Prévia do material em texto
Carlos Henrique Nowatzki LÉXICO DE ESTRUTURAS SEDIMENTARES E TERMOS ASSOCIADOS Com ilustrações 2019 I N T R O D U Ç Ã O O presente léxico é a mais recente publicação de uma série dedicada ao estudo das estruturas sedimentares, cujo início ocorreu a partir de um projeto elaborado e desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Geologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) entre os anos de 1981 e 1984. O objetivo principal das primeiras publicações foi o de não só relatar tais feições, suas origens e morfologias, mas também o de ilustrar, sempre que possível, as estruturas sedimentares ocorrentes em rochas e depósitos cenozoicos do Estado do Rio Grande do Sul (RS). Em 1982 publicou-se o Atlas de Estruturas Sedimentares Pré- Gondwânicas e Gondwânicas do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Parte I - Estruturas Primárias, em 1983 o Atlas de Estruturas Sedimentares Pré-Gondwânicas e Gondwânicas do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Parte II – Estruturas Químicas e Orgânicas e, finalmente, em 1984, o Glossário de Estruturas Sedimentares. Com ilustrações de estruturas em rochas Pré- Cambrianas, Fanerozóicas e de depósitos recentes do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Durante a vigência daquele projeto o grupo de pesquisadores era composto pelos professores Carlos Henrique Nowatzki (coordenador), Milton Antônio Araújo dos Santos e Tânia Lindner Dutra, e pelos alunos-monitores Henrique Záquia Leão, Bárbara Reich dos Santos, Maria Elisabeth de Souza, Vera Lúcia de Lima Schuster e Mônica Lacroix Wacker. O projeto recebeu auxílio logístico da UNISINOS e financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que também destinou bolsas a alguns dos membros da equipe. Decorridos 35 anos da publicação do glossário o autor disponibiliza a comunidade científica interessada o Léxico de Estruturas Sedimentares e Termos Associados, uma versão atualizada e ampliada do estudo editado em 1984. Aos verbetes do glossário foram acrescidos, no léxico, outros que abrangem temas diversos, contudo, relacionados àquelas feições, tais como, os ambientes deposicionais, a classificação das rochas quanto a origem, as diversas modalidades de correntes que transportam os sedimentos, as espécies de transporte, etc. O resultado se reflete no aumento de 930 verbetes, 157 fotografias e 2 quadros no glossário para 1 393 apontamentos, 224 ilustrações e 10 quadros no léxico. A par disto, este compêndio possui 215 páginas, abstraindo a da capa, a da introdução, a das dedicatórias e a do currículo. Desde o início de sua elaboração havia o propósito de divulgar este estudo por meio eletrônico, desejo ora concretizado. Este compêndio é composto, além dos verbetes, da bibliografia, da listagem dos vocábulos em língua estrangeira, do resumido currículo do autor e da Escala do Tempo Geológico, criada pela International Commission on Stratigraphy (ICS) da International Union of Geological Sciences (IUGS), versão 2018. Durante o manuseio do léxico, o leitor observará que os verbetes são grifados em negrito, sucedem-se em ordem alfabética morfológica e estão singularizados. A cada apontamento, na maioria das vezes, há a sua versão em língua estrangeira entre parênteses e em itálico. Na explicação referente ao verbete podem ocorrer tanto palavras sublinhadas quanto o indicativo “veja também”, cuja função é remeter o leitor para outro verbete que auxilie e complemente o esclarecimento procurado. Caso haja alguma ilustração referente ao verbete esta palavra será usada, na cor vermelha, na anotação pesquisada. Além de números seguidos por Ba, Ma, aC que significam, respectivamente, bilhões de anos, milhões de anos, antes de Cristo, no manual consta ainda a sigla CPRM referente ao Serviço Geológico do Brasil. Na lista de termos em língua estrangeira que também está em ordem alfabética morfológica, há a sua versão adaptada para o português, o que facilita sua busca no léxico. Barra Velha, agosto de 2019. Carlos Henrique Nowatzki In memoria Maria Elisabeth de Souza, pela amizade e pela dedicação à pesquisa destas singulares feições. João José Bigarella, pelo incentivo aos nossos estudos sobre estruturas sedimentares. 1 A Abioglifo (abioglyph). Marca ou hieroglifo originado por organismos. Abissal (abyssal sediments, abyssal sedimentary rocks). São os depósitos marinhos sedimentados abaixo dos 1 000 metros. Após a litificação dão origem as Rochas Sedimentares Abissais. Ablação (ablation). Degelo de geleiras por insolação, ar quente ou chuva. Abrasão (abrasion). Erosão mecânica rea- lizada pelos sedimentos transportados por ondas, correntes marinhas, rios, geleiras e ventos. Acamamento. Veja estratificação. Acamadamento. Veja estratificação. Acamamento contorcido (contorted bedding, contorted laminations, contorted stratification, décollement structure, distorted laminations). São estruturas de deformação pe- necontemporâneas que mostram dobramentos do tipo descolamento, falhas de pequena escala (veja falhas penecontemporâneas e dobras penecontemporâneas). Tais feições podem ser produzidas por atividade glacial, por deslocamento do gelo sobre os sedimentos, por fusão do gelo envolvido por clastos ou, ainda, por fusão de camadas de gelo que substratavam os depósitos. São chamados de acamamento contorcido irregular (irregulary contorted beds) quando mostram os estratos amarrotados e torcidos sem nenhum padrão regular. Veja também estrutura convoluta. Acamamento contorcido irregular (irregulary contorted beds). Veja em acamamento contorcido. Acamamento destruído. Veja estrutura de bioturbação deformativa. Acaustobiólito (acaustobiolite). Rocha Sedimentar Organógena não combustível, tal como calcário. Adobe. Depósito de lamas ocorrentes em áreas desérticas usadas na confecção de tijolos secados ao sol. Aglomerado (agglomerate). Rocha vulcanoclástica composta por lapilli (piroclastos com dimensões entre 4 mm e 32 mm) e por bombas, lavas arremessadas pelas explosões (dos gases) consolidadas durante o trajeto aéreo. Agnostozoica (agnostozoic). Antiga denominação do tempo geológico precedente ao Cambriano. Veja também Escala do Tempo Geológico. Aklé. Veja em duna transversa. Aleitamento gradacional. Veja camada gradacional. Alga (seaweed). Organismo fotossintético uni ou multicelular que vive em meio subaquoso salgado, salobro ou doce, bem como em ambientes subaéreos úmidos. Podem dispor-se na forma de tapetes ou mantos. Ilustração. Manto de alga. Algas dispostas na forma de tapete ou manto em ambiente litorâneo marinho. As bolhas formam- se por decomposição de matéria orgânica. Quaternário, Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR). Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Alga pisolítica (pisolitic seaweed). Veja em oncólito. Algonquiano (algonkian). Antiga denominação da idade ou das rochas do Pré-Cambriano, mais jovens que as do Arqueano. Veja também Escala do Tempo Geológico. Alítico (allitic). Nos climas tropicais e subtropicais é o intemperismo mais comum. Leva a decomposição dos silicatos com formação de hidratos de alumínio, perda de sílica e surgimento de laterita e bauxita. Alóctone (allochtonous). Depósito ou solo formado de materiais provindos de outras áreas que não aquela onde se encontra. Aloestratigrafia (allostratigraphy). Veja em unidade aloestratigráfica. Aloformação (alloformation). Veja em unidade aloestratigráfica. Alomembro (allomember). Veja em unidade aloestratigráfica. Alotígeno (allogenic, allothigenic). Elemento constituinte de uma rocha que foi formado em lugar diverso de onde a rocha está. Alteração (allteration). Efeito da ação in- tempéricasobre uma rocha. Aluvião (alluvium). Depósitos fluviais, lacustres e em leques continentais recentes compostos por seixos, areias e lamas. Ambiente deposicional (deposicional environment). No caso sedimentar constituem áreas da superfície terrestre com condições biológicas, físicas e químicas distintas das áreas adjacentes. Dividem-se em continentais, transicionais e marinhos. Os primeiros podem se subdividir em desérticos, glaciais, fluviais e lacustres. Os transicionais em deltaicos, lagunares e litorâneos. Os últimos em nerítico, batial e abissal. Os agentes responsáveis pelas sedimentações nos ambientes deposicionais continentais são: (a) nos desertos quentes a ação dominante é a dos ventos, (b) nos desertos frios, além do vento, atuam também as geleiras, as grandes responsáveis pela deposição de sedimentos, (c) nas regiões úmidas e semi-úmidas, as águas correntes têm maior expressão na construção de depósitos sedimentares, (d) os lagos são os depositários de sedimentos até ali transportado pelos rios, geleiras e vento. As deposições em regiões de ambientes transicionais apresentarão sedimentações com as características mistas entre os depósitos de ambientes continentais e marinhos. Qualquer um deles, deltáico, lagunar e litorâneo pode sofrer as ações de marés, caso elas sejam significativas ou de ondas, se estas forem dominantes. Veja também marés. Por último, os ambientes deposicio- nais nerítico, batial, abissal e hadal correspondem a sedimentação que ocorrem em profundidade no oceano. A zona nerítica corresponde a região com profundidade de até 200 metros, a zona batial àquela região com lâmina de água entre 200 metros e 2 000 metros, a zona abissal está sob uma cobertura de água entre 2 000 metros e 6 000 metros e a zona hadal com profundidade maior que 6 000 metros. Ambiente deltaico (deltaic environment). Este ambiente deposicional se desenvolve na foz de um rio que desemboque em um lago (delta lacustre) ou em uma região marinha marginal (delta marinho), seja ela o próprio oceano, mar ou laguna. Ainda ocorrem os deltas formados por detritos oriundos de regiões elevadas que foram depositados em um corpo d’água, lacustre ou marinho, situado na área rebaixada. Tais deltas, os leques deltaicos (fan delta), apresentam (a) uma porção pro-ximal, subaérea, característicamente um leque continental (ou aluvial), (b) uma porção intermediária, subaquosa, o delta frontal e (c) uma região distal, igualmente subaquosa, o pró-delta. Ilustração. Seção longitudinal de fan delta. 1. Leque aluvial. 2. Frente deltaica. 3. Pró-delta. 4. Substrato. NÁ. Nível superior da lâmina de água. A seta amaréla indica o sentido da progradação. Fonte: Massari e Colella 1988. 1 2 3 4 NÁ O ambiente deltaico é, portanto, um ambiente de deposição transicional, pois, os depósitos recebem a influência do continente, graças ao aporte de detritos terrestres trazidos pelo curso d’água ou pela gravidade no caso de muitos leques deltaicos, mas também estão sujeitos ao retrabalhamento e redistribuição realizados pelas ondas, correntes litorâneas, marés, tempestades, etc. Além disto, é comum que nestes sedimentos haja registro da atividade orgânica de animais e vegetais da bacia receptora. A espessura dos sedimentos que compõe o delta depende da taxa de subsidência da bacia receptora, pois, o volume de detritos acumulados está subordinado não só a quantidade de material transportado pelo rio, mas também da movimentação negativa do sítio deposicional. No sistema deltaico há, idealmente, uma área de deposição subaérea e outras duas subaquosas. Esta segmentação foi identificada em delta lacustre (ilustração), onde a atividade de ondas é desprezível e a de marés é praticamente inexistente, o que é determinante para a formação de um delta construtivo, ou seja, aquele em que a ação fluvial domina sobre a das ondas ou marés. Seção longitudinal de delta lacustre. Esboço de acordo com Gilbert 1890. 1. Sequência de fundo (bottomset). 2. Sequência frontal (foreset). 3. Sequência de topo (topset). 4. Substrato. 5. Nivel do lago. 6. Linhas de tempo. A seta amaréla indica o sentido da progradação. Modificado de Mendes 1984. Os deltas marinhos podem ser igualmente construtivos (ilustração), mas também podem ser do tipo destrutivos, caso a atividade marinha das ondas ou marés supere a reposição dos sedimentos transportados pelo rio. Nestes deltas destrutivos as sequências deposicionais são interdigitadas (ilustração) e não são nitidamente separadas como no caso dos deltas construtivos. Seção longitudinal de delta marinho construtivo. 1. Pró- delta. 2. Frente deltaica. 3. Planície deltaica. 4. Nível do mar. 5. Nível de base das ondas. 6. Substrato. 7. Linha de tempo. A seta amarela indica o sentido da progradação. Modificado de Mendes 1984. Seção longitudinal de delta marinho destrutivo dominado por maré. Delta do Rio Rhone. NM. Nível do mar. 1. Pró-delta e lamas da plataforma (veja em ambiente marinho) 2. Areias de barreiras costeiras. 3. Planície deltaica e bacias costeiras areno-lamosa. 4. Canais distributários preenchidos. 5. Substrato. A seta amarela indica o sentido da progradação. Fonte: Oomkens 1970, modificado por Galloway e Hobday 1983. A sequência de fundo (pró-delta) é composta por argilas e argilas-sílticas com uma quantidade maior de bioturbações (veja em estrutura de bioturbação) do que aquela existente nos depósitos da frente deltaica, o que pode ser constatado pela presença significativa de estruturas mosqueadas. As camadas do pró-delta interdigitam- se as da sequência frontal (frente deltaica) no sentido do continente. A sequência frontal apresenta clastos com granulometria variada, desde areia grossa a argila, que decrescem em dimensão no sentido da progradação. A matriz (veja em Rocha Sedimentar Clástica) dos sedimentos normalmente apresenta grande quantidade de restos de vegetais. A sequência de topo (planície deltaica) é composta por areias que variam de grossas a finas, sedimentadas em pequenos canais 3 2 1 4 5 6 3 4 6 5 1 2 7 NM 1 2 3 5 4 fluviais, chamados distributários, na forma de barras em pontal, de canal e de de- sembocadura. Ilustração. Delta lagunar. Imagem de satélite do delta do Rio Camaquã, RS, BR. CD. Canais distributários. BA. Barras arenosas. PD. Planície deltaica. Imagem do satélite Landsat. Fonte: acervo do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Cartografia–LASERCA da UNISINOS. Estratificação cruzada, laminação paralela horizontal e cruzada, bem como canais de corte e preenchimento são as estruturas sedimentares dominantes nos sedimentos dos canais. Os canais limitam corpos d’água, as baias interdistributárias, áreas lamíticas pantanosas (marsh) onde há abundância de ve- getais e o teor de matéria orgânica é elevado. Em alguns depósitos deltaicos, particularmente nos lacustres, formam-se corpos lenticulares com uma espécie particular de estratificação cruzada: a estratificação cruzada sigmoidal (sigmoidal cross- stratification). Ela pode ser descrita como uma sucessão de sigmoides, depósitos que tangenciam tanto na base quanto no topo tendo a sua maior largura na parte médiana. Os corpos possuem espessura variável (50 cm a 1 metro), são depositados à frente um do outro em contato direto, sem erosão. Esta estrutura sedimentar tem, portanto, a geometria de uma sigmoide, depósito que se origina pela combinação de processos trativos e suspensivos, fator decisivo para a sedimentação como lobos, ditos lobos de suspensão, na foz do rio. Este processo é determinante para a preservação das sigmóides sem que ocorra erosão das porções superiores destas formas de leito. Vistos em planta tais corpos são semicirculares, mas quando observados em seção longitudinal assemelha-sea letra S aberta e inclinada. Ilustração. Seção longitudinal de delta lacustre evidenciando sigmóides areno-sílticas intercaladas a pelitos. Formação Caturrita, Triássico, RS, BR. Sentido da progradação: da direita para a esquerda. Créditos: Renato Bidóia. O perfil vertical do depósito inicia, na base, com argila que transiciona para marcas de ondulações cavalgantes (climbing ripples) e, acima, para lâminas sigmoidais, cuja definição é a mesma das estratificações cruzadas sigmoidais, porém com pequena espessura. Estas sedimentações, as sigmóides, originam-se quando de eventos episódicos de fluxos homopicnais (veja também fluxo hipopicnal e fluxo hiperpicnal), constituindo-se em mega-marcas de ondulações cavalgantes (veja marca de ondulação e também marca de ondulação cavalgante). Por si só, sigmoides não identificam uma sequência deltaica porque também são encontradas em tempestitos, turbiditos e em ambiente de planície de maré. Ambiente de planície de inundação (flood plain environment). É o ambiente deposicional onde as águas correntes atuam promovendo a erosão, o transporte e a sedimentação de clastos e de materiais solubilizados. Situada entre as cabeceiras e a foz, aqui tratadas de maneira separadas, mas na natureza são integradas (sistema fluvial, ilustração). A planície de inundação é o palco da deposição de detritos com os mais variados tamanhos onde, normalmente, os fragmentos mais grossos situam-se próximos da cabeceira, os médios na porção intermediária e os finos em sua foz. Há, também, gradação na granulometria em um perfil vertical, localizando- se os clastos grossos na base e os finos no topo. LAGUNA DOS PATOS BA CD Sistema fluvial. A. Seção longitudinal. B. Vista em planta. 1. Substrato. 2. Depósitos gravitacionais. 3. Depósitos tracionais e suspensivos. 4. Depósitos suspensivos e tracionais. 5. Lago, mar, oceano ou laguna. A seta indica o sentido do fluxo. Fonte: Suguio 2003, modificado. A distribuição do tamanho dos detritos não é fixa, dependendo de uma série de variáveis, entre elas, velocidade do fluxo, forma e profundidade do canal, regime regional de chuvas, etc. A descarga de um fluxo fluvial pode ser assim expresso: Q = AV, onde a vazão (Q) depende da área da seção do canal (A) e da velocidade do fluxo (V). Desta forma, a relação da seção do canal com a velocidade do fluxo, determinará a competência do rio, ou seja, o tamanho máximo de material que poderá ser movido, bem como sua capacidade, isto é, o volume de carga transportada. Um fator importante para o desenvolvimento da forma de canal é o mergulho regional que, somado aos fatores acima mencionados influencia não só na forma, mas também na transição de um para outro modelo. A divisão clássica das formas de canais fluviais é: retos, anastomosados, entrelaçados e meandrantes (ilustração). Contudo, pesquisas mais recentes sugerem que a partir de análises do trajeto total percorrido por um rio, as formas de canais existentes são entrelaçados e meandrantes, sendo as demais (retos e anastomosados) apenas segmentos daqueles. Estes segmentos teriam sido originados por modificações locais na topografia o que, no que lhe concerne, influencia na velocidade do fluxo, na sua capacidade e na sua competência. Ultrapassado este trecho com o retorno das condições anteriores o canal volta a assumir sua forma primitiva (entrelaçado ou meandrante). Formas de canais fluviais. Esboços de vista em planta. A. Rio com canal meandrante. B. Rio com canal reto. C. Rio com canal entrelaçado e D. Rio com canal anastomosado. Fonte: Allen 1970, modificado. A sedimentação neste ambiente ocorre em duas situações: como depósitos de canal ou como depósitos de transbordamento. Ilustração. Rio meandrante. Representação de alguns de seus depósitos. DDM. Depósito de dique natural ou marginal. DZV. Depósito de zona de várzea. DBP. Depósito de barra em pontal. DRDM. Depósito de rompimento de diques marginais (ou crevasse splay) e DMA. Depósito de meandro abandonado. Fonte: modificado de Allen, 1970. Os depósitos de canal constituem-se principalmente por areia e, secundariamente, por lamas. Na parte mais profunda do canal sedimentam-se os clastos mais grossos (depósitos residuais de canal, channel lag deposits) os quais são, posteriormente, soterrados pelos depósitos de barras de canal, e, finalmente, ambos são sobrepostos pelos depósitos de barra em pontal. Os depósitos de transbordamento compõem-se (a) de clastos finos a muito finos (areias finas e lamas) acumuladas em baixios sobre as barras em pontal, (b) depósitos de diques marginais (ou naturais), (c) depósitos de rompimento de diques marginais, (d) depósitos que preenchem os meandros abandonados e (e) depósitos da bacia de inundação (também chamados de depósitos de zona de várzea). Ilustração. CABECEIRAS PORÇÃO INTERMEDIÁRIA FOZ Ambiente em leque Partículas: + 2,0mm Ambiente de planície de inundação Partículas: 2,0mm a 0,062mm Ambiente deltaico Partículas: 0,062mm A B 1 2 3 4 5 DZV DDM m DMA DRDM DBP A B C D Perfil vertical de rio meandrante. Seção colunar de ciclos de depósitos de canal e de depósitos de transbordamento. A. Depósito residual de canal. B. Depósito de barra em pontal. C. Depósito de transbordamento com ondulações famintas, porção distal de depósito de rompimento de dique marginal. D. Depósito de zona de várzea com raízes, gretas de contração e bioturbações. A escala é em metros. Fonte: modificado de Allen 1970, segundo Cant 1982. Ambiente de planície de maré (tidal flat environment). Ilustração. Corresponde a região costeira marinha onde predomina a ação das marés. É normalmente lamosa e pelo menos parte dela permanece coberta por água durante a maré cheia, mas fica exposta quando a maré baixa. A maré enchente (subida do nível das águas oceânicas) e a maré vazante (descida do nível das águas oceânicas) são respostas a combinação da rotação terrestre e das influências gravitacionais do Sol e da Lua. Este fenômeno pode ocorrer, dependendo da região, uma ou duas vezes por dia. Quando a Terra, a Lua e Sol estão alinhados a intensidade do evento aumenta originando o que é conhecido por maré de sizígia. Em decorrência do transporte de sedimentos que ora se deslocam na direção do continente (maré enchente), ora se dirigem para o oceano (maré vazante), as formas de leito e, consequentemente, as estruturas se- dimentares refletem esta movimentação bidirecional do fluido. Tal ambiente se desenvolve em áreas baixas e planas ao longo da costa, bem como em estuários e baías. A região sob a influência de marés é dividida em 3 zonas: (a) inframaré, situada abaixo do nível médio das marés baixas, (b) intermaré, localizada entre o nível médio das marés baixas e o nível médio das marés altas, e, (c) supramaré, posicionado acima do nível médio das marés altas. Ambiente de planície de maré. Representação idealizada do ambiente com as zonas, canais de maré e lagoas que o constituem. Fonte: Boggs 1987, modificado. É ambiente propício à vida, portanto, rico em bioturbações. Também aí há deposições de areias e siltes ondulados (marcas de ondulações) com dimensões variadas, entre elas as ondas de areia. Estratificação cruzada espinha de peixe, estratificação flaser, estratificação lenticular de pequeno porte e drapeamento de lama, são feições comuns. Veja também maré. Ambiente em leque (fan environment). Este ambiente é composto por deposições de clastos com má classificação que variam de muito grossos a muito finos. As sedimentações, com formato cônico, ocorrem em áreas situadas no sopé de montanhas, na base de escarpas de falhas, na desembocadura de vales e de canhões (canyons) submersos. Há gradação horizontal na granulometria, pois, os clastos maiores situam-se nas proximidades da área-fonte, aqueles com dimensões médias na porção intermediária e os mais finos na região distal. Podem ser classificados em leques continentais (continental fans) e leques submersos (submarine fans). Embora ocorram A C B A D leques lacustres, aqui se faz a descrição daqueles formados nos oceanos e nos mares, porque os três são semelhantes quanto a origem, a modalidade de transporte e as feições que seus depósitos apresentam. Os leques continentais ou aluviais (ilustração) formam-se sob climas diferentes: áridos ou semi-áridos (veja clima), quentes ou frios, e em regiões tropicais e úmidas. A melhor preservação está associada aos depósitos de regiões desérticas quentes. Leque continental. A. Vista em planta dos depósitos e dos canais dos fluxos de água que se deslocam sobre eles nos períodos de chuva. Estão aí representados o corte transversal (A-A’) e o longitudinal (B-B’) observados em detalhe nos desenhos B e C, respectivamente. LP. Leque proximal. LM. Leque médio. LD. Leque distal. B. Vista frontal (corte transversal) evidenciando a acumulação sucessiva dos depósitos e seu retrabalhamento realizado pelos fluxos de água (canais). C. Vista lateral (corte longitudinal) e a distribuição aproximada de LP, LM e LD. Fonte: Suguio, 2003, com modificações. Os leques submersos são representados por depósitos cujas condições originantes (área elevada) e local de sedimentação (sopé das áreas elevadas) são semelhantes aos dos leques continentais. As exceções ficam por conta do ambiente submerso e do agente transportante, as correntes de turbidez (ilustração). Corrente de turbidez. Seção longitudinal da plataforma, do talude, ponto de origem da maioria das correntes de turbidez, e o seu deslocamento para áreas mais profundas, local de sedimentação dos materiais transportados. Fonte: A seta indica a progradação. Dietz 1963, Brown e Fischer 1977, modificado por Popp 1987. Os depósitos submersos gerados por correntes de turbidez, fluxos túrbidos e mais densos que o meio aquoso envolvente, são conhecidos como turbiditos (ilustração). O acúmulo de muitos eventos deposicionais sucessivos sobrepostos faz com que a possança do conjunto atinja centenas ou, em alguns casos, milhares de metros de espessura. Bouma em 1962 observou que há repetição de certas camadas, numa ordem específica, sempre que os sedimentos se depositam após um evento de transporte. De suas análises, ficou evidente que cada ciclo deposicional (transporte e deposição), apresentaria, se completo, 5 camadas com estruturas diferentes, ainda que algumas apresentassem a mesma granulometria, indicando diminuição na velocidade da corrente, portanto, na capacidade (veja em ambiente de planície de inundação) e na competência (veja em ambiente de planície de inundação) da corrente. O leito de lamas rico em bioturbações na porção superior significaria o evento de término do transporte e deposição (veja em sedimentação). Turbidito. Seção colunar de ciclo ideal completo de um depósito de corrente de turbidez (A a E). Fonte: Bouma, 1962, modificado por Popp 1987. A movimentação dos sedimentos declive abaixo se deve a terremotos, instabilidade dos clastos nas encostas, rápida e vigorosa entrada de detritos transportados por rios para o interior da bacia receptora e correntes subaquáticas ocorrentes no corpo de A B C LP LM LD Correntes de turbidez ocorrem também associada a deltas, a lagos e a lagunas. água. O turbidito é composto por partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) e matriz (veja em Rocha Sedimentar Clástica) provenientes de rochas diversas, em conformidade com a área-fonte. Ocorrem ainda aqueles compostos quase ou totalmente por clastos de calcários. Tais turbiditos calcários são chamados flysch. Ilustração. Flysch. Sequência de leitos turbidíticos calcários. Eoceno, Venezuela. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Ambiente eólico (eolian environment). Ilustração. É o ambiente deposicional em que os depósitos eólicos são os mais significativos, ou seja, o vento é o principal responsável pela erosão, transporte e sedimentação dos detritos. As regiões desérticas, especialmente as áridas e semi-áridas, as áreas litorâneas marinhas e lacustres, bem como as planícies de inundação arenosas, são as que apresentam os maiores registros da atividade eólica. Nestes locais, as areias secas são transportadas pelo vento para ser depositadas, posteriormente, como acumulações com formas diversas, entre elas, as mega marcas de ondulações. O vento é um bom selecionador da granulometria, portanto, as areias por ele depositadas apresentam pouca variação no tamanho dos grãos. Enquanto os fragmentos mais grossos são deixados para trás, as areias seguem até o local de depósito por saltação (veja em transporte) e os detritos mais finos, especialmente as argilas, são conduzidas adiante por suspensão (veja em transporte). As partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) mais finas, as argilas, serão sedimentadas em locais longínquos como lençóis maciços, conhecidos como loess que, após litificação (veja em diagênese), passam a se chamar loessitos. A origem destes detritos é creditada não só a ação intempérica sobre rochas no próprio ambiente eólico, mas também, a trituração de clastos por geleiras e, ainda, a detritos piroclásticos muito finos (cinzas) expelidos em erupções vulcânicas. Também há neste ambiente acúmulo de água em áreas de baixadas. Isto pode ocorrer por erosão eólica do subtrato, o que expõe o nível mais superficial do lençol freático. Estes corpos de água, chamados oásis, podem durar algum tempo (alguns meses ou anos) ou ter longa duração, pois, vários deles já persistem há séculos. Esboço de região desértica com duna, interduna e oásis. As flechas onduladas indicam o sentido de deslocamento do vento, os processos destrutivos deste agente (deflação eólica) que expõe o lençol freático (oásis) e construtivo (duna). O espaço aplainado à frente da duna corresponde ao interduna. Fonte: Leet e Judson, 1980, modificado. É possível também que a água seja acumulada a partir de chuvas intensas em certos períodos do ano, ocasião em que rios efêmeros (wadi) se formam e suprem o lago ou, ainda, a fonte do líquido pode ser a fusão do gelo existente nas regiões montanhosas mais próximas. Tanto os lagos (playa lake) quando os cursos d’água (wadi) secam em poucas horas ou dias com o término do período chuvoso, o que não acontece com frequência com os lagos supridos por degelo. Neste ambiente, as dunas são os depósitos mais significativos quer seja por sua dimensão, quer pela extensão em área que o seu conjunto ocupe (campo de dunas). Podem ser classificadas em (a) dunas litorâneas, se associadas ao litoral de oceanos ou lagos, (b) dunas de deserto, se ocorrentes em desertos e (c) dunas de rios, se formadas em planícies de inundação de rios em regiões de climas semi- áridos (veja clima). Contudo, a classificação clássica destes corpos arenosos tem por base sua forma: dunas e cadeias de dunas transversais, dunas e cadeias de dunas longitudinais, dunas complexas. As dunas e os demais depósitos eólicos apresentam um conjunto de estruturas sedimentares (ilustração) que são utilizadas para identificá-los quando litificados (ilustração). Oásis Duna eólica Água subterrânea Interduna Esboço de uma duna transversal e suas estruturas sedimentares. A porção frontal (face de sota-vento ou face de avalanche, slipface) mostra os depósitos por queda de grãos (grainfall, GFL) e depósitos por fluxo de grãos (grainflow, GFW). Na face de barlavento (backside), ocorrem marcas de ondulações cavalgantes que, em perfil, são registradas como laminações cruzadas cavalgantes transladantes (LCCT). Igualmente em perfil aparecem as estratificações cruzadas tangenciais (ECT), tambémdenominadas estratificações cruzadas por camadas frontais (ECCF). Está ainda representado o interdunas, onde ocorrem arenitos com marcas de ondulações cavalgantes e camadas com estratificação paralela horizontal, playa lakes, wadi, evaporitos, etc. A seta indica a direção do fluxo. Fonte: Hunter, 1977, modificado. O pesquisador está sobre camadas de arenitos com laminações cruzadas cavalgantes transladantes, sedimentados no barlavento (backside) de duna eólica. Abaixo delas, o sota-vento constituído por arenito com estratificações cruzadas tangenciais, depósitos por queda de grãos (grainfall) e depósitos por fluxo de grãos (grainflow). Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As dunas são, corriqueiramente, se- paradas por um espaço rebaixado plano, ho- rizontalizado, onde se estabelecem os oásis, os lagos de deserto (playa lakes) e por onde migram os (wadi). Sobre esta área, o interdunas, deslocam-se as dunas. Caso exista umidade, podem aí habitar pequenos animais e desenvolver-se vegetação rasteira e arbustiva (ilustração). Aí podem ser encontrados evaporitos (veja também Rocha Sedimentar Química). Cadeia de dunas transversais (barcanoides) em litoral marinho. Quaternário, RS, BR. O clima subtropical e a ocupação humana ao fundo impedem a progressão das areias. As áreas de interdunas e o barlavento das dunas começam a ser ocupado por vegetação. A seta indica a direção de sopro do vento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também duna. Ambiente estuarino (estuarine environment). O estuário é um ambiente deposicional transicional entre o fluvial e o marinho, podendo associar-se ao ambiente de planície de maré. Suas águas são mixohalinas como resultado da mistura dos líquidos fluviais e marinhos. Conceitualmente corresponde a uma porção de água salgada parcialmente fechada em uma região marginal ao mar (ilustração). A salinidade deste corpo aquoso é diluída pelo aporte de água doce fluvial. Ambiente estuarino. Imagem do Estuário da Babitonga, Santa Catarina (SC), BR. Fonte: Google Earth 2018. Os sedimentos aí depositados apresentam granulometria variável em função da energia do ambiente que é disponibilizada pelas correntes fluviais, pelas marés, pelas correntes de maré, pela ondas oceânicas, pelas chuvas, pela temperatura e pela flora e fauna locais. Nos estuários de baixa energia se acumulam lamas, enquanto nos de alta e- nergia há o domínio das areias. Ilustração. Ambiente estuarino. Seção colunar ideal da sedimentação transgressiva na Baía Delaware. Fonte: modificado de Weil 1977. É comum a ocorrência de restos de vegetais com os detritos clásticos. Outro fenômeno corriqueiro é o da floculação o que resulta na rápida sedimentação das argilas. Em direção ao continente os depósitos estuarinos interdigitam-se aos fluviais enquanto na direção oposta o fazem com sedimentações marinhas. Entre as estruturas sedimentares citam-se estratificações cruzadas, laminações côncavas, laminações angulares, estratificação cruzada espinha de peixe, galhas de argila, estruturas de bioturbação e estratificação flaser. Ambiente glacial (glacial environment). Trata- se do ambiente deposicional onde o gelo é o principal agente intempérico, erosivo, transportante e depositante. O gelo se acumula em áreas com baixas temperaturas, tais como os polos (geleiras de latitude), o cume de montanhas (geleiras de altitude), em altiplanos e nos seus entornos. As geleiras polares e as de altitude dificilmente se fusionam, salvo por aumento de temperatura global. As demais estão sujeitas a derretimento, parcial ou total, em períodos de verão. Geleiras continentais se desenvolvem sobre continentes, como é o caso da Antártica (polo sul) e as das montanhas, as quais migram, por ação da gravidade, desde áreas elevadas até as rebaixadas. No Ártico (polo norte) este fenômeno não ocorre, pois, a massa de gelo flutua sobre o oceano. Os depósitos e a paisagem em um ambiente glacial são bastante variados: nunatak: elevação isolada projetada através de uma geleira terrestre; moraina ou morena: sedimentos mal classificados sedimentados por geleira. Podem ser morainas frontais, se depositadas à frente da geleira, morenas laterais, se ocorrentes nas laterais do gelo, morenas basais, se formadas na base da geleira, morainas médias, se originadas pelo encontro de duas geleiras ou morainas de recuo, se originadas quando da fusão e recuo do gelo; geleira propriamente dita; sítio glácio- lacustres; planícies e lavagem (outwash plain): área de deposição de detritos sedimentados à frente da moraina frontal, retrabalhados posteriormente por rios; sítio fluvioglaciais; kattles: depressões originadas pela fusão de blocos de gelo sobre os depósitos de till; eskers: depósitos alongado formado por correntes fluvioglaciais no interior de túneis abertos pela água no gelo; praias; geleira marinha: gelo que flutua sobre o mar; sítio glaciomarinho; vale glacial submerso. (Ilustração). Bloco-diagrama de um ambiente glacial com representação de algumas de suas feições: nunatak (1), moraina média (2), geleira (3), sítio glaciolacustre (4), planície de lavagem (5), sítio fluvioglacial (6), kettles (7), esker (8), praia (9), geleira marinha (10), morena basal (11), sítio glaciomarinho (12), vale glacial submerso (13). Fonte: modificado de Edwards 1986. 1 t4 2 6 5 10 11 12 3 7 8 9 13 DEPÓSITO ARENO-SEIXOSOS MACIÇO PLEISTOCÊNICO DEPÓSITO LAMÍTICO COM DETRITOS VEGETAIS E, NA BASE, DEPÓSITO TURFÁCEO PLANÍCIE DE MARÉ PANTANOSA DEPÓSITO ARENO-SEIXOSO E FRAGMENTOS DE CONCHAS ROMPIMENTO DE ILHA-BARREIRA (WASHOVER) DEPÓSITO ARENO-LAMÍTICO LAMINADO ZONA INFRAMARÉ DEPÓSITO LAMOSO-ARENÍTICO LAMINADO ZONA INFRAMARÉ DEPÓSITOS DE AREIA FINA COM ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA DE BAIXO ÂNGULO (veja em estratificação cruzada de pequena escala) INTERCALADO À NÍVEIS DE SILTE LAMINADOS ZONA INTERMARÉ (?) DEPÓSITOS DE AREIA GROSSA COM ABUNDANTES ESTRATIFICAÇÕES CRUZADAS BARRAS DE DESEMBOCADURA A moraina basal interna origina o till, um depósito mal classificado, maciço, não consolidado, diretamente sedimentado pelo gelo. A erosão, o transporte e a sedimentação de materiais pelo gelo deixam o registro da atuação deste elemento nos clastos, nas rochas e no substrato sobre o qual a geleira migrou. Por décadas os varvitos, rochas se- dimentares clásticas compostas por lâminas síltico-arenosas que se intercalam à lâminas de argila (varves, veja em estratificação finamente interacamada) foram considerados glaciais. Os leitos (veja em lâmina) síltico-arenosos, supostamente formados no verão, refletiriam um aumento no volume das águas fluvioglaciais em virtude da fusão de parte do gelo naquela estação do ano. Com a chegada do inverno e novo congelamento de parte da água disponível, a vazão daqueles cursos de água seria afetada reduzindo-se, portanto, a competência (veja em ambiente de planície de inundação) e a capacidade (veja em ambiente de planície de inundação) dos fluxos, o que geraria as lâminas de argila. Esta explicação sobre a origem dos varvitos possibilitou a contagem dos pares de lâminas (silte-areia + argila = verão + inverno) e assim deduzir o tempo decorrido para a formação de um conjunto de pares da sedimentação sob estudo. Este paradigma, o dos varvitos, foi abalado e substituído senão totalmente, pelo menos em grande parte, pela descoberta das correntes de turbidez e de seus produtos, os turbiditos (veja em ambiente em leque). Ver também estria glacial e sulco glacial. Ambiente lacustre (lake environment). Os lagos são corpos de água aprisionadossobre áreas emersas, continentes ou ilhas. As suas águas podem ser, de acordo com a salinidade, doces (0,3‰), mixohalina (1,0‰) ou salgadas (acima de 24,7‰) e a sua profundidade é variável podendo até ultrapassar mais de 1 000 metros. A temperatura de suas águas também é variável em razão de seu posicionamento geográfico O clima é o fator mais importante na determinação do lago que existirá em uma região. Em regiões tropicais, as águas de grandes lagos apresentam uma segmentação em duas camadas térmicas distintas. A camada superior possui temperatura maior do que a camada inferior cujas águas são estagnadas, anóxicas, portanto, anaeróbicas, aí ocorrendo produção de ácido sulfídrico (H2S). Em regiões de clima temperado também há uma estratificação nas águas, porém, com características diferentes no verão e no inverno. Enquanto no verão a camada inferior possui águas mais frias do que as da camada superior, no inverno há uma inversão térmica e a camada superior é mais fria do que a inferior. O oxigênio rareia e pode desaparecer no nível inferior, o que permite a produção de H2S graças a ação de bactérias anaeróbicas. A deficiência de oxigênio permanece na camada inferior, mesmo durante o inverno. O ambiente redutor, se persistente, pode dar origem aos folhelhos pirobetuminosos (veja em folhelho). O formato do lago pode ser alongado, circular, elíptico ou irregular (ilustração) e seus depósitos podem ser clásticos (veja Rocha Sedimentar Clástica), químicos, tais como carbonatos e sais (veja Rocha Se-dimentar Química), bioquímicos (veja rocha bioquímica em Rocha Sedimentar Orgânica) e orgânicos (veja Rocha Sedimentar Orgânica). A distribuição concêntrica da granulometria nos lagos associados a rios é uma de suas características. Assim, suas praias podem ser formadas por areias (veja em clasto) e clastos maiores, seguidas, no sentido do centro do lago, por sedimentações de areias, lamas arenosas e, por fim, na parte mais profunda, lamas. Ambiente lacustre. Lagos alongados situados no RS, BR. O maior, à esquerda, no centro da imagem é o Lago Mirim. Cerca de 2/3 de sua área está em território brasileiro (RS) e o restante no país vizinho do Uruguai (UR). O Lago Mangueira, à direita do lago Mirim é separado do Oceano Atlântico por estreita faixa arenosa litorânea marinha. Fonte: Google Earth 2018. Rochas lacustres podem, muitas vezes, ser confundidas com àquelas originadas em outro ambiente deposicional. Um dos enganos mais comuns é a de analisá-las como se fossem depósitos fluviais. Segundo Picard (1977) o estudo dos sedimentitos lacustres da Uinta Basin, Utah, USA, permitiu elencar algumas características dos depósitos lacustres e fluviais, especialmente dos a-renitos, folhelhos, calcários (veja em Rocha Sedimentar Química e também em Rocha Sedimentar Orgânica) calcíticos e calcários dolomíticos. Os quadros a seguir tratam do tema, modificados do original daquele autor. ARENITOS LACUSTRES ARENITOS FLUVIAIS 1. A geometria dos depósitos, cuja cor varia de branca a cinza- escuro, é, frequentemente, tabular, ocorrendo também as lenticulares. 2. As areias são finas a muito finas, bem selecionadas, arredondadas ou subarrendondadas (veja arredondamento). 3. Calcita, dolomita e sílica são os cimentos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) mais comuns. 4. Ocorrem marcas de ondulações por ondas. 5. Maior continuidade lateral se comparada com os depósitos fluviais. 1. A geometria dos depósitos cujas cores variam do branco, cinza- médio, vermelho, verde ao verde acinzentado, é dominantemente lenticular. 2. As areias, mal selecionadas, subangulares a subarredondadas, vão desde finas a muito grossas. Ocorrem fragmentos de rochas. 3. O cimento comum é a calcita, mais raramente argila ou argila e calcita. 4. Ocorre presença de marcas de ondulações por corrente. LAMITOS LACUSTRES LAMITOS FLUVIAIS 1. Cores dominantes: marrom e cinza. Verde é menos frequente. 2. Podem estar presentes: pirita, marcassita, chert, sílica e sais. 3. Laminação paralela horizontal. 4. Maior continuidade lateral que a dos depósitos fluviais. 1. Cores vermelhas ou verdes, mais raramente marrom ou cinza. 2. Ocorrência de fragmentos de rochas. 3. Laminação paralela horizontal. CALCÁRIOS CALCÍTICOS LACUSTRES CALCÁRIOS CALCÍTICOS FLUVIAIS 1. Se autóctones: coquinoides ou algais. Se alóctones: calcarenitos (veja em Rocha Sedimentar Química), calcilutitos (veja em Rocha Sedimentar Química), coquinas. 2. Partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) variam de finas a grossas. 3. Textura cristalina sacaroide. 4. Sedimentos químicos são bandeados. 5. Cores variam do cinza ao marrom. 6. Ocorrência de quartzo, argila, marcassita, pirita, chert e sílica. 7. Maior continuidade lateral que a dos depósitos fluviais. 8. São bandeados. 9. Os fósseis mais comuns são ostracodes, gastrópodes e pelecípodes. 1. Apresentam-se com cores va- riegadas, inclusive a rosa. 2. Partículas variam de finas a médias. 3. Textura cristalina. 4. Ocorrem quartzo e argila. 5. Depósitos menos contínuos que os lacustres. 6. Raros fósseis. CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS LACUSTRES CALCÁRIOS DOLOMÍTICOS FLUVIAIS 1. Dolomita misturada com argila, calcita, sílica e matéria orgânica. 2. As partículas são finas a muito finas. 3. A textura é cristalina. 4. São bandeados. 5. As cores mais comuns são cinza, marrom e Presença rara ou ausência. esverdeado. 6. Ocorrem marcassita, pirita e sílica. 7. Podem ocorrer fósseis de ostracodes, microfósseis e fragmentos de vegetais. Não é incomum que afloramentos, testemunhos ou perfis verticais (ilustração) de sedimentitos lacustres antigos sejam, muitas vezes, confundidos com depósitos marinhos. Assim, presença de fósseis terrestres é o indicador mais seguro de que as rochas sob estudo foram formadas em um paleoambiente lacustre. Ambiente lacustre. Seção colunar de sedimentitos lacustres com aporte de material clástico fluvial. Modificado de Van Dijk, Hobday e Tankard 1978. Ambiente lagunar (lagoon environment). É o ambiente deposicional onde um corpo d’água mixohalina ou mesmo hipersalina, raso, marginal ao mar se encontra separado dele por uma restinga, por recifes-barreira (veja em recife) ou por uma estreita faixa arenosa, chamada ilha-barreira. A separação, contudo, não é total, pois, um ou mais canais (inlets) mantém as massas aquosas conectadas. Não é incomum que surjam deltas na desembocadura dos canais, chamados deltas de maré (tidal deltas). Durante a maré enchente é construído um delta para o interior da laguna, enquanto na maré vazante os depósitos formam um delta que aumenta em direção ao mar. Ilustração. LAMITO LAMINADO Deposição de lamas suspensdas na porção central do lago ARENITO COM ESTRUTURA GRADATIVA Deposição por tempestade (tempestito) SILTITO COM ESTRUTURAS DE BIOTURBAÇÃO ARENITO COM HUMMOCKY Deposição por tempestade (tempestito) SILTITO ARENOSO COM MARCAS DE ONDULAÇÕES Retrabalhamento por ondas normais ARENITOS E PELITOS COM LAMINAÇÃO PARALELA HORIZONTAL ARENITOS COM MARCAS DE ONDULAÇÕES CAVALGANTES POR CORRENTE Barra de desembocadura progradante SILTITO ARENOSO COM GRETAS DE CONTRAÇÃO Diques naturais e planície de inundação SILTITO ARENOSO COM RAÍZES Planície de inundação emergente Laguna Barra Velha. Imagem de satélite da Laguna de Barra Velha (LG), SC, BR, e da ilha-barreira arenosa (IB). Na parte superior esquerda da imagem observa-se o Rio Itapocu (RI), sua foz na laguna, o canal (barra) que liga a laguna ao oceano (B) e a pluma de sedimentos que forma o delta (D)na bacia marinha. Fonte: Google Earth 2018. A acumulação das areias que formam a ilha-barreira resulta do transporte dos clastos por correntes marinhas e também da atividade das ondas. Eventualmente durante tempestades a energia das ondas pode romper a ilha-barreira e jogar seus componentes para o interior da laguna, depósito conhecido como leques de lavagem (washover fans). Ilustrações. Ilha-barreira. Detalhes da ilha-barreira de Barra Velha, SC, BR. A. Imagem de satélite em que aparecem diversos leques de lavagem (LL) já estabilizados por vegetação. Fonte: Google Earth 2019. B. Fotografia de leques de lavagem (LL) recentes ainda não estabilizados por vegetação. A seta indica a direção de rompimento da ilha- barreira. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Os termos restinga (beach ridge) e ilha- barreira são, muitas vezes, usados como sinônimos ainda que ilha-barreira seja uma terminologia geológica que se refere a estes depósitos independentemente da presença de elementos da fauna e da flora. No caso do enfoque geológico apenas é avaliado o depósito alongado situado entre a laguna e o mar, cuja idade pode anteceder a existência da vida subaérea no planeta. A restinga, no conceito geográfico, é não só a dita faixa arenosa alongada, mas também os depósitos pós-laguna, em direção ao continente, cobertos por vegetação com características próprias e exclusivas daquele ambiente e da fauna associada. De acordo com alguns, p. ex. Suguio 2003, inexistem verdadeiras ilhas-barreira na costa brasileira. Segundo o autor a descrição original destas feições vincula a sua formação a eventos transgressivos. No BR as atuais estruturas conhecidas estão associadas à regressão marinha que teria se iniciado em torno de 4000 a.P. As lagunas, cujos depósitos são compostos principalmente por lamas, areias finas e fragmentos de conchas, são encontradas em regiões costeiras com micromarés. Os sedimentos lagunares registram abundantes estruturas de bioturbação, especialmente em direção a parte mais profunda da bacia onde também são mais comuns camadas com laminações paralelas horizontais. Quando localizadas em regiões com climas áridos (veja clima) ou semi-áridos, podem aí ocorrer a formação de rochas sedimentares químicas e mesmo evaporitos. Ambiente marinho (marine environment). Ainda que para alguns mar e oceano sejam corpos d’água com características diferentes, geologicamente os termos são considerados sinônimos. É provável que esta divergência tenha surgido porque lagos com grandes dimensões, salgados, tais como, Mar de Aral, Mar Cáspio, Mar de Azov, Mar Morto, Mar da Galileia, foram interpretados, no passado, como corpos d’água oceânica. Os oceanos cobrem 70% da superfície terrestre com água salgada, possuem uma LG IB RI B D A OCEANO ATLÂNTICO LL B LL LL profundidade média de 3 800 metros. Apesar de ser um único corpo ele foi dividido por razões geográficas, sendo seus limites os continentes. A divisão em oceanos Atlântico, Pacífico, Ártico, Antártico e Índico é a mais aceita. Atualmente são usadas as subdivisões dos oceanos Atlântico e Pacífico, em Atlântico Sul e Atlântico Norte e Pacífico Sul e Pacífico Norte. O fundo marinho divide-se em margem continental (continental margin) e Fundo oceânico (ocean floor). A primeira corresponde a porção continental que se projeta sob as águas marinhas e é limitada pelo Fundo oceânico. A margem continental é dividida em plataforma continental (continental shelf), talude continental (continental slope) e sopé continental (continental rise). O encontro das placas que consti-tuem os continentes e o substrato rochoso sob a lâmina de águas oceânicas, não é uniforme em todas as regiões do globo. Sobressaem, neste sentido, as margens passivas e as margens ativas. Nas primeiras, o limite entre as rochas continentais e as rochas do Fundo oceânico se faz de forma passiva, ou seja, não há ali colisões entre as ditas placas. É o modelo da margem leste da América do Sul, onde se localiza o Brasil. Ilustração. Esboço de margem continental passiva tipo atlântico. Fonte: modificado de Mendes 1984. Na margem oeste da América do Sul, onde se situam os chamados países andinos, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru, o limite entre as rochas continentais e as de Fundo oceânico é ativa, ou seja, há colisão entre elas o que origina terremotos, maremotos, enrugamento das rochas, o que origina montanhas e vulcões (Cadeia dos Andes). Ilustração. Esboço de margem continental ativa tipo pacífico. 1. Plataforma continental. 2. Talude continental. Fonte: mo- dificado de Curray 1969 e Suguio 2003. A plataforma continental apresenta, normalmente, uma suave declividade (menos que 1:1 000), se situando entre a linha média de baixa-mar e a acentuada inclinação do assoalho oceânico para maiores profundezas, o que ocorre em torno dos 180 metros de lâmina d‘água. Sua largura varia de 1 200 km (Austrália, AU) e 500 km na Patagônia (Argentina, AR). No BR chega a 200 km à frente do Estuário Amazonas. Esta região pode ser dividida em Plataforma Continental Interna ou Proximal (inner shelf) com espessura de lâmina de águas em torno dos 40 metros, Plataforma Continental Média, situada entre os 40 metros e os 80 metros e Plataforma Continental Externa ou Distal (outer shelf), localizada abaixo dos 80 metros. É sobre a plataforma que se desenvolvem vários ambientes deposicionais, entre eles, o ambiente deltaico, o ambiente de planície de maré, o ambiente estuarino, o ambiente lagunar, o ambiente praial, além dos recifes orgânicos e os recifes de pedra (beach- rocks) (veja recifes). A areia é a granulometria dominante em seus depósitos, seguida pelas dos siltes e lamas. Correntes de marés, longitudinais, perpendiculares e transversais à costa e a ação das ondas são as responsáveis pelo transporte e deposição das diversas frações, cujas sedimentações podem chegar a 50 km de extensão e espessuras acima dos 40 me-tros. As camadas de sedimentos mostram laminação e estratificação cruzada planar de baixo ângulo, estruturas de bioturbações e acumulação de conchas e carapaças ou seus fragmentos. Também aí ficam registrados os eventos episódicos das tempestades que Nível do mar MAR Plataforma continental 180 m 3 000 m 4 000 m Talude continental Sopé continental Região abissal Margem continental Fundo Oceânico Trincheira Nível do mar Cordilheira abissal Fundo oceânico Margem continental 1 2 FOSSA MARINHA 7 000 m 4 600 m R E G I Ã O P E L Á G I C A geram os tempestitos e suas estratificações cruzadas por ondas (hummocky). Em plataformas carbonáticas as deposições mais distais se constituem por calcilutitos (veja em Rocha Sedimentar Química) com laminação paralela horizontal e biomicritos com fósseis, a região média é composta por calcarenitos (veja em Rocha Sedimentar Química) com laminações cruzadas com oólitos (veja em concreções), carapaças orgânicas e estruturas de bioturbação; na porção proximal, localizam-se os calcários peletoidais (veja em Rocha Sedimentar Orgânica), calcirruditos (veja em Rocha Sedimentar Química), lamas calcárias, dolomitos micro-cristalinos, estruturas de bioturbações, gretas de contração e evaporitos. O talude continental tem declividade que varia de poucos a 50° ou mais graus. Os sedimentos aí depositados desestabilizam-se com o aumento da acumulação dos detritos, os quais se deslocam para as regiões mais profundas. Tal movimentação causa erosão no substrato, processo que também ocorre quando fluxos de água e sedimentos são vi- gorosamente impulsionados por descargas vigorosas na foz de rios. Os sedimentos depositados nos taludes são compostos por vasas (60%), areia terrígena (25%), clastos com tamanhos variáveis desde seixos a matacões (10%) e fragmentosorgânicos (0,5%). As escavações (canhões submarinos, submarine canyons) são semelhantes aos vales continentais em forma de V com laterais íngremes. Na sua porção terminal, sobre o sopé continental ou na região abissal, ocorrem deposições em forma de cone, os turbiditos. Para alguns, pelo menos parte dos canhões submarinos teriam sido escavados fluvialmente quando, no passado, plataformas continentais ficaram expostas durante regressões marinhas. Nos sopés continentais podem ocorrer, além dos turbiditos, sedimentações conhecidas como contouritos (contourites), cujas camadas são compostas por muito finas granulometrias com laminações paralelas horizontais. Sua origem é creditada às correntes de fundo que contornam os sopés continentais transportando e depositando detritos. Elevadas quantidades de esqueletos e fragmentos de tecas de microorganismos são dominantes no sopé, aí também ocorrendo, porém, não tão abundantes, areias e siltes terrígenos. No Fundo oceânico, cuja profundeza média está entre 4 000 metros e 5 000 me-tros, depositam-se sedimentos biogênicos que constituem as vasas de globigerinas (globigerina ooze), vasas de radiolários (radiola-rian ooze), vasas de cocolitoforídeos (coccolithophorid ooze), entre outras, bem como detritos terrígenos. Abaixo dos 6 000 metros deixam de existir deposições inorgânicas ou orgânicas de calcários, provavelmente em razão da diminuição do pH e do aumento da concentração de CO2, o que resulta na sua dissolução. No Fundo oceânico ainda ocorrem depósitos de argilas vermelhas (red clays) ou castanhas (brown clays) e cinzas vulcânicas, todos terrígenos, transportadas por correntes marinhas, ventos e geleiras, lá assentadas por ação da gravidade. A eles incorporam-se restos esqueletais de microorganismos. Nesta região registra-se a presença, entre outros bens minerais, de nódulos de manganês (ilustração), cujo volume aumenta abaixo dos 3 500 metros. Os vulcões seriam a principal fonte de manganês que, dissolvido na água, se acumularia em torno de um núcleo orgânico para formar os nódulos. Nódulos de manganês. Fotografia do Fundo oceânico. Créditos: United States Geological Survey (USGS). Disponibilizado em 2010. Acessado: 04.04.2019. Fonte: https://pubs.usgs.gov/of/2000/of00-006/images/nod_r.gif. Ambiente praial (beach environments). As praias desenvolvem-se em regiões costeiras planas, com baixo gradiente, sendo geralmente compostas por sedimentos terrígenos. Pode-se fazer um zoneamento da região praial, cuja distribuição bacia sedimentar-continente é a seguinte: Zona de Costa Afora (offshore), Zona de Transição (transition), Zona de Praia (shoreface), Zona de Antepraia (foreshore), https://pubs.usgs.gov/of/2000/of00-006/images/nod_r.gif Zona de Pós-praia (backshore) e Dunas (dunes). Ilustração. Perfil de praia e o seu zoneamento. Modificado de Walker 1986 e Reineck e Singh 1980. A Zona de Costa Afora se divide em Costa Afora Superior, situada em profundidades que variam de 2 metros a 10 metros, constituída por areia fina lamosa com laminação paralela horizontal e, por vezes, com estruturas de bioturbação, e Costa Afora Inferior, posicionada abaixo dos 10 metros, formada por mega marcas de ondulações de areia limpa média a grossa, comumente envelopadas em lama, não raro com estratificação cruzada por ondas (hummocky cross stratification). É possível concluir, portanto, que o domínio das lamas cresce no sentido da bacia. Na Zona de Transição, cujo limite superior se situa no nível de base mais baixo de alcance das ondas normais, registra-se o acúmulo de areia siltosa e silte arenoso com estratificações cruzadas, laminações cruzadas e estruturas de bioturbação. A Zona de Praia, que compreende a região localizada entre a Zona de Transição e o nível da maré baixa, é formada por areia fina com laminação cruzada (Praia Inferior, 1 metro a 2 metros de lâmina de água), laminação paralela horizontal (Praia Superior, do nível de maré baixa a 1 metro de profundidade) e estrutura de bioturbação. Entre os níveis de maré baixa e alta, ocorre a Zona de Antepraia. Constitui-se por depósitos de areia fina e média intercalados com níveis de conchas. Ocorrem leitos com estratificações cruzadas de baixo e alto ângulo e laminações cruzadas. A região que compreende desde o nível da maré mais alta até o campo de dunas eólicas, corresponde a Zona de Pós-praia que se ocorrente em litorais dominados por ondas, é formado por areia fina a média sobre as quais se desenvolvem arroios, riachos e pequenos lagos. A zona Supratidal, em uma região de domínio das marés, é apenas atingida pelas águas em períodos de tempestades e de marés mais vigorosas. Os sedimentos variam de areia a lama, com laminações cruzadas e estruturas de bioturbação. A Zona de Pós-praia pode ser progradante (ilustração), deslocando-se na direção do corpo de água e, em consequência, ocorre a migração do ponto onde se encontram as águas e os sedimentos dessa zona. Desse processo resulta a acresção de sucessivos cordões (cristas de praia) de areia pa-ralelos entre si e aumento na largura daquela zona. Fotografia aérea de parte do delta do Rio Camaquã, RS, BR, retratando a atual linha de costa da Laguna dos Patos e o sentido de sua progradação (seta). Créditos: Marco Antônio Fontoura Hansen. Finalmente, a Zona de Dunas é composta essencialmente por areias finas a muito finas depositadas como dunas e interdunas (veja em ambiente eólico) eólicos. As estruturas mais significativas são as estratificações cruzadas de grande escala e as laminações cruzadas transladantes cavalgantes. Em costas com correntes longitudinais internas vigorosas, micromarés, energia de ondas baixa a moderada e aporte de sedimentos com granulometria variável, pode haver o desenvolvimento de cristas alongadas de conchas e areias paralelas à praia, isoladas, separadas por planícies de lama e pântanos progradantes. Essas cristas, denominadas cheniers estendem-se por muitos quilômetros e possuem poucos metros de altura e até 200 metros de largura. Tais feições são desenvolvidas especialmente em regiões onde rios atinjam a costa, devido à diminuição no influxo de sedimentos carreados pelo fluxo de água. As correntes longitudinais e as ondas arrastam as lamas e concentram as areias e as conchas. Posteriormente, quando ocorrer novo aporte de lamas, as ondas e correntes longitudinais internas não transportam toda a carga disponível, e as finas granulometrias sedimentam-se à frente do chenier, avançando na direção do oceano (progradação). A repetição do processo dá origem às cristas de areias e conchas paralelas à costa. Ilustração. Processo de formação de cheniers e a progradação da linha de praia. Fonte: modificado de Boggs, 1987. Veja também ambiente de planície de maré, ambiente deltaico e ambiente lagunar. Anaeróbica (anaerobic). São bactérias capazes de viver em ambiente com pouco ou nenhum oxigênio livre. Atuam sobre os restos orgânicos decompondo-os. No caso de detritos vegetais sua ação sobre a celulose, as proteínas, a lignina, as resinas, as ceras, as gorduras e os pigmentos transformam-nos em polímeros, monômeros e demais componentes das turfas. Andar (stage). Veja em unidade cronoestratigráfica. Anel de Liesegang. Veja bandas de Liesegang em banda. Ângulo de repouso (angle of repose). É o ângulo limite de inclinação no qual os sedimentos ainda se mantém equilibrados, isto é, não deslizam. Antiduna (antidune). Veja marca de ondulação regressiva. Anidrita (anhydrite). Veja em Rocha Sedimentar Química. Antracito (anthracite). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Arcabouço aberto (open frame). Veja em ortoconglomerado. Arcabouço fechado (closed frame). Veja em paraconglomerado. Arcósio (arkose). É o arenito que apresenta mais que 25% de feldspatos de origem detrítica.O mineral dominante, contudo, é o quartzo podendo conter também placas de micas (biotita e moscovita). Originam-se em áreas topográficas mais altas ou em regiões de climas áridos (veja clima) ou semi-áridos, quentes ou frios, compostas por rochas ígneas ácidas, intermediárias e metamórficas ricas em quartzo e feldspatos. Areia (sand). Veja em clasto. Arenáceo (arenaceous). Sedimentos constituidos por areia. Arenito (sandstone). Rocha Sedimentar Clástica composta pela fração areia (veja em clasto). Arenito esponjoso (bubble sand structure, cavernous sand, spongy structure, vesicular structure). Rocha constituída por camadas contendo gases que foram anteriormente aprisionados. Originam-se em ambiente praial de areias limpas, bem classificadas, que apri- sionam rapidamente o ar no momento da deposição. Ilustração. Nos casos de arenitos carbonáticos, a subsequente dessecação após exposição resulta na contração destas cavidades de bo- lhas para cavidades planares referidas como estrutura em olhos de pássaro (birdseye structure, birdseye vug). Sedimento bulboso. Praia arenosa com pequenos orifícios originados por escape de ar. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Arenito maciço (massive sandstone). Veja camada maciça. Ilustração. Arenito maciço. Arenito intertrapiano do Grupo Serra Geral, Meso-Cenozoico, RS, BR. O caráter maciço resulta da abundante cimentação por sílica. Referência: 8,0 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Arenito malaxado. Veja pseudonódulo. Arenito-siltito interlaminado. Veja estratificação finamente interacamada e também estratificação espessamente interacamada. Argila (clay). Veja em clasto. Argila castanha (brown clay). Veja em ambiente marinho. Argila vermelha (red clay). Veja em ambiente marinho. Argilito (argillite). Veja em Rocha Sedimentar Clástica. Armadura. Veja em teca. Arqueamento (warps). Veja em estrutura de avalanche. Arqueano (archean). Designação antiga da idade das rochas pré-cambrianas anteriores ao Algonquiano. Arqueozoica (arqueozoic). Era geológica mais antiga (2500 Ba), precedendo a Era Proterozoica (570 Ma-2500 Ba). Arredondamento (roundness). Veja em rochas sedimentares clásticas. Arrasto (drag). Veja em transporte. Atol (atoll). Veja em recife. Atualismo (actualism, uniformitarianism). É a corrente de pensamento que defende a ideia de que os eventos hoje ocorrentes na Terra são iguais aos que devem ter ocorrido no passado. Por essa razão, a observação do que hoje acontece no planeta (fenômenos naturais) é a explicação para entendermos a história terrestre passada. Criada por R. A. von Hoff, foi defendida por James Hutton e, mais tarde (1830), incorporada por Charles Lyell em seu livro “Princípios de Geologia” que a tornou célebre com a frase “o presente é a chave do passado”. Lyell propôs ainda a designação de “Princípio do Uniformitarianismo” no lugar de Lei ou Princípio do Atualismo. Contudo, este postulado aproxima-se da realidade quando referido a Era atual (Cenozoico). Admite-se a possibilidade de que as condições ambientais fossem diversas das atuais em eras anteriores. Autígeno (authigenic). Elemento constituinte de uma rocha, formado no mesmo local onde a rocha se encontra. Autóctone (autocthonous). Depósito sedimentar, solo ou rocha, formado no local onde se encontra. Tais depósitos, solos ou rochas foram constituídos in situ. Azoica (azoic). Denominação antiga dada a Era que abrangia o tempo anterior à Paleozoica. Supostamente não possui fósseis portanto, registro de vida, donde seu nome. Veja também Escala do Tempo Geológico. B Bacia de deposição (basin of deposition). Sinônimo de bacia sedimentar. Bacia de solução (kamenitzas, solution ba- sins). São estruturas cársticas formadas so-bre um plano rochoso levemente inclinado. Constituem cavidades circunscritas que contém água estagnada ou misturada com clastos durante certo tempo. Em geral, possuem 10 cm a 40 cm de largura e 1 cm a 10 cm de profundidade. Ocasionalmente alcançam 50 cm de profundidade e 3 metros de largura. Em planta são circulares, ovais ou ameboides. As bacias menores podem coa- lescer e originar bacias maiores. Os bordos das bacias podem estar sulcados. Bacia intracratônica (intracratonic basin). É uma bacia, em geral, de forma simétrica, origi- nada tectonicamente sobre uma área cratoni- zada. Bacia sedimentar (sedimentary basin). Área deprimida que recebe os sedimentos ali depositados por algum agente transportante. Lá a diagênese os transformará em rochas sedimentares. Bactéria (bacterium). São micro-organismos unicelulares sem envoltório nuclear e sem organelas membranosas (procariontes). Como suas dimensões geralmente variam entre 0,2 𝜇m (micrometro) e 30 𝜇m (existem exceções) são observáveis sob microscopia óptica ou eletrônica. Podem ser aeróbias (viver na presença de ar, ilustração A), anaeróbias (viver na ausência de ar, ilustração B) ou ser anaeróbias facultativas (ilustração C). A. Bactéria aeróbia. Colônias de Mycobacterium tuberculosis. Disponibilizado: 1976. Acesso: 07.04.2019. Créditos: CDC/Dr. George Kunica. Origem: Center for Desease Control and Prevention’s Public Health Image Library, nº 4428. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Fuile:TB_Culture.jpg. B. Bactéria anaeróbia. Clostridium tetani. Disponibilizado: 1995. Acesso: 07.04.2019. Créditos: Center for Disease Control and Prevention. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.j pg. C. Bactéria anaeróbia facultativa. Imagem de Escherichia coli obtida em microscópio eletrônico. Disponibilizado: 10.04.2005. Acesso: 07.04.2019. Créditos: Rocky Mountain Laboratories (NIAID), NIH. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NI AID.jpg. https://commons.wikimedia.org/wiki/Fuile:TB_Culture.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Clostridium_tetani.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg Bactéria aeróbica (aerobic bacteria). Veja em bactéria. Bactéria anaeróbica (anaerobic bacteria). Veja em bactéria. Bactéria anaerobia facultativa (facultative anaerobic bacteria). Veja em bactéria. Baia interdistributária (interdistributary bay). Veja em ambiente deltaico. Banda (band, color-banding). Termo descritivo utilizado para estrutura bidimensional usualmente distinguida por contraste de cor, tal como, bandas de Liesegang (Liesegang band). Bandeamento (banding) ou bandea-do (banded) é normalmente aplicado para aparência de rochas sedimentares laminadas (veja lâmina) vistas em seção. Banda de Liesegang (Liesegang band). Veja em banda. Bandeado (banded). Veja em banda. Bandeamento (banding). Veja em banda. Banquisa (ice field). Extensas camadas de gelo formadas sobre o mar. Barcana (barcana). Veja duna barcana. Barlavento (windward). Lado de onde pro-vem a corrente eólica. Num perfil de duna cor- responde ao lado com menor inclinação (5o a 12o). Barra (bar). Acumulação subaquática ou não de seixos, areias ou lamas, dispostos no canal ou na desembocadura de um rio, ou ao longo de uma região costeira, sedimentados pelas correntes fluviais ou litorâneas. Barra de canal (channel bar). Sedimentações lenticulares alongadas dispostas ao longo de um canal fluvial. Veja também ambiente de planície de inundação. Barra de desembocadura (bar mouth). Depósito fluvial sedimentado na foz de um rio. Barra em pontal (point bar). Depósitos fluviais originados pela erosão dos sedimentos na parte concava da curva de um rio que, a seguir, são depositados na parte convexa da curva seguinte. Veja também ambiente de planície de inundação. Barralinguoide (linguoid bar). Veja marca de ondulação linguoide por corrente. Barreira (barrier). Veja ilha-barreira em ambiente lagunar e também recife-barreira em recife. Batial (bathyal sediments, bathyal rocks). São os depósitos marinhos sedimentados em profundidade entre 200 metros e 1.000 metros. Após a litificação origina as Rochas Sedimentares Batiais. Bauxita (bauxite). É uma rocha composta por uma mistura de hidróxidos de alumínio com argilas, óxidos de ferro, fosfatos de alumínio; sua composição é, portanto, indefinida. Por essa razão, tem sido sugerido que bauxita não seja considerada uma espécie mineral. Origina-se, provavelmente, por pro- cessos intempéricos prolongados em climas tropicais. Beach-stone. Veja recifes de pedra em ambiente marinho e também em recife. Bentos (benthos). Seres vivos que habitam os oceanos, mares e lagos. Dividem-se em sedentários (fixos) e vágeis (livres). Bentonita (bentonite). É uma argila originada de cinza vulcânica alterada, sendo a montmorilonita seu principal componente. Quando mergulhada em água aumenta várias vezes seu volume. Betume (bitumen). É composto natural, infla- mável, constituída por hidrocarbonetos. A cor varia de amarela a preta. Apresenta-se na forma de gás (gás natural), de líquido (petró- leo) e de sólido (asfalto). Betuminoso (bituminous). Carvão com baixo teor de umidade, médio teor de material volátil e alto percentual de material volátil betuminoso (em torno de 40%). A cor é negra e, quando queimado emite chama amarela. Nomenclatura também usada para folhelhos dos quais se obtém hidrocarbonetos voláteis por destilação. Biocenose (biocoenosis). Em Ecologia o ter- mo é empregado para caracterizar um grupo de seres vivos, intimamente associados, que formam uma unidade ecológica natural. Na PalÉontologia corresponde a uma associação de organismos que cohabitaram o mesmo local em que agora são encontrados fossilizados. Bioestratificação (biostratification). Consis-te em uma estratificação determinada por ação de certos organismos, como o estromatólito. Bioestratigrafia (biostratigraphy). Segmento da Estratigrafia que estuda a distribuição dos fósseis e das rochas onde estão contidos no espaço e no tempo. Biofácies (biofacies). Veja em fácies. Biogênico (biogenic). Sedimento composto por mais de 30% de restos de organismos, tais como conchas e corais. Bioglifo (bioglyph). Veja icnofóssil. Bioherma (bioherm). Ilustração. Recife cons- tituído por restos de esqueletos calcários de diversas categorias de organismos (algas calcárias, corais, equinodermas, etc.). Apresentam forma de lente ou de domos e internamente má estratificação. As dimensões são variadas, podendo atingir muitas dezenas de metros. Bioherma. Litoral marinho. Cenozoico, Bahia (BA), BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também Rocha Sedimentar Orgânica. Biólito (biolite). Designação empregada para Rochas Sedimentares Organógenas. Biomicrito (biomicrite). Calcário (veja Rocha Sedimentar Química e também Rocha Sedimentar Orgânica) constituído por porções va-riadas de fragmentos esqueletais, tais como conchas, crinoides, etc., envoltos em lama carbonática. Biostroma (biostrome). São depósitos sedi- mentares com laminação tabular, reta ou ondulada, originados pela concentração de restos de organismos. Alguns estromatólitos, bancos de ostras, colonias de corais e de crinoides, e de tecas de foraminíferos, estão entre os principais responsáveis pela gênese do biostroma. Alguns aceitam também que seres não sedentários (p.ex. foraminíferos) possam formar biostromas. Veja também rochas sedimentares orgânicas. Biota (biota). Conjunto de características da fauna e flora de uma região definida. Bioturbação (bioturbation). Veja estrutura de bioturbação. Bioturbação por alojamento. Veja estrutura de moradia. Biozona (biozone). Também conhecida co-mo zona de amplitude, inclui as rochas sedi- mentadas desde o surgimento até a extinção de determinada espécie correspondendo, portanto, as verdadeiras unidades cronoes- tratigráficas. Bloco errático (erratic block). Clasto de grande dimensão, transportado por geleira. Veja também sulco glacial. Bloco escorregado (slip block). Bloco sedi- mentar anteriormente situado sobre um plano inclinado que se deslocou por ação da gravidade, mantendo as suas estruturas originais sem maiores deformações. Bloco rompido por tração (keazoglyph, parting cast, pull apart, pull apart structures). Veja em estrutura brechosa. O C E A N O B I O H E R M A Boçoroca (gully). Erosão realizada pelas águas superficiais ou subterrâneas, podendo atingir dezenas de metros de profundidade e centenas de metros de extensão. Ilustração. É comum que ocorra em sedimentos ou sedimentitos arenosos, porém, não são ra- ras em pelitos. Boçoroca. Exposição de nível de paleossolo (seta) desenvolvido sobre a Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. O antigo solo foi soterrado pelos arenitos intertrapianos do Grupo Serra Geral, Meso-Cenozoico, RS, BR. Créditos: Tânia Dutra. Bola arenosa de redemoinho (sandstones whirballs, whirl balls). Massas arenosas finas fusiformes, tubulares ou elipsoidais, embebidas em matriz lamosa. Seus eixos maiores mostram-se verticais ou fortemente inclinados. Sua origem está relacionada com re- demoinhos formados por torrentes de lama. Bola de areia (sand balls). Veja em estrutura brechosa. Bola de argila couraçada. Veja bola de la-ma couraçada. Bola de carvão (coal balls). Veja em galha de argila. Bola de convolução (convolutional balls, roll- up structure). Ilustração. São corpos pequenos e subesféricos com lâminas concêntricas, associados com estrutura convoluta. Bola de convolução. Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Bola de deslize (slide ball). Veja bolas de escorregamento em pseudonódulo. Bola de escorregamento (slump balls). Ve-ja em pseudonódulo. Bola de lama couraçada (armored mud balls, clay ball, mud ball, mud pebble, pud-ding ball, till balls). Tratam-se de massas esferoides de lama, recobertas por areias grossas, grânulos e seixos. As bolas origi-nam-se de sedimentos pelíticos inconsolida-dos arrancados por curso d'água e que, ao rolarem no fundo do agente transportante se enriquecem com os materiais de cobertura. Bola de rodopio. Veja bola arenosa de re- demoinho. Bola espiralada. Veja sobredobra de escor- regamento. Bola espiralada por escorregamento. Veja sobredobra por escorregamento e também estrutura brechosa. Bola lacustre (burr balls, hair balls, lake balls, water-rolled weed balls). São corpos esferoidais constituídos por materiais de ori- gem orgânica, tais como algas, briozoas, braquiópodos, corais agregados mecânica- mente, graças ao movimento das ondas, em águas pouco profundas, possivelmente em períodos de tempestades. Quando originadas em ambiente marinho são chamadas bolas marinhas (aegragopila, pilae marinae, sea ball). Veja também estromatólito. Bola marinha (aegragopila, pilae marinae, sea ball). Veja em bola lacustre. Bomba (bomb). É um clasto formado pela solidificação da lava enquanto se deslocava no espaço, arremetida pelas explosões de ga-ses numa ejeção vulcânica. Possui formas torcidas, arredonda-das ou elípticas e superfície fissurada. Boneca de sílex (loess-kindchen). São concreções silicosas com formas bizarras. Bottomset. Veja sequência de fundo em ambiente deltaico. Boudinage. Constituem estruturas representadas por adelgaçamentos em determinadas camadas. Os adelgaçamentos são espaçados a intervalos regulares e algumas vezes podem dar origem a blocos rompidos por tração (veja em estrutura brechosa). A origem está ligada ao efeito das forças de tração atuando sobre material plástico coesivo do tipo lamoso. Brecha(breccia). É rocha composta por frag- mentos angulosos, maiores do que 2,0 mm. No caso das rochas sedimentares se as partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) forem de ígneas e/ou metamórficas, irão compor uma brecha extraformacional. Contudo, se forem fragmentos de rochas sedimentares (arenitos ou pelitos), chamar-se- a brecha intraformacional. Bypass. Veja em fluxo homopicnal. C Calcário (limestone). Veja em Rocha Sedimentar Química e também em Rocha Sedimentar Orgânica. Caldeirão. Veja marmita. Calhau (pebble). Sinônimo de pedra. Veja em clasto. Caliche (calcreto). Veja em Rocha Sedimentar Química. Camada (bed, laminaset, layer, strata, stratum). Ilustração. É unidade de sedimentação formada sob condições físicas essencialmente constantes e contínuo assentamento do mesmo material durante a deposição. A espessura de uma camada pode variar de poucos milímetros a vários metros. Podem ser inteiramente laminadas. São separadas de camadas adjacen- tes por superfícies de estratificação, comumente conhecidas como planos de estratificação. Camada de arenito (A) interposto a duas camadas de pelitos (P) (veja em Rocha Sedimentar Clástica). Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. A geometria de uma camada depen-de das relações entre as superfícies de estra- tificação, as quais podem ser paralelas ou não, e elas próprias serem uniformes, onduladas ou curvadas. Conjuntos de camadas formam o que se conhece como sequência de camadas. Quando não podemos fazer a distin- ção entre camadas e lâminas pode-se utilizar o termo leito. Há também a ideia que camada diz respeito à litologia e que estrato envolve um episódio cronológico que pode conter uma ou mais camadas. Veja também unidade litoestratigráfica. Camada com seixos imbricados. Veja im- bricação. P P A Camada cruzada. Veja estratificação cruza-da. Camada gradacional (combined structures, gradational lamination, graded bed, graded bedding, graded laminated bed, heteroge- neous structures, sorted bedding). Camada gradacional deve ser sempre relacionada com uma unidade sedimentar primária, a qual, como generalização, pode ser definida como uma camada de granulação grossa confinada entre dois estratos de argilitos ou folhelhos. A estrutura pode ser estudada sob quatro aspectos: 1. O tamanho dos grãos presentes. 2. A separação dos diferentes tamanhos de grãos. 3. O número de subunidades gradacionais dentro da unidade primária. 4. A direção da gradação. Quanto ao tamanho dos grãos pre- sentes, podem ser camada gradacional com- pleta ou normal e camada gradacional incom- pleta. De acordo com a separação dos diferentes tamanhos de grãos, podem ser: camada gradacional de boa separação e camada gradacional de pobre separação. O número de subunidades grada- cionadas dentro da unidade primária permite a existência de: camada gradacional simples e camada gradacional múltipla. Finalmente, quanto a direção da gra- dação, podem ser: camada gradacional nor-mal (veja camada gradacional completa ou normal), camada gradacional inversa, camada gradacional múltipla pene-simétrica e camada gradacional múltipla simetricamente invertida, sendo às duas últimas, uma subca-tegoria de camada gradacional múltipla. A origem das camadas gradacionais está ligada a diversos agentes, tais como: se- dimentos depositados por correntes de turbi- dez, sedimentação de nuvens de suspensão, deposição nas últimas fases de grandes cheias, assentamentos de clásticos vulcânicos após uma erupção (veja gradação de densidade), fluxo de grãos (veja camada ma-ciça), etc. Veja também gradação lateral. Camada gradacional completa. Veja cama- da gradacional completa ou normal. Camada gradacional completa ou normal (complete graded bedding, complete gra-ding, continuous graded bedding, graded, normal graded bedding, normal grading, normally graded). Ilustração. São camadas gradacionais em que todos os tamanhos de grãos, que formam o nível gradativo, estão presentes. Arranjam-se de maneira tal que os grãos menores tornam-se dominantes, em quantidade, na direção do topo da unidade. Camada gradacional normal (B) intercalada entre ca- madas de pelitos (P). O contato entre a brecha (B) e o pelitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) soto-posto é erosivo. Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Camada gradacional continua. Veja cama-da gradacional completa ou normal. Camada gradacional de boa separação (content grading, distribution grading, gra-ded bedding with good separation). São ca-madas gradacionais nas quais os diferentes tamanhos de grãos estão organizados em zo-nas distintas na unidade primária. Os sedimentos arranjam-se de ma- neira tal que os grãos menores tornam-se do- minantes, em quantidade, na direção do topo da unidade. Camada gradacional de pobre separação (coarse-tail grading, delayed graded bed-ding, delayed graded bedding with poor separation, graded bedding with poor separation). São camadas gradacionais que exibem uma gradação demorada, na qual grande parte da camada é homogênea, ocorrendo o decréscimo no tamanho dos grãos somente muito próximo do topo da unidade primária. Camada gradacional descontínua. Veja camada gradacional incompleta. Camada gradacional incompleta (discon- tinuous graded bedding, incomplete graded B P P bedding, interrupted graded bedding, inter- rupted grading). São camadas gradacionais em que falta um dos tamanhos de grãos que completaria a sucessão. Em alguns casos es- peciais, onde argilito ou folhelho assenta-se diretamente sobre areia media, ou grossa, sem a presença intermediária de silte ou areia fina, a gradação é referida como camada grada- cional interrompida. Os sedimentos arranjam-se de ma- neira tal que os grãos menores tornam-se do- minantes, em quantidade, na direção do topo da unidade. Camada gradacional interrompida. Veja em camada gradacional incompleta. Camada gradacional inversa (inverse gra- ding, inversely graded bedding, reverse gra- ded bedding, reverse grading). São cama-das gradacionais que mostram as granulome trias mais finas na base e as mais grossas no topo da unidade primária, podendo a sucessão ser completa ou não. Camada gradacional invertida. Veja cama-da gradacional inversa. Camada gradacional múltipla (multiple gra- ding, recurrent grading). É uma camada gradacional em que várias sub-unidades gradacionadas estão presentes. Pode apresentar-se de diversas ma- neiras desde que haja sobreposição de mais do que uma camada gradacionada. Ocasionalmente, gradações inversas ocorrem em uma das subunidades da cama-da. Nestes casos, existem duas possibilida-des: camada gradacional múltipla pene-si-métrica e camada gradacional múltipla sime-tricamente invertida. Camada gradacional múltipla pene-simé- trica (pen-symmetrical grading, symmetrical grading). São camadas gradacionais múlti-plas que mostram inversão na gradação em uma das subunidades. A gradação ocorre a partir de grãos grossos que estão no meio da camada, de- crescendo a granulometria tanto para baixo quanto para cima. Camada gradacional múltipla simetrica- mente invertida (inverted symmetrical gra- ding). São camadas gradacionais múltiplas que mostram inversão na gradação de uma das subunidades. Os grãos crescem a partir do meio da camada na direção do topo e base da mesma. Camada gradacional normal. Veja camada gradacional completa ou normal. Camada gradacional recurrente. Veja ca- mada gradacional múltipla. Camada gradacional simples (simple gra- ding). É uma camada gradacional em que apenas uma gradação está presente. Camada gradacional única. Veja camada gradacional simples. Camada homogênea. Veja camada maciça. Camada laminada. Veja laminação. Camada maciça (homogeneous bedding,homogeneous structures, massive, massive bedding, structureless, unlaminated). A de- signação é empregada para definir uma uni- dade de sedimentação que aparente ou ver- dadeiramente não apresenta estrutura inter-na. Muitas vezes o que classificamos como camada maciça apresenta laminação quando aplicamos técnicas especiais, como, por exemplo, exposição ao raio-X. Origina-se por processo de mistura difusa de grãos não classificados. Também surge como resultado de forte atividade de bioturbação (veja estrutura de bioturbação), que pode destruir completamente as estruturas originais. A homogeneidade pode ainda resul-tar da ascenção de água ou gás durante a compactação da camada, bem como em ca-sos de sedimentação muito rápida (veja estru-tura de escape de água). Finalmente a feição pode ser devida a fluxo de grãos, que é explicado como pres-sões dispersivas que afetam a fluxão dos se- dimentos, originando uma interação, grão-a-grão, que é muito mais forte do que a turbulência do fluido. O resultado é a movi- mentação vertical de grãos dentro da massa sedimentar. O mecanismo também é utilizado na explicação da origem de certas camadas gradacionais inversas. Camada regressiva (backset beds). Veja em estratificação cruzada complexa. Campo de gelo (ice field). Veja banquisa. Canal (channel, erosion channels). Ilustração. Marca de desbaste em forma de longa calha, cujo eixo longitudinal corre paralelo à direção de fluxo. Estas calhas podem ser retas, sinuo- sas, anastomosadas ou ramificadas. Em se- ção transversal o perfil pode ser em “U” ou “V”. Os canais podem adquirir magnitu-des muito variáveis desde centímetros a vários metros. Podem ser originados por correntes parcialmente subaéreas ou correntes subaquáticas. O preenchimento do canal é, geral- mente, de sedimentos com natureza diferente dos circundantes. Comumente encontram-se sedimen- tos mais grossos na base do canal, passando para sedimentos arenosos ou lamosos. Existem duas maneiras de preenchi- mento de canal: 1. Simétrico: por leitos horizontalizados e tabulares ou por leitos concordantes com forma do canal, mostrando-se côncavos para cima. Neste último caso, os leitos podem apresentar espessuras uniformes em seção transversal completa ou podem adelgaçar para os lados. 2. Assimétrico: por leitos fortemente inclinados. Veja também estratificação cruza-da em calha. Canal assimétrico. Arenitos fluviais de região desértica (wadi) sobrepostos a arenitos eólicos. A seção é transversal ao canal cujo fluxo deslocava-se na direção do observador. Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Difere das estruturas de corte e pre- enchimento pelo fato de o eixo longitudinal re- presentar dimensões muitas vezes maior que a largura. Em áreas de declive subaquoso po- dem ocorrer escorregamentos de sedimentos instabilizados. Este movimento de material gera uma feição como canal sub-aéreo, deixando para trás de si um sulco, que é denominado cicatriz de escorregamento (slump scars). Uma das diferenças entre esta estrutura e canal produzido por corrente é a sua dimensão horizontal máxima que se estende perpendicularmente na direção declive abaixo enquanto os canais são alongados neste sentido. Veja também ambiente de planície de inundação. Canal com marca de ondulação (ripple scour). Trata-se de um canal raso e alonga-do, com seu leito coberto por marcas de on- dulações por corrente. Canal de corte e preenchimento (channel cut and fill). São porções do canal fluvial abandonadas pelo rio (meandro abandonado) as quais, posteriormente, foram preenchidos por depósitos de transbordamento. Veja também ambiente de planície de inundação. Canal distributários (distributary channel). Canal fluvial típico da planície deltaica (veja em ambiente deltaico). Canelura glacial (glacial groove). Veja estria glacial. Canhão submarino (submarine canyon). Veja em ambiente marinho. Canyon. Vale com paredes altas e íngremes, popularmente chamado garganta. Veja também ambiente em leque. Capacidade (de um rio) (capacity). Veja em ambiente de planície de inundação. Capilaridade (capillarity). Ascendência ou descendência de líquidos, água, por exemplo, por contato com as paredes muito estreitas de um sólido, como se estas fossem tubos capilares. Sua medida em milímetros por dia, em litros por segundo, por hectare, desde o subsolo, denomina-se descarga capilar (capillary discharge). Carbonatação (carbonation). Veja em intemperismo. Carbonífero (carboniferous). Tempo ou su- cessão de rochas paleozoicas posteriores ao Devoniano e antecessoras do Triássico. Desenvolveu-se entre 360 Ma e 286 Ma atrás. Nos United State of America (USA) é dividido em Mississipiano (inferior), compreendido entre 360 Ma e 320 Ma atrás e Pensilvaniano (superior), decorrido entre 320 Ma e 286 Ma. Veja também Escala do Tempo Geológico. Carbonização (carbonization). Refere-se ao enriquecimento em carbono (C). É o processo natural de formação do carvão. Carga (load). Totalidade dos clastos trans- portados por um fluido. Veja também transporte. Carga de fundo (bed load). Veja em transporte. Carga em suspensão (suspended load). Veja em transporte. Carnalita (carnallite). Veja em Rocha Sedimentar Química. Cárstica (karst). Veja estrutura cárstica. Carvão (coal). Veja hulha em Rocha Sedimentar Orgânica. Carvão alóctone (allochthonous coal). Veja em carvão. Carvão autóctone (autochthonous coal). Veja em carvão. Carvão betuminoso (bituminous coal). Veja em carvão. Cascalho (gravel). Veja seixo. Cataglifo (kataglyph). Veja em hieroglifo. Catastrofismo (catastrophism). Teoria cria-da por Baron G. L. Cuvier (1769-1832) que postulava ter ocorrido, várias vezes no passa- do, catástrofes naturais que extinguiram a fauna e a flora, substituindo-os por uma nova população. É a teoria adotada pelos seguidores do Arcebispo Ussher que afirmou ter sido o mundo criado no ano 4004 aC. Caustobiólito (caustobiolite). São as Ro-chas Sedimentares Organógenas combustí-veis (p. ex. carvão). Cavidade miarolítica (miarolitic structure). Veja em geodo. Célula de pedra (stone cells). Veja em costela transversal. Cenozoica (Cenozoic). É a Era posterior a Mesozoica. Divide-se em Terciário (porção inferi- or), compreendido entre 66,4 Ma e 1,6 Ma atrás e Quaternário que iniciou a 1,6 Ma e ainda transcorre. Chenier. Veja em ambiente praial. Chert. Veja em Rocha Sedimentar Química. Cicatriz de escorregamento (slump scars). Veja em canal. Ciclotema (cyclothem). Sucessão de Rochas Sedimentares dispostas de maneira repetida. Exemplo: arenitos médios, psamitos finos, pelitos e carvão; arenitos médios, arenitos finos, pelitos e carvão, etc. São, portanto, ciclos e muitos prefe- rem utilizar esta sinonímia. Um ciclo de ciclotemas denomina-se mega ciclotema e um ciclo de mega ciclotemas chama-se hiperciclotema. Cilindro ctenoide (ctenoide cast). Estrutura cilíndrica, curta, seccionada obliquamente, com finas costelas longitudinais. Sua origem está relacionada, talvez, ao preenchimento de marca de roçadura ori- ginada por talos de plantas equissetiformes. Estrutura muito rara. Cilindro de argila. Veja greta de contração encurvada. Cimentação (cementation). É o processo graças ao qual se dá a litificação da maior parte dos sedimentos. Cimentação é um dos processos diagenéticos. Veja também diagênese e zona de cimentação. Cimento (cement). Veja em Rocha Sedimentar Clástica. Cinza vulcânica (volcanic ash). É o material piroclástico com dimensões muito finas. Para Fisher (1961) podem ser cinzas finas (tamanhos inferiores a 0,0625 mm) e cinzas grossas (granulometrias entre 0,0625 mm e 2 mm, inclusive). As rochas daí oriundas recebem os nomes de tufos finos e tufos grossos, respec- tivamente.Circo glacial (glacial cirque). Depressões como anfiteatros gerados nas áreas elevadas de vales glaciais. Sua origem se deve ao intemperismo físico promovido pela congelação da água nas fissuras e poros das rochas e posterior remoção dos detritos pelo deslocamento da geleira ou pela ação das águas de degelo. Clarênio (clarain). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Clasto (clast). Porção de rocha pré-existente que forma ou irá formar uma Rocha Sedimentar Clástica. Os detritos podem ser classificados de acordo com o tamanho. Uma das escalas granulométricas mais usadas é a de Wentworth (1922), apresentada a seguir. Partículas em mm Denominação das Classes > 256 256 a 64 64 a 32 32 a 16 16 a 8 8 a 4 4 a 2 2 a 1 1 a ½ Matacão (boulder) Pedra ou calhau (cobble) Seixo muito grosso (gravel very coarse) Seixo grosso (gravel coarse) Seixo médio (gravel medium) Seixo fino (gravel fine) Seixo muito fino (gravel very fine) Areia muito grossa (sand very coarse) Areia grossa (sand coarse) 1/2 a ¼ 1/4 a 1/8 1/8 a 1/16 1/16 a 1/32 1/32 a 1/64 1/64 a 1/128 1/128 a 1/256 1/256 a 1/512 1/512 a 1/1024 < 1024 Areia média (sand medium) Areia fina (sand fine) Areia muito fina (sand very fine) Silte grosso (silt coarse) Silte médio (silt medium) Silte fino (silt fine) Silte muito fino (silt very fine) Argila grossa (clay coarse) Argila média (clay medium) Argila fina (clay fine) Clasto pingado (dropped blocks, dropsto-nes, rafted blocks). Ilustração. São areias, grânulos, seixos, etc., que perturbam as ca-madas constituídas por finas lâminas de pelitos. Clasto pingado em pelitos subaquáticos. Grupo Itararé, Neocarbonífero-Eopermiano, RS, BR. Referência: 14,0 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As lâminas inferiores ao clasto, re- gistram o impacto sofrido, mostrando um ar- queamento para baixo. As lâminas superiores têm sua deposição, por norma, obedecendo à irregularidade do leito e mostram dobras antiformes. Sua origem está, quase sempre, associada à fusão de blocos de gelo que transportavam os clastos. A geração da estrutura também pode estar condicionada ao transporte dos detritos por outros agentes, como, por exemplo, vegetais. Ilustração. Em alguns casos os clastos podem mostrar seus eixos maiores formando um ân- gulo reto com o plano de estratificação, sendo então reconhecidos como clastos verticais (vertical clasts, vertical stones). Os clastos verticais também podem aparecer nos casos de involução. Clastos aprisionados em raiz de árvore tombada que se deslocava em rio. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Clasto vertical (vertical clasts, vertical sto- nes). Veja em clasto pingado e em involução. Clima (climate). Tempo e clima são conceitos diferentes. Tempo é o estado da atmosfera num dado momento que poderá ser alterado a qualquer instante. Clima corresponde a acumulação e a análise de dados de tempo, numa determinada região, durante longo espaço temporal. Existem várias classificações climá- ticas, entre elas: (a) a do climatologista russo Wladimir Peter Köppen que posteriormente foi aprimorada pelo meteorologista e climato- logista alemão Rudolf Oskar Robert Williams Geiger e, por esta razão é conhecida como Classificação de Köppen-Geiger. Ela se baseia na fitossociologia e na ecologia, pois, a vegetação natural é, segundo eles, a expressão direta do clima. Além disto, ainda são utilizados na classificação os dados sobre a sazonalidade e as médias anuais e mensais da temperatura do ar e da precipitação plu-viométrica (ilustração A), (b) a do geógrafo, climatologista e geocientista indiano Arthur Newell Strahler que a elaborou com base na atuação das massas de ar e da precipitação pluviométrica. A classificação é dividida em três grupos: baixas, médias e altas latitudes. Ilustração B. A. Classificação climatológica mundial de Köppen-Geiger. Fonte: Classificação climática de Köppen-Geiger em Shapefile. Disponibilizado por: www.forest-gis.com em 05.10.2015. Acesso em: 05.04.2019. B. Classificação climatológica mundial de Strahler. Fonte: Classificação climática: Geral e Brasil. Disponibilizado por: http://blogdoenem.com.br/classificacao-climatica-geral-e- brasil. Acesso em: 05.04.2019. Clivagem (cleavage). Planos de rompimento de muitos minerais, fenômeno devido à estrutura molecular interna, possivelmente paralelos às faces do cristal. Coluna calcária. Veja em estalagmite. Coluna litostática (lithostatic column). Coluna de sedimentos ou rochas que exerce pressão (pressão litostática) sobre sedimentos e rochas soto-postos. Compactação (compaction). É a redução de volume que os depósitos sofrem, ocasionada pelo aumento da coluna litostática ou por pressões resultantes de movimentos da Terra, denominados movimentos tectônicos. O fenômeno ocorre por diminuição dos poros entre as partículas que formam o depósito. Dependendo da granulometria dos sedimentos envolvidos, a diminuição pode atingir até 1/3 do volume original como, por exemplo, nos pelitos. Como consequência, há http://www.forest-gis.com/ http://blogdoenem.com.br/classificacao-climatica-geral-e-brasil http://blogdoenem.com.br/classificacao-climatica-geral-e-brasil a expulsão de líquidos e o aumento da densi- dade. É um dos processos diagenéticos e para sedimentos de finos (lamas) leva a litificação (veja diagênese) mesmo com a ausência de cimento. Como sedimentos com mesma espessura, porém, com granulometrias diferentes mostram diminuição de volume desigual ao serem submetidos as mesmas pressões, o fenômeno é denominado compactação diferencial. Compactação diferencial (diferential com- pactation). Veja em compactação. Competência (de um rio) (competence). Veja em ambiente de planície de inundação. Concreção (concretion). Ilustração. São corpos rochosos esferoidais, elipsoidais ou discoidais com composição distinta da rocha que os contém. Esta estrutura se origina a partir de um núcleo orgânico ou inorgânico sendo, neste caso, produto de reações químicas entre o centro não orgânico e o material de seu entorno. Podem ter origem singenética, diagenética ou epigenética. Concreções calcárias com grandes dimensões desalojadas de folhelhos pirobetuminosos. Formação Irati, Permiano, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As concreções singenéticas são aquelas formadas na interface água-sedi- mento. As concreções diagenéticas são as que apresentam fósseis sem deformações mantendo a sua morfologia intacta. Este fato faz presumir que a concreção originou-se enquanto os sedimentos ainda estavam inconsolidados. As concreções epigenéticas são aquelas que podem apresentar planos de acamadamento através da estrutura concrecionária, sem distorções na interface concreção-rocha hospedeira. É possível, ainda, que estas concreções apresentem planos de acamamento através da estrutura concrecionária, com distorções na interface concreção-rochas hospedeiras. Segundo a morfologia externa, o aspecto interno e o modo de crescimento a estrutura é catalogada como concreção acrecional, concreção intercrecional (veja septária), concreção excreciona ou concreção increcional. São muito comuns concreções calcárias, silicosas, ferruginosas, etc., com dimensões de milímetros a metros em diâme- tro. Quando ocorre sedimentação calcária em águas marinhas rasas, agitadas e quentes, surgem pequenos esferoides. Se eles medirem entre 0,2 mm e 2 mm são denominados oólitos (oolites), mas se ultrapassarem aquela dimensão são chamados de pisólitos (pisolites). Muitas vezes a estrutura original é removida permanecendo apenas os moldes dos oólitos e pisólitos representados por pe- quenas aberturas subesféricas que são deno- minadas moldes de oólitos (oolicasts) e mol- des de pisólitos, respectivamente. Podem também ser encontrados oólitose pisólitos fósseis onde o calcário inicial foi substituído por sílica, hematita, pirita, etc., contudo, é também possível que alguns deles tenham origem primária. Concreção acrecional (accretion concretion). Concreção que tem crescimento regular e centrífugo. Concreção diagenética (diagenetic concretion). Veja em concreção. Concreção epigenética (epigenetic concretion). Veja em concreção. Concreção excrecional (excretion, excretional concretion). Concreção de crescimento centrípeto. Concreção increcional (incretion, voidal concretions). Concreção oca, com forma va- riada como um rim duro de óxidos de ferro (li- monita, p.ex.) ou como tubos estendidos. Às vezes, estas concreções podem apresentar o núcleo solto provocando efeitos sonoros quando agitadas. Concreção intercrecional (intercretional concretion). Veja septária. Concreção singenética (syncretic concretion). Veja em concreção. Cone-em-cone (cone-in-cone). Veja estrutu-ra cone-em-cone. Conglomerado (conglomerate). Rocha Sedi- mentar Clástica composta por partículas ar- redondadas maiores do que 2 mm (veja classificação de Wentworth em clasto). Contato (contact). Ilustração. São superficies com espessura finíssima, mas muito estendidas, situadas na base e no topo de um depósito ou uma rocha sedimentar (veja em rocha) que separam unidades geológicas ou estratigráficas. O termo também é usado para rochas ígneas (veja em rocha) e suas encaixantes. Para as rochas sedimentares os contatos são referidos como abrupto (contato nítido não erosivo, A), gradacional (contato transicional entre um depósito e outro, B) e erosivo (contato brusco com erosão de parte da camada soto-posta. Veja ilustração de camada gradacional completa ou normal). Contornito. Sinônimo de contourito. Veja em ambiente marinho. Contourito (contourite). Sinônimo de contornito. Veja em ambiente marinho. Contramolde (cast). É o espaço originado na dissolução de uma concha ou outro resto orgânico, e seu posterior preenchimento por substâncias levadas pelas águas de perco- lação (calcita, por exemplo). Veja também molde. Coprólito (coprolite). Fezes fossilizadas ra- ramente bem preservadas para serem reco- nhecidas. Coprólitos de anfíbios e répteis são relativamente comuns, podendo se apresentar em forma de ovo, de montículos ou com aspecto sinuoso, possuindo, as mais recentes, corrugações e raramente estriações. A preservação de fezes reptilianas e de mamíferos indica excreção em ambiente onde o rápido soterramento por sedimentos fi-nos é possível. Veja também pelota fecal. Contato. A. Contato abrupto entre camadas de pelitos (leitos parcialmente “escavados”) e de arenitos. Os lamitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) se assentam sobre os psamitos sem erodi-los. Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. B. Contato gradacional intercalado e grano decrescente para o topo. Na base, leito de arenito A B muito grosso e, na porção superior, camada de psamito muito fino siltoso. Formação Palermo, Permiano, RS, BR. Testemunho da perfuração IB-177/RS realizada pela CPRM em Cachoeira do Sul, RS. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também nódulo. Coquina (coquina). É um calcário de origem orgânica, portanto, uma Rocha Sedimentar Organógena. Compõem-se por fragmentos de di- versos animais (espículas de espon-jas calcárias, restos de corais, conchas de moluscos, etc.). Cor (color). A cor dos sedimentitos (também dos sedimentos) pode fornecer informações úteis acerca de seu ambiente deposicional e dos processos diagenéticos aos quais foram submetidos. Existem algumas tabelas de cor, a mais usada delas é a da Geological Society of America (GSA), cuja base é o Sistema de Cor de Munsell. A verificação da cor pode ser feita no afloramento, em amostras de mão e em testemunhos de sondagem. De preferência esta análise deve ser feita com a rocha (ou amostra) sã e seca, pois, a umidade altera a tonalidade e, às vezes, a cor original. As cores mais comuns das rochas sedimentares são: 1. Vermelha, indicativa da presença de hematita, Fe2O3. 2. Amarelo-castanho e amarelo- queimado, indicam presença de goethita, FeO(OH) e/ou limonita, FeO(OH)nH2O 3. Azul-pálida, ocorrência de anidrita, CaSO4. 4. Cinza-escuro ou preta, ocorrência de pirita, FeS2 em ambiente redutor. Cores cinza e preta podem indicar a presença de matéria orgânica em menor (cinza) ou maior quantidade (preta). 5. Amarelo-castanho, presença de pirita, FeS2, siderita, FeCO3, calcita, CaCO3 ferrosa, ou dolomita, CaMg(CO3)2 ferrosa, se alteradas. 6. Verde, ocorrência de glauconita, (K,Na)(Fe,Al,Mg)2(AlSi)4O10(OH)2, clorita, (Mg,Al,Fe)12[(SiAl)8O20](OH)16 e/ou ber-thierita, FeSb2S4, chamosita*, (Fe2+,MG,Fe3+)5Al(Si3Al)O10(OH,O)8. *Chamosita é mineral de origem metamórfica, tipicamente associada a siderita e magnetita, Fe2+Fe2O4. Também é formado em condições redutoras na presença de matéria orgânica decomposta. Em ambiente redutor o ferro ferroso contido em argilo-minerais pode tingir a rocha com verde. Coral (coral). Ilustração. Os corais são animais que podem ter o corpo duro (corais pétreos) ou mole (corais moles). Dependendo da espécie vivem em colônias ou como indivíduos isolados. Os pétreos apresentam esqueleto de carbonato de cálcio (A). Nos corais moles há um eixo de gorgonina (proteína mais mucopolisacarídeo) e, ao redor do eixo, um cilindro de cenênquima onde estão espículas calcárias (B). A. Coral pétreo Acrofora cervicornis. Créditos: Adona9. Disponibilizado: 04.10.2007. Acesso: 06.04.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Staghorn-coral- 1.jpg. B. Coral mole Alcyonium palmatum. Créditos: Albert Kok. Disponibilizado: 30.05.2007. Acesso: 06.04.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palmatum.jpg. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Staghorn-coral-1.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Staghorn-coral-1.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palmatum.jpg Coral mole (soft coral). Veja em coral. Coral pétreo (stone coral). Veja em coral. Corrasão (corrasion). Veja abrasão. Corrente costa adentro (onshore current). Veja em transporte. Corrente costa afora (offshore current). Veja em transporte. Corrente costeira (costal current). Veja em transporte. Corrente de deriva litorânea (longshore drift current). Veja em transporte. Corrente de maré (tidal current). Veja em transporte. Corrente de onda (wave current). Veja em transporte. Corrente de retorno (rip current). Veja em transporte. Corrente de turbidez (turbidity current). São correntes de alta densidade que tranportam grande carga de detritos, por isso túrbidas, que se deslocam sobre, através ou sob águas, com densidade diferente. São subaquáticas e originam-se a partir de sedimentos depositados em regiões inclinadas, portanto, instáveis. O transporte ocorre por (a) agitação do fundo por ondas de grande envergadura (ondas de tempestade), correntes de marés e correntes oceânicas, lacustres ou lagunares; (b) ultrapassagem do ângulo de repouso dos sedimentos úmidos; (c) introdução rápida dos sedimentos no corpo d’água por ação fluvial, tempestades, ventos, erupções vulcânicas, fluxo de detritos; (d) terremotos. Anatomicamente divide-se em cabe- ça, porção dianteira mais espessa que o res-to, corpo, conectado a cabeça possui fluxo quase uniforme em espessura e cauda, parte final onde a espessura diminui bruscamente, apresentando-se mais diluída. Veja também turbidito. Corrente longitudinal (longitudinal current). Veja em transporte. Corrida de lama (mud flow). Veja em movimento de massa. Corrosão (corrosion). Alteração da mineralo- gia original de uma rocha graças a ação do intemperismo químico. Corrugação intraformacional (intraformational corrugation). Veja dobra penecontemporânea. Corrugação laminar (laminar corrugation).Veja dobra penecontemporânea. Cosequência de camadas (coset). Tra-tam-se de dois ou mais conjuntos de sequências de camadas separadas por um plano de erosão, não deposição ou mudança abrupta do caráter deposicional. Os planos de separação, neste caso, são superfícies horizontais. Cosequência de camadas cruzadas. Tra- tam-se de dois ou mais conjuntos de sequências de camadas cruzadas separadas por um plano de erosão, não deposição ou mudança abrupta do caráter deposicional. Costela transversal (clast strips, debris bars, pebble strips, stone cells, transverse ribs). São faixas clásticas grossas, transversais ao fluxo, geralmente assentadas sobre um leito arenoso ou siltoso. Tais faixas normalmente apresentam espessura limitada pela altura dos clastos e largura de uns poucos clastos. São regular- mente espaçadas. Muito provavelmente, estas costelas transversais desenvolvem-se em regime de fluxo superior, com caráter supercrítico, lem- brando a origem das marcas de ondulações regressivas. Talvez relacionadas com as costelas transversais, aparecem figuras poligonais em cursos d’água transportando seixos, assentadas também sobre silte ou areia. São conhecidas como células de pedra (stone cells). Couro de dinossauro (dinosaur leather). Ilustração. Termo aplicado para um sistema complexo de marcas de sola onde se incluem turboglifos e estruturas de sobrecarga. Couro de dinossauro. Moldes em arenito do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Cratera de impacto (bomb sags, impact cra- ters). São crateras originadas pela queda de piroclastos grossos sobre superfície de grãos soltos menores ou sobre leitos de lava. O impacto provoca um arqueamento na camada atingida. A profundidade de pene- tração do projétil depende de sua massa, for- ma e velocidade no momento do impacto, bem como das propriedades da camada impactada. Cratera de meteorito (meteor crater). É a área deprimida onde ocorreu o impacto de um meteorito que se chocou contra a Crosta Terrestre. O choque origina uma estrutura circular no terreno cuja profundidade varia de poucos centímetros a algumas dezenas de metros e cujo diâmetro pode chegar a muitos quilômetros. Cretáceo (Cretaceous). Tempo ou sucessão de rochas sucessoras do Jurássico e prede- cessoras do Cenozoico. Compõe parte da Era Mesozoica situada entre 144 Ma e 66,4 Ma atrás. Crevassa (crevasse). Veja crevasse. Crevasse. Denominação das rachaduras (fissuras) que se formam em geleiras. Originam-se por movimentação da geleira. Crinoide (crinoid). Tratam-se de animais marinhos que vivem em profundidade de até 6 000 metros que foram muito mais abundantes no passado geológico da Terra. É uma classe de equinodermas; algumas espécies são sésseis (fixadas por um pedúnculo) e outras são de vida livre. Ilustração. Crinoide. Comaster schlegelii. Créditos: Frédéric Ducarme (IUCN mission). Disponibilizado: 24.04.2015. Acesso: 06.04.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Comaster_schlegel ii.jpg. Criossombra de obstáculo (knob-and-trail). Estrutura desenvolvida sobre substrato gla-cial originada por obstáculos resistentes que projetam no sentido do movimento do gelo, feições hemicônicas de rocha menos resis- tente. Crioturbação (cryoturbation). Veja em es- trutura de escorregamento. Criptocristalino (cryptocristalline). Designa- ção das texturas ou cimentos cristalinos tão finos cujos minerais individuais não podem ser diretamente determinados. Criptozoico (Criptozoic). É uma das duas grandes divisões do tempo geológico, cha- madas Éon (a outra denomina-se Fanero- zoico). Compreende todo o tempo ou as su- cessões de rochas anteriores ao Cambriano. Do Cambriano até o atual (Ceno-zoico) é o Éon Fanerozoico. Veja também Escala do Tempo Geológico. Crista anormal (rides anormales). Veja em marca de ondulação por onda com crista múl- tipla. Crista (de duna) (crest dune). Sinônimo de cume, a parte mais apical de marca de ondulação, inclusive de dunas. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Comaster_schlegelii.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Comaster_schlegelii.jpg Crista de praia (beach crest). Veja em ambiente praial. Cristal de areia (sand crystals). São cristais calcíticos ou agregados cristalinos incorporados a muita areia assumindo hábito escale-noédrico euédrico. Ocorrem em areias friáveis sendo fa- cilmente retirados de sua matriz. Sua origem está relacionada com a cimentação calcítica na areia. Os cristais variam de 5 cm a 10 cm, podendo ser maiores. Cristal pseudomorfo (pseudomorphs). Veja em impressão de cristal. Crista remanescente de desbaste (scour- remant ridges, wind erosional remnants). Ilustração. Veja em sombra de areia. Cristas remanescentes de debaste em areias do pós- praia. Quaternário, RS, BR. A seta mostra a direção de sopro do vento. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Crista salina (salt ridge). São superfícies com relevo de cristas de pequena envergadura. As cristas formam um padrão poligonal irregular e no encontro de vértices e arestas de polígonos adjacentes, encurvam-se para cima abruptamente. Originam-se da mesma forma que as crostas salinas. Crista secundária (secondary crests). Veja em marca de ondulação por onda com crista múltipla. Crono (chron). Veja em unidade cronoestratigráfica. Cronozona (chronozone). Veja em unidade cronoestratigráfica. Crosta salina (salt crust). As crostas salinas são superfícies com protuberâncias irregulares desenvolvidas sobre um substrato aluvio-nar com, no máximo, 2,5 cm de espessura, mas com grande extensão lateral. Originam-se pela cristalização de sais que se encontravam dissolvidos no meio aquoso. Crosta terrestre (Earth’s crust). Também chamada de litosfera é a camada estrutural mais externa do planeta. É nela que a Vida se desenvolve e é aí que atuam os agentes externos (ventos, chuvas, geleiras, rios, etc.) que alteram e destroem as rochas existentes, mas, ao mesmo tempo, são também os res- ponsáveis pela geração de novos litossomas. Cubichnia. Veja traço de repouso. Curva acumulativa (cumulative curve). Gráfico que representa os resultados da análise granulométrica e das percentagens acumuladas. São usadas coordenadas, regis- trando-se, nas ordenadas, as percentagens acumuladas em escala aritmética e, nas ab- cissas, a escala granulométrica em escala lo- garítmica. Cúspide (cusp). Veja cuspilito de praia. Cuspilito de praia (beach cusps, cusp, cus- plets). Ilustração. Estrutura com aspecto anti- forme que se origina a partir da linha de costa e se projeta mar adentro. Constitui-se de clastos variam desde seixos até areias. Em planta exibe a forma de um triângulo isósceles, com a base paralela à linha de costa e o ápice voltado para o mar. Desenvolve-se na zona de transição entre a faixa intertidal maior (backshore) e a faixa intertidal menor (foreshore) por ação de ondas de média energia em praias sem correntes longitudinais fortes. As ondas alcan- çam a praia em ângulos quase retos. O espaçamento entre os cuspilitos provavelmente corresponde a segmentos regularmente espaçados oriundos da reben- tação das ondas. Seu tamanho pode variar muito, po- dendo atingir até quilômetros em dimensão. Pode mostrar quatro variedades dife- rentes sendo às duas mais comuns marcadas por segmentos de curvas e bicos bem defi- nidos. Em uma delas existe ou uma inclinação constante, ou um leve arqueamento que surge no lado da praia. Na outra, para o lado da praia existem corpos deltoides, existindo um delta para cada cuspilito ou para cada dois, ou três. Cuspilito de praia em areias de litoral marinho. Quaternário, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. A terceira variedade é chamada de cuspilito de praia juvenil ou faminto (juvenilebeach cusps, starved beach cusps), sendo formado por montes triangulares isolados de seixos ou restos de conchas sobre a areia, sendo os segmentos de curvas rasos e os bi- cos pouco marcados. A quarta variedade é restrita a cristas de berma ou as cristas de barras que mergu- lham oceano adentro. Combinam baías facetadas na direção do mar com superfícies de avalanche similares a barcanas, mergu-lhando em direção ao continente. Cuspilito de praia juvenil (juvenile beach cusps, starved beach cups). Veja em cuspi-lito de praia. D Darcy (darcy). É a unidade de medida da permeabilidade de um corpo. Corresponde a permeabilidade de um corpo poroso com 1 cm2 de superfície e 1 cm de comprimento que deixa passar 1 cm3 de fluido com viscosidade de 1 centipoise por segundo, sob diferença de pressão de 1 atmosfera. Decomposição (decomposition). Alteração da composição mineralógica de uma rocha causada por intemperismo químico. Debrito (debrite). Veja em movimento de massa. Deflação (deflation). Erosão eólica. Veja também abrasão. Deformação adiastrófica (non-diastrophic deformation). Deformações atectônicas devidas a pressão do gelo sobre sedimentos por fusão do gelo envolvido por sedimentos, por colapsos devidos a ação gravitacional, por compactação diferencial (veja em compactação), etc. Delta. É a região situada na foz do rio Nilo que, por sua semelhança com a letra grega, delta (), recebeu tal denominação. Acabou sendo empregada para designar os depósitos de foz de rios, independente de sua seme-lhança com àquela letra. Dendrito (dendrite). Constituem estruturas de origem química formadas pela infiltração de soluções, comumente óxido de ferro ou manganês, nos planos de estratificação ou diá- clases das rochas. Podem apresentar aspecto arborescente, muito ramificado, geralmente partindo de uma das margens da camada ou das fissuras. Ilustração. Também aparecem formas isoladas e radiadas, tipo floriformes. Dendritos arborescentes. Grupo Serra Geral, Meso- Cenozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Denudação (denudation). É o resultado da ação do intemperismo e da erosão sobre as rochas expostas na superfície terrestre. Deposição (deposition). Veja em sedimentação. Depósitos de corridas de lama (mudflow deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de deslizamento (slide deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de escorregamento (slump deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de fluxo de grãos (grainflows deposits). Sinônimo de depósito de fluxo fluidificado. Veja em movimento de massa. Depósito de fluxo gravitacional (debris flow deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de fluxo fluidificado (fluidized flow deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de tálus (talus deposits). Veja em movimento de massa. Depósito gravitacional (gravitational deposit). Veja em movimento de massa. Depósito por fluxo de grãos (grainflow deposit) O vento conduzindo as areias por saltação (veja em transporte) deposita-as, entre outros locais, na face de sota-vento (face de escorregamento ou de avalanche, slipface) de dunas eólicas. Com a crescente acumulação de material, o grau máximo de repouso da areia seca é atingido (± 30º) o que resulta em um deslizamento (grainflow) com formato de língua (língua arenosa de avalanche). Depósito por queda de grãos (grainfall deposit). Quando o vento deflete na crista (cume) da duna, as partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) mais finas caem bruscamente (grainfall) sobre a face de sota- vento onde se sedimentam. Desagregar (desintegrate). Veja em intemperismo. Desbaste pela ação da corrente controlada pela presença de obstáculos. Veja estrutura de desbaste em crescente e também estrutura de desbaste longitudinal em turboglifo. Descamação (exfoliation). Clastos podem sofrer escamação por ação do intemperismo. Como o processo intempérico ocorre da porção externa para a interna da rocha, não é incomum que o litossoma apresente uma feição que se assemelha aquele da cebola quando vista em corte. Descarga (discharge). Refere-se a quantidade de água que passa num certo ponto na unidade de tempo. Descarga capilar (capillary discharge). Veja em capilaridade. Descarga sólida (discharge solid). Trata-se da quantidade de material sólido transportada em suspensão, que passa num certo ponto na unidade de tempo. Deserto (desert). É uma região árida, quente ou fria, secas, com escassez de chuvas, onde as rochas estão sujeitas principalmente ao intemperismo físico. Desintegração (desintegration). Veja em intemperismo. Deslizamento (creeping). É o movimento do solo, manto de intemperismo ou rochas, encosta abaixo. Mais especificamente refere-se ao modo contínuo e lento de deslocamento gravitacional de parte ou de todo o manto intempérico. O termo solifluxão (solifluction) é utilizado quando o deslizamento se acelera por embebição com água. No caso de deslocamento abrupto quando até as rochas do sub-solo são atingidas designa-se desmoronamento (landslide). Desmoronamento (landslide). Veja em des- lizamento. Diagênese (diagenesis). São processos geológicos que resultam na união (litificação, veja em diagênese) das partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) constituintes dos sedimentos. Tais fenômenos ocorrem sob baixa pressão, chamada pressão litostática (veja em coluna litostática). A medida que o depósito é soterrado e pressionado, há o aumento da temperatura que pode atingir 250 ºC. Concomitantemente aqueles processos ocorre a cimentação, fenômeno em que elementos ou compostos dissolvidos na água subterrânea preenchem os poros entre os grãos. Diaglifo (diaglyphs). Veja em hieroglifo. Diamictito (diamictite). Veja em paraconglomerado. Diápiro de lama (mud lumps). Ascendência ou emergência lamosa de depósitos cobertos por outros sedimentos. Podem, quando emergentes, formar ilhas ou promontórios, com alguns metros acima do nível das águas e vários metros de largura e comprimento. Veja também diápiro de sal. Diápiro de sal (salt diapir). São estruturas halocinéticas responsáveis pela formação de massas geralmente dômicas e lacolíticas. É importante lembrar que a estrutura interna é estratificada e apresenta deformação de alto grau. Suas dimensões são variadas, desde alguns metros até quilômetros de extensão. Veja também diápiro de lama. Diatomácea (diatom). São algas uni ou pluricelulares (mais raras) com frústula (carapaça) silicosa perfurada provida de duas valvas. Algumas espécies são solitárias, mas outras formam colônias. Vivem em todos os ambientes aquáticos, mas a maior diversidade é encontrada em água doce. Ilustração. Diatomácea. Diatomácea cêntrica, gênero Suriella. Créditos: Dr. Norbert Lange/Shutterstock.com. Fonte: https://www.infoescola.com/biologhia/diatomaceas. Acesso: 06.04.2019. Diatomito (diatomite). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Dinoflagelado (dinoflagellate). Seres cuja maioria é unicelular. Movimentam-se com o auxílio de dois flagelos. Há também dinoflage- lados imóveis. Dique clástico (clastic dyke). Veja dique sedimentar. Dique de areia (sand dyke). Veja dique sedimentar. Dique de areia irregular (contorted sandstone dykes). Veja diques sedimentares contorcidos em dique sedimentar. Dique de arenito (sandstone dyke). Veja dique sedimentar. Dique sedimentar (auto-intrusion, clastic dykes, dykes, intrusive clast, neptunian dikes, https://www.infoescola.com/biologhia/diatomaceas sandstones dykes, sedimentary dykes). Ilustração. São corpos de forma tabu-lar, discordantes em relação à rocha hospedeira, constituídos por sedimentos clásticos ou não (asfalto). Originam-se por in- jeções de materiais fluidizados para dentro da rocha hospedeira ou por queda dos sedimentosem fissuras de outros litossomas, onde se consolidam. Dique sedimentar de siltito (veja em Rocha Sedimentar Clástica), mais escuro, limitado por traço à tinta, em andesito. Acima do cabo do martelo, sill sedimentar. Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 30 cm comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Interessantes são os diques calcários que se confundem com a rocha calcária hospedeira. Quando a injeção sedimentar ocorre após a compactação, a estrutura apresenta paredes retas. Se injetadas antes da litificação, poderão mostrar contorções por efeito da compactação, sendo então reconhecidos como diques sedimentares contorcidos (contorted sandstone dykes). Em testemunhos, os diques contorcidos assemelham-se às estruturas de bioturbação, mas seus traços linea-res nos planos de estratificação indicam seu caráter tabular. Estão relacionados com os sills sedimentares. Veja também estrutura de escape de água e polígono de areia. Dique sedimentar contorcido (contorted sandstone dykes, molar-tooth structures). Veja em dique sedimentar. Dissolução (dissolution). Veja em intemperismo. Dobra de escorregamento (sliding fold). Veja dobra penecontemporânea. Dobra intraformacional (intraformational fold). Veja estrutura convoluta. Dobramento de sobrecarga (load fold). Dobras em uma camada originada, provavelmente, por ondas e pressão desigual do leito sobrejacente. Veja também estrutura de sobrecarga. Dobramento penecontemporâneos (penecontemporaneous folding). Veja dobra penecontemporânea. Dobramento por recalque. Veja estrutura de sobrecarga. Dobra penecontemporânea (folds of décollement type, intraformational corrugation, laminar corrugations, sedimentary folding, slump folding, streamers, synsedimentary folding). Ilustração. Dobras de variada envergadura podem ser desenvolvidas durante compactação, movimentos de deslizamentos ou deslocamento glacial sobre sedimentos, estando, normalmente, associadas a falhas penecontemporâneas. Dobramento penecontemporâneo. Grupo Guaritas, Proterozóico, RS, BR. Referência: 2,0 cm ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando são estruturas de escorregamento mais do que uma camada está envolvida, no entanto, quando se tratar de estrutura convoluta, os dobramentos estão res- tritos às lâminas de uma só camada. Nas dobras de escorregamento as antiformes não são pontiagudas nem as sinformes tão largas como àquelas das estruturas convolutas, o que gera uma feição mais amarrotada nas primeiras. Quando ocorrer espessamento nas lâminas que formam as cristas das antiformes e também das sinformes, com variações de espessura, o que muitas vezes torna-as descontínuas, tais dobramentos recebem a denominação de estrutura de constrição (pinch and swell). Dobra recumbente intraformacional (intraformational recumbent folds). Lâminas frontais (veja em marca de ondulação) de estratificação cruzada dobrada sobre si mesma em sua parte superior. A feição é produzida pelo arrasto de fortes correntes carregadas com sedimentos migrando sobre o topo de uma sequência de lâminas frontais (veja em marca de ondulação). Além disto, a estrutura pode ser o resultado da deformação de areias liquefeitas ou fluidificadas por correntes de arrasto provocadas provavelmente por choques de tremores de terra. Geralmente são dobras regulares com planos axiais sub-horizontais. Dolomita (dolomite). Mineral composto por carbonato e magnésio [CaMg(CO3)2]. Dolomito (dolomite). Rocha calcária formada dominantemente por dolomita. Veja também Rocha Sedimentar Química e Rocha Sedimentar Orgânica. Domichnia. Ilustração. Veja estrutura de moradia. Domichnia. Estrutura elaborada por Callianassa sp. Areias de ambiente marinho litorâneo. Cenozoico, RS, BR. Referência: 15 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Domo arenoso (air heave structure, sand domes). Veja em impressão de bolha. Domo salino (saline dome). Veja diápiro de sal. Depósito de deslizamento (slide deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de escorregamento (slump deposits). Veja em movimento de massa. Depósito de rastejo de rocha (rock creep). Veja em movimento de massa. Depósito de rastejo de solo (soil creep). Veja em movimento de massa. Draa. Veja em duna transversa. Drapeamento de lama (draped, mud drape). Ilustração. Veja estratificação ondulada. Drapeamento de lama (nível escuro abaixo da moeda) sobre leito de arenito ondulado. Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. A seta indica a direção da paleocorrente. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Dreikanter. Veja em grão facetado. Drusa (druse). Veja em geodo. Duna (dune, simple dune). Megamarcas de ondulações ou marcas de ondulações gigantes tanto subaquáticas quanto subaéreas, com altura, comprimento e largura definíveis. A razão comprimento sobre altura, em relação à razão das ondas de areia, é mais alta. Os hidrodinamistas classificam tais formas de leito sob a denominação de marcas ondulares tridimensionais (formas 3D). Podem ser mencionadas de acordo com a dimensão como: 1. Pequenas dunas (60 cm até 30 metros de comprimento de onda). 2. Grandes dunas (mais do que 30 metros de comprimento de onda). As dunas possuem cristas (cume) fortemente sinuosas e geralmente descontínuas. As calhas entre as dunas so- frem uma erosão pronunciada. Para muitos a terminologia duna é empregada na descrição de grandes corpos de areia, em um caso por argila, formados pela atividade eólica. Neste caso podemos ter as seguintes formas: dunas barcanas, dunas parabólicas, dunas reversas, dunas seif, dunas equantes, dunas transversas e dunas de argila. Dependendo da dimensão da duna podem ser superpostas por pequenas marcas de ondulações (veja em marca de ondulação) ou por megamarcas de ondulações. São grandes corpos arenosos desenvolvidos por fluxos fluidos sobre uma camada granular. Normalmente mostram um declive suave corrente acima e um declive íngreme de deslizamento, corrente abaixo. Em seção apresentam uma assimetria grosseiramente triangular. Veja duna dikaka e também duna zibar. Duna barcana (barchan dune, barkhan). São dunas em forma de meia-lua ocorrendo como corpos isolados, em cadeias ou colônias. As extremidades de uma duna barcana apontam para sota-vento, pois, sua migração é mais rápida que a porção central. É formada por corrente unidirecional de velocidade mais baixa do que aquela que origina as dunas seif. Migram por avalanche de areia na face de escorregamento ou de sota-vento. As formas simples podem coalescer originando complexos. A face de barlavento mostra-se menos inclinada que a face de sota-vento, apresentando o lado convexo em sentido contrário à corrente. Duna de argila (clay dunes, lunettes). Dunas geralmente solitárias, invariavelmente associadas com algum tipo de depressão. Variam, em planta, de crescentes a meandrantes ou lineares irregulares. Encontradas em zonas de sebkha ou em zonas de várzea (veja em ambiente de planície de i- nundação) de canal tidal ou lagunar. O comprimento é limitado pela depressão. As menores possuem dezenas de metros e as maiores dezenas de quilômetros. A altura raramente excede 15 metros. Em seção, podem ser simétricas ou assimétricas. São o resultado do transporte por vento unidirecional de agregados soltos de argila, sal e restos de conchas, do fundo de algum corpo de água temporariamente seco. Duna dikaka (dikaka dune). Dunas que apresentam numerosos pedotúbulos. São depósitos dunares estabilizados graças ao excepcional desenvolvimento de plantas, possuindo um sistema de raízes que crescem até grande profundidade. O crescimento das plantas destrói total ou parcialmente a estratificação original. As partes ocupadas pelas raízes podem apresentar cimentação preferencial.Dunas dikaka são comuns próximo de depósitos de wadi ou em oásis. Duna draa (draa dune). Veja em duna transversa. Duna em forma de domo (domal dunes of medusa-head aspect, dome-shaped dunes, rounded barchanoid draas). Dunas equantes de baixo-relevo que não apresentam uma face pronunciada de escorregamento. Em planta podem ser circulares, oblongas ou parabólicas, achatadas no topo. As duas formas extremas são: 1. Dunas dômicas de topo chato, flanqueadas por cristas curtas e sinuosas. Usualmente com o topo coberto por dunas menores. 2. Dunas dômicas com topo chato mostrando uma baixa muralha levantada acima do íngreme declive flanqueante de onde irradiam cristas curtas e sinuosas. Também podem estar cobertas por dunas menores e/ou depressões rasas e cristas menores. Provavelmente se desenvolvem devido a uma forte corrente eólica que impede o crescimento da duna. Duna eólica (eolic dune). Veja duna. Duna equante (equant dunes). Dunas arenosas eólicas que, em planta, mostram várias cristas em diferentes sentidos sendo de topo agudo (veja duna estrelar) ou de topo chato (veja duna em forma de domo). Acredita-se que dunas equantes são geradas por ventos efetivos que sopram, igualmente, de muitas direções diferentes, com sentidos opostos. Duna estrelar (ghord, ghourd, peaked dunes, pyramidal dunes, rhourd, rhourd dune, star dunes, star-shaped dunes, stellate dunes). Dunas equante com um ponto central elevado a partir do qual divergem três ou mais cristas. Geralmente todas as cristas possuem uma face de escorregamento bem desenvolvida sendo ativadas em diferentes períodos. Provavelmente resulta da atividade eólica soprando de múltiplas direções. Duna longitudinal (longitudinal dune). Veja duna seif. Duna parabólica (parabolic dunes). Dunas em forma de “U” quando vistas em planta apresentando o lado côncavo na direção de barlavento. A parte mais central movimenta-se para frente em relação aos lados. Prova- velmente a migração retardada dos braços se deva à ancoragem dos mesmos, por vegeta- ção, o que não ocorre com a parte central. As condições que favorecem sua origem são: 1. Superfície estabilizada onde o vento age em zonas dispersas de pouca resistência. 2. Espessura arenosa inicial consi- derável de maneira tal que o avanço possa ser restrito a frentes comparativamente estreitas. 3. Vento unidirecional. Duna regressiva. Veja em marca de ondulação regressiva. Duna reversa (reversing dune). Duna de altura incomum, mas com pouca migração. Mudanças temporárias na direção predominante do vento causam movimentos alternados em direções aproximadamente opostas. Tais corpos são dunas barcanas ou mesmo dunas transversas. A forma dessas dunas é controlada por uma direção eólica dominante e uma face de escorregamento bem desenvolvida. Entretanto, graças às mudanças temporárias na direção de sopro do vento, pequenas faces de escorregamento podem surgir em oposição à principal. Duna seif (longitudinal dune, seif dune). Dunas alongadas, de crista reta, com um longo eixo orientado paralelamente à direção predominante do vento. São corpos contínuos, porém, com aspecto serreado. Várias dunas seif ocorrem em séries paralelas separadas entre si por áreas interdunares muito amplas. Devem sua gênese a ventos fortes constantes ou mais frequentemente a ventos bidirecionais alternantes. Para alguns, contudo, sua origem está relacionada a fluxos helicoidais de vento. Duna subaquática. Veja duna. Duna transversa (transverse dunes). Dunas alongadas, de crista quase reta, orientadas perpendicularmente à direção predominante do vento. As cristas são regularmente espaçadas, separadas por áreas interdunares amplas. Representam formas instáveis que podem transformar-se em dunas barcanas ou dunas seif. Para alguns, contudo, elas são estáveis e estão presentes em vários desertos. Originam-se associadas a áreas de inland sabkhas (veja em ambiente eólico). Alguns autores usam o termo aklé para aquelas que possuem comprimento de onda em torno de 10 metros a 100 metros e uma altura de 1 metro a 10 metros. Estas dunas transversas possuem componentes longitudinais e oblíquos, com cristas sinuosas mostrando alternadamente setores linguiforme e barcanoides (isto é, côncavos, corrente abaixo) os quais estão ou em fase ou fora de fase com aqueles de uma crista adjacente. Draa é o termo usado para aquelas com comprimento variável de 1 quilômetro a 3 quilômetros e uma altura em torno de 100 metros com dunas menores superpostas. É uma estrutura exclusivamente eólica, sem correspondente subaquático. Duna zibar (zibar dune). Dunas achatadas, transversas em relação à direção do vento, quase simétricas, sem face de escorregamento. Desenvolvem-se em areias residuais mal classificadas em corredores e bacias entre grandes dunas ou subjacentes às planícies desérticas extensas. Em planta, variam de formas quase retas até sinuosas e irregulares. Seu comprimento de onda alcança 150 metros a 400 metros. A associação de dunas zibar com áreas de deflação de areias mal classificadas sugere, em princípio, sua afinidade com as marcas de ondulações balísticas maiores. Durênio (durain). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. E Eikanter (eikanter). Veja em grão facetado. Empacotamento (packing) Ilustração. Relação mantida entre um sistema de partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) sólidas, em um espaço fechado. As partículas se mantém adjacentes e estabilizadas pela força gravitacional. No sistema, duas partículas não possuem nenhum ponto interno em comum. Este arranjo pode ser ordenado ou não. Também podemos falar em empacotamento fechado quando a concentração de sedimentos ocupa densamente o espaço. Empacotamento aberto, quando às partículas mantêm espaços intersticiais. Os espaços intersticiais qualificam a porosidade (porosity) da rocha. A porosidade original do pacote sedimentar é a porosidade primária. A porosidade secundária é aquela originada após a deposição por processos como, por exemplo, dissolução parcial ou local. Endichnia. Estruturas de bioturbação, preservadas na porção interna e central do meio principal de moldagem. No singular diz-se endichnion. Endichnion. Singular de endichnia. Endoglifo (endoglyph). Veja em hieroglifo. Éon (Éon). Éon, uma unidade geocronológica, é a maior subdivisão de tempo na Escala do Tempo Geológico. Corresponde a Éonotema (veja em unidade cronoestratigráfica). Éonotema (Éonothem). Veja Éonotema em unidade cronoestratigráfica. Índice de empacotamento. Em seção delgada, o índice de empacotamento é obtido por meio da percentagem de contatos grão a grão, identificados ao longo de uma “travessia”, em relação ao número total de contatos registrados ao longo de uma mesma “travessia”. Fonte: Oliveira 2003, modificado de Pet- tjjohn 1975. Epichnia. Estruturas de bioturbação preservadas na face superior do meio principal de moldagem. Podem aparecer como saliências ou como depressões. No singular diz-se epichnion. Epichnion. Singular de epichnia. Epiglifo (epiglyphs). Veja em hieroglifo. Época (epoch). Época, unidade geocronológica, divisão de um Período (period), corres-ponde a Série (series), uma unidade cronoestratigráfica. Era (era). Era, uma unidade geocronológica, corresponde a Eratema (erathem), uma unidade cronoestratigráfica. É uma divisão de Éon na Escala do Tempo Geológico. A categoria imediatamente inferior é o Período. Eratema (erathem). Veja em unidade cronoestratigráfica. Erosão (erosion). O termo pode ser analisado sob dois aspectos: genérico e específico. O primeiro abrange as fases de intemperismo, transporte de detritos e de elementos e compostos, bem como as ações físicas e combinações químicas ocorrentes nesta etapa. O termo também pode expressar um acontecimentoerosivo estrito, como, por e- xemplo, a atuação erosiva de cursos d’água, de ondas, de ventos, de geleiras, de marés, de seres vivos, de oceanos, etc. Erpoglifo (erpoglyphs). Veja em hieroglifo. Escala do Tempo Geológico. Corresponde a linha do tempo que inicia com a formação da Terra e se desenvolve até os dias atuais. Divide-se em éons, eras, períodos, épocas e idades. Veja a versão 2018 do Quadro Estratigráfico internacional da Comissão Internacional sobre Estratigrafia da União Internacional de Ciências Geológicas no final deste léxico. Escavação por obstáculo. Veja estrutura de desbaste em crescente. Escavação transversal e diagonal. Veja sulco erosivo transversal lavrado por corrente. Esfericidade (sphericity). Veja em Rocha Sedimentar Clástica. Esferoide corrugado (crumpled ball). Veja pseudonódulo enrugado. Esferólito. Termo empregado para especificar qualquer corpo esférico com estrutura radial, formado in situ. Muitos oólitos (veja em concreção) e certas concreções são exemplos de esferólitos. Esker. Veja em ambiente glacial. Esponja (sponge). Ilustração. São animais cujo corpo apresenta inúmeras cavidades minúsculas denominadas poros e por isto são enquadradas no filo Porifera (portador de poros). Vivem tanto em água doce quanto salgada, são sésseis (fixados no substrato), alimentam-se por filtração do líquido em que vivem, não possuem músculos, sistema nervoso ou órgãos internos, sendo cada célula responsável por sua alimentação. São encontradas desde a superfície da água até mais de 8 000 metros de profundidade. Esponja. Exemplar seccionado da espécie Tedaria ignis. Disponibilizado: 23.11.2006. Acesso: 07.04.2019. Origem: NOAA. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tedaria_ignis.jpg? uselang=pt. Espora e sulco em recife (spur-and-groove). https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tedaria_ignis.jpg?uselang=pt https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tedaria_ignis.jpg?uselang=pt Feições similares a sulcos e cristas lavrados por ondas, porém, o motivo principal para o desenvolvimento da feição é o crescimento de corais e algas controlado, provavelmente, pela atividade das ondas que atuam em recifes e atóis (veja em recife). Estalactite (roof pendants, stalactites). Ilustração. Estruturas cársticas formadas no interior de cavernas como projeções cônicas com a base fixada no teto. Externamente, podem ser levemente irregulares a lisos, picados ou com cristas. A origem se deve à água com carbonato de cálcio em solução que, ao gotejar deste o teto, paulatinamente constrói a estrutura. Estalactite. Conjunto de estalactites (à frente e acima da referência) e estalagmites (elipse) em gruta do Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Créditos: Flora Zeltzer. Estalagmite (stalagmites). Um termo geral para depósitos de carbonato de cálcio maci-ços encontrados em cavernas calcárias, mais especificamente para corpos cônicos com o vértice voltado para o teto onde se encontram estalactites correspondentes. A origem se deve à deposição de carbonato de cálcio que vem em solução nas gotas que caem do teto das cavernas. As estalagmites podem reunir-se às estalactites dando origem às colunas calcárias. Estilolito (stylolites). Ilustração. São superfícies marcadas pela interpenetração mútua de planos sedimentares. Em seção podem (a) mostrar um padrão colunar quando os desníveis do plano de contato se apresentam espaçados (também são chamados de suturados), (b) denticulares quando apresentam uma linha com picos agudos como no sismograma e (c) ondulados irregulares quando a linha for sinuosa e com ondas de baixa amplitude e grande comprimento. Variam de milímetros a poucos centímetros. Em alguns casos, ocorrem estrias paralelas às colunas evidenciando a interpenetração. As colunas são limitadas por fina camada de argila que, provavelmente, representa a concentração do resíduo insolúvel do material dissolvido durante a formação do estilolito. Acredita-se que surgem por pressões diferenciais ao longo dos planos de partição de rochas homogêneas, com pequeno grau de impurezas (calcários, arenitos, raramente folhelhos). Ao longo dos planos onde há diferenças de solubilidade e diferenças de pressão, as porções mais solúveis são removidas (permitindo o surgimento das colunas) e os resíduos insolúveis permanecem, capeando as colunas. Estilolito. Feições estilolíticas no Calcário Salem, Mississipiano, Bloomington, Indiana, USA. Créditos: Michael C. Rygel. Disponibilizado: 09.11.2010. Acesso: 22.06.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stylolites_mcr1.jpg . Estratificação (bedding, stratification). Termo usado para descrever sequências se- dimentares que evidenciam o arranjo de ca- madas ou estratos superpostos. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stylolites_mcr1.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stylolites_mcr1.jpg Estratificação anelar (loop bedding, mud crust, mud curl). Pequenos grupos de lâminas regulares, com aspecto de laços ou elos, estreitamente reunidos. Sua origem, provavelmente, está associada à dessecação. São observadas em calcários finos e folhelhos betuminosos. Veja também greta de contração encurvada. Estratificação contorcida. Veja acamadamento contorcido. Estratificação convoluta (convoluted stratification). Veja estrutura convoluta. Estratificação corrugada. Veja marca de ondulação cavalgante em fase. Estratificação cruzada (backset bedding, cross bed, cross bedded unit, cross bedding, cross strata, cross stratification, cross stratum, current bedding, delta bedding, delta foresets, diagonal bedding, doubly cross-laminated, drift bedding, false bedding, false stratification, foreset bedding, furious cross laminated, furious cross lamination, inclined bedding, inclined stratification, lateral accretion bedding, lateral accretion structure, lee side concentration, low-angle cross bedding, microdelta cross bedding, oblique bedding, oblique lamination, oblique stratification, small ripple bedding, unilateral cross lamination, wavy-ripple bedding). Tipo de estratificação em que os estratos ou camadas mergulham em relação às superfícies limitantes. Uma camada cruzada pode ser definida como um único leito ou uma unidade de sedimentação, constituída de lâminas internas inclinadas em relação à principal superfície de sedimentação. Esta unidade é separada dos leitos adjacentes por uma superfície de erosão, não deposição ou mu- dança abrupta nos caracteres. As lâminas frontais (veja em marca de ondulação), às quais constituem a unidade de estratificação cruzada, podem adquirir diferentes formas, de angular em calha levemente tangencial e côncava a sigmoideo (veja sigmoide em ambiente deltaico), dependendo sobretudo dos fatores hidrodinâmicos existentes ao tempo da deposição das unidades concernentes. Em casos excepcionais, as lâminas frontais aparecem dobradas sobre si mesmas em sua porção superior (veja dobra recumbente intraformacional). Outras vezes, aparecem como estratificação cruzada espinha de peixe. Também há casos em que as lâminas frontais aparecem com a concavidade, dirigida para baixo graças a ação erosiva de ventos ocasionais na base da face de escorregamento das dunas permitindo, desta maneira, a ultrapassagem dos sedimentos sobre a região basal erodida. Frequentemente, unidades de estrtificação cruzada mostram descontinuidades no padrão e atitude das lâminas frontais, comumente denominadas superfícies de reativação (reactivation surfaces, structural diastems). Trata-se de uma superfície inclinada dentro de uma sequência cruzada, que se-para lâminas frontais de orientação similar. As lâminas frontais mais novas truncam as infe-riores. Sua origem pode ser devida a flutuações ou mudanças no mecanismo ou direção do fluxo. Estratificação cruzada tem origem muito variada. Em geral, resultamda migração de pequenas marcas de ondulações e megamarcas de ondulações. Também podem surgir em depósitos de barra em pontal, em superfícies inclinadas de praias, no preenchimento de canais, dunas arenosas, etc. Podem ser classificadas como estratificação cruzada de pequena escala e estratificação cruzada de grande escala. Podemos reconhecer as seguintes estratificações cruzadas: 1. Estratificação cruzada em calha. 2. Estratificação cruzada planar. 3. Estratificação cruzada longitudinal. 4. Estratificação cruzada festonada. 5. Estratificação cruzada por ondas. 6. Estratificação cruzada espinha de peixe. 7. Estratificação cruzada inclinada convexa. 8. Estratificação cruzada convoluta. 9. Estratificação cruzada em retrocesso (veja em marca de ondulação regressiva). 10. Estratificação cruzada por lâminas frontais e línguas arenosas de avalanche. 11. Estratificação cruzada complexa. 12. Estratificação cruzada composta. 12. Estratificação cruzada de linhas de deixa (veja em linha de deixa). 13. Estratificação cruzada simples (veja em estratificação cruzada planar). 14. Estratificação cruzada tabular (veja em estratificação cruzada planar). 15. Estratificação cruzada em cunha (veja em estratificação cruzada planar). 16. Estratificação cruzada tangencial. De acordo com Allen (1963), as es- tratificações cruzadas obedecem a seguinte classificação: 1. Estratificação cruzada alfa. 2. Estratificação cruzada beta. 3. Estratificação cruzada gama. 4. Estratificação cruzada epsilon. 5. Estratificação cruzada zeta. 6. Estratificação cruzada eta. 7. Estratificação cruzada theta. 8. Estratificação cruzada iota. 9. Estratificação cruzada kappa. 10. Estratificação cruzada lambda. 11. Estratificação cruzada mu. 12. Estratificação cruzada nu. 13. Estratificação cruzada omicron. 14. Estratificação cruzada pi. 15. Estratificação cruzada xi. Estratificação cruzada acanalada (channel- fill cross-bedding). Veja estratificação cruzada em calha. Estratificação cruzada alfa (alpha-cross stratification). Este tipo de estratificação cruzada é representado por sequências solitárias tipicamente grandes em escala. As superfícies limitantes de cada sequência são essencialmente planares e não erosivas. A estratificação cruzada de cada sequência é discordante com respeito ao limite inferior e litologicamente homogênea. Em seção vertical paralela ao máximo mergulho, elas são retas ou côncavas para cima. Onde a estratificação cruzada encontra a superfície limitante superior da sequência, elas podem variar de reta em uma sequência à curvada em outra. Estratificação cruzada angular (angular cross bedding). Veja laminação angular. Estratificação cruzada beta (beta-cross- stratification). Estratificação cruzada onde as sequências são solitárias, geralmente de grande escala. Este tipo é distinguido de outras sequências solitárias de estratificação cruzada pelo fato de o limite inferior da sequência ser uma superfície essencialmente plana e erosiva. A estratificação cruzada é discordante em relação ao limite inferior da sequência e é litologimente homogênea. Em planta pode variar de curvada em uma sequência, à reta em outra. Estratificação cruzada complexa (complex cross bedding). Consiste em sequências de camadas acumuladas em alguns lugares mergulhando corrente abaixo e, em outros, corrente acima. Apresentam-se limitadas por camadas aparentemente horizontalizadas que, na verdade, também são mergulhantes. Quando as camadas visivelmente mergulham corrente acima em relação à superfície inferior, são denominadas camadas regressivas (backset beds). Sua origem está condicionada a fluxos de sentidos opostos que depositam sedimentos sobre o registro de episódios anteriores. Estratificação cruzada composta (compound cross-bedding, compound cross-stratification, compound foreset bedding). Consiste em sequências de camadas acumuladas por ação deposicional de marcas de ondulações intermediadas por ação erosional. Desta forma, as unidades de sedimentação aparecem separadas por débeis planos de erosão e, internamente, tais camadas mostram uma laminação cruzada tangencial. Veja marca de ondulação cavalgante fora de fase. Estratificação cruzada côncava (concave cross-stratitification). Veja estratificação cruzada em calha. Estratificação cruzada convoluta (convolute current-ripple lamination, deformed cross bedding). Estratificação cruzada formada pela migração de ondulações, submetida a deformações que determinam o dobramento das lâminas. Às vezes, as lâminas frontais (veja em marca de ondulação), apresentam-se dobradas na forma da letra “V” deitada (<), com os vértices apontando corrente acima. Existem dois tipos de estratificação cruzada convoluta sendo ambas meta deposicionais: 1. Os restritos a uma sequência de camadas simples formando uma dobra recumbente denominada estratificação cruzada convoluta recumbente (overturned cross bedding). 2. Os formados por pequenas dobras que aumentam de amplitude para cima sem o dobramento acentuado na parte superior, chamada de estratificação cruzada convoluta transgressiva (oversteepened cross bedding). Pode ser simples quando as dobras são mais regulares e complexas quando o padrão de dobramento é mais complicado e irregular. Estratificação cruzada convoluta recumbente (overturned cross bedding). Veja em estratificação cruzada convoluta. Estratificação cruzada convoluta transgressiva (oversteepened cross bedding). Veja em estratificação cruzada convoluta. Estratificação cruzada de grande escala (large-scale cross bedding). Estratificação cruzada com unidades individuais maiores que 4 cm de espessura. Origina-se de megamarcas de ondulação. Estratificação cruzada de linha de deixa (swash cross stratification). Veja em linha de deixa. Estratificação cruzada de pequena escala (criss-cross lamination, festoon cross- stratification, micro cross-bedding, micro cross-stratification, micro-scale cross bedding, rolling-strata, small--scale cross bedding). Estratificação cruzada com unidades individuais de poucos milímetros até 4 cm de espessura. São usualmente encontradas em forma de calha (veja estratificação cruzada em calha). Resultam da deposição de marcas de ondulações por corrente e marcas de ondulações por ondas. Esta estratificação compõe-se de sequência de estratos cruzados pequenos em forma de concha. Em seção transversal, os estratos dentro de uma sequência são côncavos para cima e concordantes com a superfície inferior erosional. Sequências individuais são empacotadas com erosão parcial, por sequências adjacentes e suprajacentes. Em vista longitudinal, os conjuntos são em forma tabular ou de cunha; os estratos são levemente côncavos para cima e são inclinados na direção da corrente. Estratificação cruzada de pequena escala e estratificação cruzada festonada estão presentes na maioria dos depósitos de canal e de barra, perto das unidades de topo. O acamadamento, em geral, se desenvolve com marcas de ondulações cuspadas por corrente, mas também pode se formar por marcas de ondulações longitudinais por corrente. Geralmente, é sobreposta por estratificação paralela horizontal e jaz sobre estratificação paralela horizontal descontínua (canal) ou por estratificação cruzada de baixo ângulo (barra). Formam-se em todos os ambientes fluviais e marinhos rasos. Nas rochas fluviais, são mais comuns em rios anastomosados (veja em ambiente de planície de inundação) que em correntes efêmeras. Em rochas sedimentares estão, por norma, associadas com estruturas em costelas e sulcos. Estratificação cruzada de preenchimento de canal. Veja estratificação cruzada em calha. Estratificação cruzada em calha (channel-fill cross-bedding, concave cross-bedding, concave inclined-bedding, crescent type cross bedding, scour and fill cross bedding, trough cross-bedding, troughcross-stratification). Ilustração. Estratificação cruzada com as superfícies limitantes curvadas. A superfície inferior está sobre um plano erodido côncavo. Envolve erosão e subsequente deposição (veja em sedimentação), por migração de formas de leito (veja em regime de fluxo), tais como dunas. Cada calha (canal) consiste em um desbaste erosional alongado, preenchido por lâminas curvadas. Este preenchimento pode ser simétrico ou assimétrico. Estratificação cruzada em calha, arenito do Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Os seixos de pelitos (galha de argila) foram erodidos deixando expostos seus alojamentos. A corrente deslocava-se na direção do observador. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também estratificação cruzada festonada. Estratificação cruzada em concha (wedge- shaped cross-bedding, wedge torrential cross- bedding). Veja em estratificação cruzada planar. Estratificação cruzada em retrocesso (backset cross stratification). Veja em marca de ondulação regressiva. Estratificação cruzada epsilon (epsilon- cross-stratification). Estratificação cruzada encontrada como sequências solitárias, sendo invariavelmente de grande escala. Cada unidade encontra uma superfície erosional inferior, essencialmente planar. Os estratos cruzados na sequência sobrepõe-se discordantemente no plano de estratificação e a estratificação cruzada é principalmente distinguida pelo fato dos estratos cruzados serem litologicamente heterogêneos, usualmente consistindo de leitos alternados de silte-argiloso e areia. Em seções verticais paralelas ao máximo mergulho, os estratos cruzados variam de retos em umas poucas unidades a convexos para cima em sua grande maioria. Os estratos cruzados podem estar curvados em planta mergulhando contra a superfície limitante superior da sequência estando as curvaturas no mesmo sentido do mergulho do estrato cruzado. Estratificação cruzada espinha de peixe (chevron cross-bedding, chevron cross-stra- tification, herringbone cross-bedding, herringbone cross-stratification, zig-zag cross bedding). Ilustração. Estratificação cruzada cujas camadas adjacentes apresentam lâminas frontais com direções opostas. Outros tipos de estratificação como, por exemplo, estratificação cruzada festonada, quando vistas em seções diagonais, lembram a estratificação cruzada espinha de peixe, razão pela qual esta estratificação só pode ser reconhecida em seções tridimensionais. Quando duas camadas adjacentes são separadas por um fino leito de lama e mostram lâminas em direções opostas, temos um caso de estratificação cruzada espinha de peixe típica de ambiente de planície de maré. Surgem graças a formação de lâminas frontais (veja em marca de ondulação) em sequências pares onde as direçôes de mergulho são mutuamente opostas, ocorrendo em regiões marinhas rasas onde a reversibilidade completa do sentido da corrente é possível. Estratificação cruzada espinha de peixe em sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Pleistoceno, RS, BR. Referência: 5 cm de ∅. Créditos: Luiz José Tomazelli. Estratificação cruzada eta (eta-cross- stratification). Estratificação cruzada representada por sequências solitárias de grande escala. Uma superfície erosional rudemente em forma de colher está soto-posta em cada unidade, sendo os estratos cruzados discordantemente relacionados nesta superfície. Este tipo de estratificação cruzada é distinguida pelo fato de que os estratos cruzados mostram leitos alternados de silte- argiloso e areia, sendo litologicamente heterogêneos. Estratificação cruzada festonada (choppy cross-lamination, festoon, festoon cross bedding, festoon cross lamination). Ilustração. Correspondem a várias estratificações cruzadas em calha que se interceptam preservando-se parcialmente, mostrando em vista vertical e perpendicular à direção do fluxo, superfícies erosionais e lâminas que formam uma série de arcos truncados e côncavos para cima. No entanto, quando vistas em seção vertical paralela ao fluxo, os limites das sequências são quase paralelos, de maneira tal que cada sequência de lâminas inclinadas corrente abaixo tem, aproxima-damente, a mesma espessura, podendo, então ser confundida com estratificação cruzada planar. Envolve erosão e subsequente deposição por migração de formas de leito (veja em regime de fluxo), tais como dunas. Estratificação cruzada festonada. Arenito eólico da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. A seta indica a média das paleocorrentes. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estratificação cruzada gama (gamma-cross- stratification). Estratificação cruzada representada por sequências solitárias e geralmente de grande escala. Cada sequência é limitada por uma superfície inferior erosional e irregular. Os estratos cruzados de cada sequência estão discordantemente relacionados com o limite inferior e são litologicamente homogêneos. Os estratos cruzados quando vistos em planta, podem ser retos em uma sequência a curvados em outra. Estratificação cruzada inclinada convexa (convex inclined-bedding, inclined stratification, parallel inclined stratification). Estratificação cruzada formada por lâminas frontais (veja em marca de ondulação), convexas para cima. No ambiente eólico, origina-se graças à ação erosiva de ventos ocasionais na base da face de escorregamento das dunas permitindo, desta maneira, a ultrapassagem dos sedimentos sobre a região basal erodida. Em se tratando de meio aquoso, as lâminas cobrem uma depressão irregular de erosão, mostrando convexidade para cima. O tamanho da estratificação varia de centímetros a vários metros. É fina, descontínua e horizontal. A inclinação geralmente é aparente apenas em seção transversa nos canais preenchidos e longitudinal para marcas de desbaste. A depressão é usualmente assimétrica em seção transversa, exceto para pequenas marcas de desbaste. Veja também estrutura de corte e preenchimento. Estratificação cruzada iota (iota-cross- stratification). Estratificação cruzada repre- sentada por sequências solitárias de grande escala. Cada sequência é limitada inferior- mente por uma sequência erosional em forma de calha mergulhante nas duas extremidades. Os estratos cruzados formam um acamamento concordante com respeito à superfície limitante inferior e são litologicamente homogêneos. A relação concordante é visível nas seções paralela e perpendicular ao eixo principal da calha. Estratificação cruzada kappa (kappa-cross- stratification). Estratificação cruzada representada por uma cosequência de camadas que reúne sequência de camadas de pequena escala. As sequências de cada cosequência são limitadas por superfícies gradacionais imaginárias que são irregulares e definidas por mudanças mais ou menos pronunciada na atitude dos estratos cruzados. Estes são geralmente contínuos através das superfícies de uma sequência a outra, acima ou abaixo, mas apresentam relações discordantes com esta superfície. Os estratos mostram mergulhos comparativamente abruptos, mas em seção perpendicular apresentam-se como lentes interconectadas. Os estratos são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzada lambda (lambda- cross-stratification. Estratificação cruzada representada por uma cosequência de camadas que reúne uma sequência de camadas de pequena escala. As sequências dentro das cosequências são limitadas por superfícies gradacionais, planas, imaginárias que são mais ou menos definidas por mudanças pronunciadas na atitude dos estratos cruzados, os quais discordam das superfícies imaginárias de uma sequência a outra. Em uma seção os estratos são fortemente inclinados, mas em outras são essencialmente horizontais, uniformes, formando leitos paralelos. Os estratos são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzadalongitudinal (longitudinal cross-bedding). Estratificação cruzada na qual os estratos ou camadas mergu-lham perpendicularmente à direção da corrente. As camadas inclinadas não possuem lâminas, mas são compostas por diferentes tipos de estratificação, tais como: estratificação flaser, estratificação lenticular de pequeno porte, estratificação finamente interacamada, etc. A direção das camadas da estratificação cruzada longitudinal é paralela à corrente, em contraste com outros tipos de estratificação cruzada. Este tipo de estrutura é produzida pelo deslocamento lateral de canais de maré em ambiente de planícies de maré. Em tal situação, a deposição ocorre em barras em pontal na forma de camadas convexas inclinadas para dentro do canal, formando uma sequência de camadas. Este pacote de ca-madas inclinadas quando coberto por camadas horizontalizadas, determina um padrão de estratificação cruzada. A origem pode também estar vinculada as barras em pontal de canais fluviais meandrantes e anastomosados. Veja também forma de canal fluvial (veja em ambiente de planície de inundação). Estratificação cruzada mu (mu-cross- stratification). Estratificação cruzada é formada por um grupo de sequências de camadas de pequena escala. Cada sequência é soto-posta por uma superfície essencialmente planar e erosiva. Os estratos cruzados mostram uma relação discordante com esta superfície. Em uma seção mergulham fortemente em uma direção constante, mas em outra, são essencialmente uniformes formando leitos paralelos. Os estratos cruzados são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzada nu (nu-cross- stratification). Estratificação cruzada é formada por cosequência de camadas de sequências de camadas agrupadas e de pequena escala. Cada sequência de camadas é soto-posta por uma superfície erosiva em forma de colher, com uma única extremidade mergulhante e formada por estratos curvados simétricos e discordantes em relação a esta superfície. Em apenas uma seção vertical a relação discordante é óbvia. Para outra seção, perpendicular, os estratos cruzados são simétricos e aparentemente concordantes. Estratificação cruzada omikron (omikron- cross-stratification). Estratificação cruzada formada por cosequência de camadas que agrupam sequências de camadas de grande escala. As sequências são soto-postas por superfícies erosivas essencialmente planares com estratos discordantes formando o corpo de cada sequência. Os estratos cruzados na cosequência inclinam-se mais ou menos na mesma direção e estão discordantemente re- lacionados com as superfícies limitantes da sequência em uma única direção. Na seção perpendicular eles são observados como uniformes formando leitos paralelos. Os estratos cruzados são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzada pi (pi-cross- stratification). Estratificação cruzada formada por grupamento de sequência de camadas interferentes e individualmente de grande escala. Cada sequência é soto-posta por uma superfície erosional com formato de colher mergu-lhando somente em uma extremidade. As sequências são formadas por estratos curvados, mais ou menos simétricos e discordantemente acamados. A relação discordante é vista em uma seção, mas não é clara nas demais seções. Os estratos cruzados são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzada plana. Veja estratificação cruzada planar. Estratificação cruzada planar (avalanche- front cross stratification, flow-and-plunge structure, high-angle planar cross stratification, low-angle cross-stratification, mega-ripple bedding, planar cross bedding, planar cross stratification, torrential cross-bedding). Ilustração. Tipo de estratificação cruzada em que as superfícies limitantes da unidade de sedimentação são mais ou menos planas e erosivas. Quando o limite inferior é não erosivo chama-se estratificação cruzada simples (simple cross bedding, simple cross- stratification). Estratificação cruzada planar. Arenito da Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. A seta amarela aponta o limite inferior da estratificação onde são visíveis alojamentos de galhas de argila já erodidos. A seta vermelha indica a direção da paleocorrente. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Ambas podem se apresentar como feições tabulares, ou cuneiformes sendo denominadas, respectivamente, estratificação cruzada tabular (tabular cross-bedding, tabular cross-stratification) e estratificação cruzada em cunha (wedge-shaped cross-bedding, wedge torrential cross-bedding). É necessário ter em mente que estratificação cruzada festonada pode ser confundida com estratificação cruzada planar ou simples, dependendo da seção disponível. Para tanto, existem três características que distinguem a estratificação cruzada planar e a estratificação cruzada simples da festonada: 1. A falta de forte conformidade entre as lâminas e o limite da sequência inferior como acontece na face vertical, perpendicular à direção do fluxo, na estratificação festonada. 2. As lâminas vistas em uma superfície horizontal, são retas ou sinuosas em oposição aos arcos arranjados com a conca-vidade corrente abaixo no mesmo plano da estratificação cruzada festonada. 3. Contatos não erosivos entre sequências de lâminas podem existir em alguns lugares, o que não ocorre na estratificação cruzada festonada. A estratificação cruzada planar é originada por migração de marcas de ondulações de crista reta por corrente (formas 2D). Estratificação cruzada por lâmina frontal e língua arenosa de avalanche (grain flow cross strata, sand-flow and grain-fall cross-bedding, sand-flow cross strata, sand-flow cross stratification, scalloped structure). As dunas, predominantemente as eólicas, podem mostrar línguas arenosas de avalanche na face de escorregamento. Como as línguas arenosas possuem granulometria mais grossa que as lâminas frontais (veja em marca de ondulação), construídas por queda de grãos, fica evidente o entrecruzamento destas feições. Estratificação cruzada por ondas (wave cross-stratification, hummocky cross- stratification). Ilustração. É a estratificação cruzada originada pela oscilação das ondas. Às ondas podem ser normais ou de tempestade. As estruturas formadas pela ação de ondas normais são de envergadura menor quando comparadas às de tempestades. Constituem- se, as últimas, por camadas ta-bulares quase horizontalizadas, formadas por areias muito finas a finas (hummocky). As unidades tabulares variam em espessura de 15 cm a 50 cm, mas tendem a decrescer o espessamento médio para baixo onde se tornam, transicionalmente, inter- acamadas com leitos de silte e argila. Nesta zona é comum encontrar bioturbações (veja estrutura de bioturbação) em maior quantidade do que as camadas superiores, bem como sinais fracos, porém, extensivos, de erosão no topo. Estratificação cruzada por ondas (hummocky). A camada com as estruturas está sinalizada por colchetes. Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As principais características desta estrutura podem ser assim sumarizadas: (a) as superfícies inferiores limitantes dos conjuntos são erosionais, com inclinações menores do que 10o, embora possam atingir 15o, (b) as lâminas acima deste conjunto li-mitado erosivamente são paralelas ou quase paralelas àquela superfície, (c) as lâminas podem espessar-se sistematicamente na lateral do conjunto, de maneira tal que seus traçados em uma superfície vertical são em forma de leque, com diminuição gradativa e regular dos mergulhos, (d) as direções de mergulho dos conjuntos limitados erosivamente e das lâminas que os recobrem são diversificadas. Na base dessa estratificação pode haver marcas de sulcos lavrados por objeto ou marcas de punção no contato com as camadas subjacentes ricas em argilas. No topo podem existir marcas de ondulaçõespor ondas. Quando vista em planta se apresentam como montículos os quais possuem entre 15 cm a 50 cm de altura, estando espaçados uns dos outros de 1 metro a poucos metros, por áreas mais amplas e deprimidas. Atribui-se como origem, a ação de fortes ondas com vagalhões de deslocamento e velocidade maior do que aquelas que originam marcas de ondulações por ondas. Uma camada com estratificação cruzada por ondas pode ser o produto de um evento de tempestade. Como são interacamadas com leitos argilosos ou siltosos bioturbados em sua porção superior, admite-se períodos de maior quietude hidráulica ou menores taxas de sedimentação intercalados com tais tempestades. Estratificação cruzada sigmoidal (sigmoidal cross-stratification). Veja em ambiente deltaico. Estratificação cruzada simples (simple cross bedding, simple cross-stratification). Veja em estratificação cruzada planar. Estratificação cruzada tabular (tabular cross- bedding, tabular cross-stratification). Veja em estratificação cruzada planar. Estratificação cruzada tangencial (tangencial cross-bedding). Ilustração. Trata-se de marca de ondulação com crista sinuosa por corrente (forma 3D) vista em corte longitudinal. As lâminas que a constituem tangenciam a base da forma de leito. Estratificação cruzada tangencial. Arenitos eólicos da Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. A seta mostra a direção da paleocorrente. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estratificação cruzada theta (theta-cross- stratification). Estratificação cruzada repre- sentada por sequências solitárias de grande escala. Cada sequência é soto-posta por uma superfície erosional em calha, mergulhante em ambas as extremidades. Os estratos cruzados são litologicamente homogêneos e discordantemente relacionados com o limite inferior. As relações discordantes podem ser vistas em seções paralelas à direção de mergulho dos estratos, mas não podem ser percebidas em seção perpendicular ao eixo principal da calha. Estratificação cruzada xi (xi-cross- stratification). Estratificação cruzada formada por cosequência de camadas que agrupam sequências de camadas de grande escala. Cada sequência de uma cosequência é soto- posta por uma superfície não erosiva planar. Em todas as seções os estratos cruzados são discordantes com a superfície limitante inferior. Os estratos cruzados são litologicamente homogêneos. Estratificação cruzada zeta (zeta-cross- stratification). Estratificação cruzada repre- sentada por sequências solitárias de grande escala. Cada sequência é limitada por uma superfície inferior erosiva e essencialmente cilíndrica, sem tendência a mergulhar em nenhuma direção ao longo do eixo principal. Os estratos cruzados na unidade são concordantes com o limite inferior da sequência e litologicamente homogêneos. Estratificação cuneiforme. Veja estratificação cruzada em cunha em estratificação cruzada planar. Estratificação de escorregamento. Veja estratificação cruzada. Estratificação deltaica. Veja estratificação cruzada. Estratificação de maré (tidal banding, tidal bedding, tidal lamination, tidal rhythmites). Veja estratificação finamente interacamada. Estratificação diagonal. Veja estratificação cruzada. Estratificação distorcida. Veja acamamento contorcido. Estratificação em lentículas. Veja estratificação lenticular de pequeno porte. Estratificação enrugada (crinkled bedding). Estratificação ou laminação com desenvolvimento de microdobras. Estrutura típica de rochas carbonáticas (veja Rocha Sedimentar Orgânica). Sua origem está, presumivelmente, associada com a atividade das algas. Estratificação espessamente interacamada (coarsely interlayered bedding). Ilustração. Estratificação ou laminação composta por leitos mais espessos e mais finos em disposição alternada, possuindo, cada um, vários milímetros a vários centímetros de espessura. Os leitos mais espessos podem ser de areia ou silte e os mais finos e silte, lama ou argila. Estratificação espessamente interacamada. Os leitos escuros são arenosos e os claros, argilosos. Referência: 5 cm de ∅. Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Geralmente dispõe-se como laminação paralela horizontal contínua ou laminação paralela horizontal descontínua. Dependendo da espessura relativa entre os leitos de areia e lama, três tipos são distinguidos: 1. Leitos de areia e lama com espessuras iguais. 2. Leitos arenosos mais espessos, separados por leitos argilosos ou finamente granulados com pouca espessura. 3. Leitos lamosos mais espessos alternados com leitos arenosos relativamente finos. Podemos encontrar às três variantes dentro de uma mesma sequência com origem comum. Acredita-se que os leitos de areia sejam depositados durante a atividade de correntes ou ondas, intercaladas com períodos de estagnação das águas ou de fracas correntes quando, então, deposita-se mais lama. Outro modo de origem para esta estratificação ocorre quando a areia é, ocasionalmente, transportada para um ambiente onde, normalmente, se dá a sedimentação de lama. Trata-se, muitas vezes, de estratificação rítmica areia/lama. Veja estratificação ondulada, estratificação flaser e estratificação lenticular de pequeno porte. Estratificação finamente interacamada (fine rhythmically laminated bedding, graded rhythmites, thinly interlayered bedding). Como o nome indica, trata-se de qualquer estratificação ou laminação que é composta de leitos finos e alternados, com diferente composição, textura e cor. A espessura das lâminas individuais é usualmente fina (menos que 3 mm ou 4 mm). Quando dois leitos com tais características diferentes se repetem alternadamente, podemos falar em ritmitos (rhythmites). Quando alternam-se leitos de areia e lama, em ambientes de planície de maré, diz-se, então, estratificação rítmica areia/lama (alternating bedding, rhythmic bedding, rhythmic sand/mud bedding). Quanto à origem, em se tratando de ritmitos, as razões para tais repetições alternadas são mudanças regulares no transporte ou produção de material. As mudanças regulares podem ser de curta duração, como, por exemplo, flutuações de corrente, variações nas características do fluxo, mudanças de marés, ou podem ser devidas a alterações de longa duração, por exemplo, as sazonais causadas pela variação das condições intempéricas. Os ritmitos formados em ambientes de maré são conhecidos também como estratificação de maré (tidal banding, tidal bedding, tidal lamination, tidal rhythmites) ou estratificação fina ritmicamente laminada. Neste ambiente, a areia é depositada durante períodos de atividade da corrente de cheia ou de baixa-mar. A lama é depositada durante as fases estacionárias de maré alta e de maré baixa. Os ritmitos podem também ser encontrados em turbiditos com sedimentos de fina granulometria, onde se alternam lâminas siltosas e lamosas. Frequentemente, em ritmitos de depósitos turbidíticos desenvolvem-se ritmitos gradacionais (veja camada gradacional), os quais apresentam lâminas alternadas de silte e lama, mostrando um decréscimo, da base para o topo, na quantidade, espessura da lâmina e tamanho médio dos grãos de silte. As mudanças sazonais podem determinar, segundo alguns, o surgimento de ritmitos sazonais (seasonal rhythmites), entre os quais as varves anuais de ambiente glacial. Há certa dificuldade em sustentar este ponto de vista, pois, sedimentos semelhantes às ci-tadas varves são depositados em lagos glaciais e sítios glaciomarinhos por correntes de turbidez. Ritmitos também podem ocorrer em sequências evaporíticas, mostrando alternância de leitos dolomíticos e de anidrita. Veja estratificação ondulada, estratificação flaser e também estratificação lenticular de pequeno porte. Estratificação fina ritmicamente laminada. Veja estratificação finamente interacamada.Estratificação flaser (flaser bedding, flaserschichten, flaser structure, mud-buried ripple mark, shale crescents). Estrutura caracterizada por depósitos argilosos preservados completamente nas calhas de marcas de ondulações e parcialmente nas cristas destas marcas. A camada arenosa com marcas de ondulações repete-se alternamente, com acumulações de argila que ficam isoladas e descontínuas. Tal estratificação envolve areia e argila em períodos alternados onde há uma atividade de corrente e períodos de quiescência. Com a atividade da corrente, a areia é transportada e depositada formando marcas de ondulações e a argila é mantida em suspensão. No período de repouso em relação à corrente, a argila é depositada nas calhas ou pode até cobrir completamente as marcas de ondulações. Uma nova corrente pode erodir as cristas das marcas de ondulações, iniciando outro ciclo deposicional. Depreende-se daí que as condições mais propícias para originar esta estratificação favorece mais a deposição e a preservação das areias do que das argilas, o que se dá principalmente em ambientes de planície de maré. Baseados nas características dos leitos de argilas, a estratificação flaser pode ser dividida nos seguintes tipos: 1. Estratificação flaser simples. 2. Estratificação flaser bifurcada. 3. Estratificação flaser ondulada. 4. Estratificação flaser ondulada e bifurcada. A estrutura acima descrita é de dimensões pequenas. Quando for constituída de arenitos com estratificação cruzada em u- nidades na forma de cunha ou tabulares, com 10 cm a 20 cm de espessura, os quais são sucedidos lateralmente, e em alguns casos verticalmente por cunhas de siltitos, pode ser denominadas estratificação megaflaser (megaflaser bedding). A sua origem é referida a ambiente marinho. O nome flaser é derivado de uma palavra alemã significando veia ou listramento. Estratificação flaser bifurcada (bifurcated flaser bedding). Estratificação flaser em que os leitos de argila apresentam-se frequentemente bifurcados. Essa bifurcação surge no contato dos leitos de argila anteriormente depositados e parcialmente expostos, com leitos de argilas depositados posteriormente. Esta estratificação indica um forte retrabalhamento sobre a estratificação flaser simples. Estratificação flaser ondulada (wavy flaser bedding). Estratificação flaser em que os leitos de argila mostram um padrão ondulado. Apresentam-se côncavas quando ocupam as calhas e convexas quando cobrem as cristas, sem ocorrer uma continuidade entre elas. Esta feição ocorre quando uma corrente erode parcialmente as cristas das marcas de ondulações subjacentes, permitindo recobrimento por um leito de argila. Estratificação flaser ondulada e bifurcada (bifurcated wavy flaser bedding). Estratificação flaser que mostra leitos de argilas de forma ondulada e bifurcações por coalescência com os leitos de argilas depositados anteriormente e expostos por forte erosão. Esta estratificação indica condições similares aquelas requeridas pela estratificação flaser ondulada, porém, com intenso retrabalhamento. Estratificação flaser simples (simple flaser bedding). Ilustração. Estratificação flaser em que os leitos de argila são simples, isolados e desconectados, côncavos para cima. A argila, provavelmente, foi depositada somente nas calhas ou, caso tenha sido depositada sobre as cristas, foi erodida pela corrente do novo ciclo deposicional. Estrutura flaser simples. Amostra de arenito da Formação Teresina, Permiano, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estratificação gradacional. Veja camada gradacional. Estratificação gradativa de preenchimento de canal (fining-upward cycles, fining-upward sequences, graded stratification). A estrutura é caracterizada pelo decréscimo, para cima, no tamanho de grãos. Os sedimentos de maior envergadura situam-se na base, diminuindo a granulometria para o topo da sequência. Em geral, o tamanho decresce de areias médias para silte, podendo, contudo, iniciar com seixos. Estão envolvidos na feição muitos conjuntos de camadas. A origem está vinculada à oscilação do nível das águas em canais. No ambiente de planície de inundação, a deposição dos sedimentos mais grossos corresponde a fases de cheias. Como a velocidade da corrente diminui à medida que a cheia passa, granulometrias cada vez menores são sedimentadas sobre as iniciais. A estrutura em apreço indica mudanças progressivas nas condições deposicio-nais de um regime sedimentar em contraste com estratificação lenticular de pequeno porte. A estratificação gradativa de preenchimento de canal é uma particular- rização de camada gradacional. Estratificação horizontal. Veja estratificação paralela horizontal. Estratificação hummocky. Veja em estratificação cruzada por ondas. Estratificação imbricada. Veja imbricação. Estratificação inclinada. Veja estratificação cruzada. Estratificação irregular. Estratificação cons- tituída por camadas jazendo com atitudes próxima à horizontal, mas que se apresentam irregulares graças a fatores diversos tais como estrutura de bioturbação, estrutura convoluta, estrutura de deformação penecontemporânea, estrutura de sobrecarga, compactação, etc. Estratificação lenticular. Tal estratificação pode ser estratificação lenticular de pequeno porte ou estratificação lenticular de grande porte. Estratificação lenticular de grande porte (lenses, lenticular, lenticular cross bedding, lenticular stratification). Termo empregado para descrever as relações entre conjuntos estratificados. O tipo e espessura da estratificação dentro dos conjuntos é variável, mas laminações horizontais e cruzadas de baixo ângulo são dominantes. Quando existem seixos presentes, a estratificação dentro dos conjuntos é geralmente obscura. Conjuntos individuais comumente tem alguns centime-tros de espessura e persistem lateralmente por muitos metros antes de se adelgaçarem. Os adelgaçamentos, geralmente, são o resultado da não deposição, embora em alguns sejam devidos à erosão subsequente. A atitude dos conjuntos lenticulares, por norma, é horizontal. A origem da feição se deve a centros deposicionais inconstantes. Por exemplo, deposição inicial de seixos, seguida por deposição lenticular de areias e, finalmente, cobertura desta lente por seixos. Diferentemente de unidades de sedimentação a estratificação lenticular não registra uma parada e progressiva mudança nas condições dentro de um único regime; pelo contrário, é o registro de regimes flutuantes como o de barras avançando canal adentro e posteriores deposições de canal sobre elas. O resultado é um conjunto composto de ca-madas que não têm participação na consistência interna de cada unidade de sedimentação. Estratificação lenticular de pequeno porte (form sets, lenses, lenticular, lenticular bedding, lenticular cross bedding, lenticular la- mination, lisenschichten). Formada por uma sequência de lentes arenosas mergulhadas em lama. São marcas de ondulações isoladas, formadas sobre um substrato lamoso, e preservadas com a deposição do próximo leito de lama. As lentes são isoladas e descontínuas tanto em vista vertical quanto horizontal. A origem da estrutura se dá devido ao fraco suprimento de areia, de tal forma que apenas ondulações isoladas são produzidas. Depreende-se daí que as condições para a sua formação são mais favoráveis à deposição e preservação da lama que da areia, o que se dá, principalmente, em ambientes de planície de maré. A estrutura está relacionada ao ritmo de maré, isto é, as areias são depositadas durante períodos de corrente alternados a períodos de quiescência da água quando então se sedimentam as lamas. Baseados na natureza das lentes, podemos encontrar os seguintes tipos: 1. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes conectadas. 2. Estratificação lenticularde pequeno porte com lentes isoladas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes conectadas (lenticular bedding with conected lenses). É uma estratificação lenticular de pequeno porte na qual parte das ondulações ou lentes de areia são contínuas lateralmente e superpostas verticalmente. Origina-se em condições onde o suprimento de areia é maior que a do início da formação da estratificação lenticular de pequeno porte com lentes isoladas. Pode se apresentar como estratificação lenticular de pequeno porte com lentes espessas conectadas e estratificação lenticular de pequeno porte com lentes delgadas conectadas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes delgadas conectadas. Veja estratificação lenticular de pequeno porte com lentes conectadas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes delgadas isoladas. Veja estratificação lenticular de pequeno porte com lentes isoladas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes espessas conectadas. Veja estratificação lenticular de pequeno porte com lentes conectadas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes espessas isoladas. Veja estratificação lenticular de pequeno porte com lentes isoladas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes isoladas [lenticular bedding with single (isolated) lenses]. Ilustração. É uma estratificação lenticular de pequeno porte, na qual a grande maioria das lentes de areia são descontínuas. A aparência é de corpos arenosos que “flutuam” na argila. Origina-se em condições onde o suprimento de areia é ainda menor do que quando da formação da estratificação lenticular de pequeno porte com lentes conectadas. Estratificação lenticular de pequeno porte com lentes isoladas. Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Pode se apresentar como estratificação lenticular de pequeno porte com lentes espessas isoladas e estratificação lenticular de pequeno porte com lentes delgadas isoladas. Estratificação megaflaser (megaflaser bedding). Veja em estratificação flaser. Estratificação nodular (concretionary layers, lumpy bedding, nodular bedding). Formada por camadas constituídas de corpos nodulares dispersos ou concentrados, envolvidos por matriz de natureza distinta. Veja também leito concrecionário. Estratificação ondulada (wave bedding, wavy lamination). Estrutura em que se alternam leitos de areia e argila mostrando continuidade lateral. A camada arenosa contém marcas de ondulações que são cobertas por argila quase completamente nas calhas e uma fina cobertura nas cristas. Quanto mais espesso for o leito argiloso menor será a concordância destes com as marcas onduladas. Para que se considere uma estratificação ondulada é necessária a presença de uma sequência rítmica de muitos leitos argilosos ondulados alternados com leitos arenosos estratificados em marcas de ondulações. A gênese da estrutura requer condições onde a deposição e preservação das areias e argilas são possíveis. Tais condições são transicionais entre aquelas requeridas para a formação de estratificação flaser e estratificação lenticular de pequeno porte. A unidade laminar de lama que cobre as marcas de ondulações recebe o nome de drapeamento de lama (draped, mud drape) (veja também laminação drapeada em marca de ondulação cavalgante em fase). Estratificação ondulada cavalgante. Veja marca de ondulação cavalgante. Estratificação paralela horizontal (flat-bed, horizontal bedding, horizontal parallel stratification, horizontal stratification, laminites I, parallel bedding, parallel stratification, plane bed, plane bedding, uniform stratification). Ilustração. A estrutura é encontrada em uma sequência de camadas superpostas que se mostram paralelas ao plano de estratificação ou paralelas entre si, onde os estratos são uniformes e lateralmente contínuos. As camadas podem, também, apresentar laminação paralela horizontal. Sua gênese se deve à deposição em regime de fluxo superior ou ainda, em regime de fluxo inferior, pelo assentamento de sedimentos finos que decantam sobre uma superfície plana. Estratificação paralela horizontal. Arenitos da Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando uma camada for composta por lâminas paralelas de maior e de menor resistência, as lâminas mais friáveis podem ser ditas interestratos (interstrata, intrastratal). Muitas superfícies laminadas mostram lineação por corrente e, não raro, lineação de partição. Veja também estratificação paralela horizontal descontínua e também regime de fluxo. Estratificação paralela horizontal descontínua (horizontal discontinuous stra- tification, planar bedding). Encontrada em uma sequência de camadas superpostas, que se mostram paralelas ao plano de estra-tificação ou paralelas entre si, onde os estratos são uniformes e lateralmente descontínuos. As camadas podem, também, apresentar laminação paralela horizontal. Sua gênese, em arenitos, se deve, provavelmente, à deposição em regime de fluxo superior. Tal estratificação, por vezes, pode ser estratificação lenticular de grande porte vista parcialmente. Estratificação plana. Veja estratificação pa- ralela horizontal. Estratificação plano-irregular. Veja estratificação irregular. Estratificação plano-paralela. Veja estratificação paralela horizontal. Estratificação por ação de onda. Veja estratificação flaser, estratificação ondulada e estratificação lenticular de pequeno porte. Estratificação por corrente. Veja estratificação cruzada. Estratificação rítmica. Veja estratificação rít- mica areia/lama em estratificação finamente interacamada. Estratificação rítmica areia/lama (alterna-ting bedding, rhythmic bedding, rhythmic sand/mud bedding). Veja em estratificação finamente interacamada. Estratificação tidal. Veja estratificação finamente interacamada. Estratigrafia (stratigraphy). Ramo da Geologia que se dedica ao estudo da sucessão ori-ginal e da idade das rochas estratificadas, sua forma, distribuição, litologia, conteúdo paleontológico, propriedades físicas e geoquímicas, objetivando inferir seus ambientes deposicionais e sua história geológica. Também constituem objeto de estudo estratigráfico as rochas ígneas (veja em rocha) e metamórficas (veja em rocha). Estratigrafia de sequências (sequence stratigraphy). É o estudo das relações de rochas sedimentares (veja em rocha) em um arcabouço cronoestratigráfico (veja unidade cronoestratigráfica) de estratos relacionados geneticamente. Este estrato é limitado por superfícies de erosão, não-deposição ou por suas concordâncias relativas. A unidade básica é a sequência. Estrato (strata, stratum). Para alguns, estrato é um leito que (1) foi produzido por deposição ou pela reorganização penecontemporânea dos grãos depositados por processos asso-ciados com a superfície deposicional e (2) é separado de rochas adjacentes por superfícies limitantes bem definidas visual fisicamente, ou, se isto está ausente, por superfícies arbitrariamente dispostas dentro de zonas litologicamente transicionais. Para outros, estrato diz respeito a uma unidade de sedimentação limitada pelo tempo, podendo apresentar uma ou mais camadas que, no que lhe concerne, possuem uma conotação litológica. Estrato cavalgante transladante (accretion deposits, climbing-ripple pseudo-stratification, climbing-ripple stratification, climbing translatent strata, climbing translatent stratification, climbing translatent stratum, pseudo bedding, ripple lamination, saltation deposi-ts). Veja em estrato transladante. Estrato contorcido. Veja estrutura convoluta. Estrato gradacional. Veja camada gradacional. Estrato homogêneo. Veja camada maciça. Estrato lateralmente transladante (laterally translatent stratum).Veja em estrato transladante. Estrato maciço. Veja camada maciça. Estrato transladante (pseudobed, pseudostrata, translatent strata). São marcas de ondulações cavalgantes cuja origem, de acordo com Hunter (1977), consiste em estratos gerados por movimentos predominantemente de translação (tipo especial de transformação física na qual todos os pontos da figura movem-se a uma distância em uma dada direção, definida por um vetor de translação, de maneira tal que a figura move-se sem mudança na forma e sem rotação) de uma superfície deposicional e cujas superfícies limitantes são completas, ou na maior parte, ori- ginadas por movimentos destas feições lineares sobre ou no limite da superfície deposicional. A característica mais importante para o reconhecimento desta feição é de que as superfícies deposicionais iniciais, dentro do estrato, alcancem ambas superfícies limitantes do estrato. Podem ser classificados como estratos lateralmente transladantes (laterally translatent stratum) e estratos cavalgantes transladantes (accretion deposits, climbing-ripple pseudo- stratification, climbing-ripple stratification, climbing translatent strata, climbing translatent stratification, climbing translatent stratum, pseudo bedding, ripple lamination, saltation deposits). O primeiro deles é formado pela translação da superfície deposicional em uma direção paralela à superfície deposicional geral. As superfícies deposicio-nais iniciais dentro de um estrato deste tipo alcançam, mas não interseccionam as superfícies limitantes. Os estratos cavalgantes transladantes são formados pela translação de uma superfície deposicional em uma direção formando um ângulo qualquer em relação à superfície deposicional geral. As superfícies deposicionais iniciais dentro de um estrato deste tipo alcançam, bem como interseccionam, as superfícies limitantes. Podem assim se apresentar: 1. Estrato transladante cavalgante subcrítico. 2. Estrato transladante cavalgante crítico. 3. Estrato transladante cavalgante supercrítico. Estrato transladante cavalgante crítico (critically climbing translatent strata). Termo utilizado para estratos transladantes que foram formados por marcas de ondulações cavalgantes, apresentando um caráter crítico, isto é, o ângulo de cavalgamento () é igual ao ângulo do declive de montante (). Estrato transladante cavalgante subcrítico (micro-cross lamination, subcritical cross- stratification, subcritically climbing translatent strata, subcritically climbing translatent stratification). Ilustração. Termo utilizado para estratos transladantes que foram formados por marcas de ondulações cavalgantes que apresentam um caráter subcrítico, isto é, o ângulo de cavalgamento () é menor que ângulo do declive à montante (). Os contatos são erosivos no que difere dos estratos transladantes cavalgantes supercríticos que são gradacionais. Tal estratificação é amplamente desenvolvida em arenitos de água rasa e eólicos. Estrato transladante cavalgante subcrítico. Arenito da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. À direita da referência, estratificação flaser e abaixo, na porção mediana inferior da fotografia, os estratos transladantes. A seta indica direção das paleocorrentes. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrato transladante cavalgante supercrítico (supercritical cross-lamination, supercritically climbing translatent strata, supercri-tically climbing translatent stratification). Ilustração. Termo utilizado para estratos transladantes formados por marcas de ondulações cavalgantes que apresentam um caráter supercrítico, isto é, o ângulo de cavalgamento () é maior que o ângulo de declive à montante (). Os contatos são gradacionais no que difere dos estratos transladantes cavalgantes subcríticos que são erosivos. Estrato transladante cavalgante supercrítico. Arenito da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. A seta mostra a direção das paleocorrentes. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estria glacial (glacial flutings, glacial grooves, glacial striations). São sulcos com poucos milímetros a vários centímetros de largura, poucos a vários milímetros de profundidade e metros de comprimento, orientados paralelamente à direção do movimento do gelo (ilustração). São retos, mas podem se apresentar curvados. Terminam suave ou abruptamente (veja estria glacial rombuda). Formas mais profundas e mais largas são chamadas sulcos glaciais, podendo atingir muitos quilômetros de extensão e vários metros de profundidade e espaçamento. As estrias e sulcos, comumente, associam-se às fraturas em crescente. Tais estruturas originam-se graças à abrasão glacial. Estria glacial. Estruturas originadas por geleiras Paleozoicas sobre piso de rochas Proterozoicas, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estria glacial rombuda (nailhead scratch, nailhead striations). Ilustração. São estrias glaciais com uma extremidade abrupta e rombuda, comumente no sentido do movimento. Estrias glaciais rombudas. Feições devidas a geleira Paleozoica em movimentação sobre substrato de rochas Proterozoicas, RS, BR. No fim dos sulcos estão os seixos que originaram as estruturas. A seta mostra a direção de deslocamento dos clastos, portanto, da geleira que gerou a estrutura. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estromatactis (stromatactis). Ilustração. Trata-se de uma estrutura enigmática de preenchimento de cavidades com fundo achatado, cujos topos são irregulares e descontínuos. A feição se dispõem ao longo de discretos horizontes em sequências calcárias. O preenchimento mais comum é com calcita. Estromatactis. Vários estromatactis preenchidos com calcita cinza e branca em seção polida do calcário Incarnat rouge, Devoniano de Languedoc, França. Créditos: Lysippos. Disponibilizado: 24.05.2010. Acesso: 24.06.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.or/wiki/File:Incarnat_rouge. Parecem resultar de uma forma inicial de sedimento arqueado, possivelmente associado com o desenvolvimento de tapetes de algas (veja estromatólito) e a decomposição da matéria orgânica. Estromatólito (algal ball, algal biscuit, algal mat, algal mound, algal stromatolite, algal structure, fucoid, stromatolite). Ilustração. Estrutura laminada (veja laminação) atribuída https://commons.wikimedia.or/wiki/File:Incarnat_rouge ao processo de crescimento de algas. Quando fossilizadas encontram-se, frequentemente, em matriz calcária misturada a sedimentos clásticos (areia, silte, argila). Morfologicamente pode apresentar lâminas achatadas (estromatólito tabular), domos (estromatolito dômico), colunas (estromatólito colunar), esferoides com estrutura interna concêntrica (oncólito) e coágulos (trombólito). Origina-se, possivelmente, em águas rasas de zonas litorâneas marinhas, lacustres, lagunares, fluviais, etc. Estromatólito. Acervo do Museu Nacional, Rio de Janeiro (RJ), BR. Créditos: Dornicke. Disponibilizado: 09.01.2015. Acesso: 24.06.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/File:Estromatólito_MN_02.j pg?uselang=pt.br. Veja bola lacustre e também bios- tromo. Estromatólito colunar (columnar stromatolite). São estromatólitos que apresentam formato colunar, usualmente numerosos, com crescimento dirigido para cima. Ocasionalmente crescem como se ocorresse o empilhamento de estruturas similares a dedais com a concavidade para baixo. Em outros casos, as colunas se bifurcam ou ramificam. Algumas das estruturas apresentam um crescimento assimétrico. As frentes de crescimento são elípticas ao invés de circulares; o alongamento é paralelo ao sistema de corrente preferencial. Estromatólito dômico (algal crusts, algal mound). São estromatólitos como pequenos montes. Na superfície, podem desenvolverpadrões cauliformes ou botrioidais. Em ambientes de planície de i- nundação, crescem em áreas altas onde a água raramente chega. O crescimento somente será interrompido se ocorrer desi-dratação do local. Estromatólito tabular (algal mat). Ilustração. São estromatólitos que possuem espessura finíssima, sendo compostos por um único leito em forma de esteira. Para sua identificação, uma vez soterrados, é necessária inspeção minuciosa para diferenciá-los de uma lâmina sedimentar comum. Em ambientes de planície de i- nundação, crescem em depressões preenchidas por água de cheias. Durante a desidratação, superfícies cobertas por algas podem gretar-se e curvar-se. Cobertas por novas camadas de sedimentos podem ser preservadas. Estrutura almofadada. Veja estrutura em bolas e almofadas em pseudonódulo. Estrutura assimétrica de sobrecarga. Veja estrutura de sobrecarga alinhada em estrutura de sobrecarga. Estrutura biocinemática (biokinematic structure). São aquelas que surgem graças a operações biocinemáticas nas quais os vetores de deslocamento maiores ocorrem entre um organismo vivente e o depósito não mo-dificado vizinho à estrutura produzida. Estruturas de bioturbação são exemplos. Estrutura biodeformacional. Veja estrutura de bioturbação. Estrutura biogênica (biogenic structure). Veja estrutura de bioturbação. Estrutura brechosa (break apart structures, brecciated structure, brecciation, slide-slump bedding). Ilustração. Caracteriza-se por fragmentos angulares aglomerados originados por desidratação (veja greta de contração), escorregamento (veja estrutura de escorregamento), por avalanche de materiais arenosos úmidos na face de barlavento de dunas eólicas, movimentos tectônicos, dissolução de camada salina, passagem de um fluido ou material semi-sólido sobre https://commons.wikimedia.org/File:Estromatólito_MN_02.jpg?uselang=pt.br https://commons.wikimedia.org/File:Estromatólito_MN_02.jpg?uselang=pt.br sedimentos, etc. Neste último caso, a camada pode sofrer ruptura parcial ou total. Estrutura brechosa. Arenitos eólicos da Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Os fragmentos podem ser levemente deslocados, sem sofrer rotação, sendo denominados blocos rompidos por tração (kea- zoglyph, parting cast, pull apart, pull apart structures). Podem, ainda, ser deslocados, sofrendo rotação e até torção, então denominados de estruturas em bolas de neve, sobredobras de escorregamento ou bolas espiraladas por escorregamento. Quando os fragmentos mostram-se arredondados podemos falar em estrutura conglomerática (mud-pelet conglomerate), recebendo os clastos arenosos a denominação de bolas de areia (sand balls). Quando ocorre a dissolução de ca- madas salinas ou outros materiais passíveis de dissolução, a estrutura é causada pelo colapso de leitos de sedimentos sobrejacentes, tornando possível, muitas vezes, restaurar mentalmente os fragmentos em suas posições originais, tal qual um quebra cabeça. Esta feição específica é denominada de estrutura brechosa de colapso (collapse breccias). Um tipo particular é a estrutura tepee (tepee, tepee structures) que se caracteriza por fragmentos de calcário em forma de ripas que se inclinam em ângulos íngremes com a horizontal, de modo que a estrutura lembra tendas indígenas (tepee) do sul dos USA. As ripas de calcário estão contidas em estratos que acompanham a direção dos planos de estra-tificação, separados, acima e abaixo, por estratos não perturbados. A estrutura tepee, admite como explicação para sua gênese, as seguintes versões: 1. Uma camada litificada de calcário repousando sobre sedimentos inconsolida-dos se expande devido, provavelmente, à força de cristalização que produz anticlínios simples os quais podem rebentar na crista, o que faz com que as ripas, assim originadas, se inclinem em posições opostas à antiga crista fragmentada. 2. Podem ter se constituído a partir de gretas originadas por sobrecarga de camada consolidada sobre a inconsolidada. Este processo poderia ser auxiliado por repetidas expansões e contrações térmicas. 3. Expansão e contração térmica, desidratação e sobrecarga, onde como mecanismo predominante está a água ascendente devido à evaporação superficial e da capilaridade através de gretas de contração. A força de cristalização do calcário seria a responsável pelo soerguimento de ripas de material consolidado por vários centimetros. Sua formação está, normalmente, condicionada a ambientes subaéreos de climas áridos (veja clima) e semi-áridos. Estrutura brechosa de colapso (collapse breccias). Veja em estrutura brechosa. Estrutura cárstica (fluting structure, karren Strucktur, lapiaz Strucktur). Ilustração. São estruturas morfologicamente organizadas, resultantes da dissolução de rochas solúveis, tais como calcários e sais. Lapiaz. Paisagem cárstica (lapiaz), Parque Natural da Sierra Grazalema, Cádiz, Espanha. Autor: Davidruiz91. Disponibilizado: 12.04.2015. Acesso: 24.06.2019. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LapicesdeDomFer nando.jpg. Associadas, não raro, encontramos as falsas estruturas cársticas (pseudokarren Strucktur), formadas sob certas condições durante o intemperismo de qualquer rocha como, por exemplo, a ação de tempestade de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LapicesdeDomFernando.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LapicesdeDomFernando.jpg areia em fortes ventanias. Variam desde milímetros até muitos metros. Podem ser divididas de acordo com sua dimensão em três categorias diferentes: 1. Estruturas cársticas de primeira ordem (first-order karren Strucktur): cerca de 1 metro a 10 metros. 2. Estruturas cársticas de segunda ordem (second-order karren Strucktur): cerca de 10 cm a 1 metro. 3. Estruturas cársticas de terceira ordem (third-order karren Strucktur): cerca de 1 cm a 10 cm. As feições menores podem estar superpostas nas maiores. Estrutura cárstica cinzelada (cockling structure). São estruturas cársticas confinadas à exposição de superfícies de calcário calcítico ou dolomítico (calcário com dolomita) constantemente afetadas pelo espirramento de ondas de maré, de praia, chuva ou orvalho. São equidimensionais a levemente alongadas, formando um padrão em que uma série de pequenas cavidades que lembram taça são interceptadas por bordos agudos ou, ocasionalmente, chatos, dando um aspecto amarrotado ou cinzelado. Cavidades individuais raramente excedem 3 cm e, em seção, não possuem mais do que uns poucos milímetros. Estrutura cárstica de drenagem centrípeta (rundkarren Strucktur). Constituem estruturas cársticas que produzem um sistema de sulcos e cristas sobre pavimentos rochosos solúveis de pouca inclinação. Surgem em blocos se- parados por juntas cársticas, iniciando um sulcamento nos bordos que avança até o centro dos blocos. Os sulcos possuem de 10 cm a 20 cm de profundidade e largura, usualmente lisos. O comprimento varia até acima de 3 metros. Estrutura cárstica de primeira ordem (first- order karren Strucktur). Veja em estrutura cárstica. Estrutura cárstica de segunda ordem (se- cond-order karren Strucktur). Veja em estrutura cárstica. Estrutura cárstica de terceira ordem (third- order karren Strucktur). Veja em estrutura cárstica. Estrutura cárstica em sulco e crista (rillenkarren Strucktur). Estruturas cársticas caracterizadas por grupos de cristas agudas separadas por sulcos de fundo arredondado, paralelas entre si, ocorrendo sobre superfícies de rochas solúveis inclinadas. O espaçamento entre cada crista é de, geralmente, 1 cm a 5 cm. Seguindo declive abaixo, surgem fi- guras mais complexas, similares a leques ou sulcos de lavagem, ou ainda, desaparecem em uma superfície lisa. Os sulcos mostram irregularidades ou carregam feições menores. As cristas e sulcos normalmentepossuem 50 cm de comprimento e raramente alcançam alguns metros. Quando o espaçamento entre as cristas é de 20 cm a 1 metro e possuem sulcos com até 15 metros de comprimento, podemos dizer estruturas cársticas em sulcos e cristas maiores (reinnenkarren Strucktur). Estrutura cárstica em sulco e crista maior (reinnenkarren Strucktur). Veja em estrutura cárstica em sulco e crista. Estrutura cárstica escalonada (trittkarren Strucktur). São estruturas cársticas desenvolvidas em forma de degraus em séries descendentes sobre a face mediana de superfícies rochosas inclinadas. Os degraus seguem os contornos do declive e seus bordos são, geralmente, em forma de arco ou fortemente recortados. Formas mais aprofundadas, lembrando cadeira com braços, são denominadas estruturas cársticas fortemente escalonadas (trichterkarren Strucktur), porém, raramente sua altura excede os limites de 1 cm até 10 cm. Estrutura cárstica fortemente escalonada (trichterkarren Strucktur). Veja em estrutura cárstica escalonada. Estrutura cárstica meandrante (maanderkarren Structur). São estruturas cársticas raras na forma de pequenos canais, melhor desenvolvidos em corredores longos e isolados que alcançam superfícies rochosas solúveis, de inclinação suave ou média. Tais canais meandrantes apresentam cerca de 10 cm de largura e 30 cm de profundidade. Estrutura cárstica pendente. Veja estalactite. Estrutura cárstica plana (flachkarren Strucktur). Estruturas cársticas constituídas por blocos de rocha de topo chato, limitados em todos os lados, por fraturas aumentadas por dissolução. Os blocos possuem a forma qua- drada, retangular ou romboidal quando vistos em planta, dependendo do padrão de juntas encontradas no estrato. Suas dimensões podem variar desde decímetros até muitos me- tros de comprimento. Estrutura cárstica pontiaguda (spitzkarren Strucktur). São estruturas cársticas caracte- rizadas por blocos piramidais e ogivas apontando para cima, individualizados por juntas cársticas ou, às vezes, por depressões se-melhantes a bacia. Os pináculos raramente excedem dois metros desde a base, contudo, agrupados formam complexos muito maiores. As estruturas glaciais penitentes (penitentes), formas ablativas do gelo, muito recordam estas estruturas cársticas. Estrutura cilíndrica (cylindrical structures, sandstones pipes). Feições cilíndricas verticais, internamente desestruturadas e geralmente ocorrentes em arenitos. Possuem poucos centímetros a vários decímetros de largura, podendo atingir alguns decímetros de altura. Sua origem está, provavelmente, re- lacionada com as colunas de ascensão de água (veja estrutura de escape de água, dique sedimentar e vulcão de areia). Estrutura colunar (collunar structure, strati- culate). Feição em forma de coluna que, no plano de estratificação, mostra face oval ou poligonal originada por cortes transversais à feição. Ocorrem em certos lamitos calcários ou calcários argilosos, estando sua origem, provavelmente, vinculada à desidratação. Estrutura com aleitamento irregular. Veja laminação irregular. Estrutura com aleitamento regular (regulary layered structures). Constituem-se de leitos alternados de sedimentos de granulação grossa e fina, predominantemente com limites abruptos de camadas, os quais estão constantemente ordenados de forma paralela ou lenticular. Estratificação ondulada, estratificação flaser, estratificação lenticular de pequeno porte e algumas formas de estratificação cruzada, pertencem a esta estrutura. Estrutura combinada. Veja camada gradacional. Estrutura com laminação convoluta. Veja laminação convoluta em estrutura convoluta. Estrutura com laminação paralela. Veja laminação paralela horizontal. Estrutura cone-em-cone (cone-in-cone, cone-in-cone structures). Ilustração. São re- presentadas por cones de bases circulares que, em corte longitudinal, exibem-se como um empilhamento de cones encaixados. Os lados dos cones são usualmente sulcados ou costelados, apresentando algumas depressões anelares. Tratam-se de estruturas comuns, que aparecem como leitos em alguns folhelhos ou nas bordas de concreções. O leito de estruturas cone-em-cone pode mostrar os ápices dos cones apontando todos para cima ou para baixo. Já nas concreções, eles são dirigidos para baixo na superfície superior e para cima na superfície inferior. Os leitos de cone-em-cone variam de 2 cm a 15 cm de espessura sendo traçáveis em afloramento por um ou mais metros. A composição mais comum é de calcita fibrosa, existindo exemplos de siderita e gesso. Ocorre também uma considerável percentagem de outros materiais, que, nos calcíticos, estão representados por argilas. Estrutura cone-em-cone. Borda de concreção calcária da Formação Teresina, Permiano, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Sua origem é amplamente discutida, porém, tudo indica que se formam graças a pressões desenvolvidas pelo crescimento dos próprios minerais que constituem os cones. Para alguns, contudo, surgem pelo peso das camadas superpostas, enquanto nas concreções devem-se à ação das pressões expansivas oriundas do crescimento daquela estrutura. Estrutura conglomerática (mud-pelet conglomerate). Veja em estrutura brechosa. Estrutura convoluta (convolute bedding, convolute folding, convolute stratification, convolute structure, crinkled bedding, curled bedding, curly bedding, gnarly bedding, intraformational folds, intra-stratal contortion, intrastratal flow structure, laminites II, sealing- wax, sealing-wax flow, slip bedding). Ilustração. São estruturas de deformação penecontemporâneas intraestratais que mostram marcados dobramentos em lâminas que inicialmente eram unidades de sedimentação bem definidas. Desta forma, primariamente, poderiam ser laminação paralela horizontal, marcas de ondulações, etc., que se tornaram convolucionadas. Apesar de serem intensivamente dobradas, são notavelmente contínuas e a camada envolvida mantém uma espessura uniforme. Estrutura convoluta (porção médiana inferior da fotografia). Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo- Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As falhas penecontemporâneas estão ausentes. Os elementos básicos são séries de dobras antiformes separadas por amplas sinformes. As antiformes podem ser agudas, achatadas no topo, simétricas ou isoclinais. A magnitude do distúrbio é constante na camada afetada o que a torna contrastante com as outras camadas do afloramento. A convolução aumenta para cima podendo ser truncada no topo e até mesmo ser transformada gradualmente em laminação paralela não perturbada. A deformação se mostra acentuada em duas seções perpendiculares verticais. Esta estrutura caracteriza a laminação convoluta (convoluted laminae, convoluted lamination, convolute laminated structures, convolute lamination). A laminação convoluta em cúspide (cusp structure) consiste em dobras antiformes isoladas, as quais não estão sobrepostas por laminações paralelas. Em planta mostram uma forma elipsoidal ou circular. A laminação corrugada (corrugated lamination), em seção perpendicular ao acamadamento, mostra uma laminação intrin- cada e irregularmente contorcida, sem nenhum padrão de antiformes e sinformes (ilustração). Laminação corrugada. Estrutura associada a falha. Formação Palermo, Permiano, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Podem ser ainda classificadas, com base no tempo de deposição e deformação, em: 1. Laminação convoluta pós-deposicional. 2. Laminação convoluta meta deposicional. 3. Laminação convoluta sindeposicional. A origem da estrutura é explicada por mecanismos ainda não muito claramente definidos, como, por exemplo, (a) desenvolvimento de redemoinhos que se movimentam em células de turbulênciana superfície da água, (b) deformações de marcas de ondulações, graças à passagem da corrente, causando sucção vertical nas cristas e pressão nas calhas, (c) efeito da expulsão vertical de gás causado pelo súbito impacto de sobrecarga, etc. Tudo indica, entretanto, que a liquefação seja o fator originante. Ela irá ocorrer por compactação dos sedimentos com a expulsão de água ou ainda, devido a ondas sísmicas ou outros choques. Um caso particular de estrutura convoluta é a laminação convoluta cavalgante (convolutions drift, ripple-load convolution) que é produzida por ação de marcas de ondulações empilhadas em que um afundamento progressivo das ondulações suprajacentes causa aumento da deformação no substrato laminado. No início, apenas suaves antiformes e sinformes aparecem e estas são sequencialmente substituídas por mais e mais intensos dobramentos. Por vezes as lâminas convolucionadas apresentam os eixos das antiformes rompidos. Esta feição, denominada de estrutura de rompimento (point-up structures, ruptured structures), surge graças à rápida expulsão da água em locais onde se encontrava concentrada ao longo de linhas de fraqueza, como, por exemplo, uma leve quebra na lami- nação, a qual subsequentemente rompe as lâminas sobrepostas. Tal feição pode também aparecer nas laminações corrugadas onde afeta uma considerável espessura da camada. Veja também estrutura de escape de água. Estrutura convoluta deitada (prolapsed bedding). Trata-se de estrutura convoluta cujas dobras possuem planos axiais aproximadamente horizontalizados. Estrutura convoluta por marca de ondulação empilhada. Veja laminação convoluta cavalgante em estrutura convoluta. Estrutura cruzada hummocky. Veja em estratificação cruzada por ondas. Estrutura de alimentação (fedding burrows, fedding structures, feeding traces, feeding trails, fodinichnia, hatching, internal lebensspuren). Ilustração. São estruturas de bioturbação caracterizadas por buracos de escavação e feições relacionadas, produzidas por organismos enquanto se movem através dos sedimentos à procura de alimentos. Estrutura de alimentação (molde). Flavellichnus nowatzkii Neto. Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. O animal provavelmente vivia em um buraco de onde projeta apêndices para raspar o subtrato e se alimentar. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Tais estruturas são geralmente originadas por animais comedores de sedimentos, podendo adquirir um padrão simples a complexo. Veja também estrutura de escavação. Estrutura de arrasto de lâmina frontal (sand drag structures). Veja em estrutura de avalanche. Estrutura de auto-injeção (auto-injection structures). Estruturas muito rasas, representadas por uma aparente estratificação cruzada que tem origem na introdução de materiais mais grossos em laminação fina plano-paralela. Resultam, provavelmente, de liquefação subsequente a choques sísmicos. O limite das camadas é perceptível por se tratarem de bandas claras e escuras de espessura milimétrica. Muitas vezes a homogeneização das camadas, devido à liquefação, faz desaparecer as estruturas. Estrutura de avalanche (avalanche structures, fade-out laminae). Tratam-se de estruturas de deformação que surgem nas faces de barlavento de dunas, basicamente eólicas. Os tipos mais comuns são: 1. Plano de desbaste (shear planes). São feições que podem coincidir com as superfícies deposicionais originais, porém, a maioria delas trunca os estratos subjacentes por desbaste. Como o corte é acompanhado por movimentos de massas arenosas, dá origem a maioria das dobras penecontemporâneas, falhas penecontemporâneas, estruturas brechosas e outras expressões de deformação. 2. Lâminas obliteradas (fade-out laminae). Dentro da camada principal ou de lençóis de areia que formam as dunas, as lâminas estão pouco ou nada perturbadas. É comum, contudo, que entre tais massas arenosas existam leitos mais finos ou cunhas dentro das quais as lâminas foram grandemente obliteradas, provavelmente por fluxo de grãos. A obliteração quando vista em corte, mostra parte das lâminas anteriormente existentes, truncadas por erosão. O local de desbaste, em forma de colher, é preenchido, provavelmente, pelos próprios agentes erosivos: as línguas arenosas de avalanche. 3. Línguas arenosas de avalanche. 4. Estrutura brechosa. 5. Estrutura de arrasto de lâminas frontais (sand drag structures). Apresenta-se sob duas formas distintas. A primeira delas é gerada pelo movimento de massas de areias sobre uma sequência de camadas frontais arrastando os topos das lâminas subjacentes. A massa de avalanche usualmente desbasta o topo da superfície da dobra de arrasto (veja em transporte) durante o processo. Quando a sequência de camadas frontais apresentar mergulho na mesma direção do desbaste, teremos uma estrutura de arrasto de lâminas frontais recumbentes. Na segunda, as sequências de ca- madas frontais são cobertas por massa arenosa que se move em direção contrária a do mergulho original das camadas subjacentes. Como resultado deste desbaste surgem pequenos monoclinais irregulares devido ao arrasto do topo das camadas. São denominados de estrutura de arrasto de lâminas frontais com monoclinais irregulares. 6. Lâminas comprimidas (stretched laminae). São lâminas que por ação de uma carga de avalanche sofrem redução de espessura no ponto de compreensão, guardando a espessura original nas regiões acima e abaixo da zona comprimida. 7. Arqueamentos (warps). Tratam-se de dobras suaves desenvolvidas nas lâminas frontais (veja em marca de ondulação) dos depósitos dunares eólicos. Estrutura de bioerosão. Veja estrutura de bioperfuração. Estrutura de bioperfuração (bioerosional structures, root-borings). São estruturas de moradia feitas por organismos em rochas duras, sedimentares ou não. São produzidas, provavelmente, em lugares onde a superfície rochosa esteve exposta à atividade animal durante um certo espaço de tempo, após o qual foi coberto por sedimentos mais recentes. Os buracos podem ser verticalizados ou não e, ocasionalmente, o organismo perfurante pode ser preservado com a estrutura. Os organismos envolvidos na origem de tais estruturas são, normalmente, moluscos e vermes, podendo ser incluídos até mesmo raízes de plantas (veja pedotúbulo). As mesmas estruturas em dimensão microscópica ou próxima, são atribuídas à atividade de fungos, algas e esponjas. Estrutura de bioturbação (biodeformational structures, biogenic sedimentary structures, biogenic structures, bioturbation, bioturbation structures, borings, lebensspuren, organic structure, worm traces). Constituem estruturas produzidas pela atividade de animais viventes dentro da camada ou sobre a superfície da mesma, estando incluídas petrificações de parte, de todo o tecido ou do esqueleto do organismo, sendo estes restos o objeto da taxonomia paleontológica. O grau de bioturbação depende da taxa local de sedimentação, diversidade e densidade populacional dos organismos ali ocorrentes. A bioturbação é mais comum em ambientes marinhos rasos onde a taxa de sedimentação é relativamente baixa e onde a água é bem oxigenada e rica em nutrientes, suportando abundante fauna. Estas estruturas podem destruir ou perturbar as estruturas primárias produzidas inorganicamente. A atividade de animais bentônicos sobre os sedimentos, quando grande o suficiente para serem reconhecidas e registradas, denomina-se lebensspuren (traço de vida). Estas estruturas podem ser divididas em dois grandes grupos: 1. Fossitextura deformativa (veja estrutura de bioturbação deformativa). 2. Fossitextura figurativa (veja estrutura de bioturbação figurativa). A classificação dos graus de bioturbação, seguindo o percentual da área em um perfil vertical no qual a estratificação primária tenha sidodestruída por organismos que deixaram seu registro é, segundo Reineck e Singh 1980: Grau % Bioturbação Classificação 0 0 Sem perturbação 1 1 a 5 Traços esporádicos 2 5 a 30 Bioturbação fraca 3 30 a 60 Bioturbação média 4 60 a 90 Bioturbação forte 5 90 a 99 Bioturbação muito forte 6 100 Completamente bioturbado Baseado em fatores ecológicos, podemos distinguir 5 grupos de lebensspuren, de acordo com Seilacher, 1953: 1. Traços de repouso. 2. Traços de rastejamento. 3. Traços de pastagem. 4. Estruturas de alimentação. 5. Estruturas de moradia. De acordo com a classificação estratonômica e tendo por base o meio principal de moldagem, os lebensspuren podem ser: 1. Epichnia. 2. Endichnia. 3. Hypichnia. 4. Exichnia. Estrutura de bioturbação deformativa (churned bedding, churned stratification, deformative bioturbation structures, deformative structures). Ilustração. São estruturas de bioturbação sem qualquer forma definida, tais como estruturas mosqueadas ou manchas de diferentes cores, granulometria, etc. Em testemunhos a estrutura pode ser confundida com estruturas de escorregamento, mas um exame cuidadoso mostrará a ausência de dobramentos, e a aparência mosqueada ou misturada contendo visíveis perfurações. São estruturas comuns e mais claramente observáveis em testemunhos laminados do que em afloramentos. Estrutura de bioturbação deformativa. Testemunho de sondagem com camada bioturbada limitada por conglomerado na base e laminação cruzada no topo. Escala em centímetros. Testemunho cedido pela CPRM. Formação Palermo, Permiano, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura de bioturbação em cordame (ropy structures). Estrutura de bioturbação que constitui um conjunto de moldes de cavidades criadas por animais hemi-sésseis, provavelmente, que assume o aspecto de um amontoado de cordas complexas, comumente compostas. Sua origem está associada à estrutura de alimentação. Estrutura de bioturbação figurativa (figurative bioturbation structures, figurative structures). Ilustração. São estruturas de biotur- bação que possuem formas e tamanhos definíveis e reconhecíveis, tais como estruturas de escavação, traços e pistas. São melhor estudadas em afloramentos onde sua extensão lateral e diversidade podem ser e-xaminadas. Estrutura de bioturbação figurativa. Estratos e lâminas bioturbadas em arenitos da Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura de carga. Veja estrutura de sobrecarga. Estrutura de chama. Veja estrutura em chama. Estrutura de colapso (collapse feactures). Veja em falha penecontemporânea. Estrutura de compactação (compaction structures). As estruturas de compactação são originadas durante o processo diage-nético e resultam da compactação diferencial (veja em compactação), podendo desenvolver dobras penecontemporâneas, falhas penecontemporâneas e estruturas de sobrecarga. Estrutura de corrente (current structure). Quaisquer estruturas que tenham sua origem determinada por ação de correntes. Exemplos: marca de desbaste, lineação por corrente, marca de saltação, marca de roçadura, etc. Estrutura de corrente alinhada. Veja estruturas direcionais em estrutura sedimentar. Estrutura de corte e preenchimento (channel, channel cast, channel fill, cut-and-fill, cut-out, erosion channels, gouge channel, gutter cast, gutter mold, obstacle mark, ripple scour, runnel cast, scour-and-fill, scour hole, wash-out). Ilustração. São estruturas que lembram pequenos buracos assimétricos, geralmente produzidas em fundo de canal, com eixos longos correndo paralelos à direção da corrente. Posteriormente tais cavidades são preenchidas por materiais clásticos. Surgem graças à atuação erosiva da própria corrente ou por formação de rede- moinhos em torno de obstáculos. Diferem dos canais pelo fato de o eixo longitudinal não representar dimensão muitas vezes maior que a largura. O preenchimento das cavidades pode desenvolver estratificação cruzada inclinada convexa. Estrutura de corte e preenchimento. Amostra de arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura de deformação penecontemporânea (contemporaneous deformation, disturbed stratification, metasedimentary structures, penecontemporaneous deformation structures). São estruturas perturbadas, deformadas ou distorcidas, produzidas por processos inorgânicos. Estas estruturas se originam ao mesmo tempo ou muito pouco tempo depois da deposição do material, sempre antes da consolidação dos sedimentos. Geralmente, são estruturas de caráter local e confinadas a uma única camada. As variações vão desde leves perturbações até complicados amarrotamentos, falhamentos e transformações estratais. A deformação é controlada pela espécie de sedimentos. Deformações penecontemporâneas resultam de variados processos, entre eles, (a) escorregamento e deslizamento por influência gravitacional, (b) sobrecarga diferencial entre sedimentos ou entre sedimentos e gelo, (c) passagem de um fluido ou material semi-sólido sobre sedimentos inconsolidados, (d) escape de água ou gás, etc. Podem ser: estruturas de sobrecarga, pseudonódulos, estrutura convoluta, estrutura em forma de pires, estruturas de escorregamento e estruturas de escape de água. Estrutura de desbaste. Veja marca de desbaste. Estrutura de desbaste em crescente (crescent cast, crescent marks, crescent scour, crescentic scour mark, current crescent, horse-shoe flute cast, obstacle mark, obstacle scours, wash-over crescent). Ilustração. Marcas de desbaste em forma de ferradura com o lado côncavo dirigido corrente abaixo. Estrutura de desbaste em crescente. Areias em ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta indica a direção do fluxo. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Originam-se por ação da erosão graças à deflação do fluxo a frente, dos lados ou mesmo atrás de obstáculos (seixos, conchas, etc.). Normalmente, contudo, atrás do objeto ocorre deposição de sedimentos longitudinalmente dispostos à corrente, sendo tal deposição reconhecida como sombra de areia. Às vezes o obstáculo é levado pelo fluxo, podendo deixar o registro de sua e- xistência. Tais estruturas podem ser produzidas sem a presença de obstáculos, graças às irregularidades do fundo que possui partes mais e menos resistentes. A erosão pode não ocorrer atrás do objeto que atua como protetor, gerando desta maneira, uma sombra de areia não deposicional. Veja também turboglifo. Estrutura de desbaste longitudinal (longitudinal obstacle scour). Veja em turboglifo. Estrutura de descolamento. Veja acamamento contorcido. Estrutura de deslizamento (sliding structure). São estruturas com grande amplitude lateral em contraposição às estruturas de escorregamento que são localmente restritas. Veja também movimento de massa. Estrutura de dessecamento. Veja greta de contração. Estrutura de dissipação. Ilustração. Consistem de estruturas irregulares de ondulações marcadas por películas de lama que ressaltam a estratificação, falhas ou fraturas. Duas são as origens possíveis: 1. O material arenoso com argila coloidal é depositado em corridas de areia por fluxos densos. Quando o fluxo para o material coloidal ascende por tensão superficial, recobrindo a areia como uma “nata argilosa”. 2. A estrutura também poderá ser produzida pela percolação e deposição de coloides, como atividade secundária, quando a sedimentação ocorrer em descontinuidades estruturais como falhas, fraturas e planos de estratificação. O empilhamento de camadas é marcado por tais estruturas. É importante lembrar que o processo de percolação tende a reforçar e espessar as películas de argila primárias.Estrutura de dissipação em duna eólica litorânea marinha. Quaternário, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura de escape. Veja traço de escape protrusivo e traço de escape retrusivo em estrutura de escavação. Estrutura de escape de água (water-escape structure). Termo aplicado para incluir várias estruturas de deformações penecontemporâneas e estruturas de escorregamento originadas pelo escape da água. São estruturas pós-deposicionais formadas pelos sedimentos soltos, como resultado do escape de água contida nos poros, causando um rearranjo dos grãos. Este fenômeno gera deformações nas laminas existentes ou até mesmo o surgimento de novas estruturas. O processo de escape de água pode ser originados por infiltração, liquefação ou fluidização. Podemos reconhecer ainda quatro variedades geométricas gerais de estruturas de escape de água: 1. Estrutura de escape de água com lâminas rearranjadas 2. Estrutura de escape de água intrusiva 3. Estrutura de escape de água dobrada. 4. Estrutura de escape de água consolidada. Em geral, tais estruturas são abundantemente formadas em areias médias a finas com alta porosidade, depositadas rapi- damente. A gênese destas estruturas é controlada pelo tamanho dos dos sedimentos, resistência à compactação, instabilidade, hidrodinâmica e permeabilidade. Estrutura de escape de água com lâmina rearranjada (soft sediment mixing bodies). Constitui estrutura de escape de água em que ocorre uma reorganização interna das camadas durante processos de liquefação e fluidização. A perturbação não se estende signi- ficativamente para os sedimentos adjacentes. Tais feições se manifestam como camadas hidroplásticas agitadas, camadas liquefeitas, camadas e colunas fluidificadas. Ainda neste grupo podemos encontrar estrutura convoluta, estratificação cruzada convoluta, estrutura em pilar e clasto vertical (veja em clasto pingado e em involução). Veja também dobra recumbente intraformacional. Estrutura de escape de água consolidada (consolidation). São estruturas de escape de água que incluem exclusivamente a laminação nova formada como resultado do escape de água a partir dos poros. As estruturas em forma de pires são produzidas desta maneira. Estrutura de escape de água dobrada (soft sediment folds). Ilustração. São estruturas de escape de água que incluem laminação deformada em sedimentos associadas à sobrecarga diferencial, movimento declive abaixo, correntes de arrasto, etc. Estrutura convoluta e estratificação cruzada convoluta podem ser incluídas neste grupo. Veja também dobra recumbente intraformacional. Estrutura de escape de água dobrada. Arenitos eólicos da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura de escape de água intrusiva (soft sediment intrusions). Ilustração. Estruturas formadas quando sedimentos hidroplásticos, liquefeitos ou fluidificados são mobilizados e introduzidos em camadas adjacentes. Estrutura de escape de água intrusiva. Arenitos do Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Referência: cabeça do martelo com 13 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Compreendem, normalmente, os diques sedimentares e os sills sedimentares. Podem ser concordantes, quando a intrusão é hidroplástica, tipicamente discordante quando a intrusão é fluidificada e, concordante ou discordante, quando a intrusão é liquefeita. Estrutura de escavação (burrows, burrow trace, hatching). Ilustração. São estruturas de moradia feitas por organismos em sedimentos soltos. Podem assumir diferentes formas: retos, em “U”, com uma abertura ou aberta em ambas as extremidades, ramificadas, meandrantes, etc. Distingue-se, nas estruturas, um núcleo que representa a escavação feita pelo animal e um halo que representa a área, em torno do núcleo, onde a estratificação é perturbada dando origem a leitos interrompidos e arrastados para cima ou para baixo, independente do sentido de movimento do orga-nismo. Estrutura de escavação. Arenitos intercalados a finos leitos de pelitos com icnofósseis. À direita da referência duas grandes escavações, uma delas em forma de “U”. Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Os padrões complicados de distribuição são, normalmente, estruturas de alimentação. As paredes internas das estruturas podem ser revestidas por secreções e excreções do animal ou por agregação de sedimentos invasores. Estes revestimentos conferem uma estrutura mais estável ou mantém a limpeza da moradia, que também pode ser feita pela expulsão dos sedimentos e/ou matérias excretadas .Alguns animais, no entanto, preferem realizar nova escavação ao invés de manter a limpeza ou a desobstrução da estrutura em que vivem. Em locais onde a sedimentação é excessiva, os organismos são compelidos a fugir do soterramento migrando para níveis mais altos e mais próximos da superfície, produzindo, desta forma, os chamados traços de escape protrusivos (fugichnia, protrusive spreiten, spreite). Às vezes, contudo, os organismos adentram mais os sedimentos em resposta à erosão, quando então se denominam traços de escape retrusivos (fugichnia, retrusive spreiten, spreite). Os traços de escape (escape structures, escape traces) diferem das estruturas de escavação normais por serem mais retos, sem ramificações e sempre verticais, não possuem reforços de secreções nem revestimento. Ao longo dos traços de escape, os leitos são invariavelmente curvados para baixo, em contraposição ao movimento do a-nimal. Em alguns casos, também encontramos traços de forma helicoidal e vertical. As estruturas de escavação são, normalmente, produzidas por vermes, moluscos, equinodermas, etc., por atividade bioturbadora, sendo frequentemente formas estáveis graças à cimentação das partículas feita por secreção viscosa, matéria fecal, lama ou por simples pressão de partículas contra as paredes da estrutura. Veja também estrutura tubular. Estrutura de escorregamento (metasedimentary structures, sheet slumps, slump bedding, slump structure, slurry-slump bedding). São estruturas caracterizadas por todas as variações possíveis de dobramentos ou falhas penecontemporâneas que podem determinar um aspecto brechoide nos sedimentos originalmente planos. Distinguem-se da estrutura convoluta, pelo fato de serem descontínuas. Desenvolvem-se em planos inclinados devido à gravidade, a deslocamentos de massas de gelo sobre sedimentos ou à fusão de gelo englobado por sedimentos. Tais processos originam: 1. Acamadamento contorcido. 2. Falha penecontemporânea. 3. Gravifossa. 4. Dobra penecontemporânea. 5. Estrutura brechosa. 6. Blocos rompidos por tração (veja em estrutura brechosa). 7. Sobredobra de escorregamento. 8. Lençol de escorregamento. Muitas vezes, o padrão dobrado e falhado está contido abaixo de leitos planos. Isto se deve à erosão parcial das estruturas de escorregamento e posterior deposição de sedimentos. Quando a estrutura de escorregamento tem origem glacial pode também ser denominada crioturbação (cryoturbation) ou enquadrada como estrutura periglacial. São estruturas de deformação penecontemporâneos. Veja estrutura de deslizamento e também movimento de massa. Estrutura de fluxo intra-estratal. Veja estrutura convoluta. Estrutura de injeção (injections structures). Trata-se de feição gerada pelo envolvimento de sedimentos hidroplásticos em camadas sobrepostas. Esta injeção pode ser promovida por escorregamento ou por sobrecarga de sedimentos. Veja dique sedimentar e estrutura em chama. Estrutura de moradia (domichnia, dwelling burrows, dwelling structures, dwelling traces, residence structures, shelter structure). São estruturas de bioturbação caracterizadas por buracos e outrasfeições que servem, essencialmente, de moradia aos organismos produtores, contudo, podem se prestar também como locais de alimentação. Podem ser estruturas de bioperfuração ou de escavação. Estrutura de paleocorrente. Veja estruturas direcionais em estrutura sedimentar. Estrutura de recalque. Veja estrutura de sobrecarga. Estrutura de rompimento (point-up structures, ruptured structures). Veja em estrutura convoluta. Estrutura de ruptura. Veja intraclasto. Estrutura de sobrecarga (flow cast, flow structure, founder and load structures, load cast, load-flow structures, load mold, load pocket, load pouches, load structures, multidirectional flowage cast, sag structure, teggoglyph). Ilustração. Estrutura de defor- mação penecontemporânea geralmente reconhecida como marca de sola, preservada na parte inferior de um leito arenoso que cobre outro lamoso. Tem a aparência, na superfície, de protuberâncias que podem ser levemente marcadas ou bastante irregulares. Estrutura de sobrecarga. O leito superior, mais claro, é arenito médio a grosso e o inferior, mais escuro, pelitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica). Na interface entre eles ocorrem deformações por sobrecarga. Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Distinguem-se dos turboglifos pela sua grande irregularidade e normalmente não indicam a direção da corrente. Por norma, é o resultado da deposição de areia sobre um leito lamoso hidroplástico, também podendo ocorrer dentro de unidades de arenito. A carga diferencial entre camadas é ajustada por movimentos verticais ocasionando o afundamento do leito de areia na forma de lobos ou empurrando o leito lamoso, para cima, como línguas, sendo a estrutura então denominada estrutura em chama. Também pode ser produzida em consequência de deposição diferencial, como no caso das marcas de ondulações, quando as cristas tendem a mergulhar no leito lamoso, sendo, no caso, denominadas de marcas de ondulações empilhadas. Surge, ainda, por movimentos laterais, como, por exemplo, quando ocorre o preenchimento de marcas de desbaste. Quando originada por corrente associada à densidade diferencial entre o leito arenoso e o lamoso é designada estrutura de sobrecarga alinhada (load cast lineation, longitudinal flowage cast, longitudinal flowage marks). Podem se apresentar como estrutura de sobrecarga dendrisseptada, estrutura de sobrecarga escamiforme, estrutura de sobrecarga nodulosa e estrutura de sobrecarga sísmica. Veja também dobramento de sobrecarga e pseudonódulo. Estrutura de sobrecarga alinhada (load cast lineation, longitudinal flowage cast, longitudinal flowage marks). Veja em estrutura de sobrecarga. Estrutura de sobrecarga dendrisseptada (syndromous load cast). Estrutura de sobre- carga de forma alongada e suave relevo, li- mitada por sulcos agudos de padrão dendrítico que possuem confluência no sentido da corrente. Estrutura de sobrecarga escamiforme (squamiform-cast, squamiform load cast). Estrutura de sobrecarga com forma lobulada e superposta no sentido do fluxo, porém com a região mais pronunciada apontando em sentido contrário à corrente. Estrutura de sobrecarga nodulosa (torose load cast). Estrutura de sobrecarga alongada com constrições e dilatações periódicas que determinam um aspecto noduloso. Seus extremos bulbosos e mais profundos apontam o sentido da corrente. Estrutura de sobrecarga sísmica (quake sheet). Estrutura de sobrecarga originada por choque sísmico. Nesta estrutura não são observados deslocamentos horizontais. É possível estrutura transicional entre estas e estruturas de sobrecarga alinhadas (veja em estrutura de sobrecarga). Veja também pseudonódulo. Estrutura de vetor. Veja estruturas direcio-nais em estrutura sedimentar. Estrutura devida à pegada de animal ungulado (hoof-print structures). As marcas deixadas por animais em sedimentos recentes podem mostrar perturbações nas estruturas originais. Geralmente caracteriza-se por um dobramento sinclinal seguido por depressão central. O preenchimento posterior poderá manter o registro. Estrutura diagenética (chemical structures, diagenetic structures, post depositional structures, secondary structures). Consti-tuem estruturas em que os principais processos geradores são a solução, a deposição (veja sedimentação) e a substituição. A solução pode atuar conjuntamente com a pressão originando estruturas tais como estilolito e estrutura cone-em-cone. A deposição de material dentro de um sedimento, através de pressão confinante nos casos de porosida-de, pode originar mosqueamento (veja estrutura mosqueada), expressado por mudanças na cor, ou por mudanças na orientação cristalográfica do mineral precipitado, ou pode dar lugar a concentrações bem definidas, anédricas ou euédricas, de minerais particulares. Estas concentrações podem empurrar os sedimentos hospedeiros ou podem impregná-los e/ou incluí-los. A substituição pode copiar estruturas pré-existentes ou originar novas estruturas irregulares. Surgem após a deposição do sedimento por ação de forças mecânicas (veja estrutura mecânica secundária) ou não, antes da litificação. Estrutura direcional (aligned current structures, direcional structures, paleocurrent structures, vector structures). Veja em estrutura sedimentar. Estrutura em bola. Veja pseudonódulo. Estrutura em bola de neve. Veja pseudonódulo e também estrutura brechosa. Estrutura em bola e almofada (ball-and-pillow structure). Ilustração. Veja em pseudonódulo. Estrutura em bola e almofada. Arenitos intercalados a pelitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica). Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura em chama (anti-crests, antidunes, flame structures, flow cast, flowage cast, load wave, pull over structure, streaked-out lutite ripples, streaked-out ripples). Ilustração. Estrutura de deformação penecontemporânea, do tipo estrutura de sobrecarga que se apresenta como pequena língua lamosa pontiaguda e curvada, intrometida em um leito geralmente arenoso sobrejacente. É melhor reconhecida quando em seção perpendicular ao plano de estratificação. Devido à carga desigual, na interface areia-lama, e ainda à liquefação, o leito lamoso move-se para cima intrudindo-se no leito superior. Também pode surgir associada com sulcos e cristas longitudinais lavrados por corrente em seções perpendiculares aos sulcos onde se vê a crista de lama penetrando a camada superior. Estrutura em chama Interface areia-lama à direita da referência (seta). Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. A deformação associada a uma corrente origina também as marcas transversais de fluxo (transversal flowage cast, transversal flowage marks) que se apresentam como ondulações paralelas retorcidas, as quais, em seção, mostram as estruturas em chama. A estrutura indica a direção da paleocorrente. Estrutura em chevrão. Veja em marca de ondulação simétrica por onda. Ilustração. Estrutura em chevrão. Arenitos com marcas de ondulações (lâminas mais claras) intercaladas com laminações argilosas da Formação Palermo, Permiano, RS, BR. A elipse marca a estrutura em chevrão. Testemunho de sondagem cedido pela CPRM. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura em constrição (pinch and swell). Veja em dobra penecontemporânea. Estrutura em costela e sulco (arcuate bands, micro-cross lamination, rib-and-furrow, rib- and-furrow structure). Ilustração. Pequenas marcas transversas arqueadas que ocorrem em grupos separados por longas e estreitas estrias paralelas entre si e à direção da corrente. Nas marcas transversas arqueadas, o lado convexo aponta corrente acima e a 1 cm bissetriz é paralela à direçãodo fluxo. Em planta, têm o aspecto de estratificação cruzada. Estrutura em costela e sulco. Depósitos arenosos de interdunas litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta demarca a direção da paleocorrente. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Origina-se por erosão de sistemas de marcas de ondulações linguoides por corrente. Veja também estrutura incipiente em costela e sulco. Estrutura em espiral. Estrutura de forma espiralada originada por escavação animal. Veja também icnofóssil. Estrutura em forma de ninho de girino. Veja padrão em ninho de girino em marca de ondulação de interferência. Estrutura em forma de pires (discontinuous curved lamination, dish structures). Ilustração. Estrutura de escape de água representada por concavidade para o alto, com lâminas ricas em argila, subhorizontais, desenvolvidas normalmente em camadas arenosas. Cada estrutura (“pires”) torna-se mais arenosa em direção ao topo. São comumente separadas por colunas verticalizadas de areia maciça denominadas estrutura em pilar (veja também estrutura cilíndrica). Origina-se durante a consolidação e desidratação de sedimentos rapidamente depositados que sofrem liquefação e fluidização. Estrutura em forma de pires. Amostra de arenito convolucionado do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Acima da referência observa-se incipiente “pires”. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Cada estrutura varia em largura de 20 cm até mais que 50 cm com espaçamentos entre 1 cm e 8 cm na vertical. Em planta são ovais, circulares, elípticas ou poligonais e, geralmente, falta um marcado alongamento. A base do “pires” é sempre nítido, mas para o topo ocorre gradação. Estrutura em forma de prato. Veja estrutura em forma de pires. Estrutura em montículo e depressão. Veja impressão de bolha. Estrutura em olhos de pássaro (birseye structure, birdseye vugs). Veja em arenito esponjoso. Estrutura em pilar (pillars, pillar structures). Feição relacionada com as estruturas em forma de pires, que se caracteriza por colunas verticais ou próximas da vertical. Aparecem entre as estruturas côncavas que formam os “pires”. Sua gênese está ligada ao escape de água (veja também estrutura de escape de água e estrutura cilíndrica). Estrutura em pingo e curva (drop and sags structures). Estrutura de sobrecarga constituída por lâminas e corpos isolados de minerais pesados em areias. Os minerais pesados (geralmente especularita, magnetita, hematita e ilmenita), graças a maior densidade, deformam e afundam na camada deixando curvas, em geral, com a convexidade para cima e gotas isoladas na matriz. Os leitos de minerais pesados são, frequentemente, de uns poucos grãos de espessura e raramente excedem 1 cm. Estrutura endocinemática (endokinematic structures). São aquelas que surgem graças as operações endocinemáticas, nas quais os vetores maiores de deslocamento ocorrem entre parte do material dentro do qual irá se originar a estrutura e o depósito vizinho que não sofre modificação. Exemplos: camada gradacional, vulcão de areia, etc. Estrutura endocinética. Veja estrutura endocinemática. Estrutura epigenética (epigenetic structures). Veja em estrutura sedimentar e também em estrutura diagenética. Estrutura estilolítica. Veja estilolito. Estrutura exocinemática (exokinematic structures). São aquelas que surgem graças as operações exocinemáticas, nas quais os vetores de deslocamento maiores ocorrem entre o material que forma a parte externa do depósito e a parte do depósito não modificado, vizinho àquele em que a estrutura é produzida. Estratificação cruzada e laminação paralela horizontal são exemplos. Estrutura fluidal. Veja pseudonódulo, turboglifo e também estrutura frondescente. Estrutura frondescente (cabbage-leaf casts, cabbage-leaf marking, cabbage-leaf structure, deltoidal cast, deltoidal marks, feather-like marks, flow mark, flow structure, frondescent furrow flute casting, frondescent marks). Estruturas alongadas, ramificadas e com bordos crenulados (lembrando folhas de couve) sobre os quais ocorrem finas estriações. As estrias bifurcam-se no sentido da corrente. A aparência das “folhas” varia de estreita e muito alongada a curta e larga e, excepcionalmente, a um círculo completo. Sua gênese sugere que o sedimento assenta-se sobre uma superfície lamosa macia que está sobreposta a um leito inferior mais resistente. O sedimento ultrapassa a camada macia e espalha-se sobre a inferior mais resistente. A penetração do sedimento pode ser facilitada originalmente a partir de marcas de desbaste ou de marcas lavradas por objetos, geralmente marcas de punção. Tais estruturas também podem ser mencionadas como estruturas de fluxo, uma vez que foram observadas na base de arenitos liquefeitos, indicando a possibilidade que tenham tido origem em um lento fluxo das areias após a deposição inicial. Uma estrutura similar são os turboglifos frondescentes sulcados por carga que diferem pelo fato de a “folhagem” apontar corrente acima. Estrutura fucóide (fucoid). Termo antigamente empregado para feições de origem algácea. Atualmente utilizado em sentido geral para rastos e pistas tubulares, originandas por atividade escavadora de raízes e animais. Veja icnofóssil, marca de sola e também estromatólito. Estrutura geopetal (geopetal infills, geopetal structures). Consiste em cavidades nas quais a porção inferior é coberta por sedimentos infiltrados que recebem uma cobertura de precipitado químico, comumente calcita. A cavidade pode ser primária, tal como a cavidade do corpo de um braquiópodo ou um poro intergranular, ou ainda, podem surgir secundariamente por solução. São estruturas que embora raras, nos podem revelar a atitude do horizonte ori-ginal com alguma confiabilidade. Estrutura glacial penitente (penitentes). Veja em estrutura cárstica pontiaguda. Estrutura heterogênea. Veja camada gradacional. Estrutura hidrodinâmica. Tratam-se de estruturas sedimentares que resultam da ação de ondas e correntes aéreas ou aquosas. Estrutura homogênea. Veja camada maciça. Estrutura incipiente em costela e sulco (current break-through, incipient rib and furrow). Estrutura composta por feições resultantes da erosão de superfícies com marcas de ondulações. A estrutura ondulada original é parcial ou completamente destruída, deixando cristas curtas descontínuas e cavidades que não exibem, aparentemente, um padrão de distribuição. Possivelmente a erosão se estabelece sobre as marcas de ondulações por microturbulências no fluxo, causadas pelas próprias ondulações, o que leva a originar as estruturas em costelas e sulcos. Estrutura linear (linear structures). Quaisquer estruturas que apresentem lineação. Estrutura maciça. Veja camada maciça. Estrutura mecânica (mechanical structures, metadepositional structures). São formas ordenadas, sobre superfícies de acamamento e padrões tridimensionais, da textura e/ou mi- neralogia das lâminas de uma camada, que foram criadas apenas por forças mecânicas. Podem ser de dois tipos principais: 1. Estrutura mecânica primária. 2. Estrutura mecânica secundária. Estrutura mecânica primária (primary structures, syndepositional structures). Feição produzida diretamente por algum agente transportador dos sedimentos. Estrutura mecânica secundária (post depositional structures, secondary structures). Estrutura mecânica que surge durante o intervalo entre a deposição (veja sedimentação) e o início da litificação. Estrutura meta deposicional. Veja estrutura mecânica. Estrutura metassedimentar. Veja estrutura de deformação penecontemporânea. Estrutura moniliforme. Veja blocos rompidos por tração em estrutura brechosa. Estrutura monroe. Veja monroe em vulcão de lama. Estrutura mosqueada (gleyed subsoils, mixed structures, mottled stratification,mottled structure). Ilustração. Estrutura representada pelo preenchimento de tubos, orifícios e cavidades, por um sedimento de textura diferente da matriz envolvente, determinando um padrão mosqueado irregular. Estrutura mosqueada. Intercalação de lâminas de arenito e pelitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) fortemente bioturbadas. Testemunho cedido pela CPRM. Referência: em centímetros. Formação Palermo, Permiano, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Podem ser divididas em: 1. Estrutura mosqueada distinta: aquela que se destaca nitidamente da matriz. Predominam em zonas faciológicas areno-sílticas, pois, areias e siltes contrastam fortemente com argila. 2. Estrutura mosqueada indistinta: aquela que não se destaca nitidamente da matriz. Predominam em zonas faciológicas argilosas e em todas as fácies monótonas, que abrangem apenas pequena gama de granulação. Estrutura mosqueada distinta. Veja em estrutura mosqueada. Estrutura mosqueada indistinta. Veja em estrutura mosqueada. Estrutura na forma de mapa (maprock). Feição constituída por minúsculos cilindros de limonita e hematita alinhados, que se cruzam em ângulos retos sobre o plano de estratificação que por formarem desenhos que se assemelham ao traçado de uma cidade, recebe esta denominação. Os cilindros ocupam pequenos sulcos. Em áreas protegidas do intemperismo aparecem frágeis linhas retangulares em continuação aos cilindros. A origem proposta é de que o sedimentito (siltito), ter-se-ia depositado em ambiente de planície de maré oxidante, bordejando bacia evaporítica. Por evaporação das águas salinas formar-se-iam depósitos de halita, constituídos de minúsculos cristais dispostos em forma cilíndrica. Em período de inundação posterior, o sal seria dissolvido deixando atrás de si minúsculos sulcos sobre o sedimento que seriam recobertos por outros sedimentos clásticos. Água meteórica infiltrada posteriormente através dos pequenos sulcos deixados na interface deposicional, lixiviaria o ferro contido no cimento da rocha, o qual seria precipitado nas depressões sob forma de pirita que, posteriormente, se transformaria em limonita ou hematita. Estrutura orgânica (biogenic sedimentary structures, biogenic structures, organic structure). Estruturas geradas por atividades de organismos durante os processos deposicionais ou pós-deposicionais. Veja também estrutura de bioturbação. Estrutura pós-deposicional. Veja estrutura mecânica secundária e também estrutura dia- genética. Estrutura primária. Veja estrutura mecânica primária e também estruturas singenéticas em estrutura sedimentar. Estrutura química. Veja estrutura diage- nética. Estrutura reotrópica (rheotropic structures). Estruturas que resultam da deformação de sedimentos coesivos ou variações reotrópicas graças a forças diferentes daquelas influenciadas diretamente por correntes e organismos, como, por exemplo, vulcão de areia. Correspondem às estruturas endocinemáticas. Estrutura rompida. Veja blocos rompidos por tração em estrutura brechosa. Estrutura secundária. Veja estrutura diage- nética. Estrutura sedimentar (primary structures, sedimentary structures, sedimentation structures). Estrutura é uma das maiores feições que existe em uma rocha, em contraste com a textura que inclui os aspectos geométricos das partículas ou cristais da rocha. As estruturas sedimentares ocorrem em rochas sedimentares, constituindo os aspectos principais da organização interna da camada sedimentar, bem como aspectos de topo e base da camada. Formam-se em resposta a certos fatores, tais como, ambiente deposicional, corrente aquosa ou eólica, espessura da lâmina de água. Por estas razões, a análise das estruturas sedimentares com outros parâmetros, é importante não só para identificar o processo envolvido em sua formação, mas também por seu auxílio na definição das facies e do paleoambiente. Podem ser: 1. Estruturas pré-deposicionais: quando formadas previamente no topo de uma camada, sendo recobertas a seguir pela camada seguinte. Nesta ficam registradas em sua base, como, por exemplo, as marcas de sola (veja marca de sola). 2. Estruturas primárias ou singe- néticas (primary structures, syngenetic structures): quando formadas simultanea- mente à deposição dos sedimentos, tanto por forças mecânicas (veja estrutura mecânica), como não (estruturas de bioturbação, por exemplo). 3. Estruturas secundárias ou epigenéticas (secondary structures, epigenetic structures): quando formadas logo após (e mesmo algum tempo depois) a deposição dos sedimentos. 4. Estruturas diagenéticas: quando formadas durante a diagênese (veja estrutura cone-em-cone). Há também a possibilidade de classificá-las como superficiais, se externas, e subsuperficiais, se internas. Estruturas, tais como estratificação cruzada, que indicam a paleocorrente são chamadas estruturas sedimentares vetoriais (aligned current structures, direcional structures, paleocurrent structures, vector structures). Estrutura simétrica de sobrecarga. Veja estrutura de sobrecarga. Estrutura sindeposicional. Veja estrutura mecânica primária. Estrutura singenética (primary structures, syngenetic structures). Veja em estrutura sedimentar. Estrutura superficial no grão. Feições que aparecem na superfície dos grãos, independentemente do seu tamanho. Entre elas, destacam-se: 1. Facetamento (veja grão facetado). 2. Marca de percussão. 3. Estriações (veja grão estriado). 4. Polimento (veja grão polido), etc. Estrutura tepee (tepee, tepee structures). Ilustração. Veja em estrutura brechosa. Estrutura tepee. Calcários da Formação Irati, Permiano, RS, BR. Testemunho de sondagem cedido pela CPRM. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estrutura tubular (burrow, burrows trace). Composta por orifícios tubulares escavados por animais. São comumente chamados de tubos de vermes. Podem ser verticais, inclinados ou horizontais, retos ou sinuosos. Usualmente a preservação se dá quando preenchidos. Não devem ser confundidos com pedotúbulos. Veja estrutura de bioturbação e também estrutura de escavação. Evaporito (evaporite). Rocha Sedimentar Química formada por evaporação da água onde os sais, elementos e outros compostos, estavam dissolvidos. Exichnia. Estruturas de bioturbação preservadas fora do meio principal de moldagem. No singular diz-se exichnion. Exichnion. Singular de exichnia. Exoglifo (exoglyph). Veja em hieroglifo. F Fábrica (fabrics). Trata-se da atitude das partículas (veja em Rocha Sedimentar Clástica) no espaço e o grau de orientação preferencial delas. Geneticamente pode ser fábrica primária ou fábrica secundária. A primária é dita fábrica aposicional e representa a resposta das partículas ao sistema de forças operante no tempo do transporte ou deposição, o que inclui forças reológicas (ver reologia), a gravidade e o magnetismo terrestre. Se, no entanto, expressa orientação preferencial de organismos usualmente escavadores ou sésseis, com relação às correntes prevalecentes, diz-se fábrica reotática. Já a secundária, denominada fábrica deformacional, forma-se após a deposição dos sedimentos por ação de forças externas, como, por exemplo, o fluxo de um sedimento inconsolidado. Fábrica aposicional. Veja em fábrica. Fábrica deformacional. Veja em fábrica. Fábrica de grãos verticalizados (vertical grain fabric). Veja em involução. Fábrica escalonada (fault steps fabric). Veja em falha penecontemporânea. Fábrica primária. Veja em fábrica. Fábrica reotática. Veja em fábrica. Fábrica secundária. Veja em fábrica. Fácies (facies). É um conjunto de características sedimentares, tais como, cor, textura, estrutura, fósseis, geometria, paleocorrentes, que foram “impressas” no depósito e nos sedimentos que o constituem quandode sua formação em um ambiente deposicional, durante certo intervalo de tempo geológico. Uma sucessão de fácies compõe-se por algumas fácies diferentes, repetidas ou não, as quais, às vezes, mostram mudanças verticais e/ou horizontais de uma, ou mais feições características. Tais mudanças devem- se a existência de subambientes deposicionais adjacentes ao ambiente deposicional principal. As modificações faciológicas verticais são interpretadas como resultado da migração lateral de um ambiente sobre o outro, enquanto as mudanças horizontais refletem as deposições ocorridas em subambientes ou ambientes deposicionais adjacentes. A observação dos contatos entre estas sucessões (vertical e horizontal) é importante para o entendimento de temporalidade dos eventos, pois, contatos não erosivos indicam sobreposição de fácies de ambientes deposicionais anteriormente adjacentes. Caso exista longa parada na sedimentação o que se expressa por contato abrupto ou erosivo entre sucessões de fácies, o registro vertical pode refletir que os ambientes deposicionais não eram adjacentes, portanto, há uma lacuna temporal entre eles. O termo biofácies (biofacies) faz referência ao conteúdo biológico ou fossilífero de um pacote sedimentar que, dependendo do caso, determina um nível cronoestratigráfico e/ou certo ambiente deposicional. Litofácies (lithofacies) é o termo empregado quando as características físicas e químicas são determinantes para caracterizar depósitos ou rochas sedimentares (veja rocha), mesmo que ocorram fósseis. É ainda aceito alguns outros usos para fácies, entre outros: fácies pelíticas (rocha), fácies turbidítica (processo), fácies glacial (ambiente deposicional), fácies molássica (tectofácies), etc. Atualmente o termo fácies tem sido usado no estudo de outros enfoques que não apenas o das rochas ou depósitos sedimentares. Falhamento. Veja falha penecontemporânea. Falhamento penecontemporâneo. Veja falha penecontemporânea. Falha penecontemporânea (compaction faults, fault, faulting, intraformational thrust structures, penecontemporaneous faults, synsedimentary faults). Ilustração. Falhas, normalmente de pequena envergadura, podem ser desenvolvidas durante processos de compactação, movimentos de deslizamento ou deslocamento glacial sobre sedimentos. Quando por compactação, são de alto ângulo. O rejeito, por norma, é menor que 3 cm, permanecendo a estratificação imperturbada. São do tipo falhas normais (diretas, de gravidade), porém, graças a forças laterais, podem aparecer também falhas inversas. Em se tratando de falhamentos advindos de deslizamentos, os planos de falha são curvados e côncavos para cima. Normalmente estão associadas a dobras penecontemporâneas. Nesse caso, as falhas poderão ser inversas (indiretas) de alto ângulo, côncavas para cima. A ocorrência de falhas penecontemporâneas também é relacionada ao processo de avalanche da face que aponta corrente abaixo de dunas. Falha penecontemporânea. Depósitos de interduna arenosos. Quaternário, RS, BR. Referência: 13,5 cm. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Tais feições comumente surgem em sedimentos arenosos ou pelíticos, sendo reconhecidos como falhas escalonadas (fault steps). Falhamentos mais complexos podem originar as gravifossas. Os planos de falha podem mostrar uma orientação dos minerais argilosos e tornarem-se polidos graças ao escorregamento, formando um slickenside (superfície de fricção) sedimentar. Falhas de pequena escala em areias, podem ser devidas ao colapso de alguns objetos soterrados pelo depósito. Madeiras, massas de vegetação decompostas ou blocos de gelo fusionado, deixam ocos que podem ser preenchidos por areia. Esta feição é denominada de estrutura de colapso (collapse feactures) e pode também ocorrer em depósitos já consolidados. Falsa estrutura cárstica (pseudokarren Strucktur). Veja em estrutura cárstica. Falsa greta de contração (pseudo mud cracks). Gretas tensionais preenchidas por areia, originadas pelo deslocamento de sedimentos em fundos marinhos. Estrutura provavelmente relacionada com blocos rompidos por tração (veja em estrutura brechosa). Fan delta. Veja leque deltaico em ambiente deltaico. Fenda de ressecamento. Veja greta de contração. Flaser. Veja estratificação flaser. Flint. Sinônimo de sílex. Veja Rocha Sedimentar Química. Floculação (flocculation). É o fenômeno que ocorre com partículas de argila, que floculam e se depositam devido a mudanças químicas da água. Na Natureza, o aumento da salinidade da água acarreta um aumento da taxa de deposição da lama. Assim, a lama transportada em suspensão por um rio tenderá a se depositar como flóculos quando a carga fluvial adentrar um ambiente mixohalino (planície de maré, laguna, estuário) ou salgado (lacustre salgado, marinho). As partículas individuais de argilas suspensas em água doce que entram no meio salgado (ou salobro) formam flóculos, o que aumenta a concentração da suspensão. A agitação e a turbulência do meio receptor é, normalmente, maior do que as do rio em sua fase terminal. Estes fatos, salinidade, agitação e turbulência, resultam no aumento das colisões entre as partículas (o que não acontecia na água doce), o que desencadeia maior atração individual de outras partículas de argila na superfície do flóculo e sua precipitação para o fundo. Silte e areia fina suspensos podem ficar aprisionados dentro de flóculos. Fluidização (fluidization). É o processo em que um fluxo de gases ao migrar por um depósito composto por finas granulometrias, arrasta as partículas agindo como se líquido fosse. Além disto, facilita reações químicas entre eles, os gases, e as partículas. Fluxo de densidade (density currents). Veja corrente de turbidez. Fluxo de detrito (debris flow). São fluxos gravitacionais de rápida movimentação que deslocam pendente abaixo fragmentos de rochas com granulometrias diversas, vegetais e solo. Veja também movimento de massa. Fluxo de lama (mudflow). Fluxo que transporta detritos de dimensões e origens diversas, embebidos em grande quantidade de água e lama. O deslocamento do fluxo se encaixa, normalmente, na drenagem já existente. Fluxo fluidificado (fluidized flow). Veja em movimento de massa. Fluxo gravitacional (gravity flow). Veja em movimento de massa. Fluxo hiperpicnal (hiperpycnal flow). É o fluxo que possui densidade superior à do meio em que se insere. Ilustração. Fluxo hipopicnal (hipopycnal flow). É o fluxo que possui menor densidade do que a do meio em que se insere. Ilustração. Fluxo homopicnal (homopycnal flow). É fluxo que possui densidade igual à do meio em que se insere. Com isto, a carga de fundo se sedimenta como sigmoide (veja em ambiente deltaico) imediatamente na desembocadura do curso fluvial em um corpo de água maior o que impede, por algum tempo, a passagem de mais sedimentos, ou seja, há um hiato deposicional. Quando finalmente a barreira é vencida a nova carga de fundo avança sobre os depósitos anteriores (bypass), sem que haja erosão, logo se precipitando à sua frente como uma nova sigmoide. Ilustração. Fluxo granular (grain flow). É o fluxo gravitacional no qual as partículas transportadas interagem diretamente umas com as outras durante o deslocamento. Fluxo gravitacional (gravity flow). É aquele fluxo em que os sedimentos são transportados paralelamente ao substrato. A gravidade é o agente responsável pelo deslocamento dos detritos que se movimentam dispersos. Divide-se em: fluxo de turbidez (veja corrente de turbidez), fluxo laminar, fluxo granular, fluxo fluidificado (veja fluidização e também liquefação) e fluxo de detritos. Fluxo laminar (laminar flow). Fluxo que impulsiona as partículas para que deslizem umas em relação as outras sem, contudo, misturá-las. Neste caso particular, a velocidadeda corrente é baixa (veja regime de fluxo inferior em regime de fluxo), o que origina camadas com estratificação paralela horizontal. O aumento da velocidade do fluxo é o mecanismo para que o fluxo se transforme em fluxo turbulento e, caso a velocidade aumente novamente, surgirão camadas com estratificação paralela horizontal, estas geradas em regime de fluxo superior (veja em regime de fluxo). Fluxo turbulento (turbulent flow). Ilustração. Fluxo em que as partículas seguem trajetórias diversas, ao contrário do fluxo laminar, podendo se cruzar e até chocar. Um de seus efeitos é a formação de redemoinhos. Esboço de fluxo hiperpicnal. O influxo é mais denso que o meio receptor e, por esta razão, a carga erode o fundo ao migrar bacia adentro. A seta amarela indica o sentido da progradação. Fonte: modificado de Fisher 1969. Original de Bates 1953. 1969. Original de Bates 1953. BACIA RECEPTORA BACIA RECEPTORA DEPOSIÇÃO DA CARGA Seção longitunal ao eixo da bacia FLOCULAÇÃO DA CARGA SUSPENSA DEPOSIÇÃO DA CARGA Seção longitudinal ao eixo da bacia Esboço de fluxo hipopicnal. Como o influxo é menos denso que o meio receptor parte da carga de fundo sedimenta-se imediatamente. A carga menos densa flocula e se deposita bacia adentro. A seta amarela indica o sentido da progradação. Fonte: modificado de Fisher 1969. Original de Bates 1953. BACIA RECEPTORA Lama suspensa cai rapidamente Carga forma delta tipo Gilbert Esboço de fluxo homopicnal. A densidade do fluxo e da bacia receptora é a mesma, portanto, a carga de fundo se deposita na desembocadura do rio imediatamente. As lamas em suspensão também se depositam rapidamente no sentido da bacia. A seta amarela indica o sentido da progradação. Fonte: modificado de Fisher 1969. Original de Bates 1953. Fluxo turbulento. Rio Forqueta. Maquiné, RS, BR. Quaternário, RS. A sete indica o sentido do fluxo. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. A velocidade da corrente é maior que aquela do fluxo laminar. Flysch. Veja em turbidito. Fodinichnia. Veja estrutura de alimentação. Folhelho (shale). É uma rocha sedimentar composta por lama, que possui acentuada fissilidade, ou seja, parte-se em “folhas” segundo a laminação. Se esta rocha for rica em material betuminoso é denominada folhelho pirobetuminoso (bituminous shale). Folhelho pirobetuminoso (bituminous shale). Veja em folhelho. Foraminífero (foraminifera). São protistas que possuem pseudópodos (finas projeções do citoplasma) e uma teca (concha) com uma ou mais câmaras, todas ligadas por uma abertura, o forâmen. A composição da teca que pode ser carbonática (CaCO3) ou proteica (C8H13O5N.n) é um dos elementos usados na classificação taxonômica, o outro são seus aspectos morfológicos. Podem atingir até 190 mm de dimensão, mas normalmente são menores que 1 mm. Ilustração. Foraminífero. Fotografia da teca de Quinqueloculina sp. Créditos: Wilson44691. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:QuinqueloculinaDo negalBay.jpg. Disponibilizada: 06.05.2010. Acesso em: 06.04.2019. Foreset. Veja em ambiente deltaico. Forma de canal fluvial. Veja em ambiente de planície inundação. Forma de leito. Veja em regime de fluxo. Formação (formation). Veja em unidade litoestratigráfica. Forma 2D. Veja regime de fluxo inferior em regime de fluxo. Forma 3D. Veja regime de fluxo inferior em regime de fluxo. Fóssil (fossils). Ilustração. Todo resto ou impressão de um organismo que viveu em épocas geológicas passadas, assim como qualquer outro indício de sua existência que se tenha conservado na crosta terrestre. Exemplos de tais estruturas são amplamente estudadas na Paleontologia. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:QuinqueloculinaDonegalBay.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:QuinqueloculinaDonegalBay.jpg Caule fossilizado em seção transversal. Arenito Mata, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Fossitextura deformativa. Veja estrutura de bioturbação deformativa. Fossitextura figurativa. Veja estrutura de bioturbação figurativa. Fosso cônico de desbaste (conical moat). Marca de desbaste em torno de objetos, produzida por correntes muitidirecionais, originando uma fossa cônica que tem como centro o obstáculo. A fossa pode mostrar um padrão interno de marcas de ondulações, pequenos sulcos de lavagem e microterraços. Fratura (fracture). O rompimento de um mineral ocorre, geralmente, ao longo da superfície de clivagem ou partição. Quando o rompimento se dá de outra forma que não seguindo aquela superfície recebe o nome de fratura. Fratura conchoidal. Fratura côncava que lembra uma concha. Fratura concoide. Sinônimo de fratura conchoidal. Fratura de tensão. Veja greta tensional transversa. Fratura em crescente (chattermarks, crescentic fracture, crescentic gouge, gouge marks, lunoide furrow, sichelwannen). Fratura curvada com a concavidade indicando, normalmente, o sentido da corrente. Quando apresentarem com aspecto mais linear são denominadas de marcas de vibração. Normalmente estão associadas com estrias glaciais. Origina-se pelo deslocamento de uma massa de gelo sobre um substrato rochoso. Frente deltaica (delta front). Veja em ambiente deltaico. Frústula (frustule). Veja em teca. Ftanita. Veja em Rocha Sedimentar Química. Fugichnia. Veja traços de escape protrusivos e traços de escape retrusivos em estrutura de escavação. Fugichnion. Singular de fugichnia. Fulgurito (fulgurite). Estrutura tubular, vítrea e irregular, originada por fusão da areia quando da queda de um raio. Fundo oceânico (ocean floor). Veja em ambiente marinho. Fusênio (fusain). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. G Galha de argila (clay ball, clay gall, mud pebble, pebble mudstone, shale pebble). Ilustração. Intraclastos de argila coerente que, por dessecação, adquirem formas curvadas (veja greta de contração encurvada), as quais são, posteriormente, transportadas e mergulhadas em matriz arenosa. Na presença de umidade, e graças à compactação, cedem assumindo formas mais planas. Podem também resultar da erosão de camada pelítica. Galha de argila. Ocorrência de clastos de argila (veja em clasto) mergulhados em arenitos. Observe-os à direita acima e também ao lado esquerdo da referência. Porção basal de canal fluvial da Formação Sanga do Cabral, Triássico, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Igualmente, graças à erosão estabelecida sobre depósitos de turfeiras, estes detritos na forma de bolas, podem ser transportados e depositados com outros sedimentos, originando as chamadas bolas de carvão (coal balls). Gastrólito (gastrolits). Veja em grão polido. Geiserita (geyserite). Veja em Rocha Sedimentar Química. Geodo (druse, geodes). São estruturas representadas por cavidades globosas contendo em seus limites um leito externo de calcedônia, e na parte interna cristais que se projetam para o interior. Variam desde poucos milímetros até um ou mais metros de diâmetro. Os cristais internos geralmente são de quartzo. Podem ainda surgir, mais raramente, calcita, dolomita, aragonita, anquerita, magnetita, hematita, pirita, milerita, calcopirita, esfalerita, zeolita, caulim e betume. Para alguns, os geodos silicosos resultam de concreções calcárias, de forma e tamanho semelhantes, que, por diagênese, converteram-se naquelas estruturas. Para isto, deve ter ocorrido recristalização central, silicificação no exterior seguida da dissolução da porção central e subsequente precipitação do preenchimento cristalino (drusas). Para outros, é necessária a existência de uma cavidade primordial (cálice de crinoide, bivalvo, etc.) de onde desenvolve-se o geodo. Na cavidade inicial deve estar presente um fluido, presumivelmente uma solução salina. Amesma é envolvida por uma deposição de sílica gelatinosa que isola a solução salina; o leito gel pode funcionar como uma membrana semipermeável e, por osmose, gerar uma pressão interna, visto que a concentração salina do meio externo é menor. Essa pressão osmótica gera uma expansão. Se isto ocorre antes da consolidação, a lama calcária circundante é empurrada; se ocorrer após a consolidação, o espaço é ganho pela dissolução do calcário, na interface silica - calcário. A expansão diminui a pressão osmótica até que ocorra equilíbrio. Isto inibe a expansão e cessa o crescimento. A sílica se desidrata e cristaliza. Seguem-se fraturas que permitem o acesso de materiais em solução originando deposição da linha de drusa sobre o leito calcedônio primário. Quando existem aberturas irregulares em rochas calcárias, as estruturas recebem o nome de vugs. É comum que sejam parcialmente preenchidos por materiais precipitados. A origem parece estar vinculada à movimentação de água subterrânea em consequência da variação do nível freático. Geometria (dos depósitos) (geometry). Ilustração. É a forma com que se apresentam os corpos sedimentares, pode ser variável e é resultante de alguns fatores, tais como, topografia pré-deposicional, geomorfologia do ambiente deposicional e as mudanças pós- deposicionais. A geometria pode ser determinada em superfície (afloramentos) ou em subsuperfície (testemunhos de sondagens, perfis elétricos, etc.) sendo útil na análise das fácies e dos ambientes deposicionais. As geometrias mais comuns são em cunha (wedge) ou prisma (prism) (relação largura x espessura 5:1 a 50:1), tabulares (tabular) (relação largura x espessura 50:1 a 1 000:1), em corda (cord) ou linear (shoestring) (relação largura x espessura < 5:1), em manta (blanket) ou lençol (sheet) (relação largura x espessura > 1.000:1) e em lente (lens). Geometrias mais comuns de corpos sedimentares. A. Em manta ou lençol. B. Tabular. C. Em cunha ou prisma. D. Em cordão. E. Em lente. Fonte: Krynine 1948, modificado. Gesso (plaster). Veja em Rocha Sedimentar Química. Gradação de densidade (density grading). Estrutura que ocorre em rochas vulcânicas, especialmente onde pedra-pome ou outra rocha vesicular esteja envolvida. Trata-se de uma camada gradacional inversa onde a densidade dos grãos maiores é menor, deixando-os em níveis verticais mais altos do que aqueles dos grãos menores, porém, com maior densidade. Gradação lateral (lateral grading). Algumas camadas podem apresentar granulometria lateralmente decrescente à medida que a distância da área fonte aumenta. Sua origem se deve à diminuição da competência do agente transportador, que deixa os mais pesados levando adiante os mais leves. Grande duna regressiva. Veja em marca de ondulação regressiva. Grande onda de areia regressiva. Veja em marca de ondulação regressiva. Grain fall. Veja depósito por queda de grãos em ambiente eólico. Grain flow. Veja depósito por fluxo de grãos em ambiente eólico. Granulometria (grabulometry). Medição das dimensões de um clasto. No caso das Rochas Sedimentares Clásticas corresponde a análise e a subsequente classificação do dito litossoma. Grão estriado (glacial gravels, striated blocks, striated boulder, striated cobbles, striated gravel). Grãos geralmente tabulares, sendo a maioria de perfil pentagonal ou arredondado. Podem apresentar estriações quando constituídos de material mais macio (calcários, por exemplo) e não as possuirem caso sejam provenientes de rochas mais duras (granito, por exemplo). As estriações são produzidas por atividade glacial, no entanto, encontram-se seixos estriados por atividade tectônica e por fluxos de lama em climas semi-áridos (veja clima). Grão facetado (faceted grains). Clastos (seixos, pedras, etc.) podem apresentar facetas polidas, foscas ou irregulares, variando em número de um a três, produzidas por abrasão eólica ou por geleiras. Mais raramente resultam da ação da água. Ilustração. Grão facetado. Amostra recolhida no Grupo Itararé, Neocarbonífero-Eopermiano, RS, BR. O facetamento ocorreu por abrasão glacial. Com maior aumento é possível observar estriações (veja também grão estriado). Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Os grãos podem se apresentar alongados, oblongos, elipsoidais, prismáticos, triangulares ou irregulares. Quando produzidos por ação do vento, são chamados ventifatos (ventifacts). Alguns mostram apenas um lado facetado, sendo reconhecidos como eikanter. Quando apresentarem três lados facetados, denominam-se dreikanter. A B C D E Grão polido (polish grain). Alguns grãos (seixos, grânulos, areia, etc.) podem apresentar superfícies polidas. Este polimento resulta tanto de processos abrasivos quanto deposicionais. Nas praias, nas regiões glaciais e regiões tectonizadas, os grãos duros podem sofrer polimento. Um caso comum, em desertos, é o polimento deixado pela precipitação química durante a evaporação do orvalho, reconhecido como verniz do deserto (desert varnish). Outro exemplo de polimento é o caso especial dos gastrólitos (gastrolits), grãos polidos encontrados no estômago de certas aves, répteis e mamíferos marinhos. Gravifossa (gravifossum). São estruturas de falhas penecontemporâneas que mostram um bloco subsidente (como graben) limitado por duas falhas maiores e muitas falhas de pequena escala. Nesta estrutura, pode ser gerada estrutura brechosa devido à natureza rígida dos sedimentos. Esta feição pode ser originada por fenômenos de compactação, deslizamento de sedimentos arenosos ou pelíticos. Greta de congelamento (frost cracks, ice cracks, ice-wedge traces). Fissuras em forma de “V” que podem alcançar muitos metros de profundidade, largura e extensão. São, não raro, preenchidas por materiais alóctones. Comumente originam-se em regiões frias, onde os solos e sedimentos superficiais são deformados e gretados por ação do congelamento. Em zonas polares, acumulam-se seixos ao longo das gretas, originando, em planta, feições como retículos poligonais seixosos (ice wedge polygons) e, em corte, visualiza-se involução. Greta de congelamento. Solo permafrost de região polar. Quaternário, Antártica. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Henrique Carlos Fensterseifer. Greta de contração (disiccation cracks, disiccation fissures, disiccation mark, disiccation mudcracks, klizoglyph, mud-crack, mud cracks cast, polygonal shrinkage crack, shrinkage cracks, sun cracks). Ilustração. Fendas formadas pela dessecação, compactação ou mudança mineralógica de sedimentos pelíticos determinando o surgimento de padrões poligonais, comumente com quatro lados, podendo variar de três a seis lados, graças à redução de volume. Esta estrutura também ocorre em solos e mantas de algas dessecados. ilustração. Sob o termo greta de contração encontram-se as seguintes formas: greta de contração linear, greta de contração encurvada, greta de contração encurvada reversa, gretas irregulares (veja greta de solo), greta de sinérese e greta de contração deformada. Greta de contração. Feições desenvolvidas em depósito de interdunas úmido. Ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. De acordo com o ângulo entre as fissuras, podem ser gretas de contração ortogonais, quando formam um ângulo de 90o, e gretas de contração não ortogonais, quando o ângulo for diferente. As ortogonais podem formar sistemas casuais, sem orientação, ou sistemas orientados, onde duas direções preferenciais são encontradas. Tanto as ortogonais como as não ortogonais podem mostrar um padrão completo, quando toda a superfície for fissurado, ou um padrão incompleto quando as fissuras são isoladas em grupos dispersos sem cobrir toda a superfície. As fissuras ortogonais,orientadas e incompletas podem ter três variedades: 1. Fraturas alongadas em uma direção predominante. 2. Arranjos de gretas similares a roseta com gretas radiais partindo de outra. 3. Fraturas que se cruzam formando uma cruz ortogonal. Greta de contração não ortogonal. Feição desenvolvida em manta de algas. Ambiente litorâneo marinho. Quaternário do RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. De acordo com o bordo da fissura, podem ser retilíneas ou curvilíneas e ainda regulares, quando o bordo é liso e irregulares quando é denteado. Veja também molde de greta de contração. Greta de contração deformada (crumpled mud-crack, crumpled mud-cracks casts, molar- tooth structures). Gretas de contração nas quais o material arenoso que preenche as gretas, pode, posteriormente, sofrer compactação diferente do sedimento pelítico que contém as rachaduras, ocasionando deformações na estrutura. Greta de contração encurvada (clay cylinders, loop bedding, mud crust, mud curl). Ilustração. Gretas de contração desenvolvidas em sedimentos de fina granulometria que se curvam para cima durante a dessecação. Normalmente, o encurvamento é tão intenso que se formam pequenos cilindros enrolados e soltos, que podem vir a ser englobados em sedimentos de cheias posteriores (veja intraclasto). Greta de contração encurvada. Depósito interdunas litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando desenvolvidas em ambientes desérticos quentes, podem ser transportados pelo vento ou, in situ, serem recobertas por sedimentos arenosos. Gretas de contração encurvadas preservadas na base de camada de arenito do Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Abaixo da referência está o nível com as estruturas dispostas em posições diversas. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também estratificação anelar. Greta de contração encurvada reversa (reverse mud curl). Gretas de contração como às gretas de contração encurvadas, porém, contrariamente a estas, as curvaturas são para baixo, possivelmente devido à presença de minerais salinos. Greta de contração linear (incomplete shrinkage cracks, linear-shrinkage crack, pseudo mud cracks, radiate mud crack, subaqueous shrinkage crack). Tais gretas de contração são abertas, retas ou sinuosas podendo ocorrer isoladas, ou em conjunto. Podem mostrar orientação preferencial paralela aos lados de depressões ou as cristas de marcas de ondulações. Estas feições, comumente, originam-se sob águas paradas. Veja também greta de sinérese. Greta de contração não ortogonal. Veja em greta de contração. Greta de contração ortogonal. Veja em greta de contração. Greta de dessecação. Veja greta de contração. Greta de sinérese (shrinkage cracks subaqueous, subaqueous shrinkage crack, synaeresis cracks, syneresis cracks). São gretas de contração que, provavelmente, se originam subaquosamente ou por desidratação de materiais como gel, ou por floculação de argilas, seguida de rápida compactação, ou ainda, por diferença de salinidade entre o meio aquoso e o material a se gretar. Veja também greta de contração linear. Greta de solo (subaerial sun-crack). São gretas de contração que ocorrem em solo seco, onde formam, como norma, polígonos com 4 a 5 lados. Diferem das gretas de contração comuns porque os lados dos polígonos são irregulares e não retos a curvos como nas demais. Greta irregular. Veja greta de solo. Greta tensional transversa (deformation marks, open tension cracks, tension cracks, transverse tension cracks). Marcas de deformações causadas por corrente e não diretamente relacionadas com marcas de desbaste e marcas lavradas por objetos, sendo pequenas e transversas, possuindo, quando na forma de moldes, um aspecto superficial similar a amarrotamentos. Estas feições se originam a partir de pequenas cristas associadas a algumas marcas lavradas por objeto, nas quais o lado voltado no sentido da corrente apresenta-se como marcas de empuxo e, no lado oposto, o efeito tensional do objeto desenvolve tais gretas. Também podem surgir através de uma suspensão densa, fluindo sobre superfícies particulares. Grupo (group). Veja em unidade litoestratigráfica. H Halita (halite). Sinônimo de sal-gema. Veja também Rocha Sedimentar Química. Hiato (gap). Intervalo na sedimentação. Hidratação (hydration). Veja em intemperismo. Hidrólise (hydrolysis). Veja em intemperismo. Hieroglifo (hieroglyph). Qualquer marca encontrada nos planos de estratificação, geralmente empregado para marca de sola de uma camada. Podem ser: 1. Bioglifo (veja icnofóssil). 2. Cataglifo (kataglyph). Formada durante a catagênese (sob uma cobertura de camadas). 3. Diaglifo (diaglyph). Originada durante a diagênese. 4. Endoglifo (endoglyph). Localizada dentro de uma camada. 5. Epiglifo (epiglyph). Quando no topo da camada. Ilustração. 6. Erpoglifo (erpoglyph). Aplicada a rastos de vermes (veja icnofóssil). 7. Exoglifo (exoglyph). Localizada na superfície de uma camada. 8. Hiperglifo (hyperglyph). Formada durante a meteorização. 9. Hipoglifo (hypoglyph). Quando situada na base da camada (veja marca de sola). 10. Ksimoglifo (veja marca de sulco lavrado por objeto). 11. Mecanoglifo (mechanoglyph). Quando de origem mecânica. 12. Meta glifo (metaglyph). Formada durante o metamorfismo. 13. Olistoglifo (olistoglyph). Marca de deslizamento no plano de estratificação ou deslizamento interlaminar. 14. Reoglifo (rheoglyph). Originada por deformações singenéticas, devido a deslizamentos e processos semelhantes (veja estrutura de deformação penecontemporânea). 15. Singlifo (synglyph). Marca de origem contemporânea com a sedimentação. 16. Turboglifo. Epiglifos. Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo- Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Hiperciclotema (hypercyclothem). Veja em ciclotema. Hiperglifo (hyperglyph). Veja em hieroglifo. Hipersalina (hypersaline). Águas cujo teor em sais, especialmente cloreto de sódio (NaCl), está acima de 35 g/l que é a salinidade dos mares. Hipoglifo (hypoglyph). Veja em hieroglifo. Hulha (bituminous coal). Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Hummocky. Veja em estratificação cruzada por onda. Hypichnia. São estruturas de bioturbação, preservadas na face inferior do meio principal de moldagem. Podem aparecer como saliências ou depressões. No singular diz-se hypichnion. Hypichnion. Singular de hypichnia. I Icnofóssil (bioglyphs, biohieroglyphs, figurative structures, ichnofossil, lebensspuren, organism trails, trace fossils). Termo utilizado para pistas, pegadas, traços e tubos fósseis. Trata-se de um hieroglifo de origem orgânica. Também pode ser mencionado como bioglIfo. Traços fósseis são registros deixados pela passagem do organismo e não incluem porções preservadas do mesmo. Somente raras petrificações são encontradas em conjunto com traços fósseis, indicando ser a petrificação o resto do organismo responsável pelo traço. Geralmente, traços fósseis são classificados de acordo com a nomenclatura biológica de Linné, envolvendo icnogênero e icnoespécie. Tal nomenclatura é aplicada somente para a estrutura e não para o agente causador da mesma. Um animal pode originar diferentes traços fósseis ou, alternativamente, um dado traço fóssil ser formado por várias espécies de animais. Veja também estrutura de bioturbação. Idade (age). Idade, uma unidade geocronológica, corresponde a Andar, uma unidade cronoestratigráfica. Ilha-barreira (barrier island). Veja em ambiente lagunar e também recife-barreira em recife. Imbricação (edgewise structure, imbricate structure, imbrication, shingle structure). Ilustração. Estrutura caracterizada pelorecobrimento parcial de fragmentos tabulares ou elipsoidais que mergulham no sentido contrário ao da corrente. É uma estrutura de fábrica dos grãos, tal qual lineação de partição. A imbricação é devida à ação de corrente. Imbricação. Conglomerado em matriz arenosa. O retângulo assinala a estrutura e a seta indica o sentido da corrente que originou a feição. Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Imbricação de seixos. Veja imbricação. Impressão de bolha (bubble impression, bubble print, gas bubble, gas heave structures, gas pit, pit-and-mound structure, sand holes, spring pits-with-mounds). Marcas deixadas na superfície pela ascensão de gases que estavam aprisionados no sedimento ou por geração dos mesmos a partir de matéria orgânica em putrefação, soterrada por sedimentos finos. A retenção do gás sob uma lâmina em superfície, determina a formação de pequenas estruturas dômicas, os domos arenosos (air heave structure, sand domes) (ilustração), enquanto a expansão gasosa súbita origina feições cônicas com um orifício central (ilustração). Em certas situações, o escape gasoso origina uma estrutura sem forma cônica na qual as lâminas abatem-se para dentro do leito (ilustração). Veja também vulcão de areia e vulcão de lama. Domos arenosos. Sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Feição cônica com orifício central. Sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Referência: Carlos Henrique Nowatzki. Impressão de bolha com lâminas abatidas. Sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Impressão de cristal (crystal casts, crystal clusters, crystal imprints, crystal mold, gypsum crystals, ice crystal casts, ice crystal imprints, ice crystal marks, salt crystal casts). Cristais de gelo, de sais, etc., podem ser dissolvidos ou fusionados deixando suas impressões nos sedimentos. Posteriormente, estas impressões podem ser preenchidas por outros sedimentos resultando cristais pseudomorfos (pseudomorphs). Normalmente, os pelitos são mais favoráveis à preservação. Moldes de cristais de pirita ou marcassita podem também ser preenchidos e, posteriormente, confundidos com pseudomorfos de sais, porém, os seus contra-moldes comumente mostram as faces encovadas. Impressão de espuma (foam impressions, foam marks). Ilustração. Feições que, normalmente, ocorrem agrupadas com muita variação de tamanho em uma superfície limitada. Aparecem como pequenas covas amontoadas. Impressão de espuma. O conjunto de estruturas está limitado, na parte superior, pela linha de deixa. Sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Referência: Carlos Henrique Nowatzki. Originam-se a partir de bolhas de espuma que deixam a impressão de seus bordos no sedimento macio, muito comumente em zonas de praia. Impressões de espuma alongadas, em semelhança à cauda, podem ser produzidas pelo movimento da espuma ao longo de superfícies praiais inclinadas ou quando sopradas pelo vento (ilustração). Impressão de espuma. O deslocamento da espuma pelo vento sobre as areias da praia deixa rastros de sua passagem. Sedimentos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. É comum a associação com linha de deixa. Inland sebha. Veja lago de deserto em ambiente eólico. Inlets. Veja canais em ambiente lagunar. Intemperismo (weathering). É o conjunto de processos que atinge todas as rochas, ígneas, sedimentares e metamórficas, levando à sua desagregação e/ou decomposição. Desagregar (também desintegrar, disintegrate) é uma ação física de partição da rocha, ou seja, os fragmentos oriundos da rocha-mãe (veja em rocha) mantém intactas as propriedades dela, tais como, mineralogia e textura. Decompor (decompose) é ato químico e o produto desta ação apresentará características diversas se comparadas à rocha-mãe. Da atuação destes processos resulta a geração de outras rochas sedimentares ou solos. Os agentes intempéricos físicos mais importantes são: 1. Expansão e contração dos minerais devido a variações da temperatura. 2. Pressão de congelamento da água em fissuras das rochas. 3. Compressão do ar em fissuras das rochas por ação do impacto de ondas. 4. Pressão de cristalização de sais em fraturas e cavidades das rochas. 5. Expansão de minerais por alívio de pressão. 6. Ação biológica, tais como crescimento de raízes de vegetais e perfuração de rochas por animais. Entre os agentes intempéricos químicos mais significativos, podemos listar: 1. Dissolução (dissolution): processo físico-químico em que a percolação da água corrente ou infiltrada destrói materiais solúveis pelos quais migra, como, p. ex., o sal-gema que é composto por halita (NaCl). 2. Oxidação (oxidation): processo químico em que há perda de elétrons por um átomo, grupo ou espécie iônica durante uma reação química, como a representada pela equação da oxidação do ferro. Fe + O2 Fe2O3 3. Carbonatação (carbonation): processo de solubilização de CO2 na água o que resulta na formação do ácido carbônico, conforme a equação CO2 + H2O H2CO3. O ácido, apesar de fraco, auxilia na decomposição de rochas, especialmente os calcários (veja Rocha Sedimentar Orgânica e também Rocha Sedimentar Química). 4. Hidrólise (hydrolysis): reação química que resulta na alteração de minerais por ação de fluido aquoso com íons de hidrogênio (H+) ou de oxidrila (OH-), os quais substituem íons que são liberados para a solução. Como exemplo pode ser citada a caulinização de K feldspato que libera K+ e SiO2 em solução. 5. Hidratação (hydration): reações químicas em que água é adicionada a estrutura cristalina de um mineral processo que culmina, em geral, com o surgimento de uma nova espécie mineral designada hidrato. Por aquecimento a água pode ser retirada do hidrato. A anidrita ao ser hidratada dá origem a gipsita, conforme a equação: CaSO4 + 2 H2O CaSO4 . 2 H2O. 6. Redução (reduction): é um processo químico em que há aquisição de elétrons por parte de um átomo. Contudo, ao mesmo tempo, há perda de elétrons por parte de outro átomo envolvido no processo, ou seja, este último se oxida. Por esta razão, designa-se o processo de oxirredução. Interacamadamento fino. Veja estratificação finamente interacamada. Interacamadamento grosseiro. Veja estratificação espessamente interacamada. Interacamamento. Veja estratificação espessamente interacamada e também estratificação finamente interacamada. Interacamamento areia/lama. Veja estratificação espessamente interacamada e também estratificação finamente interacamada. Interduna (interdune). Veja em ambiente eólico. Interestratificação. Veja estratificação paralela horizontal. Interestrato (interstrata, intrastratal). Veja em estratificação paralela horizontal. Intraclasto (clay chip, disruption structure, flat cast, intraclast, intraformational clast, shale cast). Fragmentos geralmente lamosos e arenosos, normalmente resultantes de processo de dessecação (veja greta de contração), que são deslocados e redepositados em uma matriz. Veja também galha de argila. Involução (ice-wedge traces, involution). Consistem de massas sedimentares intensamente deformadas que originalmente foram depositadas como camadas horizontais. São estruturas deformacionais originadas por movimentos verticais locais causados por congelamento diferencial e formação de gelo no subsolo. Encontram-se associadas a gretas de congelamento e representam o preenchimento destas.Podem se expressar como dobras sinformes amarrotadas ou como corpos verticalizados, geralmente com o eixo longo com clastos verticais (vertical clasts, vertical stones) (veja em clasto pingado), conferindo fábrica de grãos verticalizados (vertical grain fabric). J Jaspe (jasper). Veja em Rocha Sedimentar Química. Junta cárstica (kluftkarren). Fraturas alargadas por dissolução (veja em intemperismo) que separam as estruturas cársticas planas ou as estruturas cársticas pontiagudas. Possuem largura entre 20 m e 50 m no topo, com 1 a 2 metros de profundidade. Excepcionalmente alcançam largura de 3 e profundidade de 22 metros. Alargam-se ou estreitam-se com a profundidade. Podem estar parcial ou totalmente preenchidas por solo, desenvolvendo vegetação. K Kattle. Veja em ambiente glacial. Keazoglifo (keazoglyph). Veja blocos rompidos por tração em estrutura brechosa. Ksimoglifo (ksimoglyph). Veja marca de sulco lavrado por objeto. L Lago de deserto (playa lake, sabhka, inland sabka). Veja em ambiente eólico. Lama (mud). Sedimentos com granulometria entre 0,125 mm e 0,062 mm. Lâmina (laminae, lamination). Ilustração. Constituem as menores unidades de sedimentação megascópicas de uma sequência sedimentar. Lâmina. Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo- Triássico, RS, BR. Testemunho cedido pela CPRM. Na referência, a escala é em centímetros, à direita, e polegadas, à esquerda. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Geneticamente, as lâminas são “pequenas camadas”, logo, possuem feições similares, com as seguintes exceções: 1. São relativamente uniformes em composição e textura, podendo apresentar algumas feições gradacionais. 2. Não possuem, aparentemente, estrutura interna. 3. Possuem extensão em área menor ou igual à camada que as contém. 4. Formam-se em tempo mais curto em relação ao período da camada que as contém. Geralmente, têm espessuras milimétricas e, algumas vezes, podem ser medidas em centímetros. A origem das lâminas é o resultado de algumas flutuações menores dentro das condições físicas constantes que formam a camada. Quando não podemos fazer a distinção entre camadas e lâminas, pode-se utilizar o termo descritivo leito (layer, layered sediments). Para muitos, o termo lâmina tem o significado de que estas “pequenas camadas” possuem espessura igual ou inferior a 1 cm. É preciso registrar que uma camada maciça pode ter sua origem pela destruição de sua laminação. Pelo conceito de lâmina, caso não seja possível identificar um leito maciço como uma camada desestruturada, este leito pode realmente representar uma lâmina. Laminação (laminated bedding, lamination). Termo usado para descrever sequências sedimentares que exibem um arranjo de lâminas dentro de uma camada ou estrato cujas lâminas estão separadas por planos lamninares. A laminação pode ser: 1. Laminação ondulada cavalgante (veja marca de ondulação cavalgante). 2. Laminação paralela horizontal. 3. Laminação angular. 4. Laminação tangencial. 5. Laminação côncava. 6. Laminação sigmoidal. 7. Laminação cruzada. 8. Laminação irregular. 9. Laminação convoluta (veja em estrutura convoluta). 10. Laminação convoluta cavalgante (veja em estrutura convoluta). 11. Laminação convoluta em cúspide (veja em estrutura convoluta). 12. Laminação corrugada (veja em estrutura convoluta). 13. Laminação de camada plana (veja em laminação paralela horizontal). 14. Laminação drapeada (veja em marca de ondulação cavalgante em fase). 15. Laminação transcorrente. 16. Laminação convoluta meta deposicional. 17. Laminação convoluta pós- deposicional. 18. Laminação convoluta sindeposicional. 19. Laminação cruzada em retrocesso (veja em marca de ondulação regressiva). 20. Laminação ondulante (veja em marca de ondulação regressiva). Laminação acanalada. Veja laminação côncava. Laminação angular (diagonal lamination, laminites II, torrential cross lamination). Ilustração. Trata-se do arranjo laminar dentro de uma camada, cujas lâminas mostram contato em ângulo oblíquo em relação às superfícies limitantes da camada. Laminação angular. Depósitos de interdunas eólicos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. É também denominada, microestratificação, microestratificação angular ou laminação diagonal. Laminação côncava (trough-cross- lamination). Trata-se do arranjo laminar em uma camada, cujas lâminas mostram contato fortemente tangencial em relação à superfície limitante inferior da camada. Também referida como: laminação em calha, laminação acanalada, microestratificação côncava, microestratificação em calha e microestratificação acanalada. Laminação convoluta (convoluted laminae, convoluted lamination, convolute laminated structures, convolute lamination). Veja em estrutura convoluta. Laminação convoluta cavalgante (convolutions drift, ripple-load convolution). Veja em estrutura convoluta. Laminação convoluta em cúspide (cusp structure). Veja em estrutura convoluta. Laminação convoluta meta deposicional (metadepositional convolute lamination). Compõe-se de estruturas convolutas surgidas imediatamente antes ou após cessar a deposição. As dobras são truncadas por unidades depositadas no topo, nas quais vulcões de areia podem jazer acima das antiformes ou por uma superfície interna de erosão logo abaixo da unidade sobreposta. Laminação convoluta pós-deposicional (post-depositional convolute lamination). Compõe-se de estruturas convolutas que surgem algum tempo após o início do soterramento. As dobras possuem maior amplitude no centro da camada convolucionada e afinam para cima e para baixo até lâminas não deformadas. Laminação convoluta sindeposicional (syndepositional convolute lamination). São estruturas convolutas formadas, episódica ou continuamente, durante a deposição de uma camada. A principal evidência disto é o afinamento erosivo de grupos de lâminas das dobras sinformes na direção das dobras antiformes, terminando, muitas vezes, com o truncamento das dobras antiformes. Como na variedade de laminação convoluta meta deposicional, as dobras podem ser cortadas pelo topo da camada ou por uma superfície de erosão. Quando esferoides contêm as laminações convolucionadas estas são observadas em matriz maciça, fato provavelmente devido ao escape de água, a feição resultante é denominada slump mélange. Ilustração. Laminação convoluta sindeposicional. Os esferoides que contêm as laminações convolucionadas estão mergulhados em matriz de pelitos. Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Laminação corrugada (corrugated lamination). Veja em estrutura convoluta. Laminação cruzada (cross laminae, cross lamination, current ripple lamination, medium- scale trough cross-stratification, micro-cross lamination, ripple drift cross-stratification, small-scale trough cross-stratification, wispy cross stratification). Ilustração. Tal como estratificação cruzada, esta forma de laminação pode ser considerada quando as lâminas apresentarem-se inclinadas em relação às superfícies limitantes. Na estratificação cruzada a relação feita está para a atitude entre as camadas. Na laminação cruzada a relação pode ser feita entre as lâminas de uma camada, que pode ser angular, tangencial, côncava ou sigmoidal, ou com as lâminas adjacentes de outra camada. Laminação cruzada. Arenito da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Laminação cruzada angular. Veja laminação angular. Laminação cruzada completa de sequência frontal de ondulação. Veja marcas de ondulações cavalgantes fora de fase não erosiva em marca de ondulação cavalgantefora de fase. Laminação cruzada de marca ondulada. Veja marca de ondulação cavalgante. Laminação cruzada de sequência frontal de ondulação. Veja marca de ondulação cavalgante fora de fase. Laminação cruzada em retrocesso (counter- current cross lamination). Veja em marca de ondulação regressiva. Laminação cruzada regular. Veja laminação angular. Laminação cruzada tangencial. Veja laminação tangencial. Laminação cruzada torrencial. Veja laminação angular. Laminação cruzada transladante cavalgante. São as lâminas que constituem um estrato cavalgante. Laminação cruzada truncada de sequência frontal de ondulação. Veja marcas de ondulações cavalgantes fora de fase erosiva em marca de ondulação cavalgante fora de fase. Laminação de camada plana (plane bed lamination). Veja em laminação paralela horizontal. Laminação de forma ondulada completa. Veja marca de ondulação cavalgante em fase. Laminação de forma ondulada incompleta. Veja marca de ondulação cavalgante fora de fase. Laminação diagonal. Veja laminação angular. Laminação drapeada (draped lamination, type c ripple drift cross lamination, type 3 ripple drift cross lamination). Veja em marca de ondulação cavalgante em fase. Laminação em calha. Veja laminação côncava. Laminação enrugada. Veja estrutura de escorregamento. Laminação horizontal. Veja laminação paralela horizontal. Laminação irregular (irregulary layered structures). Laminação perturbada de uma camada em que as lâminas mostram tendência à horizontalidade, mas apresentam superfícies limitadas por irregularidades ou por lentes que se destacam da matriz por diferente composição granular. Podem ser primárias ou secundárias. No primeiro caso incluem estratificação flaser irregularmente ordenada, depósitos resultantes de sedimentação em substrato irregular e depósitos resultantes de oscilações na intensidade de movimentação da água e diferente transporte do detrito. As secundárias são predominantes e resultam da atividade de organismos escavadores (veja estrutura de bioturbação). Laminação ondulada cavalgante. Veja marca de ondulação cavalgante. Laminação ondulante (undulating lamination). Veja em marca de ondulação regressiva. Laminação paralela. Veja laminação paralela horizontal. Laminação paralela horizontal (flat-bed laminae, horizontal lamination, parallel laminated estructures, parallel lamination, plane parallel laminae). Ilustração. Consiste na superposição horizontal das lâminas dentro de uma camada. As mesmas apresentam-se paralelas entre si ou paralelas ao plano de limite da camada. Laminação paralela horizontal. Arenitos e pelitos (veja em Rocha Sedimentar Clástica) intercalados. Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. Testemunho cedido pela CPRM. Referência em centímetros. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As lâminas podem ser contínuas (veja laminação paralela horizontal contínua) ou descontínuas (veja laminação paralela horizontal descontínua). Esta estrutura origina-se em regime de fluxo superior (veja em regime de fluxo) ou em regime de fluxo inferior (veja em regime de fluxo). Quando esta laminação se origina em camada arenosa eólica graças a tempestades de areia, recebe o nome específico de laminação de camada plana (plane bed lamination), que se caracteriza por sua uniformidade e ângulos de mergulho menores do que 15o. Veja também laminação transcorrente. Laminação paralela horizontal continua. Consiste na superposição horizontalizada das lâminas dentro de uma camada. Apresentam-se paralelas entre si ou paralelas ao plano de estratificação. São uniformes, finas e lateralmente contínuas. Sua formação está ligada, provavelmente, a correntes de baixa velocidade. Veja regime de fluxo. Laminação paralela horizontal descontínua. Consiste na superposição horizontalizada das lâminas dentro de uma camada. São uniformes, menos finas que a laminação paralela horizontal contínua, lateralmente descontínuas podendo apresentar microlentes. Sua formação está ligada, provavelmente, a correntes de alta velocidade. Veja regime de fluxo. Laminação plana. Veja laminação paralela horizontal. Laminação plano-paralela. Veja laminação paralela horizontal. Laminação por marca de ondulação (ripple form lamination, ripple laminae, ripple laminae superimposed in rhythm). Ilustração. Tratam-se de estruturas desenvolvidas por ação de rcas de ondulações, as quais apresentam lâminas onduladas ou laminação cruzada, que são paralelas a sucessivas posições da superfície deposicional ondulada. O uso desta terminologia pode ser feito sempre que pudermos definir, no mínimo, parte da forma das ondulações. Laminação por marca de ondulação. Intercalação areno (níveis claros)-pelítica (níveis escuros). Formação Palermo, Permiano, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Veja também marca de ondulação cavalgante. Laminação sigmoidal (sigmoidal lamination). Trata-se do arranjo laminar em uma camada, cujas lâminas mostram-se tangenciais em relação às superfícies limitantes inferior e superior da camada. Esta estrutura sedimentar é também denominada microestratificação sigmoidal (sigmoidal micro-stratification). Laminação tangencial (tangencial cross- bedding). Ilustração. Trata-se do arranjo laminar em uma camada, cujas lâminas mostram contato levemente tangencial em relação à superfície limitante inferior da camada. Laminação tangencial. Arenitos do Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. A seta indica a paleocorrente. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. É também denominada microestratificação tangencial. Laminação transcorrente (horizontal discontinuous stratification, horizontal parallel stratification, laminites I, planar bedding, plane bedding, transcurrent lamination, uniform stratification). Consiste na superposição horizontalizada das lâminas dentro de uma camada. As mesmas apresentam-se paralelas entre si ou paralelas ao plano de estratificação. São uniformes, finas, lateralmente contínuas ou descontínuas, podendo até mesmo apresentar microlentes de material mais grosso. Possivelmente, correspondem a marcas de ondulações por corrente, planas, formadas de areia mal classificada, cavalgantes. Devido ao extremo achatamento, uniformidade e constância, as ondulações geram lâminas alternadamente grossas e finas de grande regularidade. As mais grossas acumulam-se à jusante, mas em inclinações muito suaves para que ocorra o deslizamento. As lâminas de fina granulometria, nas quais ocorre lineação por corrente, estão nos lados da montante. Para sua formação soma-se, provavelmente: 1. Flutuações na velocidade. 2. Repetição de correntes. 3. Fluxo laminar na camada. 4. Segregação de sedimentos mais grossos em grupos distintos. 5. Classificação de grãos na carga da camada. Lâmina comprimida (stretched laminae). Veja em estrutura de avalanche. Lâmina frontal (foreset, foreset laminae, grain fall laminae, grain fall lamination). Veja em marca de ondulação. Lâmina obliterada (fade-out laminae). Veja em estrutura de avalanche. Lâmina sigmoide. Veja em ambiente deltaico. Lâmina superposta fora de ritmo ou fase. Veja marca de ondulação cavalgante fora de fase. Lamito. Veja em Rocha Sedimentar Clástica. Lamito esponjoso (gas bubble cavities in muddy sediments). Compõe-se de camadas lamosas que mantém cavidades de bolhas gasosas anteriormente aprisionadas. As bolhas originam-se graças à decomposição de matéria orgânica e conferem o aspecto cavernoso da camada. Lapiaz. Veja estrutura cárstica. Lasca de folhelho ou argila. Veja intraclasto. Laterita (laterite). Nos solos desenvolvidos em regiões tropicais ricos em ferro, a acumulação deste elemento varia desde material terroso a granular ou mesmo rocha dura com textura pisolítica(veja pisólito) denominada duricrosta (ilustração), uma espécie de caliche. Laterita. Laterita itacura (ou itacuru), seta. Cenozóico, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Lebensspuren. Veja em estrutura de bioturbação. Leito. Ilustração. Veja em lâmina. Leito. Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo- Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Leito concrecionário (concretionary layers, lumpy bedding, nodular bedding). Trata-se de um leito, dentro de uma unidade de sedimentação que é um corpo estratiforme como, por exemplo, uma lente de calcário ou uma camada onde há concentração de concreções. Sua origem é por ação diagenética. Veja também estratificação nodular. Lençol arenoso em forma de gota (drop-like sheet of sand). Tratam-se de estruturas em forma de lençóis de areia cujos bordos externos assemelham-se as gotas. As extremidades mais grossas, alinhadas à corrente, indicam o sentido do fluxo. Sua origem está associada a escorregamentos que liquefazem camadas arenosas inferiores, as quais introduzem diques sedimentares que, na camada superior, liberam línguas de areia que ficam embebidas em sedimentos mais finos soto-postos. Lençol de escorregamento (slump sheet). Camada de espessura limitada e ampla extensão constituída por materiais escorregados. Veja também estrutura de escorregamento. Lençol freático. Área próxima à superfície onde se localiza a água subterrânea. Lenhito. Veja em Rocha Sedimentar Orgânica. Lente (lens). Ilustração. São estratos ou camadas que apresentam acunhamento bilateral quando vistos em seção. Lente. Lente de arenito médio a grosso mergulhado em sedimentitos pelíticos. Formação Rio Bonito, Permiano, RS, BR. A seta indica a direção da paleocorrente. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos. Carlos Henrique Nowatzki. Leque deltaico (fan delta). Veja em ambiente deltaico. Leque de lavagem. Veja em ambiente lagunar. Leque de marca de ondulação (ripple fans). Veja em mega marca de ondulação. Lineação (lineation, substratal lineation). Termo empregado para qualquer classe de estrutura linear, desenvolvida na superfície, dentro ou na base da camada. Lineação de partição (current lineation, current parting, parting lineation, parting step lineation, primary current lineation). Ilustração. Trata-se de uma série de cristas e sulcos pequenos, rasos e subparalelos desenvolvidos sobre planos de partição (veja em plano de estratificação) de sedimentos finamente laminados. A largura das cristas e sulcos é muito maior do que a altura, sendo ambos achatados. Possui a aparência de degraus baixos e paralelos separados por áreas relativamente amplas e chatas. Lineação de partição em plano de estraficação. Arenitos da Formação Botucatu, Juro-Cretáceo, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Origina-se, possivelmente, sob condições de regime de fluxo superior (veja em regime de fluxo), podendo também formar-se em regimes de fluxo inferior (veja em regime de fluxo) e é efeito da orientação subparalela da fábrica dos grãos. Tais estruturas, por vezes, correspondem ao antigo plano de estratificação. Veja também lineação por corrente. Lineação de partimento. Veja lineação de partição. Lineação glacial (glacial lineations). São todas as lineações produzidas pelo deslocamento de gelo. São elas: 1. Fratura em crescente. 2. Estria glacial. 3. Criossombra de obstáculo. 4. Estria glacial rombuda. 5. Sulcos glaciais (veja em estria glacial). Lineação por corrente (current lineation, graination, parting lineation, parting plane lineation, primary current lineation, sand streak, scour lineation, streaming lineation). Ilustração. Compõe-se de sulcos e cristas subparalelas, de baixo-relevo, que cobrem superfícies de acamadamento. Origina-se em correntes com velocidade relativamente alta, orientando-se paralelamente à direção do fluxo. Lineação por corrente. Alinhamento das areias transportadas pelo vento em ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Muito provavelmente, por ação de correntes separadoras e aproximadoras de grãos, formam-se listras de fluxo longitudinal (streaky structure) que conferem uma orientação subparalela à fábrica de grãos (streaky structure de Allen, 1982). Os arenitos são os que melhor preservam a estrutura. Quando os sulcos preenchidos originam contra-moldes com até 30 cm de largura e até 2 metros de comprimento, podemos falar em mega lineações por corrente (shooting flow cast). Não deve ser suposto que lineação por corrente seja apenas encontrada em associação com sedimentos arenosos laminados paralelamente. Também ocorre em ambiente erosivo sobre costas de marcas de ondulações e dunas. Língua arenosa de avalanche (cone-shaped structure, grain flow, sand-flow, sand-flow tongues, tongue-shaped structure). Ilustração. São estruturas de avalanche que ocorrem nas marcas de ondulações, notadamente nas mega marcas de ondulações, onde a face de maior inclinação pode apresentar faixas estreitas de sedimentos que escorregam até a calha originando estruturas como línguas. As mesmas possuem, na porção superior, uma feição côncava para cima, estando separadas umas das outras por superfícies convexas para cima. As “línguas” arenosas mostram granulometria mais grossa que as lâminas frontais (veja em marca de ondulação). Tais formas de avalanche são mais comuns em corpos arenosos de ambientes eólicos, uma vez que o comportamento individual dos grãos secos favorece a maior incidência desta estrutura nestes locais. Línguas arenosas de avalanche. Duna eólica litorânea marinha. Quaternário, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. A repetição destas feições na face de escorregamento das dunas determina um padrão de estratificação chamada estratificação cruzada por lâminas frontais e línguas arenosas de avalanche. Ilustração. Estratificação cruzada por lâminas frontais e línguas arenosas de avalanche. Seção longitudinal em arenito eólico. As “línguas” são as lâminas em cunha. Grupo Guaritas, Proterozoico, RS, BR. A seta mostra a direção da paleocorrente. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Linha de deixa (swash-marks, wave lines). Ilustração. São delgadas cristas que marcam a linha de maior avanço das ondas. O lado convexo aponta na direção do continente. No lado côncavo, é comum a presença de estriações finas arranjadas em padrão centrípeto ou com forma de vírgula que indicam o lado do mar. Linhas de deixa. Praia arenosa de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Referência: 5,0 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. É comum o acúmulo de areias muito finas para formação das cristas, e, também, podem ser encontrados restos de conchas, madeira, algas, etc. Muito comumente encontradas em associação com lineação por corrente. Vistas em seção originam uma estratificação cruzada, que é denominada de estratificação cruzada de linha de deixa (swash cross stratification). Veja também linha de escombro. Linha de escombro (trash line). Ilustração. Crista que marca o máximo avanço da maré ou de cheias sobre a praia. Nesta linha acumulam-se materiais detríticos heterogêneos. Veja também linha de deixa. Linhas de escombros. As linhas de deixa estão enriquecidas com detritos de origem vegetal. Praia arenosa de ambiente litorâneo lacustre. Quaternário, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Liquefação (liquefaction). Fenômeno em que sedimento coerente passa a se comportar como líquido. Os grãos, então frouxamente unidos, afastam-se e ficam suspensos no próprio fluido intersticial. Ascondições anteriores voltarão quando o fluido escapar e os grãos novamente se reunirem, ainda que de modo frouxo. Listra de fluxo longitudinal (streaky structure). Veja em lineação por corrente. Listra granular (wave-related gravel stripes). Constituem faixas equidistantes de grânulos e pequenos seixos que se distribuem declive abaixo em praias arenosas, protegidas sob condições calmas. As listras podem ter muitos metros de comprimento, porém, com poucos centímetros de espaçamento transverso. São levemente elevadas e comumente interdigitadas com sedimentos arenosos. Sua origem parece estar relacionada a atividade das ondas de lavagem e relavagem. Litificação (litification). Ver em diagênese. Litoestratigrafia (lithostratigraphy). É o estudo que objetiva determinar o empilhamento ou a sucessão estratigráfica vertical de unidades rochosas e das possíveis lacunas existentes entre estas unidades, bem como avaliar a continuidade lateral delas. Litofácies (lithofacies). Veja em fácies. Litologia (lithology). É o estudo e a descrição de uma rocha ou de uma associação de rochas, realizado macroscopicamente em amostras de mão e em afloramentos ou em laboratório com o auxílio de microscopia óptica, ou eletrônica. Litossoma. Sinônimo de rocha. Litosfera (lithosphere). Veja em Crosta Terrestre. Lobos de suspensão. Veja em ambiente deltaico. Loess. Veja em ambiente eólico. Loessito. Veja em ambiente eólico. Lutito. Veja em Rocha Sedimentar Clástica. M Maciço (massive). É a camada ou leito desestruturado. Macromaré. É aquela maré com amplitude superior a 4 metros. Macro-ondulação. Veja mega marca de ondulação e marcas de ondulações gigantes em marca de ondulação. Manto de algas (seaweed mat). Ver em alga. Marca alongada e simétrica. Veja turboglifo. Marca clástica de pressão (pitted pebbles). São depressões rasas e ovais ocorrentes em certos seixos de ruditos, particularmente seixos de chert, formadas por solução no ponto onde cada fragmento é pressionado contra outro, durante a compactação. Podem, também, ser identificadas em areias quartzosas. São feições pós-deposicionais (veja estrutura diagenética). Marca cônica ou triangular. Veja turboglifo. Marca continua. Veja marcas contínuas lavradas por objetos (continuous marks) em marca lavrada por objeto. Marca corrugada (kinneyia ripples, transverse wrinkle marks, transverse wrinkles, wrinkle marks). Constituem feições irregulares como marcas de ondulações miniaturizadas. Geralmente, suas pequenas cristas mostram paralelismo entre si e, ocasionalmente, podem ser curvadas assumindo padrão que lembra um favo de mel. Sua origem tem sido explicada através de dois mecanismos possíveis: 1. Produzidas em superfície sedimentar parcialmente coesiva, coberta por fina lâmina de água (até 1 cm) agitada por forte vento. 2. Produzidas em superfície argilosa coesiva como efeito da ação não erosiva de um fluxo turbidítico. A irregularidade das cristas determina uma feição conhecida pelo nome de marcas milimétricas de ondulações. Marca de adesão piroclástica (current ridges). Veja em marca de ondulação por adesão. Marca de aspersão de água (spray impressions, spray pits). Pequenas estruturas circulares ou elípticas similares as marcas de pingos de chuva, produzidas por aspersão de água (borrifo) sobre sedimentos finos. Marca de carga. Veja estrutura de sobrecarga. Marca de chuva. Veja marca de pingo de chuva. Marca de corrente. Veja marca de ondulação por corrente e também marca de sulco lavrado por corrente. Marca de corrente em forma de pequenas covas. Veja marca de ondulação de interferência e também marca de ondulação de interferência complexa. Marca de cristal de gelo. Veja impressão de cristal. Marca de cristal de sal. Veja impressão de cristal. Marca de deformação (deformation marks). Veja greta tensional transversa. Marca de desbaste (flowage marks, flowage structure, ripple scour, scour marks, scour pit). São todas as estruturas produzidas como resultado de erosão de uma superfície de sedimentos pelo fluxo da corrente sobre ela. A superfície coesiva, porém, inconsolidada, geralmente lama, é esculturada e reformada pela ação de desbaste da corrente. A erosão pode ser devida à formação de redemoinhos em uma corrente turbulenta relacionada aos processos de separação do fluxo. Na gênese das marcas de desbaste há uma transferência de pedaços de sedimentos ou lascas da camada para o fluxo, arranjando-se o desbaste de maneira transversal, diagonal ou longitudinal ao fluxo. O caráter das marcas de desbaste desenvolvido em leitos lamosos depende dos defeitos existentes na camada, da duração dos processos erosivos e das propriedades do fluxo, enquanto o caráter das estruturas produzidas em lama fracamente coesiva, pela pressão do fluido, depende principalmente das propriedades do fluxo. Estas marcas são profusamente produzidas em superfícies lamosas inconsolidadas, porém, são usualmente melhor preservadas na forma de contra-moldes no lado inferior de leitos arenosos sobrejacentes. Graças a isso são mais conhecidos como marcas de sola. Podem ser divididos em: 1. Marca de sulco lavrado por corrente. 2. Estrutura de desbaste em crescente. Marca de desbaste com obstáculo. Veja estrutura de desbaste em crescente. Marca de desbaste diagonal. Veja em sulco erosivo transverso lavrado por corrente. Marca de desbaste longitudinal (longitudinal scour, longitudinal scour marks, obstacle scours). Tratam-se de marcas de desbaste que são, em grande parte, originadas por erosão resultante de extrema concentração de linhas de corrente. Canal e estrutura de corte e preenchimento podem aqui ser incluídas. Marca de desbaste por corrente. Veja marca de sulco lavrado por corrente. Marca de desbaste transversa. Veja sulco erosivo transverso lavrado por corrente. Marca de desbaste transversa e oblíqua. Veja sulco erosivo transverso lavrado por corrente. Marca de deslizamento (slide casts, slide marks). São estruturas produzidas pelo deslizamento subaquoso de grandes massas de sedimentos. As marcas aparecem como sistemas paralelos de sulcos. A massa deslocada pode sofrer rotação deixando as marcas de deslizamento encurvadas. Marca de deslizamento a sota-vento (slump mark). Feições originadas por desmoronamento a sota-vento de dunas ou ondas de areia. Veja também estrutura de avalanche. Marca de empuxo (brush cast, brush mark). Marcas lavradas por objetos, apresentando-se como depressões rasas e alongadas com acúmulo de material argiloso que foi empurrado pelo objeto, formando rugas com aspecto de meia-lua com suas margens convexas no sentido da corrente. Surgem pelo impacto do objeto sobre a superfície argilosa, em muito baixo ângulo, provocando o amontoamento do sedimento à frente do mesmo. Marca de erosão. Veja marca de desbaste, canal com marca de ondulação e também estrutura de corte e preenchimento. Marca de escoriação. Veja em marca de percussão. Marca de escorregamento. Veja marca de deslizamento. Marca de espraiamento. Veja linha de deixa. Marca de estriação por sobrecarga (load cast striation). Estruturas de aspecto como sulcos de lavagem. Sua origem na sobrecarga é duvidosa. Marca de granizo (hail imprints, hail marks, hail pits, hail prints, hailstone impact, hailstone imprints). Feições que lembram às marcas de pingos de chuva. As impressões, contudo, são maiores, mais profundas, mais irregulares e possuem bordas menos contínuas que nas marcas de pingos de chuva. Produzidas pelo impacto de granizo sobre sedimentos. Marca de impacto (impact cast, impact marks). Veja em marca lavrada por objeto e também marca de saltação. Marca de microssulco lavrado por objeto (microgroove cast). Marcas de sulcos lavrados por objetos originados, provavelmente, porgrãos de areia grossa. Marca de objeto. Veja marca lavrada por objeto. Marca de obstáculo. Veja estrutura de desbaste em crescente. Marca de ondulação (current ripples on sand at near-equilibrium, current ripples on silt, ripple mark, ripples, sedimentary ripples). Superfícies geralmente arenosas podem cobrir-se por ondulações conhecidas por marcas de ondulações, comumente formadas em alto ângulo com a direção da corrente, desde que estejam expostas à ação de ondas, de correntes de ar ou água, com grau apropriado de intensidade. Geneticamente podem ser: 1. Marcas de ondulações por ondas. 2. Marcas de ondulações por corrente. 3. Marcas de ondulações combinadas. De acordo com a medida de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega-marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Não raro as marcas de ondulações possuem a face de montante menos inclinada que a de jusante. Em ambas as faces são desenvolvidas lâminas por contínua deposição de sedimentos. Aquelas construídas na face de jusante denominam-se lâminas frontais (foreset, foreset laminae, grain fall laminae, grain fall lamination). Marca de ondulação aerodinâmica (aerodynamic ripples). Veja em marca de ondulação balística. Marca de ondulação ardosiana (scalloping). Termo empregado para marcas semelhantes às marcas de ondulações encontradas unicamente em ardósias e que tem origem desconhecida. Marca de ondulação ascendente. Veja marca de ondulação cavalgante. Marca de ondulação assimétrica. Veja marca de ondulação por corrente e também marca de ondulação assimétrica por onda. Marca de ondulação assimétrica por onda (asymmetrical wave ripple, linear asymmetrical ripple-mark, secondary ripple mark, small- scale asymmetrical ripples). São marcas de ondulações assimétricas e retilíneas. As marcas possuem uma abrupta face de jusante e uma suave face de montante, podendo ser confundidas com marcas de ondulações por corrente, com marcas de ondulações de cristas retas por corrente e com marcas de ondulações por ondas. A diferença é perceptível pela presença de repetidas bifurcações, na forma de diapasão, somente encontradas nas marcas de ondulações por ondas. Originam-se pelo movimento de ondas com maior competência do que aquelas que determinam as marcas de ondulações simétricas por ondas. Marca de ondulação balística (ballistic ripples, eolian current-ripples, impact ripples). Ilustração. São marcas de ondulações produzidas pelo vento em ambientes desérticos ou em costas arenosas. Podem ser marcas de ondulações contínuas por corrente ou marcas de ondulações descontínuas por corrente. As formas menores desenvolvem-se em areias bem classificadas. As grandes formas ocorrem em areias mal classificadas, grânulos ou pequenos seixos. Marcas de ondulações balísticas. Pós-praia (veja em ambiente praial) litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta mostra a direção de sopro do vento. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando ocorrem superposições de padrões, provavelmente relacionados a fluxos secundários de menor escala, não relacionados ao mecanismo de impacto que formam as marcas de ondulações balísticas de padrão simples, tais padrões superpostos denominam-se marcas de ondulações aerodinâmicas (aerodynamic ripples). Marca de ondulação cárstica (cave flutes, cave scallors). Estruturas cársticas que ocorrem em paredes e fundo de cavernas calcárias e, ocasionalmente, em cavernas de gipso. Lembram marcas de ondulações e possuem cristas transversais ao fluxo com padrões bimodais de cristas contínuas e cristas descontínuas. As marcas de cristas descontínuas são definidas como pequenas feições em forma de taças assimétricas, frequentemente sobrepostas. A face que indica o sentido da corrente é íngreme. As marcas de cristas contínuas são similares às formas descontínuas, diferindo pelo fato de serem bidimensionais. Estas estruturas dependem de uma interação estabilizada entre um curso aquoso turbulento unidirecional e a camada de calcário apta a responder à transferência de massa de fluxo, bem como da ação de redemoinhos. Marca de ondulação catenária (catenary ripples, transverse catenary large scale ripple). Constituem marcas de ondulações intermediárias entre marcas de ondulações de cristas retas e marcas de ondulações lunadas por corrente. São marcas precedidas pelas marcas de ondulações de cristas sinuosas por corrente que, com o decréscimo da profundidade das águas e aumento na velocidade, transformam-se em marcas de cristas catenárias, as quais mostram a convexidade apontando no sentido contrário ao da corrente, dispondo-se transversal ou obliquamente à corrente. Quando ocorrer o último caso teremos marcas de ondulações varridas catenárias (catenary swept ripples, swept catenary large scale ripples). Quando as convexidades de marcas de ondulações vizinhas estiverem alinhadas temos marcas de ondulações catenárias em fase (catenary in phase ripples, transverse catenary in phase ripples). Quando houver uma discordância no alinhamento entre as convexidades de marcas de ondulações vizinhas são ditas marcas de ondulações catenárias fora de fase (catenary out of phase ripples, transverse catenary out of phase ripples). De acordo com a medida de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. Para Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Marca de ondulação catenária em fase (catenary in phase ripples, transverse catenary in phase ripples). Veja em marca de ondulação catenária. Marca de ondulação catenária fora de fase (catenary out of phase ripples, transverse catenary out of phase ripples). Veja em marca de ondulação catenária. Marca de ondulação cavalgante (aggradational ripples, climbing ripple cross- lamination, climbing ripple laminae, climbing- ripple lamination, climbing ripples, climbing- ripple structure, cross lamination, current ripple lamination, drift bedding, lee side concentration, pseudo cross stratification, ripple cross lamination, ripple-drift bedding, ripple-drift cross-lamination, ripple-drift lamination, ripple-drift stratification, ripple-drift with deposition from above, ripple stratification, rolling-strata, type a climbing ripple cross- lamination, type b climbing-ripple cross- lamination, type s climbing-ripple cross- lamination). Estrutura formada em material não coesivo, a partir da migração horizontal e crescimento vertical simultâneos de marcas de ondulações produzidas por correntes ou ondas. O desenvolvimento, a partir de marcas de ondulações, requer abundância de sedimentos e contínua ação de corrente ou ondas, de maneira tal que as marcas sejam construídas em uma série superposta, além de promover uma migração em determinada direção. Tal feição pode ser constituída por marcas de ondulações de cristas retas, marcas de ondulações de cristas sinuosas por correntee marcas de ondulações linguoides por corrente, sendo raras aquelas formadas por mega marcas de ondulações. Quando existe muito sedimento em disponibilidade, especialmente em suspensão contínua, o material extra soterra rapidamente e preserva o leito ondulado original, completa ou parcialmente. Este novo material também se ondulará e uma série de marcas de ondulações se superpõem, resultando as marcas de ondulações cavalgantes. Podem ser divididas em: 1. Marcas de ondulações cavalgantes em fase. 2. Marcas de ondulações cavalgantes fora de fase. Alguns autores usam os valores dos ângulos de cavalgamento () e do declive à montante () para classificar as marcas de ondulações cavalgantes. Assim, quando = , é chamada crítica; quando é maior que , supercrítica e quando é menor que , é reconhecida como subcrítica. Veja também estrato transladante. Marca de ondulação cavalgante em fase (climbing-ripple lamination with ripple laminae in-phase, complete ripple form lamination, cross-lamination developed from ripple in rhythm, laminae superimposed in rhythm lee side concentration, ordinary rolling strata, ripples superimposed in rhythm, sinusoidal ripple lamination, supercritically climbing ripple, superimposed ripple laminae in rhythm, type b ripple-drift cross lamination, uniform deposition). Marca de ondulação cavalgante na qual uma crista de ondulação está sobre a outra, apresentando uma leve inclinação em uma direção que é, no caso, a direção do fluxo, onde é maior que . É comum, também, que as cristas constituintes da marca sejam algo pontiagudas e levemente assimétricas. Quando corre marca de ondulação cavalgante em fase cujas ondulações possuem um perfil simétrico sinusoidal, estas são denominadas de marcas de ondulações cavalgantes sinusoidais (laminae superimposed in rhythm uniform deposition). Uma variação das marcas de ondulações cavalgantes em fase é aquela na qual encontramos os lados de montante e jusante bem preservados e com lama nas calhas (tipo "C", de Jopling e Walker, 1968), o que por alguns é reconhecida como laminação drapeada (draped lamination, type c ripple drift cross lamination, type 3 ripple drift cross lamination) (veja também drapeamento de lama em estratificação ondulada). A origem da estrutura está ligada a um balanço muito delicado e constante de diversos fatores, tais como: profundidade da água, força das ondas, velocidade da corrente, direção da corrente, sedimentos em disponibilidade, etc. Qualquer modificação em um deles origina um padrão diferente. Marca de ondulação cavalgante fora de fase (asymmetrical climbing ripples, climbing-ripple lamination with ripple laminae in-drift, incomplete ripple form lamination, laminae superimposed out of rhythm, pseudobed, ripple-foreset cross lamination, rolling incline bedding, unilateral rolling strata). Marca de ondulação cavalgante que, quando vista em seção normal as cristas das ondulações, são paralelas aos planos limitantes os quais delineiam o que, por alguns, são chamadas pseudocamadas, cujo mergulho é na direção da montante. Os planos acima referidos representam superfícies de não deposição (veja sedimentação) ou até leve erosão no lado da montante das ondulações. O ângulo de inclinação das pseudocamadas decresce com o aumento da velocidade da corrente. Quando se observa a estrutura em seção que não seja normal às cristas, há grande dificuldade de reconhecê-la. Se usarmos o critério de preservação dos lados da montante das ondulações, esta estrutura pode ser dividida em: 1. Marcas de ondulações cavalgantes fora de fase, não erosiva (complete ripple- foreset cross lamination, critically climbing ripple) se é igual a (veja em marca de ondulação cavalgante); 2. Marcas de ondulações cavalgantes fora de fase erosiva (subcritically climbing ripple, truncated ripple-foreset cross lamination, type a ripple-drift cross-lamination, type I ripple drift) se é menor que (veja em marca de ondulação cavalgante). Tratam-se de situações extremas, podendo existir todas as transições entre elas. A origem da estrutura representa uma quebra nas condições de balanço entre o material que é depositado verticalmente e aquele que se deposita horizontalmente. Aqui passa a dominar a deposição e transporte de sedimentos horizontalmente. O extremo dessa situação, isto é, pouco ou nenhum material depositado verticalmente, levará a originar as marcas de ondulações. Veja estratificação cruzada composta e também estrato transladante. Marca de ondulação cavalgante fora de fase erosiva (subcritically climbing ripple, truncated ripple-foreset cross lamination, type a ripple- drift cross-lamination, type I ripple drift). Veja em marca de ondulação cavalgante fora de fase. Marca de ondulação cavalgante fora de fase não erosiva (complete ripple-foreset cross lamination, critically climbing ripple). Veja em marca de ondulação cavalgante fora de fase. Marca de ondulação cavalgante sinusoidal (laminae superimposed in rhythm uniform deposition). Veja em marca de ondulação cavalgante em fase. Marca de ondulação combinada (asymmetric oscillation ripples, asymmetric wave-formed ripple mark, asymmetric wave ripples, combined current wave ripples, combined-flow ripples, combined-flow ripples and wave ripples, transverse wave-current ripples, wave- current ripple marks, wave-current ripples). Constituem marcas de ondulações formadas em ambientes de águas rasas sob a ação de ondas e correntes combinadas. Podem ser assim agrupadas: 1. Marcas de ondulações combinadas longitudinais (veja em marca de ondulação longitudinal). 2. Marcas de ondulações combinadas transversais. Marca de ondulação combinada transversal (transverse combined current/waves ripples) - Marcas de ondulações cujas cristas mostram-se perpendiculares à direção da corrente. Nestas marcas, as cristas são mais arredondadas em comparação com as cristas de marcas de ondulações de cristas retas por corrente. Em perfil mostram-se assimétricas. A origem está associada ao movimento ondulatório que ocorre paralelo ao eixo da corrente. A ação das ondas pode ajudar na formação e modificação das marcas de ondulações por corrente. Por exemplo, nas áreas de praia, as marcas de ondulações de cristas retas por corrente podem se transformar em formas de alta energia, como marcas de ondulações linguoides por corrente. Marca de ondulação contínua por corrente. Ilustração. Marcas de ondulações cujas cristas podem ser seguidas por consideráveis distâncias. Marcas de ondulações continuas por corrente. Areias onduladas por ação fluvial. Ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta maior mostra a direção principal da corrente que originou as ondulações contínuas por corrente e a seta menor, as pequenas marcas de ondulações interpostas nas calhas das primeiras, geradas por correntes secundárias (marcas de ondulações de interferência). Referência: 30 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Dividem-se em: 1. Marcas de ondulações de cristas retas por corrente. 2. Marcas de ondulações de cristas sinuosas por corrente. Marca de ondulação cruzada. Veja marca de ondulação de interferência. Marca de ondulação cuspada por corrente (barchan like-ripples, barchanoid ripple marks, crescentic-like ripples, crescentic ripple, crescentic ripple mark, cusp ripple, cusp ripple mark, cuspate ripple mark, cuspate small ripple). Ilustração. Variedade de marcas de ondulações de cristas relativamente largas e transversas, fortemente curvadas quando vistas em planta. Quando bem desenvolvidas, cada cúspide é isolada e distinta. Entretanto, a maioria destas marcas ocorrem em cadeias de três e quatro cúspides conectadas. Em perfil, são fortemente assimétricas. Marcas de ondulações cuspadas por corrente. Arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico,RS, BR. A direção da paleocorrente é indicada pela seta. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. As cúspides são convexas no sentido da corrente e o centro delas é, geralmente, alto em relação às extremidades. Como as cúspides migram acompanhando o sentido da corrente, a porção central elevada deixa uma crista paralela à direção do movimento. Tais cristas longitudinais podem se desenvolver de modo a dominarem sobre as marcas cuspadas, resultando um sistema de marcas de ondulações longitudinais. Marcas cuspadas são formadas por correntes moderadas dentro das condições de regime de fluxo inferior (veja em regime de fluxo). De acordo com a distância de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm a 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. As mega marcas de ondulações estão relacionadas com as marcas de ondulações lunadas por corrente. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 cm a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. As marcas de ondulações cuspadas diferenciam-se, em planta, das marcas de ondulações linguoides, porque naquelas as extremidades que apontam corrente acima de marcas sucessivas se encontram em uma linha reta. Veja também estrutura em costela e sulco. Marca de ondulação da zona de rebentação (surf-ripples). Termo empregado para marcas de ondulações formadas na zona de rebentação. Marca de ondulação de crista ondulada por corrente. Veja marca de ondulação de crista sinuosa por corrente. Marca de ondulação de crista plana (flat- tapped ripple mark). Ilustração. Termo usado para marcas de ondulações com cristas grandes e planas separadas por calhas estreitas. Marcas de ondulações de crista plana. Arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Referência: Carlos Henrique Nowatzki. Marca de ondulação de crista reta. Veja marca de ondulação de crista reta por corrente e também marca de ondulação por onda. Marca de ondulação de crista reta por corrente (giant ripples, parallel ripple marks, rectilinear ripple marks, straight-crested megaripples, straight-crested small ripples, straight ripples, straight small scale ripples, straight transverse ripples). Ilustração. Estas marcas de ondulações apresentam cristas contínuas, aproximadamente retas e paralelas entre si, dispondo-se transversal ou obliquamente à corrente [neste último caso são conhecidas como marcas de ondulações varridas de cristas retas por corrente (straight swept ripples)]. Vistas em seção ou planta são assimétricas com a face de menor inclinação dirigida para montante. A face de jusante possui uma inclinação bem menos pronunciada. Sua origem está condicionada a regime de fluxo inferior (veja em regime de fluxo). Marcas de ondulações de crista reta por corrente. Areias de ambiente litorâneo marinho. Quaternário do RS, BR. A direção da paleocorrente é indicada pela seta. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando de origem eólica, onde o transporte é basicamente por arrasto e saltação de grãos, tendem a concentrar grãos maiores nas cristas e os finos nas calhas (veja marca de ondulação balística) em contraste com marcas de origem subaquática. Em locais onde a deflação dos grãos menores é mais pronunciada, podem surgir as marcas de ondulações granulares. De acordo com a distância de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. As mega marcas de ondulações estão relacionadas com as marcas de ondulações lunadas por corrente. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Marca de ondulação de crista reta por onda. Veja marca de ondulação por onda. Marca de ondulação de crista sinuosa em fase (sinuous in phase ripples, transverse sinuous in phase ripples). Veja em marca de ondulação de crista sinuosa por corrente. Marca de ondulação de crista sinuosa fora de fase (sinuous out of phase ripples, transverse sinuous out of phase ripples). Veja em marca de ondulação de crista sinuosa por corrente. Marca de ondulação de crista sinuosa por corrente (giant ripples, sinuous ripple mark, sinuous small scale ripple, undulatory megaripples, undulatory small ripples). São marcas de ondulações cujas cristas mostram- se leve ou fortemente sinuosas e contínuas, mantendo paralelismo entre si. Vistas em seção ou planta, são assimétricas com face de menor inclinação dirigida à montante. A face de jusante possui uma inclinação bem mais pronunciada. Quando as sinuosidades de uma marca de ondulação acompanharem igualmente as sinuosidades de marcas de ondulações vizinhas são denominadas marcas de ondulações de cristas sinuosas em fase (sinuous in phase ripples, transverse sinuous in phase ripples). Quando estas sinuosidades acompanharem desigualmente as sinuosidades de marcas de ondulações vizinhas são denominadas marcas de ondulações de cristas sinuosas fora de fase (sinuous out of phase ripples, transverse sinuous out of phase ripples). De acordo com a distância de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Megamarcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuirem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Sua origem se dá em uma fase de transição entre corrente de baixa energia, como aquela que forma as marcas de ondulações de cristas retas por corrente e corrente de mais alta energia, como aquela que forma as marcas de ondulações descontínuas por corrente. Marca de ondulação de interferência (compound ripple marks, compound ripples, cross ripple, current cross-ripples, dimpled current mark, hexagonal interference ripples, interference ripple marks, interference ripples, ladder ripples, oscillation cross-ripples, rectangular interference ripples). Ilustração. Marcas de ondulações resultantes da superposição de dois sistemas de ondulações que se encontram a ângulos retos ou agudos. Marcas de ondulações de interferência. Feições em areias fluviais de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Direção do fluxo principal: esquerda para à direita. O fluxo secundário deslocou-se, na ilustração, de baixo para cima. A composição final é a de marcas de ondulações de interferência. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando vistas em contra-moldes, formam um conjunto de saliências de contornos retangulares ou hexagonais que, no global, exibem aspecto reticular. Tais feições podem aparecer de modo diferente do aqui descrito (veja marca de ondulação romboidal por corrente, marca de ondulação de interferência simples e marca deondulação de interferência complexa). O aspecto reticular pode ser composto por um conjunto de ondulações, onde as marcas de interferência apresentam igual intensidade. Nestas, os padrões podem se apresentar em fase (linhas de cristas contínuas nos dois sentidos de interferência), aqui denominados padrão tijolo (wave ripple marks in brick pattern). Quando fora de fase, uma linha de crista é contínua e a outra descontínua, o que aqui se denomina padrão ladrilho (wave ripple marks in tile pattern) Ilustração. Marcas de ondulações de interferência, padrão ladrilho. Arenitos do Grupo Bom Jardim, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Há ainda a possibilidade de o aspecto reticular ser composto por um conjunto de ondulações onde as marcas de interferência apresentam desigual intensidade. Quando o padrão for hexagonal, são referidos como padrão em ninho de girino (tadpoles nests). Marca de ondulação de interferência complexa (complex interference ripple mark, cross ripple, dimpled current mark). Marcas de ondulações de interferência formada a partir de sequências com mais do que uma espécie de ondulações. Dentro de cada padrão de interferência, um conjunto de marcas é dominante. Geralmente, as marcas de ondulações cuspadas por corrente ou marcas de ondulações contínuas por corrente, são fortemente desenvolvidas e apenas parcialmente modificadas por ondulações secundárias. Raramente a modificação feita por ondulações secundárias pode obscurecer as marcas maiores. O ângulo entre os dois conjuntos de marcas é variável, porém, usualmente é grande. O padrão sobreposto é retangular. Tendo em vista o exposto, os padrões complexos, ao contrário das marcas de ondulações de interferência simples, formam- se sequencialmente, ou seja, primeiro são construídas as formas contínuas ou cuspadas, as quais, posteriormente são modificadas por ondulações secundárias que se formam sobre as iniciais. Assim, estas estruturas registram modificações nas condições hidrodinâmicas em um sítio, durante diferentes estágios como, por exemplo, a diminuição de uma cheia. Aparecem em ambiente de planície de inundação, ambiente marinho raso, ambiente de planície de maré, etc. Marca de ondulação de interferência hexagonal. Veja padrão em ninho de girino em marca de ondulação de interferência. Marca de ondulação de interferência retangular. Veja marca de ondulação de interferência. Marca de ondulação de interferência simples (simple interference ripple marks). Marcas de ondulações de interferência compostas de muitos conjuntos superpostos de uma única variedade de marca de ondulação. Padrões de interferência simples são constituídos de conjuntos múltiplos de marcas de ondulações de crista reta por ondas (veja em marca de ondulação por onda) e/ou por marcas de ondulações de crista reta por corrente. Tais marcas quando originadas por ondas, denominam-se marcas de ondulações de interferência simples múltiplas secundárias; se forem originadas por fluxo dominante sobre as ondas, denominam-se marcas de ondulações de interferência simples espigadas e, se forem originadas por fluxo e ondas dominantes sobre a corrente, denominam-se marcas de ondulações de interferência simples romboidais secundárias. Marca de ondulação de interferência simples espigada (simple interference ripple mark chevron). Marcas de ondulações de interferência simples originadas a partir de marcas de ondulações de crista reta por ondas (veja em marca de ondulação por onda) que são suavemente curvadas e convexas na direção do fluxo. Originam-se a partir de fluxos dominantes sobre as ondas que se movem dentro do canal, porém, por cima das barras. Tendo em vista que estes canais são rasos, as ondas são retardadas na sua movimentação. As ondulações resultantes são distorcidas apresentando-se côncavas no sentido contrário ao da corrente. O centro das marcas de ondulações move-se mais rapidamente que as extremidades, resultando desta forma, padrão espigado nítido. Estas estruturas poderiam se formar em ambientes de planície de maré, embora até hoje não tenham sido registradas. Marca de ondulação de interferência simples múltipla secundária (simple interference ripple mark multiple secondary). Tratam-se de marcas de ondulações de interferência simples que se originam em águas quietas ao longo das margens de um canal, nas quais ondas geradas pela corrente são refratadas, difratadas e refletidas. Embora as ondas refratadas que se movem na direção das margens sejam geralmente dominantes, qualquer um dos padrões anteriormente citados pode produzir ondulações. Tal ocorrendo, conjuntos de interferência múltipla de marcas de ondulações de crista reta por ondas (veja em marca de ondulação por onda) são formadas. O registro pretérito desses padrões é raro e comumente ocorrem em pequenos reservatórios de água próximos de margens de lagos calmos. Marca de ondulação de interferência simples romboidal (simple interference ripple mark rhomboid). Ilustração. Marcas de ondulações de interferência simples formada a partir de marcas de ondulações romboidais por corrente, sendo constituídas por dois conjuntos sobrepostos de marcas de ondulações com diferentes direções. São variedades de ondulações de fluxo dominadas pela corrente. Barras existentes num canal separam a corrente, originando-se, desta forma, ondas que ultrapassam o topo da barra em forma de lâminas de água sobre este corpo arenoso e que migram a partir de duas direções. As ondas interferidas pela corrente e repetidas rapidamente, constroem um conjunto de marcas de ondulações romboidais por corrente. Marcas de ondulações de interferência simples rhomboidal. Estruturas em areias fluviais de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta marca a direção do fluxo. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estas marcas são comuns e mesmo abundantes em zonas de lavagem de praias. Contrariamente às marcas de ondulações de interferência simples espigadas, são convexas no sentido contrário ao da corrente. Marca de ondulação descontínua por corrente (curved ripple marks). Ilustração. Marcas de ondulações cujas cristas são interrompidas e não podem ser seguidas por longas distâncias. Marca de ondulação descontínua por corrente. Arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. A seta aponta a direção da paleocorrente. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Dividem-se em: 1. Marcas de ondulações linguoides por corrente. 2. Marcas de ondulações romboidais por corrente. 3. Marcas de ondulações cuspadas por corrente. 4. Marcas de ondulações lunadas por corrente. 5. Marcas de ondulações catenárias. Marca de ondulação em aclive (upslope ripple). Termo empregado para marcas de ondulações que ascendem por uma superfície inclinada que mergulha em sentido contrário ao fluxo. Marca de ondulação em declive (downslope ripple). Termo empregado para marcas de ondulações que se deslocam sobre uma superfície inclinada que mergulha no mesmo sentido do fluxo. Marca de ondulação empilhada (load- casted current markings, load-casted ripple marks, load-casted ripples, load casted sole marks, pilled and load-casted ripples, pilled ripples, ripple load cast). Estruturas de deformação penecontemporânea onde as marcas de ondulações afundam em leitos lamosos inconsolidados subjacentes. O empilhamento crescente das marcas de ondulações produz a estrutura em apreço. A feição surge devido a uma deposição diferencial entre as marcas de ondulações (geralmente arenosas) e o substrato lamoso hidroplástico. Possuem feição externa semelhante aos pseudonódulos, porém, diferem pelo fato de apresentar, internamente, laminação cruzada que caracteriza as marcas de ondulações. Veja também estrutura de sobrecarga.Marca de ondulação faminta. Veja em marca de ondulação isolada. Marca de ondulação gigante (giant current ripples, giant ripples. Marcas de ondulações cujo comprimento de onda é maior que 30 metros. Constituem-se, por norma, de corpos arenosos. Tais marcas desenvolvem-se tanto em ambientes eólicos como em subaquáticos. Sobre as marcas de ondulações gigantes podem ser encontradas mega marcas de ondulações. As marcas de ondulações gigantes podem ser divididas em: 1. Ondas de areia. 2. Dunas. Marca de ondulação granular (wind granule ripples). Marcas de ondulações que apresentam cristas irregulares tendendo para formas cuspadas e, particularmente, em cadeias lineares de marcas como dunas barcanas. Nestas cristas, observa-se a concentração de grãos mais grossos (1 mm a 3 mm) e um acúmulo de grãos finos nas calhas. Devido à concentração granular nas cristas, desenvolvem-se “coroas” assimétricas que capeiam o corpo simétrico da marca. Sua origem é sempre eólica e deve- se a uma competente deflação que remove os grãos menores da crista. Marca de ondulação horizontal (level- surface ripple). Termo usado para marcas de ondulações que se deslocam sobre uma superfície horizontal. Marca de ondulação incipiente (incipient ripples). São marcas de ondulações desenvolvidas sobre um leito plano. Aparecem como conjuntos de marcas de ondulações que são isolados uns dos outros. Surgem graças a irregularidades que existem no leito e a redemoinhos espalhados que iniciam as ondulações, corrente abaixo. Estes conjuntos são regularmente notáveis no início do processo, e dentro deles, as marcas se apresentam mais baixas e mais próximas do que as marcas de ondulações por corrente já plenamente desenvolvidas sobre o substrato. Marca de ondulação incompleta. Veja marca de ondulação isolada. Marca de ondulação isolada (barchan ripples, incomplete ripple, isolated lenticular bedding, isolated ripple, isolated ripple form sets, starved ripple). Ilustração. Marcas de ondulações que se desenvolvem sobre um substrato firme (rochoso ou muito coeso). Possuem forma de marcas de ondulações de cristas retas (veja marca de ondulação de crista reta por corrente e também marcas de ondulações por ondas), descontínuas ou não, sendo possível ver, em muitos pontos, o substrato mais antigo. Algumas vezes, marcas de ondulações ficam completamente isoladas sobre o substrato constituindo as chamadas marcas de ondulações famintas (straved ripples). Marcas de ondulações isoladas. Areias de interduna de ambiente litorâneo marinho. A porção escura é o substrato por onde se deslocam as ondulações. A elipse assinala marca de ondulação faminta. Quaternário, RS, BR. A seta mostra a direção de sopro do vento. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Originam-se por atividade de ondas ou correntes com insuficiente suprimento de areia para cobrir toda a superfície. Vistas em seção ou planta, mostram-se simétricas ou levemente assimétricas. Quando em perfil, se formadas sobre substrato lamoso, aparecem como lentes arenosas que determinam uma estratificação lenticular de pequeno porte. Marca de ondulação linguoide em forma de arco (bow shaped ripple). Veja em marca de ondulação linguoide por corrente. Marca de ondulação linguoide por corrente (linguoid bars, linguoid ripple marks, linguoid ripples). Ilustração. Marcas de ondulações lobadas e convexas no sentido da corrente. Os bordos normalmente são elevados e a parte central, por norma, é deprimida. Tratam- se de feições que são uma variedade de marcas de ondulações cuspadas por corrente, às quais, é comum, estejam associadas. Suas cristas são interrompidas e não podem ser seguidas por longas distâncias. Marcas de ondulações linguoides por corrente. Areias fluviais de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta mostra a direção do fluxo. Referência: 15 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Sua origem se deve a maior velocidade do fluxo do que aquele que gera as marcas de ondulações contínuas por corrente. Essas formas são mais comuns quando as marcas de ondulações são pequenas (até 60 cm de comprimento de onda). As mega marcas de ondulações geralmente tendem para a forma lunada, em primeiro lugar, sendo reconhecidas quando linguoides, como barras linguoides. De acordo com a distância de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda) podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm a 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. As marcas de ondulações linguoides diferenciam-se, em planta, das marcas de ondulações cuspadas por corrente, porque naquelas as extremidades que apontam corrente acima de marcas sucessivas não se encontram em uma linha reta. Um caso particular de marcas de ondulações linguoides por corrente, é aquele em que a parte central da marca de ondulação apresenta-se elevada, flanqueada por uma região mais deprimida, voltando a elevar-se nos limites da marca. Esta feição recebe a denominação descritiva de marcas de ondulações linguoides em forma de arco (bow shaped ripple). Ilustração. Marcas de ondulações linguoides por corrente em forma de arco. Areias fluviais de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. A seta indica a direção da corrente. Referência: 15 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Marca de ondulação lobulada por corrente. Veja marca de ondulação cuspada por corrente. Marca de ondulação longitudinal (longitudinal ripple mark, longitudinal ripples, windrow ridge). Marcas de ondulações cujas cristas mostram-se subparalelas à direção da corrente. Apresentam cristas retas simétricas ou levemente assimétricas, usualmente sem bifurcações. Sua origem pode estar ligada à migração das cúspides de marcas de ondulações cuspadas por corrente ou por ação combinada de fluxo e ondas. Quando formadas por ação combinada de correntes e ondas, observa-se que a atuação das ondas é dominante. Ressalte-se ainda que o movimento das ondas é perpendicular ao fluxo da corrente. Esta causa erosão nas calhas e, ao mesmo tempo, ajuda a manter a forma longitudinal das cristas. Marca de ondulação lunada por corrente (D-shaped megaripples, dune, lunate dunes, lunate megaripples, lunate ripple mark, megaripple, three-dimensional dunes). Constituem marcas de ondulações cujas cristas são interrompidas e produzem marcas em forma de foice ou lobos crescentes com a porção posterior fechada, lembrando a letra D. Comumente, encontram-se arranjadas em cadeias determinando um padrão escalonado. Em alguns casos as cristas são achatadas ou mal desenvolvidas, mostrando uma cadeia de calhas que lembram desbaste em forma de colher. São formadas por fluxos mais rápidos do que aqueles requeridos pelas marcas de ondulações de cristas retas por corrente e marcas de ondulações de cristas sinuosas por corrente. Marcas de ondulações de cristas retas e marcas de ondulações lunadas constituem uma série contínua onde as marcas de cristas sinuosas e marcas de ondulações catenárias representam uma forma intermediária. As formas menores de marcas de ondulações lunadas (até 60 cm de comprimento de onda) são relacionadas com as marcas de ondulações cuspadas por corrente e com as marcas de ondulações linguoides por corrente e a diferenciação entre elas, quando vistas em planta, é de que as lunadas apresentam convexidade corrente acima.Marca de ondulação milimétrica (millimeter ripples, mini-ripples). Constituem marcas de ondulações quase retas, mostrando cristas geralmente achatadas e de largura igual a das calhas (2 mm a 5 mm). A altura das cristas é menor que 1 mm. Sua origem se deve a lentos movimentos de ondas nas margens dos corpos de água com poucos centímetros de profundidade. Diferem das marcas corrugadas pela irregularidade de suas cristas. Marca de ondulação normal (normal ripple marks). Termo usado para marcas de ondulações com cristas assimétricas simples de traçado variado em planta. Veja marca de ondulação de crista reta por corrente e também marca de ondulação assimétrica por onda. Marca de ondulação periclinal (periclinal undulations, pericline ripple mark). Termo empregado para marcas de ondulações ortogonais em planta, paralelas e transversais à direção da corrente, com um comprimento de onda de até 80 cm e uma altura de até 30 cm. Marca de ondulação por adesão (adhesion ripples, anti-ripplet, eolian microridges). Ilustração. Pequenas marcas de ondulações (veja em marca de ondulação), com cristas assimétricas, arranjadas em ângulo reto à direção do vento, formadas por partículas finas assentadas sobre uma superfície úmida, plana ou ondulada, a qual se aderem. Devido à capilaridade, os novos grãos são também umedecidos e capazes de reter outros grãos de areia, produzindo, desta maneira, as cristas. O maior mergulho se dá a barlavento. Marcas de ondulações por adesão. Areias em ambiente de praia litorânea marinha. Quaternário, RS, BR. A direção de deslocamento do vento está indicado pela seta. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Um derivativo destas feições são as marcas em verrugas por adesão. A neve soprada também pode produzir um padrão similar quando depositada sobre o gelo. As marcas de ondulações por adesão de cinzas vulcânicas são reconhecidas como marcas de adesão piroclásticas (current ridges). Veja também ondulação por impacto de chuva. Marca de ondulação por corrente (asymmetrical ripple marks, current ripple marks, current ripples, oblique dunes, small- scale asymmetrical ripples, transverse asymmetrical ripple marks, transverse linear ripples, transverse ripple marks, transverse ripples). Marca de ondulações formadas na superfície de sedimentos não coesivos, devido à fluxo unidirecional ou bidirecional. Via de regra são transversalmente alongadas ou oblíquas à corrente, com espaçamento regular entre as cristas que se apresentam alternadas por calhas. As marcas de ondulações por corrente são assimétricas, mostrando as lâminas depositadas na face voltada para onde flui a corrente, mais inclinadas que as lâminas da face oposta. As marcas de ondulações transversais podem ser simétricas ou assimétricas, sendo que as últimas são designadas como marcas de ondulações por corrente. De acordo com a distância de uma crista até a crista subsequente (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. 3. Marcas de ondulações gigantes: quando a dimensão for superior a 30 metros. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Por sua morfologia, podem ser: 1. Marcas de ondulações contínuas por corrente (ilustração). Marcas de ondulações contínuas por corrente. Arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. A direção da paleocorrente está indicada pela seta. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatrzki. 2. Marcas de ondulações descontínuas por corrente. 3. Marcas de ondulações regressivas. 4. Marcas de ondulações granulares. Marca de ondulação por corrente de baixa energia (low-energy current ripples). Tratam- se de marcas de ondulações por corrente formadas por um fluxo de baixa energia. A designação é imprecisa e também insatisfatória porque exclui os efeitos provocados pela escala do fluxo. Marca de ondulação por impacto. Veja marca de ondulação balística. Marca de ondulação por onda (oscillation ripple marks, oscillation ripples, oscillatory ripple lamination, rectilinear ripple marks, straight large scale ripples, straight ripples, straight small scale ripples, straight transverse ripples, wave ripple laminations, wave ripple marks, wave-ripples). Ilustração. Marcas de ondulações geradas por ação de ondas sobre uma superfície não coesiva. Elas possuem cristas usualmente retas e frequentemente bifurcadas As marcas de ondulações por ondas, de acordo com a simetria de suas cristas, podem ser: 1. Marcas de ondulações simétricas por onda. Marcas de ondulações simétricas por onda. As feições são vistas em seção longitudinal o que permite a observação de estruturas em chevrão. Arenitos da Formação Rio do Rasto, Permo-Triássico, RS, BR. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. 2. Marcas de ondulações assimétricas por ondas. Veja também marcas de ondulações varridas de cristas retas por corrente em marca de ondulação de crista reta por corrente. Marca de ondulação por onda com crista múltipla (wave-related ripple marks with multiple-parallel crests). Tratam-se de marcas de ondulações por ondas que possuem uma, duas e algumas vezes, três cristas menores, iguais ou desiguais, paralelas às feições maiores. Podem ser de dois tipos: 1. Aquelas que possuem duas ou três cristas menores que se colocam no lado à montante das marcas maiores. Recebem a designação de cristas anormais (rides anormales). 2. Aquelas que possuem uma ou duas cristas longas, baixas, arranjadas simetricamente nas calhas das marcas maiores são chamadas cristas secundárias (secondary crests). Marca de ondulação por solução (solution ripple marks). Constituem marcas de ondulações falsas que resultam de um diaclasamento pouco espaçado nos calcários. A dissolução posterior nesta superfície origina um plano ondulado. Veja também ondulação por solução. Marca de ondulação regressiva (antidunes, backset cross stratification, backwash ripple marks, backwash ripples, counter-current ripples, regressive ripples, regressive sand waves). São corpos arenosos ondulados, desenvolvidos em regime de fluxo superior (veja em regime de fluxo) e em fase com as ondas (ilustração). Processo de formação de marcas de ondulações regressivas. Enquanto a água se desloca na direção do mar, as ondulações geradas migram em sentido contrário. Sedimentos arenosos de ambiente litorâneo marinho. Quaternário, RS, BR. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Suas cristas são longas, apresentando relevo normalmente baixo e amplo com inclinações suaves. De acordo com a dimensão do comprimento de onda, podem ser: 1. Pequenas marcas de ondulações regressivas: quando o comprimento de onda chegar até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações regressivas: quando o comprimento de onda está entre 60 cm a 30 metros. Envolve pequenas dunas regressivas e as pequenas ondas de areia regressivas. 3. Marcas de ondulações gigantes regressivas: quando o comprimento de onda for superior a 30 metros. Compreendem as grandes dunas regressivas, e as grandes ondas de areia regressivas. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Tais marcas desenvolvem estratificação cruzada em retrocesso, na qual as lâminas mergulham no sentidocontrário ao da corrente. No caso de materiais grossos pode-se encontrar imbricação, mostrando a direção-geral da corrente. Também é possível desenvolver-se estratificação ao longo de toda a ondulação ou apenas no lado favorável à corrente. Movimentam-se tanto em oposição à corrente, como se mantêm estacionárias ou ainda, migram no sentido da mesma. Ilustração. Marcas de ondulações regressivas. Areias de ambiente litorâneo marinho. O cabo do martelo está voltado para o continente, portanto, a sua cabeça está posicionada para o oceano. Apesar de a água ter fluído em direção ao mar, o lado mais inclinado da marca de ondulação (seta) aponta no sentido oposto ao da correnteza. Quaternário, RS, BR. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Um caso particular de origem é aquele que tem lugar no lado que aponta corrente abaixo, nas mega marcas de ondulações, onde pequenas marcas de ondulações são produzidas por refluxo justamente na frente da face de deslizamento da mega marca, desenvolvendo-se internamente a essas pequenas marcas de ondulações, laminação cruzada em retrocesso (counter-current cross lamination). Quando as ondulações do fluxo são estacionárias, forma-se no sedimento, laminação paralela horizontal que acompanha a configuração geral ondulada do depósito, sendo denominadas de laminação ondulante (undulating lamination). A superfície da sedimentação arenosa ou mais comumente o plano de estratificação do arenito é uniforme com leve ondulação, adquirindo forma de ondas bidimensionais suaves ou de domos e depressões tridimensionais. Marca de ondulação romboidal por corrente (backwash marks, imbricate wave sculpture, lobate sands wave, rhombic ripples, rhomboid dunes, rhomboid megaripples, rhomboid ripple, rhoimboid ripple marks, rhomboid small ripples). Marcas de ondulações de interferência são feições losangulares, mostrando um padrão reticulado. Os losangos são pequenas línguas arenosas que dão à superfície um aspecto escamoso. Estão relacionados com as marcas de ondulações linguoides por corrente. Para melhor entender a estrutura, cada losango pode ser dividido em duas partes: a metade que indica o sentido da corrente possui ângulo agudo formado por dois lados de jusante, e é, geralmente, maior do que a outra parte; a porção que se dispõe fluxo acima, está confinada na aresta de reentrância originada pelas faces de jusante de duas línguas adjacentes. Ilustração. Marcas de ondulações romboidais por corrente. Areias de pós-praia (veja em ambiente praial) marinho. Quaternário, RS, BR. A direção da corrente está indicada pela seta. Referência: 30 cm de comprimento. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Estas marcas são comumente geradas em declives praiais dirigidos para o mar, podendo, no entanto, ser comuns em barras de praia com declive na direção do continente. O fluxo gerador da feição deve ter alta velocidade e pouca espessura de água (1 cm a 2 cm). De acordo com a distância de uma crista a outra (comprimento de onda), podem ser separadas em: 1. Pequenas marcas de ondulações: quando a dimensão atinge até 60 cm. 2. Mega marcas de ondulações: quando a dimensão está entre 60 cm e 30 metros. Marcas gigantes que ultrapassem 30 metros de comprimento são desconhecidas. Segundo Ashley (1990), as marcas de ondulações subaquáticas, e suas estratificações cruzadas, podem ser pequenas, se possuírem dimensões entre 0,60 m a 5 metros, médias, se de 5 metros a 10 metros, grandes, se de 10 metros a 100 metros e muito grandes, se maiores de 100 metros. Marca de ondulação simétrica. Veja marca de ondulação simétrica por onda e também marca de ondulação por corrente. Marca de ondulação simétrica erodida (eroded symmetrical ripple marks). Marcas de ondulações de cristas planas que sofreram erosão parcial das cristas. Marca de ondulação simétrica por onda (symmetrical ripple marks, symmetrical wave ripples). Ilustração. Marcas de ondulações simétricas. As cristas são geralmente retilíneas e agudas, podendo apresentar bifurcações. As calhas são arredondadas. Marcas de ondulações simétricas por onda. Arenitos do Grupo Bom Jardim, Proterozoico, RS, BR. A dupla seta mostra as direções do movimento oscilatório das ondas geradoras das estruturas. Referência: 5,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando a marca é vista em planta, os lados são simétricos. Em seção a estrutura interna é caracterizada por lâminas que se unem em uma zona central tal qual forquilhas. Esta feição imbricada denomina-se estrutura em chevrão. Originam-se pelo movimento oscilatório de ondas. Marca de ondulação tardia (lag ripple mark). Marcas de ondulações que formam fracas faixas de sedimentos grossos transversais à direção do fluxo. As cristas são curtas, normalmente com poucos centímetros de comprimento, e uniformemente espaçadas em grandes conjuntos. As marcas de ondulações tardias jazem sobre superfícies planas de sedimentos pobremente classificados (seixos, areias e argilas). Sua gênese está associada a correntes de regime de fluxo inferior (veja em regime de fluxo), mas são indicativas de um transporte sedimentar em regime de fluxo superior (veja em regime de fluxo). Uma única corrente, responsável pelo transporte do material arenoso pobremente classificado, determina a formação de camadas planas (veja estratificação paralela horizontal descontínua) e lineação por corrente em regime de fluxo superior e, ao passar para um regime de fluxo inferior os sedimentos grossos ficam para trás arranjando-se transversalmente ao fluxo e originando as marcas de ondulações tardias. Marca de ondulação transversa. Veja marca de ondulação por corrente. Marca de ondulação varrida catenária (catenary swept ripples, swept catenary large scale ripples). Veja em marca de ondulação catenária. Marca de ondulação varrida de crista reta por corrente (straight swept ripples). Veja em marca de ondulação de crista reta por corrente. Marca de percussão (crescentic impact scars, percussion marks). Ilustração. São feições de choque entre clastos. Tais marcas são atribuídas a fluxos de alta velocidade. Consistem de fraturas arqueadas a semicirculares. Marcas de percussão. Seixo arredondado retrabalhado fluvialmente. Referência: 2,0 cm de ∅. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Surgem principalmente em grãos de ambientes de planície de inundação e mesmo em areias eólicas. Em ambientes glaciais são encontrados seixos que sofreram a ação de impactos produzidos por outros clastos, o que determina a formação das chamadas marcas de escoriações (veja também grão estriado). Marca de pingo de chuva (drip impressions, rain casts, rain drip, raindrop impression, raindrop imprints, raindrops impact, rain impressions, rain pits, rain prints). Ilustração. São pequenas marcas circulares ou elípticas produzidas pela queda vertical, ou oblíqua de pingos de chuva sobre sedimentos finos inconsolidados, normalmente siltes e argilas. Marcas de pingos de chuva sobre o topo de camada de lama não consolidada. Referência: 3 cm. Créditos: Carlos Henrique Nowatzki. Quando ocorre chuva sobre sedimentos arenosos secos e bem classificados, em combinação com fluxo laminar das águas que escoam, produzem-se cristas descontínuas paralelas. As cristas terão padrão subparalelo mais regular se o fluxo laminar for dominante sobre o impacto das gotas. Ao contrário, se o impacto tiver significado maior, o padrão será pobre. Esta feição é reconhecida como superfície texturada (textured surface). Marca de punção (prod casts, prod mark). Marcas lavradas por objeto, assimétricas, deprimidas e paralelas ao fluxo, de semicônicas a triangulares, com uma porção rasa voltada no sentido contrário ao da corrente e uma parte profunda no lado oposto. Sua gênese está condicionada ao