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Instituto Médio Politécnico Nampula 2020 Frederico Rodrigues Machoco A qualidade do revestimento cerâmico em fachada no Município de Nampula Instituto Médio Politécnico Nampula 2020 Frederico Rodrigues Machoco A qualidade do revestimento cerâmico em fachada no Município de Nampula Trabalho de Conclusão de curso apresentada ao Instituto Médio Politécnico, para obtenção de Grau Académico de Técnico Médio de Construção Civil, sob orientação da Lic. Olinda Ernesto. i DECLARAÇÃO DE HONRA Eu, Frederico Rodrigues Machoco, declaro por minha honra que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer grau académico. Este trabalho, constitui o fruto de pesquisa bibliográfica, estando as fontes utilizadas registadas nas referências bibliográficas. Nampula, Novembro de 2020 Assinatura do Autor (Frederico Rodrigues Machoco) ii AGRADECIMENTO Desde já começando por agradecer à Deus e especialmente, meu Pai Rodrigues Baniuane Mouzinho Machoco e minha Mãe Rabeca Elias Inguane, aos meus irmãos, Banuane Machoco, Leise Machoco e Iquiza Machoco (que Deus a tenha) que durante os três anos de formação reunidos defrontaram obstáculos para que eu pudesse formar. Aos meus colegas que juntos formamos uma amizade, enque com a nossa união produzimos uma força de trabalho e apoio mutou, meu muito obrigado há todos os meus docentes, que durante anos compartilharam seus conhecimentos comigo e acompanharam a minha caminhada académica e deram muito apoio em sala de aula, muito obrigado pela incansável dedicação e confiança. Não posso deixar de agradecer em especial o meu orientador, (ainda por colocar), que nunca contestou um auxílio durante o Curso, sou grato ao “Staff” da biblioteca e da Instituição. Por fim, manifesto aqui a minha gratidão a todos que direta e/ou indiretamente, deram forças e energia para realizar e concluir o Curso. iii LISTA DE ABREVIATURAS ABREVIATURA SIGNIFICADO ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CCB Centro Ceramico Brasileiro NBR Norma Brasileira Registrada SRC Sistema de Revestimento Ceramico SRF Sistema de Revestimento de Fachada iv Índice DECLARAÇÃO DE HONRA ......................................................................................................... i AGRADECIMENTO ...................................................................................................................... ii LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................... iii LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... vi LISTA DE TABELAS ................................................................................................................... vi RESUMO ...................................................................................................................................... vii I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1 1.1. Estrutura do Trabalho .............................................................................................................. 2 1.2. Problematização ....................................................................................................................... 2 1.3. Objetivos .................................................................................................................................. 2 1.3.1. Objetivo Geral ....................................................................................................................... 2 1.3.2. Objetivo especifico ............................................................................................................... 3 1.4. Metodologia ............................................................................................................................. 3 1.5. Justificativa .............................................................................................................................. 4 1.6. Hipóteses .................................................................................................................................. 4 CAPITULO II: REVISÃO LITERARIA ....................................................................................... 5 2. Revestimento Cerâmico .............................................................................................................. 5 2.1. Classificação do revestimento cerâmico externo ..................................................................... 6 2.1.2. Aderidos ................................................................................................................................ 6 2.1.3. Não aderidos ......................................................................................................................... 6 2.2. Camadas Importantes que compõem o Revestimento Cerâmico ............................................. 6 2.2.1. Substrato ou base (1) ............................................................................................................. 7 2.2.2. Chapisco (2) .......................................................................................................................... 8 2.2.2.1. Convencional ..................................................................................................................... 8 2.2.2.2. Industrializado ................................................................................................................... 8 2.2.2.3. Rolado ................................................................................................................................ 8 2.2.3 Emboço (3) ............................................................................................................................. 9 2.2.4. Reforço (3.1) ....................................................................................................................... 10 2.2.5 Reboco (4) ............................................................................................................................ 10 2.2.6 Revestimento final / Camada de fixação (5) ........................................................................ 10 v 2.2.6.1 Camada de fixação ............................................................................................................ 11 2.2.6.2 Placa cerâmica (5) ............................................................................................................. 11 2.3. Funções dos Revestimentos Ceramico Externos ................................................................... 12 2.4. Fatores que Influenciam o Desempenho dos Revestimentos Externos .................................. 13 3. Patologias do Revestimento Ceramico de Fachada .................................................................. 14 3.1. Conceitos básicos ................................................................................................................... 14 3.2. Quanto a origem ..................................................................................................................... 14 3.2.1. Congênitas........................................................................................................................... 15 3.2.2. Construtivas ........................................................................................................................ 15 3.2.3. Adquiridas ........................................................................................................................... 15 3.2.4. Acidentais ...........................................................................................................................15 3.3. Patologia mais frequentes em revestimento cerâmico ........................................................... 16 3.3.1. Destacamentos/descolamentos de placas ............................................................................ 16 3.3.2. Trincas, gretamento e fissuras ............................................................................................. 17 3.3.2.1 Trincas............................................................................................................................... 17 3.3.2.2. Fissuras ............................................................................................................................ 18 3.3.2.3. Gretamento ....................................................................................................................... 18 3.3.3. Eflorescência ....................................................................................................................... 20 3.3.4. Deterioração das juntas ....................................................................................................... 20 3.3.5. Manchas e bolor .................................................................................................................. 21 4. Projeto para Revestimento cerâmico......................................................................................... 22 4.1. Importância do projeto ........................................................................................................... 23 4.2. Diretrizes Básicas de um Projeto ........................................................................................... 23 4.3. Manutenção ............................................................................................................................ 24 CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 26 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................................... 27 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: - Camadas constituintes do Revestimento Cerâmico de Fachada ....................................7 Figura 2: Base, camadas e componentes dos revestimentos .......................................................... 8 Figura 3: Chapiscos mais usuais..................................................................................................... 10 Figura 4: - Tela de reforço… ..........................................................................................................11 Figura 5: - Destacamento devido ao encurtamento da base ............................................................ 17 Figura 6: Destacamento da cerâmica por falta de argamassa ..........................................................18 Figura 7: Trincas de peça cerâmica .................................................................................................19 Figura 8: Características das Fissuras .............................................................................................19 Figura 9: Manifestação do Gretamento ..........................................................................................20 Figura 10: Eflorescência .................................................................................................................21 Figura 11: Deterioração das juntas .................................................................................................22 Figura 12: Vista geral da fachada com destacamentos, Manchas e bolor .......................................23 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Matérias constituintes nas camadas do revestimento cerâmico de fachada .................. 13 Tabela 2: Origens de problemas Patológicos ..................................................................................16 Tabela 3: Classificação quanto ao Manchamento ...........................................................................22 vii RESUMO Este trabalho visa trazer uma visão ampla daquilo que é o revestimento cerâmico de fachada, se destacando e sendo largamente utilizado na construção civil, a fim de proporcionar um rico acabamento às obras e dar uma margem de valorização desejada pela empresa ou construtora. O revestimento cerâmico em fachada é utilizado em nosso Município, assim, sua importância é caracterizada pelo seu uso intenso nos últimos anos, quanto por desempenhar importantes funções estéticas e de proteção do edifício. A respeito de patologias em revestimento cerâmico de fachada, abordou-se os principais problemas verificados em edificações, que fazem com que o revestimento cerâmico de fachada não cumpra as funções para o qual foi idealizado. Estas funções como as de: proteção contra infiltração externa, proporcionar maior conforto térmico no interior, oferecer boas resistências a intempereis, proporcionar longa vida útil, fácil limpeza e manutenção e oferecer diferencial estético, mas todos esses impactos negativos podem ser maximizados quando é elaborado um projeto abordando o assentamento do revestimento cerâmico, tendo em conta a estrutura do mesmo edifício onde no mesmo projeto deve-se detalhar todas as etapas que irão ser feitas durante no canteiro de obra, isto para evitar improvisações durante à execução da obra. O envelhecimento do material por agentes naturais ou humanos, também deve ser colocado em conta, que a manutenção tem por objetivo preservar ou recuperar as condições adequadas para a edificação. Palavras-chaves: Revestimento de fachada, Manutenção, Projeto e Patologias. 1 I. INTRODUÇÃO De modo geral as edificações são concebidas na construção civil para abrigar diversas atividades humanas, sendo composta de fases que vão desde a sua concepção até o uso para a qual foi projetada. As fachadas dessas edificações recebem, em geral, cerâmicas e/ou texturas que têm diversas funções, sendo a mais importante a de proteger a edificação contra intempéries e ações adversas, prolongando a durabilidade de seus elementos constitutivos contra agentes agressivos. Também exercem papel de decoração proporcionando efeito visual através de cores e efeitos de acabamento, valorizando a parte mais visível da edificação, sua fachada. O mercado da construção civil tem adotado em sua maioria, o revestimento das fachadas de seus edifícios com valorização do imóvel em torno de 30% a 40%, além de prolongar a durabilidade que pode chegar a 20, 30 anos, dependendo do correto emprego e de sua manutenção ao longo dos anos. (CAPOZZI, 1998). Cada sistema de revestimento Ceramico desempenha um papel específico na edificação, apresentando vantagens e desvantagens. Para maximizar primeiramente, deve-se observar as boas práticas da engenharia, com foco no detalhamento do projeto, especificação de materiais e o emprego correto por profissionais habilitados. Deve-se atentar também quanto ao especto da manutenabilidade ao longo da vida útil da edificação, incorporando diversas práticas como vistorias e pequenos reparos. O desempenho do processo de revestir uma fachada depende da relação de vários aspetos, sendo os mais importantes o projeto, a técnica executiva e o emprego de mão-de-obra qualificada. Qualquer escolha que envolva o abandono de quaisquer desses três elementos conduz a uma obra com perda de qualidade, contribuindo para a ocorrência de patologias nas edificações (REBELO, 2010). 2 1.1. Estrutura do Trabalho O trabalho foi estruturado em capítulos. Capitulo I – Contextualização da pesquisa: Analise de como a investigação foi procedida, fazendo-se a apresentação dos motivos que conduziram na formulação do problema de estudo, junto com as prováveis hipóteses e os objetivos a alcançar. Capitulo II, III e IV – Revisão Literária: É composta por teorias identificadas nas diversas bibliografias e documentos com assuntos relacionadoscom o estudo para o enriquecimento teórico da investigação. Capitulo V – Conclusões e Sugestão: Encerra-se a investigação com conclusões e sugestão que se julgaram pertinentes ao assunto em causa e por fim, as bibliografias e documentos consultados que foram fontes de sustentação na elaboração do trabalho. Capitulo VI – Referências Bibliográficas: Constituído pelas fontes que sustentaram na investigação do trabalho. 1.2. Problematização Problematização para Kerlinger (1980, p.35), “é uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão, investigação decisão ou solução”, simplificando, problematização é uma questão que a pesquisa pretende responder. Em ma obra onde queira-se realizar trabalhos de revestimento cerâmico, sempre deve ter consigo um projeto de revestimento cerâmico muito bem detalhado para evitar improvisos no canteiro de obra e assim evitará o aparecimento de certas patologias. O problema verificado para este trabalho, é a falta de projeto e detalhamento para a orientação do assentamento dos revestimentos cerâmico, que resulta em inúmeras patologias verificadas nas edificações. 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo Geral De acordo com Cervo e Bervian (2002), no objetivo geral, procura-se determinar com transparência e objetividade, o propósito do estudante com a realização da pesquisa. Perceber o funcionamento do sistema de revestimento cerâmico, de modo a melhorar as técnicas utilizadas hoje em dia evitando assim aparecimento precoce de patologia em obras, 3 Possibilitando a melhoria da execução de obra, visando o aumento da qualidade e grau de satisfação do consumidor final. 1.3.2. Objetivo especifico Para Cervo e Bervian (2002), objetivos específicos significa aprofundar as intenções expressas nos objetivos gerais, as quais podem ser: mostrar novas relações para o mesmo problema e identificar novos aspetos ou utilizar os conhecimentos adquiridos para intervir em determinada realidade. Descrever as funcionalidades indispensáveis do revestimento cerâmico; Compreender a importância do uso do projeto para a execução do revestimento; Contribuir com Engenheiros, Arquitetos e demais profissionais da área de construção civil, com informações que levem ao entendimento das patologias nos revestimentos cerâmicos de fachada, de modo a evita-las; Relacionar as patologias mais comumente observadas nos revestimentos de fachada, e suas causas principais; 1.4. Metodologia De acordo com LAKATOS & MARCONI (1991, p.40), “método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.” Para realização deste trabalho foram feitas pesquisas em diferentes Mídias, tais como, livros, fotografias/ilustrações, documentos e outros materiais extraídos de sites especializados em engenharia. Utilizou-se o método hipotético dedutivo com procedimentos bibliográfico e documental, para tal, tomou-se como preferência do presente trabalho, a investigação sustentada por Bibliografias e Documentos, físicos e eletrônicos, de forma a trazer conceitos e teorias relacionados com o tema em tese, para atingir o objetivo as seguintes atividades são desenvolvidas. Realizar revisão bibliográfica referente as finalidades dos revestimentos das fachadas e sua execução, levar em consideração as características dos materiais escolhidos, podendo desta forma discutir as formas existentes de execução; 4 Apresentar exemplos de patologias que poderiam ser evitadas se fossem seguidos os procedimentos existentes no projeto de revestimento cerâmico. 1.5. Justificativa A justificativa se refere a todo ato que da respaldo a uma suposta teoria ou hipótese de conhecimento. Cervo e Bervian (2002) Tendo em conta o aumento da procura na utilização de revestimento cerâmico em fachadas no Município de Nampula, o uso do revestimento proporciona inúmeras vantagens relacionadas ao conforto funcional e estético oferecido, desde o aumento da durabilidade até a facilidade de manutenção do imóvel. A má qualidade da mão-de-obra, é responsável por muitas patologias verificadas, a vida útil de uma construção irá depender e será relacionada com os cuidados que forem tomados na fase de execução. Igualmente importantes estão os cuidados nas fazes de projeto e manutenção. Mas as ações ambientais e a incorreta escolha e aplicação dos materiais podem provocar tensões no revestimento exigindo cuidados especiais, como a elaboração de um projeto específico e o acompanhamento da execução da produção da fachada. Existem casos de edifícios novos, localizados no Município, que apresentam perda de aderência das placas cerâmicas. Embora ocorra essa patologia, o mercado local tem utilizado, de forma crescente, o revestimento cerâmico nas fachadas, motivado, principalmente, por ser um diferencial na venda do imóvel. Assim, os responsáveis pela construção devem empregar corretamente soluções para eliminar essa patologia 1.6. Hipóteses Na visão de (Pardinas 1969, p.132) se conceituarmos a hipótese, podemos entende-la como uma proposição enunciada para resolver tentativamente um problema. Fazer com que as obras possuam projetos de Assentamento de Revestimento cerâmico, evitando o mau planeamento na gestão dos projetos, que pode trazer resultados indesejáveis para o assentamento de revestimento cerâmico em fachada; A escolha de material de qualidade, e profissionais que tenham conhecimento consolidado do assentamento do material cerâmico. Aumentar o acompanhamento na execução das obras por parte da Fiscalização para almejar à boa prática na construção; 5 CAPITULO II: REVISÃO LITERARIA 2. Revestimento Cerâmico O revestimento cerâmico de fachada de edifícios é identificado por Medeiros e Sabbatini (1999) como o conjunto monolítico de camadas, inclusive emboço de substrato, aderidas à base suporte da fachada do edifício seja alvenaria ou estrutura, cuja capa exterior é constituída de placas cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassas ou material adesivo. De acordo com a NBR 13755 (ABNT, 1996), revestimento externo é um conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura suporte, alvenarias, camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger a edificação da ação da chuva, humidade, agentes atmosféricos, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar acabamento estético. Mas porem segundo, (Costa Franco A.L. - 2009). Parra que o revestimento cerâmico de fachadas de edifícios seja seguro, é essencial ter um projeto de assentamento desenvolvido por consultores especializados. Nele serão considerados as condições climáticas, o tipo de cerâmica apropriada e as interfaces com vigas, caixilhos, varandas e outros revestimentos, de acordo com o trabalho de cada material. Também serão detalhadas as juntas estruturais (de movimentação), que são obrigatórias e devem ficar aparentes. Ainda, (Costa Franco A.L. - 2009). Desde a concepção do projeto até a execução da obra, escolher corretamente os materiais construtivos é uma etapa complexa e de grande importância. No entanto escolher um revestimento cerâmico não significa apontar aleatoriamente ou mesmo esteticamente mais interessante ou mesmo, o de custo inferior. É necessária uma análise detalhada de três fatores simultaneamente para que a escolha seja correta: O factor estético desejado; O factor custo; O desempenho técnico necessário do revestimento cerâmico, de acordo com o locar onde se deseja revestir. 6 2.1. Classificação do revestimento cerâmico externo Segundo Medeiros e Sabbatini (1999) os revestimentos cerâmicos externos de edifícios podem ser classificados de acordo coma técnica construtiva e pela forma como eles se comportam depois de aplicados. 2.1.2. Aderidos Revestimento cerâmico tradicional que trabalha aderido sobre a base e substrato que lhe servem de suporte; 2.1.3. Não aderidos Que não permitem aderência entre as camadas, revestimentos que possuem camadas com função de isolamento térmico, acústico e de impermeabilização, precisam ser fixados por meio de dispositivos especiais. Figura 1: - Camadas constituintes do Revestimento Cerâmico de Fachada Fonte: Medeiros e Sabbatini (1999). 2.2. Camadas Importantes que compõem o Revestimento Cerâmico Cada uma das camadas deve apresentar características particulares no sentido de proporcionar ao revestimento as melhores condições para que o seu desempenho seja satisfatório. Analisando sistematicamente esse subsistema, o revestimento cerâmico é composto dos seguintes componentes: substrato ou base, camada de regularização ou emboço, camada de fixação, revestimento cerâmico, rejuntes e juntas (COSTA E SILVA, 2004). 7 Figura 2: Base, camadas e componentes dos revestimentos. Fonte: Revista Equipe de Obra, 2004 2.2.1. Substrato ou base (1) Componente de sustentação dos revestimentos, sendo em via de regra, formado por alvenaria e/ou estrutura, sendo importante avaliar seu papel de influenciar no desempenho dos revestimentos, principalmente nos seguintes aspetos: Capacidade de sucção de água Capacidade de influenciar positivamente na ancoragem física, química ou mecânica de seus componentes, podendo ser comprometida caso haja contaminações na base ou tardoz da peça cerâmica (sujeira, óleo, pó, graxa) que impedem o contato da argamassa com a superfície e reduzem a área de contato; 8 Textura superficial (rugosidade) Quanto mais rugosa a superfície, tanto maior será a resistência de aderência, sobretudo devido ao incremento gerado na resistência ao cisalhamento. 2.2.2. Chapisco (2) É a etapa de preparo da base com o objetivo de torná-la mais rugosa e homogênea à absorção de água. O chapisco facilita a ancoragem do emboço. A NBR 13.755 (ABNT, 1996b) recomenda traço de 1:3 em volume de cimento e areia grossa lavada, com consistência fluida. Por isso, requer uma argamassa de alta resistência mecânica. Para aplicação do chapisco, importante remover todo tipo de sujeira presente a fim de melhorar sua aderência à base. Há três tipos de chapisco mais usuais: 2.2.2.1. Convencional Consiste no lançamento vigoroso de uma argamassa fluida sobre a base com uma colher de pedreiro. A textura final é rugosa, aderente e resistente. Pode ser aplicado por projeção em fachadas. 2.2.2.2. Industrializado Usualmente aplicado sobre a estrutura de concreto, esse tipo de chapisco é feito com argamassa industrializada. É aplicado com desempenadeira denteada. 2.2.2.3. Rolado Usa argamassa fluida obtida pela mistura de cimento e areia, com adição de água e aditivo. Pode ser aplicado tanto na estrutura como na alvenaria, com rolo para textura acrílica. É mais comumente aplicado em revestimentos internos. 9 Figura 3: Chapiscos mais usuais. Fonte: Revista Equipe de Obra,2004. 2.2.3 Emboço (3) O emboço é a camada de regularização aplicada sobre o chapisco, cuja função é definir o plano vertical e dar sustentação ao revestimento cerâmico, devendo de maneira geral, apresentar resistência de aderência compatível com os esforços a que permanecerá sujeita, suportando a camada de acabamento aderida sobre ela sem apresentar descolamento. A NBR 13.755 (ABNT, 1996b) recomenda traço de 1:0,5:5 e 1:2:8 em volumes de cimento, cal hidratada e areia media húmida, respetivamente. Deve apresentar textura áspera e espessura máxima de 25 mm. 10 2.2.4. Reforço (3.1) O uso de telas metálicas é indicado para estruturar camadas de revestimento espessas e/ou atenuar o aparecimento de fissuras provenientes de movimentações. Esses reforços geralmente são aplicados numa posição intermediária da espessura do emboço. A camada final de argamassa deve proporcionar cobrimento mínimo da tela. Figura 4: - Tela de reforço. Fonte: Revista Equipe de Obra,2003 2.2.5 Reboco (4) Também chamado de massa fina, é a camada final que torna a textura da parede mais lisa para receber pintura. Pode ser substituído pela aplicação de massa corrida. O reboco usa argamassa de areia e cal com granulometria mais fina que a do emboço. É aplicado com desempenadeira em movimentos circulares. No caso de placas cerâmicas e pastilhas, o reboco não é aplicado. 2.2.6 Revestimento final / Camada de fixação (5) Após a cura da argamassa, o que leva cerca de 25 dias, a superfície estará pronta para receber o revestimento final, como pintura ou constituída de placas cerâmicas, juntas entre as placas e rejunte. Sendo esta camada que estará exposta a ação das intempéries é a que mais sofre com as variações térmicas e de humidade. 11 2.2.6.1 Camada de fixação É a camada (argamassa colante) responsável por unir e manter a fixação das placas cerâmicas ao emboço, devendo resistir as tensões de tração e cisalhamento que ocorrem nas interfaces emboço/ argamassa colante e argamassa colante/ cerâmica 2.2.6.2 Placa cerâmica (5) Tecnicamente, chama-se de placa o elemento construtivo em que duas dimensões são bem maiores que a terceira. Na placa cerâmica, comprimento e largura são predominantes em relação a sua espessura. Segundo a NBR 13.816 (ABNT, 1997a), placa cerâmica para revestimento e definida como sendo um material composto por argila e outras matérias-primas inorgânicas, geralmente utilizada para revestir pisos e paredes, sendo formada por extrusão ou por prensagem, podendo também ser conformado por outros processos, e queimadas a altas temperaturas. A placa cerâmica adquire propriedades, mecânicas e químicas tais como: Dureza: A dureza resulta de estruturas vitrificadas que se formam durante a queima, com alto grau de compacidade e coesão interna, resultando na força responsável pela resistência mecânica do material; Rigidez: É a resistência da placa cerâmica a deformação, quando submetida a esforços; Fragilidade: Sujeita a esforços, a placa cerâmica pode quebrar sem deformação prévia resultando dai sua fragilidade, que deve ser considerada como uma propriedade da placa; Inercia: Sua inercia refere-se a não reagir quimicamente com outros matérias. A principal finalidade da utilização da placa cerâmica para revestimento é a proteção do substrato onde ela é assentada, contribuindo grandemente para a não insalubridade dos ambientes, devido a impermeabilidade de seu esmalte. Esta placa cerâmica possibilita inúmeras vantagens quando usada como material de acabamento. As principais, de acordo com a Revista Showroom (2001), são: Facilidade de limpar, reduzindo o custo de manutenção, por dispensar procedimentos complicados e caros; Como anti inflamável: não propaga fogo, como outros materiais de acabamento (carpetes e madeira, por exemplo). Trata-se, portanto, de um material que oferece segurança; 12 Na durabilidade: sua composição química estável permite um longo tempo de uso, sem que suas características técnicas ou estéticas se alterem; Possui elevada impermeabilidade; Propicia excelente isolamento; O custo final do SRC é compatível com os benefícios; Beleza estética: a cerâmica evoluiu muito nos últimos anos, no campo do design, desenvolvendo novos produtos, cada vez mais adequados ao bom gosto dos usuários. A seguir ilustra-se uma tabela com os Principais matérias encontrados nas camadas de revestimento cerâmico em Fachada. Matérias constituintes Denominação da camada Betão armado Alvenaria de blocos cerâmicos Alvenaria de blocos de cimento Base ou Suporte Argamassa de cimento e areia, podendo ou não conter adesivos (chapisco) Preparação da base (camada de regularização) Argamassade cimento, areia e/ou outro agregado fino, com adição ou não de cal e aditivos finos (emboço) Substrato (camada de regularização) Argamassa adesiva ou colante, à base de cimento, areia e/ou outros agregados finos, inertes ou reativos, com adição de um ou mais aditivos químicos Assentamento ou Fixação (camada de fixação) Placa cerâmica Argamassa de rejunte a base de cimento, areia e/ou outros agregados finos, inertes não reativos, com adição de um ou mais aditivos químicos Cerâmica (camada de acabamento) Tabela 1: Matérias constituintes nas camadas do revestimento cerâmico de fachada. Fonte: Medeiros e Sabbatini (1999). 2.3. Funções dos Revestimentos Ceramico Externos Juntamente com a estrutura, com as vedações verticais e horizontais, demais revestimentos e os sistemas prediais, o revestimento cerâmico de fachada é um dos elementos que compõe o edifício proporcionando o acabamento final. Mais Segundo Campante e Baía (2003), sendo uma parte integrante do edifício, é necessário que o revestimento apresente propriedades específicas e cumpra as suas funções, contribuindo para o adequado desempenho do edifício como um todo. 13 2.3.1. As principais funções do revestimento cerâmico são: Proteger os elementos de vedação do edifício; Auxiliar as vedações no cumprimento das suas funções: isolamento térmico e acústico, estanqueidade à água e aos gases, segurança contra o fogo, dentre outras; Regularizar a superfície dos elementos de vedação; Proporcionar acabamento final aos revestimentos de pisos e paredes. No que diz respeito à segurança, as exigências devem ser atendidas pela parede como um todo, podendo ou não haver a contribuição do revestimento. A função primordial que um determinado revestimento deverá desempenhar deve ser considerada como importante fator quando da elaboração do projeto. 2.4. Fatores que Influenciam o Desempenho dos Revestimentos Externos Tendo em vista as funções principais dos revestimentos externos de argamassa, resulta que a durabilidade é um dos seus principais requisitos de desempenho e, depende principalmente, dos seguintes fatores: Proteção dos revestimentos por detalhes arquitetónicos convenientes; Penetração da humidade de infiltração; Efeito da poluição atmosférica; Natureza da base do revestimento, por questões de capacidade de ancoragem e problemas associados à reação de sulfatos e à movimentação de retração de secagem; Tipo de revestimento, composição e traço da argamassa, que têm influência intrínseca nas suas propriedades e compatibilidades com as características da base; Grau de humedecimento da base, em função de sua influência na aderência e surgimento de eventuais eflorescências nos revestimentos; O método de aplicação, principalmente, em função da natureza da base; Danos causados por abrasão ou impactos; Manutenção periódica. Todos esses e mesmo outros específicos a cada situação deverão ser considerados quando do desenvolvimento do projeto de revestimento. 14 3. Patologias do Revestimento Ceramico de Fachada As patologias associadas às fachadas são um dos problemas mais temidos pelos construtores. O revestimento de fachada responde pela proteção, vedação da edificação contra a ação de agentes externos agressivos e durabilidade da edificação quanto ao efeito estético e de valorização patrimonial, devem apresentar as propriedades para os fins a que se destinam mas pode também por em risco a vida de pessoas quando apresenta alguma patologia. As falhas de execução de uma fachada no seu conjunto podem estar comprometidas e as consequências patológicas tendem a aumentar, interferindo diretamente na durabilidade, impermeabilidade, nos riscos de quedas acidentais de placas e nos custos de manutenção. 3.1. Conceitos básicos Patologia, no que se refere à construção civil, para Lichtenstein (1985) apud Luz (2004), é “a ciência que estuda as origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestações e consequências das situações nas quais o edifício, ou suas partes não apresente um desempenho mínimo preestabelecido”. Segundo Gripp (2008), as patologias são estudadas para diagnosticar as prováveis causas, sendo que, geralmente não ocorrem devido a uma única razão. A ocorrência se deve a um procedimento inadequado no processo construtivo, ou seja, planeamento, projeto, materiais e componentes, execução e uso, que gera uma alteração no desempenho de um componente ou elemento da edificação. 3.2. Quanto a origem De acordo com Campante e Baía (2003), a patologia dá-se quando uma parte do edifício, em algum momento de sua vida útil, deixa de apresentar desempenho previsto. As patologias nos revestimentos cerâmicos podem ter origem na fase de projeto - quando são escolhidos materiais incompatíveis com as condições de uso, ou quando os projetistas desconsideram as interações do revestimento com outras partes do edifício (esquadrias, por exemplo), ou na fase de execução - quando os assentadores não dominam a tecnologia de execução, ou quando os responsáveis pela obra não controlam corretamente o processo de produção. A tabela a seguir exemplifica a necessidade de utilização de projetos para diminuição de patologias, apesar de abranger de forma global todos os setores da execução de uma obra. 15 Origem das Patologias Índice percentual Projetos 60% Construção 26.4% Equipamentos 2.1% Outros 11.5% Tabela 2: Origens de problemas Patológicos Fonte: ABRANTES, 1995. 3.2.1. Congênitas São aquelas originárias da fase de projeto, em função da não observância das Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos. São responsáveis por grande parte das avarias registradas em edificações. 3.2.2. Construtivas Sua origem está relacionada à fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-de-obra despreparada, produtos não certificados e ausência de metodologia para assentamento das peças, o que, segundo pesquisas mundiais, também são responsáveis por grande parte das anomalias em edificações. 3.2.3. Adquiridas Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico. 3.2.4. Acidentais Caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal, recalques e, até mesmo incêndio. Sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base e sobre os rejuntes, quando não atinge até mesmo as peças, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia. 16 3.3. Patologia mais frequentes em revestimento cerâmico Dentre as patologias comumente vistas nos revestimentos cerâmicos de fachada, estão: Destacamentos/descolamentos de placas; Trincas, gretamento e fissuras; Eflorescências; Deterioração das juntas; Manchas e bolor. 3.3.1. Destacamentos/descolamentos de placas Os destacamentos são caracterizados pela perda de aderência das placas cerâmicas do substrato, ou da argamassa colante, quando as tensões surgidas no revestimento cerâmico ultrapassam a capacidade de aderência das ligações entre a placa cerâmica e argamassa colante e/ou emboco. As situações mais comuns de descolamento costumam ocorrer por volta de cinco anos após a conclusão da obra, diz Medeiros (1999). Explica que a ocorrência cíclica das solicitações, somadas às perdas naturais de aderência dos materiais de fixação, em situações de sub-dimensionamento do sistema, caracterizam as falhas que costumamresultar em problemas de quedas. De acordo com Campante e Baía (2003), o primeiro sinal desta patologia é a ocorrência de um som cavo (oco) nas placas cerâmicas (quando percutidas), ou ainda nas áreas em que se observa o estufamento da camada de acabamento (placas cerâmicas e rejuntes), seguido do destacamento destas áreas, que pode ser imediato ou não. Figura 5: - Destacamento devido ao encurtamento da base Fonte: Junginger (2007) Geralmente estas patologias ocorrem nos primeiros e últimos andares do edifício, devido ao maior nível de tensões observados nestes locais. As causas destes problemas são: 17 Utilização da argamassa colante com um tempo em aberto vencido; Assentamento sobre superfície contaminada e má limpeza da estrutura para retirada de impurezas; Instabilidade do suporte, devido a acomodação do edifício como um todo; Imperícia ou negligencia da mão-de-obra na execução e/ou controle dos serviços (assentadores, mestres e engenheiros); Mau espalhamento da argamassa colante; Ou ainda, ausência de dupla colagem, no caso de pecas com superfície maior que 400𝑐𝑚2; Figura 6: Destacamento da cerâmica por falta de argamassa Fonte: Pacelli & Ragueb 3.3.2. Trincas, gretamento e fissuras Estas patologias aparecem por causa da perda de integridade da superfície da placa cerâmica, que pode ficar limitada a um defeito estético (no caso de gretamento), ou pode evoluir para um destacamento (no caso de trincas). 3.3.2.1 Trincas As trincas são rupturas no corpo da placa cerâmica provocadas por esforços mecânicos (ex.: tração axial, compressão axial ou excêntrica, flexão, cisalhamento ou torção), que causam a separação das placas em partes, com aberturas superiores a 1 mm enquanto as rachaduras as aberturas maiores que 2-3 mm. 18 Figura 7: Trincas de peça cerâmica Fonte: Pacelli & Ragueb 3.3.2.2. Fissuras As fissuras são rompimentos nas placas cerâmicas, com aberturas inferiores a 1 mm e que não causam a ruptura total das placas. Variações de temperatura também podem provocar o aparecimento de fissuras nos revestimentos, devidas as movimentações diferenciais que ocorrem entre esses e as bases. (THOMAZ, 1989) Figura 8: Características das Fissuras Fonte: Toten Engenharia 3.3.2.3. Gretamento O gretamento é uma série de aberturas inferiores a 1mm e que ocorrem na superfície esmaltada das placas, dando a ela uma aparência de teia de aranha. Estas patologias aparecem por causa da perda de integridade da superfície da placa cerâmica, que pode ficar limitada a um defeito estético (no caso de gretamento), ou pode evoluir para um destacamento (no caso de trincas). 19 Figura 9: Manifestação do Gretamento Fonte: Junginger (2007) As trincas, fissuras e gretagem do SRC são manifestações patológicas que podem induzir às outras patologias. As trincas, por exemplo, podem abrir espaços para a penetração de água e surgimento da eflorescência, que por sua vez podem enfraquecer as camadas do sistema e ocorrer o descolamento de placas cerâmicas (LUZ, 2004). De acordo com Campante e Baía (2003) são relatadas as causas das trincas, gretamentos e fissuras como: Ausência de detalhes construtivos: A falta de alguns detalhes construtivos, tais como vergas, contra vergas nas aberturas de janelas e portas, pingadeiras nas janelas, platibandas e juntas de movimentação, podem ajudar a dissipar as tensões que chegam até os revestimentos. Deformação estrutural excessiva: Esta deformação do edifício pode criar tensões na alvenaria que, quando não são completamente absorvidas, podem ser transferidas aos revestimentos. Estes, por sua vez, podem não resistir ao nível de tensões, rompendo-se e, muitas vezes, destacando-se do substrato; Cura debilitada por condições ambientais agressivas; Retração excessiva da argamassa; Aplicação do rejunte em juntas com restos de argamassa e/ou sujidades e poeira; Excesso de água de amassamento; Movimentação excessiva do substrato; Fadiga do rejunte por ciclos hidrotérmicos. 20 3.3.3. Eflorescência Segundo Franco (2008), eflorescência é um fenômeno causado pela movimentação da água nos vazios e canais localizados no interior da argamassa. A água sobe nestes vazios por capilaridade e/ou pressão, transportando sais solúveis presentes no substrato, fluxo este ligado relacionado diretamente às propriedades de absorção e permeabilidade das argamassas. O fenômeno é entendido como a formação do depósito cristalino (sal) na superfície da placa, devido à ação do meio ambiente ou a ação físico-química. Tal patologia afeta não somente a estética da fachada, como também a aderência dos revestimentos; ela é o efeito de problemas mais graves na edificação, como a presença de humidade. Para Campante e Baía (2003), algumas precauções podem ser tomadas para evitar a eflorescência: Utilizar placas cerâmicas de boa qualidade, ou seja, queimadas em altas temperaturas (o que elimina os sais solúveis de sua composição e a humidade residual); Garantir o tempo necessário para secagem de todas as camadas anteriores à execução do revestimento cerâmico. Figura 10: Eflorescência Fonte: Junginger (2007) 3.3.4. Deterioração das juntas Segundo Franco (2008), a perda de estanqueidade das juntas entre componentes e juntas de movimentação, inicia-se, na maioria das vezes, logo após a sua execução em função da limpeza inadequada. Estes procedimentos de limpeza podem causar deterioração de parte do material aplicado, (uso de ácidos e bases concentrados, pressão do jato da mangueira por exemplo) que acaba deteriorando 21 parte de seu material constituinte, que somados a ataques de agentes atmosféricos agressivos e/ou solicitações mecânicas por movimentações estruturais, podem causar fissuração (ou mesmo tricas), bem como infiltração de água, levando o revestimento ao colapso (descolamento). Figura 11: Deterioração das juntas Fonte: Franco (2008) 3.3.5. Manchas e bolor O termo “emboloramento”, de acordo com Allucci (1988), constitui-se numa “alteração observável macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma consequência do desenvolvimento de microrganismos pertencentes ao grupo dos fungos”. O desenvolvimento de fungos em revestimentos internos ou de fachadas causa alteração estética de tetos e paredes, formando manchas escuras indesejáveis em tonalidades preta, castanha e verde, ou ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas ou amareladas. A tabela seguinte mostra a classificação quanto á resistência ao manchamento: Classe Descrição da remoção das manchas Classe 5 Máxima facilidade de ser removida de Mancha Classe 4 Mancha pode ser removida com produto de limpeza fraco Classe 3 Mancha pode ser removida com produto de limpeza forte Classe 2 Mancha pode ser removida com ácido clorídrico ou acetona Classe 1 Mancha não pode ser removida sem danificar a peça Tabela 3: Classificação quanto ao Manchamento Fonte: ABNT, 1997c. 22 Normalmente são provocadas por infiltrações de água e frequentemente estão associados aos descolamentos e desagregação dos revestimentos como pode ser observado na figura abaixo. Figura 12: Vista geral da fachada com destacamentos, Manchas e bolor Fonte: Toten Engenharia. 4. Projeto para Revestimento cerâmico A elaboração do projeto é a primeira etapa de uma sequência logica de qualquer empreendimento. Com toda a segurança, a experiencia tem mostrado que o custo final de uma atividade realizada de modo não planejado e muito superior ao de uma adequadamente projetada, mesmo incorporando o custo de elaboração do projeto. Com frequência, o revestimento cerâmico é entendido apenas como um material decorativo, sendo especificado e detalhado de modo muito precário no projeto arquitetónico. Deve-se salientar, porem, a necessidade da elaboração de um projetoconstrutivo, que contemple todas as informações e parâmetros necessários para que se exerça total domínio sobre a execução do SRC. Neste projeto devem estar determinados os materiais, as técnicas, os equipamentos e o tipo de mão-de-obra a serem empregados, bem como os procedimentos de controlo de qualidade a serem implementados. Os detalhes de projetos são extremamente importantes tanto do ponto de vista do comportamento final do revestimento (resistência mecânica, resistência de aderência, estanqueidade, etc.) como também para a otimização dos serviços de execução, pois, com todos os problemas resolvidos a este nível, o desperdício de materiais torna-se praticamente nulo, a produtividade é otimizada e incrementa-se o nível de qualidade dos serviços executados. 23 Na fase de projeto são definidas a natureza, as características, as propriedades e o desempenho esperado dos materiais, através da identificação das solicitações a que os mesmos estarão submetidos. Deve-se levar em consideração as exigências funcionais de estética, estabilidade, permeabilidade a água, durabilidade e manutenção. Também nesta etapa são definidas as técnicas executivas a serem utilizadas. O projeto executivo deve apresentar um nível de detalhes suficiente para que se reduza as improvisações no canteiro. 4.1. Importância do projeto Mesmo com tantas manifestações patológicas que ainda ocorrem nos SRC, não existe a preocupação por parte dos construtores em exigir um projeto executivo para o sistema de revestimento cerâmico. O projetista, por sua vez, por falta de solicitação, não elabora este projeto. Torna-se um círculo vicioso e que resulta nas diversas falhas do SRC. Ainda pouco difundidos, os projetos executivos de sistemas de revestimentos externos podem contribuir para a diminuição das manifestações patológicas nestes sistemas. A implantação de um projeto de produção de revestimentos de fachada, segundo MEDEIROS; SABBATINI (1998) permite evitar uma série de problemas que podem conduzir a falhas nos revestimentos e facilitar as ações de controlo e melhoria de qualidade de produção. A origem para grande parte das manifestações patológicas presentes nos sistemas de revestimento cerâmico de fachada, segundo GOMES (1997) é proveniente da falta de planeamento, na etapa de projeto. O descolamento de revestimento cerâmico de fachada também tem origem nos aspetos relacionados com o projeto, desde a concepção da edificação, a falta de coordenação entre projetos, a escolha de materiais inadequados até a negligência quanto a aspetos básicos como o posicionamento das juntas de dilatação e telas metálicas. 4.2. Diretrizes Básicas de um Projeto Segundo MEDEIROS;SABBATINI (1998) algumas diretrizes para ajudar os projetistas na elaboração do projeto de sistema de revestimento de fachada: 1. Para pisos externos, paredes externas e fachadas, recomenda-se a execução quando a temperatura ambiente estiver compreendida entre 5°C e 40°C e as temperaturas dos componentes do sistema de revestimento cerâmico (bases, placas cerâmicas e argamassas) estiver entre 5°C e 27°C. 24 2. Quando a temperatura da base, por incidência do Sol, estiver acima de 27°C, deve-se humedece-la levemente, porem sem satura-la. Revestimentos externos devem ser executados em períodos de estiagem e sem ventos fortes. Deve-se evitar a incidência direta do Sol nos horários de maior temperatura diária. 3. É interessante que o emboço tenha sido executado sobre alvenaria chapiscada, para melhorar a aderência do sistema ao substrato. O tempo mínimo recomendado para cura do emboco é de 28 dias 4. É importante também que, apos sua mistura, as argamassas colante e de rejunte sejam totalmente utilizadas num período inferior a 2:30 horas. Não se deve aproveitar restos de argamassa que caem no chão, remisturando-a e etc. O segredo da qualidade no revestimento cerâmico de fachada está em um conjunto de fatores que envolvem a correta especificação de todos os componentes do sistema, base adequadamente executada, bom projeto de assentamento, mão-de-obra qualificada, supervisão técnica permanente durante a execução e atendimento as normas técnicas referentes a todas as etapas do processo. 4.3. Manutenção Outro projeto complementar que pode auxiliar na durabilidade do sistema e consequente a vida útil do edifício, é o projeto de manutenção preventiva deste sistema de revestimento, respeitando as diretrizes do projetista do SRF. Manutenção tem por objetivo preservar ou recuperar as condições adequadas da edificação, para o uso e o desempenho previstos em seus projetos. Fazem parte da manutenção as inspeções, as ações preventivas, a conservação e a reabilitação. Este plano deve levar em conta, também, o envelhecimento natural dos materiais, os padrões de manutenção exigidos, a escala de prioridades e a disponibilidade financeira. As vistorias visuais podem ser intercaladas com as vistorias instrumentadas, ou seja, aquelas em que se realizam alguns ensaios para aferição do estado dos materiais ou da estrutura. A etapa de manutenção coincide com a vida útil do revestimento. Deve-se observar sempre o seu desgaste natural, a interferência deste no seu desempenho e avaliar a periodicidade de intervenções para garantia da manutenção de sua qualidade. De acordo com as recomendações do CCB, as fachadas devem ser lavadas a cada dois anos, com “hidrojateamento”. No processo, não se deve usar produto químico, sobretudo o que tenha acido, 25 Que degrada o revestimento e camadas internas. A pressão da lavadora não pode exceder 1000 libras por polegada quadrada. Além da lavagem, deve-se aplicar biocidas, para eliminar fungos, e produtos repelentes a agua no rejuntamento. 26 CONCLUSÃO No decorrer deste trabalho de pesquisa ficou evidente que geralmente a escolha pelo tipo de material segue dinâmicas próprias como preferência pelo projetista (Engenheiro ou arquiteto). No entanto a durabilidade do material escolhido para emprego em fachadas depende necessariamente de detalhamento eficiente em projeto, especificação correta de matérias de acordo com o ambiente aplicado, bem como execução por profissionais habilitados. A durabilidade dos revestimentos também é obtida se os mesmos forem objeto de manutenção ao longo de sua vida útil. A inspeção periódica dos elementos externos pode identificar o início de diversas patologias e apontar ações corretivas, visando o reparo das mesmas e o prolongamento de sua durabilidade ao longo dos anos. Pequenos reparos, em geral, sanam problemas localizados, com custos pequenos, impedindo o agravamento das patologias que podem comprometer toda a fachada, se não forem sanadas a tempo. O presente trabalho ilustrou e apresentou as peculiaridades de cada material para aplicação em fachadas, apontando vantagens, métodos de aplicação, servindo de base para aprimorar o conhecimento e incentivar novas pesquisas de materiais e técnicas construtivas. Apresentou também que a escolha por um ou outro depende de critérios objetivos como preferência, custo e prazo de execução, sendo que a aplicação de cerâmicas e têm durabilidade e qualidade comprovadas, se atendidas as exigências definidas em normas técnicas. Espera-se que esse controle de qualidade no serviço elimine ou diminua a possibilidade de uma eventual patologia, trazendo elevada durabilidade e impermeabilidade, que é inerente a este tipo de revestimento. 27 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 13816: Placas cerâmicas para revestimento – Terminologia. Rio de Janeiro, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 13818: Placas cerâmicas para revestimento – Especificaçãoe métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 1997. ALLUCCI, M. P. Bolor em edifícios: causas e recomendações. Tecnologia das Edificações, São Paulo. Pini, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Coletânea de trabalhos da Divisão de Edificações do IPT. 1988. p. 295, 565-70. CAMPANTE, Edmilson F.; BAÍA, Luciana L. M. 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