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Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (CEAJud) Curso Gestão da Qualidade – Módulo Básico Antônio Nunes Pereira Brasília, 2015 O c i c l o P D C A , c i c l o d e S h e w h a r t o u c i c l o d e D e m i n g , é u m c i c l o d e d e s e n v o l v i O P D C A f o i i n t r o d u z i d o n o J a p ã o a p ó s a g u e r r a , i d e a l i z a d o p o r S h e w h a r t e d i O P D C A é a p l i c a d o p a r a s e a t i n g i r r e s u l t a d o s d e n t r o d e u m s i s t e m a d e g e s t ã o O c i c l o c o m e ç a p e l o p l a n e j a m e n t o , e m s e g u i d a a a ç ã o o u c o n j u n t o d e a ç õ e s p l O s p a s s o s s ã o o s s e g u i n t e s : P l a n ( p l a n e j a m e n t o ) : e s t a b e l e c e r u m a m e t a o u i d e n t i f i c a r o p r o b l e m a ( u m D o ( e x e c u ç ã o ) : r e a l i z a r , e x e c u t a r a s a t i v i d a d e s c o n f o r m e o p l a n o d e a ç ã o C h e c k ( v e r i f i c a ç ã o ) : m o n i t o r a r e a v a l i a r p e r i o d i c a m e n t e o s r e s u l t a d o s A c t ( a ç ã o ) : A g i r d e a c o r d o c o m o a v a l i a d o e d e a c o r d o c o m o s r e l a t ó r i o s , e v e 1 SUMÁRIO Apresentação do Curso ......................................................................................................................... 2 1. Módulo I: Qualidade Total no Contexto do Pensamento Sistêmico ............................................. 4 1.1 Introdução.................................................................................................................................... 4 1.2 Objetivos ...................................................................................................................................... 6 1.3 Desenvolvimento .......................................................................................................................... 6 1.3.1 Uma breve história da qualidade nas organizações ......................................................... 6 1.3.2 Introdução ao pensamento sistêmico ............................................................................... 11 1.3.3 O Pioneiro Juran e sua Trilogia: Planejamento, Controle e Melhoria da Qualidade 14 1.3.4 Programa 5 S ..................................................................................................................... 17 1.3.6 Considerações finais .......................................................................................................... 20 1.4 Atividade Final da Unidade...................................................................................................... 21 1.5 Referências ................................................................................................................................. 22 1.6 Resumo do Módulo I ................................................................................................................. 23 2 Apresentação do Curso Seja bem-vindo(a) ao Curso Gestão da Qualidade Total – Módulo Básico. Para nós servidores, coordenadores pedagógicos, conteudistas, tutores e designers instrucionais é uma honra buscar fomentar a gestão do conhecimento na Justiça Brasileira. Gostaríamos de pedir licença ao Colaborador Aluno para criarmos uma atmosfera direta e objetiva para realização de nosso curso. Como teremos uma jornada de 30 horas pela frente, optamos pela utilização da 1ªpessoa do singular e do plural. Ademais, foram abordados não apenas aspectos do conteúdo do curso, mas procuramos, na medida do possível, extrapolá-los para situações do cotidiano dentro e fora da Justiça. Ainda cabe ressaltar que utilizamos de forma intercambiável cliente e jurisdicionado. Precisaremos utilizar moderadamente jargões em inglês ou até em japonês por força do hábito dos trabalhadores que lidam com os termos da qualidade total. Buscamos, no desenvolvimento de nosso trabalho, referências mais recentes e clássicos da qualidade em variados campos do conhecimento: direito, gestão da produção, finanças, comportamento organizacional, dentre outras que se mostram integradas no cotidiano dos tribunais. O curso foi dividido em 4 (quatro) módulos que se mostram integrados, sendo importante a realização na sequência proposta. O primeiro módulo trata de uma introdução conceitual à qualidade com destaque para as contribuições advindas do Pioneiro Juran e do Programa “5 S”. O Módulo II contemplou uma abordagem da qualidade que a vincula às especificações, sendo destacada a contribuição de Crosby a qual está alinhada às práticas de prêmios e normas de qualidade. O módulo seguinte trata da qualidade total como uma abordagem gerencial com ênfase no ciclo PDCA de Deming. 3 O último módulo contemplará ferramentas cujo uso foi intensificado na indústria japonesa e que, acreditamos, podem ser adaptadas. Assim, registramos nosso desejo e mensagem para que aproveitem o curso. Não deixem de avaliar essa iniciativa. Sua opinião, seu feedback, serão francamente bem recebidos e serão necessários para que melhoremos nossos conteúdos, objetivos e atividades em geral. Nessa fase já estamos confiantes para pedir uma última licença em chamá-lo de Colaborador(a) da Justiça, ou simplesmente Colaborador. Tal vocativo se mostra oportuno, pois, honestamente, vislumbramos essa capacitação como alinhada aos conceitos da qualidade total. Em hora boa, tenham um bom curso introdutório de gestão da qualidade total! 4 1. Módulo I: Qualidade Total no Contexto do Pensamento Sistêmico 1.1 Introdução Prezado Colaborador, Iniciaremos o Módulo de Qualidade Total. Trataremos do conceito de um dos pensadores e da aplicação de um dos mais famosos programas de qualidade. Será fácil perceber por que as organizações públicas e privadas acabaram por trilhar o caminhoda excelência no oferecimento de seus produtos e serviços. É oportuno antecipar que a qualidade permeia nossas vidas. Em âmbito particular, o cidadão é sensível a um serviço público bom, assim como possui um grau de satisfação com determinados produtos, a exemplo de computadores, veículos, planos de saúde. Nesse Módulo I o conceito da qualidade é explorado a partir da visão do cliente. As organizações brasileiras de natureza pública ou privada precisam incorporar, ainda que parcialmente, os conceitos de qualidade total que podem implicar melhoria da qualidade de vida, relacionamento com o trabalho e maior produtividade. A princípio, marque abaixo seu grau de familiaridade com os termos. Registre ao final do capítulo para avaliar sua evolução. Assim, julgue próximo a 10 (conhecimento e familiaridade elevados) e próximo a 0 ou 1 (conhecimento e familiaridade reduzidos). Termo <= Pouco Conheço Muito=> Conceito de Qualidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pensamento Sistêmico 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Juran 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Programa 5 S 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Seiton 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Custos das falhas internas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Iniciativas da Qualidade na Justiça Brasileira 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5 Após análise prévia, recomendamos que realize a leitura do Módulo I, destacando aspectos relevantes e que considere de maior complexidade. Procure compartilhar suas dúvidas nos fóruns abertos especialmente para cada módulo. Questione! Proponha! Ao final do capítulo existe uma atividade, Questionário I, para fixar o conteúdo. Aproveite e mãos à obra. 6 1.2 Objetivos No Módulo 1 trataremos de conceitos gerais sobre qualidade e alguns exemplos aplicados no Poder Judiciário. Ao final deste módulo você será capaz de: a) explicitar conceitos da qualidade no contexto atual das organizações públicas e privadas; b) distinguir as 4 (quatro) principais Eras da Qualidade; c) identificar o pensamento sistêmico nas organizações e analisar sua relação com o Poder Judiciário; d) estudar a Trilogia de Juran e o Programa 5 S. 1.3 Desenvolvimento 1.3.1 Uma breve história da qualidade nas organizações Atualmente a qualidade vive o momento de integração de sistemas. Na perspectiva de Carvalho (2012) percebe-se que a qualidade passou por 4 (quatro) momentos: Inspeção Controle Gestão (garantia da qualidade) Gestão da qualidade (integração de sistemas). No decorrer deste módulo faremos uma breve exploração de conceitos com objetivo de traçar uma linha histórica da qualidade. 1.3.1.1 – Era da Inspeção Nessa primeira jornada, Palmer (1974) explica que em um estágio anterior à Revolução Industrial ocorria uma espécie de produção artesanal e mais anteriormente uma produção de subsistência. 7 O homem primitivo de Palmer era tanto produtor quanto consumidor. Ocorre que em um estágio de evolução da sociedade, os produtores e consumidores se separam e com a chegada da Revolução Industrial entre o produtor e o consumidor, surge a figura do intermediário ou comerciante. Até esse estágio o controle de qualidade é limitado pela baixa complexidade das operações. Entretanto, com o avançar da Revolução Industrial nas fábricas e nas organizações em geral, foi possível observar uma complexidade das atividades que implicou na utilização de indivíduos responsáveis exclusivamente pela inspeção. Por volta dos anos 1930 é, então, iniciada a primeira Era da Qualidade (Era da Inspeção). A atividade dos inspetores se restringia à identificação e quantificação dos produtos defeituosos, que, muitas vezes, resultavam em medidas punitivas. Os fabricantes removiam as peças defeituosas sem que fosse feito um estudo prévio sobre as causas. Essa abordagem prevaleceu por muitos anos, durante os quais a Qualidade era obtida por meio de inspeção, controle e separação dos "bons" e dos "maus" produtos. Aos inspetores cabia a tarefa de identificação e quantificação das peças defeituosas; estas eram removidas e trocadas sem que se fizesse uma avaliação das causas reais do problema para prevenir sua repetição. O objetivo principal era obter Qualidade uniforme em todos os produtos. Ênfase à conformidade. 1.3.1.2 – Era do Controle Na década de 30 do século passado, Walter A. Shewhart criou poderosas técnicas de acompanhamento e avaliação da produção diária. A melhoria da qualidade visou padronização e uniformidade com a utilização da estatística. Esse autor além de propor difundir os conceitos de estatística em um gráfico de fácil uso, gráfico de controle, propôs o ciclo PDCA (plan-do- check-act), popularizado pelo seu discípulo Deming (CARVALHO, 2012). A Era do Controle Estatístico de Qualidade (CEQ) passou a intensificar o uso de ferramentas estatísticas para realizar o controle de qualidade em um contexto de grande aumento de produção. Posteriormente, precisamente no Módulo III do presente curso, voltaremos a diversos gráficos, a exemplo do gráfico de controle, que são potencialmente aplicáveis na Justiça Brasileira. 8 1.3.1.3 – Era da Garantia da Qualidade Por volta dos anos 1960, foi criada mais uma ferramenta para a prevenção de técnicas de qualidade, porém desta vez com enfoque gerencial. Inicia-se, então, uma nova filosofia: a Garantia da Qualidade ou Controle de Qualidade Total. Como consequência, a qualidade passou a ser encarada como fruto de trabalho participativo de toda a empresa, que buscava resultados (CARVALHO, 2012), (CARPENETTI, 2010). A partir desse momento, a qualidade passou a estar associada à ideia de construção e responsabilidade de todos. A ênfase total desloca-se para o "Sistema da Qualidade". Ou seja, a qualidade não diz respeito apenas ao produto ou serviço e nem é uma responsabilidade apenas do departamento de qualidade. Ela passa a ter uma visão sistêmica. 1.3.1.4 – Era da Gestão da Qualidade Esta era teve início a partir da invasão no mercado americano dos produtos japoneses de alta qualidade no final da década de 1970. A Era da Gestão da Qualidade Total ou Gestão está em curso até hoje, contudo sofreu uma alteração para Gestão Estratégica da Qualidade, a qual se posiciona dentro dos enfoques da moderna Gestão Estratégica (CAREPINETTI, 2010). Com o avanço das certificações de sistemas, principalmente as da série ISO, as organizações buscam integrar e se adequarem a cada uma destas normas. As normas de certificações mais conhecidas são: ISO 9001 para gestão da qualidade, ISO 14001 para sistema de gestão ambiental, ISO 27001 que se refere a Sistema de Gestão de Segurança, ISO 16001 de Responsabilidade Social. As organizações atuais devem, no contexto da mudança social e tecnológica, optar por uma modelagem mais flexível e inovadora. Tal perspectiva leva à organização em rede. Castells (1999, p. 221) ao caracterizar a empresa horizontal parece dar pistas de uma Justiça mais flexível para ter capacidade de resposta a um mundo de demandas mais complexas. Veja: A principal mudança pode ser caracterizada como a mudança de burocracias verticais para a empresa horizontal. A empresa horizontal parece apresentar sete tendências: organização em torno do processo, não da tarefa, hierarquia horizontal; gerenciamento em equipe; medida do desempenho pela satisfação do cliente; recompensa com base 9 no desempenho da equipe; maximização dos contatos com fornecedores e clientes; informação, treinamento e retreinamento de funcionários em todos os níveis [...].Outro aspecto inerente à última fase da qualidade, caracterizada como integração de sistemas de informática, é a sua forte relação com a sustentabilidade. Produzir com qualidade possui uma acepção mais robusta, sendo que os objetivos ambientais, sociais e econômicos foram incorporados na Gestão da Qualidade Total (CARVALHO, 2012). Nesse aspecto, cumpre a Campos introduzir (2014 aspectos da qualidade para verificar a atualidade e relevância do tópico: 1) Qualidade é uma questão de vida ou morte. A organização só sobreviverá se for a melhor no seu negócio. 2) Qualidade é mudança cultural. É preciso que as pessoas sintam a ameaça de morte da instituição, ainda que ela possa estar em um horizonte de 5 a 10 anos. 3) Qualidade é mudança cultural. É preciso tempo para conduzir mudanças (5 a 10 anos). 4) Qualidade é mudança cultural. É preciso liderança para conduzir mudança. Se você não estiver disponível para isso, não inicie o programa. 5) Você está pensando em qualidade para melhorar seus resultados. Acompanhe esses resultados mensalmente por meio de gráficos mostrados a todos. É necessário um placar para se certificar que você está ou não ganhando o jogo. 6) Todos devem estar envolvidos. TODOS. Para isso, é necessário emoção. Reveja suas políticas de recursos humanos e proponha uma visão de futuro compartilhada por todos. Estamos todos no mesmo barco e temos que sobreviver. Nesse estágio é necessário introduzir o Gespública, iniciativa real de qualidade que passou a ser implementada no Brasil. A Administração Pública, por meio da Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, criou o Gespública. Modelo que objetiva o fortalecimento da gestão pública com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. De uma maneira mais contextualizada, porém com os mesmos objetivos, o Poder Judiciário passou a adotar um novo modelo de gestão que foi desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O modelo de qualidade do Poder Judiciário pode ser resgatado nas Resoluções CNJ 198/2014 e 70/2009. Os tribunais, recentemente, passaram a ter uma referência 10 para adotar ações voltadas à melhoria dos elementos: prestação jurisdicional, qualidade dos serviços entregues ao jurisdicionados e, portanto, resultados institucionais. 11 1.3.1.5 – Quadro Resumo sobre as eras da qualidade Segue abaixo quadro resumo das principais características e diferenças entre as Eras da Qualidade. Era da Qualidade Interesse principal Métodos Quem é o responsável pela qualidade Inspeção Verificação Inspeção, medição Departamento da inspeção Controle Estatístico do Processo Controle Ferramentas e técnicas estatísticas Departamentos de fabricação e engenharia Garantia da Qualidade Coordenação Programas e sistemas Todos os departamentos, com a administração se envolvendo superficialmente no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade. Gestão da Qualidade Impacto estratégico Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e mobilização da organização. Todos na organização, com a alta administração exercendo liderança Quadro 1: Síntese das Eras da Qualidade Fonte: Adaptado de Carvalho (2012). 1.3.2 Introdução ao pensamento sistêmico O pensamento sistêmico pressupõe a ruptura do pensamento centrado na organização. As organizações que possuem essa diretriz encontram-se em uma perspectiva ecológica, parafraseando Capra (2006, p. 47): [...] o pensamento sistêmico é o pensamento “contextual”, e, uma vez que explicar coisas considerando o seu contexto significa explica-las considerando o seu meio ambiente, também pode-se dizer que todo pensamento sistêmico é pensamento ambientalista. Buscando uma relação com a produtividade de uma Vara do Trabalho, por exemplo, é possível que a mesma varie em função da dinâmica econômica da cidade, bem como que a natureza dos negócios impacte nos tipos de decisões, no perfil das demandas e até no montante reclamado em uma cidade com economia mais diversificada. Assim, para o pensamento sistêmico, o contexto importa. Atuam sistemicamente quando são focalizados problemas do entorno da organização. Precisamos aprofundar um pouco mais sobre o pensamento sistêmico. Scholtes (1999) apresenta termos relacionados à visão sistêmica: 12 Pensamento Sistêmico: reflexo geral ou hábito de conceber a realidade em termos de interdependência, interações e sequências. É uma forma de pensamento macro máximo e no nível micro mínimo. Sistema: refere-se à interações e interdependências em grande escala. Processos: referem-se aos componentes do sistema. Os processos têm propósitos e funções próprios, mas não podem realizar o propósito de um sistema. Métodos: referem-se aos componentes do processo que têm propósito e função próprios, mas o seu valor somente é visto por meio de sua interação com outros métodos que formam um processo. Passos: referem-se aos componentes de um método. Ocorrência em uma sequência que interage com outros passos para servir ao propósito do método. Outros conceitos também importantes, agora obtidos de Bernardi (2003) são: Paradigma – modelos, protótipos ou padrões, leis, teorias aceitas; Holismo – conjunto, todo, que não é mera soma das partes, em que regulação e síntese se fazem presentes; Sistema – todo dinâmico, cujas partes estão inter-relacionadas e interdependentes. No contexto do pensamento sistêmico um tópico recorrente é a produtividade. Mas o que seria? Aumentar a produtividade é produzir cada vez mais, ou melhor, com cada vez menos. Pode-se, pois, representar a produtividade como o quociente entre o que a empresa produz (Output) e o que ela consome (Input): Produtividade = Output/Input As organizações (ou sistemas) produzem produtos/serviços (Output) para atender as necessidades dos clientes (“o cliente é o rei”). Esses produtos/serviços devem ser especificados, projetados e produzidos de forma a ter VALOR, ou seja, ser necessários, desejados e ambicionados pelos clientes. Transportando o modelo de Sistemas para a Justiça Brasileira, pode-se perceber que há uma compatibilidade entre a figura abordagem de sistemas e a entrega prestação jurisdicional. Existirão os componentes hardware, software e peopleware. Em uma abordagem muito próxima a Campos (2014), Scholtes (1999) apresenta o SIPOC como o sistema de 13 produção que é formado a partir de um determinado propósito da instituição e pode receber um monitoramento para ver se tudo está de acordo com o proposto (feedback). Sistemas (Organização humana) Figura 1: Estrutura de Sistemas Adaptado de Campos (2014) O Quadro 2 ilustra uma abordagem sistêmica simplificada da Justiça Brasileira. Em uma linguagem mais próxima à gestão de operações, é no Gemba, que é uma palavra japonesa que podemos associar ao "local onde o trabalho é realizado" ou ao “lugar onde há agregação de valor” ou, ainda, à área na qual ocorre a produção. Como seria caracterizado o Gemba da Justiça Brasileira? Vamos associar nosso dia a dia com a descrição do SIPOC abaixo: Elemento Exemplo Supplier (fornecedor) Empresa fornecedora de cartuchos e toners, peritos Input (entrada) Petição inicial Processes (processos) Preparação da Sentença Output (saída) Sentença Customers (clientes) Jurisdicionados, Reclamante, Reclamada, Advogados, Sociedade em geral Quadro 2: Caracterizando o SIPOC na JustiçaBrasileira Fonte: Adaptado de Scholtes (1999) Pensar sistemicamente a Justiça é perceber as peculiaridades do entorno, do elemento humano, não deixando de focar o jurisdicionado como cliente. Se a produtividade não está Materiais Energia Informação Cliente Hardware Equipamentos e materiais Peopleware Elemento Humano Software Procedimentos Produto /serviço Valor ou qualidade Output (Saídas) Insumos Input (Entradas) 14 adequada é necessário intervir no sistema. Como intervir? Um caminho possível é a utilização da abordagem holística/sistêmica. Em 2004, foi lançado o primeiro Diagnóstico do Poder Judiciário que sintetizou dados estatísticos da Justiça no Brasil. Esse diagnóstico é publicado anualmente pelo CNJ e recebe o nome de Relatório Justiça em Números (procure visitá-lo regularmente, pois ele é relevante para nossos trabalhos). Seguem dados do relatório: a) em média, os juízes julgaram, em 2003, 1.104 processos, ou seja, aproximadamente 92 processos por mês, ou 4,6 por dia útil. b) a produtividade mais alta foi registrada no Supremo Tribunal Federal, com 8,9 vezes superior à média nacional. c) os Tribunais de Justiça tiveram o pior desempenho que os correspondentes de 1ª Instância. No que se refere à produtividade, analise os dados apresentados, reflita sobre aspectos que melhoraram, pioraram ou permanecem como há 10 anos. Exponha no Fórum suas observações e procure responder: “Passados 10 anos, a produtividade ainda é um problema para a Justiça Brasileira? Em sua opinião o que pode explicar esse quadro?” Paisagem essa que tem relação com a gestão de qualidade e a definição de objetivos. 1.3.3 O Pioneiro Juran e sua Trilogia: Planejamento, Controle e Melhoria da Qualidade Vamos, a partir de Correa e Correa (2007), conhecer um pouco da vida e da contribuição de um pioneiro da qualidade: Juran. Natural da Romênia, emigrou para os Estados Unidos em 1912 e, em 1924, formou-se em engenharia. Com a publicação, em 1951, de seu livro Quality control handbook (Manual do controle de qualidade), tornou-se uma personalidade mundial. Trabalhou no Japão no período pós-guerra (a partir de 1954). 15 Juran adota 2 (duas) dimensões para seu conceito de qualidade: 1. Qualidade são aquelas características dos produtos que atendem às necessidades dos clientes e, portanto, promovem a satisfação com o produto. 2. Qualidade consiste na ausência de deficiências. Do conceito apresentado cabe destacar 2 (dois) termos relacionados: deficiências e melhoria contínua. As deficiências podem resultar de eventos como atraso na entrega, falhas no campo, erros de faturamento, refugos, retrabalhos ou mudanças de projetos (desvios). Ao reduzirmos as deficiências estamos em busca da melhoria contínua (kaizen), que é filosofia de buscar melhorias constantemente nos processos por meio dos esforços da equipe. O conceito da Sociedade Americana para a Qualidade possui uma similaridade com a proposta de Juran, provando seu impacto social: “O conjunto de elementos e características de um produto ou serviço que sustentam sua capacidade de atender as necessidades explícitas e implícitas”. Figura 2: Planejamento para a qualidade – obra de Juran A qualidade para as organizações públicas e privadas pode gerar diversas implicações positivas, das quais se destacam a melhoria na reputação e produtividadee os menores custos de retrabalho e sucata. Assim, fica evidente de que o passo inicial para se aferir a qualidade na concepção de Juran é descobrir como os clientes avaliam a qualidade, ou seja, quais características de produtos eles consideram como mais importantes. Juran (1990), então, pontua outros termos para que compreendamos qualidade: 16 a) Produto: não se limita a bens e serviços, contempla também a saída de processos administrativos como relatórios, planos, instruções, conselhos e ordens. b) Serviço: é o trabalho desempenhado para outra pessoa. Existem organizações que somente prestam serviços e existem pessoas que prestam serviços dentro da empresa. c) Cliente: é todo aquele que recebe ou é afetado pelo produto ou serviço, e se divide em externos e internos. Atinge-se a satisfação quando o produto responde às necessidades do cliente. Em sua visão todos os processos da empresa necessitam de planejamento para qualidade, pois estão relacionados e influem no produto final (mercadoria ou serviço). Vimos, então, que o conceito e o planejamento de Juran para qualidade foca sempre a satisfação e as necessidades do cliente, não apenas na produção, mas em todos os processos da empresa, visto que todos têm influência sobre o produto final, estando relacionados. Analisando sua visão sobre qualidade, Juran classifica como produto não apenas os bens e serviços, mas qualquer processo, os clientes são tanto os internos como os externos, que sejam afetados pelo processo ou produto, que deve ser adequado para satisfazer o cliente. Correa e Correa (2007) apresentam uma síntese didática da Trilogia de Juran. O planejamento da qualidade é, portanto, o processo de estabelecer os objetivos para a qualidade, bem como os planos para atingir esses objetivos. Sendo eles: Processos Métodos Planejamento da qualidade – atividade de desenvolver os produtos e processos para que atendam as necessidades do cliente. - Desenvolver as características de produtos que atendam às necessidades. - Desenvolver processos que atendam às características dos produtos. - Transferir os planos resultantes às forças operacionais Controle da qualidade - Avaliar o desempenho da qualidade real. - Comparar o desempenho real com as metas de qualidade. - Atuar nas diferenças. Melhoramento da qualidade – esse processo é a maneira de se elevar o desempenho da qualidade a níveis inéditos. - Estabelecer infraestrutura necessária para assegurar um melhoramento da qualidade anual. - Identificar as necessidades específicas para o melhoramento. - Para cada projeto de melhoramento estabelecer uma equipe, com finalidade de fazer com que seja bem sucedido. - Fornecer recursos, motivação e treinamento necessários às equipes para diagnosticar as causas, estimular uma solução e estabelecer controles para manter os ganhos. Quadro 3: Trilogia de Juran Fonte: Adaptado de Juran (1997). A implantação de um programa de qualidade demanda planejamento, controle e melhoria da tríade de Juran. Se pensarmos na Justiça do Brasil é possível que se tenha dificuldade de como iniciar o processo. Por meio do pensador não há dúvida: com 17 planejamento. Mas como os Colaboradores da Justiça poderiam começar? Da prática, vamos resgatar uma iniciativa bem sucedida que demandou envolvimento da liderança maior da organização e dos demais colaboradores. 1.3.4 Programa 5 S Imagine a seguinte convocação de um Presidente de um dos trribunais brasileiros: Mensagem do Presidente Qualidade*. Prezado Colaborador, tenho o prazer de convidá-lo a participar do Dia D – lançamento do Programa 5S, que ocorrerá no dia 10 de março, quando todos os setores do Tribunal e das Seções Judiciárias de Estado 1 e Estado 2 iniciarão a prática dos Sensos de Utilização, Ordenação e Limpeza. Nesse dia procederemos ao descarte de material de consumo e permanente e, para que isso ocorra, serão disponibilizadas áreas de descarte nos edifícios da Justiça Nacional da 25ª Região.As áreas administrativas de cada edifício orientarão os procedimentos que nortearão os trabalhos do Dia D. Solicito, nesse dia, a utilização de camisetas e do boné relativos ao Programa 5S e o registro por meio de fotos e filmagens. Certo de que será o primeiro passo rumo ao sucesso do Programa 5S, conto com a sua participação efetiva para que possamos atingir mais essa meta. Joaquim Pereira, Presidente Qualidade. Figura 3: O Chamado da Qualidade Adaptado de Dias (2004) com alteração e omissão de nomes e locais O chamado da qualidade da Figura 3 soaria incomum? Será que todos os Colaboradores do referido Tribunal engajariam nesse programa? E se o ocorrido envolvesse sua instituição? Aconteceria? Inicialmente vamos conhecer o Programa 5 S em função de seus componentes. Segundo Pereira (1996) o Cinco S trata-se de uma filosofia japonesa que enfatiza o conceito de manter o local de trabalho organizado para alcançar eficiência, melhores condições de trabalho, eliminação de desperdícios e gerar maior segurança, qualidade e produtividade. Os Cinco S foram originalmente criados no Japão, em maio de 1950, pelo Centro de Educação para a Qualidade, liderado pelo Dr. Kaoru Ishikawa e seus colegas. Os Cinco S derivam da palavra latina SEI (senso em português) combinadas com palavras japonesas. Para melhor visualização preparamos um quadro de referência. 18 Senso Manifestação Seiri – senso de utilização ou descarte Ocorre quando todos os funcionários são estimulados a identificar e manter a guarda em seu local de trabalho dos itens, dos equipamentos, das ações e das informações realmente úteis ao seu serviço, eliminando todos aqueles desnecessários ou desatualizados. Seiton – senso de ordenação Determina um lugar para cada item e cada item em seu lugar, incluindo padronização de nomenclaturas, evitando mais de uma interpretação para um mesmo item, facilitando a locação e uso a qualquer momento. Seiso – senso de limpeza Limpar e conservar o ambiente de trabalho, incluindo não manter estoques desnecessários. Eliminar pó e sujeira. Seiketsu – Senso de higiene Manter a nova ordem estabelecida. Agir consistente e repetidamente visando à arrumação, ordenação, limpeza e manutenção de boas condições sanitárias e sem qualquer poluição. Shitsuke – senso de disciplina Hábito para o cumprimento dos procedimentos determinados pela organização e pelo cliente. Quadro 4: Os Cinco S – Uma Síntese Adaptado de Prazeres (1996). De volta ao contexto da Justiça Brasileira, o anúncio trazido acima foi obtido de um caso real de um Tribunal Federal. Dias (2004) ressalta que a intempestividade da tutela jurisdicional constitui traço de sua falta de qualidade, o que reclama pronta atuação de quem exerce autoridade delegada pela sociedade para a administração da justiça. Em seu período de juiz estadual, Joaquim Pereira assumia comarcas desorganizadas e executava melhorias. Depois, quando era remanejado, as melhorias se diluíam e o sistema ficava pior do que antes. Essa avaliação lhe deu a convicção de que a melhoria dos sistemas no Judiciário só seria irreversível se definissem padrões e procedimentos. Afinal de contas, o que será o 5 S e qual o final dessa história? Na prática o Cinco S no Tribunal da Qualidade foi um sucesso. O resultado foi uma redução do tempo de duração no prazo do processo com um aumento da produtividade. O impacto do benefício foi mensurado, conformeTabela 1. Tabela 1: O Impacto do Programa 5 S nos Prazos Processuais Elemento Antes Depois Variação/Ganho Processos findos duração média em dias 339,33 187,75 151,58 Processos decididos em até 3 meses 24,68% 30,68% 6,00% Processos decididos de 3 a 6 meses 24,36% 29,33% 4,97% Processos decididos de 6 a 9 meses 13,53% 19,22% 5,69% Processos decididos de 9 a 12 meses 9,15% 10,87% 1,72% Processos decididos de 12 a 18 meses 10,21% 6,05% -4,16% 19 Processos decididos de 18 a 24 meses 5,26% 2,03% -3,23% Processos decididos de 24 a 30 meses 3,99% 0,84% -3,15% Processos decididos de 30 a 36 meses 2,63% 0,63% -2,00% Processos decididos de 3 a 4 anos 3,21% 0,35% -2,86% Processos decididos de 4 a 5 anos 1,69% -1,69% Processos decididos acima de 5 anos 1,29% -1,29% Total 100,00% 100,00% 0,00% Fonte: Adaptado de Dias (2004) Nesse tópico, verificamos o quanto o Programa 5 S e as iniciativas da qualidade podem, na prática, ajudar na redução de um problema que perturba todos os colaboradores da Justiça: a não tempestividade da entrega judicial. O chamado está feito. Pronto para a camiseta da qualidade no seu Tribunal? 1.3.5 Reflexão x Aplicação: explorando as falhas internas e seus custos Em recente visita a uma padaria para um moderno almoço de domingo, um casal comentou sobre a quantidade de moscas que estavam a pousar em uma salada vencida. Após estarem cientes do fato o casal deixou o estabelecimento. Participe do Fórum de Discussão e comente os seguintes questionamentos: A mosca está no escopo de ação interno ou externo da padaria? 2. Haveria uma forma de quantificar o valor perdido pela empresa? Coloque-se no lugar do proprietário, o que você faria nesse caso? Na esfera pública, como ficaria a satisfação do jurisdicionado caso ocorresse a queda da energia elétrica no momento de uma consulta no balcão ou em plena audiência? Carpinetti (2010) defende que, de modo geral, os custos da qualidade englobam os custos decorrentes da falta de qualidade, assim como os custos para se obter qualidade. Os custos podem ocorrer por falhas internas e externas, custos de avaliação da qualidade e de prevenção. O foco do Módulo I é o custo devido às falhas internas. Esse gasto está relacionado a defeitos, não conformidades, que são detectados antes do despacho do produto para o cliente ou prestação do serviço. Esses custos seriam pequenos e praticamente desapareceriam se não ocorressem imperfeições. 20 São exemplos de custos decorrentes de falhas internas, conforme Carpinetti (2010) e Campos (2014), o refugo de material, as horas envolvidas em retrabalho, a reinspeção, o reteste, a inspeção total quando lote possui muitos problemas e a redução no preço de venda por causa da baixa qualidade. As falhas internas, a exemplo de uma refeição com moscas, representam um alto custo da qualidade ou da má qualidade. Retomaremos o tópico de custos de qualidade nos Módulos seguintes, mas de antemão procure ficar atento no seu dia a dia para identificar as moscas do nosso pão de cada dia. 1.3.6 Considerações finais Como vimos, as organizações públicas e privadas devem procurar uma estrutura flexível e mais próxima do que se caracteriza em modelo de redes. Essa abordagem implica na superação de um modelo fechado para os interesses da própria organização e significa necessidade de analisar relacionamento com atores externos e internos. Ainda no contexto sistêmico, para a sobrevivência faz-se oportuno o conhecimento dos processos e produtos e em qual medida eles possuem qualidade. Em outras palavras, em qual medida são adequados para o uso e não possuem deficiências na concepção de Juran. Por perceberem que a falta de qualidade impacta negativamente as organizações com os custos de qualidade, a exemplo dos custos de falhas internas, gestores têm apresentado especial atenção aos programas que atendam ao imperativo de entregar produtos e serviços de maior qualidade para os clientes. O Programa 5 S é considerado um primeiro passo de uma mudança cultural que exige um programa de qualidade. Essa primeira horade um período de promoção de melhores serviços é mais que necessária no âmbito da Justiça do Brasil, não obstante os heróicos esforços de seus colaboradores. 21 1.4 Atividade Final da Unidade Prezado Colaborador, Após a leitura do módulo e participação no Fórum será necessário responder o questionário 1. Trata-se de atividade que comporá sua avaliação em todo o curso. Procure realizar antes de passar para o Módulo II. A primeira fase dessa corrida está próxima de ser superada. Parabéns! 22 1.5 Referências BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gestão. São Paulo: Atlas, 2003. BRASIL. Diagnóstico do Poder Judiciário. Brasília: Ministério da Justiça/Secretaria de Reforma do Judiciário, 2004. CAPRA F. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 2006. CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade. São Paulo: Atlas, 2010. CASTELLS, M. A sociedade em rede. Vol. I. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CORREA, H. L.; CORREA, C. A. Administração de produção e operações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. DIAS, R. A. C. Administração da justiça: a gestão pela qualidade total. Campinas: Millenium Editora, 2004. CAMPOS, V. F. TQC: Controle da qualidade total. Nova Lima: Falconi, 2014. CARVALHO, M. M. Histórico da gestão da qualidade. In: CARVALHO, M. M.; PALADINI, E. P. (Coord.). Gestão da qualidade: teoria e casos. São Paulo: Atlas, 2012. HEIZER, J.; RENDER, B. Administração das operações. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. JURAN, J. M. Juran na liderança pela qualidade: um guia para executivos. São Paulo: Pioneira, 1990. ______. Qualidade desde o projeto: novos passos para o planejamento da qualidade em produtos e serviços. 3.ed. São Paulo: Pioneira, 1997. PALMER, C. F. Controle total de qualidade. São Paulo: Edgar Blucher, 1974. PRAZERES, P. M. Dicionário de termos da qualidade. São Paulo: Atlas, 1996. SCHOLTES, P. R. O manual do líder. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. 23 1.6 Resumo do Módulo I Nessa primeira parte de nosso curso de introdução da qualidade total verificamos, de forma sintética, o histórico da qualidade nas organizações, a contribuição de Juran, o conceito e o Programa 5 S. Além dos aspectos conceituais, o Módulo I propiciou uma breve contextualização junto às organizações privadas e públicas da qualidade com análise do Programa 5 S e discussão sobre falhas internas que geram custos financeiros e institucionais. Ficou evidente, por meio do tópico história da qualidade nas organizações, que as organizações têm optado por modelos de gestão abertos, procurando interagir com a sociedade. Nessa seção também ficou demonstrado empiricamente que a qualidade é um valor da sociedade contemporânea, transpassando o senso comum, empresas, apresentando iniciativas importantes na Justiça Brasileira. A organização chamada Justiça Brasileira, pensada sistemicamente e com base no conceito de qualidade de Juran, possui diversas relações com atores internos e atores sociais para entregar pacificação social satisfatória às aspirações do jurisdicionado e da sociedade brasileira. Conhecemos um pouco mais sobre o pioneiro Juran, que contribuiu com uma definição relevante de qualidade como adequação ao uso, pressupondo satisfação do cliente e ausência de defeitos. Sua contribuição contempla a trilogia da qualidade que começa com planejamento, controle e melhoramento. Apresentamos nesse módulo o Programa 5 S. Implantado em diversas organizações nacionais e internacionais, o que representa um passo inicial muito importante para a implantação da qualidade total nas organizações. A partir de um caso prático na Justiça do Brasil, ficou demonstrado que o Programa 5 S demanda engajamento da liderança e de todos os colaboradores, implicando no aumento de produtividade e de reputação. Refletimos, ao término do Módulo I, sobre a importância de se identificar eventos que possam ser causadores de custos de falhas internas. De fato, os eventos de desperdício e retrabalhos representam danos financeiros e baixam o moral das pessoas que trabalham na Justiça. Assim, chegamos a conclusão de que um trabalho bem feito e de qualidade é fundamental para o sucesso institucional e também para o orgulho dos colaboradores que são a base da Justiça Brasileira.