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Competência Tributária NP2

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Teoria Geral do Processo Tributário
 2º Bimestre NP2 25 Abr. 2016. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
Competência tributária é o poder de criar tributos, sendo esse poder conferido pela Constituição Federal à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios. O legislador constitucional determinou quais tributos cada ente político pode criar, bem como limitou esse poder de criação, impondo limites.
O poder de criar tributos é repartido entre os vários entes políticos, de modo que cada um tem competência para impor prestações tributárias, dentro da esfera que lhe é assinalada pela Constituição.
O Código Tributário Nacional trata do tema nos artigos 6º a 8º:
Art. 6º. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações constitucionais contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo a atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do art. 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas jurídicas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Art. 8º. O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
São características da competência tributária:
INDELEBILIDADE:
A competência tributária é indelegável, disposição expressa do artigo 7º do CTN (Código Tributário Nacional), um ente político não pode delegar, conferir a outra pessoa de direito público a competência tributária que tenha recebido da Constituição Federal. O poder de tributar é exclusivo do ente político que o recebeu.
IRRENUNCIABILIDADE:
O ente político pode não exercer sua competência tributária, mas esta é irrenunciável, quem a possui não pode dela abrir mão.
INCADUCABILIDADE:
O poder de tributar é um poder-faculdade, o ente político o exerce quando lhe seja mais conveniente e oportuno, o fato de permanecer inerte e não criar o tributo não altera em nada sua competência tributária que permanece a mesma. O não exercício da competência não tem como consequência a perda da mesma.
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
A competência tributária se distingue da capacidade tributária ativa. A primeira é o poder, a aptidão de criar tributos, é legislar instituindo tributos, já a segunda é a capacidade de ser sujeito ativo da relação jurídica tributária.
“A capacidade tributária ativa é a aptidão para ser colocado, por lei, na posição de sujeito ativo da relação tributária, ou seja, na posição de credor, com as prerrogativas que lhe são inerentes de fiscalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes, lançar e cobrar os respectivos créditos tributários. Apenas as pessoas jurídicas de direito público é que têm capacidade tributária ativa, podendo, pois ser colocadas na posição de sujeito ativo de obrigações tributárias (art. 119 do CTN); aliás só as pessoas políticas de direito público desenvolvem atividade administrativa plenamente vinculada (art. 3º do CTN). Assim, sujeito ativo será o próprio ente político do qual a lei instituidora do tributo emana (posição esta que se presume) ou, se a lei expressamente designar, outras pessoa jurídica de direito público, ou seja, uma autarquia ou uma fundação. O INSS é uma autarquia federal colocada, por lei, na condição de sujeito ativo de diversas contribuições especiais.
A capacidade tributária ativa é o poder de cobrar e fiscalizar o tributo, esta, ao contrário da competência tributária, é delegável a outras pessoas jurídicas de direito público. 
Como exemplo podemos citar as contribuições sociais da seguridade social que são de competência da União (art. 149, 1ª parte, CF combinado com art. 195, I, II, III e IV e § 4º da CF), que as criou, mas o sujeito ativo da relação jurídica tributária é o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que é uma autarquia federal, o qual realiza a cobrança e fiscalização, bem como aplica o produto da arrecadação em suas finalidades.
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Com fins didáticos a doutrina discrimina três modalidades de competência tributária:
COMPETÊNCIA PRIVATIVA: é a competência para criar impostos atribuída com exclusividade a um ente político, Arts. 153,155 e 156 da Constituição Federal; a competência para criar contribuições especiais atribuídas à União, art. 149 CF; a competência para criar a contribuição de previdência do funcionalismo público estadual, distrital e municipal, atribuída aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, art. 149, § 1º da CF; a competência para instituição de empréstimos compulsórios pela União, art. 148 da CF.
COMPETÊNCIA RESIDUAL: competência atribuída à União para instituir outros impostos, art. 154, I, da CF; bem como para instituir outras contribuições sociais de seguridade social, art. 195, § 4º da CF.
COMPETÊNCIA COMUM: atribuída a todos os entes políticos, competência para criação de taxas e contribuições de melhoria, art.145, I e II da CF.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DA UNIÃO 
Ela está prevista nos Arts.153 e 154 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por ela são:
Imposto de Importação
Imposto de Exportação
IR
IPI
IOF
ITR
IGF
Imposto extraordinário (em caso de guerra)
Empréstimo compulsório
Impostos residuais
Contribuições especiais
Contribuição para o custeio do regime previdenciário de seus servidores públicos
Taxas e Contribuições de melhoria
No tocante aos impostos de competência da União, além desses poderá a lei instituir outros, lembrando-se que esse evento se dá através de lei ordinária, excetuando-se o IGF, empréstimos compulsórios, impostos e contribuições residuais, que ocorrem mediante Lei Complementar.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DOS ESTADOS E DISTRITO FEDERAL
Ela está prevista no Art. 155 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por eles são:
ICMS
ITCMD
IPVA
Contribuição para o custeio do regime previdenciário de seus servidores públicos
Taxas e Contribuições de melhoria
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DOS MUNICÍPIOS E DO DISTRITO FEDERAL
Ela está prevista no Art. 156 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por eles são:
IPTU
ISS
ITBI
Contribuição para o custeio do regime previdenciário de seus servidores públicos
Contribuição para o Serviço de Iluminação Pública
Taxas e Contribuições de melhoria
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA: (matéria online)
Ao contrário da maior parte das obrigações de Direito Privado, entretanto, a obrigação tributária situa-se entre aquelas classificadas como “ex-lege” - para seu surgimento basta a ocorrência de certos fatos ou situações previstos em normas legais, sendo irrelevante a vontade das partes.
Obrigação Tributária – “Ex lege”
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem
Por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem porObjeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidadepecuniária.
CLASSIFICAÇÃO DO CTN:OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL: tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA: tem por objeto as prestações positivas ou
Negativas previstas como forma de auxiliar as atividades de arrecadação e fiscalização tributárias. 
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL: é uma obrigação de dar (dar dinheiro em pagamento), assumindo um cunho eminentemente patrimonial;
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA: é uma obrigação de fazer ou não fazer e, portanto, de característica não-patrimonial.
Exemplos: emitir nota fiscal (fazer) ou não transportar mercadoria desacompanhada de documentação fiscal (não fazer).
Assim, todas as obrigações impostas pelo Fisco que não sejam de pagar são consideradas obrigações acessórias.
FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: 
Do universo dos diferentes fatos da vida, o legislador escolhe alguns (que de alguma forma denotam a capacidade econômica das pessoas a eles vinculados) sobre os quais fará incidir a cobrança de tributos.
DIFERENÇAS ENTRE HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA E FATO GERADOR:
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA: descrição, feita na lei, de um acontecimento cuja ocorrência faz nascer a obrigação tributária ou o dever perante a administração de cumprir certas formalidades.
FATO GERADOR: concretização da previsão contida na lei, ou seja, concretização da hipótese de incidência.
A denominação “fato gerador” é utilizada, via de regra, para designar as situações que servirão de suporte à incidência de tributos. 
O CTN, contudo, preferiu utilizar a mesma expressão para designar também as situações que dão ensejo à cobrança de multas, bem assim aquelas capazes de gerar o dever de cumprir determinadas prestações positivas (de fazer) ou negativas (de não fazer).
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA– fato gerador da obrigação principal e da acessória
Assim, em razão de ter classificado a obrigação tributária em principal e acessória, o CTN procurou definir o fato gerador da obrigação principal e o fato gerador da obrigação acessória, conforme artigos 114 e 115.
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – LEVAR EM CONTA DUAS SITUAÇÕES:
a) a situação definida in abstracto pela lei e, portanto, de forma hipotética, potencialmente capaz de gerar uma obrigação tributária. É a descrição legal do fato gerador, ou hipótese de incidência.
b) a ocorrência concreta do fato previsto em lei como necessário e suficiente para gerar a obrigação tributária. É a materialização da hipótese de incidência. O que antes era apenas hipótese ocorre agora no plano real. E apenas então, com a concretização da previsão legal, surge a obrigação tributária.
Podemos identificar no fato gerador, enquanto hipótese de incidência, os seguintes elementos:
Elemento objetivo ou elemento material: trata-se do seu núcleo. É a descrição das situações capazes de dar surgimento à obrigação tributária. 
Ex: elemento material do fato gerador do IR - aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza.
Elemento subjetivo: determina os sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária.
Elemento temporal: assinala o instante de surgimento da obrigação tributária.
Elemento espacial ou territorial: corresponde à determinação do local onde ocorre ou se considera ocorrida a situação prevista em lei como geradora da obrigação tributária.
Elemento quantitativo ou valorativo: é a manifestação econômica do fato gerador, e compõe-se da base de cálculo e da alíquota, possibilitando a quantificação do crédito tributário. 
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO:
SUJEITO ATIVO – art. 119 do CTN 
Art.119- Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir tributo.
Os sujeitos ativos podem ser a União, os Estados, O Distrito Federal e os Municípios, mas estas pessoas jurídicas de direito público podem delegar competência para outras pessoas integrarem o pólo ativo da relação jurídica tributária.
SUJEITO PASSIVO - é aquele a quem incumbe pagar o tributo (obrigação principal) e a penalidade (obrigação acessória). O CTN dedica os artigos 121 e 122 à definição do sujeito passivo das obrigações principal e acessória, respectivamente.
Ele pode ser o contribuinte (cidadão que paga o IR) ou o responsável (banco que recebe o valor do IR e deve repassar para a União), nos termos do CTN, 121, parágrafo único.
Portanto, o contribuinte é aquele que pratica o ato definido em lei como gerador da obrigação tributária. Sua vinculação com o fato gerador deve ser pessoal e direta. 
O contribuinte às vezes também é identificado na doutrina como o sujeito passivo direto.
Todavia, a lei, pode atribuir a um terceiro a responsabilidade pelo pagamento do tributo, surgindo assim a figura do responsável que, mesmo sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador, torna-se sujeito passivo da obrigação tributária. 
Naturalmente que o responsável deve ter alguma relação com a situação tributária que se pretende regular. Alguns autores se referem ao responsável como o sujeito passivo indireto. 
Importante ressaltar que a obrigação do responsável deve estar inequivocamente expressa em lei. (Não podendo em decretos, portarias etc.).
OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:
A prestação a que está obrigado o sujeito passivo. 
Assim, o objeto da obrigação principal é o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (CTN, art. 113, §1°). 
Trata-se de uma prestação de dar alguma coisa. 
Objeto da obrigação acessória corresponde às prestações, positivas ou negativas (fazer ou não fazer alguma coisa), previstas na legislação, no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos (CTN, art. 113, §2°).
Causas da obrigação tributária – lei (obrigação principal) e legislação (obrigação acessória)
É a razão que justifica o poder jurídico conferido ao sujeito ativo para exigir do sujeito passivo o cumprimento de seu objeto.
 A causa da obrigação tributária principal, conforme expresso no artigo 114 do CTN, é a lei que descreve seu fato gerador,
Somente a lei pode assegurar ao sujeito ativo o direito de exigir do sujeito passivo o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
A causa da obrigação tributária acessória é a legislação. É o que dispõe expressamente o CTN nos artigos 113, §2°, e 115.
SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA:
Conforme CTN, 124, quando, na mesma obrigação, concorre mais de um devedor, cada um obrigado à dívida toda.
Existe, portanto, uma pluralidade de sujeitos passivos e uma só obrigação. Estamos tratando, aqui, da solidariedade passiva, já que não existe, nos domínios do direito tributário, a solidariedade ativa (mais de um sujeito ativo credor da mesma obrigação).
Dispõe o artigo 124 do CTN que são solidariamente obrigados: 
I- as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; e 
II- as pessoas expressamente designadas por lei.
A solidariedade tributária não comporta benefício de ordem. 
É o que dispõe o parágrafo único do artigo 124 do CTN. 
Isso significa que o Fisco pode cobrar a dívida toda de qualquer um dos devedores solidários, da maneira que lhe convenha, sem ter que observar qualquer ordem de precedência. E não pode o devedor escolhido alegar que os demais devedores deveriam ser cobrados primeiro, por terem relação mais direta com o fato gerador, ou por terem maior capacidade econômica.
O artigo 125 do CTN trata dos efeitos da solidariedade, dispondo que, salvo disposição em contrário de lei:
a. o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais (inciso I), isto é, se um dos devedores paga a dívida toda, desaparece a obrigação de todos os demais perante o Fisco.
b. a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelosaldo (inciso II). c. a interrupção da prescrição em favor ou contra um dos obrigados favorece ou prejudica aos demais (inciso III).
CAPACIDADE TRIBUTÁRIAé a faculdade ostentada pelas pessoas de serem passíveis de tornarem-se sujeitos ativos ou passivos da relação jurídica tributária. 
NÃO HÁ CORRESPONDÊNCIA COM CAPACIDADE CIVIL:
Art.126 - A capacidade tributária passiva independe:
I- da capacidade civil das pessoas naturais;
II- de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III- de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO:
Domicílio é o lugar onde a pessoa responde pelas suas obrigações. A regra geral, segundo o CTN, é a eleição.
Na falta de eleição, aplicam-se as regras dos incisos I a III do artigo 127, ou seja, considera-se como domicílio:
a) quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade (inciso I);
b) quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento (inciso II); e
c) quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante (inciso III).
Quando não couber a aplicação de nenhuma dessas regras, considera-se o domicílio tributário como sendo o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação (art.127, §1°).
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA:
Em princípio, o tributo deve ser cobrada da pessoa que pratica o fato gerador. Nessas condições, surge o sujeito passivo direto (contribuinte). Em certos casos, no entanto, o Estado pode ter necessidade de cobrar o tributo de uma terceira pessoa, que não o contribuinte, que será o sujeito passivo indireto (responsável tributário).
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA, EM SENTIDO RESTRITOé a “submissão, em virtude de disposição legal expressa, de determinada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador da obrigação tributária, ao direito do fisco de exigir a prestação respectiva”.
1- ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE:
Responsabilidade dos sucessores – Arts. 129 a 133 do CTN.
A modificação do pólo passivo da obrigação tributária, por sucessão, pode-se dar por diversos motivos, como o desaparecimento do devedor original (por morte da pessoa natural ou extinção da pessoa jurídica), pela alienação dos bens que deram origem à dívida, por incorporação de uma pessoa jurídica por outra, etc.
O artigo 130 trata da responsabilidade do terceiro que adquire bem imóvel:
“Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação”.
 No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço (CTN, art. 130, parágrafo único). Assim, aquele que adquire bem imóvel em leilão público, nenhuma obrigação terá de pagar eventuais tributos em atraso, cuja quitação deverá ser feita mediante a utilização do valor arrecadado no leilão.
O artigo 131 do CTN traz dispositivo que trata da responsabilidade pessoal do sucessor, e assim dispõe:
Art. 131- São pessoalmente responsáveis:
I- o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aosBens adquiridos ou remidos;
II- o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante doQuinhão, do legado ou da meação;
III- o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.
FUSÃO, TRANSFORMAÇÃO E INCORPORAÇÃO:
A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra, ou em outra, é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas (CTN, art. 132).
Os conceitos de fusão, incorporação e transformação são fornecidos pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404, de 15/12/1976).
Da mesma forma, no caso de extinção de pessoas jurídicasde direito privado, atribui-se responsabilidade tributária ao sócio, ou seu espólio, que continue a exploração da respectiva atividade, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual (CTN, art. 132, parágrafo único).
Art. 133 do CTN - responsabilidade de quem adquire algum estabelecimento e continue a explorá-lo.
Art.133 - A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato:
Art. 133 – continuação
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
A lei complementar n° 118, de 09/02/2005, acrescentou os seguintes parágrafos a esse artigo:
§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial:
I – em processo de falência;
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for:
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou
III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.
§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extra concursais ou de créditos que preferem ao tributário.
O §1° acrescentado ao artigo 133, em consonância com os princípios preconizados pela nova lei de falências (lei n° 11.101/2005), procura encorajar a aquisição de empresas em processos de falência ou de recuperação judicial, ao afastar, nesses casos, a responsabilidade tributária por sucessão. Contudo, para evitar simulações que beneficiem apenas o devedor, em detrimento dos credores, o §2° desse artigo dispõe que persiste a responsabilidade tributária por sucessão na hipótese de o adquirente ser sócio, parente ou agente do devedor falido ou em recuperação judicial.
2- RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Arts. 134 e 135 do CTN
Art.134 - Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
Art. 134 – responsabilidade de terceiros – continuação
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários deofício, pelos tributos devidos sobre os atospraticados poreles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade depessoas.
Parágrafo único - O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.
Ressalte-se que a responsabilidade de terceiros expressa esse artigo só ocorre nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. 
E, ainda assim, para se imputar responsabilidade ao terceiro, é necessário: 
a) sua intervenção no ato relacionado à obrigação tributária; ou 
b) sua omissão na prática de ato de sua responsabilidade.
Entretanto, se o terceiro agir de forma dolosa, praticando atos para os quais não tenha poder, ou em desobediência à lei, contrato social ou estatuto, irá responder não só pelos tributos como também pelas penalidades correspondentes, moratórias ou não. Sua responsabilidade, neste caso, deixa de ser subsidiária, e passa a ser pessoal. 
O assunto é tratado no artigo 135 do CTN.
Art.135- São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
3- RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES: 
Dispõe o artigo 136 do CTN que “Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato”.
Esse dispositivo representa, para muitos, a consagração do princípio da responsabilidade objetiva em matéria de infração à legislação tributária.
A intenção do agente ou responsável não é elemento essencial para a caracterização da infração.
4- RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE:
O artigo 137 do CTN relaciona os casos em que se imputa responsabilidade pessoal ao agente que, agindo em nome e por conta de terceiros, pratica atos em proveito próprio e contra o interesse da pessoa a quem representa.
Responsabilidade pessoal do agente – art. 137 do CTN
Art.137- A responsabilidade é pessoal ao agente:
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, proponentes ou empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA: 
O legislador prevê um tratamento benigno para aquele que, tendo cometido uma infração, espontaneamente se dirige à autoridade fazendária para denunciar sua falta.
É o que dispõe o artigo 138 do CTN:   
“A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, dopagamento devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração”.
O parágrafo único desse artigo, contudo, ressalva que “Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração”.
Portanto, com o início da fiscalização, o contribuinte perde a espontaneidade, que somente será readquirida após o término do procedimento fiscalizatório.
Artigo 18 da Carta Magna:
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DE RENDAS:
Competência tributária é a faculdade atribuída pela Constituição Federal às pessoas jurídicas de direito público com capacidade Política (que desfrutam de poder legislativo próprio) para criarem tributos. 
São elas: a União, os Estados os Municípios e o Distrito Federal.
Assim, é na nossa Lei Maior onde estão prescritos taxativamente quais tributos podem ser criados por cada uma das Pessoas Políticas. A isto se chama “Discriminação Constitucional de Rendas”. Não obstante, para que um Ente possa cobrar um tributo a ele discriminado, não basta dispor da competência tributária conferida pela Constituição. Ela (a competência) deve ser exercida mediante Lei do próprio Ente.
CONSTITUIÇÃO E DESCRIÇÃO DOS TRIBUTOS:
Assim, é na nossa Lei Maior onde estão prescritos taxativamente quais tributos podem ser criados por cada uma das Pessoas Políticas. 
CRIAÇÃO DE TRIBUTO E PROCESSO LEGISLATIVO:
Para criar o tributo, estas pessoas devem observar o processo legislativo que culmina na edição de um lei tributária, isso é, que contenha a definição da hipótese de incidência, a base de cálculo, a alíquota e a discriminação dos sujeitos ativo e passivo. 
DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DE RENDAS:
Não obstante, para que um ente possa cobrar um tributo a ele discriminado, não basta dispor da competência tributária conferida pela Constituição. A competência deve ser exercida mediante Lei do próprio Ente.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA:
A competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa, ou seja, com capacidade de ser sujeito ativo da relação jurídica tributária. 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – INDELEGÁVEL.
Art. 7º – A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
 
PARAFISCALIDADE:
Isso porque a pessoa de direito público, a União, por exemplo, pode atribuir a alguém a capacidade de figurar no pólo ativo de uma relação jurídica tributária, como acontece com o INSS, ao cobrar a contribuição previdenciária. Note-se que, a despeito de se tratar de uma Autarquia Federal, é com base neste dispositivo que o INSS fiscalizava e arrecadava diversos tributos (no caso, contribuições) da competência tributária da União.
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
a) INDELEBILIDADE - competência tributária é indelegável a terceiros. Pode-se até não exercê-la, mas nunca delegá-las. Ver art. 7º do CTN;
b) IRRENUNCIABILIDADE – não há razão para permitir a renúncia, que poderia justificar desvios de propósitos;
c) INCADUCABILIDADE-  a competência tributária não decai caso não seja exercida;
d) PRIVATIVIDADE – cada ente político recebeu suas competências privativas;
e) INALTERABILIDADE: a competência tributária não pode ser ampliada pelo ente político que a detém.
É política e indelegável – art. 7º, caput, da Carta Magna.
Não se confunde com a capacidade tributária ativa, que é administrativa e delegável.
O exercício da competência tributária, conquanto irrenunciável e intransferível, pode ser considerado facultativo.
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
I – privativa;
II – comum;
III – cumulativa;
IV – especial;
V – residual;
VI – extraordinária.
I –COMPETÊNCIA PRIVATIVA– é o poder que têm os entes facultativos para instituir os impostos que são enumerados exaustivamente na Constituição Federal. 
II –COMPETÊNCIA COMUM– está relacionada aos tributos chamados vinculados, isto é, às taxas e às contribuições de melhoria.
III –COMPETÊNCIA CUMULATIVA OU MÚLTIPLA– está prevista no art. 147 da Constituição Federal – prende-se ao poder legiferante de instituição de impostos pela União, nos Territórios Federais, e pelo Distrito Federal, em sua base territorial.
IV – COMPETÊNCIA ESPECIAL: traduz-se no poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148, CF), e as contribuições especiais (art. 149, CF), justificando-se tal classificação pelo fato de terem subsistido, durante largo período, inúmeras polêmicas acerca da natureza tributária desses dois tributos.V –COMPETÊNCIA RESIDUAL OU REMANESCENTE– encontra guarida em dois dispositivos do texto constitucional: o art. 154, I, e o art. 195, par. 4º. 
A temática afia-se ao poder de instituir o tributo diverso daqueles já existentes.
Daí se falar em competência residual, na acepção “daquilo que resta, de algo genuinamente restante ou residuário”.
VI – COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA– é o poder de instituição, pela União, por lei ordinária federal, do imposto extraordinário de guerra (IEG), conforme se depreende do art. 154, II, da CF c/c o art. 76 do CTN.
Instituição por lei ordinária – não inviabiliza a possível criação por medida provisória.
MP – vedada para os casos de lei complementar – art. 62, par. 1º, III, CF.
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS:
Como vimos, a competência tributária é, em síntese, a competência legislativa conferida a uma Pessoa Política – dotada, portanto, de Poder Legislativo – para instituir tributos discriminados a ela pela Constituição Federal.
A instituição de tributos é normalmente realizada por meio de lei ordinária. Há, porém, várias exceções, como a instituição por lei complementar do imposto sobre grandes fortunas. Tais exceções, contudo, devem ser expressas.
COMPETÊNCIA DA UNIÃO FEDERAL:
A União detém a competência comum com os Estados, Distrito Federal e os Municípios para instituir taxas e contribuições de melhoria. (Art. 145, II e III da CF)
É competência privativa da União: os empréstimos compulsórios (art. 148), a grande maioria das contribuições especiais (art. 149) e, os sete impostos previstos no artigo 153 da Constituição Federal (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IEG).
COMPETÊNCIA RESIDUAL DA UNIÃO FEDERAL:
Só a União possui competência residual para instituir impostos outros além daqueles de sua competência privativa. É o artigo 154, inciso I, da Carta Constitucional que a prevê:
Art. 154 – A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.
Impostos :devem ser instituídos por meio de lei complementar e não por lei ordinária. 
Não podem apresentar fato gerador ou base de cálculo dos outros impostos já expressamente discriminados.
A competência residual diz respeito a impostos, e não a tributos em geral.
É da competência residual também o poder conferido à União de criar outras contribuições para a seguridade social além daquelas previstas expressamente no art. 195 da Constituição Federal. É o que determina o parágrafo 4° deste artigo.
IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS DE GUERRA:
Art. 154 – A União poderá instituir:
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competênciatributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
O motivo da criação: guerra externa. (Não é possível a criação de impostos extraordinários na hipótese de guerra civil, isto é, guerra contra grupos nacionais).
Cabe frisar que tal imposto deve ser suprimido, gradativamente. A CF não estabelece o prazo, ficando o disposto no CTN, no artigo 76: cinco anos a partir da celebração da paz.
COMPETÊNCIA DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS:
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispõem de competência comum para instituírem taxas e contribuições de melhoria.
A CF confere aos Estados e ao Distrito Federal, a competência privativa para instituir os três impostos discriminados no artigo 155 (ICMS, IPVA e ITCMD).
Cabe aos Municípios, a competência privativa para instituir outros três impostos previstos no artigo 156 (IPTU, ISS, ITBI).
Além de o Distrito Federal possuir a mesma competência dos Estados, segundo o artigo 147, possui também a competência para instituir os impostos municipais. Portanto, os Estados têm a competência para instituir: ICMS, IPVA, ITCMD + IPTU, ISS e ITBI.

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