dissimulação. Ou seja, tem-se a possibilidade de desconsideração do 
 
37 
 
negócio jurídico apenas quando praticado ato ilícito para reduzir tributo 
ou garantir benefício a que não tem direito (simulação tributária 
excludente ou redutiva; simulação tributária includente). 
Apesar de tais conceitos e previsões no ordenamento brasileiro, as 
autoridades administrativas têm exigido, como requisito ao 
planejamento tributário, a existência de propósito negocial. 
Por propósito negocial entende-se a existência de razões outras, de 
caráter não tributário, que justifiquem a realização de determinado 
negócio jurídico. 
No entendimento do CARF (Conselho Administrativo de Recursos 
Fiscais), sob o ponto de vista tributário, a validade do negócio jurídico 
está associada à licitude do negócio no geral, e não à licitude de cada 
etapa individualmente considerada. Assim, a economia de tributo 
justifica um planejamento, contanto que respeitada a finalidade dos 
institutos do direito privado. 
Apesar de juridicamente controversa, no âmbito da doutrina e do 
Judiciário, a exigência de propósito negocial, recomenda-se, quando da 
estruturação de planejamento tributário, sejam considerados alguns 
pontos, mediante aquilo que se costuma chamar de “teste de propósito 
negocial” ou “business purpose test”, a seguir indicados: 
 Existem razões de caráter econômico, comercial, societário ou 
financeiro que justifiquem a operação? 
 Essas razões estão consubstanciadas em fidedignos laudos, 
pareceres, estudos ou relatórios? 
 Há relevância financeira na adoção dos procedimentos, em 
confronto com o resultado da economia de tributos? 
4. É razoável o lapso temporal entre as operações precedentes e os 
atos ou negócios jurídicos? 
 
38 
 
A atenção a esses pontos, bem como a seleção de provas que lhe deem 
suporte, apresenta-se como fator importante para conferir maior 
segurança aos planejamentos tributários. 
Feitos esses esclarecimentos, vejamos algumas decisões do CARF a 
respeito do assunto, envolvendo “incorporação às avessas” (ocorre 
quando uma empresa deficitária, com prejuízos acumulados, incorpora 
uma empresa lucrativa. 
 
 
 
“IRPJ – INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS – GLOSA DE PREJUÍZOS – 
IMPROCEDÊNCIA – A denominada “incorporação às avessas”, não 
proibida pelo ordenamento, realizada entre empresas operativas e que 
sempre estiveram sob controle comum, não pode ser tipificada como 
operação simulada ou abusiva, mormente quando, a par da inegável intenção 
de não perda de prejuízos fiscais acumulados, teve por escopo a busca de 
melhor eficiência das operações entre ambas praticadas.” (Ac. 107-07.596) 
 
 
 
“IRPJ – “INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS” – MATÉRIA DE PROVA – 
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. A definição legal do fato 
gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos 
efetivamente praticados. Se a documentação acostada aos autos comprova 
de forma inequívoca que a declaração de vontade expressa nos atos de 
incorporação era enganosa para produzir efeito diverso do ostensivamente 
indicado, a autoridade fiscal não está jungida aos efeitos jurídicos que os atos 
produziriam, mas à verdadeira repercussão econômica dos fatos 
subjacentes.” (CSRF/01-02.107) 
 
Dos julgados acima verifica-se que, abstratamente, a incorporação às 
avessas é admitida no ordenamento. Todavia, os motivos de sua 
realização e as práticas efetivamente realizadas posteriormente a esse 
 
39 
 
ato jurídico são determinantes para sua consideração, ou não, para fins 
tributários. 
Vejamos mais alguns julgados do CARF, em que resta evidenciada a 
necessidade de que a “forma” do ato e sua “substância” estejam em 
harmonia: 
 
 
 
“SIMULAÇÃO/DISSIMULAÇÃO – Configura-se como simulação, o 
comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou 
inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a 
substância ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dá-se 
pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele 
praticado para exteriorização dessa vontade, ao passo que a dissimulação 
contém em seu bojo um disfarce, no qual se encontra escondida uma 
operação em que o fato revelado não guarda correspondência com a efetiva 
realidade, ou melhor, dissimular é encobrir o que é.” (Ac. 101-94.771) 
 
 
 
SIMULAÇÃO – SUBSTÂNCIA DOS ATOS – Não se verifica a simulação 
quando os atos praticados são lícitos e sua exteriorização revela coerência 
com os institutos de direito privado adotados, assumindo o contribuinte as 
consequências e ônus das formas jurídicas por ele escolhidas, ainda que 
motivado pelo objetivo de economia de imposto.” (Ac. 104-21726) 
 
A maior partedas controvérsias sobre planejamento tributário e 
desconsideração de negócios jurídicos têm sido apreciadas, até o 
momento, no âmbito do CARF. No entanto, recentemente estão sendo 
levadas ao Judiciário, com perspectiva de alteração dos critérios até 
então adotados. 
Nesse sentido, em recente decisão, o TRF da 4ª Região (2ª Turma - 
Processo nº 5009900-93.2017.4.04.7107/RS) decidiu pela licitude e 
 
40 
 
consequentes efeitos tributários de operação em que se criou uma 
empresa imobiliária com a finalidade de venda de imóveis de 
determinada pessoa jurídica, implicando diminuição da carga tributária. 
O Relator Desembargador federal Rômulo Pizzolatti afirmou que não 
existe uma autorização legal para o Fisco desconsiderar atos ou negócios 
jurídicos, sem que exista a comprovação de que foi ilícito (dolosos, 
fraudulentos ou simulados). Segundo a decisão: 
 
“havendo perfeita correspondência da substância das operações com as 
formas adotadas para a sua realização, não é possível afirmar-se que os atos 
praticados tenham sido simulados, sendo indevida a ingerência da 
administração tributária na liberdade de iniciativa de que dispõe o 
contribuinte, garantida no artigo 170 da Constituição Federal, de reestruturar 
a exploração do seu capital da forma mais eficiente, inclusive sob a perspectiva 
fiscal.” 
 
Concluiu, desse modo, que: 
“ou bem o legislador edita norma casuística proibindo o emprego desse 
expediente específico (ou ainda impedindo a economia pretendida), ou bem 
o Estado se conforma com o montante pago, não sendo aceitável que o Fisco, 
a pretexto de reparar o que parece uma injustiça fiscal aos seus olhos, 
desconsidere tal ´planejamento´, porque é do Poder Legislativo, e não da 
administração pública (por mais elevados que sejam os seus propósitos), a 
competência para regular e interferir no exercício das liberdades econômicas 
e no patrimônio dos indivíduos.” 
 
Importante decisão também está prestes a ser tomada pelo STF, no que 
diz respeito a recebimento de pagamentos, por meio de empresas, a 
artistas, médicos, publicitários e outros profissionais liberais. O assunto 
é objeto da Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 66, e, embora o 
julgamento tenha sido suspenso, a votação majoritária (7 votos) é 
favorável à constitucionalidade de dispositivo legal que autoriza tal 
providência. 
Está em discussão se o artigo 129 da Lei nº 11.196, de 2005, é 
constitucional. No processo, a Advocacia-Geral da União (AGU) alega que 
só se afastaria a incidência do dispositivo “diante da constatação de que 
a pessoa jurídica foi constituída como forma de dissimular verdadeira 
relação de emprego e tentar omitir a ocorrência de fato gerador de 
obrigação tributária”. 
 
41 
 
Na prática, o artigo 129 autoriza a abertura de empresas por pessoa física 
para a prestação de serviços intelectuais, culturais, artísticos ou 
científicos. O dispositivo só ressalva que, se constatado desvio de 
finalidade da atividade empresarial ou confusão patrimonial entre os 
bens do profissional e da empresa, é permitida a desconsideração da 
pessoa jurídica. Nesse caso, os bens pessoais dos sócios podem ser 
penhorados para a quitação de débitos. 
Sete ministros do Supremo já declararam a constitucionalidade do artigo 
129 e dois julgaram o pedido improcedente. O julgamento foi 
interrompido por pedido de vista do presidente da Corte, Dias Toffoli. O 
ministro Luís Roberto Barroso declarou suspeição e não votará. 
A respeito do tema, vale transcrever trecho do voto da Relatora Min. 
Cármem Lúcia, para quem: 
“A regra jurídica válida do modelo de estabelecimento de vínculo jurídico 
estabelecido entre prestador e tomador de serviços deve pautar-se pela 
mínima interferência na liberdade econômica constitucionalmente 
assegurada e revestir-se de grau de certeza para assegurar o equilíbrio nas 
relações econômicas e empresariais”. 
 
Também pende de julgamento no STF a análise de constitucionalidade do 
art. 116, parágrafo único do CTN (introduzido pela Lei Complementar 
104/2001), nos termos do qual: 
“a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos 
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do 
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, 
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. 
 
O tema é objeto da ADIN 2446 e o julgamento encontra-se suspenso. 
Embora já tenha havido 5 votos favoráveis à sua constitucionalidade, é 
importante destacar que, ao fundamentar tal conclusão, entende-se não 
estar diante de norma antielisiva, ou seja, não se trata de proibição ao 
planejamento tributário, mas de norma que veda atos simulados. 
A relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, empreendeu uma 
interpretação sistemática do CTN, à luz dos princípios da legalidade e 
datipicidade tributária, para concluir que: 
 
 
42 
 
"a norma não proíbe o contribuinte de buscar, pelas vias legítimas e 
comportamentos coerentes com a ordem jurídica, economia fiscal, 
realizando suas atividades de forma menos onerosa, e, assim, deixando de 
pagar tributos quando não configurado fato gerador cuja ocorrência tenha 
sido licitamente evitada". 
 
Acrescentou que continua hígido o artigo 110 do CTN (que assegura a 
observância das formas de direito privado pela legislação tributária) e 
não está "autorizado o agente fiscal a valer-se de analogia para definir 
fato gerador e, tornando-se legislador, aplicar tributo sem previsão 
legal", nem a socorrer-se "de interpretação econômica". 
Entretanto, julgou improcedente a ação, por entender que "a despeito 
dos alegados motivos que resultaram na inclusão do parágrafo único ao 
artigo 116 do CTN, a denominação 'norma antielisão' é de ser tida como 
inapropriada, cuidando o dispositivo de questão de norma de combate à 
evasão fiscal". 
Diante de tais justificativas, vemos a tendência de que, levadas ao 
Judiciário as controvérsias quanto ao planejamento tributário e 
desconsideração de negócios jurídicos, referidos fundamentos 
nortearão as decisões, vedando-se interpretação dos efeitos econômicos 
e pautando-se na análise de atos simulatórios. 
 
Agradeço a todos pela participação e espero que tenham aproveitado a 
IMERSÃO VOCÊ TRIBUTARISTA. 
Que este seja o primeiro passo na sua jornada de tributarista de sucesso! 
 
 “Estar decidido, acima de qualquer coisa, é o 
segredo do êxito.” (Henry Ford) 
 
 
 
 
 
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