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Carlos Henrique Nowatzki LÉXICO DE ESTRUTURAS SEDIMENTARES E TERMOS ASSOCIADOS Com ilustrações 2019 I N T R O D U Ç Ã O O presente léxico é a mais recente publicação de uma série dedicada ao estudo das estruturas sedimentares, cujo início ocorreu a partir de um projeto elaborado e desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Geologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) entre os anos de 1981 e 1984. O objetivo principal das primeiras publicações foi o de não só relatar tais feições, suas origens e morfologias, mas também o de ilustrar, sempre que possível, as estruturas sedimentares ocorrentes em rochas e depósitos cenozoicos do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Em 1982 publicou-se o Atlas de Estruturas Sedimentares Pré- Gondwânicas e Gondwânicas do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Parte I - Estruturas Primárias, em 1983 o Atlas de Estruturas Sedimentares Pré-Gondwânicas e Gondwânicas do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Parte II – Estruturas Químicas e Orgânicas e, finalmente, em 1984, o Glossário de Estruturas Sedimentares. Com ilustrações de estruturas em rochas Pré- Cambrianas, Fanerozóicas e de depósitos recentes do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Durante a vigência daquele projeto o grupo de pesquisadores era composto pelos professores Carlos Henrique Nowatzki (coordenador), Milton Antônio Araújo dos Santos e Tânia Lindner Dutra, e pelos alunos-monitores Henrique Záquia Leão, Bárbara Reich dos Santos, Maria Elisabeth de Souza, Vera Lúcia de Lima Schuster e Mônica Lacroix Wacker. O projeto recebeu auxílio logístico da UNISINOS e financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que também destinou bolsas a alguns dos membros da equipe. Decorridos 35 anos da publicação do glossário o autor disponibiliza a comunidade científica interessada o Léxico de Estruturas Sedimentares e Termos Associados, uma versão atualizada e ampliada do estudo editado em 1984. Aos verbetes do glossário foram acrescidos, no léxico, outros que abrangem temas diversos, contudo, relacionados àquelas feições, tais como, os ambientes deposicionais, a classificação das rochas quanto a origem, as diversas modalidades de correntes que transportam os sedimentos, as espécies de transporte, etc. O resultado se reflete no aumento de 930 verbetes, 157 fotografias e 2 quadros no glossário para 1 393 apontamentos, 224 ilustrações e 10 quadros no léxico. A par disto, este compêndio possui 215 páginas, abstraindo a da capa, a da introdução, a das dedicatórias e a do currículo. Desde o início de sua elaboração havia o propósito de divulgar este estudo por meio eletrônico, desejo ora concretizado. Este compêndio é composto, além dos verbetes, da bibliografia, da listagem dos vocábulos em língua estrangeira, do resumido currículo do autor e da Escala do Tempo Geológico, criada pela International Commission on Stratigraphy (ICS) da International Union of Geological Sciences (IUGS), versão 2018. Durante o manuseio do léxico, o leitor observará que os verbetes são grifados em negrito, sucedem-se em ordem alfabética morfológica e estão singularizados. A cada apontamento, na maioria das vezes, há a sua versão em língua estrangeira entre parênteses e em itálico. Na explicação referente ao verbete podem ocorrer tanto palavras sublinhadas quanto o indicativo “veja também”, cuja função é remeter o leitor para outro verbete que auxilie e complemente o esclarecimento procurado. Caso haja alguma ilustração referente ao verbete esta palavra será usada, na cor vermelha, na anotação pesquisada. Além de números seguidos por Ba, Ma, aC que significam, respectivamente, bilhões de anos, milhões de anos, antes de Cristo, no manual consta ainda a sigla CPRM referente ao Serviço Geológico do Brasil. Na lista de termos em língua estrangeira que também está em ordem alfabética morfológica, há a sua versão adaptada para o português, o que facilita sua busca no léxico. Barra Velha, agosto de 2019. Carlos Henrique Nowatzki In memoria Maria Elisabeth de Souza, pela amizade e pela dedicação à pesquisa destas singulares feições. João José Bigarella, pelo incentivo aos nossos estudos sobre estruturas sedimentares. 1 A Abioglifo (abioglyph). Marca ou hieroglifo originado por organismos. Abissal (abyssal sediments, abyssal sedimentary rocks). São os depósitos marinhos sedimentados abaixo dos 1 000 metros. Após a litificação dão origem as Rochas Sedimentares Abissais. Ablação (ablation). Degelo de geleiras por insolação, ar quente ou chuva. Abrasão (abrasion). Erosão mecânica rea- lizada pelos sedimentos transportados por ondas, correntes marinhas, rios, geleiras e ventos. Acamamento. Veja estratificação. Acamadamento. Veja estratificação. Acamamento contorcido (contorted bedding, contorted laminations, contorted stratification, décollement structure, distorted laminations). São estruturas de deformação pe- necontemporâneas que mostram dobramentos do tipo descolamento, falhas de pequena escala (veja falhas penecontemporâneas e dobras penecontemporâneas). Tais feições podem ser produzidas por atividade glacial, por deslocamento do gelo sobre os sedimentos, por fusão do gelo envolvido por clastos ou, ainda, por fusão de camadas de gelo que substratavam os depósitos. São chamados de acamamento contorcido irregular (irregulary contorted beds) quando mostram os estratos amarrotados e torcidos sem nenhum padrão regular. Veja também estrutura convoluta. Acamamento contorcido irregular (irregulary contorted beds). Veja em acamamento contorcido. Acamamento destruído. Veja estrutura de bioturbação deformativa. Acaustobiólito (acaustobiolite). Rocha Sedimentar Organógena não combustível, tal como calcário. Adobe. Depósito de lamas ocorrentes em áreas desérticas usadas na confecção de tijolos secados ao sol. Aglomerado (agglomerate). Rocha vulcanoclástica composta por lapilli (piroclastos com dimensões entre 4 mm e 32 mm) e por bombas, lavas arremessadas pelas explosões (dos gases) consolidadas durante o trajeto aéreo. Agnostozoica (agnostozoic). Antiga denominação do tempo geológico precedente ao Cambriano. Veja também Escala do Tempo Geológico. Aklé. Veja em duna transversa. Aleitamento gradacional. Veja camada gradacional. Alga (seaweed). Organismo fotossintético uni ou multicelular que vive em meio subaquoso salgado, salobro ou doce, bem como em ambientes subaéreos úmidos. Podem dispor-se na forma de tapetes ou mantos. Ilustração. Manto de alga. Algas dispostas na forma de tapete ou manto em ambiente litorâneo marinho. As bolhas formam- se por decomposição de matéria orgânica. Quaternário, Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR). Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Alga pisolítica (pisolitic seaweed). Veja em oncólito. Algonquiano (algonkian). Antiga denominação da idade ou das rochas do Pré-Cambriano, mais jovens que as do Arqueano. Veja também Escala do Tempo Geológico. Alítico (allitic). Nos climas tropicais e subtropicais é o intemperismo mais comum. Leva a decomposição dos silicatos com formação de hidratos de alumínio, perda de sílica e surgimento de laterita e bauxita. Alóctone (allochtonous). Depósito ou solo formado de materiais provindos de outras áreas que não aquela onde se encontra. Aloestratigrafia (allostratigraphy). Veja em unidade aloestratigráfica. Aloformação (alloformation). Veja em unidade aloestratigráfica. Alomembro (allomember). Veja em unidade aloestratigráfica. Alotígeno (allogenic, allothigenic). Elemento constituinte de uma rocha que foi formado em lugar diverso de onde a rocha está. Alteração (allteration). Efeito da ação in- tempéricasobre uma rocha. Aluvião (alluvium). Depósitos fluviais, lacustres e em leques continentais recentes compostos por seixos, areias e lamas. Ambiente deposicional (deposicional environment). No caso sedimentar constituem áreas da superfície terrestre com condições biológicas, físicas e químicas distintas das áreas adjacentes. Dividem-se em continentais, transicionais e marinhos. Os primeiros podem se subdividir em desérticos, glaciais, fluviais e lacustres. Os transicionais em deltaicos, lagunares e litorâneos. Os últimos em nerítico, batial e abissal. Os agentes responsáveis pelas sedimentações nos ambientes deposicionais continentais são: (a) nos desertos quentes a ação dominante é a dos ventos, (b) nos desertos frios, além do vento, atuam também as geleiras, as grandes responsáveis pela deposição de sedimentos, (c) nas regiões úmidas e semi-úmidas, as águas correntes têm maior expressão na construção de depósitos sedimentares, (d) os lagos são os depositários de sedimentos até ali transportado pelos rios, geleiras e vento. As deposições em regiões de ambientes transicionais apresentarão sedimentações com as características mistas entre os depósitos de ambientes continentais e marinhos. Qualquer um deles, deltáico, lagunar e litorâneo pode sofrer as ações de marés, caso elas sejam significativas ou de ondas, se estas forem dominantes. Veja também marés. Por último, os ambientes deposicio- nais nerítico, batial, abissal e hadal correspondem a sedimentação que ocorrem em profundidade no oceano. A zona nerítica corresponde a região com profundidade de até 200 metros, a zona batial àquela região com lâmina de água entre 200 metros e 2 000 metros, a zona abissal está sob uma cobertura de água entre 2 000 metros e 6 000 metros e a zona hadal com profundidade maior que 6 000 metros. Ambiente deltaico (deltaic environment). Este ambiente deposicional se desenvolve na foz de um rio que desemboque em um lago (delta lacustre) ou em uma região marinha marginal (delta marinho), seja ela o próprio oceano, mar ou laguna. Ainda ocorrem os deltas formados por detritos oriundos de regiões elevadas que foram depositados em um corpo d’água, lacustre ou marinho, situado na área rebaixada. Tais deltas, os leques deltaicos (fan delta), apresentam (a) uma porção pro-ximal, subaérea, característicamente um leque continental (ou aluvial), (b) uma porção intermediária, subaquosa, o delta frontal e (c) uma região distal, igualmente subaquosa, o pró-delta. Ilustração. Seção longitudinal de fan delta. 1. Leque aluvial. 2. Frente deltaica. 3. Pró-delta. 4. Substrato. NÁ. Nível superior da lâmina de água. A seta amaréla indica o sentido da progradação. Fonte: Massari e Colella 1988. 1 2 3 4 NÁ O ambiente deltaico é, portanto, um ambiente de deposição transicional, pois, os depósitos recebem a influência do continente, graças ao aporte de detritos terrestres trazidos pelo curso d’água ou pela gravidade no caso de muitos leques deltaicos, mas também estão sujeitos ao retrabalhamento e redistribuição realizados pelas ondas, correntes litorâneas, marés, tempestades, etc. Além disto, é comum que nestes sedimentos haja registro da atividade orgânica de animais e vegetais da bacia receptora. A espessura dos sedimentos que compõe o delta depende da taxa de subsidência da bacia receptora, pois, o volume de detritos acumulados está subordinado não só a quantidade de material transportado pelo rio, mas também da movimentação negativa do sítio deposicional. No sistema deltaico há, idealmente, uma área de deposição subaérea e outras duas subaquosas. Esta segmentação foi identificada em delta lacustre (ilustração), onde a atividade de ondas é desprezível e a de marés é praticamente inexistente, o que é determinante para a formação de um delta construtivo, ou seja, aquele em que a ação fluvial domina sobre a das ondas ou marés. Seção longitudinal de delta lacustre. Esboço de acordo com Gilbert 1890. 1. Sequência de fundo (bottomset). 2. Sequência frontal (foreset). 3. Sequência de topo (topset). 4. Substrato. 5. Nivel do lago. 6. Linhas de tempo. A seta amaréla indica o sentido da progradação. Modificado de Mendes 1984. Os deltas marinhos podem ser igualmente construtivos (ilustração), mas também podem ser do tipo destrutivos, caso a atividade marinha das ondas ou marés supere a reposição dos sedimentos transportados pelo rio. Nestes deltas destrutivos as sequências deposicionais são interdigitadas (ilustração) e não são nitidamente separadas como no caso dos deltas construtivos. Seção longitudinal de delta marinho construtivo. 1. Pró- delta. 2. Frente deltaica. 3. Planície deltaica. 4. Nível do mar. 5. Nível de base das ondas. 6. Substrato. 7. Linha de tempo. A seta amarela indica o sentido da progradação. Modificado de Mendes 1984. Seção longitudinal de delta marinho destrutivo dominado por maré. Delta do Rio Rhone. NM. Nível do mar. 1. Pró-delta e lamas da plataforma (veja em ambiente marinho) 2. Areias de barreiras costeiras. 3. Planície deltaica e bacias costeiras areno-lamosa. 4. Canais distributários preenchidos. 5. Substrato. A seta amarela indica o sentido da progradação. Fonte: Oomkens 1970, modificado por Galloway e Hobday 1983. A sequência de fundo (pró-delta) é composta por argilas e argilas-sílticas com uma quantidade maior de bioturbações (veja em estrutura de bioturbação) do que aquela existente nos depósitos da frente deltaica, o que pode ser constatado pela presença significativa de estruturas mosqueadas. As camadas do pró-delta interdigitam- se as da sequência frontal (frente deltaica) no sentido do continente. A sequência frontal apresenta clastos com granulometria variada, desde areia grossa a argila, que decrescem em dimensão no sentido da progradação. A matriz (veja em Rocha Sedimentar Clástica) dos sedimentos normalmente apresenta grande quantidade de restos de vegetais. A sequência de topo (planície deltaica) é composta por areias que variam de grossas a finas, sedimentadas em pequenos canais 3 2 1 4 5 6 3 4 6 5 1 2 7 NM 1 2 3 5 4 fluviais, chamados distributários, na forma de barras em pontal, de canal e de de- sembocadura. Ilustração. Delta lagunar. Imagem de satélite do delta do Rio Camaquã, RS, BR. CD. Canais distributários. BA. Barras arenosas. PD. Planície deltaica. Imagem do satélite Landsat. Fonte: acervo do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Cartografia–LASERCA da UNISINOS. Estratificação cruzada, laminação paralela horizontal e cruzada, bem como canais de corte e preenchimento são as estruturas sedimentares dominantes nos sedimentos dos canais. Os canais limitam corpos d’água, as baias interdistributárias, áreas lamíticas pantanosas (marsh) onde há abundância de ve- getais e o teor de matéria orgânica é elevado. Em alguns depósitos deltaicos, particularmente nos lacustres, formam-se corpos lenticulares com uma espécie particular de estratificação cruzada: a estratificação cruzada sigmoidal (sigmoidal cross- stratification). Ela pode ser descrita como uma sucessão de sigmoides, depósitos que tangenciam tanto na base quanto no topo tendo a sua maior largura na parte médiana. Os corpos possuem espessura variável (50 cm a 1 metro), são depositados à frente um do outro em contato direto, sem erosão. Esta estrutura sedimentar tem, portanto, a geometria de uma sigmoide, depósito que se origina pela combinação de processos trativos e suspensivos, fator decisivo para a sedimentação como lobos, ditos lobos de suspensão, na foz do rio. Este processo é determinante para a preservação das sigmóides sem que ocorra erosão das porções superiores destas formas de leito. Vistos em planta tais corpos são semicirculares, mas quando observados em seção longitudinal assemelha-sea letra S aberta e inclinada. Ilustração. Seção longitudinal de delta lacustre evidenciando sigmóides areno-sílticas intercaladas a pelitos. Formação Caturrita, Triássico, RS, BR. Sentido da progradação: da direita para a esquerda. Créditos: Renato Bidóia. O perfil vertical do depósito inicia, na base, com argila que transiciona para marcas de ondulações cavalgantes (climbing ripples) e, acima, para lâminas sigmoidais, cuja definição é a mesma das estratificações cruzadas sigmoidais, porém com pequena espessura. Estas sedimentações, as sigmóides, originam-se quando de eventos episódicos de fluxos homopicnais (veja também fluxo hipopicnal e fluxo hiperpicnal), constituindo-se em mega-marcas de ondulações cavalgantes (veja marca de ondulação e também marca de ondulação cavalgante). Por si só, sigmoides não identificam uma sequência deltaica porque também são encontradas em tempestitos, turbiditos e em ambiente de planície de maré. Ambiente de planície de inundação (flood plain environment). É o ambiente deposicional onde as águas correntes atuam promovendo a erosão, o transporte e a sedimentação de clastos e de materiais solubilizados. Situada entre as cabeceiras e a foz, aqui tratadas de maneira separadas, mas na natureza são integradas (sistema fluvial, ilustração). A planície de inundação é o palco da deposição de detritos com os mais variados tamanhos onde, normalmente, os fragmentos mais grossos situam-se próximos da cabeceira, os médios na porção intermediária e os finos em sua foz. Há, também, gradação na granulometria em um perfil vertical, localizando- se os clastos grossos na base e os finos no topo. LAGUNA DOS PATOS BA CD Sistema fluvial. A. Seção longitudinal. B. Vista em planta. 1. Substrato. 2. Depósitos gravitacionais. 3. Depósitos tracionais e suspensivos. 4. Depósitos suspensivos e tracionais. 5. Lago, mar, oceano ou laguna. A seta indica o sentido do fluxo. Fonte: Suguio 2003, modificado. A distribuição do tamanho dos detritos não é fixa, dependendo de uma série de variáveis, entre elas, velocidade do fluxo, forma e profundidade do canal, regime regional de chuvas, etc. A descarga de um fluxo fluvial pode ser assim expresso: Q = AV, onde a vazão (Q) depende da área da seção do canal (A) e da velocidade do fluxo (V). Desta forma, a relação da seção do canal com a velocidade do fluxo, determinará a competência do rio, ou seja, o tamanho máximo de material que poderá ser movido, bem como sua capacidade, isto é, o volume de carga transportada. Um fator importante para o desenvolvimento da forma de canal é o mergulho regional que, somado aos fatores acima mencionados influencia não só na forma, mas também na transição de um para outro modelo. A divisão clássica das formas de canais fluviais é: retos, anastomosados, entrelaçados e meandrantes (ilustração). Contudo, pesquisas mais recentes sugerem que a partir de análises do trajeto total percorrido por um rio, as formas de canais existentes são entrelaçados e meandrantes, sendo as demais (retos e anastomosados) apenas segmentos daqueles. Estes segmentos teriam sido originados por modificações locais na topografia o que, no que lhe concerne, influencia na velocidade do fluxo, na sua capacidade e na sua competência. Ultrapassado este trecho com o retorno das condições anteriores o canal volta a assumir sua forma primitiva (entrelaçado ou meandrante). Formas de canais fluviais. Esboços de vista em planta. A. Rio com canal meandrante. B. Rio com canal reto. C. Rio com canal entrelaçado e D. Rio com canal anastomosado. Fonte: Allen 1970, modificado. A sedimentação neste ambiente ocorre em duas situações: como depósitos de canal ou como depósitos de transbordamento. Ilustração. Rio meandrante. Representação de alguns de seus depósitos. DDM. Depósito de dique natural ou marginal. DZV. Depósito de zona de várzea. DBP. Depósito de barra em pontal. DRDM. Depósito de rompimento de diques marginais (ou crevasse splay) e DMA. Depósito de meandro abandonado. Fonte: modificado de Allen, 1970. Os depósitos de canal constituem-se principalmente por areia e, secundariamente, por lamas. Na parte mais profunda do canal sedimentam-se os clastos mais grossos (depósitos residuais de canal, channel lag deposits) os quais são, posteriormente, soterrados pelos depósitos de barras de canal, e, finalmente, ambos são sobrepostos pelos depósitos de barra em pontal. Os depósitos de transbordamento compõem-se (a) de clastos finos a muito finos (areias finas e lamas) acumuladas em baixios sobre as barras em pontal, (b) depósitos de diques marginais (ou naturais), (c) depósitos de rompimento de diques marginais, (d) depósitos que preenchem os meandros abandonados e (e) depósitos da bacia de inundação (também chamados de depósitos de zona de várzea). Ilustração. CABECEIRAS PORÇÃO INTERMEDIÁRIA FOZ Ambiente em leque Partículas: + 2,0mm Ambiente de planície de inundação Partículas: 2,0mm a 0,062mm Ambiente deltaico Partículas: 0,062mm A B 1 2 3 4 5 DZV DDM m DMA DRDM DBP A B C D Perfil vertical de rio meandrante. Seção colunar de ciclos de depósitos de canal e de depósitos de transbordamento. A. Depósito residual de canal. B. Depósito de barra em pontal. C. Depósito de transbordamento com ondulações famintas, porção distal de depósito de rompimento de dique marginal. D. Depósito de zona de várzea com raízes, gretas de contração e bioturbações. A escala é em metros. Fonte: modificado de Allen 1970, segundo Cant 1982. Ambiente de planície de maré (tidal flat environment). Ilustração. Corresponde a região costeira marinha onde predomina a ação das marés. É normalmente lamosa e pelo menos parte dela permanece coberta por água durante a maré cheia, mas fica exposta quando a maré baixa. A maré enchente (subida do nível das águas oceânicas) e a maré vazante (descida do nível das águas oceânicas) são respostas a combinação da rotação terrestre e das influências gravitacionais do Sol e da Lua. Este fenômeno pode ocorrer, dependendo da região, uma ou duas vezes por dia. Quando a Terra, a Lua e Sol estão alinhados a intensidade do evento aumenta originando o que é conhecido por maré de sizígia. Em decorrência do transporte de sedimentos que ora se deslocam na direção do continente (maré enchente), ora se dirigem para o oceano (maré vazante), as formas de leito e, consequentemente, as estruturas se- dimentares refletem esta movimentação bidirecional do fluido. Tal ambiente se desenvolve em áreas baixas e planas ao longo da costa, bem como em estuários e baías. A região sob a influência de marés é dividida em 3 zonas: (a) inframaré, situada abaixo do nível médio das marés baixas, (b) intermaré, localizada entre o nível médio das marés baixas e o nível médio das marés altas, e, (c) supramaré, posicionado acima do nível médio das marés altas. Ambiente de planície de maré. Representação idealizada do ambiente com as zonas, canais de maré e lagoas que o constituem. Fonte: Boggs 1987, modificado. É ambiente propício à vida, portanto, rico em bioturbações. Também aí há deposições de areias e siltes ondulados (marcas de ondulações) com dimensões variadas, entre elas as ondas de areia. Estratificação cruzada espinha de peixe, estratificação flaser, estratificação lenticular de pequeno porte e drapeamento de lama, são feições comuns. Veja também maré. Ambiente em leque (fan environment). Este ambiente é composto por deposições de clastos com má classificação que variam de muito grossos a muito finos. As sedimentações, com formato cônico, ocorrem em áreas situadas no sopé de montanhas, na base de escarpas de falhas, na desembocadura de vales e de canhões (canyons) submersos. Há gradação horizontal na granulometria, pois, os clastos maiores situam-se nas proximidades da área-fonte, aqueles com dimensões médias na porção intermediária e os mais finos na região distal. Podem ser classificados em leques continentais (continental fans) e leques submersos (submarine fans). Embora ocorram A C B A D leques lacustres, aqui se faz a descrição daqueles formados nos oceanos e nos mares, porque os três são semelhantes quanto a origem, a modalidade de transporte e as feições que seus depósitos apresentam. Os leques continentais ou aluviais (ilustração) formam-se sob climas diferentes: áridos ou semi-áridos (veja clima), quentes ou frios, e em regiões tropicais e úmidas. A melhor preservação está associada aos depósitos de regiões desérticas quentes. Leque continental. A. Vista em planta dos depósitos e dos canais dos fluxos de água que se deslocam sobre eles nos períodos de chuva. Estão aí representados o corte transversal (A-A’) e o longitudinal (B-B’) observados em detalhe nos desenhos B e C, respectivamente. LP. Leque proximal. LM. Leque médio. LD. Leque distal. B. Vista frontal (corte transversal) evidenciando a acumulação sucessiva dos depósitos e seu retrabalhamento realizado pelos fluxos de água (canais). C. Vista lateral (corte longitudinal) e a distribuição aproximada de LP, LM e LD. Fonte: Suguio, 2003, com modificações. Os leques submersos são representados por depósitos cujas condições originantes (área elevada) e local de sedimentação (sopé das áreas elevadas) são semelhantes aos dos leques continentais. As exceções ficam por conta do ambiente submerso e do agente transportante, as correntes de turbidez (ilustração). Corrente de turbidez. Seção longitudinal da plataforma, do talude, ponto de origem da maioria das correntes de turbidez, e o seu deslocamento para áreas mais profundas, local de sedimentação dos materiais transportados. Fonte: A seta indica a progradação. Dietz 1963, Brown e Fischer 1977, modificado por Popp 1987. Os depósitos submersos gerados por correntes de turbidez, fluxos túrbidos e mais densos que o meio aquoso envolvente, são conhecidos como turbiditos (ilustração). O acúmulo de muitos eventos deposicionais sucessivos sobrepostos faz com que a possança do conjunto atinja centenas ou, em alguns casos, milhares de metros de espessura. Bouma em 1962 observou que há repetição de certas camadas, numa ordem específica, sempre que os sedimentos se depositam após um evento de transporte. De suas análises, ficou evidente que cada ciclo deposicional (transporte e deposição), apresentaria, se completo, 5 camadas com estruturas diferentes, ainda que algumas apresentassem a mesma granulometria, indicando diminuição na velocidade da corrente, portanto, na capacidade (veja em ambiente de planície de inundação) e na competência (veja em ambiente de planície de inundação) da corrente. O leito de lamas rico em bioturbações na porção superior significaria o evento de término do transporte e deposição (veja em sedimentação). Turbidito. Seção colunar de ciclo ideal completo de um depósito de corrente de turbidez (A a E). Fonte: Bouma, 1962, modificado por Popp 1987. A movimentação dos sedimentos declive abaixo se deve a terremotos, instabilidade dos clastos nas encostas, rápida e vigorosa entrada de detritos transportados por rios para o interior da bacia receptora e correntes subaquáticas ocorrentes no corpo de A B C LP LM LD Correntes de turbidez ocorrem também associada a deltas, a lagos e a lagunas. água. O turbidito é composto por partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) e matriz (veja em Rocha Sedimentar Clástica) provenientes de rochas diversas, em conformidade com a área-fonte. Ocorrem ainda aqueles compostos quase ou totalmente por clastos de calcários. Tais turbiditos calcários são chamados flysch. Ilustração. Flysch. Sequência de leitos turbidíticos calcários. Eoceno, Venezuela. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Ambiente eólico (eolian environment). Ilustração. É o ambiente deposicional em que os depósitos eólicos são os mais significativos, ou seja, o vento é o principal responsável pela erosão, transporte e sedimentação dos detritos. As regiões desérticas, especialmente as áridas e semi-áridas, as áreas litorâneas marinhas e lacustres, bem como as planícies de inundação arenosas, são as que apresentam os maiores registros da atividade eólica. Nestes locais, as areias secas são transportadas pelo vento para ser depositadas, posteriormente, como acumulações com formas diversas, entre elas, as mega marcas de ondulações. O vento é um bom selecionador da granulometria, portanto, as areias por ele depositadas apresentam pouca variação no tamanho dos grãos. Enquanto os fragmentos mais grossos são deixados para trás, as areias seguem até o local de depósito por saltação (veja em transporte) e os detritos mais finos, especialmente as argilas, são conduzidas adiante por suspensão (veja em transporte). As partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) mais finas, as argilas, serão sedimentadas em locais longínquos como lençóis maciços, conhecidos como loess que, após litificação (veja em diagênese), passam a se chamar loessitos. A origem destes detritos é creditada não só a ação intempérica sobre rochas no próprio ambiente eólico, mas também, a trituração de clastos por geleiras e, ainda, a detritos piroclásticos muito finos (cinzas) expelidos em erupções vulcânicas. Também há neste ambiente acúmulo de água em áreas de baixadas. Isto pode ocorrer por erosão eólica do subtrato, o que expõe o nível mais superficial do lençol freático. Estes corpos de água, chamados oásis, podem durar algum tempo (alguns meses ou anos) ou ter longa duração, pois, vários deles já persistem há séculos. Esboço de região desértica com duna, interduna e oásis. As flechas onduladas indicam o sentido de deslocamento do vento, os processos destrutivos deste agente (deflação eólica) que expõe o lençol freático (oásis) e construtivo (duna). O espaço aplainado à frente da duna corresponde ao interduna. Fonte: Leet e Judson, 1980, modificado. É possível também que a água seja acumulada a partir de chuvas intensas em certos períodos do ano, ocasião em que rios efêmeros (wadi) se formam e suprem o lago ou, ainda, a fonte do líquido pode ser a fusão do gelo existente nas regiões montanhosas mais próximas. Tanto os lagos (playa lake) quando os cursos d’água (wadi) secam em poucas horas ou dias com o término do período chuvoso, o que não acontece com frequência com os lagos supridos por degelo. Neste ambiente, as dunas são os depósitos mais significativos quer seja por sua dimensão, quer pela extensão em área que o seu conjunto ocupe (campo de dunas). Podem ser classificadas em (a) dunas litorâneas, se associadas ao litoral de oceanos ou lagos, (b) dunas de deserto, se ocorrentes em desertos e (c) dunas de rios, se formadas em planícies de inundação de rios em regiões de climas semi- áridos (veja clima). Contudo, a classificação clássica destes corpos arenosos tem por base sua forma: dunas e cadeias de dunas transversais, dunas e cadeias de dunas longitudinais, dunas complexas. As dunas e os demais depósitos eólicos apresentam um conjunto de estruturas sedimentares (ilustração) que são utilizadas para identificá-los quando litificados (ilustração). Oásis Duna eólica Água subterrânea Interduna Esboço de uma duna transversal e suas estruturas sedimentares. A porção frontal (face de sota-vento ou face de avalanche, slipface) mostra os depósitos por queda de grãos (grainfall, GFL) e depósitos por fluxo de grãos (grainflow, GFW). Na face de barlavento (backside), ocorrem marcas de ondulações cavalgantes que, em perfil, são registradas como laminações cruzadas cavalgantes transladantes (LCCT). Igualmente em perfil aparecem as estratificações cruzadas tangenciais (ECT), tambémdenominadas estratificações cruzadas por camadas frontais (ECCF). Está ainda representado o interdunas, onde ocorrem arenitos com marcas de ondulações cavalgantes e camadas com estratificação paralela horizontal, playa lakes, wadi, evaporitos, etc. A seta indica a direção do fluxo. Fonte: Hunter, 1977, modificado. O pesquisador está sobre camadas de arenitos com laminações cruzadas cavalgantes transladantes, sedimentados no barlavento (backside) de duna eólica. Abaixo delas, o sota-vento constituído por arenito com estratificações cruzadas tangenciais, depósitos por queda de grãos (grainfall) e depósitos por fluxo de grãos (grainflow). Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As dunas são, corriqueiramente, se- paradas por um espaço rebaixado plano, ho- rizontalizado, onde se estabelecem os oásis, os lagos de deserto (playa lakes) e por onde migram os (wadi). Sobre esta área, o interdunas, deslocam-se as dunas. Caso exista umidade, podem aí habitar pequenos animais e desenvolver-se vegetação rasteira e arbustiva (ilustração). Aí podem ser encontrados evaporitos (veja também Rocha Sedimentar Química). Cadeia de dunas transversais (barcanoides) em litoral marinho. Quaternário, RS, BR. O clima subtropical e a ocupação humana ao fundo impedem a progressão das areias. As áreas de interdunas e o barlavento das dunas começam a ser ocupado por vegetação. A seta indica a direção de sopro do vento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também duna. Ambiente estuarino (estuarine environment). O estuário é um ambiente deposicional transicional entre o fluvial e o marinho, podendo associar-se ao ambiente de planície de maré. Suas águas são mixohalinas como resultado da mistura dos líquidos fluviais e marinhos. Conceitualmente corresponde a uma porção de água salgada parcialmente fechada em uma região marginal ao mar (ilustração). A salinidade deste corpo aquoso é diluída pelo aporte de água doce fluvial. Ambiente estuarino. Imagem do Estuário da Babitonga, Santa Catarina (SC), BR. Fonte: Google Earth 2018. Os sedimentos aí depositados apresentam granulometria variável em função da energia do ambiente que é disponibilizada pelas correntes fluviais, pelas marés, pelas correntes de maré, pela ondas oceânicas, pelas chuvas, pela temperatura e pela flora e fauna locais. Nos estuários de baixa energia se acumulam lamas, enquanto nos de alta e- nergia há o domínio das areias. Ilustração. Ambiente estuarino. Seção colunar ideal da sedimentação transgressiva na Baía Delaware. Fonte: modificado de Weil 1977. É comum a ocorrência de restos de vegetais com os detritos clásticos. Outro fenômeno corriqueiro é o da floculação o que resulta na rápida sedimentação das argilas. Em direção ao continente os depósitos estuarinos interdigitam-se aos fluviais enquanto na direção oposta o fazem com sedimentações marinhas. Entre as estruturas sedimentares citam-se estratificações cruzadas, laminações côncavas, laminações angulares, estratificação cruzada espinha de peixe, galhas de argila, estruturas de bioturbação e estratificação flaser. Ambiente glacial (glacial environment). Trata- se do ambiente deposicional onde o gelo é o principal agente intempérico, erosivo, transportante e depositante. O gelo se acumula em áreas com baixas temperaturas, tais como os polos (geleiras de latitude), o cume de montanhas (geleiras de altitude), em altiplanos e nos seus entornos. As geleiras polares e as de altitude dificilmente se fusionam, salvo por aumento de temperatura global. As demais estão sujeitas a derretimento, parcial ou total, em períodos de verão. Geleiras continentais se desenvolvem sobre continentes, como é o caso da Antártica (polo sul) e as das montanhas, as quais migram, por ação da gravidade, desde áreas elevadas até as rebaixadas. No Ártico (polo norte) este fenômeno não ocorre, pois, a massa de gelo flutua sobre o oceano. Os depósitos e a paisagem em um ambiente glacial são bastante variados: nunatak: elevação isolada projetada através de uma geleira terrestre; moraina ou morena: sedimentos mal classificados sedimentados por geleira. Podem ser morainas frontais, se depositadas à frente da geleira, morenas laterais, se ocorrentes nas laterais do gelo, morenas basais, se formadas na base da geleira, morainas médias, se originadas pelo encontro de duas geleiras ou morainas de recuo, se originadas quando da fusão e recuo do gelo; geleira propriamente dita; sítio glácio- lacustres; planícies e lavagem (outwash plain): área de deposição de detritos sedimentados à frente da moraina frontal, retrabalhados posteriormente por rios; sítio fluvioglaciais; kattles: depressões originadas pela fusão de blocos de gelo sobre os depósitos de till; eskers: depósitos alongado formado por correntes fluvioglaciais no interior de túneis abertos pela água no gelo; praias; geleira marinha: gelo que flutua sobre o mar; sítio glaciomarinho; vale glacial submerso. (Ilustração). Bloco-diagrama de um ambiente glacial com representação de algumas de suas feições: nunatak (1), moraina média (2), geleira (3), sítio glaciolacustre (4), planície de lavagem (5), sítio fluvioglacial (6), kettles (7), esker (8), praia (9), geleira marinha (10), morena basal (11), sítio glaciomarinho (12), vale glacial submerso (13). Fonte: modificado de Edwards 1986. 1 t4 2 6 5 10 11 12 3 7 8 9 13 DEPÓSITO ARENO-SEIXOSOS MACIÇO PLEISTOCÊNICO DEPÓSITO LAMÍTICO COM DETRITOS VEGETAIS E, NA BASE, DEPÓSITO TURFÁCEO PLANÍCIE DE MARÉ PANTANOSA DEPÓSITO ARENO-SEIXOSO E FRAGMENTOS DE CONCHAS ROMPIMENTO DE ILHA-BARREIRA (WASHOVER) DEPÓSITO ARENO-LAMÍTICO LAMINADO ZONA INFRAMARÉ DEPÓSITO LAMOSO-ARENÍTICO LAMINADO ZONA INFRAMARÉ DEPÓSITOS DE AREIA FINA COM ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA DE BAIXO ÂNGULO (veja em estratificação cruzada de pequena escala) INTERCALADO À NÍVEIS DE SILTE LAMINADOS ZONA INTERMARÉ (?) DEPÓSITOS DE AREIA GROSSA COM ABUNDANTES ESTRATIFICAÇÕES CRUZADAS BARRAS DE DESEMBOCADURA A moraina basal interna origina o till, um depósito mal classificado, maciço, não consolidado, diretamente sedimentado pelo gelo. A erosão, o transporte e a sedimentação de materiais pelo gelo deixam o registro da atuação deste elemento nos clastos, nas rochas e no substrato sobre o qual a geleira migrou. Por décadas os varvitos, rochas se- dimentares clásticas compostas por lâminas síltico-arenosas que se intercalam à lâminas de argila (varves, veja em estratificação finamente interacamada) foram considerados glaciais. Os leitos (veja em lâmina) síltico-arenosos, supostamente formados no verão, refletiriam um aumento no volume das águas fluvioglaciais em virtude da fusão de parte do gelo naquela estação do ano. Com a chegada do inverno e novo congelamento de parte da água disponível, a vazão daqueles cursos de água seria afetada reduzindo-se, portanto, a competência (veja em ambiente de planície de inundação) e a capacidade (veja em ambiente de planície de inundação) dos fluxos, o que geraria as lâminas de argila. Esta explicação sobre a origem dos varvitos possibilitou a contagem dos pares de lâminas (silte-areia + argila = verão + inverno) e assim deduzir o tempo decorrido para a formação de um conjunto de pares da sedimentação sob estudo. Este paradigma, o dos varvitos, foi abalado e substituído senão totalmente, pelo menos em grande parte, pela descoberta das correntes de turbidez e de seus produtos, os turbiditos (veja em ambiente em leque). Ver também estria glacial e sulco glacial. Ambiente lacustre (lake environment). Os lagos são corpos de água aprisionadossobre áreas emersas, continentes ou ilhas. As suas águas podem ser, de acordo com a salinidade, doces (0,3‰), mixohalina (1,0‰) ou salgadas (acima de 24,7‰) e a sua profundidade é variável podendo até ultrapassar mais de 1 000 metros. A temperatura de suas águas também é variável em razão de seu posicionamento geográfico O clima é o fator mais importante na determinação do lago que existirá em uma região. Em regiões tropicais, as águas de grandes lagos apresentam uma segmentação em duas camadas térmicas distintas. A camada superior possui temperatura maior do que a camada inferior cujas águas são estagnadas, anóxicas, portanto, anaeróbicas, aí ocorrendo produção de ácido sulfídrico (H2S). Em regiões de clima temperado também há uma estratificação nas águas, porém, com características diferentes no verão e no inverno. Enquanto no verão a camada inferior possui águas mais frias do que as da camada superior, no inverno há uma inversão térmica e a camada superior é mais fria do que a inferior. O oxigênio rareia e pode desaparecer no nível inferior, o que permite a produção de H2S graças a ação de bactérias anaeróbicas. A deficiência de oxigênio permanece na camada inferior, mesmo durante o inverno. O ambiente redutor, se persistente, pode dar origem aos folhelhos pirobetuminosos (veja em folhelho). O formato do lago pode ser alongado, circular, elíptico ou irregular (ilustração) e seus depósitos podem ser clásticos (veja Rocha Sedimentar Clástica), químicos, tais como carbonatos e sais (veja Rocha Se-dimentar Química), bioquímicos (veja rocha bioquímica em Rocha Sedimentar Orgânica) e orgânicos (veja Rocha Sedimentar Orgânica). A distribuição concêntrica da granulometria nos lagos associados a rios é uma de suas características. Assim, suas praias podem ser formadas por areias (veja em clasto) e clastos maiores, seguidas, no sentido do centro do lago, por sedimentações de areias, lamas arenosas e, por fim, na parte mais profunda, lamas. Ambiente lacustre. Lagos alongados situados no RS, BR. O maior, à esquerda, no centro da imagem é o Lago Mirim. Cerca de 2/3 de sua área está em território brasileiro (RS) e o restante no país vizinho do Uruguai (UR). O Lago Mangueira, à direita do lago Mirim é separado do Oceano Atlântico por estreita faixa arenosa litorânea marinha. Fonte: Google Earth 2018. Rochas lacustres podem, muitas vezes, ser confundidas com àquelas originadas em outro ambiente deposicional. Um dos enganos mais comuns é a de analisá-las como se fossem depósitos fluviais. Segundo Picard (1977) o estudo dos sedimentitos lacustres da Uinta Basin, Utah, USA, permitiu elencar algumas características dos depósitos lacustres e fluviais, especialmente dos a-renitos, folhelhos, calcários (veja em Rocha Sedimentar Química e também em Rocha Sedimentar Orgânica) calcíticos e calcários dolomíticos. Os quadros a seguir tratam do tema, modificados do original daquele autor. ARENITOS LACUSTRES ARENITOS FLUVIAIS 1. A geometria dos depósitos, cuja cor varia de branca a cinza- escuro, é, frequentemente, tabular, ocorrendo também as lenticulares. 2. As areias são finas a muito finas, bem selecionadas, arredondadas ou subarrendondadas (veja arredondamento). 3. Calcita, dolomita e sílica são os cimentos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) mais comuns. 4. Ocorrem marcas de ondulações por ondas. 5. Maior continuidade lateral se comparada com os depósitos fluviais. 1. A geometria dos depósitos cujas cores variam do branco, cinza- médio, vermelho, verde ao verde acinzentado, é dominantemente lenticular. 2. As areias, mal selecionadas, subangulares a subarredondadas, vão desde finas a muito grossas. Ocorrem fragmentos de rochas. 3. O cimento comum é a calcita, mais raramente argila ou argila e calcita. 4. Ocorre presença de marcas de ondulações por corrente. LAMITOS LACUSTRES LAMITOS FLUVIAIS 1. Cores dominantes: marrom e cinza. Verde é menos frequente. 2. Podem estar presentes: pirita, marcassita, chert, sílica e sais. 3. Laminação paralela horizontal. 4. Maior continuidade lateral que a dos depósitos fluviais. 1. Cores vermelhas ou verdes, mais raramente marrom ou cinza. 2. Ocorrência de fragmentos de rochas. 3. Laminação paralela horizontal. CALCÁRIOS CALCÍTICOS LACUSTRES CALCÁRIOS CALCÍTICOS FLUVIAIS 1. Se autóctones: coquinoides ou algais. Se alóctones: calcarenitos (veja em Rocha Sedimentar Química), calcilutitos (veja em Rocha Sedimentar Química), coquinas. 2. Partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) variam de finas a grossas. 3. Textura cristalina sacaroide. 4. Sedimentos químicos são bandeados. 5. Cores variam do cinza ao marrom. 6. Ocorrência de quartzo, argila, marcassita, pirita, chert e sílica. 7. Maior continuidade lateral que a dos depósitos fluviais. 8. São bandeados. 9. Os fósseis mais comuns são ostracodes, gastrópodes e pelecípodes. 1. Apresentam-se com cores va- riegadas, inclusive a rosa. 2. Partículas variam de finas a médias. 3. Textura cristalina. 4. Ocorrem quartzo e argila. 5. Depósitos menos contínuos que os lacustres. 6. Raros fósseis. CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS LACUSTRES CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS FLUVIAIS 1. Dolomita misturada com argila, calcita, sílica e matéria orgânica. 2. As partículas são finas a muito finas. 3. A textura é cristalina. 4. São bandeados. 5. As cores mais comuns são cinza, marrom e Presença rara ou ausência. esverdeado. 6. Ocorrem marcassita, pirita e sílica. 7. Podem ocorrer fósseis de ostracodes, microfósseis e fragmentos de vegetais. Não é incomum que afloramentos, testemunhos ou perfis verticais (ilustração) de sedimentitos lacustres antigos sejam, muitas vezes, confundidos com depósitos marinhos. Assim, presença de fósseis terrestres é o indicador mais seguro de que as rochas sob estudo foram formadas em um paleoambiente lacustre. Ambiente lacustre. Seção colunar de sedimentitos lacustres com aporte de material clástico fluvial. Modificado de Van Dijk, Hobday e Tankard 1978. Ambiente lagunar (lagoon environment). É o ambiente deposicional onde um corpo d’água mixohalina ou mesmo hipersalina, raso, marginal ao mar se encontra separado dele por uma restinga, por recifes-barreira (veja em recife) ou por uma estreita faixa arenosa, chamada ilha-barreira. A separação, contudo, não é total, pois, um ou mais canais (inlets) mantém as massas aquosas conectadas. Não é incomum que surjam deltas na desembocadura dos canais, chamados deltas de maré (tidal deltas). Durante a maré enchente é construído um delta para o interior da laguna, enquanto na maré vazante os depósitos formam um delta que aumenta em direção ao mar. Ilustração. LAMITO LAMINADO Deposição de lamas suspensdas na porção central do lago ARENITO COM ESTRUTURA GRADATIVA Deposição por tempestade (tempestito) SILTITO COM ESTRUTURAS DE BIOTURBAÇÃO ARENITO COM HUMMOCKY Deposição por tempestade (tempestito) SILTITO ARENOSO COM MARCAS DE ONDULAÇÕES Retrabalhamento por ondas normais ARENITOS E PELITOS COM LAMINAÇÃO PARALELA HORIZONTAL ARENITOS COM MARCAS DE ONDULAÇÕES CAVALGANTES POR CORRENTE Barra de desembocadura progradante SILTITO ARENOSO COM GRETAS DE CONTRAÇÃO Diques naturais e planície de inundação SILTITO ARENOSO COM RAÍZES Planície de inundação emergente Laguna Barra Velha. Imagem de satélite da Laguna de Barra Velha (LG), SC, BR, e da ilha-barreira arenosa (IB). Na parte superior esquerda da imagem observa-se o Rio Itapocu (RI), sua foz na laguna, o canal (barra) que liga a laguna ao oceano (B) e a pluma de sedimentos que forma o delta (D)na bacia marinha. Fonte: Google Earth 2018. A acumulação das areias que formam a ilha-barreira resulta do transporte dos clastos por correntes marinhas e também da atividade das ondas. Eventualmente durante tempestades a energia das ondas pode romper a ilha-barreira e jogar seus componentes para o interior da laguna, depósito conhecido como leques de lavagem (washover fans). Ilustrações. Ilha-barreira. Detalhes da ilha-barreira de Barra Velha, SC, BR. A. Imagem de satélite em que aparecem diversos leques de lavagem (LL) já estabilizados por vegetação. Fonte: Google Earth 2019. B. Fotografia de leques de lavagem (LL) recentes ainda não estabilizados por vegetação. A seta indica a direção de rompimento da ilha- barreira. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Os termos restinga (beach ridge) e ilha- barreira são, muitas vezes, usados como sinônimos ainda que ilha-barreira seja uma terminologia geológica que se refere a estes depósitos independentemente da presença de elementos da fauna e da flora. No caso do enfoque geológico apenas é avaliado o depósito alongado situado entre a laguna e o mar, cuja idade pode anteceder a existência da vida subaérea no planeta. A restinga, no conceito geográfico, é não só a dita faixa arenosa alongada, mas também os depósitos pós-laguna, em direção ao continente, cobertos por vegetação com características próprias e exclusivas daquele ambiente e da fauna associada. De acordo com alguns, p. ex. Suguio 2003, inexistem verdadeiras ilhas-barreira na costa brasileira. Segundo o autor a descrição original destas feições vincula a sua formação a eventos transgressivos. No BR as atuais estruturas conhecidas estão associadas à regressão marinha que teria se iniciado em torno de 4000 a.P. As lagunas, cujos depósitos são compostos principalmente por lamas, areias finas e fragmentos de conchas, são encontradas em regiões costeiras com micromarés. Os sedimentos lagunares registram abundantes estruturas de bioturbação, especialmente em direção a parte mais profunda da bacia onde também são mais comuns camadas com laminações paralelas horizontais. Quando localizadas em regiões com climas áridos (veja clima) ou semi-áridos, podem aí ocorrer a formação de rochas sedimentares químicas e mesmo evaporitos. Ambiente marinho (marine environment). Ainda que para alguns mar e oceano sejam corpos d’água com características diferentes, geologicamente os termos são considerados sinônimos. É provável que esta divergência tenha surgido porque lagos com grandes dimensões, salgados, tais como, Mar de Aral, Mar Cáspio, Mar de Azov, Mar Morto, Mar da Galileia, foram interpretados, no passado, como corpos d’água oceânica. Os oceanos cobrem 70% da superfície terrestre com água salgada, possuem uma LG IB RI B D A OCEANO ATLÂNTICO LL B LL LL profundidade média de 3 800 metros. Apesar de ser um único corpo ele foi dividido por razões geográficas, sendo seus limites os continentes. A divisão em oceanos Atlântico, Pacífico, Ártico, Antártico e Índico é a mais aceita. Atualmente são usadas as subdivisões dos oceanos Atlântico e Pacífico, em Atlântico Sul e Atlântico Norte e Pacífico Sul e Pacífico Norte. O fundo marinho divide-se em margem continental (continental margin) e Fundo oceânico (ocean floor). A primeira corresponde a porção continental que se projeta sob as águas marinhas e é limitada pelo Fundo oceânico. A margem continental é dividida em plataforma continental (continental shelf), talude continental (continental slope) e sopé continental (continental rise). O encontro das placas que consti-tuem os continentes e o substrato rochoso sob a lâmina de águas oceânicas, não é uniforme em todas as regiões do globo. Sobressaem, neste sentido, as margens passivas e as margens ativas. Nas primeiras, o limite entre as rochas continentais e as rochas do Fundo oceânico se faz de forma passiva, ou seja, não há ali colisões entre as ditas placas. É o modelo da margem leste da América do Sul, onde se localiza o Brasil. Ilustração. Esboço de margem continental passiva tipo atlântico. Fonte: modificado de Mendes 1984. Na margem oeste da América do Sul, onde se situam os chamados países andinos, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru, o limite entre as rochas continentais e as de Fundo oceânico é ativa, ou seja, há colisão entre elas o que origina terremotos, maremotos, enrugamento das rochas, o que origina montanhas e vulcões (Cadeia dos Andes). Ilustração. Esboço de margem continental ativa tipo pacífico. 1. Plataforma continental. 2. Talude continental. Fonte: mo- dificado de Curray 1969 e Suguio 2003. A plataforma continental apresenta, normalmente, uma suave declividade (menos que 1:1 000), se situando entre a linha média de baixa-mar e a acentuada inclinação do assoalho oceânico para maiores profundezas, o que ocorre em torno dos 180 metros de lâmina d‘água. Sua largura varia de 1 200 km (Austrália, AU) e 500 km na Patagônia (Argentina, AR). No BR chega a 200 km à frente do Estuário Amazonas. Esta região pode ser dividida em Plataforma Continental Interna ou Proximal (inner shelf) com espessura de lâmina de águas em torno dos 40 metros, Plataforma Continental Média, situada entre os 40 metros e os 80 metros e Plataforma Continental Externa ou Distal (outer shelf), localizada abaixo dos 80 metros. É sobre a plataforma que se desenvolvem vários ambientes deposicionais, entre eles, o ambiente deltaico, o ambiente de planície de maré, o ambiente estuarino, o ambiente lagunar, o ambiente praial, além dos recifes orgânicos e os recifes de pedra (beach- rocks) (veja recifes). A areia é a granulometria dominante em seus depósitos, seguida pelas dos siltes e lamas. Correntes de marés, longitudinais, perpendiculares e transversais à costa e a ação das ondas são as responsáveis pelo transporte e deposição das diversas frações, cujas sedimentações podem chegar a 50 km de extensão e espessuras acima dos 40 me-tros. As camadas de sedimentos mostram laminação e estratificação cruzada planar de baixo ângulo, estruturas de bioturbações e acumulação de conchas e carapaças ou seus fragmentos. Também aí ficam registrados os eventos episódicos das tempestades que Nível do mar MAR Plataforma continental 180 m 3 000 m 4 000 m Talude continental Sopé continental Região abissal Margem continental Fundo Oceânico Trincheira Nível do mar Cordilheira abissal Fundo oceânico Margem continental 1 2 FOSSA MARINHA 7 000 m 4 600 m R E G I Ã O P E L Á G I C A geram os tempestitos e suas estratificações cruzadas por ondas (hummocky). Em plataformas carbonáticas as deposições mais distais se constituem por calcilutitos (veja em Rocha Sedimentar Química) com laminação paralela horizontal e biomicritos com fósseis, a região média é composta por calcarenitos (veja em Rocha Sedimentar Química) com laminações cruzadas com oólitos (veja em concreções), carapaças orgânicas e estruturas de bioturbação; na porção proximal, localizam-se os calcários peletoidais (veja em Rocha Sedimentar Orgânica), calcirruditos (veja em Rocha Sedimentar Química), lamas calcárias, dolomitos micro-cristalinos, estruturas de bioturbações, gretas de contração e evaporitos. O talude continental tem declividade que varia de poucos a 50° ou mais graus. Os sedimentos aí depositados desestabilizam-se com o aumento da acumulação dos detritos, os quais se deslocam para as regiões mais profundas. Tal movimentação causa erosão no substrato, processo que também ocorre quando fluxos de água e sedimentos são vi- gorosamente impulsionados por descargas vigorosas na foz de rios. Os sedimentos depositados nos taludes são compostos por vasas (60%), areia terrígena (25%), clastos com tamanhos variáveis desde seixos a matacões (10%) e fragmentosorgânicos (0,5%). As escavações (canhões submarinos, submarine canyons) são semelhantes aos vales continentais em forma de V com laterais íngremes. Na sua porção terminal, sobre o sopé continental ou na região abissal, ocorrem deposições em forma de cone, os turbiditos. Para alguns, pelo menos parte dos canhões submarinos teriam sido escavados fluvialmente quando, no passado, plataformas continentais ficaram expostas durante regressões marinhas. Nos sopés continentais podem ocorrer, além dos turbiditos, sedimentações conhecidas como contouritos (contourites), cujas camadas são compostas por muito finas granulometrias com laminações paralelas horizontais. Sua origem é creditada às correntes de fundo que contornam os sopés continentais transportando e depositando detritos. Elevadas quantidades de esqueletos e fragmentos de tecas de microorganismos são dominantes no sopé, aí também ocorrendo, porém, não tão abundantes, areias e siltes terrígenos. No Fundo oceânico, cuja profundeza média está entre 4 000 metros e 5 000 me-tros, depositam-se sedimentos biogênicos que constituem as vasas de globigerinas (globigerina ooze), vasas de radiolários (radiola-rian ooze), vasas de cocolitoforídeos (coccolithophorid ooze), entre outras, bem como detritos terrígenos. Abaixo dos 6 000 metros deixam de existir deposições inorgânicas ou orgânicas de calcários, provavelmente em razão da diminuição do pH e do aumento da concentração de CO2, o que resulta na sua dissolução. No Fundo oceânico ainda ocorrem depósitos de argilas vermelhas (red clays) ou castanhas (brown clays) e cinzas vulcânicas, todos terrígenos, transportadas por correntes marinhas, ventos e geleiras, lá assentadas por ação da gravidade. A eles incorporam-se restos esqueletais de microorganismos. Nesta região registra-se a presença, entre outros bens minerais, de nódulos de manganês (ilustração), cujo volume aumenta abaixo dos 3 500 metros. Os vulcões seriam a principal fonte de manganês que, dissolvido na água, se acumularia em torno de um núcleo orgânico para formar os nódulos. Nódulos de manganês. Fotografia do Fundo oceânico. Créditos: United States Geological Survey (USGS). Disponibilizado em 2010. Acessado: 04.04.2019. Fonte: https://pubs.usgs.gov/of/2000/of00-006/images/nod_r.gif. Ambiente praial (beach environments). As praias desenvolvem-se em regiões costeiras planas, com baixo gradiente, sendo geralmente compostas por sedimentos terrígenos. Pode-se fazer um zoneamento da região praial, cuja distribuição bacia sedimentar-continente é a seguinte: Zona de Costa Afora (offshore), Zona de Transição (transition), Zona de Praia (shoreface), Zona de Antepraia (foreshore), https://pubs.usgs.gov/of/2000/of00-006/images/nod_r.gif Zona de Pós-praia (backshore) e Dunas (dunes). Ilustração. Perfil de praia e o seu zoneamento. Modificado de Walker 1986 e Reineck e Singh 1980. A Zona de Costa Afora se divide em Costa Afora Superior, situada em profundidades que variam de 2 metros a 10 metros, constituída por areia fina lamosa com laminação paralela horizontal e, por vezes, com estruturas de bioturbação, e Costa Afora Inferior, posicionada abaixo dos 10 metros, formada por mega marcas de ondulações de areia limpa média a grossa, comumente envelopadas em lama, não raro com estratificação cruzada por ondas (hummocky cross stratification). É possível concluir, portanto, que o domínio das lamas cresce no sentido da bacia. Na Zona de Transição, cujo limite superior se situa no nível de base mais baixo de alcance das ondas normais, registra-se o acúmulo de areia siltosa e silte arenoso com estratificações cruzadas, laminações cruzadas e estruturas de bioturbação. A Zona de Praia, que compreende a região localizada entre a Zona de Transição e o nível da maré baixa, é formada por areia fina com laminação cruzada (Praia Inferior, 1 metro a 2 metros de lâmina de água), laminação paralela horizontal (Praia Superior, do nível de maré baixa a 1 metro de profundidade) e estrutura de bioturbação. Entre os níveis de maré baixa e alta, ocorre a Zona de Antepraia. Constitui-se por depósitos de areia fina e média intercalados com níveis de conchas. Ocorrem leitos com estratificações cruzadas de baixo e alto ângulo e laminações cruzadas. A região que compreende desde o nível da maré mais alta até o campo de dunas eólicas, corresponde a Zona de Pós-praia que se ocorrente em litorais dominados por ondas, é formado por areia fina a média sobre as quais se desenvolvem arroios, riachos e pequenos lagos. A zona Supratidal, em uma região de domínio das marés, é apenas atingida pelas águas em períodos de tempestades e de marés mais vigorosas. Os sedimentos variam de areia a lama, com laminações cruzadas e estruturas de bioturbação. A Zona de Pós-praia pode ser progradante (ilustração), deslocando-se na direção do corpo de água e, em consequência, ocorre a migração do ponto onde se encontram as águas e os sedimentos dessa zona. Desse processo resulta a acresção de sucessivos cordões (cristas de praia) de areia pa-ralelos entre si e aumento na largura daquela zona. Fotografia aérea de parte do delta do Rio Camaquã, RS, BR, retratando a atual linha de costa da Laguna dos Patos e o sentido de sua progradação (seta). Créditos: Marco Antônio Fontoura Hansen. Finalmente, a Zona de Dunas é composta essencialmente por areias finas a muito finas depositadas como dunas e interdunas (veja em ambiente eólico) eólicos. As estruturas mais significativas são as estratificações cruzadas de grande escala e as laminações cruzadas transladantes cavalgantes. Em costas com correntes longitudinais internas vigorosas, micromarés, energia de ondas baixa a moderada e aporte de sedimentos com granulometria variável, pode haver o desenvolvimento de cristas alongadas de conchas e areias paralelas à praia, isoladas, separadas por planícies de lama e pântanos progradantes. Essas cristas, denominadas cheniers estendem-se por muitos quilômetros e possuem poucos metros de altura e até 200 metros de largura. Tais feições são desenvolvidas especialmente em regiões onde rios atinjam a costa, devido à diminuição no influxo de sedimentos carreados pelo fluxo de água. As correntes longitudinais e as ondas arrastam as lamas e concentram as areias e as conchas. Posteriormente, quando ocorrer novo aporte de lamas, as ondas e correntes longitudinais internas não transportam toda a carga disponível, e as finas granulometrias sedimentam-se à frente do chenier, avançando na direção do oceano (progradação). A repetição do processo dá origem às cristas de areias e conchas paralelas à costa. Ilustração. Processo de formação de cheniers e a progradação da linha de praia. Fonte: modificado de Boggs, 1987. Veja também ambiente de planície de maré, ambiente deltaico e ambiente lagunar. Anaeróbica (anaerobic). São bactérias capazes de viver em ambiente com pouco ou nenhum oxigênio livre. Atuam sobre os restos orgânicos decompondo-os. No caso de detritos vegetais sua ação sobre a celulose, as proteínas, a lignina, as resinas, as ceras, as gorduras e os pigmentos transformam-nos em polímeros, monômeros e demais componentes das turfas. Andar (stage). Veja em unidade cronoestratigráfica. Anel de Liesegang. Veja bandas de Liesegang em banda. Ângulo de repouso (angle of repose). É o ângulo limite de inclinação no qual os sedimentos ainda se mantém equilibrados, isto é, não deslizam. Antiduna (antidune). Veja marca de ondulação regressiva. Anidrita (anhydrite). Veja em Rocha Sedimentar Química. Antracito (anthracite). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Arcabouço aberto (open frame). Veja em ortoconglomerado. Arcabouço fechado (closed frame). Veja em paraconglomerado. Arcósio (arkose). É o arenito que apresenta mais que 25% de feldspatos de origem detrítica.O mineral dominante, contudo, é o quartzo podendo conter também placas de micas (biotita e moscovita). Originam-se em áreas topográficas mais altas ou em regiões de climas áridos (veja clima) ou semi-áridos, quentes ou frios, compostas por rochas ígneas ácidas, intermediárias e metamórficas ricas em quartzo e feldspatos. Areia (sand). Veja em clasto. Arenáceo (arenaceous). Sedimentos constituidos por areia. Arenito (sandstone). Rocha Sedimentar Clástica composta pela fração areia (veja em clasto). Arenito esponjoso (bubble sand structure, cavernous sand, spongy structure, vesicular structure). Rocha constituída por camadas contendo gases que foram anteriormente aprisionados. Originam-se em ambiente praial de areias limpas, bem classificadas, que apri- sionam rapidamente o ar no momento da deposição. Ilustração. Nos casos de arenitos carbonáticos, a subsequente dessecação após exposição resulta na contração destas cavidades de bo- lhas para cavidades planares referidas como estrutura em olhos de pássaro (birdseye structure, birdseye vug). Sedimento bulboso. Praia arenosa com pequenos orifícios originados por escape de ar. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Arenito maciço (massive sandstone). Veja camada maciça. Ilustração. Arenito maciço. Arenito intertrapiano do Grupo Serra Geral, Meso-Cenozoico, RS, BR. O caráter maciço resulta da abundante cimentação por sílica. Referência: 8,0 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Arenito malaxado. Veja pseudonódulo. Arenito-siltito interlaminado. Veja estratificação finamente interacamada e também estratificação espessamente interacamada. Argila (clay). Veja em clasto. Argila castanha (brown clay). Veja em ambiente marinho. Argila vermelha (red clay). Veja em ambiente marinho. Argilito (argillite). Veja em Rocha Sedimentar Clástica. Armadura. Veja em teca. Arqueamento (warps). Veja em estrutura de avalanche. Arqueano (archean). Designação antiga da idade das rochas pré-cambrianas anteriores ao Algonquiano. Arqueozoica (arqueozoic). Era geológica mais antiga (2500 Ba), precedendo a Era Proterozoica (570 Ma-2500 Ba). Arredondamento (roundness). Veja em rochas sedimentares clásticas. Arrasto (drag). Veja em transporte. Atol (atoll). Veja em recife. Atualismo (actualism, uniformitarianism). É a corrente de pensamento que defende a ideia de que os eventos hoje ocorrentes na Terra são iguais aos que devem ter ocorrido no passado. Por essa razão, a observação do que hoje acontece no planeta (fenômenos naturais) é a explicação para entendermos a história terrestre passada. Criada por R. A. von Hoff, foi defendida por James Hutton e, mais tarde (1830), incorporada por Charles Lyell em seu livro “Princípios de Geologia” que a tornou célebre com a frase “o presente é a chave do passado”. Lyell propôs ainda a designação de “Princípio do Uniformitarianismo” no lugar de Lei ou Princípio do Atualismo. Contudo, este postulado aproxima-se da realidade quando referido a Era atual (Cenozoico). Admite-se a possibilidade de que as condições ambientais fossem diversas das atuais em eras anteriores. Autígeno (authigenic). Elemento constituinte de uma rocha, formado no mesmo local onde a rocha se encontra. Autóctone (autocthonous). Depósito sedimentar, solo ou rocha, formado no local onde se encontra. Tais depósitos, solos ou rochas foram constituídos in situ. Azoica (azoic). Denominação antiga dada a Era que abrangia o tempo anterior à Paleozoica. Supostamente não possui fósseis portanto, registro de vida, donde seu nome. Veja também Escala do Tempo Geológico. B Bacia de deposição (basin of deposition). Sinônimo de bacia sedimentar. Bacia de solução (kamenitzas, solution ba- sins). São estruturas cársticas formadas so-bre um plano rochoso levemente inclinado. Constituem cavidades circunscritas que contém água estagnada ou misturada com clastos durante certo tempo. Em geral, possuem 10 cm a 40 cm de largura e 1 cm a 10 cm de profundidade. Ocasionalmente alcançam 50 cm de profundidade e 3 metros de largura. Em planta são circulares, ovais ou ameboides. As bacias menores podem coa- lescer e originar bacias maiores. Os bordos das bacias podem estar sulcados. Bacia intracratônica (intracratonic basin). É uma bacia, em geral, de forma simétrica, origi- nada tectonicamente sobre uma área cratoni- zada. Bacia sedimentar (sedimentary basin). Área deprimida que recebe os sedimentos ali depositados por algum agente transportante. Lá a diagênese os transformará em rochas sedimentares. Bactéria (bacterium). São micro-organismos unicelulares sem envoltório nuclear e sem organelas membranosas (procariontes). Como suas dimensões geralmente variam entre 0,2 𝜇m (micrometro) e 30 𝜇m (existem exceções) são observáveis sob microscopia óptica ou eletrônica. Podem ser aeróbias (viver na presença de ar, ilustração A), anaeróbias (viver na ausência de ar, ilustração B) ou ser anaeróbias facultativas (ilustração C). A. Bactéria aeróbia. Colônias de Mycobacterium tuberculosis. Disponibilizado: 1976. Acesso: 07.04.2019. Créditos: CDC/Dr. George Kunica. Origem: Center for Desease Control and Prevention’s Public Health Image Library, nº 4428. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Fuile:TB_Culture.jpg. B. Bactéria anaeróbia. Clostridium tetani. Disponibilizado: 1995. Acesso: 07.04.2019. Créditos: Center for Disease Control and Prevention. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.j pg. C. Bactéria anaeróbia facultativa. Imagem de Escherichia coli obtida em microscópio eletrônico. Disponibilizado: 10.04.2005. Acesso: 07.04.2019. Créditos: Rocky Mountain Laboratories (NIAID), NIH. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NI AID.jpg. https://commons.wikimedia.org/wiki/Fuile:TB_Culture.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg Bactéria aeróbica (aerobic bacteria). Veja em bactéria. Bactéria anaeróbica (anaerobic bacteria). Veja em bactéria. Bactéria anaerobia facultativa (facultative anaerobic bacteria). Veja em bactéria. Baia interdistributária (interdistributary bay). Veja em ambiente deltaico. Banda (band, color-banding). Termo descritivo utilizado para estrutura bidimensional usualmente distinguida por contraste de cor, tal como, bandas de Liesegang (Liesegang band). Bandeamento (banding) ou bandea-do (banded) é normalmente aplicado para aparência de rochas sedimentares laminadas (veja lâmina) vistas em seção. Banda de Liesegang (Liesegang band). Veja em banda. Bandeado (banded). Veja em banda. Bandeamento (banding). Veja em banda. Banquisa (ice field). Extensas camadas de gelo formadas sobre o mar. Barcana (barcana). Veja duna barcana. Barlavento (windward). Lado de onde pro-vem a corrente eólica. Num perfil de duna cor- responde ao lado com menor inclinação (5o a 12o). Barra (bar). Acumulação subaquática ou não de seixos, areias ou lamas, dispostos no canal ou na desembocadura de um rio, ou ao longo de uma região costeira, sedimentados pelas correntes fluviais ou litorâneas. Barra de canal (channel bar). Sedimentações lenticulares alongadas dispostas ao longo de um canal fluvial. Veja também ambiente de planície de inundação. Barra de desembocadura (bar mouth). Depósito fluvial sedimentado na foz de um rio. Barra em pontal (point bar). Depósitos fluviais originados pela erosão dos sedimentos na parte concava da curva de um rio que, a seguir, são depositados na parte convexa da curva seguinte. Veja também ambiente de planície de inundação. Barralinguoide (linguoid bar). Veja marca de ondulação linguoide por corrente. Barreira (barrier). Veja ilha-barreira em ambiente lagunar e também recife-barreira em recife. Batial (bathyal sediments, bathyal rocks). São os depósitos marinhos sedimentados em profundidade entre 200 metros e 1.000 metros. Após a litificação origina as Rochas Sedimentares Batiais. Bauxita (bauxite). É uma rocha composta por uma mistura de hidróxidos de alumínio com argilas, óxidos de ferro, fosfatos de alumínio; sua composição é, portanto, indefinida. Por essa razão, tem sido sugerido que bauxita não seja considerada uma espécie mineral. Origina-se, provavelmente, por pro- cessos intempéricos prolongados em climas tropicais. Beach-stone. Veja recifes de pedra em ambiente marinho e também em recife. Bentos (benthos). Seres vivos que habitam os oceanos, mares e lagos. Dividem-se em sedentários (fixos) e vágeis (livres). Bentonita (bentonite). É uma argila originada de cinza vulcânica alterada, sendo a montmorilonita seu principal componente. Quando mergulhada em água aumenta várias vezes seu volume. Betume (bitumen). É composto natural, infla- mável, constituída por hidrocarbonetos. A cor varia de amarela a preta. Apresenta-se na forma de gás (gás natural), de líquido (petró- leo) e de sólido (asfalto). Betuminoso (bituminous). Carvão com baixo teor de umidade, médio teor de material volátil e alto percentual de material volátil betuminoso (em torno de 40%). A cor é negra e, quando queimado emite chama amarela. Nomenclatura também usada para folhelhos dos quais se obtém hidrocarbonetos voláteis por destilação. Biocenose (biocoenosis). Em Ecologia o ter- mo é empregado para caracterizar um grupo de seres vivos, intimamente associados, que formam uma unidade ecológica natural. Na PalÉontologia corresponde a uma associação de organismos que cohabitaram o mesmo local em que agora são encontrados fossilizados. Bioestratificação (biostratification). Consis-te em uma estratificação determinada por ação de certos organismos, como o estromatólito. Bioestratigrafia (biostratigraphy). Segmento da Estratigrafia que estuda a distribuição dos fósseis e das rochas onde estão contidos no espaço e no tempo. Biofácies (biofacies). Veja em fácies. Biogênico (biogenic). Sedimento composto por mais de 30% de restos de organismos, tais como conchas e corais. Bioglifo (bioglyph). Veja icnofóssil. Bioherma (bioherm). Ilustração. Recife cons- tituído por restos de esqueletos calcários de diversas categorias de organismos (algas calcárias, corais, equinodermas, etc.). Apresentam forma de lente ou de domos e internamente má estratificação. As dimensões são variadas, podendo atingir muitas dezenas de metros. Bioherma. Litoral marinho. Cenozoico, Bahia (BA), BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também Rocha Sedimentar Orgânica. Biólito (biolite). Designação empregada para Rochas Sedimentares Organógenas. Biomicrito (biomicrite). Calcário (veja Rocha Sedimentar Química e também Rocha Sedimentar Orgânica) constituído por porções va-riadas de fragmentos esqueletais, tais como conchas, crinoides, etc., envoltos em lama carbonática. Biostroma (biostrome). São depósitos sedi- mentares com laminação tabular, reta ou ondulada, originados pela concentração de restos de organismos. Alguns estromatólitos, bancos de ostras, colonias de corais e de crinoides, e de tecas de foraminíferos, estão entre os principais responsáveis pela gênese do biostroma. Alguns aceitam também que seres não sedentários (p.ex. foraminíferos) possam formar biostromas. Veja também rochas sedimentares orgânicas. Biota (biota). Conjunto de características da fauna e flora de uma região definida. Bioturbação (bioturbation). Veja estrutura de bioturbação. Bioturbação por alojamento. Veja estrutura de moradia. Biozona (biozone). Também conhecida co-mo zona de amplitude, inclui as rochas sedi- mentadas desde o surgimento até a extinção de determinada espécie correspondendo, portanto, as verdadeiras unidades cronoes- tratigráficas. Bloco errático (erratic block). Clasto de grande dimensão, transportado por geleira. Veja também sulco glacial. Bloco escorregado (slip block). Bloco sedi- mentar anteriormente situado sobre um plano inclinado que se deslocou por ação da gravidade, mantendo as suas estruturas originais sem maiores deformações. Bloco rompido por tração (keazoglyph, parting cast, pull apart, pull apart structures). Veja em estrutura brechosa. O C E A N O B I O H E R M A Boçoroca (gully). Erosão realizada pelas águas superficiais ou subterrâneas, podendo atingir dezenas de metros de profundidade e centenas de metros de extensão. Ilustração. É comum que ocorra em sedimentos ou sedimentitos arenosos, porém, não são ra- ras em pelitos. Boçoroca. Exposição de nível de paleossolo (seta) desenvolvido sobre a Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. O antigo solo foi soterrado pelos arenitos intertrapianos do Grupo Serra Geral, Meso-Cenozoico, RS, BR. Créditos: Tânia Dutra. Bola arenosa de redemoinho (sandstones whirballs, whirl balls). Massas arenosas finas fusiformes, tubulares ou elipsoidais, embebidas em matriz lamosa. Seus eixos maiores mostram-se verticais ou fortemente inclinados. Sua origem está relacionada com re- demoinhos formados por torrentes de lama. Bola de areia (sand balls). Veja em estrutura brechosa. Bola de argila couraçada. Veja bola de la-ma couraçada. Bola de carvão (coal balls). Veja em galha de argila. Bola de convolução (convolutional balls, roll- up structure). Ilustração. São corpos pequenos e subesféricos com lâminas concêntricas, associados com estrutura convoluta. Bola de convolução. Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Bola de deslize (slide ball). Veja bolas de escorregamento em pseudonódulo. Bola de escorregamento (slump balls). Ve-ja em pseudonódulo. Bola de lama couraçada (armored mud balls, clay ball, mud ball, mud pebble, pud-ding ball, till balls). Tratam-se de massas esferoides de lama, recobertas por areias grossas, grânulos e seixos. As bolas origi-nam-se de sedimentos pelíticos inconsolida-dos arrancados por curso d'água e que, ao rolarem no fundo do agente transportante se enriquecem com os materiais de cobertura. Bola de rodopio. Veja bola arenosa de re- demoinho. Bola espiralada. Veja sobredobra de escor- regamento. Bola espiralada por escorregamento. Veja sobredobra por escorregamento e também estrutura brechosa. Bola lacustre (burr balls, hair balls, lake balls, water-rolled weed balls). São corpos esferoidais constituídos por materiais de ori- gem orgânica, tais como algas, briozoas, braquiópodos, corais agregados mecânica- mente, graças ao movimento das ondas, em águas pouco profundas, possivelmente em períodos de tempestades. Quando originadas em ambiente marinho são chamadas bolas marinhas (aegragopila, pilae marinae, sea ball). Veja também estromatólito. Bola marinha (aegragopila, pilae marinae, sea ball). Veja em bola lacustre. Bomba (bomb). É um clasto formado pela solidificação da lava enquanto se deslocava no espaço, arremetida pelas explosões de ga-ses numa ejeção vulcânica. Possui formas torcidas, arredonda-das ou elípticas e superfície fissurada. Boneca de sílex (loess-kindchen). São concreções silicosas com formas bizarras. Bottomset. Veja sequência de fundo em ambiente deltaico. Boudinage. Constituem estruturas representadas por adelgaçamentos em determinadas camadas. Os adelgaçamentos são espaçados a intervalos regulares e algumas vezes podem dar origem a blocos rompidos por tração (veja em estrutura brechosa). A origem está ligada ao efeito das forças de tração atuando sobre material plástico coesivo do tipo lamoso. Brecha
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