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CONDUTOS LIVRES HIDRÁULICA Estácio FIB. Coordenação de Engenharia Civil Docente: Audenice Silva audenicesilva.silva@gmail.com CONTEÚDO 2.0 Análise de Condutos livres 2.1 Análise e Caracterização do escoamento em condutos livres 3.0 Bibliografia 2.0 Análise de Condutos Livres 2.1 Análise e caracterização do escoamento em conduto livre • Os condutos livres apresentam superfície livre onde atua a pressão atmosférica, enquanto que, nos condutos forçados, o fluído enche totalmente a seção e escoa com pressão diferente da atmosférica. • Os rios e ribeiras (pequenos cursos d’água) são os melhores exemplos de condutos livres; além destes, os canais de irrigação, os coletores de esgotos, os aquedutos, etc., funcionam também sob regime de escoamento livre. • Portanto, canais são todos os condutos que conduzem águas com uma superfície livre, com seção aberta ou fechada, e o escoamento se dá pela ação da força gravitacional. Classificação dos canais • De acordo com a forma geométrica da seção transversal: • Seções Prismáticas: possuem seção transversal e declividade de fundo constantes ao longo do comprimento - Seção retangular, Trapezoidal, Triangular, circular, etc. • Seções Não Prismática: Seções não uniformes - Canais naturais Dificuldades para o cálculo em canais • Apesar da hipotética semelhança nos escoamentos livres e sob pressão, os problemas apresentados pelos canais são mais difíceis de resolverem porque a superfície livre (SL) pode variar no espaço e no tempo e portanto variam também a profundidade de escoamento, a vazão, sendo a inclinação do fundo e a inclinação da superfície livre grandezas interdependentes. São de difícil obtenção os dados experimentais sobre condutos livres. Variação da velocidade • Nos canais, o atrito entre a superfície livre e o ar acentua as diferenças das velocidades nos diversos pontos da seção transversal. • As velocidades aumentam da margem para o centro e do fundo para a superfície. • A velocidade média pode ser estimada de três maneiras: sendo aproximadamente igual a 60% da profundidade (0,6y) - para profundidades pequenas, ou como sendo a média entre a velocidade a 20% e 80% ((0,2v + 0,8v)/2) ou ainda a média entre 20%, 60% e 80%, que é denominado do método de três pontos, sendo estas informações importantes para o uso do molinetes para a determinação da velocidade. Limites aconselháveis de Velocidades para Escoamentos Livres Declividade recomendas para taludes de Canais • Para obter estabilidade das paredes laterais dos canais não-revestidos, a declividade dos taludes deve ser determinada em função da estabilidade do material com o qual se construirá o canal. Na Tabela a seguir estão relacionadas as declividades de taludes mais usuais para canais não revestidos, de diversos materiais. Tipos de Escoamento Escoamento PERMANENTE (Numa Determinada Seção a Vazão Permanece CONSTANTE) A profundidade não muda com o tempo, porém pode mudar de um local para o outro. UNIFORME (Seção Uniforme, profundidade e velocidade Constantes ao longo do canal) VARIADO Gradualmente Variado Bruscamente Variado A seção e a velocidade média variam no espaço. NÃO PERMANENTE (Vazão VARIÁVEL) A seção e a velocidade média são variáveis no espaço e no tempo. O escoamento em condutos livres pode se realizar de várias maneiras: Exemplos de tipos de escoamento • Água escoando por um canal longo, de seção constante com carga constante: o escoamento é classificado como permanente e uniforme; • Água escoando por um canal de seção molhada constante, com carga crescente ou decrescente: o escoamento é classificado como não permanente e uniforme; • Água escoando por um canal de seção crescente com carga constante, o escoamento é classificado como permanente e não uniforme; • Água escoando através de um canal de mesma seção reta, com seção molhada constante, mesma declividade de fundo e mesma rugosidade das paredes, o escoamento é classificado como permanente e uniforme. Canais com estas características são chamados de canais prismáticos. MOVIMENTO UNIFORME • Em um canal de declividade constante, o movimento é uniforme quando a seção de escoamento é constante em forma e dimensões. De acordo com a equação da continuidade, Q = A1.V1 = A2.V2, para que a velocidade seja constante, a seção também deve ser, ou seja, a profundidade da água (Y) é constante e a superfície livre da água é paralela ao fundo. A linha piezométrica coincide com a superfície da água (Figura ao lado). Aplicando-se Bernoulli nos dois lados: 𝑧1 + 𝑦1 + 𝑣1 2 2𝑔 = 𝑧2 + 𝑦2 + 𝑣2 2 2𝑔 + ℎ𝑓 • No movimento uniforme V1= V2; A1= A2; 𝒚𝟏=𝒚𝟐; então: 𝑧1= 𝑧2+ℎ𝑓, 𝑜𝑛𝑑𝑒 ℎ𝑓 = 𝑧1 − 𝑧2; 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜: • A perda de carga unitária (m/m) J será, 𝑱 = 𝒉𝒇 𝑳 • No movimento uniforme, a perda de carga é igual à diferença de cotas da superfície, ou do fundo do canal, em razão do paralelismo existente. Elementos geométricos da seção transversal Seção ou área molhada (AM): seção transversal perpendicular à direção de escoamento que é ocupada pelo líquido. Perímetro molhado (PM): comprimento da linha de contorno relativo ao contato do líquido com o conduto. Largura superficial (B): Largura da superfície líquida em contato com a atmosfera. Profundidade (y): É a distância do ponto mais profundo da seção do canal e a linha da superfície livre. Raio Hidráulico (Rh): É a razão entre a área molhada e o perímetro molhado. 𝑅ℎ = 𝐴𝑀 𝑃𝑀 Profundidade hidráulica ou média (yh): Razão entre a área molhada (AM) e a largura da superfície livre(B). 𝑌ℎ = 𝐴𝑀 𝐵 Declividade de fundo (I): é dada pela tangente do ângulo de inclinação do fundo do canal. Declividade de superfície (J): é dada pela tangente do ângulo de inclinação da superfície livre da água. • Na prática considera-se y ≅ h devido o ângulo(𝜃) formado e definido pela declividade do fundo do canal com a superfície livre ser pequeno (𝜃 < 50). • E no regime de escoamento crítico y = yc (profundidade crítica). • A seguir apresenta-se algumas tabelas para as diversas seções transversais usuais Elementos geométricos da seção transversal Q = A x v No dimensionamento de um conduto circular com escoamento permanente, aceita-se como a máxima relação y/D o valor 0,80, ou seja não se deve aproveitar o acréscimo da capacidade de transporte que se verifica para a relação y/D até 0,94, pois a instabilidade da superfície pode afogar o escoamento diminuindo a capacidade de transporte. Z é o talude: tangente do ângulo (∝) de inclinação das paredes do canal. Azevedo Netto, 1998 Aplicação: Elementos geométricos da seção transversal 1. Determine os elementos geométricos da seção transversal abaixo com inclinação dos taludes 1:0,58. Gabarito: AM= 4,32m 2, PM=5,62m, Rh= 0,77m, B = 3,32m e yh = 1,3m OBS: O talude expressa a tangente do ângulo 𝛼 que a superfície inclinada forma com o horizonte. Energia Total na Seção Transversal de um Canal Formulação do escoamento em canais no MPU • A energia correspondente a uma seção transversal (HT) de um canal é dada pela soma de três cargas: Altimétrica, Piezométrica, e Cinética. ➢𝐻𝑇 = 𝑍 + 𝑦 +∝ 𝑣2 2𝑔 ➢𝐻𝑇 = 𝑍 + 𝑦 + 𝑣2 2𝑔 Na prática adota-se o valor ∝=1, com aproximação razoável, resultando : (z + y) define a linha piezométrica, quando coincide com a superfície livre denomina-se gradiente hidráulico: I = m/m A perda de carga entre duas secções (1) e (2) é dada por I ou ∆H. • A energia específica (He) representa a energia medida a partir do fundo do canal para uma dada vazão (Q). Energia ou Carga específica (He) Energia Específica 𝐻𝑒 = 𝑦 + 𝑣2 2𝑔 , 𝑐𝑜𝑚𝑜: 𝑣 = 𝑄 𝐴 , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜: 𝑣2 = 𝑄2 𝐴2 , 𝑙𝑜𝑔𝑜: 𝐻𝑒 = 𝑦 + 𝑄2 2𝑔𝐴2 Energia Potencial Energia Cinética OBSERVAÇÃO • Nos canais relativamente curtos não podem prevalecer as condições de uniformidade, devido nas extremidades dos canais a profundidade e a velocidade variarem. • Em coletores de esgotos, concebidos como canaisde escoamento uniforme, ocorrem condições de remanso e ressaltos de água onde o movimento se afasta da uniformidade. • Nos canais com escoamento uniforme o regime poderá se alterar, passando a variado em consequência de mudanças de declividade, variação de seção e presença de obstáculos. Azevedo Netto, 1998 • A caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia é efetuada através de um número adimensional denominado Número de Froude (Fr). Esse número é estimado pela seguinte equação: 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔𝑦ℎ 𝑜𝑛𝑑𝑒: • 𝑣 = a velocidade de escoamento (m/s); • 𝑔 = a aceleração da gravidade (m/s2); • 𝑦ℎ = a profundidade hidráulica 𝑦ℎ = 𝐴 𝐵 (m). Para Fr = 1 ➔O regime de escoamento é crítico Para Fr < 1 ➔ O regime é lento ou subcrítico Para Fr > 1 ➔ O regime é rápido ou supercrítico ou torrencial Caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia Caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔.𝐿 , para a dimensão característica da seção 𝐿 = 𝑦𝑚, obtém: 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔. 𝑦𝑚 Sabendo-se que 𝑦𝑚 = 𝐴𝑚 𝐵 e v = 𝑄 𝐴 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔. 𝑦𝑚 ∴ 𝑄 𝐴𝑚 𝑔. 𝑦𝑚 ∴ 𝐹𝑟 = 𝑄2 × 𝐵 𝑔 × 𝐴3 Caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia • Escoamento critico • Uma maneira básica de se calcular a altura critica em um conduto livre. É o cálculo direto baseado no número de Froude igual a 1, que é o mais preciso. • Para Fr = 1 a velocidade média crítica será: 𝐹𝑟 = 𝑣 𝑔. 𝑦𝑚 ∴ 1 = 𝑣𝑐 𝑔. 𝑦𝑚 ∴ 𝑣𝑐 = 𝑔. 𝑦𝑚 Como a 𝑣𝑐 2 = 𝑔. 𝑦𝑚; 𝑣𝑐 = 𝑄𝑐 𝐴 e 𝑦𝑚 = 𝐴𝑀 𝐵 Então, a vazão crítica: 𝑄𝑐 2 𝐴2 = 𝑔 𝐴 𝐵 ∴ 𝑄𝑐 2. 𝐵 = 𝑔. 𝐴3, 𝑙𝑜𝑔𝑜: 𝑄𝑐 2 = 𝑔 × 𝐴3 𝐵 ∴ 𝑄𝐶 = 𝑔 × 𝐴3 𝐵 Caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia Sendo a vazão constante e a área da seção em função da profundidade, A = f(y), a energia específica (He) dependerá apenas de y, logo: 𝐻𝑒 = 𝑦 + 𝑄2 2𝑔 𝑓 𝑦 2 Esta expressão permite estudar a variação da energia específica em função da profundidade para uma vazão constante. • Desta forma, estudando a variação de energia específica, em função da profundidade, resultará num gráfico típico, conforme a seguir: ∴ 𝑄𝐶 = 𝑔 × 𝐴3 𝐵 Caracterização dos regimes de escoamento quanto a energia a) A partir do gráfico verifica-se que o valor mínimo da energia específica 𝑦 + 𝑣2 2𝑔 ocorre no ponto C, que corresponde ao valor da profundidade crítica (yc). A profundidade crítica é aquela para qual ocorre a maior vazão quando se tem uma carga específica estabelecida (neste caso o Número de Froude é igual a 1). Num canal retangular a 𝒚𝒄 ≅ 𝟎, 𝟒𝟕𝑸 𝟐/𝟑 b) Para dado valor E > Ec da energia específica, existem dois valores de profundidade yfluvial e ytorrencial. ∴ 𝑄𝐶 = 𝑔 × 𝐴3 𝐵 yf > yc Reg. Fluvial ou Subcrítico, que tem como características: Baixas vel. “v” Altas prof. “y” yt < yc Reg. Torrencial ou Supercrítico, que tem como características: Altas vel. “v” Baixas prof. “y” Y = yc Regime Crítico Perfil longitudinal para um escoamento subcrítico (yn > yc). Perfil longitudinal para um escoamento supercrítico (yn < yc). Perfil longitudinal para um escoamento crítico (yn = yc). Regimes de Escoamento segundo Reynolds • Número de Reynolds – Re • Considerando-se o comprimento (L) a dimensão típica linear, a equação: Viscosidade cinemática: νH2O = 0,000001 m2/s ou 1.10-6 m2/s (T = 200C) • Para o Diâmetro (D) como dimensão típica linear, a equação: • Para as seções não circulares a dimensão típica linear DH = 4RH , a equação: • Tratando-se de canais ou condutos livres, H como termo linear, a equação: Neste caso, o valor crítico inferior de Re é, aproximadamente 500. Lv Re = vD Re = H e Rv R 4 = Hv Re = Classificando-se os escoamentos em: Re ≤ 2000 - escoamento laminar; 2000 < Re < 4000 - escoamento de transição/crítica; Re > 4000 escoamento turbulento. Conduto Livre Re < 500 500 < Re< 1000 Re > 1000 PRÓXIMA AULA 25-09-2020 • Medição e controle de vazão em condutos livres: • Determinação da vazão em diferentes tipos de vertedores. • Aplicação das fórmulas práticas em vertedores; • Exercícios 1. AZEVEDO NETTO, J. M.; ARAÚJO, R. Manual de hidráulica. 8a ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1998. 669 p. 2. BAPTISTA, M. C.; COELHO, M. Fundamentos de Engenharia hidráulica. Belo Horizonte: UFMG, 2003. 437 p. 3. Nascimento, G. Nota de aula: Escoamento em canais. UFF. pdf. 4. NEVES, E. T. Curso de Hidráulica. 2a ed. Editora Globo, Porto Alegre, RS. 1974. 578 p. 5. PORTO, R. de M. “Hidráulica Básica”. EESC-USP, SP, 1998. ... 1. 2. 4. 5. 2. Bibliografia CONSIDERAÇÕES FINAIS OBRIGADA!! Audenicesilva.silva@gmail.com “Se tens de lidar com água, consulta primeiro a experiência, e depois a razão.” Leonardo da Vinci (1452-1519)
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