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Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL Distúrbios Hemodinâmicos Na realidade, já começamos a falar um pouco desse assunto na aula passada, quando conceituamos homeostasia e como acontecia o processo de homeostasia fisiológica. Após isso, falamos sobre o mecanismo de trombose e o que seria a embolia, eles já entram no quadro de distúrbios hemodinâmicos. Mas hoje vamos estar falando um pouquinho mais sobre eles, dando continuidade aos distúrbios. CONCEITOS Distúrbio Hemodinâmico nada mais é do que alterações no fluxo sanguíneo normal do indivíduo. E essas alterações tem relações , nessa aula, com os aspectos patológicos mas seria importante lembrar das estruturas anatômicas e dos aspectos funcionais do sistema circulatório ,ou seja, para essa aula seria interessante fazer uma correlação entre anatomia vascular, fisiologia vascular e histologia dos vasos. Dentro dos distúrbios hemodinâmicos, que são distúrbios que acometem a irrigação sanguínea e o equilíbrio hídrico, nós temos: • Edemas e efusões • Hiperemia e congestão • Hemostasia, distúrbio hemorrágico, trombose • Embolia • Infarto • Choque OBS: trombose e embolia foi falado um pouco na aula passada junto com hemostasia fisiológica. Infarto e choque serão vistos com o Prof. Daniel em aulas posteriores. Lembrando que nosso sistema circulatório é formado basicamente por uma bomba (coração), por uma rede de tubos que faz tanto distribuição quanto coleta (veias e artérias), e temos também, uma rede menor (em espessura) de tubos mais finos que serve para trocar rápidas de substâncias entre sangue, interstício e células (capilares). Todo o sangue do organismo é distribuído para todo o corpo pelo sistema circulatório. Na embriologia, o coração nada mais é do que um vaso “metido a besta”, porque nada mais é do que um vaso modificado que acabou adquirindo a característica de contração. Mas então temos esse aparato que serve para bombear, distribuir, coletar e fazer trocas de gases e nutrientes no organismo Então sabemos que o sistema circulatório vai bombear e conduzir o sangue através dessa rede de tubos que está interligada. Esses tubos interligados tem uma parede que é representada ,basicamente, por 3 camadas e essas camadas tendem a ficar mais finas, conforme esses vasos de afastam do coração. Então a parede dos vasos próximos ao coração é mais espessa do que a parede de vasos que estão longe. Resumindo, as 3 camadas são basicamente: uma camada interna, uma camada média e uma camada externa. Dependendo da região que está falando do sistema circulatório, ele vai ter uma composição diferente dessas camadas. No caso do coração, a camada mais interna é chamada de endocárdio. Em artérias e veias, é chamada de camada intima, que está em contato com o sangue. E nos capilares, temos o endotélio associado a membrana basal. Em relação a camada media, no coração é presentada pelo musculo estriado cardíaco. Nas artérias e veias, temos o musculo liso. E nos capilares, temos os periquitos. Em relação a camada externa, que é aquela que fica mais do lado de fora, não fica em contato direto com o sangue mas fica em contato com outras partes do organismo. No caso do coração, é o epicárdio e fica mais em contato com a serosa. Em artérias e veias, a camada externa é chamada de adventícia. E nos capilares, não se distingue porque a membrana basal continua para a matriz extracelular em que esses capilares estão inseridos. HISTOLOGIA: • As camadas dos vasos também são chamadas de túnicas: intima, media e adventícia; • A quantidade e a proporção dos componentes dos vasos variam de acordo com sua função; • Do coração partem artérias que se ramificam, formam vasos com diâmetro cada vez menor, para que assim formem os capilares e atinjam o órgão alvo. Os capilares confluem para formar vasos de calibres maiores e formar veias, que desembocam no coração; • Essas modificações nos vasos são progressivas e sutis. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL PRESSÃO HIDROSTATICA X PRESSÃO ONCÓTICA Temos algumas forças que são responsáveis por estarem impulsionando o movimento do fluido dentro dos vasos. São forças responsáveis por manter o fluxo continuo, unidirecional, dentro dos vasos sanguíneos. Essas forças são chamadas de Forças de Starling e são representadas por 2 tipos de força: pressão hidrostática e pressão oncótica (também chamada de coloidosmótica). HIDRO lembra água, então pressão hidrostática é a pressão que temos do liquido, a pressão que o próprio liquido está impondo sobre esse processo. E no caso da oncótica ou coloidosmótica, se refere às proteínas, é a pressão que as proteínas fazem para estar reabsorvendo esse liquido. Temos pressão hidrostática tanto dentro dos vasos (vascular) quanto fora (intersticial) , e é esse balanço entre hidrostática vascular e hidrostática intersticial que vai determina se esse liquido que está dentro do vaso sai ou se ele retorna. Assim como a oncótica, temos ela dentro (vascular) e fora dos vasos (intersticial) e também é esse balanço ,entre o que tem mais e o que tem menos, que vai determinar se esse liquido fica fora do vaso ou se ele vai retornar para dentro. Em relação a pressão hidrostática, onde ela estiver maior, é onde ela mais vai estar expulsando esse liquido. Então, se a pressão hidrostática dentro do vaso for maior que a pressão hidrostática fora do vaso, ou seja, vascular maior que a intersticial, o liquido tende a sair do vaso sanguíneo para o interstício. Hidrostática Vascular ˃ Hidrostática Intersticial: liquido sai No caso da pressão oncótica, por ser proteína, tende a ser mais concentrado, como ocorre osmose , ou seja, onde tem mais soluto tende a puxar mais água par tentar diluir. Quanto maior minha pressão oncótica no local, mais vai atrair liquido para ele. Oncótica Vascular ˃ Oncótica Intersticial: liquido reabsorvido Então é interessante que em situações fisiológicas ou em equilíbrio, minha pressão oncótica vascular seja maior que a pressão oncótica intersticial porque o liquido que saiu anteriormente devido aumento da pressão hidrostática vascular, líquido que estava no interstício, tende a voltar por essa região venular da circulação, por aumento da pressão oncótica intravascular. Então, com a figura representando a microcirculação (na esquerda, arteríola. No meio, capilar. Na direita, vênula). Na microcirculação, em equilíbrio, com a pressão aumentada que o liquido chega na arteríola, a tendência natural é que o liquido saia, e ele não pode ficar ali no interstício por muito tempo, porque se ficar é como se tivesse colocando o tecido ou órgão numa piscina e em pouco tempo, vai ser como se estivesse afogando. Então, a tendência é sair liquido, fazer nutrição, fazer troca, fazer tudo o que precisa e depois esse liquido que saiu, vai estar cheio de metabolito, cheio de “lixo metabólico”. Esses catabólicos precisam ser levados para outro local, para serem eliminados. Então, a região venular tem que conseguir recolher esse liquido que está no interstício, para que ele fique no vaso, que é o lugar que ele precisa ficar. Nem todo o liquido que sai, retorna para o vaso. Sempre acaba ficando um pouco de liquido no interstício. Esse pouco de liquido que fica é recolhido pelos vasos linfáticos e retorna para a corrente sanguínea através do ducto torácico, mantendo os tecidos como deveriam estar. Isso tudo acontece em circunstâncias normais em que a pressão hidrostática fica em equilíbrio com a pressão oncótica. A partir do momento que tem desequilíbrio hidrostático ou oncótico, vai ocorrer acúmulo de liquido. E o desequilíbrio dessas forças é o que vai caracterizar o primeiro disturbo hemodinâmico, o edema e efusões. ANALOGIA PARA ENTENDER É como se fosse uma casa com varias tubulações, e nelas está passando água dentro dos tubos, sem que saia para todolugar e molhe os cômodos. Nosso organismo, é como se fosse uma casa também. Os HISTOLOGIA: • O coração possui as 3 túnicas: endocárdio (intima), miocárdio (media) e epicárdio (adventícia); • Nas artérias, a túnica média é mais desenvolvida. Já nas veias, a túnica adventícia é mais desenvolvida; • Capilares podem ser classificados em continuo (endotélio e lâmina basal contínuos), fenestrado (endotélio com poros e lâmina basal continua) e sinusóide (endotélio com poros e lâmina basal descontinua); • Capilares tem a túnica média substituída por pericitos. Eles são prolongamentos citoplasmáticos que abraçam os capilares, dando suporte estrutural, auxiliam no fluxo (contração) e realizam reparo após lesão. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL vasos sanguíneos representam os canos de dentro dessa casa. A partir do momento que um desses canos estoura e começa a vazar água na pia, no piso, no banheiro, na parede, onde for que estiver vazando e não conseguir ficar armazenado dentro dos tubos, automaticamente leva a problemas estruturais na própria casa. O liquido precisa ficar dentro do sistema circulatório, porque são vasos especializados que mantem esse liquido circulando, sem que causar algum problema para o organismo. A água que chega da rua e abastece caixa d’agua, banheiro e torneiras vem através de um cano e tem que fica dentro do cano para não causar problemas. ENTÃO... A pressão hidrostática faz o liquido sair e a pressão oncótica faz o liquido retornar na extremidade venosa e tudo aquilo que sobrar no interstício, a rede linfática reabsorve, leva para o ducto torácico, cai na veia subclávia esquerda. E esse liquido que foi recolhido aqui, acaba se juntando ao sistema circulatório novamente. Todas as vezes que temos uma alteração hidrica no intersticio, que tem que ser “sequinho” , começa a ter acúmulo de liquido pode ser um problema e temos o quadro de edema ou efusão. Tem uma diferencinha entre edema e efusão, os dois são acúmulo de liquido, mas dependendo de onde esse liquido acumula, ele ganha uma denominação distinta. No caso de obstrução intravascular, aqui entra um pouco na parte de trombose e embolia da aula passada. Quando tem hemostasia, ok. Teve disfunção endotelial, vai ter formação de um trombo fisiológico que vai ser eliminado e tudo volta a restaurar o fluxo sanguíneo normalmente. A partir do momento, que tem um quadro patológico, principalmente pela tríade de Virchow, indica que podemos ter formação de vários trombos que é a trombose. E essa trombose se não for eliminada, se os trombos quando produzidos não forem desfeitos, tende à formação de uma obstrução intravascular, começa alterar o fluxo do sangue. Essa obstrução pode causar vario problemas, como vai ser visto mais para frente. No caso da embolia, os êmbolos podem ser formados pela propagação do trombo (anterógrado ou retrógado), pode ter liberação de fragmentos desses trombos em formação e gerar êmbolos sólidos. Mas a embolia não é só solida, ela pode ser gasosa e pode ser liquida. Aquela história de mergulhar muito fundo e muito rápido, depois voltar rápido, isso gera um êmbolo gasoso, isso acontece. Tem que fazer aquela despressurização de forma gradativa para não gerar esses êmbolos, já que temos gases dissolvidos no sangue. Tem que tomar cuidado porque qualquer coisa que forma ali no sangue que ele não consiga se misturar no sangue, e pode entupir um vaso menor ou atrapalhar o funcionamento de determinado órgão, isso pode caracterizar um quadro embólico. Isquemia nos vimos na parte de lesão celular, e vamos retomar em aterosclerose. Infarto vai ser visto depois. Então, embolia, trombose, isquemia e infarto estão caracterizando uma alteração que leva a uma obstrução intravascular. Já quando temos uma alteração em volume sanguíneo, aí podemos ter aumento de volume em determinado local, que seria a hiperemia (ativa ou passiva). E temos os quadros hemorrágicos, em que tem perda de volume de sangue para o meio externo, não necessariamente para fora do corpo, pode ser dentro mas desde que seja para fora do vaso sanguíneo. E os quadros de choque, perda de um volume grande de sangue pode levar ao choque, cardiogênico, séptico (envolve processo inflamatório e de volume de sangue). ÁGUA Nosso corpo é composto basicamente por 70% de água. 2/3 desses 70% estão dentro das células e 1/3 fora das células. Desses 1/3, 5% é o que está dentro dos vasos sanguíneos, que compõe o sangue. É desses 5% que falamos nos distúrbios hemodinâmicos Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL EDEMA Todas as vezes que temos desequilíbrio entre forças de Starling, pressão hidrostática e/ou pressão oncótica, podemos ter um acúmulo de liquido. Não necessariamente as 2 alteradas, pode ser só pressão hidrostática aumentada ou só pressão oncótica muito diminuída. Pressão hidrostática muito aumentada vai fazer com que esse líquido saía em demasia, e pode ser que sai mais que o oncótico consiga restaurar. Pressão oncótica muito diminuída, não consegue fazer o retorno do liquido que saiu. Pode ter desequilíbrio dos 2, depende muito da causa. Edema é quando tem acúmulo de liquido em tecido. Por exemplo, a mão está edemaciada. Acúmulo de liquido no interstício é edema. Acúmulo de liquido em cavidade, como por exemplo, no peritônio, chamamos de efusão. Para cada tipo de cavidade que tem acúmulo de liquido, recebe um nome especifico, no caso do peritônio, é conhecido como ascite. Indivíduos subnutridos com barrigão tem a pressão oncótica está muito diminuída porque não tem produção de proteínas e com isso, o retorno do liquido fica deficiente , fica acumulado nas cavidades e o indivíduo fica com a barriga saliente. Nessa foto temos um feto inteiro edemaciado. Quando o edema é generalizado ou sistêmico, damos o nome de anasarca. Lembrando que essas depressões no pé é um sinal clinico chamado sinal de Cacifo. Serve para avaliar por meio da pressão digital, a presença ou não de edema. Aperta por alguns segundos e a hora que tirar a pressão do dedo, fica marcado. Nessa foto é como se tivesse pressionado em 4 lugar distintos. Edema e efusões podem ter algumas causas para isso estar acontecendo • Aumento da pressão hidrostática vascular/ sanguínea: a tendência é expulsar o liquido para o interstício ou cavidade • Diminuição da pressão oncótica vascular/ sanguínea: baixa de proteína, sangue não muito hipertônico ao ponto de não conseguir trazer esse liquido que saiu • Diminuição da pressão hidrostática intersticial: a pressão hidrostática na parte arteriolar é grande dentro do vaso e pequena no interstício. A partir do momento que o liquido sai do vaso, a pressão hidrostática que antes era baixa no interstício, passa a ficar aumentada porque o liquido saiu para o interstício. E isso é interessante porque a tendência é que a própria pressão hidrostática empurre o liquido para dentro da vênula. Pressão intersticial diminuída é ruim porque ela não contribui para empurrar o liquido para a vênula. • Pressão coloidosmótica intersticial aumentada: muita pressão de proteína dentro do tecido, a tendência é não deixar o liquido que está no interstício voltar para o raso, vai reter o liquido. • Obstrução de drenagem linfática: o pouquinho que fica ali, que geralmente é drenado pelos vasos linfáticos, a partir do momento em que tem obstrução linfática, não vai mais recolher. Quanto mais liquido que chegar ali, mais liquido vai acumulando de pouquinho em pouquinho, e isso pode levar ao edema e efusão também • Aumento da permeabilidade capilar: observamos isso muito em quadros inflamatórios. Um dos sinais cardinais é o tumor, que é o edema. Na inflamação, ocorre vasodilatação, chega mais sangue no local mas também tem aumento da permeabilidade, e ocorreextravasamento de liquido e proteínas. A pressão coloidosmótica sanguínea diminui e com isso, o liquido tende a ficar no interstício, ocorrendo o edema ou efusão. FISIOPATOLOGIA EDEMA E EFUSÃO O acúmulo de liquido que acontece seja no interstício seja nas cavidade, pode ter características inflamatórias (exsudato) ou não inflamatórias (transudato). Acúmulo inflamatório, de exsudato , é acúmulo de liquido extracelular associadas a proteínas que estão sendo perdidas devido aumento da permeabilidade capilar. Podemos ter também acúmulo de líquidos não inflamatório, chamado de transudato, que ocorre movimentação do liquido para fora do vaso mas não tem perda de proteína. • ACÚMULO DE EXSUDATO: quando ocorre processo inflamatório (aumento da Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL permeabilidade capilar) – infecções, inflamações e neoplasias. Mas pode ocorrer obstrução de drenagem linfática também – neoplasias e traumatismo • ACÚMULO DE TRANSUDATO: aumento de pressão hidrostática vascular – hipertensão, ICC e varizes. E diminuição de pressão oncótica – síndrome nefrótica e cirrose CLASSIFICAÇÃO DO EDEMA OU EFUSÃO 1. Localizado ou sistêmico (anasarca) 2. Transudato ou exsudato Nas efusões temos nomes que podem ser dados. Por exemplo, em pulmões, é chamado de hidrotórax. Denomina em: hidro + local Anasarca é comum quando tem baixa pressão oncótica vascular, comum em casos de desnutrição grave. Subnutrição pode ter ascite. Em desnutrição grave, ocorre anasarca. Um dos estágios finais do choque séptico é o individuo ficar anasarcado. HIPEREMIA HIPER = muito e HAIMOS = sangue. Então, é quando temos uma quantidade aumentada de sangue em um tecido ou órgão. E o que vai caracterizar esse aumento ? Na fisiologia, a resistência periférica que temos ao fluxo de sangue, ou seja, se esse fluxo vai acontecer de uma forma fácil ou difícil, é controlado principalmente pelas arteríolas, porque a parede delas é um pouco mais espessa em relação a sua luz. Então quando a arteríola contrai ou relaxa faz seu diâmetro variar muito. Quando ocorre vasoconstrição, o diâmetro do vaso diminui e automaticamente, a resistência periférica que o liquido encontra para passar ali aumenta. É como se tivesse colocando o dedo na mangueira, para que a água vá mais longe: aumenta a resistência ali, vai precisar de mais pressão para poder passar e aí vai mais longe. Quando faz vasodilatação, está aumentando muito o diâmetro do vaso, e consequentemente a resistência periférica que o fluxo encontra é muito menor, porque vai estar mais vasodilatador e o fluxo sanguíneo chega com mais facilidade. Vasoconstrição → resistência periférica aumenta Vasodilatação → resistência periférica diminui FISIOLOGIA: A resistência se ope ao fluxo: quanto maior a resistência, menor o fluxo sanguíneo. Os principais fatores de resistência são: raio do tubo, comprimento do tubo, viscosidade do liquido. Quando o raio do tubo diminui, aumenta a resistência vascular, diminui fluxo sanguíneo e pressão aumenta, isso ocorre na vasoconstrição. Já na vasodilatação, o raio do tubo aumenta, diminui a resistência, fluxo sanguíneo aumenta e a pressão diminui. Se houver maior resistência, tem mais atrito com a parede. Quanto mais viscoso, maior será a resistência para a passagem do sangue. Então quando falamos em hiperemia, em quantidade de sangue, falamos que a arteríola e o funcionamento venular vai ser muito importante para definir se é uma hiperemia ativa ou passiva. Hiperemia pode ser ativa (também chamada de arterial) e pode ser passiva (também chamada de venosa). E essa hiperemia passiva ou venosa tem ainda um terceiro sinônimo que é chamada de congestão. OBS: Na clínica preferem chamar a hiperemia passiva de congestão e usar só a palavra hiperemia para a hiperemia ativa. Mas atentar em usar a nomenclatura correta. Então o aumento de fluxo sanguíneo num determinado órgão ou tecido, a hiperemia, pode ter origem arterial ou venosa, ou seja, pode ser ativa ou passiva. Quando que vai distinguir um ou outro ? Quando tiver aumento da velocidade do fluxo, ou seja, quando tiver a arteríola vasodilatada. Na vasodilatação da arteríola, vai chegar muito mais sangue naquele local já que tem menor resistência do vaso ali, automaticamente o local vai ter acúmulo de sangue e isso caracteriza hiperemia ativa ou arterial. Já na hiperemia passiva ou venosa, ocorre quando a vênula não estiver fazendo drenagem da forma correta, ou quando a velocidade da drenagem estiver muito baixa (está drenando mas não adequadamente como deveria). Isso pode acontecer quando tem algum tipo de obstrução: sangue sai pela pressão hidrostática mas quando vai retornar pela pressão oncótica tem alguma coisa impedindo na vênula do sangue continuar o fluxo unidirecional, então o sangue tende a retornar e acumular no tecido ou órgão. Arteríola dilatada: ↓ resistência periférica = hiperemia ativa Obstrução venular: ↓ drenagem venosa = hiperemia passiva Pode acontecer hiperemia do tipo mista. Acontece principalmente em quadro de inflamação. Ocorre vasodilatação da arteríola e aumento da permeabilidade vascular da arteríola: no primeiro Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL momento ocorre vasodilatação, então ocorre acúmulo de sangue no local e por isso, tem hiperemia ativa no início. Mas logo em seguida, por conta do aumento da permeabilidade vascular, devido os mediadores inflamatórios, ocorre perda de proteínas. Com a perda de proteína, a pressão oncótica do lado venular fica comprometida, a drenagem venosa também fica comprometida e por isso, tem acúmulo de sangue, ou seja, hiperemia passiva. E por isso, em quadros inflamatórios tem hiperemia mista. Arteríola dilatada: ↓ resistência periférica = hiperemia ativa Mediadores inflamatórios: ↑ permeabilidade vascular = perda de proteínas → comprometimento da pressão oncótica ↓ Drenagem venosa = hiperemia passiva Hiperemia Ativa + Hiperemia Passiva = Hiperemia Mista Normalmente quando temos hiperemia ativa temos uma coloração mais avermelhada para aquele tecido ou órgão porque ela leva sangue rico em oxigênio e nutrientes. Quando temos hiperemia passiva temos uma coloração avermelhada mas ela é mais cianótica, porque vai ter acúmulo de metabolitos também. Quadro de hiperemia passiva é importante na insuficiência cardíaca. Quando tem insuficiência cardíaca direita, temos acúmulo de liquido levando ao quadro de edema também, ocorre de forma sistêmica. Quando tem insuficiência cardíaca esquerda, vai ter acúmulo de liquido no pulmão. Hiperemia anda lado a lado com edemas e efusões. RESUMINDO Na hiperemia ativa, acontece principalmente por vasodilatação da arteríola, aumenta o fluxo e automaticamente aumenta a quantidade de sangue nesse tecido ou órgão. Já a passiva, também chamada de congestão, acontece principalmente por uma drenagem venosa dificultada. No caso de trombos que podem ser formados e bloquear de forma a localizada nas vênulas, ou quando o retorno venoso pulmonar ou sistêmico deficiente, pode ter diminuição da pressão oncótica na parte venosa ou ate mesmo um quadro de hipóxia que levam a diminuição do retorno venoso. EXEMPLOS DE HIPEREMIAS HIPEREMIA ATIVA OU ARTERIAL pode ser fisiológica ou patológica: 1. Fisiológica: toda vez que estimula o corpo a precisar de mais sangue em determinada situação, isso é um quadro de hiperemia. Ela é transitória, dura muito pouco tempo. Exemplos: • TGI durante a digestão; • Musculatura esquelética durante exercício físico: “rosto vermelho”; • Cérebro durante estudo: utilização da glicose como fonte de energia; • Glândula mamaria durante lactação: quanto mais o bebê mama, mais produz leite e para isso, tem que ter um fluxo sanguíneo maior; • Rubor facial após hiperestimulação psíquica: “quando passavergonha”. 2. Patológica: persiste por mais tempo Exemplos: • Injuria térmica: queimaduras ou congelamento. Aumento ou diminuição de temperatura leva a injuria de origem térmica que pode ter todos os sinais cardinais do processo inflamatório; • Irradiações intensas/Traumatismos; • Infecções/ Inflamação aguda. OBS: tumor = edema localizado. Todo o processo inflamatório ocorre por estimulo dos mediadores químicos, as aminas vasoativas, que são liberados por mastócitos ,por exemplo. HIPEREMIA PASSIVA OU CONGESTÃO pode ser localizada ou sistêmica. Tudo aquilo que vai impedir o retorno venoso pode levar a um quadro de hiperemia passiva. 1. Local Exemplos: • Obstrução ou compressão vascular; • Torção de vísceras: impede o retorno e por isso, pode ter hiperemia passiva aguda; • Trombos venosos; • Compressão vascular por neoplasias e abscessos. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 2. Sistêmica Exemplos: • Insuficiência cardíaca congestiva: dependendo de qual ventrículo cardíaco está sendo acometido, pode ter uma hiperemia em locais distintos. Ou ela no corpo inteiro de forma sistêmica ou mais pulmonar. É um exemplo clássico que leva a hiperemia passiva e ao edema; • Trombose e embolia pulmonar; • Lesões pulmonares extensas. OBS: todas as patologias vão ser vistas ao longo do curso PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DA HIPEREMIA PASSIVA • Edema • Hemorragia • Trombose • Degeneração, necrose e fibrose DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS É caracterizado pela saída de sangue do compartimento vascular ou das câmaras cardíacas para o meio externo, para o interstício ou para as cavidades pré-formadas. Uma hemorragia não precisa ser necessariamente para fora do corpo, pode ter uma hemorragia dentro do corpo, mas o sangue está saindo do vaso sanguíneo ou da câmara cardíaca, ou seja, sai do sistema circulatório e cai em outro local. Podemos classificar a hemorragia: 1. Quanto ao LOCAL • Interna: sangue perdido do vaso para dentro do organismo; • Externa: tudo aquilo que da para ver saindo da pessoa 2. Quanto ao MEIO: da para diferenciar pela cor e pela quantidade de sangue que é perdida • Hemorragia Arterial: por conta do bombeamento cardíaco, temos uma saída intermitente. Sai, para, sai, para como se tivesse acompanhando o pulso do bombeamento cardíaco. E o sangue é vermelho bem brilhante porque ele é oxigenado; • Hemorragia Venosa: é uma saída continua, não fica parando porque não tem tanto o papel do bombeamento do coração, é mais a questão do retorno venoso. Sai de forma continua mas sem pulsar. É vermelho mais escuro porque tem mais carboxihemoglobina já que tem mais CO2 do que oxigênio; • Hemorragia Capilar: saída de sangue em pequenas quantidades. Como quando rala o joelho e aparece aquelas pequenas gotículas de sangue, forma uma casquinha e fica tudo certo. 3. Quanto a EXTENSÃO do sangramento temos algumas terminologias importantes • Puntiforme ou Petéquias: nada mais são do que pontinhos pequenininhos que tem no máximo 3mm de diâmetro e aparece em grande quantidade na superfície da pele; • Púrpura: são um pouquinho maiores que as petéquias e podem adquirir um tamanho de até 1cm de diâmetro • Equimose: temos uma mancha azulada ou arroxeada, pode ter aumento discreto de volume. É muito comum em traumatismos • Hematoma: muito comum também em traumatismos mas é caracterizado por tumoração. Porque tem grande quantidade de sangue acumulado no local que sofreu traumatismo, fica edemaciado de sangue • Hemorragias em cavidades: denominada de acordo com a sua topografia Exemplos: o Na cavidade articular = Hemartro ou Hemartrose o Hemopericárdio, hemotórax e hemoperitônio: hemo = sangue + cavidade serosa o Hemossalpinge, hematométrio e hematocolpo na luz da tuba uterina, na cavidade uterina e na cavidade vaginal, respectivamente o Hemobilia: na vesícula biliar ou nos ductos biliares Pode ocorrer exteriorização da hemorragia por orifícios corpóreos e essas também recebem nomes Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL específicos. Por exemplo, hemoptise é quando tem tosse e nessa tosse tem sangue oriunda do sistema respiratório. Escarro hemoptoico é quanto tem sangue na tosse também oriundo do sistema respiratório mas em volume menor. Epistaxe é a eliminação de sangue pelo nariz. Hematêmese é a eliminação do sangue pela boca, oriundo do sistema digestório e eliminado pelo vomito. Hematúria que é presença de sangue na urina que pode ser macro ou microscópica ETIOPATOGÊNESE Hemorragias podem ser causadas pelos seguintes mecanismos: 1. Alteração na integridade da parede celular: qualquer injuria na parede do vaso, se for extenso, pode danificar o endotélio e ela fica mais suscetível a perder sangue, não só a parte liquida 2. Alterações dos mecanismos de coagulação sanguínea, incluído fatores plasmáticos e teciduais: pode ter deficiência de fatores de coagulação (não forma os trombos) ou excesso de anticoagulante (endógeno ou exógeno), favorece o quadro hemorrágico por inibir os fatores de coagulação e por fazer uma fibrinólise exagerada. Toda vez que tem formação de trombo, tem a fibrinólise para retomar o fluxo sanguíneo e quem faz isso são os anticoagulantes. Quando tem um excesso de anticoagulante, tem um excesso de atividade de fibrinólise por ter um excesso de ativação do plasminogênio (quebrado em plasmina e essa degrada os dímeros de fibrina). Então, o anticoagulante age em 2 momentos: inibindo fatores de coagulação (impede que forme trombos) e atua numa fibrinólise exagerada. Assim qualquer trombo que forme, vai ser desfeito e isso favorece a hemorragia 3. Alterações qualitativas ou quantitativas das plaquetas: número ou funcionamento de plaquetas. Não se sabe ainda o que leva a defeito qualitativo de plaquetas, tem somente hipóteses. Mas fato é que quando temos uma quantidade diminuída de plaquetas, fala que o paciente está num quadro de trombocitopenia e com isso, a formação do trombo hemostático fica comprometido. O que pode causar trombocitopenia ? Qualquer problema na medula óssea (neoplasias e etc.) já que lá que formam os megacariócitos que originam as plaquetas. Pode ter medicamentos e autoanticorpos que levam a trombocitopenia. Medicamentos ficam adsorvido na plaqueta e o organismo entende que aquilo é um antígeno a ser combatido, os autoanticorpos reconhecem e causam lise por ativar via clássica do complemento. Alterações de função das plaquetas são chamadas de trombocitopatia. Tem somente hipótese que alguns medicamentos ficam adsorvidos nas plaquetas, mascarando as glicoproteínas (GP) que são responsáveis por reconhecer o Fato de von Willebrand e fator tecidual e isso faz com que a plaqueta não execute seu papel. 4. Mecanismo complexos e ainda mal definidos ROBBINS: A perda sanguínea externa crônica ou recorrente (ex: úlcera péptica ou sangramento menstrual) muitas vezes culmina em anemia ferropriva como consequência da perda de ferro na hemoglobina. Em contrapartida, o ferro é reciclado com eficiência das hemácias fagocitadas; assim, o sangramento interno (ex: hematoma) não leva à deficiência de ferro.
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