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ALUNO: Alvaro Henrique Abreu dos Santos. MATRÍCULA: 20201101966 Disciplina: Direito Contratual ATIVIDADE INDIVIDUAL AVALIATIVA Lei da Pandemia e Lei de Liberdade econômica PARECER JURÍDICO Ao Excelentíssimo Senador Pena Branca, Ementa DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEI Nº 13.874. Lei 14.010/2020. Artigos 317, 478, 479, 421, 113, e 480 DO CPC). LEI DA PANDEMIA. DIREITO INTERTEMPORAL. VETO PRESIDENCIAL PRECIPITADO. INEXISTÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO. REGIME JURÍDICO EMERGENCIAL E TEMPORÁRIO. MEDIDA PROVISÓRIA 881. Relatório: Trata-se de consulta formulada pelo Senador Pena Branca, acerca de um parecer jurídico das questões geradas pela lei 13.874, de 20 de setembro de 2019 a qual institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica e a criação da Lei 14.010/2020 a fim de reduzir os impactos do COVID-19 no âmbito contratual. É o relatório. Passo a opinar Fundamentação: O Senado federal por meio do Projeto de Lei 1.179/2020 deu à luz ao RJET, regime jurídico emergencial e transitório de direito privado. A inspiração veio da França da Primeira Guerra Mundial. Em 1918, os franceses editaram a famosa Lei Faillot onde trataram da revisão de contratos que haviam sido atingidos pelas contingências econômicas de uma guerra. Era uma lei transitória, limitada aos três meses seguintes ao encerramento da guerra. Assim, desse mesmo modo, foi utilizado neste ano de 2020, é de conhecimento geral a pandemia mundial do COVID-19 que está impactando toda a humanidade. Com isto a lei 14.010/2020 DE 20 de março de 2020 acrescentou medidas a fim de reduzir os impactos no âmbito contratual. O art. 6° da lei em epígrafe coloca as consequências decorrentes da pandemia do coronavírus (Covid-19) de execuções dos contratos, incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil (caso fortuito ou força maior), não tendo efeitos jurídicos retroativos, Em regra, a decadência corre contra todos; a prescrição não corre contra aqueles que estiverem sob a égide das causas de interrupção ou suspensão previstas em lei. Em seu art. 7°, a lei atua de forma a não permitir enriquecimentos ilícitos e desigualdade ente as partes do contrato onde uma acaba por conseguir grande vantagem sob a outra deixando de considerar como fatos imprevisíveis nos art. 317, 478, 479 e 480, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou a substituição do padrão monetário. O art. 9° desta que ficou popularmente conhecida como a “Lei da pandemia” alega que não se concederá liminar para desocupação de imóvel urbano nas ações de despejo, a que se refere o artigo 59, primeiro parágrafo, incisos I, II, V, VII, VIII e IX da Lei 8.245/91, até 30 de outubro de 2020. Sendo vetado pelo presidente. Tendo proibido as liminares para desocupação de imóveis a grande preocupação era o surgimento de pessoas se aproveitando da situação e em resguardar os direitos fundamentais dos locatários que por diversas vezes dependem do aluguel do imóvel para se sustentar. Cabe acrescentar, que na maioria dos artigos da referida lei a sua vigência ocorre até o dia 30 de outubro de 2020. Esses vetos presidenciais, por outras vertentes prejudicaram mais a economia do que a auxiliaram. Os renomados Doutores Guilherme Calmon e Thiago Ferreira concordam no seguinte: “...é possível perceber que os vetos presidenciais à Lei nº 14.010/2020, se mostraram equivocados. Salvo raras exceções, como o explicitado art. 7º do RJET, andou mal o Poder Executivo em vetar dispositivos que, em verdade, atendiam o propósito de uma lei transitória e emergencial, que é o de estabilizar as relações, preservando a segurança jurídica. Por certo, muitos desses dispositivos podem levar a discordâncias dogmáticas, mas isso, por si só, não autoriza um veto. Este não pode se fundar em desavenças acerca de teses jurídicas. Ao Poder Legislativo incumbe, por distribuição constitucional de funções e poderes, fazer a escolha acerca do melhor regime jurídico a ser aplicável, só sendo admissível o veto por razões de inconstitucionalidade (veto jurídico) ou por razões de interesse público (veto político), o que não era o caso. Conclui-se, pois, pela correção da atuação do Parlamento brasileiro quanto à derrubada dos vetos aos arts. 4º, 6º, 7º e 9º, da Lei nº 14.010/20, ainda que com a ressalva sobre a correta interpretação que deverá ser feita em relação ao caput do art. 7º, como defendido nesse texto. Oxalá possamos sair da pandemia sem muitos problemas nas relações jurídicas privadas, e o Congresso Nacional vem contribuindo decisivamente para tal desiderato, como se percebe na derrubada dos vetos presidenciais.” Ou seja, concordam que os vetos presidenciais foram precipitados de forma geral, interferindo de forma negativa do direito privado e na economia brasileira, além de o considerarem inconstitucional requerendo que o Congresso Nacional os derrube. Em relação a LEI Nº 13.874 de 20 de setembro de 2019, acrescento que institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica fruto da Medida Provisória 881 onde seu principal âmbito de aplicação diz respeito aos contratos paritários ou negociados. Os contratos paritários são aqueles em que as partes interessadas, colocadas em pé de igualdade, discutem, os termos do ato negocial, eliminando os pontos divergentes mediante transigência mútua o que difere de contratos de adesão ou do tipo formulários que as cláusulas contratuais são impostas arbitrariamente apenas por uma das partes, não estando em pé de igualdade. Em seu §1° do art. 113 da referida lei houve uma ampliação de tutela dos aderentes negociais e contratuais, aqueles para quem o conteúdo do negócio jurídico é imposto. Isso porque qualquer cláusula passa a ser interpretada contra aquele que redigiu o seu conteúdo, máxima há muito tempo reconhecida pelo Direito (interpretatio contra proferentem). Esta ampliação de tutela e de interpretação trás menos segurança aos contratantes. Foi inserido um § 2º no mesmo art. 113 do Código Civil, prevendo que "as partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei" este termo muito se parece com o art. 421-A, inc I, fazendo-se necessária uma especial atenção e um controle dessa regras de interpretação de ambas as leis, cabendo ao Estado essa intervenção. No art. 421 do Código Civil em seu parágrafo único aparentemente apresentaria um problema onde impediria a revisão contratual e a aplicação da “Rebus Sic Stantibus” pelo seu teor o qual diz “...prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.”, no entanto, a interverção do judiciário e do Poder Público ainda sim não seria inibida pelo princípio da intervenção mínima, Anderson Schreibe relata a respeito do princípio da inexistência do princípio da intervenção mínima, segue: “A MP n. 881/19 também introduziu no art. 421 um parágrafo único, que estabelece a prevalência de um assim chamado 'princípio da intervenção mínima do Estado' e reserva caráter 'excepcional' à revisão contratual 'determinada de forma externa às partes'. Mais uma vez, o equívoco salta aos olhos. Não existe um 'princípio da intervenção mínima do Estado'; a intervenção do Estado nas relações contratuais de natureza privada é imprescindível, quer para assegurar a força vinculante dos contratos, quer para garantir a incidência das normas jurídicas, inclusive das normas constitucionais, de hierarquia superior à referida medida provisória. A MP n. 881/19 parece ter se deixado se levar aqui por uma certa ideologia que enxerga o Estado como inimigo da liberdade de contratar, quando, na verdade, a presença do Estado e, por conseguinte, o próprio Direito afigura-se necessária para assegurar o exercício da referida liberdade. No quetange à revisão contratual, também parece ter incorrido a medida provisória nessa falsa dicotomia entre atuação do Estado-juiz e liberdade de contratar, quando, ao contrário, a revisão contratual privilegia o exercício dessa liberdade ao preservar a relação contratual estabelecida livremente entre as partes, ao contrário do que ocorre com a resolução contratual, remédio a que já tem direito todo contratante nas mesmas situações em que a revisão é cabível (v. comentários ao art. 478). Se a intenção da MP foi evitar que revisões judiciais de contratos resultem em alterações excessivas do pacto estabelecido entre as partes, empregou meio inadequado: afirmar que a revisão contratual deve ser excepcional nada diz, porque não altera as hipóteses em que a revisão se aplica, as quais são expressamente delimitadas no próprio Código Civil. O novo parágrafo único, acrescentado pela MP, tampouco indica parâmetros, critérios ou limites à revisão contratual, o que leva a crer, mais uma vez, que a alteração não produzirá qualquer efeito relevante no modo como a revisão contratual é aplicada na prática jurisprudencial brasileira - aplicação que, de resto, já se dá com bastante cautela e parcimônia, sem interferências inusitadas no conteúdo contratual". Portanto, o Estado não retira a liberdade de contratar conforme a MP 881 parece transparecer, e sim é necessário para assegurar o exercício desta liberdade. Conclusão: Ante o exposto, , respondendo a cada um dos questionamentos formulados na consulta, opino que o §1º no art. 113 do Código Civil devido a ampliação de tutela e de interpretação trouxe menos segurança aos contratantes. Além disso, o art. 421 do Código Civil não dificulta efetivamente a revisão contratual e a aplicação da “Rebus Sic Stantibus”, pois a participação do Estado é imprecindível até mesmo para assegurar a força vinculante dos contratos, garantir a incidência das normas jurídicas, inclusive das normas constitucionais, de hierarquia superior a Medida Provisória 881. E, por fim, a interpretação dos contratos de forma geral não teve inovação apenas havendo a tipificação de regras que já eram praticadas. É o parecer. 06 de outubro, Rio de Janeiro Advogado Ruy Barbosa, OAB/RJ 01 Referencias: LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm >. Acesso em: 05 de outubro de 2020. Da Gama,Guilherme Calmon Nogueira. Neves, Thiago Ferreira Cardoso. Revisitando o Direito Intertemporal: vigência e eficácia da Lei da Pandemia (Lei n° 14.010/20; RJET). Disponível em: < http://genjuridico.com.br/2020/06/26/lei-14010-20-vigencia-eficacia/ >. Tartuce, Flávio. A "lei da liberdade econômica" (lei 13.874/19) e os seus principais impactos para o Direito Civil. Segunda parte. Disponível em : < https://migalhas.uol.com.br/depeso/313017/a- -lei-da-liberdade-economica---lei-13-874-19--e-os-seus-principais-impactos-para-o-direito-civil- -segunda-parte > http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm http://genjuridico.com.br/2020/06/26/lei-14010-20-vigencia-eficacia/ https://migalhas.uol.com.br/depeso/313017/a--lei-da-liberdade-economica---lei-13-874-19--e-os-seus-principais-impactos-para-o-direito-civil--segunda-parte https://migalhas.uol.com.br/depeso/313017/a--lei-da-liberdade-economica---lei-13-874-19--e-os-seus-principais-impactos-para-o-direito-civil--segunda-parte https://migalhas.uol.com.br/depeso/313017/a--lei-da-liberdade-economica---lei-13-874-19--e-os-seus-principais-impactos-para-o-direito-civil--segunda-parte
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