Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Uso comercial da área de praia: Praia Brava. Gisely de Sá Ribas(1) Atividade Disciplina Ambientes Costeiros e seus Recursos Naturais Programa Mestrado Profissional Clima e Ambiente (1) giselydesaribas@gmail.com RESUMO: No estado de Santa Catarina (SC), Brasil, o turismo consiste em uma das atividades econômicas mais importantes. Itajaí recebia um grande fluxo de turistas desde a década de 70, vindos à sua maioria de Balneário Camboriú. Década de 70 a praia era agreste e imagem de perigo e bandidagem. Já no final dos anos 80 a 90 houve a expansão, com finalidade de melhorar a qualidade de vida da população itajaiense, projetos imobiliários, esportes e lazer. A pesquisa baseou-se em pesquisa bibliográfica, conhecimentos empíricos da autora sobre a área de estudo e entrevista direta com comerciantes da região a fim de discorrer sobre o uso comercial da Praia Brava de Itajaí, SC. O local tem quiosques, barraqueiros e ambulantes atuando em conjunto como atores do comercial praial gerando renda própria e movimentando a economia do município. Palavras-chave: sustentabilidade, região costeira, economia. INTRODUÇÃO No estado de Santa Catarina (SC), Brasil, o turismo consiste em uma das atividades econômicas mais importantes, ao mesmo tempo em que tem gerado grandes transformações, a partir da expansão e do crescimento urbano e, muitas vezes, compromete o ambiente, a paisagem, bem como as estruturas urbanas preexistentes (Reis, 2010). Segundo Defeo et al. (2008), essa atividade exerce uma pressão negativa sobre os ecossistemas costeiros e exige um incremento na infraestrutura de hotéis, estradas, restaurantes etc., que nem sempre são considerados nos processos de planejamento. A efetiva ocupação da região, com a colonização açoriana, promovida pela coroa Portuguesa a partir do século XVIII, consolidou as formas de ocupação do território. A “ocupação colonial do litoral catarinense”, criou uma economia local baseada na pequena propriedade, cuja formação social manteve-se até bastante recentemente. Esta estrutura hoje vem induzindo e imprimindo traços particulares aos empreendimentos urbano-turísticos iniciados, principalmente, a partir da década de 60 (Reis, 2010). Itajaí recebia um grande fluxo de turistas desde a década de 70, vindos à sua maioria de Balneário Camboriú, pois este centro, já era considerado uns dos pontos mais badalados do veraneio em Santa Catarina. Badalado o bastante para fazer com que, buscando o aumento do fluxo de turistas na cidade, verbas públicas fossem liberadas para promover a melhoria da estrada que comunica Rajá a Balneário, o que vinha ao agrado dos comerciantes itaja ienses (Luna, 2004). Na década de 1970 quando a família Costa migrou do sul do Estado para Rajá, para morar na Praia Brava, era possível contar quantos habitantes havia, ao contrário de hoje quando é possível contar quantos terrenos vagos ainda existem. Eram umas três ou quatro casas de ponta a ponta da praia, cujo estado de solidão era visto apenas na orla marítima, já que as margens da rodovia e região havia muitas moradias, bares, casas de prostituição e salões de baile, o que fazia com que esta região fosse muito movimentada. Esta condição pode ser visualizada na planta da cidade de Itajaí de 1969 (Luna, 2004). Se nos dias de hoje a Praia Brava é a preferida pela maioria dos veranistas e moradores de Itajaí, antigamente, ela era vista com outros olhos. Havia uma anulação da Praia Brava como local de lazer para banho. Ninguém fazia veraneio, ou tomava banho na praia, o mar não dava para entrar, eram muito fortes as ondas. Vale destacar que, até a década de 70, a praia Brava de Itajaí era considerada agreste, apesar de já albergar alguns bares, casas noturnas e lares. Estava associada a uma imagem de perigo e bandidagem, a qual começou a ser modificada por iniciativas relacionadas a uma maior preocupação do Poder Público local em melhorar a qualidade de vida da população itajaiense e a melhorias na comunicação viária, especialmente pela Estrada do Turismo. A partir de então, ocorreu uma modificação da praia e de seu entorno, que tentava transformar o passado relacionado a prostituição, jogos de azar e crimes (Luna, 2004). A balneabilidade, que nesse momento se aliou a uma nova utilização da área costeira, seja para prática de esportes e banho de sol e de mar, lazer e trabalho, chegara à Praia Brava no final dos anos 1980 e início de 1990. Com ela, a elaboração de vários projetos imobiliários residenciais ou comerciais, os quais foram contestados por ambientalistas que buscavam na legislação brasileira o amparo necessário para preservar esta área (Luna, 2016). No que tange à sua morfodinâmica, tal praia é caracterizada como intermediária (Menezes, 1999), localizada entre dois promontórios rochosos. Segundo Wright & Short (1984), as praias intermediárias apresentam características de praias refletivas e dissipativas, ou seja, sofrem variações no tempo, nas quais o sedimento pode consistir de areia média a grossa e o clima de ondas possui energia moderada. Essas características, integradas a uma variedade de serviços turísticos, conferem à categoria mencionada, o potencial de ser utilizada para o turismo de sol e praia. Na praia Brava de Itajaí, foi possível verificar, com relação à categoria de espaço natural, uma predominância de vegetação de dunas, mata atlântica, praia e lagoa. Alguns desses tipos de vegetação estão mesclados dentro do interior da faixa de 300m considerada, e não somente no entorno imediato da linha de costa. Cabe destacar algumas características significantes para o entendimento do cenário atual dessa praia, como a coexistência de áreas em construção, residências unifamiliares e multifamiliares, além de estradas já construídas e outras a asfaltar, as quais são interpretadas como indicadores de que a área em questão ainda não atingiu sua ocupação plena, ou seja, está em desenvolvimento. Igualmente, apresentou uma distribuição concentrada de áreas residenciais, infraestrutura e equipamentos em pequenas áreas, a despeito de algumas de espaços naturais, o que pode acarretar em maior pressão no ambiente, diminuição da qualidade paisagística da orla e maior demanda pontual de infraestrutura básica para suprir as necessidades do contingente populacional, especialmente no verão (Luna, 2004). O nome Praia Brava advém das suas ondas fortes, onde poucos se arriscavam a entrar. Citada por políticos e empresários como a “menina dos olhos de Itajaí”, os quais anteviam a ocupação para fins empresariais do ramo imobiliário, bem como o fez o poder público, a Praia Brava configurou-se num balneário, como já planejavam e desejavam estes grupos com interesses econômicos. O Canto do Morcego, assim denominada a área norte da praia, passa a ser o palco de disputas de grupos que reivindicam a preservação ambiental desta área que é o último reduto de dunas, restinga e Mata Atlântica do litoral de Itajaí, e aqueles que vêm nesta região a partir da ótica de mercado e lucro (Luna, 2016). O objetivo dessa pesquisa é trazer os atores e valores econômicos gerados na ocupação comercial da Praia Brava e discussões sobre referido uso. METODOLOGIA A Área de estudo é a Praia Brava que pertence ao município de Itajaí e encontra-se ao noroeste, entre as coordenadas 26° 55’ 69’’ e 26º 57’ 36’’ de latitude sul e 48º 37’ 35’’ e 48º 37’ 93’’ de longitude oeste. Constitui a maior praia do município, com aproximadamente 3 km de extensão. O bairro que leva seu nome, e onde se localiza, possui 4.294 habitantes, dentro de uma população fixa de 183.373 habitantes, relativa ao município de Itajaí (IBGE, 2010). A metodologia para a execução desta pesquisa contou com pesquisa bibliográfica, conhecimentos empíricos da autora sobre a área de estudo e entrevista direta com comerciantes da região. RESULTADOS E DISCUSSÃOO Brasil ao longo da sua historia ocupa e explora a zona costeira intensamente, sendo historicamente uma região geradora de conflitos, por abrigar interesses múltiplos e muitos usos em um mesmo local, caracterizada por ocupar os espaços, sem observar seus aspectos naturais. A atividade do turismo é estritamente dependente da qualidade ambiental do local, quanto maior a qualidade, maior o nível de atração, sendo assim a preservação essencial para definição de estratégias. Historicamente, na década de 70 na fase de industrialização e crescimento do PIB do Brasil, há uma grande exploração, sendo que as praias e zona costeira sofreram muitos impactos devido ao crescimento urbano. A partir da década de 80, aliado a eventos ambientais mundiais, cresce o engajamento nas questões ambientais. A função balneária aparece na Europa em meados do século XVIII, primeiramente sob os princípios terapêuticos do banho de mar, receitado por médicos para aquelas pessoas que sofriam de algum mal e que tinham no ambiente das cidades um lugar insalubre. O mar, a salinidade da água, o sol, a brisa e a paisagem marítima, mesmo que ainda timidamente, surgem nesse período como uma fuga para o restabelecimento físico e mental das populações mais nobres (Ministério do Turismo, 2010). O processo de industrialização e melhoria dos sistemas de transporte também facilita o acesso às cidades litorâneas e o visitante já não é somente originário de classes abastadas, a praia se populariza (Ministério do Turismo, 2010). No Brasil, o processo de expansão do Turismo de Sol e Praia se consolida nos anos 70 com a construção de segundas residências no litoral. A recreação, o entretenimento e o descanso estão ligados ao divertimento, à distração ou contemplação da paisagem. Estes aspectos se relacionam diretamente com Turismo de Sol e Praia. A combinação desses elementos constitui o principal fator de atratividade nas praias, caracterizadas especialmente por temperaturas quentes ou amenas propícias à balneabilidade (Ministério do Turismo, 2010). Os usos comuns as praias são citadas, com dados baseados no documento do Ministério do Turismo (2010), na tabela abaixo. Tabela 1 - Usos comuns na praia. Fonte: Adaptado do Ministério do Turismo, 2010. Recreação de contato primário com a água Ex: banho de mar, lago, rio; nado etc. Surf É uma prática desportiva marítima, frequentemente considerada parte do grupo de atividades denominadas esportes radicais, dado o seu aspecto criativo, cuja proficiência é verificada pelo grau de dificuldade dos movimentos executados ao acompanhar o movimento de uma onda do mar sobre uma prancha, à medida que esta onda se desloca em direção à praia. Ex: Surf, Skimboard, Bodyboard, Stand Up Paddle etc. Kitesurf É um esporte aquático que utiliza uma pipa (também conhecida como papagaio) e uma prancha com uma estrutura de suporte para os pés. A pessoa, com a pipa presa à cintura, coloca-se em cima da prancha e, sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge a pipa. Ao controlá- lo, através de uma barra, consegue-se escolher o trajeto e realizar saltos. Windsurf O windsurf, ou prancha a vela, é praticado com uma prancha idêntica à prancha de surf e com uma vela entre 2 e 5 metros de altura e consiste em planar sobre a água utilizando a força do vento. Mergulho É uma prática que consiste na exploração subaquática, utilizando-se ou não de equipamentos especiais. Ex: livre, autônomo, dependente, flutuação etc. O mergulho é uma atividade normalmente considerada como turismo de aventura ou ecoturismo e, na maioria dos casos, são realizados no ambiente de Sol e Praia. Atividades com Equipamentos Náuticos Atividades relativas ao mar, lago, rio, e/ou praticadas nas áreas marítimas, lacustres ou fluviais, com auxílio de equipamentos náuticos. Ex: Passeios de barco, jet ski, banana boat, caiaque, lancha, esqui-aquático etc. Atividades esportivas e recreacionais (areia) Todas as atividades esportivas e recreacionais praticadas na parte terrestre da orla. Ex: banhos de sol, caminhadas, frescobol, vôlei de praia, futevôlei, futebol de areia etc. Comercio de apoio Bares, quiosques, clubes, ambulantes Comercio de serviços de apoio Aluguel de estruturas Ministério do Turismo (2010) Ainda segundo o mesmo autor, No Brasil, segundo as pesquisas de Hábitos de Consumo do Turismo do Brasileiro14 (FIPE/MTur, apud Ministério do Tuismo, 2010), a predileção por roteiros de praias foi destaque dentre as principais opiniões sobre a escolha de serviços e produtos turísticos. Dentre os clientes atuais – aqueles que compraram serviços de turismo em pacotes ou em partes nos últimos dois anos – 64% e 64,9% elegeram como roteiro preferido as praias brasileiras, em 2007 e 2009, respectivamente. PERFIL DO TURISTA As características comuns aos turistas e usuários da praia, segundo o Ministério do Turismo (2010) motivados pelo desejo de descanso, práticas esportivas, diversão, novas experiências e busca de vivências e interação com as comunidades 31% 29% 10% Motivos de escolha de um destino turistico em 2007 Praia Beleza natural Historia, arte e cultura 21% 33% 13% 12,50% Motivos de escolha de um destino turistico em 2009 Praia Beleza natural Historia, arte e cultura Perfil do local receptoras. O turismo no litoral é especialmente sensível à variação da renda dos consumidores, na medida em que o aumento de renda do turista significa um incremento na sua demanda por esse tipo de lugar. Em geral, praias de mar aberto, com ondas, muitas vezes são procuradas pelo público jovem e esportista, enquanto aquelas de enseadas e baías terão famílias como público principal. DIFICULDADES Para atender a demanda, os equipamentos turísticos superdimensionados, como por exemplo, meios de hospedagem, ficam ociosos na maior parte do ano. Outro problema muito comum é o saneamento básico, onde a contaminação do solo e das águas traz possíveis danos para a saúde humana e para a qualidade ambiental, como a contaminação e a intoxicação provocada pelas cianotoxinas e as micoses originadas do contato com areia contaminada. Assim, torna se importante a sinalização das praias para informar não só a qualidade da água, mas também as necessárias condições de segurança, acesso, qualidade das areias (Ministério do Turismo, 2010). Especificamente sobre o uso das praias por animais, a Lei 3579 de 2000, que proíbe conduzir ou reter animais, sob pena de multa, na faixa de areia das praias de Itajaí. Ressaltando que a referida lei foi publicada porem não regulamentada, não sendo criado um decreto dizendo como ela funciona a cerca do uso da praia por animais. E a instalação de grandes condomínios residenciais que desconsideram a comunidade local e afetam ambientes significativos de suporte/proteção à orla marítima. Nesse contexto, vale destacar as tendências internacionais de valorização da qualidade ambiental das praias, com o reconhecimento de esforços de diversas entidades para a melhoria do ambiente marinho, costeiro, fluvial ou lacustre, por meio do cumprimento de critérios de certificação, que incluem educação, informação, gestão ambiental, de segurança e equipamentos (Ministério do Turismo, 2010). O Programa Bandeira Azul é uma iniciativa da FEE (Foundation for Environmental Education – Fundação para Educação Ambiental). O Programa teve início em 1987 na Europa (no Brasil a partir de 2004) e é aberto a praias marítimas, fluviais e lacustres, além de marinas, sendo necessário a participação dos municípios e envolvimento de instituições locais que representam os vários segmentos da Sociedade Civil (moradores, iniciativa privada, empreendedores, comunidades tradicionais e grupos atuantes, ONGs e demais associações) e que podem colaborar na implantaçãoe efetivação do Programa. A certificação Bandeira Azul será sempre outorgada à municipalidade onde se localiza a praia que cumpra todos os critérios. O total são 33 critérios avaliados para que o local receba a certificação Bandeira Azul (Programa, Bandeira Azul, 2018). Em Santa Catarina temos apenas duas certificadas no ano de 2018, sendo elas Praia Grande em Gov. Celso Ramos e Praia da Lagoa do Peri em Fpolis. A Praia de Palmas, também em Gov. Celso Ramos possuía a certificação até 2017, perdendo o titulo em função de 6 analises seguidas de balneabilidade consideradas como impropria pela FATMA. PRAIA BRAVA Na figura abaixo lista-se o uso do solo, na região de estudo. Figura 1 - Mapa de uso do solo. Fonte: Montenegro, 2011. Sendo que as classes do mapa foram divididas em setores, conforme figura abaixo. Figura 2 - Setorização do uso do solo. Fonte: Montenegro, 2011. Ainda segundo Montenegro (2011), os usos comerciais comuns a Praia Brava são listados na figura abaixo. Figura 3 - Usos comerciais da Praia Brava. Fonte: Montenegro, 2011. Do comercio da Praia Brava destacam-se os mercados e restaurantes, que possuem maiores numero, segundo Montenegro (2011). Em uma pesquisa de campo, fora da temporada, no mês de maio de 2018, foram contabilizadas as estruturas de apoio ao comercio, apenas na região da faixa de areia pela autora. Ao longo da praia Brava tem 5 quiosques, de estrutura fixa. Já barracas de estrutura removível, foram contadas um numero de 6 estruturas, estas de fixação por restaurantes da parte frontal da praia, que possuem autorização para exploração da faixa de areia fronte ao seu comercio. Já os ambulantes, foi contado em 1 hora de observação, o numero de 7 trabalhadores, em ambos sentidos da praia, comercializando itens relacionados a bebidas e alimentação. Contudo, ressalta-se que o mês de maio é caracterizado como um mês fora da temporada. Em pesquisa em meio às secretarias de urbanismo, desenvolvimento e renda, meio ambiente e órgãos como CDL e AMFRI, não foram encontrado valores econômicos gerados no ambiente praia. Para tanto, foi realizada uma pesquisa própria, para levantar os valores gerados por esse comercio na região. Em conversa com os quiosques, em alta temporada é gerado cerca de R$ 70.000,00 a R$ 120.000,00 por mês bruto, com uma media de 3500 atendimentos por mês. Já na baixa temporada o valor cai para R$ 13.000,00 por mês, com uma média de 780 atendimentos por mês. A redução é de cerca de 70% segundo os empresários. A principal dificuldade encontrada pelos quiosques é a relacionada ao espaço, pois eles não conseguem fazer a manipulação dos alimentos e não podem ampliar a estrutura, além do quesito de segurança, pois já houve casos de assaltos com os entrevistados. COMERCIO INFORMAL O comércio informal se instala preferencialmente na faixa de areia, o mais próximo possível dos usuários da praia, sendo realizado principalmente por barraqueiros e ambulantes. O comércio ambulante é composto geralmente por vendedores independentes e solitários que se deslocam ao longo da praia, transportando os itens nas mãos, bolsas, travessões ou em carroças. São eles que detêm a maior variedade de itens e serviços à venda, e também a maior vulnerabilidade social. Em conversa com alguns ambulantes, o valor gerado por dia é relativo em função do produto fornecido e também a época do ano. O faturamento médio de um vendedor de açaí em temporada é de R$ 500,00 por dia (num dia de final de semana em temporada). O faturamento médio com venda de roupas na praia é de R$ 700,00 por dia (num dia de final de semana em temporada). Segundo o trabalhador, não tem nenhuma perda com o valor, a não ser com a taxa de alvará da prefeitura. Segundo dados obtidos pela Secretária de Turismo de Itajaí, em média um turista gasta R$ 353,51 por dia, incluindo todas as despesas de alimentação, hospedagem e gastos gerais. Comparando com a economia da praia na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, formada por pequenos negócios promovidos entre o calçadão e o mar, movimenta aproximadamente R$ 80 milhões por mês (Souza & Lages, 2008). Somente os ambulantes na areia giram cerca de R$ 10 milhões a cada fim de semana e têm uma renda média de R$ 1 mil. INSTRUÇÃO NORMATIVA DE USO DAS PRAIAS A IN 106 de 2017 é baseada na normatização já prevista nas seguintes legislações: LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011 que compete à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Na LEI Nº 9.636, DE 15 DE MAIO DE 1998, que dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União. Na LEI Nº 7.661, DE 16 DE MAIO DE 1988 que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências. Ressalta-se no Art. 10 da referida lei se faz menção as praias serem bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica. O DECRETO Nº 3.725, DE 10 DE JANEIRO DE 2001 que regulamenta a Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, que dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União, e dá outras providências e o DECRETO Nº 5.300 DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004 que regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências. O município realiza constantemente na alta temporada fiscalização dos órgãos: urbanismo, PROCON e FAMAI com relação ao uso das praias, seguindo o padrão e uso estabelecido da IN 106 de 2017, que regulamenta os procedimentos na faixa de areia. Os itens verificados para o uso da faixa de areia são: 1. uso limitado das estruturas de apoio (cadeiras, mesas). 2. Estabelecimento legalizado e licenciado. 3. proibição do uso da restinga, alimentos e bebidas deverão ser servidos preferencialmente em recipientes recicláveis ou retornáveis, não cortantes/incisivos e não perfurantes. 4. Alimentos e bebidas não poderão ser manipulados, misturados, cozidos e preparados na faixa de areia. Os níveis de ruído não poderão ultrapassar os limites estabelecidos na legislação vigente referente ao horário e a zona onde estão localizados os estabelecimentos comerciais. A instalação de tenda/barraca para servir de apoio ao atendimento na faixa de areia deverá ser instalada dentro da faixa limitada pela testada do terreno onde está localizado o estabelecimento. Colaborar com a preservação da vegetação de restinga e na manutenção dos equipamentos/estruturas como passarelas, cercas, lixeiras, totens entre outros e manter a limpeza e recolher os resíduos gerados no espaço de abrangência de cada estabelecimento comercial. Cada local deve disponibilizar uma lixeira de, no mínimo 100 (cem) litros, para cada 05 (cinco) mesas no espaço de abrangência de cada estabelecimento comercial. Outro detalhe é deixar a área livre até a linha d’água em frente as passarelas e postos de guarda vidas. Fica proibida a cobrança pelo uso dos equipamentos colocados na faixa de areia e a reserva de espaço mediante exigência de pagamento, também é vedado a cobrança de consumação. O descumprimento ocasiona advertência formal ao estabelecimento infrator e a sua reincidência ocasionará a suspensão do serviço de atendimento de praia e a apreensão dos equipamentos. CONCLUSÕES O desenvolvimento do turismo pode colaborar para a conservação dos recursos naturais e culturais, desde que gerido com planejamento estratégico.Até mesmo a recuperação do ambiente pode ser impulsionada caso sejam adotadas medidas mitigadoras e regulatórias destinadas a esse fim. O turismo na região costeira promove à educação ambiental aplicada na vida, infiltrando a conscientização da preservação do meio as gerações futuras. O uso da faixa de areia em Itajaí é regulado pelos órgãos de fiscalização, contudo ainda há muitos problemas relacionados aos procedimentos pré-estabelecidos na IN. A questão do lixo é uma das mais preocupantes, pois há grande geração de plástico na faixa de areia. REFERÊNCIAS Reis, A.F. (2010) - Crescimento urbano-turístico, meio ambiente e urbanidade no litoral catarinense. [21p.], I Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível on-line em http://www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/18/18- 198-1-SP.pdf. Defeo, O., Vicent, P.; Acuña, A. (2008) – Zona Costera. In: D. Maetino & C. Villalba (coord.), GeoUruguay, 350p., CLAES / PNUMA / DINAMA, Montevidéu, Uruguai. Disponível on-line em http://www.ambiental.net/noticias/reportes/GeoUruguay20 08.pdf Luna, G.A.G. (2004) - O processo de urbanização em Itajaí nos anos 70. Revista Esboços (ISSN: 2175-7976), 11:127-133. UFSC, Florianópolis, SC, Brasil. Disponível on-line em https://periodicos. ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/474/9877. LUNA, (2016) Gloria Alejandra Guarnizo. “Não deixe o Canto do Morcego acabar”: embates entre preservacionistas e investidores na Praia Brava – Itajaí (SC). UFSC, Florianópolis, SC, Brasil. Disponível online em http://www.anpuh- sc.org.br/rev%20front%2024%20vers%20fin/f24-artrev1- gloria_luna.pdf. Ministério do turismo. 2010. Sol e Praia: orientações básicas. / Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação. – 2.ed – Brasília: Ministério do Turismo, 2010. MONTENEGRO, Gustavo Henrique Montenegro Moreira de Mello. Análise do modelo de desenvolvimento de Balneário – MDB: Praia Brava – Itajaí/SC. UNIVALI, 2011.
Compartilhar