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Kfrry]. D'Ambrogio George B. Roth Prefácio de Stephen M. Levin e Sharon Weiselfish 1 Origens da Terapia de Liberação Posicional Posicionamento do Corpo Pontos Sensíveis Técnica Indireta História da Contradistensão Avanços Recentes Resumo O objetivo deste capítulo é traçar o desenvolvimento da terapia de liberação posicional (PRT) e colocá-lo numa perspectiva histórica. A terapia de liberação posicional é uma técnica indireta. Ela coloca o corpo na posição de maior conforto e utiliza pontos sensíveis para identificar e monitorar a lesão. Como a PRT se apresenta como uma mo- dalidade efetiva, ela deve ser fundamentada em certos prin- cípios gerais que possuem uma base fisiológica sólida. Várias de suas caracterfsticas, podem ser identificadas e comparti- lhadas com outras modalidades terapêuticas. Elas incluem o uso do posiciOTlilmentO do corpo, o uso de pontos sensíveis para identificar a lesão e para monitorar a intervenção terapêuti- ca e uma abordagem indireta no que diz respeito à resistên- cia tis5ular. , PosiCIONAMENTO oo CoRPO A postura corporal e a posição relativa de partes do cor- po foram tema de intensa especulação e pesquisa ao longo da história. Da ioga às artes marciais até o estudo da lingua- gem corporal, a disposição das partes do corpo humano foi considerada como tendo uma importância mental, ffsica e espiritual definida. Várias formas de ioga, uma disciplina com mais de cinco mil anos de história, incluem a prática ff- JCa do posicionamento do corpo para melhorar a função e liberar a tensão17• Essas posições colocam certas partes do corpo sob tensão enquanto outras são colocadas numa posi- ção de relaxamento (Figura 1-1). Os benefícios dessa forma de exercício para aliviar a dor musculoesquelética são am- plunente aceitos e ela é utilizada com sucesso por uma quantidade substancial de pessoas10• 22• Derivações moder- 1 2 2 4 5 5 Figura 1-1 Postura de ioga. A, Arco. B, Arado. A B nas dessa antiga arte podem ser vistas nas práticas de Fel- denkrais, na terapia bioenergética, sotai, na estabilização central, na técnica funcional e na contradistensão (Figura 1-2)*. Essas práticas compartilham um ponto em comum pe- "Referências 1,7,9,10,11,15,17. 2 CAPITULO 1 Origens da Terapia de Liberação Posicional Figura 1-2 Exerc(cios de bioenergética. (Modificado de Lowen A, Lowen L: The way to vibront heolth: a manual of bioenergetk exerdses, New York. 197'1, Harper & Row.) lo fato de reconhecerem a relação do movimento corporal e da postura com a condição geral do corpo. Vários autores, tanto modernos quanto antigos, elaboraram as propriedades "energéticas" das posturas e das posições cor- porais30· 3l, 35. Alguns desses fenômenos foram observados regularmente pelos praticantes da PRT como parte do pro- cesso de liberação, o qual é discutido em capítulos posteriores. O m!!canismo responsável por esses efeitos é desconhecido. , PoNTos SENSIVEIS Os pontos de acupuntura vêm sendo usados terapeutica- mente há pelo menos cinco mil anos. Esses pontos estão corre- lacionados com muitos dos que foram "descobertos" pelos investigadores subseqüentes (Figura 1-3 )36. Referências na lite- ratura ocidental indicam a presença de pontos seruíveis (PSs) palpáveis no músculo desde 1843. Froriep descreveu o denomi- nado Muskelschwiele, ou calo muscular, que se referia a pontos sensíveis no músculo associados a patologias reumáticas. Em 1876, o investigador sueco Helleday descreveu pontos sensíveis e nódulos em casos de miosite crônica. Em 1904, Gowers intro- duziu o termo fibrosite para descrever o nódulo palpável, o qual acreditava estar associado aos elementos fibrosos do sistema musculoesquelético. Estudos post-mortem realizados por Schade, os quais foram apresentados na Alemanha em 1919, revelaram nódulos espessos no músculo, os quais serviram para confirmar que essas alterações histológicas evoluíam para lesões independentes da excitação neurológica proximal em curso33. Na década de 30, Chapman5 descobriu um sistema de reflexos que associou ao funcionamento do sistema linfático (Figura 1- 4). Ele observou que o tratamento direto dessas áreas sensíveis reflexas resultava numa melhoria da circulação e da drenagem linfática. A resolução da causa subjacente, visceral ou muscu- loesquelética, reduzia a sensibilidade dessas áreas. Esses reflexos foram descritos como contrações gangliformes nas fáscias pro- fundas que apresentam o tamanho de uma ervilha. Mais recen- temente, Travell e Simons33 sistematizaram o mapeamento e o tratamento direto de PSs em sua obra de dois volumes Myofas- cial Pain and Disfunction. Jones14 descreveu a sua descoberta de pontos sensíveis associados à disfunção musculoesquelética em 1964. O reconhecimento do ponto sensível, ou ponto-gatilho, como um indicador fisiopatológico da disfunção musculoesque- lética também foi elaborado por Rcisomoff23. 24. Bosey2 afirma que os pontos de acupuntura se encontram localizados em depressões palpáveis - cúpulas - sob as quais se encontram cones fibrosos contendo formações neurovas- culares associadas a concentrações de terminações nervosas livres, terminações de Golgi e corpúsculos de Pacini. Melzack e associados19 defendem a não-existência de dife- renças importantes entre os pontos sensíveis, os pontos-ga- tilho, os pontos de acupuntura ou outras áreas sensíveis re- flexas que foram descritas por diferentes investigadores. Os efeitos variados descritas com o uso de diferentes pontos sensíveis pode residir na sua localização relativa em relação aos tecidos subjacentes. Chaitow3 afirma que os chamados pontos sensíveis espontâneos são resultantes de traumatis- mo ou de disfunção musculoesquelética. Os chineses refe- rem-se a esses pontos como pontos Ah Shi em seus escritos datados da dinastia Tang (618-907 d.C.). Chaitow4 enfatiza que eles são idênticos aos pontos utilizados por Jones. Em resumo, há milhares de anos foi reconhecido que os pontos sensíveis possuem uma importância diagnóstica e te- rapêutica. Vários investigadores redescobriram esses pontos e aplicaram uma gama de intervenções terapêuticas para in- fluenciá-los. Em geral, qualquer terapia capaz de reduzir a sensibilidade desses tecidos parece ter um efeito benéfico na saúde do indivíduo. Jones14 foi o primeiro clínico a associar a posição corporal com a redução da sensibilidade de tais pontos sensíveis. , TÉCNICA INDIRETA A história da intervenção terapêutica destinada a atuar nas estruturas somáticas pode ser dividida em técnicas dire- tas e indiretas. As técnicas diretas envolvem a aplicação de força contra uma barreira de resistência, como o alonga- mento, a mobilização articular e a energia muscular8· 20• As técnicas indiretas empregam a aplicação da força longe de uma barreira de resistência, isto é, na direção de maior faci- lidade. As terapias indiretas, incluindo a PRT, evoluíram sob várias formas e compartilham certas características e princípios básicos comuns. Origens da Terapia de Liberação Posicional CAPfTULO 1 3 A R3 tr----..~<-t-<-- B 8 h'-1----11----- B 9 8 10-~"""'----~ B li B 67 B Figura 1-3 Pontos de acupuntura relacionados com A, meridiano do rim, e B, meridiano da bexiga. Em 1943, Sutherland32 introduziu o conceito de manipu- lação das estruturas cranianas. A sua técnica para tratar le- sões cranianas consistia no acompanhamento do movimen- to craniano na direção em que ele se movia mais livremente. Pressionando os ossos da cabeça na direção de maior facilidade, ele observou que os tecidos relaxavam es- pontaneamente e permitiam a normalização do alinhamen- to estrutural e da função. No final da década de 40, Hoover11 introduziu a técnica funcional. Ele observou que, quando uma parte do corpo ou uma articulação era colocada numa posição de equilíbrio di- nâmico recCproco, no qual todas as tensões eram iguais, o cor- po liberava espontaneamente as restrições associadas à le- são. Durante esse período, a visãopredominante da avaliação musculoesquelética enfatizava a posição e a mor- fologia das partes do corpo. Hoover salientou a importância de "escutar" os tecidos, referindo-se ao processo de observar cuidadosamente, através da palpação, os padrões de tensão dos tecidos e dar atenção às suas características funcionais e à sua estrutura. Ele introduziu o conceito de diagnóstico fun- ciona!, o qual leva em conta a amplitude do movimento e o papel do tecido nas estruturas que estão sendo avaliadas. Hoover defendeu um protocolo de tratamento que res- peitava a sabedoria dos tecidos e a interação inerente dos componentes neuromuscular, miofascial e articular. A téc- nica consiste no movimento em direção à menor resistência e ao maior conforto e baseia-se na resposta dos tecidos sob a mão do profissional que realiza a palpação. A posição dinâ- mica neutra tenta reproduzir um equilíbrio de tensões, o qual está próximo da posição anatômica neutra da articulação, dentro de sua amplitude induzida pelo traumatismo. Pode ocorrer uma série de alterações tissulares que é observada pelo profissional. Este tenta acompanhar esse padrão evolu- tivo até o corpo atingir espontaneamente um estado de re- solução e o tratamento é conclufdo11 • Jones15 observou que posições específicas eram capazes de reduzir a sensibilidade de pontos sensíveis. Uma vez locali- zado, o ponto sensível é mantido sob uma pressão sublimi- nar exercida pelo dedo que o palpa. O paciente é então co- locado numa posição que reduz a tensão sob o dedo palpador 4 CAPilULO l Ongens da Terapia de Uberação Posicional Figura 1-4 Reflexos de Chapman. (Modificado de Chaitow L: ~f! tíssue monipulation, Rochescer, Vt, 1988, Healing Arts Press). e ocorre uma redução subjetiva da sensibilidade que é des- crita pelo paciente15. No entanto, essa posição "específica" é melhorada durante o período de tratamento (90 segun- dos), de forma muito semelhante à da técnica de Hoover que acompanha a lesão. Chaitow4 também alude à possibi- lidade de ocorrer um efeito terapêutico pela manutenção do contacto com o ponto sensível. Em 1963, Rumney27 descreveu a base para o restabeleci- mento do movimento normal da coluna como "forças corre- tivas inerentes do corpo - se o paciente for adequadamente posicionado, suas próprias forças naturais podem restaurar o movimento normal de uma área". Outros médicos utiliza- ram um método indireto para tratar a disfunção musculoes- quelética fazendo com que os pacientes se posicionassem ativamente em várias amplitudes de movimento sob orien- tação do profissional e sob monitoramento contfnuo da fa- cilidade máxima através da palpaçãoa, 18. , HISTÓRIA DA (ONTRADISTE NSÃO Em 1954, Lawrence H. Jones, um osteopata com quase 20 anos de experiência, foi chamado por um paciente que vinha sofrendo de lombalgia há 2 meses e que não havia res- pondido ao tratamento quiroprático. O paciente apresenta- va um aparente espasmo do psoas com conseqüente postura antálgica. Jones acreditava poder ter sucesso onde outros haviam fracassado. No entanto, após várias sessões sem que houvesse qualquer melhora do quadro, ele mostrava-se pronto a admitir a sua derrota frente a esse caso resistente. O paciente apresentava tanta dor que lhe era impossível dormir mais do que alguns minutos. Jones decidiu que en- contrar uma posição confortável, que permitisse ao pacien- te dormir, lhe proveria algum alívio temporário e um pouco do repouso tão necessário. Após muitas tentativas e erros, eles encontraram uma posição confortável. Jones colocou o paciente em uma posição flexionada incomum, apoiado por vários travesseiros, e deixou-o repousar. Após algum tempo, Jones sugeriu ao paciente que ele memorizasse a posição pa- ra reproduzi-la ao deitar-se à noite. Em seguida, o paciente deixou lentamente a posição e foi orientado a ficar em pé. Para grande surpresa do paciente e de Jones, o paciente fi- cou em pé e apresentou uma redução drástica da dor. Segun- do Jones, "o paciente ficou encantado e eu perplexo!"14, 15. Essa descoberta enfatizou o valor da posição de conforto. Jones observou que a manutenção dessas posições durante períodos variados de tempo resultava freqüentemente numa melhoria duradoura. inicialmente, ele mantinha a posição durante 20 minutos e, aos poucos, ele observou que 90 se- gundos eram o limite mínimo para a correção ideal da lesão. À medida que Jones buscava as possíveis aplicações des- sa nova descoberta, a qual chamou de contradistensão, ob- servou que muitas das condições dolorosas que ele era capaz Origens da Terapia de Liberação Posicional CAPfnJLO 1 s de aliviar estavam associadas à presença de pontos sensíveis agudamente dolorosos. A abordagem tradicional de lesões da coluna vertebral era a avaliação e o tratamento baseado nas áreas sensíveis dos tecidos paravertebrais. Esses pontos, após o posicionamento do paciente, indubitavelmente apre- sentavam uma redução da sensibilidade e permaneciam as- sim mesmo após a conclusão do tratamento. Conseqüente- mente, uma dimensão diagnóstica importante foi adicionada a essa forma de tratamento. No entanto, em muitos casos de dor lombar e cervical, não se podia detectar pontos sensíveis na área dolorosa nos tecidos paravertebrais. O destino novamente teve que atuar. Um paciente, que vinha sendo acompanhado por Jones por um problema de lombalgia, estava trabalhando no jardim quando sofreu um traumatismo na região inguinal com um cabo de rastelo. Com dor e temendo ter produz1do uma hérnia, ele procurou Jones, que o examinou e garantiu-lhe que não havia ocorrido a formação de uma hérnia. Uma vez que o paciente já se encontrava no consultório, Jones decidiu realizar o tratamento que estava programado para a semana seguinte. Após colocá-lo na posição para o tratamento da lombalgia (decúbito dorsal e com flexão máxima dos qua- dris), Jones decidiu verificar novamente a área sensível da região inguinal. Para sua surpresa, a sensibilidade havia desa- parecido. Esta descoberta solucionou o mistério dos pontos de sensibilidade ausentes e, em seguida, Jones foi capaz de re- velar um conjunto de pontos sensíveis, localizados anterior- mente, que estavam associados à dor na coluna vertebral'3. Ele observou que aproximadamente 30% a 50% da lombalgia estava associada a esses pontos sensíveis anteriores. Com esta descoberta, muitas das suposições e das tentativas e erros na aplicação da terapia foram eliminados. O uso de pontos sen- síveis tomou-se um indicador confiável do tipo de lesão encontrada e, por essa razão, a intervenção poderia ser insti- tuída com maior confiança e reprodutibilidade. Jones passou a maior parte dos 30 anos seguintes desenvolvendo e docu- mentando suas descobertas, as quais ele publicou pela pri- meira vez em 1964H. Posteriormente, escreveu um livro inti- tulado Strain and Counterstrain15. , AVANÇOS RECENTES A terapia de liberação posicional deve a sua recente evo- lução a alguns médicos e pesquisadores. Schwartz29 adaptou várias técnicas para reduzir a tensão do profissional. Shiowitz28 introduziu o uso de uma força facilitadora (com- pressão, torção, etc.) para melhorar o efeito do posiciona- mento. Ramirez e outros21 descobriram um grupo de pontos ~nsíveis na face posterior do sacro que têm conexões importantes com o mecanismo pélvico. WeiselfishH deli- neou a aplicação específica de técnicas de liberação posi- cional a serem utilizadas em pacientes neurológicos. Ela oh.ervou que a fase inicial de liberação (neuromuscular) exigia um mínimo de 3 minutos e também esboçou proto- colo para localizar áreas fundamentais de envolvimento nessa população de pacientes. Ela, Juntamente com um de nós (D'Ambrogio), descreveu as duas fases da liberação: neuromuscular e miofascial. !3rown1 desenvolveu um sis- tema de exercfcios para a coluna vertebral no qual é man- tida uma amplitude de movtmento indolor. D'Ambrogio desenvolveu um método de avaliação minuciosa para facilitar a avaliação eficientee completa do paciente6 e Roth desen- volveu uma melhor mecânica do corpo para o profissional liberal para reduzir a tensão, correlacionando as lesões com estruturas anatômicas especfficas25• Nós ajudamos a simpli- ficar a terminologia utilizada para descrever as lesões e siste- matizamos o programa educaciOnal para auxiliar no desen- volvimento mais eficaz das habilidades da técnica de liberação posicional. No próximo capítulo, iremos auxiliá-lo a estabelecer uma base fisiológica de muitas das manifesta- ções clínicas da disfunção musculoesquelética. , RESUMO A terapia de liberação posicional possui suas raízes histó- ncas na Antiguidade. As três principais características (postcionamento corporal, o uso de pontos sensíveis e a natureza indireta da terapia) podem ser relacionadas indivi- dualmente a práticas realizadas nos últimos cinco mil anos. Podem ser estabelecidas conexões com disciplinas antigas (ioga e acupuntura) e com os trabalhos realizados por inves- tigadores nos dois últimos séculos. Jones forneceu contribui- ções importantes para o desenvolvimento desta arte e ciência12• 13• 16. A terapia de liberação posicional vem avan- çando e se desenvolvendo continuamente através das con- tribuições de muitos médicos e pesquisadores. Referências I. Brown CW: Change in disc treatmem saves hockey star, Backleuer 7( 12): 1, 1992. 2. Bosey J: The morphology of acupuncture pomts, Acupunc Elecwrher Res 2:79, 1984. 3. Chattow L: Scft ussue marupularion, Rochester, Yt, 1988, Healmg Arts Press. 4. Chattow L: TM acupuncture treatment of pam, Wellmgborough, 1976, Thor..ons. 5. Chapman F, Owens C: lntroduction w and endoermt rnttrpretatwn of Chapman's reflexes, se1f-pubhsheJ. 6. D'Ambrogio K: Stram/countmtram (course syllabus), Paim Beach Gardens, 1992, Upledger 1nsmute. 7. 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A disfunção somática é discuti- da à luz das descobertas recentes relacionadas com as pro- priedades fisiológicas dos vários tecidos do corpo. Foram in- troduzidos vários modelos de disfunção dentro do contexto de seu possível papel na explicação dos efeitos da PRT. Al- gumas doutrinas predominantes podem ser desafiadas pelos argumentos apresentados e esperamos que o leitor mante· nha a mente aberta e julgue essas teorias no que conceme ao seu mérito racional e baseando-se em como elas são ade- quadas à experiência clínica. , DISFUNÇÃO SOMÁTICA UH NOVO PARADIGMA As teorias predominantes sobre o desenvolvimento de condições musculoesqueléticas estão passando por uma aná- lise minuciosa. Os pacientes e as seguradoras vêm exigindo eficácia e confiabilidade nas intervenções terapêuticas. Se a teoria subjacente relativa ao desenvolvimento da disfunção somática for incoerente com as realidades clínica e fisiológi- ca, os modelos terapêuticos com base nesses princípios de- ,·em ser questionados. O modelo estrutural da disfunção musculoesquelética es- t.i associado à anatomia macroscópica, às deformações pos- turnts e às alterações degenerativas (escoliose, degeneração Resumo 16 10 discai, osteófitos, etc.). A presença dessas anomalias físicas é considerada uma causa direta de sintomas. Essas teorias fo- ram suportadas pelo advento de equipamentos de exame de imagens, como a radiografia e suas derivações modernas (to· mografia computadorizada, ressonância magnética). O obje- tivo das terapias fundamentadas nesse modelo é reorganizar a estrutura de acordo com uma arquitetura ideal. A suposi- ção é que, ao se restabelecer a relação física ideal entre as partes do corpo, tudo é restaurado para o funcionamento perfeito. A intervenção terapêutica deve remodelar os com- ponentes do corpo e aliviar o estresse da estrutura no siste· ma. O alongamento de tecidos encurtados, o exercício vigo- roso de músculos hipotônicos e a remodelação cirúrgica de componentes ósseos e articulares do sistema musculoesque· lético, com o objetivo de se obter essa arquitetura ideal, têm obtido êxito limitado. A crença de que esses procedimentos devem funcionar por serem compatíveis com esse modelo do corpo encoraja a persistência, mesmo que os resultados objetivos possam contradizer a premissa básical7, t8. 45. Infe-lizmente, em muttos casos, a estrutura resiste aos nossos es- forços. Com freqüência, o resultado é a frustração do profis- sional e o tormento do paciente. O modelo funcional do sistema musculoesquelético sus- tenta que os distúrbios biomecãnicos são uma manifestação das propriedades intrínsecas dos tecidos afetados33. As alte- rações tissulares podem ser resultantes de traumatismos ou de inflamação e são analisadas como uma expressão direta 7 8 CAPÍTULO 2 A Base Racional da Terapia de Liberação Posicional dos processos fundamentais nos níveis ultraestrutural e bio- química. Essas alterações, as quais são denominadas em con- junto como disfunção somática, podem se manifestar como redução do jogo articular, perda da resiliência, do tônus ou da elasticidade tissular, alterações tróficas e da temperatura e perda da amplitude de movimentos e da assimetria postu- ra!. Este modelo considera a forma do corpo como uma ex- pressão de sua função. A postura é interpretada como uma manifestação externa do grau de equilíbrio nos tecidos e é dada uma ênfase maior à interação de todas as partes do cor- po durante os movimentos fisiológicos e não-fisiológicos. Este modelo enfatiza o papel dos tecidos moles, especial- mente dos elementos miofasciais. Um corpo cada vez mais sólido de conhecimentos apóia a premissa de que uma grande proporção da dor e da disfun· ção musculoesquelética origina-se de elementos miofasciais em comparação com os tecidos neurais ou articulares38. Ro- somoff e outros35 concluíram que mais de 90% das lombal- gias podem ser de origem miofascial. De fato, defendem uma das teorias mais populares da origem da lombalgia, a da pres- são sobre um nervo, como na degeneração discai ou na pro- trusão discai, que resultaria no chamado nervo silencioso. Eles afirmam que "a lombalgia deve ser considerada um pro- blema não-cirúrgico, não relacionado com a compressão neural". A pressão sobre um nervo acarreta uma redução da sensação e da função motora e não da dor. Isto pode ser fa- cilmente comprovado pela simples experiência de se colocar o braço sobre o apoio de uma cadeira e observar como ele "adormece". Durante esse episódio, ocorre uma sensação de anestesia e de perda do controle motor - não há dor. So- mente quando a pressão é aliviada é que a dor é sentida, jun- tamente com um retomo gradual da função motora. Saal e outros38 propuseram que, ao ocorrer lesão ou dege- neração discai, os discos liberam água e proteoglicanos. Es- se material sofre transformação bioquímica através da glico· silação e, posteriormente, é considerado substância estranha pelo sistema imunológico. Isso acarreta o início de uma res· posta inflamatória. Com a continuação do extravasamento dessa proteína "estranha" no espaço extradural, pode haver uma elevação significativa do nível de fosfolipase (um com· ponente da cascata do ácido aracdônico), levando à produ· ção de mediadores químicos nociceptivos e à dor induzida bioquimicamente38. Brown5 observa que as hemiações dis· cais podem ser um desviador da atenção do foco principal em muitos casos de dor torácica e que, excluindo-se qual- quer indicação importante de compressão medular, tudo que é necessário para aliviar a fonte miofascial da dor é uma abordagem conservadora. Rosomoff e outros35 indicam que, na maioria dos casos de trauma musculoesquelético, a lesão concomitante de teci- dos moles e a conseqüente liberação de mediadores quími- cos inflamatórios produzem a sensação de dor. As respostas miofasciais à lesão são resultantes de um aumento do nível de substâncias químicas pró-inflamatórias presentes, devido à lesão ou a um traumatismo direto nos tecidos49. No último caso, foi postulado que o cálcio é liberado do músculo lesa· do, o qual, por sua vez, combina-se com o trifosfato de ade- nosina para produzir uma contratura persistente7• Respostas proprioceptivas e neuromusculares são outros mecanismos potencialmente importantes associados à disfunção somáti· ca. A tensão súbita que acompanha muitas lesões envolve o arco reflexo miotático22•53. Esses eventos podem ser respon- sáveis pelo desenvolvimento de pontos desencadeadores miofasciais, espasmo muscular protetor, diminuição da am- plitude do movimento e redução da força muscular, os quais acompanham de modo coerente a lesão musculoesquelética. O efeito do trauma da matriz fascial também é foco de muita especulação. As descobertas de Levin27·29 podem es· clarecer essa questão complexa. Ele e outros demonstraram que a estrutura básica de todos os tecidos orgânicos determi- na a sua resposta às forças traumáticas e pode ser responsá- vel por determinadas propriedades que podem levar à dis- função persistente19• 36• 51 . A PRT e outras terapias funcionais não aliviam ou ten· tam tratar qualquer patologia tissular. O papel principal des- sas terapias é aliviar a disfunção somática, a qual, segundo Levin29, é um processo não-linear. O processo não-linear é aquele que exerce uma influência durante um período de tempo relativamente curto. Esse processo tende a ser funcio· nal em vez de patológico e responde rapidamente à terapia funcional. A restauração funcional estabelece um ambiente no qual o processo de cura linear do componente patológico da lesão pode ocorrer de modo mais eficaz. Conseqüentemente, a disfunção musculoesquelética pa· rece originar-se e manter-se no nível molecular e ultra-es· trutural dos tecidos. As propriedades intrínsecas do tecido e sua resposta fisiopatológica inerente ao trauma parecem ser coerentes com muitas das manifestações externas associadas à disfunção somática. É imperativo que examinemos as nos· sas crenças e hipóteses de modo que possamos acomodar es· sa base de conhecimento em desenvolvimento dentro de nosso modelo de trabalho 'da disfunção somática. A terapia efetiva pode ser congruente com esses princfpios relaciona- dos com a resposta dos tecidos corpóreos ao trauma. Agora, examinaremos a PRT dentro do contexto de sua influência sobre essas propriedades dos tecidos. OS TECIDOS O corpo é composto por vários tipos importantes de teci- dos. Para os objetivos dessa discussão, referente à disfunção musculoesquelética, consideraremos três classes principais de tecidos: músculo, fáscia e osso. Apesar de esses tecidos serem considerados separadamente e serem analisados isoladamen- te na literatura, devemos reconhecer que eles são interliga- dos na sua função. A teoria da cadeia cinética14 e o modelo de tensegridade (tensegrity) do corpo21·29 apóiam o conceito de que os efeitos associados às lesões somáticas são transmitidos pelo organismo. A restrição ou a disfunção de uma área ou de um tipo de tecido pode acarretar reações e sintomas em outras áreas do corpo. A terapia musculoesquelética efetiva, incluindo a PRT, deve abordar a fonte da disfunção e, por es- A Base Racional da Terapia de Liberação Posicional CAPfTULo2 9 ta razão, é fundamental que se tenha um conhecimento am- r ,,, da fisiologia e da fisiopatologia dos tecidos somáticos. O sistema muscular, apesar de suas grandes proporções, é mantido em um sutil estado de equilíbrio e coordenação através de uma ampla gama de posturas e atividades. Os músculos são a fonte e o recipiente da maior quantidade de atividade neural do corpo. Isto inclui as atividades motoras e sensoriais, as vias verticais (conscientes, cerebrais) e a ati- vidade autônoma em relação às demandas metabólicas, vis- cerais e circulatórias requeridas durante o esforço muscular. Os músculos, segundo }anda, encontram-se "no cruzamento dos estímulos aferentes e eferentes" e são, de fato, "a parte mais exposta do sistema motor"22• A amplitude de movi- mentos, do ponto de vista segmentar ou global, depende muito do estado de equilíbrio dos músculos que cruzam as articulações envolvidas e a restrição do movimento pode ser atribuída diretamente às anormalidades do tônus e da ativi- dade desse sistema. A resposta muscular à lesão é o espasmo muscular protetore esse reflexo é mediado por reflexos proprioceptivos e mo- nossinápticos no nível medular. Os reflexos neuromuscula- res envolvidos nessa resposta serão discutidos mais detalha- damente mais adiante neste capítulo, na seção sobre os proprioceptores. O músculo é entremeado por fibras colage- nosas e elásticas e, por esta razão, compartilham algumas ca- racterísticas do tecido fascial. Portanto, as alterações do te- cido fibroso do músculo podem ser uma característica da disfunção pós-traumática. O sistema fascial é uma vasta rede de tecido fibroso que contém e suporta músculos, vísceras e outros tecidos em to- do o corpo. A lesão ou a inflamação resulta na fibrogênese adesiva, que pode acarretar perda da elasticidade normal. Se- gundo Bames1 e Becker\ a matriz colagenosa da fáscia en- contra-se em um estado de adaptação dinâmica às condições mutantes, incluindo os efeitos da distensão, do trauma e de processos inflamatórios. A fáscia contém uma maior porcen- tagem de fibras colagenosas não-elásticas do que as fibras de elastina e, conseqüentemente, tem um papel importante na limitação do movimento excessivo e na contenção da infla- mação e da infecção. Alterações das ligações eletroquímicas entre as fibras colagenosas acarretam a formação de ligações cruzadas em resposta à irritação química relacionada com a mflamação, hiperdistensão ou outras influências mecânicas. À medida que essas ligações cruzadas se formam, a elasticida- de da fáscia torna-se reduzida e o tecido passa do estado co- loidal para um estado gelatinoso na área de envolvimento. O efeito é o desenvolvimento de uma área de restrição e redu- ção da elasticidade ou tensão fascia1 1•35. A tensão neural e a disfunção visceral também foram citadas como focos separa- dos de disfunção2•6• Essas lesões podem representar manifes- tações específicas da tensão fascial nesses tecidos. As estruturas ósseas foram durante muito tempo ignora- das corno elementos ativos na fisiopatologia da disfunção musculoesquelética. Provas recentes indicam que o osso é muito mais plástico e suscetível do que havia sido estimado anteriormente. Chauffour11 afirma que o osso longo possui uma flexibilidade de até 30 graus antes da indução da fratu- ra. A matriz colagenosa do osso "e o periósteo apresentam ca- racterísticas similares à fáscia de qualquer região do corpo. Numa lesão, o osso não é menos afetado do que qualquer outro componente do sistema musculoesquelético e apre- sentará padrões de lesão persistente dependendo da nature- za do evento. Teoricamente, muitas das modalidades tera- pêuticas utilizadas para o músculo e para a fáscia podem ser aplicadas ao componente ósseo da disfunção10• 42• A IMPORTÂNCIA DO PONTO SENSÍVEL Pontos sensíveis podem surgir em qualquer tecido somáti- co: músculo, fáscia (incluindo ligamentos, tendões, cápsula articular, sincondroses e suturas cranianas), periósteo e osso. Na terapia de liberação posicional, os pontos sensíveis são utilizados principalmente como indicadores diagnósticos da localização da disfunção. A utilização diagnóstica e terapêu- tica dos pontos sensíveis é fundamental numa ampla varie- dade de terapias, inclusive na PRT*. O conhecimento de sua fisiopatologia e de seu papel na etiologia da disfunção somá- tica nos auxiliará na continuação de nosso estudo da PRT. Travell e Simons45 definiram a síndrome da dor miofascial da seguinte maneira: "dor musculoesquelética localizada, ori- ginária de um foco hiperirritável ou de um ponto-gatilho (PG) numa faixa tensa de músculo esquelético ou de fáscia muscu- lar". Uma revisão exaustiva da literatura sobre a sfndrome da dor miofascial revelou uma ausência evidente de critérios ob- jetivos de avaliação e tratamento dessa condição comum 15. O ponto sensível (PS) é palpável como um nódulo pequeno (de 0,25 a 1,0 em), geralmente localizado nos tecidos subcutâneo, muscular ou fascial. Parece haver uma íntima relação entre os pontos sensíveis utilizados na PRT e por Jones e os pontos Ah Shi descritos nos escritos chineses8, os pontos neurolinfáticos descritos por Chapman e Owens9 e os pontos neurovasculares descritos por Bennetr4 (ver Capítulo 1). A associação entre os pontos-gatilho ou pontos sensíveis miofasciais e a disfunção musculoesquelética foi estabeleci- da por vários autorest. O estilo de vida sedentário e a repe- tição ocupacional limitam o número de músculos utilizados regularmente. Por esta razão, uma porcentagem relativa- mente pequena de nossa massa muscular total tende a ser utilizada em excesso, enquanto outros músculos tomam-se atrofiados e a sua capacidade de tolerar cargas ou tensões é reduzida. O estresse postura!, os traumatismos, a tensão arti- cular e outros fatores mecânicos podem sobrecarregar os te- cidos miofasciais, levando a alterações bioquímicas envolvi- das na produção de PSs. Os pontos sensíveis são mais predominantes nos tecidos estressados mecanicamente, so- bretudo naqueles com elevadas demandas posturais como o trapézio superior, o elevador da escápula, os suboccipitais, o psoas e o quadrado lombar-3°. Na palpação mais profunda, também foi observado que os músculos do esqueleto axial 'Referências 8, 22, 31, 35, 39, 42, 45, 48. tReferências 15, 20, 35, 41, 45, 46, 54-57, 58. 10 CAPfTIJLO 2 A Base Racional da Terapia de Uberação Posicional (multifido, rotadores, elevador das costelas, escaleno e in- tercostais) contêm PSs ativos. O "guerreiro de fim de sema- na" com freqüência distende os grupos musculares menos utilizados e solicita respostas fásicas de músculos adaptados inicialmente a uma função tônica. A inflamação causada pela lesão inicial libera mediado- res químicos pró-inflamatórios e vasoconstritores, como a histamina e as prostaglandinas. O trauma agudo ou repetiti- vo pode acarretar ruptura do retfculo sarcoplasmático. O conseqüente fluxo de íons de cálcio para o compartimento intersticialleva à interação não-controlada entre a actina e a miosina e ao desenvolvimento de faixas tensas de múscu- lo palpáveis associadas ao envolvimento miofascial. O resul- tado desses eventos traumáticos é a hipertonia, a inflama- ção, a isquemia e um aumento da concentração de mediadores químicos metabolicamente ativos. Acredita-se que este ciclo vicioso, o qual será ainda mais perpetuado pe- lo trauma repetitivo, seja responsável pela manutenção des- sas áreas focais hiperirritáveis e restritas (PSs) nos tecidos23, 43, 49. A sensibilização de nociceptores e de mecanorreceptores dos tecidos afetados parece ter um papel na mediação da for- mação de PSs. Fibras nervosas dos grupos II1 e IV são sensí- veis a compostos quimicamente ativos como as prostaglan- dinas, as cininas, as histamina e o potássio. O exame microscópio de PSs musculares revela a presença de mastó- citos (fonte de histamina) e de plaquetas (fonte de serotoni- na). Estas substâncias pró-inflamatórias podem contribuir com a hipersensibilidade local, que ativa os PSs quando ocorre deformação mecânica ou pressão direta43. Essencialmente, os tecidos miofasciais são uma rede con- tínua que circunda e penetra de modo ininterrupto todas as estruturas e órgãos do corpo. Ela pode ser comparada como uma peça de tecido. Qualquer ruptura, pressão ou torção dessa rede é instantaneamente transmitida a toda estrutura e criará uma distorção da arquitetura previamente simétri- ca15· 27· 34. O ponto sensível pode ser concebido com um fo- co d~ constrição dos tecidos miofasciais. Esses pontos de tensão focais nodulares (PSs) da rede miofascial podem re- sultar em distorções da integridade biomecânica dessa ma- triz'. Eles também podem ter um papel na geração de estí- mulos irritáveis, os quais mantêm a disfunção através de um segmento facilitado (discutido posteriormente). ,0 PAPEL DA lERAfiA DE liBERAÇÃO PosiCIONAL NA DISFUNÇÃO SoMÁTICA O papel da PRT na resolução da disfunção somática é avaliado dentro do contexto de várias teorias atuais da fisio- patologia miofascial e neuromuscular. Cada um dos proces-sos pode explicar um determinado aspecto da disfunção e uma combinação de efeitos pode ser responsável pela gama de manifestações observadas na prática clínica. TRATAMENTO PELA TERAPIA DE liBERAÇÃO POSICIONAL • O tratamento através da terapia de liberação posicional é realizado pela colocação dos tecidos envolvidos numa po- sição ideal de conforto. O objetivo da posição ideal de con- forto é reduzir a irritabilidade do ponto sensível e normali- zar os tecidos associados à disfunção. É necessário precisão no posicionamento do paciente, pois a amplitude em que ocorre o relaxamento máximo dos tecidos é pequena - em geral de 2 a 3 graus22 (ver Capítulo 4). Pode se especular que o posicionamento além da amplitude ideal coloca os múscu- los antagonistas ou as estruturas fasciais oponentes sob uma maior tensão, a qual, por sua vez, produz um aumento does- tímulo proprioceptivo/neural, resultando na reativação do segmento facilitado. A posição ideal é determinada subjeti- vamente pela percepção de sensibilidade do paciente e ob- jetivamente pela redução do tônus palpável do ponto sensí- vel. Referimo-nos a essa alteração como zona de conforto (ZC). Esse sistema de feedback intrínseco auxilia no diagnós- tico e no tratamento da disfunção musculoesquelética e confere um alto nível de confiabilidade da PRT na clínica. D'Ambrogio e Weiselfish, em suas palestras, descrevem duas fases principais do fenômeno de liberação: a fase neuro- muscular, que dura aproximadamente 90 segundos, e a fase miofascial, que dura até 20 minutos. Além disso, Weiselfish53 afirma que a fase neuromuscular de pacientes neurológicos dura cerca de 3 minutos (ver Capítulo 1). Clinicamente, ocorrem vários fenômenos durante o posicionamento. Ao se aproximar da ZC, os tecidos da área do ponto sensível tor- nam-se mais macios e menos sensíveis. Após um período de tempo, podem ser observadas várias outras alterações. Com freqüência, ocorre um aumento da temperatura local. A vi- bração e a pulsação na área do ponto sensível também são descobertas comuns à medida que o tratamento progride. Po- dem ser observadas alterações respiratórias durante o trata- mento, com a respiração tomando-se superficial e rápida, se- guida por várias respirações lentas e profundas. Isto pode ocorrer várias vezes durante o tratamento. O relaxamento fascial pode ser observado estendendo-se a partir da área do ponto sensível. O paciente descreve vários sintomas tranSi- tórios durante o posicionamento, incluindo parestesia, sen- sação de calor, dores passageiras em outras áreas do corpo, ce- faléias, episódios emocionais e, finalmente, uma sensação de relaxamento profundo. Os fenômenos observados associados à disfunção somáti- ca e ao efeito terapêutico da PRT podem ser explicados por vários fenômenos fisiopatológicos: sistemas proprioceptivos, vias nociceptivas, o segmento facilitado e a disfunção fascial. PROPRIOCEPTORES: FEEDBACK NEUROHUSCULAR Na década de 40, Denslow12 e Korr25• 26 começaram a in- vestigar o papel dos sistemas de feedback neuromuscular no desenvolvimento da disfunção somática. Na técnica funcio- nal, como foi descrito por Hoover18, a amplitude de movi- A Base Racional da Terapia de Liberação Posicional CAPfllJLO 2 11 I Fibras ..-.<.;11'---- Fibra muscular extrafusal Tecido conjuntivo encapsulado Terminação anulospiral Figura 2-1 Fuso muscular e segmento medular. mentos é monitorada pelo grau de facilidade ou de restrição. Ele descreve uma lesão como tendo uma amplitude de movi- mentos excessivamente resistente numa direção e uma am- plitude excessivamente complacente noutra direção. Essas caracterfsticas não são atribuídas a um tecido em particular. Jones22 é preciso na descrição de sua técnica quando coloca o corpo na direção de maior facilidade ou conforto para "in- terromper a atividade proprioceptiva inadequada". Os órgãos proprioceptivos que monitoram o sistema mus- culoesquelético estão localizados em três áreas principais. Os receptores de Ruffini são encontrados na cápsula articu- lar e informam a posição, a velocidade e a direção do movi- mento. Essas informações são transmitidas diretamente aos centros superiores do cerebelo e do córtex cerebral e não pa- recem ter influência direta no nível segmentar local. Os ór- ~os tendinosos de Golgi estão localizados próximos da jun- ção musculotendinosa e respondem à tensão e carga excessivas sobre o músculo. Os impulsos desses receptores exercem um efeito inibidor no nível medular para proteger ( _ tecidos da hiperdistensão. Os feixes musculares estão lo- cahzados entre as fibras musculares de todos os músculos es- triados. O sistema de monitoramento dessa organela com- plexa é analisado posteriormente25, 48, so. Os feixes musculares talvez sejam os órgãos propriocepti- vos mais sensíveis às alterações de posição, de carga e de ve- locidade de partes do corpo que ocorrem a cada momento (Figura 2-1). Eles estão conectados, direta e indiretamente, ao segmento medular por neurônios motores gama e alfa, os quais suprem as fibras intrafusais (feixe muscular) e extrafu- sais (músculo somático), respectivamente. Dois tipos de re- ceptores do feixe muscular geram impulsos aferentes. As ter- minações em ramalhete de flor localizadas nas extremidades dos feixes são estimuladas pelo grau de distensão das fibras intrafusais (neurônios sensoriais tipo 11). As terminações anulospirais, localizadas em tomo da bolsa nuclear central das fibras intrafusais, não apenas informam o grau de disten- são, mas também a velocidade de alteração do comprimento (neurônios sensoriais tipo la). A velocidade de alteração do comprimento tem uma grande importância por ser um estí- mulo profético da lesão potencial muscular e relacionada com os tecidos. O aspecto crítico da função sensorial do fei- xe muscular parece predominar em termos de influência neural no nível medular. Por essa razão, uma força que pro- duz uma alteração rápida do comprimento, como numa dis- tensão súbita de um músculo, terá um efeito mais potente ge- rando reflexos protetores através da conexão monossináptica com o neurônio motor alfa. Os neurônios eferentes gama de- 12 CAPÍTULO 2 A Base Racional da Terapia de Liberação Posicional B A l1 I 111 I I I I I I I I 11 I I I I I I I I Posição neut ra Distensão Disfunção Figura 2 -2 Modelo neuromuscular de ]ones. (Modificado de jones LH: Srrain and counrn:<rrain, Newark, Ohio, 1981, American Academy ofOsteopathy). terminam o comprimento das fibras intrafusais e estabelecem o limiar de estimulação dos neurônios sensoriais. Um tônus de repouso predeterminado, ou viés gama, é mantido para ga- rantir a capacidade dos músculos somáticos para responde- rem às variadas demandas. O equilíbrio dinâmico entre o fei- xe muscular e o músculo somático mediado pelo sistema gáma foi denominado servomecanismo de alto ganho25• 26• Este sistema mantém o tônus ideal e a prontidão do múscu- lo e também pode ser um mecanismo de desenvolvimento e perpetuação da resposta à lesão miofascial. Segundo Jones22, o feixe muscular tem um papel predomi- nante no desenvolvimento da disfunção somática. Jones des- creve o efeito de uma distensão sobre um par de músculos an- tagonistas (A e B) sobre uma articulação. A Figura 2-2, que está dividida em três seções, ilustra essa teoria. A seção 1 re- presenta uma articulação em repouso com um tônus aproxi- madamente igual em ambos os músculos, como é mostrado no eletromiograrna (EMG) esquemático. A seção 2 mostra uma condição de distensão articular. O músculo A é hiper- distendido, produzindo a geração de uma maior taxa de im- pulsos neurais no sistema gama. O músculo B encontra-se num estado de encurtamento excessivo, resultando numa re- dução da taxa de impulsos. A distensão súbita sofrida pelo músculo A acarreta uma contração miotática reflexa e um rebate rápido da direção inicial da distensão. Isto produz uma distensão abrupta do músculo B que apresenta um encurta- mento excessivo.As terminações anulospirais, que respon- dem sobretudo à velocidade de alteração do comprimento, são teoricamente hiperestimuladas quando o músculo B é distendido repentinamente, resultando na geração de uma descarga neural maciça em relação a esse músculo. A seção 3 representa a articulação após a lesão. Ela é incapaz de retor- nar à posição neutra em razão do estado de encurtamento ex- cessivo do músculo B22• Conseqüentemente, o músculo B pode se tornar uma fonte primária de disfunção persistente. Essa explicação pode ser responsável por um aspecto da disfunção e, na teoria, é nesse nfvel que a PRT pode exercer uma influência importante durante o intervalo inicial de 90 segundos (cerca de 3 minutos para o paciente neurológico). A posição de conforto, ao se distanciar da barreira de restri- ção e em direção à maior facilidade, reduz essencialmente a tensão dos tecidos afetados e minimiza a estimulação dos proprioceptores afetados. Através de alguns mecanismos ain- da não conhecidos, a manutenção da posição de conforto por um período mínimo de quase 90 segundos parece neutralizar esse arco reflexo de não-adaptação, que é responsável pela hipertonia contínua. No entanto, essa teoria não explica al- guns dos outros efeitos observados na disfunção somática. A Base Racional da Terapia de Uberação Posicional CAPfTULO 2 13 Nervo frênico Pele Fígado, veslcula biliar e diafragma Centros cerebrais Vias centrais descendentes aos mot oneurônios alfa e gama Trlceps (inibido) Bíceps Supra-espinhoso Figura 2-3 Componentes do segmento faciliuulo (C5-C7). NOCICEPTORES: VIAS DA DOR A lesão tissular é acompanhada pela liberação de ácido aracdônico. Isto inicia a chamada cascata do ácido aracdô- nico e resulta na produção de prostaglandinas, tromboxano, hidroxiácidos graxos e leucotrienos, os quais promovem a progressão da resposta inflamatória e o desenvolvimento da hiperalgesia. Por sua vez, isto produz vasodilatação, atração leucocitária, liberação de ativadores do complemento e de neuropeptfdeos produtores de dor, como a histamina, a se- rotonina e a bradicinina24· 32• 49· 52• Van Buskirlc48 apresenta um forte argumento a respeito do papeÍ dos neurônios periféricos pequenos mielinizados (tipo III) e não-mielinizados (tipo IV), os quais constituem o sis- tema nociceptivo e respondem diretamente aos mediadores químicos associados ao trauma e à hipoxia tissulares. Estas terminações nervosas livres são distribuídas por todos os te- cidos conjuntivos do organismo, excetuando-se o estroma do encéfalo. Esses receptores são estimulados por neuropeptf- deos produzidos por influências prejudiciais, incluindo os traumatismos, irritações químicas, distúrbios metabólicos ou viscerais ou patologias. Os impulsos gerados nesses neurônios disseminam-se tanto central quanto perifericamente ao lon- 1!0 de numerosos ramos de cada neurônio. Na extremidade J.)S axônios, neurotransmissores peptídicos, como a substân- .;ta P, são liberados. Por essa razão, a resposta do sistema mus- uloesquelético a esses estímulos dolorosos pode ter um pa- rei central no desenvolvimento da disfunção somática. Segundo Van Buskirk48 e Schmidt40, é sabido que os no- ciceptores produzem reações de proteção muscular e altera- ções autônomas associadas com a disfunção somática. Como os proprioceptores não estão presentes em todos os tecidos que podem estar relacionados com a disfunção somática (os- so, víscera), os nociceptores devem ser considerados os agentes potenciais da perpetuação dos reflexos irritantes as- sociados a essas condições. A ação da PRT sobre o sistema nociceptivo pode ser exercida através do relaxamento dos tecidos circundantes e a conseqüente melhoria da circulação vascular e intersticial. Isto pode ter um efeito indireto sobre a remoção de media- dores químicos da inflamação. A resolução subseqüente dos reflexos de proteção das estruturas miofasciais também pode contribuir para uma redução da liberação de mais substân- cias nociceptivas. A terapia de liberação posicional também pode atuar sobre esse ciclo traumático auxiliando na resolu- ção dos "segmentos facilitados" do sistema nervoso central. O SEGMENTO FACILITADO: CRUZAMENTOS NEURAIS Em 1947, Denslow e Korr12 introduziram o conceito do segmento facilitado e o descreveram da seguinte maneira: Uma lesão representa um segmento facilitado da medula espinhal, mantido nesse estado por impulsos de origem endógena que entram na raiz dorsal correspondente. Conseqüentemente, todas as estruturas que recebem fibras nervosas eferentes desse segmento são potencialmente expostas à excitação ou à inibição excessiva. " 14 CAPfTULO 2 A Base Racional da Terapia de Liberação Posicional O sistema nervoso central (SNC) é submetido continua- mente a impulsos aferentes originários de incontáveis esta- ções transmissoras {receptores) através do corpo. Num deter- minado segmento da medula espinhal, existem limites ao número de "chamadas" que podem ser controladas. Se o nú- mero ou a amplitude de impulsos dos proprioceptores, noci- ceptores e centros superiores direcionados para um segmento panicular exceder a capacidade da via de transmissão normal, as descargas eletroquímicas podem começar a afetar as vias colaterais. Esse efeito de transbordamento pode ser exercido ipsilateral, contralateral ou verticalmente. Os impulsos po- dem originar-se de qualquer tecido (fáscia, músculo, cápsula anicular, meninges, víscera, pele, centros cognitivos cerebrais ou emocionais etc.). Quando esses impulsos estendem-se além de suas vias sensoriomotoras normais, o SNC começa a interpretar erroneamente a informação em razão do efeito de um fluxo exagerado de substância neurotransmissora no seg- mento envolvido. Por exemplo, impulsos aferentes destina- dos a serem registrados como dor na vesícula biliar manifes- tam-se como dor no ombro. O nervo frênico e porções do plexo braquial compartilham origens medulares comuns. Isto também pode ser a base da chamada dor referida32. A conseqüente sobrecarga no nível do SNC é denomina- da segmento facilitado (SF) (Figura 2-3). A irritação crôni- ca pode envolver vias simpáticas/autônomas e levar a alte- rações tróficas e metabólicas, as quais podem ser a base de algumas das alterações tissulares locais associadas à disfun- ção musculoesquelética. O arco reflexo neuromuscular en- contra-se nos cruzamentos de várias fontes de estímulos no- civos, que incluem trauma, reflexos viscerossomáticos e sofrimento emocional, assim como o vasto sistema proprio- ceptivo que transmite da musculatura estriada do corpo. Se- gundo Upledger47, o segmento facilitado é exemplificado pelo seguinte: 1. Hipersensibilidade. Impulsos mínimos podem produzir respostas ou sensações exageradas em virtude de um li- miar reduzido de estimulação e de despolarização no ní- vel do SE 2. · Fluxo excessivo. Os impulsos podem tomar-se inespedfi- cos e transbordarem para as vias adjacentes. Células nervosas colaterais, tratos laterais e verticais podem ser estimulados e produzirem sintomas de natureza muito divergente. Pode ocorrer dor referida. 3. DistTofia autônoma. Os gânglios simpáticos tornam-se excessivamente ativados, levando a uma redução da res- tauração e da reparação das células-alvo, a uma redução da função imune, ao comprometimento da circulação, à aceleração do envelhecimento e à deterioração dos teci- dos periféricos. Com o tempo, também podem ocorrer distúrbios digestivos e cardiovasculares e distrofia pa- renquimatosa visceral. Devido à descarga excessiva originária de vários recepto- res, o segmento facilitado pode tornar-se uma fonte perma- nente de irritação. Por exemplo, uma lesão do músculo bí- ceps do braço produz um aumento de descarga de alta freqüência (aumento dos impulsos neurais), que é transmi- tida pelos neurônios do tipo Ia e 11, ao segmento medular no nível de C5. Se a descarga for ~cessiva, outros músculos co- nectados a esse segmento {supra-espinhoso,redondo menor, elevador da escápula, peitoral menor, etc.) podem receber uma determinada carga da descarga extravasada. Isto acarre- ta um aumento do ganho gama desses músculos. Portanto, vários músculos inervados pelo mesmo segmento geralmen- te podem apresentar um aumento do viés gama ( tônus de base suprido ao feixe muscular), o qual leva ao aumento da hipertonia e da susceptibilidade à distensão. Outros tecidos (receptores cutâneos, vísceras e centros emocionais cere- brais) também podem ser incluídos nesse circuito, seja como fontes primárias de descarga de alta freqüência ou secundá- rias à hiperirritabilidade induzida neuromuscularmente50. A terapia de liberação posicional parece ter uma influên- cia restritiva sobre o nível geral de excitabilidade do segmen- to facilitado. Weiselfish53 observou que essa característica da terapia de liberação posicional é única no que concerne a sua efetividade e a utilizou para tratar com sucesso pacientes neu- rológicos graves, mesmo apesar de a fonte da disfunção primá- ria originar-se no nível supra-espinhoso. A terapia de libera- ção posicional parece exercer uma influência na redução do limiar do SF e, por isso, pode abrir uma janela de oportunida- des para o SNC normalizar o nível de atividade neural48. DISFUNÇÃO FASCIAL: CONEXÕES DO TECIDO CONJUNTIVO No final da década de 70, Stephen Levin, um cirurgião onopedista, concebeu um modelo da estrutura do tecido or- gânico que poderia ser responsável por muitas característi- cas físicas e clínicas. Através de um processo de avaliação sistemática das propriedades físicas básicas do tecido, ele chegou à conclusão de que todo tecido orgânico deve ser composto por um tipo de "treliça" (forma triangular) e que a estrutura fundamental de todos os tecidos deve ser o ico- saedro de tensão27-29. Esse modelo, também denominado de modelo de tensegridade e tTeliça esquelética miofascial, emergiu aos poucos como uma explicação viável da natureza do teci- do orgânico. Recentemente, esse modelo foi confirmado por métodos eletromicroscópicos e através de experimentos de extrapolação do estresse físico19• 5l. Esse modelo é responsá- vel pelo conceito de cadeia cinética, o qual reconhece que le- sões transmitem tensões através do corpo e que os sintomas podem ser relacionados com a sua fonte e tratados indireta- mente através do alinhamento das linhas de força fasciais em relação ao foco primário de restrição (Figura 2-4)14.34. Do ponto de vista clínico, as implicações do modelo de Levin são que todos os tecidos compartilham cenas caracte- rísticas fundamentais. De fato, esse modelo confirma que to- dos os tecidos são semelhantes no nível molecular e ultraes- trutural. O icosaedro de tensão auxilia a esclarecer as propriedades dos tecidos e pode prever os efeitos de qual- quer sistema terapêutico. O modelo de tensegridade deli- neia as seguintes propriedades do tecido somático: as forças que mantêm a estrutura do corpo são a tensão e a compreen- A Base Racional da Terapia de Uberação Posicional CAPÍTULO 2 15 figura 2-4 Representação dos padrões de tensão fascial. são e não apresentam momentos de flexão (como no meca- nismo de flexão atribuído às articulações); a integridade es- trutural do corpo é independente da gravidade e é estável nas articulações flexíveis; os tecidos do corpo apresentam uma resposta de estresse/tensão não-Linear às forças exter- nas; e o corpo é uma unidade funcional, pelo fato de as for- ças aplicadas num ponto serem transmitidas uniforme e ins- tantaneamente por todo o corpo. Esse modelo implica em que uma condição percebida numa área do corpo pode ter a sua origem numa outra área e que a ação terapêutica na fonte da disfunção terá um efeito corretivo imediato sobre todas as áreas secundárias, incluindo o Local da manifestação do sintoma. Ele também pode explicar alguns dos efeitos fisiológicos que o fenômeno de Liberação produz1• Devido a essa interconexão de todo o sistema fascial, a res- trição de uma área pode acarrew redução da amplitude de movimentos de uma estrutura distaP· 10• 14• A área de percep- ção da dor pelo paciente, especialmente nos casos crônicos, pode ser distante da área dos pontos mais sensíveis. Como os pontos sensíveis representam áreas de fixação relativa, essas áreas são, essencialmente, restritas, e isto resulta em linhas de tensão que se estendem a estruturas periféricas. À medida que nos movemos perifericamente do foco primário de restrição, a estrutura da tensegridade dos tecidos transmite essas forças, sem qualquer perda de intensidade, a uma área do corpo que possui uma interface com influências mecânicas externas. O corpo tenta criar uma gama completa de movimentos grosseiros através da compensação das áreas de fixação rela- tiva. Isto resulta no movimento excessivo de regiões do cor- po que se estendem do foco de disfunção. A força excessiva, devida à distensão ou ao movimento repetitivo contra a bar- reira de restrição, pode causar inflamação e dor Local. O au- mento da deformação mecânica e da distensão desses tecidos pode acarretar liberação de mediadores químicos produtores de dor. Portanto, pode ocorrer dor nesses tecidos, que são, de fato, áreas secundárias de envolvimento. O objetivo do tra- tamento desses tecidos com hipermobilidade (articulações, Ligamentos, etc.) é reduzir o jogo tissular e a amplitude de movimentos excessivos. Terapias como a fusão ou a prolote- rapia produzem uma fixação relativa dos tecidos13• A redução da tensão mecânica e a conseqüente diminuição da liberação de mediadores nociceptivos acarretam redução da dor. Con- tudo, essas abordagens também podem produzir Lesões secun- dárias e um aumento da biomecânica aberrante. Foi apresentada a hipótese de que a PRT, através da re- dução da tensão sobre o sistema miofascial, também envol- ve os componentes fasciais da disfunção. A redução da ten- são sobre as ligações cruzadas colagenosas parece . induzir à ruptura das ligações eletroquímicas e uma reconversão ao estado coloU:Ia.l. O componente fascial da liberação durante o ponto de conforto parece requerer uma manutenção dopo- sicionamento por vários minutos. Teoricamente, o interva- lo de 90 segundos adotado por Jones remete apenas ao as- pecto neuromuscular da disfunção. Alguns dos efeitos da posição de conforto podem ser atri- buídos diretamente às alterações da condição da matriz fascial em si. Outros podem ser devidos a associações autônomas e eletroquímicas entre as estruturas miofasciais e outras estrutu- ras42. De acordo com o modelo da tensegridade, a conseqüen- te redução da tensão no nível da lesão primária deve criar um equilíbrio de tensão no organismo. A discrepância prévia en- tre as áreas hipomóveis e as hipermóveis deve desaparecer e deve haver uma redução dos estresses biomecânicos anormais com a estimulação dos receptores da dor. Portanto, a terapia de liberação posicional parece ser ca- paz de iniciar uma liberação de padrões de tensão tanto no nível neuromuscular quanto no nível fascial. Os fatores de- terminantes são a precisão e a habilidade do profissional em manter a posição ideal e o período de tempo necessário pa- ra a conclusão do processo de liberação. 16 CAPfTIJLO 2 A Base Racional da Terapia de Uberação Posicional , RESUMO Vêm surgindo novos paradigmas que são mais coerentes com a observação clínica na área da disfunção musculoes- quelética. Os modelos atuais reconhecem as propriedades intrínsecas dos tecidos e como elas são afetadas no nível ul- traestrutural. A disfunção somática pode manifestar-se em qualquer tecido do organismo. Cada tecido exprime o trau- ma e a disfunção de modos exclusivos e está interconectado com todos os tecidos do corpo, fazendo parte de uma cadeia cinética. Portanto, o trauma de uma parte do corpo pode acarretar disfunção persistente de qualquer outra parte. O ponto sensível é uma expressão clinicamente reconhe- cida da disfunção somática e é utilizado na terapia de libe- raçãoposicional como um indicador diagnóstico. Vários mecanismos fisiopatológicos podem ser responsá- veis pelo desenvolvimento das manifestações clínicas asso- ciadas à disfunção somática. Respostas neuromusculares, mediadas por reflexos monossinápticos e proprioceptores musculotendinosos, podem alterar a relação comprimen- to/tensão do componente muscular da disfunção. A lesão tissular resulta na liberação de mediadores qufmicos pró-in- flamatórios, os quais por sua vez estimulam os receptores de dor dos tecidos envolvidos. Isto promove um maior desen- volvimento e manutenção do espasmo muscular protetor e pode resultar numa disfunção persistente, que pode tomar- se um ponto focal de lesão repetitiva e de dor contínua. Es- se ciclo de eventos participa do fenômeno neurológico de- nominado segmento facilitado. Além disso, estímulos não-somáticos também podem interagir com essa via e levar a um ciclo de autoperpetuação da irritabilidade. As estrutu· ras fasciais respondem ao trauma e ao processo inflamatório resultante da produção de fibras cruzadas aderentes e da ten- são fascial, os quais podem comprometer a mobilidade em todo o organismo. O modelo de tensegridade do tecido or- gânico forneceu uma nova ótica sobre a natureza das intera- ções tissulares e uma maior compreensão da fisiopatologia da disfunção somática. · Teoricamente, a terapia de liberação posicional é destina- da à hiperirritabilidade neuromuscular e à hipertonia muscu- lar mediada pelo sistema proprioceptivo. Além disso, parece que ela reduz a tensão tissular, permitindo a resolução da res- posta inflamatória e a liberação de ligações eletroquímicas associadas à restrição fascial. Qualquer tecido pode ser en- volvido na fisiopatologia da disfunção somática. O médico deve ser guiado pela resposta tissular e não pelos sintomas, na busca da causa básica e no tratamento da disfunção. Referências 1. Bames ]: M-yofascial release: rhe search for excellence, 1990, self-published. 2. Barrai JP: Víscera! manipulation, Seattle, 1988, Easdand Press. 3. Becker RF: The meaning of fascia and fascial continuity, Osceopathic Ann, 1975:35-46. 4. Bennett R: In Chapman's Reflexes. Martin R. editor: D:y- namics of correction of ~ function, Sierre Madre, Calif, 1977, self-published. 5. Brown CW: Change in disc treatment saves hockey star, Back Ler 7(12):1, 1992. 6. Burler DS: Mobilisation of rhe nervous system, Melbourne, 1991, Churchill Livingstone. 7. 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O espasmo muscular protetor ou de defesa (hiperto- nia muscular que ocorre como resultado de uma lesão, por exemplo uma distensão, em resposta à biomecânica anormal, ou como uma reação ao estresse emocional ou a um proces- so patológico, por exemplo uma inflamação) pode ocorrer em' decorrência de um único movimento grosseiro abrupto, através de pequenos movimentos repetitivos ou como conse- qüência de uma contusão, de uma distensão ou de uma lace- ração1. Os eventos que podem acarretar defesa muscular in- cluem quedas, a tentativa de se segurar durante uma queda, o levantamento inadequado, acidentes automobilísticos, le~ -.ões decorrentes de arremessos e movimentos abruptos ines- perados. Muitas pessoas apresentam várias lesões durante a vida, que podem ser cumulativas, especialmente quando não ~o tratadas de maneira apropriada. Por exemplo, a maioria das crianças sofre várias quedas ao aprender a caminhar. Elas caem de triciclos, escorregam, sofrem entorses e participam de JOgos que envolvem confrontos corporais. À medida que elas crescem, participam de vários esportes e outras ativida- d~ rigorosas. Adolescentes e adultos passam a pertencer à força de trabalho e seus empregos podem exigir posições des- ._, •nfortáveis que envolvem levantamento de cargas. Adicio- ne-se a essas experiências comuns algumas lesões graves, co- mo quedas e acidentes automobilísticos, e podemos com- preender a ocorrência das numerosas lesões que são observa- das clinicamente. É evidente que a nossa vida provê muitas oportunidades para que a lesão de tecido mole ocorra. O corpo humano possui uma incrível capacidade de adaptação a vários estres- ses menores, mas, assim que o número ultrapassa uma deter- minada faixa, que pode ser diferente para cada indivíduo, essa capacidade do corpo diminui. Finalmente, é atingido um ponto em que ele não consegue mais se adaptar. Quan- do a faixa de adaptação fisiológica é ultrapassada, existe maior susceptibilidade à lesão5. Por exemplo, uma pessoa pode curvar~se para pegar algo, uma ação que ela vem reali- zando repetidamente sem qualquer problema. No entanto, hoje ela apresentou um problema nas costas. A lesão, em ge- ral, não é causada por aquele movimento particular e sim pelos estresses acumulados pelo corpo durante a vida. O mo- vimento foi a "gota d'água". No decorrer dos anos, o corpo pode desenvolver determi~ nadas áreas de defesa muscular, de hipomobilidade articular e de tensão fascial. Isso afeta a mobilidade e a flexibilidade funcionais e pode levar a uma postura defeituosa. Quando o corpo disfuncional é movimentado, como em atividades re- creativas ou relacionadas com o trabalho, ou quando ele so- fre um acidente, a disfunção preexistente influencia a condi- 20 CAPÍTULO 3 Decisões Terapêuticas ção resultante do corpo. Por exemplo, cinco pessoas envol- vidas no mesmo acidente automobilístico podem sofrer le- sões completamente diferentes. Uma delas pode apresentar lombalgia, outra, uma dor no ombro e uma outra, cervicalgia e dor na articulação temporomandibular (ATM). A quarta pessoa pode apresentar dor em todas essas áreas e a quinta pode não apresentar qualquer dor ou disfunção. A extensão da lesão está relacionada com a condição dos tecidos no mo- mento do acidente e às disfunções previamente existentes. O objetivo da terapia de liberação posicional (PRT) é identifi- car áreas de disfunção e normalizar os tecidos somáticos para melhorar a condição geral e a adaptabilidade do corpo. , , 0 QuE E A TERAPIA DE LIBERAÇÃO POSICIONAL? A terapia de liberação posicional é um método de avalia- ção total do corpo e de tratamento utilizando pontos sensíveis (PSs) e uma posição de conforto para solucionar a disfunção associada. A PRT é um método de tratamento indireto (a par- te do corpo move-se, distanciando-se da barreira de resistên- cia, isto é, em direção à maior facilidade) e passivo (o terapeu- ta realiza todos os movimentos sem o auxílio do paciente). Todos os três planos de movimento são utilizados para atingir a posição de maior conforto. Quando os pontos mais sensíveis são localizados, eles são palpados como uma orientação que ajuda a encontrar a posição de conforto. O ponto de confor- to produz o relaxamento ideal dos tecidos envolvidos. Uma teoria defende que, enquanto o corpo é mantido na posição de conforto, ocorre uma redução e uma interrupção da atividade proprioceptiva inadequada6. Como resultado do tratamento utilizando a PRT, ocorre uma diminuição da tensão muscular, da tensão fascial e da hipomobilidade arti- cular. Essas alterações, por sua vez, acarretam um aumento significativo da amplitude funcional de movimentos e uma redução da dor. , Os E FEnos DA TERAPIA DE LIBERAÇÃO POSICIONAL Os itens apresentados a seguir são seis resultados terapêu- ticos da PRT: 1. Normalização da hipertonia muscular. C linicamente, foi observado que a primeira fase do tratamento com PRT (neuromuscular) dura cerca de noventa segundos para os pacientes ortopédicos6 e três minutos para os pa- cientes neurológicos13. A terapia de liberação posicio- nal parece afetar a atividade proprioceptiva inapropria- da durante essa fase e, por essa razão, ajuda a normalizar o tônus e a estabelecer a relação comprimento/tensão normal do
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