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Logística Internacional Adriano Rosa Alves Marilza Aparecida Pavesi Alessandra Petrechi de Oliveira © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina - Revisão Técnica - - Sumário Unidade 1 Logística internacional e suas operações .................................................... 7 Seção 1 A Globalização e a Logística Internacional ..................................... 9 Seção 2 As Operações efetuadas na Logística Internacional ....................29 Unidade 2 Siscomex – Sistemática de Comércio Exterior ........................................52 Seção 1 Siscomex – Sistemática de Comércio Exterior .............................54 Seção 2 Siscomex – importação e exportação.............................................62 Seção 3 Modalidades de pagamento internacionais ..................................77 Unidade 3 Aspectos Portuários e Aduanas .................................................................93 Seção 1 Sistema Portuário .............................................................................95 Seção 2 Aduanas ..........................................................................................117 Unidade 4 INCOTERMS® ..........................................................................................132 Seção 1 INCOTERMS® - Por que utilizá-los? ..........................................133 Seção 2 INCOTERMS® 2020 – Grupos e Termos ...................................143 Seção 3 Transportes, Fretes e Seguros .......................................................155 Palavras do autor O objetivo desta unidade é apresentar os conceitos e fundamentos da Logística Internacional, bem como suas operações. Compreender como são executadas as operações relacionadas à Logística Internacional. Observar que, com a evolução do comércio internacional, contratos foram sendo criados a partir das características territoriais, cultu- rais e legais. Formas de executar as atividades, para reduzir o lead time e os desperdícios foram sendo aprimorados. Iremos apresentar o que motivou a abertura econômica em nosso país e como as organizações mudaram a sua forma de pensar em relação aos seus processos e atividades. Analisar os procedimentos a serem observados para efetuar os processos logísticos. Desejo a você um bom estudo e vamos iniciar nossa leitura. Unidade 1 Adriano Rosa Alves Logística internacional e suas operações Convite ao estudo Nesta seção, iremos identificar os conceitos de Logística Internacional e a globalização; a introdução ao comércio internacional; os procedimentos logísticos no comércio exterior; e as multimodalidades. O intuito é que você possa ter a plena compreensão da importância deste tema, mesmo que você ainda não atue diretamente na área de importação e exportação, dentro dos procedimentos logísticos, este conhecimento é oportuno e no futuro, poderá auxiliá-lo em suas tomadas de decisão. Na década de 90 houve uma grande mudança em nosso cenário empre- sarial, em que as organizações foram obrigadas, pela concorrência, a dar a devida importância ao processo produtivo, com elevado padrão de efici- ência operacional. A busca pela excelência e o estabelecimento de vantagens competitivas impuseram às empresas a verificação de alternativas capazes de esquivar-se das estratégias dos concorrentes. Este momento colocou a logís- tica no centro das tomadas de decisão empresarial. Nesta década também ocorrera um fator econômico muito importante em nossa Nação, a implan- tação do Plano Collor I, no Governo Collor, que abordava, desde congela- mento de salários e a inflação, à abertura do comércio brasileiro ao exterior. Várias empresas foram atraídas a estabelecerem os seus negócios em nosso território, bem como a comercialização de produtos importados aumentou devido à queda das tarifas alfandegárias, tornando o mercado mais atraente. Isto gerou a necessidade de as empresas correrem atrás do prejuízo e buscar a modernização em suas atividades, pois os consumidores estavam tendo uma maior oferta de produtos e com preços menores. Assim, temos presente o efeito da globalização, em que empresas situadas em várias partes do globo produzem e redistribuem seus produtos entre as filiais espalhadas em outros territórios. A globalização e os negócios internacionais tomam força com o avanço da tecnologia e da internet, sendo então, produtos e serviços, comercializados pelo E-commerce. De acordo com o artigo do site Relações Internacionais (CUNHA, 2013), a logística internacional é um instrumento necessário para a ampliação do comércio exterior mundial. Esta pode ser utilizada estrategicamente como um diferencial competitivo nas negocia- ções globais. Para saber mais Sobre as medidas econômicas que Fernando Collor de Mello adotou em sua administração, acesse o link indicado e entenda o que ele propôs ao nosso mercado com esta atitude. Disponível em: <http://www.infoescola.com/politica/governo-collor/>. Acesso em: 20 jul. 2015. Logo, faz-se necessário estudar as operações que estão contidas na logís- tica internacional para que você possa compreender como este sistema funciona entre as empresas e usuários (intermediários / clientes / consumi- dores finais). 9 Seção 1 A Globalização e a Logística Internacional Diálogo aberto Nesta seção identificaremos os conceitos de Logística Internacional e a globalização; a introdução ao comércio internacional; os procedimentos logísticos no comércio exterior; e o profissional de Comércio Exterior e Logística. 1.1 A evolução do comércio internacional Para compreendermos a evolução do comércio internacional, devemos recorrer a fatos ocorridos no passado, pois a partir das descobertas do homem e de suas grandes viagens e explorações, o comércio internacional foi constituindo-se. Ludovico (2012) fez uma divisão em sua obra, para simples limitação de épocas, facilitando assim, a visão de como era realizado o processo de comercialização. Na primeira fase, encontramos a idade antiga, em que as negociações comerciais eram conhecidas como escambo, que era a troca de produtos excedentes que alguém ou uma região produzia por outro produto excedente de outro produtor ou região. No Brasil, este fato ocorreu quando os portugueses aqui chegaram e “presenteavam” os índios com os utensílios que eles traziam com eles, por trabalho e especiarias da nossa região. Figura 1.1 – O escambo. Fonte: <http://ogestorimobiliario.blogspot.com.br/2011/03/bh-juiz-autoriza-registro-de-promessa.html>. Acesso em: 11 ago. 2015. 10 Figura 1.2 – O comércio das especiarias Fonte: Rincón (2015). A figuraapresentada retrata as caravanas de especiarias que remontam mais de 4 mil anos, e sua origem ocorrera com o povo árabe, que trans- portavam produtos locais da China, Indonésia, Ceilão – atual Sri Lanka – e a Índia, até o Mediterrâneo, através da Rota da Seda. Eles deram início à comercialização internacional. Os romanos foram assumir o controle do comércio das especiarias de 200 a.C. até 1.200 d.C., quando as antigas caravanas de camelos foram substituídas pelas embarcações, surgindo as Grandes Navegações. Foram os europeus que motivaram as demais nações a desbravarem todo o globo terrestre (RINCÓN, 2015). Sendo assim, na idade antiga o comércio foi baseado no emprego de usos, costumes e tradições. Na idade média, de acordo com Ludovico (2012), Constantinopla fora o centro das atenções, pois era o núcleo do desenvolvimento do comércio entre o Oriente e o Ocidente. Neste período foram consolidadas as normas relativas ao comércio marítimo. Quando chegamos à Idade Moderna, ocorre o desenvolvimento de uma nova etapa histórica, o mercantilismo, que eram às práticas e conjunto de medidas econômicas praticado entre os séculos XV e final do XVIII, sobre grande intervenção do Estado na economia. “As invenções, os descobrimentos marítimos, a centralização monárquica e a reforma religiosa praticamente foram os responsáveis pela criação do mercantilismo [...]” (LUDOVICO, 2012, p. 4). Os portos constituídos no oceano Atlântico substituíram os do mediterrâneo, iniciando o declínio do comércio terrestre do Oriente para o Ocidente. 11 Já na Idade Contemporânea, o marco que mudou todo o processo de produção e consumo fora a Revolução Industrial. Esta provocou grandes alterações sociais, com o ritmo acelerado da produção e a evolução técnica. No início do século XX eclodem grandes potências como Estados Unidos da América e Alemanha. Quando finda a II Guerra Mundial, os EUA têm um grande papel: o suporte financeiro no auxílio à reconstrução da Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália (LUDOVICO, 2012). Neste período contem- porâneo, vamos ter a conciliação das bases do Comércio Internacional com a doutrina do Livre-comércio. “Usos, costumes e tradições se incorporam aos acordos, tratados e convenções. São criados instrumentos para facilitação do intercâmbio comercial [...]” (LUDOVICO, 2012, p. 5). Para saber mais Para compreender mais sobre a evolução do comércio internacional, convido você a ler o livro: Comércio internacional e desenvolvimento – do Gatt à OMC – discurso e prática. Disponível em: <http://novo. fpabramo.org.br/sites/default/files/comercio_internacional_e_desen- volvimento.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2015. 1.2 O comércio internacional no brasil Para discorrermos sobre o comércio internacional no Brasil, primeira- mente, precisamos recorrer aos fatos históricos para compreendermos o nosso atual cenário e posição quanto aos negócios internacionais. Refletindo, vamos encontrar um processo de comercialização em solo brasileiro que, desde 1.500, já praticava a negociação internacional, mas com atitudes e atos bem diferentes da atual realidade. O intuito não é que você tenha domínio da história brasileira, mas possa compreender como e quando começou o processo de negociação internacional. Eu selecionei para você uma repor- tagem da BBC, intitulada de “Brasil, uma história inconveniente”. Ela elucida através dos relatos de doutores em história e familiares daqueles que coloni- zaram nossa nação, como fora o processo de construção deste país, obser- vando, principalmente, o emprego da mão de obra escrava e os primeiros processos de comercialização internacional envolvendo a África, em função da vinda dos escravos que eram comercializados e, Portugal e Europa, através da oferta das matérias-primas aqui disponíveis para atender às necessidades daqueles povos. Vale a pena conferir. 12 Para saber mais Convido você a assistir à matéria da BBC, através do relato de histo- riadores e descendentes dos colonizadores, sobre como fora a consti- tuição da nossa nação e o processo de negociação intercontinental que havia, aqui, naquela época. Brasil: uma história inconveniente. Dispo- nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=t821sT4AoUY>. Acesso em: 15 jul. 2015. Indico o referido material, pois, segundo Ludovico (2012), até o Segundo Reinado não há muito que enaltecer sobre o comércio internacional, mas quando você assistir ao documentário, irá perceber que a comercialização internacional sempre esteve presente, mesmo sendo um comércio de explo- ração das riquezas naturais e escravocrata. Ludovico (2012, p. 5) somente enaltece os seguintes apontamentos sobre o comércio brasileiro internacional: Extração predatória dos recursos naturais existentes no Brasil, principalmente o pau-brasil pelo seu apreciável valor na indústria de corantes de tecidos; cultura da cana-de- -açúcar em Pernambuco e São Vicente, graças às capita- nias hereditárias; aparecimento de outras culturas, como algodão e fumo, para atender a compromissos portugueses na Europa; exploração do ouro em Minas Gerais – embora beneficiasse apenas Portugal, o ciclo do ouro teve um efeito estratégico, deslocando o panorama econômico do Brasil do Nordeste para o Sul, propiciando novas culturas, como a do café, por exemplo; vinda da Família Real para o Brasil com a consequente abertura dos portos às nações amigas. Da nossa proclamação da República até meados do século XX, o comércio exterior limitou-se à exportação de produtos agrícolas e à importação de bens manufaturados. Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil reacende o ciclo industrial com a instalação de várias indústrias, dentre elas, a automobilística, ingressando no rol de países em desenvolvimento. Observe o quadro abaixo que elucida a participação do Brasil nas exportações em relação ao Mundo: Quadro 1.1 – Participação do Brasil nas Exportações Ano Brasil US$ bi Mundo US$ bi % de Participação 1980 20,1 1.940,8 1,03 1985 25,6 1.872,0 1,36 13 1990 31,4 3.395,3 0,92 2000 55,1 6.295,0 0,87 2005 118,3 10.153,0 1,17 2011 256,0 18.000,0 1,44 2013 242,0 18.800,0 1,29 2014 225,0 18.427,0 1,22 Fonte: Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/res_s/statis_s/merch_trade_stat_s.htm>. Acesso em: 11 ago. 2015 Os resultados apontam que, mesmo com a falta de infraestrutura adequada de nosso país, bem como as dificuldades econômicas, se as organi- zações desejam aumentar sua participação no mercado, necessitam focar no mercado externo. Para saber mais Para compreender melhor a participação do Brasil no mercado inter- nacional, leia a matéria do Jornal Estadão de São Paulo que aborda: O Brasil perde espaço no comércio internacional. Disponível em: <http:// economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-brasil-perde-espaco-no-co- mercio-internacional-imp-,1155063>. Acesso em: 15 jul. 2015. O comércio exterior é realizado por uma pequena parcela das empresas existentes no mundo em função da complexidade dos negócios internacio- nais e da experiência que este modelo exige das mesmas. Estas negociações internacionais requerem uma empresa mais sofisticada, que compreenda todo o processo de negociação internacional e os fatores que contribuem para o sucesso e o fracasso da comercialização internacional de mercadorias. Uma diferença presente entre o comércio internacional e nacional é a sua dimensão, ou seja, a amplitude de atendimento de vários territórios, indife- rente da distância. A presente questão gera a necessidade de as organizações efetuarem uma pesquisa de mercado para determinar os comportamentos (consumo, cultura etc.), analisando o que será necessário antes da tomada de decisão para exportar, gerando assim um grau de eficiência nos processos envolvidos. Ludovico (2012, p. 10) nos apresenta a seguinte informação: No Brasil, no primeiro semestre de 2011, apenas 12 mil empresas, das mais de 20 mil cadastradas como exporta- 14 doras, realizaram operações de exportação, e, se proje- tarmos a ideia de que nossopaís tem 5.560 municípios e se cada município pudesse contribuir com apenas dez empresas exportadoras, teríamos, teoricamente, 55.600 empresas exportando. Observando a América Latina, o Brasil fora o único país nos últimos dez anos que alavancou seus processos de exportação. Para que nossos números melhorem e nossa potencialidade seja explorada, precisamos adotar uma postura diferente quanto às medidas econômicas, em razão dos altos juros e da taxa cambial, que, por consequência, reflete na desistência de muitas empresas exportarem. De acordo com Ludovico (2012, p. 11): Mesmo aumentando o valor das exportações do país, ano a ano, desde a abertura do comércio exterior em 1990 com o Plano Collor, o novo milagre brasileiro de conse- guir aumentos de participação no cenário internacional é muito moroso. Mesmo assim, é preciso considerar que o país, com quase 200 milhões de habitantes, ainda está despreparado para competir no mercado internacional. Não é difícil explicar esse cenário quando se leva em conta a base industrial do país, a educação diferenciada de alguns Estados, a modernização do agronegócio e as boas condi- ções do comércio global desde o ano 2000. Todos os dias são veiculados nos meios midiáticos todos os problemas que vivenciamos, e para alcançarmos um posicionamento de desenvolvi- mento no ranking das nações, precisamos focar em um problema primordial que afeta os demais: a educação. Assim, não ficaríamos somente em destaque no agronegócio, mas poderíamos ser citados como referência em outras áreas, pois a cultura sempre foi e será a base de tudo. Nosso Governo, através do Ministério do Desenvolvimento, Indústrias e Comércio Exterior informa que as pequenas e médias empresas necessitam ser direcionadas à exportação, pois, se considerarmos o enorme parque industrial no país, mais de 95% delas não participam com seus produtos nas vendas externas, seja por medo de investir, seja por falta de conhecimento das negociações comerciais de exportação, ou até por acreditarem que seus produtos não seriam aceitos no exterior (LUDOVICO, 2012). 15 1.3 Conceitos e definições: globalização e logística interna- cional Após esta viagem no tempo, analisando os dados e situações que foram moldando a política de negócios do Brasil, você pode observar a impor- tância que o estudo da Logística Internacional tem para qualquer empresa que queira atuar no mercado externo. Sendo assim, vamos rever alguns conceitos antes de aprofundarmos o tema: Logística Internacional. Atente-se aos tópicos que iremos abordar para reavivar seus conhecimentos e fazer um link com os assuntos que abordaremos. Sobre a Logística Empresarial, necessitamos definir qual o seu conceito, segundo Ballou (2010, p. 17): A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle de efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A logística é um assunto vital. É um fato econômico que tanto os recursos quanto os seus consumidores estão espalhados numa ampla área geográ- fica. Como você pode observar, estudar os conceitos de logística é de suma importância, pois, dentro dos processos de distribuição e planejamento de estoques, necessitamos avaliar onde nossos clientes estão localizados e qual será o lead time para o suprimento das necessidades dos clientes e consumi- dores. Em uma economia livre, é responsabilidade dos empresários ofertarem os serviços logísticos necessários. Não somente sobre os processos, mas também sobre as relações da Cadeia de Suprimentos devemos ter pleno domínio, pois são de suma importância para a Logística Internacional. Para Bertaglia (2009, p. 5): A cadeia de abastecimento corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumi- dores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. Além de ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta modelos que variam de acordo com as caracte- 16 rísticas do negócio, do produto e das estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com que o bem chegue às mãos dos clientes e consumidores. Figura 1.3 – Cadeia de abastecimento ou suprimentos Fonte: Disponível em: <http://www.guiadotrc.com.br/logistica/cadeialog.asp>. Acesso em: 28 jan. 2015. A figura anterior ilustra os processos logísticos contidos dentro de uma Cadeia de Abastecimento/Suprimentos. Cada processo deve ser analisado através de seus indicadores e controlado, pois a soma de todas as atividades integrará o valor final do produto, bem como agregará, ou não, valor ao bem ofertado no mercado. Conquistar ou reter clientes e mercados vai depender exatamente de como a empresa agrega valor aos seus produtos e serviços e de como desempenha o atendimento suprindo as necessidades dos clientes e consumidores. Para saber mais Sobre a Cadeia de Suprimentos/Abastecimento (Supply Chain Manage- ment) acesse o link: <http://www.blogdaqualidade.com.br/gestao-da- -cadeia-de-abastecimento-supply-chain-management/>. Leia o artigo: Gestão da cadeia de abastecimento – supply chain managemet. Confira mais um assunto de suma importância para o sucesso de suas atividades diárias como Gestor. Acesso em: 30 jul. 2015. 17 Agora que você já compreendeu os conceitos de Logística e Cadeia de Abastecimento, podemos abordar e aprofundar o tema Logística Internacional. De acordo com o site Relações Internacionais (CUNHA, 2013), a logística internacional permite desenvolver estratégias que buscam a diminuição dos custos e o aumento do nível de serviço prestado aos clientes. Compreender a logística de seu país e desenvolver estratégias que evitem as dificuldades existentes para o desenvolvimento e a manutenção de seus negócios internacionais, como, por exemplo: contratar profissionais qualifi- cados e reduzir o lead time dos atendimentos (compra/venda/distribuição). Estes pontos, nos próximos anos não serão o diferencial, mas sim fatores que manterão a sobrevivência das organizações no mercado internacional. No entanto, o gerenciamento do sistema de distribuição global é muito mais complexo do que a logística doméstica (logística praticada em terri- tório nacional onde a organização está localizada). Sendo assim, os gestores devem analisar o ambiente internacional, planejá-lo e desenvolver processos de controle corretos para averiguar o sucesso ou fracasso do sistema logís- tico no exterior. Quando as organizações excedem suas capacidades, tanto na logística interna como externa, elas se veem obrigadas a enfrentar o problema de como estruturar sua logística global. Para tanto, existem alguns princípios gerais que podem ser seguidos e aplicados: centralizar a estruturação estra- tégica e o controle geral dos fluxos logísticos, controle e gerenciamento do serviço ao cliente devem estar de acordo com a necessidade do mercado para resguardar a competitividade e ter um sistema de informação global para possibilitar a satisfação de todas as necessidades, observando produtividade e custos (NOGUEIRA, 2012). A gestão da cadeia de suprimentos engloba a gestão de todos os recursos de produção, transporte e aquisição de todas as empresas envolvidas no processo. Sobre o SCM, Nogueira (2012, p. 29) afirma que “é a integração dos processos de negócios desde o usuário final até os fornecedores origi- nais (primários) que providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e stakeholders”. Você pode observar que, para uma organização ter sucesso ou fracasso nas relações com o mercado global, não precisa ter grande sofisticação tecnológica do produto ou mesmo pelas comunicações de marketing, mas sim pela forma como ela gerencia e controla seu fluxo logístico total. Nogueira (2012,p. 29) continua: Às vezes, o termo “gestão do Supply Chain” é utilizado para designar apenas a gestão dos recursos de uma dada empresa para aquisição, produção e transporte, mas o conceito é bem mais abrangente e ultrapassa as fronteiras 18 de todos os envolvidos. Consideramos como compo- nentes do SCM os principais tópicos: planejamento da demanda (previsão); colaboração de demanda (processo de resolução colaborativa para determinar consensos de previsão); promessa de pedidos (quando alguém promete um produto para um cliente, levando em conta tempo de duração e restrições); otimização de rede estratégica (quais produtos as plantas e centros de distribuição devem servir ao mercado) – mensal ou anual; produção e planejamento de distribuição (coordenar os planos reais de produção e distribuição para todo o empreendimento) – diário; calen- dário de produção – para uma locação única, criar um calendário de produção viável – minuto a minuto; plane- jamento de redução de custos e gerência de desempenho – diagnóstico do potencial e de indicadores, estratégia e planificação da organização, resolução de problemas em real time, avaliação e relatórios contábeis, avaliação e relatórios de qualidade. Ter conhecimento dos processos e fluxos dos materiais e informações se faz necessário, pois sem estes como se poderá mensurar os resultados obtidos na gestão praticada e, como saber quais os caminhos tomar, bem como, quando será a melhor hora para remodelar os processos de trabalho? Questão para reflexão Convido você a refletir sobre o seguinte aspecto: Como mensurar se uma empresa está desempenhando seu papel da melhor forma possível se a mesma não tem controle de suas atividades e não analisa seus indicadores? Uma empresa sem controle é como um avião sem piloto! Agora que você teve o contato com as definições da cadeia de supri- mentos, podemos abordar outro tema de suma importância para a Logística Internacional: a globalização. 19 Figura 1.4 – Globalização Fonte: Disponível em: <http://www.blogers.com.br/o-que-e-globalizacao/>. Acesso em: 11 ago. 2015. Então, o que vem a ser a globalização? Recorrendo ao conteúdo desta unidade, no início de nossa exposição, você pôde perceber que abordamos as negociações e trocas comerciais que ocorriam entre os países, através dos comerciantes que se deslocavam de um território para outro, adquirindo especiarias e produtos em um ponto para comercializar em outro. A globali- zação vem ser esta relação econômica que ocorre entre uma nação e outra, ou seja, a integração de pessoas e empresas, do mundo todo, efetuando trocas (compra e venda) de bens, produtos e serviços. As trocas comer- ciais que ocorrem geram recursos financeiros para ambos os lados envol- vidos, bem como trocas culturais, tecnológicos e o relacionamento gover- namental entre as nações. Se observarmos a história da humanidade, presenciamos, mesmo remotamente, os atos da globalização. Conforme a evolução foi ocorrendo em nosso meio, ela foi se intensificando, e, a partir do surgimento da internet, os negócios tomaram proporções maiores (intercontinentais) e a acessibi- lidade permitiu que todos pudessem efetuar trocas, vendas, compras, ou seja, negociar algo, em qualquer canto do planeta. O E-commerce, a partir da internet, surgiu como uma nova modalidade para se negociar qualquer coisa. Hoje, mesmo nas redes sociais, encontramos por várias vezes, pessoas fazendo negócio. Isso prova que a Tecnologia da Informação, através de seus hardwares e softwares, veio para auxiliar e ajudar o homem em seus processos profissionais, indiferentemente do ramo de negócio, basta a boa vontade e os recursos necessários para poder explorar estas ferramentas de trabalho e lazer. A globalização obteve força a partir de 1970, com o Neoliberalismo 20 impulsionando o processo da globalização econômica. Você consegue imaginar o mundo, hoje, sem a internet e a globalização? Como viverí- amos? Como seriam os recursos que necessitamos para sobrevivermos? Quais seriam os danos e ganhos sem a internet e a globalização? Este crescimento econômico surge em função do saturamento do mercado interno dos países sede, obrigando as empresas a buscarem novos horizontes, é o que chamamos de globalização. A concorrência fora outro fator a levar as empresas a buscarem novos clientes, mercados e países, aplicando a tecno- logia a seu favor para gerar o barateamento dos preços e estabelecerem os contatos financeiros, profissionais e comerciais de forma rápida e efetiva. Podemos concluir que a participação no mercado internacional deixa de ser estratégica e passa a ser de total necessidade para as empresas. Nesse contexto, a Logística Internacional adquire um papel na competitividade dos produtos comercializados. Os benefícios da anexação junto ao mercado internacional são comprovados, porém muitas vezes são desprezados pelas organizações. De acordo com IBSolutinons (2015), os benefícios que podem ser obtidos são o maior acesso ao mercado internacional gerando redução nos custos de novos investimentos, bem como a redução do custo ao longo da cadeia de suprimentos. Outro ponto que não podemos deixar de analisar é que as organizações exportadoras passam a contar com um mercado mais amplo para poder atuar. Você pode observar que, todos os discursos abordados pelos autores sempre recaem sobre as questões dos custos envolvidos no processo, bem como sobre as questões da inovação tecnológica e o acesso a novos mercados e oportunidades, além do processo de importação de Know how de outras culturas, devido ao relacionamento estabelecido pela comercialização de bens, produtos e serviços. Afirma Dornier et al (2011, p. 43): Ambientes de negócios mudam constantemente. Dessa forma, os gerentes de logística precisam regularmente implementar modificações significativas nos sistemas logísticos que gerenciam, e precisam fazê-lo rapidamente. Quatro forças dirigem as mudanças do ambiente do negócio: o mercado, a concorrência, a evolução tecnológica e a regulamentação governamental. Esses quatro fatores levam as empresas a ajustarem suas estratégias e táticas de logística continuamente. Mercado: mercados mudam sob influência de produtos, necessidades de clientes, expecta- tivas de serviços logísticos, mudanças de localização geográ- fica, e assim por diante. [...] Concorrência: a concorrência 21 incita as companhias a modificarem suas cadeias logísticas de suprimentos de forma contínua. Isso é particularmente verdade quando a diferenciação do produto por meio de preço, tecnologia, ou inovação é difícil. A gestão de logística e operações pode ser o meio de diferenciação para uma empresa em particular. Tecnologia: [...] As mudanças de tecnologia afetam a logística sob a forma de inovações de manufatura que permitem meios mais eficientes de mudar o mix de produção. [...] Um exemplo particular é o uso de códigos de barra e o intercâmbio eletrônico de dados (EDI – Eletronic Data Interchange) para melhorar não apenas a velocidade, mas também a acurácia da informação. Regula- mentações Governamentais: [...] regulamentações gover- namentais na Europa exigem que os fabricantes recolham os materiais de embalagens em seus clientes. Essas regula- mentações criaram redes logísticas inteiras ao redor da gestão dos fluxos reversos das embalagens usadas. Podemos observar, através das proposições feitas por Dornier, que a gestão de logística é obrigada a adaptar-se ao ambiente competitivo. A cadeia global de suprimentos/abastecimento enfrenta grandes pressões para integrar suas atividades. Observe a figura abaixo sobre a integração das ativi- dades logísticas. Figura 1. – Os três tipos de Integração da logística global Integração Geográfica Integração FuncionalIntegração Setorial Gestão das Operações e Logística Globais Fonte: O autor (2015). O primeiro tipo de integração a analisarmos trata das questões geográ- ficas e nos reporta ao pensamento de que asfronteiras estão perdendo sua 22 importância, pois as organizações observam suas filiais mundiais como uma única entidade. Esta integração é facilitada devido aos avanços ocorridos na tecnologia de informações e nos meios de transportes em torno do mundo. O segundo tipo de integração aborda as questões funcionais, que vem nos chamar para uma reflexão de que não necessitamos somente gerir os fluxos de materiais, mas, também, acrescentar funções como pesquisa, desenvol- vimento e marketing no projeto e gestão dos fluxos. E o terceiro e último tipo de integração está associado às questões setoriais e nos convida a nos relacionarmos mais efetivamente entre fornecedores, parceiros, clientes e consumidores, não desenvolvendo uma logística individual, mas, sim, traba- lhar em cooperação para obter reduções nos custos, melhorias e agilidades nas atividades e criar um esforço para otimizar a cadeia de abastecimento/ suprimento (DORNIER, 2011). São indicadas indagações que as organizações devem responder para encarar a globalização de maneira proativa. Saber quais as forças que moldam a economia global, quais as consequências da globalização e como as organi- zações podem tirar proveitos deste processo são questionamentos que devem ser analisados pelos profissionais logísticos que atuam diretamente com a Logística Internacional. (DORNIER, 2011). Não podemos nos lançar em um novo mercado e agirmos como amadores. Os clientes, nossos principais avaliadores, poderão contribuir no sucesso ou fracasso de nossa empresa e isto está relacionado exatamente a como atendemos as demandas existentes. Como sua empresa tem atuado no mercado, frente aos seus clientes, quanto à qualidade do atendimento e a promessas que são realizadas no que tange a prazos, distribuição, reposição etc.? Será que a crise é um momento ruim para as empresas ou um cenário propício para mostrar quem pode ser o diferencial no mercado? Pense nisso. Para saber mais Convido você a fazer a leitura da matéria Globalização, disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/globalizacao.htm> para que assim você possa fazer uma reflexão quanto à importância deste processo em nosso meio. Confira! Acesso em: 2 ago. 2015. 1.4 Os procedimentos logísticos no comércio exterior Quando vamos atender a um cliente, nos preocupamos em cumprir com todos os pontos que foram estabelecidos na negociação. Observamos desde os pequenos detalhes, como, por exemplo, o acondicionamento do produto sobre o palete, como a forma que este produto chegou ao seu destino final, envolvendo a qualidade, a pontualidade, ou seja, o pedido perfeito. Bem, se 23 fazemos isso para atender pedidos locais (território nacional), trabalhando com pedidos internacionais não poderia ser diferente, ainda mais por envolver questões legais e estarmos propensos a gerar custos intangíveis no que diz respeito à marca da empresa. O perfeito atendimento irá garantir a empresa o seu sucesso no exterior, bem como, conseguir prospectar novos clientes e expandir o seu negócio. Ludovico (2014, p.16-17) nos informa quais são as atividades-chave da logística: “Embalagem; Unitização; Manuseio; Armazenamento; Estudo e previsão da demanda; Organização dos trans- portes; e Equipamentos”. Estas atividades-chave abordadas pelo autor devem estar presentes na logística doméstica, como também na internacional. Sem os devidos cuidados nos processos logísticos, poderemos incorrer com custos elevadíssimos e, como citado anteriormente, à perda do cliente e do mercado. Dessa forma, necessitamos, como gestores, nos preocupar com todos os detalhes, então, vale ressaltar a importância de um planejamento estratégico logístico efetivo que aborde todos os processos, observando as características do público e mercado atendido para que não ocorram falhas. O acondiciona- mento das mercadorias aqui é de suma importância, pois estas passarão por um longo período de transporte, ficando expostas a avarias, roubos e perdas, validando, então, a importância da unitização e do uso de uma embalagem correta. Mas, você sabe o que é o processo de unitização? De acordo com Panitz (2006, p. 113), “unitização é a conversão de diversas unidades de carga fracionada numa única unidade, para movimentação e estocagem”. Figura 1.6 – Processo de unitização Fonte: Do autor (2015). Vale lembrar que, para enviarmos produtos para o exterior, devemos nos ater aos símbolos e marcas de identificação dos tipos de produtos transpor- tados que vão estampados nas etiquetas e rótulos. Tais normas foram estabe- lecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e são traduzidas por 24 meio de gravuras, símbolos e logomarcas. Abaixo, alguns modelos de identi- ficação que são utilizados para identificação dos tipos dos produtos que estão sendo transportados. Figura 1.7 – Marcas e símbolos para acondicionamento de transporte Fonte: Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo/id/141>. Acesso em: 11 ago. 2015. Figura 1.8 – Etiquetas para transporte de produtos perigosos Fonte: Disponível em: <http://www.biotransportes.com.br/carga_perigosa.html>. Acesso em: 11 ago. 2015. 25 Para saber mais Para você se aprofundar no assunto, convido-o a ler a NBR 7500:2005, da Norma Brasileira ABNT, disponível em: <http://www.maximcursos. com.br/pdf/nbr7500-identificacaodetransporte.pdf>. Importante verificar o que esta NBR nos discorre sobre a identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Acesso em: 30 jul. 2015. 1.5 As multimodalidades – o agente de cargas e suas funções de apoio Agora que você já adquiriu os conhecimentos sobre conceitos que permeiam os processos da Logística Internacional, iremos observar que as operações de exportação e importação podem ser realizadas por somente uma empresa prestadora de serviços logísticos, gerando maior qualidade na movimentação, custos e ainda sobre o controle do tempo da operação. No Brasil, ainda aguardamos este tipo de serviço, pois aqui atuamos sobre a intermodalidade, mesmo com a existência do Decreto nº 3411/00 e o Decreto nº 5.276/04 que alterou as questões relacionadas ao seguro por parte do operador logístico (LUDOVICO, 2012). Você recorda o que vem a ser multimodalidade e intermoda- lidade? A multimodalidade é quando utilizamos um ou mais modais para o transporte e distribuição de produtos, mas tendo o mesmo operador logís- tico, sobre a tutela de um único contrato. A intermodalidade é quando também utilizamos mais de um modal para transportar os produtos, mas com a existência de vários contratos, de acordo com a alternância de modais trabalhados. Para saber mais Aprofunde-se nos conceitos de multimodalidade e intermodalidade, acesse a matéria Multimodal e Intermodal – tudo igual, mas comple- tamente diferente. Disponível em: <http://cargobr.com/blog/multimo- dal-e-intermodal-tudo-igual-mas-completamente-diferente/>. Acesso em: 30 jul. 2015. A multimodalidade, no aspecto operacional, necessita que a carga seja unitizada. Isto quer dizer que a unidade será integralmente transferida de um 26 modal de transporte para o outro, sem que suas parcelas sejam manipuladas diretamente. Sob o aspecto fiscal, a carga é inspecionada apenas na origem e/ ou destino. A multimodalidade pode ofertar uma série de vantagens, como: contrato de compra e venda mais adequados; melhor utilização da capacidade disponível de transporte; utilização da combinação de transportes nacionais e internacionais; melhor utilização das tecnologias de informação; ganho de escala; gerar informações a exportadores e/ou importadores quanto às tarifas de fretes; calcular e negociar valores de fretes e bonificações; facilitar o desembaraço deste enviando pré-avisos antes do embarque para progra- mação de pagamentos (LUDOVICO, 2012). Vamos analisar alguns procedimentos que ocorrem no serviço de embarque e pós-embarque efetuado pelos agentes de carga. Tais aponta- mentossão ratificados por Ludovico (2012). Necessitamos ressaltar a impor- tância destes processos para que o produto do emissor possa chegar ao seu destino sem qualquer tipo de problema, evitando assim custos desnecessá- rios, retenções de mercadorias nas alfandegas e, até mesmo devoluções. Sobre o serviço de embarque devemos observar: a. Proceder à assistência física em qualquer estágio ou modalidade operacional. b. Elaborar o B/L (conhecimento de transporte no modal marítimo) ou AWB (conhecimento de transporte no modal aéreo), obser- vando anotações, instruções de embarque, carta de crédito ou outro documento. c. Analisar as instruções da Carta de Crédito (é a modalidade de pagamento que oferece maior respaldo ao exportador, afinal, envolve operação garantida por um ou mais bancos que se responsabilizam pelo pagamento, caso sejam atendidas todas as exigências estipuladas no documento). d. Controlar e acompanhar a entrega FOB (nesta modalidade de frete, o destinatário se responsabiliza pelos riscos e custos do transporte) das mercadorias e estufagem. e. Em caso de falta ou avaria da mercadoria, constatar o fato, em tempo hábil à companhia seguradora. f. Reter o embarque total ou parcial, caso constate avarias graves ou dúvidas que possam gerar dificuldades no desembaraço da merca- doria no destino. 27 Sobre o serviço pós-embarque devemos observar: a. Controlar a correta aplicação das tarifas de frete. b. Distribuir, de forma correta, os documentos originais e cópias para todas as partes envolvidas. c. Enviar os avisos de embarque com data estimada de chegada. d. Avisar o exportador ou importador sobre o possível retardamento na saída ou chegada dos veículos de transporte. e. Enviar relatório periódico, caso disponha, informando sobre todas as operações efetuadas. f. Avisar a Companhia de Seguros em tempo hábil, por meio do envio de cópias dos documentos de embarque. De acordo com Ludovico (2012, p. 261): Adicionalmente, os agentes de carga prestam assessoria aos exportadores no exterior, tanto na conquista de novos mercados quanto no acompanhamento das mercadorias, não somente no trecho principal, como nos reembarques e desembarques em cada uma das fases do transporte, zelando pela boa qualidade e pelo menor preço. Acredito que você tenha compreendido o papel fundamental que um agente de cargas desempenha no auxílio dos processos de importação/ exportação, sendo uma figura ímpar para que tudo possa ocorrer na mais perfeita ordem. Vale relembrar que no Brasil, das quase 13 mil empresas exportadoras, 8 mil são de pequeno e médio porte e, sem a colaboração deste personagem, altamente capacitado, seria praticamente impossível atingir o mercado externo. Para saber mais Para compreender melhor como é a elaboração e aplicabilidade do Conhecimento de Embarque (Bill of Landing) leia a matéria O que é conhecimento de transporte? Disponível em: <http://www.ibsolutions. com.br/doc-imp-exp/conhecimento-de-transporte>. Acesso em: 30 jul. 2015. 28 Faça valer a pena 1. De acordo com a leitura da primeira seção e, com os seus conhecimentos adquiridos, qual a fase em que os empresários brasileiros precisaram rever seus processos logísticos (produção, administração, vendas e pós-venda) para manterem-se competitivos no mercado? Discorra sobre o assunto. 2. Sobre os agentes de carga é correto afirmar: I. Proceder à assistência física em qualquer estágio ou modalidade operacional. II. Elaborar o B/L ou AWB, observando anotações, instruções de embarque, carta de crédito ou outro documento. III. Analisar as instruções da Carta de Crédito (é a modalidade de pagamento que oferece maior respaldo ao exportador, afinal, envolve operação garantida por um ou mais operadores logísticos que se responsabilizam pelo pagamento, caso sejam atendidas todas as exigências estipuladas no documento). IV. Controlar e acompanhar a entrega FOB das mercadorias e estufagem. V. Em caso de falta ou avaria da mercadoria, constatar o fato, no prazo de 180 dias à Companhia Seguradora. Assinale a alternativa correta: a. As sentenças I, II e III estão corretas. b. As sentenças I, II e IV estão corretas. c. As sentenças I, II e V estão corretas. d. As sentenças II, III e IV estão corretas. e. As sentenças III, IV e V estão corretas. 29 Seção 2 As Operações efetuadas na Logística Internacional Diálogo aberto Nesta seção serão apresentados conhecimentos básicos de exportação e importação. Analisaremos a importância das embalagens e a proteção à mercadoria e apresentaremos a legislação sobre os contêineres, sua história e evolução. Não pode faltar 2.1 Conhecimentos básicos de exportação É necessário que os governantes entendam a importância das relações comerciais para o país, buscando a adequação das regras fiscais. Excessiva burocracia, regras fiscais e tributárias, falta de infraestrutura adequada para que a logística possa ser executada de forma ágil com custos que não influen- ciem o preço final do produto exportado, educação empresarial, cultura estrangeira, estão entre outros pontos, para uma nação que está rumo à conquista da sétima economia mundial. A globalização tem sido usada para justificar os mais variados assuntos da atualidade, como, por exemplo, a moratória e as perdas dos postos de trabalho. Em função deste modelo de negociação comercial existente em todos os continentes, é necessário que nosso governo e empresas se conscientizem de que o crescimento do país só se dará com a conquista de outros mercados, baseado na solidificação do mercado nacional. O processo de exportação deve ser criteriosamente estudado e planejado sob todos os aspectos administrativos e operacionais, devido seu principal objetivo ser a maximização das vendas nos mercados externos e os lucros esperados. Para que este processo seja funcional, é necessário que seja elaborado um plano de exportação, tendo um período de validade de dois anos, lembrando que os organizadores que farão parte do Departamento de Exportação, deverão ser pessoas especializadas, de preferência com formação superior em comércio exterior, ou, perfeito conhecimento em negociações internacionais. Para a elaboração de um plano de exportação adequado, 30 segundo Ludovico (2012, p. 20), devemos levar em consideração uma série de fatores essenciais, na seguinte ordem: 1º Estudo do mercado externo, para avaliar suas reais possibilidades; 2º Escolha do método de vendas; 3º Estudo da legislação dos países com os quais se deseja negociar; 4º Organização administrativa necessária; 5º Atentar para o controle de qualidade; 6º Conhecimento técnico dos estímulos oferecidos pelo governo; 7º Cálculo do preço de exportação, levando-se em conta a concorrência; 8º Responder sempre às consultas do exterior, mesmo que não seja possível atender ao cliente; 9º Embarque da mercadoria de acordo com as amostras enviadas; 10º Uso de linguagem comercial adequada ao produto; 11º Lembrar de que as formas de propaganda e publicidade devem estar em perfeita harmonia com as peculiaridades de cada mercado, já que o sucesso de uma campanha de promoção depende, em grande parte, da observância desse parti- cular: cada mercado com seus usos e costumes; 12º Cumprimento dos prazos estabelecidos nas negociações; 13º Consolidação das operações com o apoio das garantias do mercado externo. Certos órgãos governamentais estão capacitados a fornecer informações sobre empresas importadoras, legislação de mercado, empresas de represen- tação comercial, etc. Você pode observar que amadorismo não tem espaço nas negociações, principalmente tratando de negócios internacionais. Este plano de exportação, além de ser elaborado, deve ser praticado, pois norteará os trabalhos a serem desenvolvidos por todos os envolvidos, bem como será um instrumento facilitador para apurar, através de controles, os resultados das atividades desenvolvidas. Logicamente, todas as empresas podem cometer falhas, erros, sofrer por algumgargalo que fuja do seu controle, sendo assim, apresento a você alguns erros comuns existentes no processo de exportação: a. Falta da capacidade da empresa em gerir seus negócios no comércio exterior. b. Não considerar as diferenças culturais existentes entre as nações. c. Falta de pesquisa de mercado. d. Escolha errada do parceiro comercial. 31 e. Emissão errada de documentos. f. Ausência de estrutura adequada para área de exportação. Assim como os processos domésticos, os internacionais também padecem por detalhes que acabamos não levando em consideração. Um exemplo de negociação com outros países, os Sauditas, que negociam carne bovina com o Brasil, acompanham o processo de abate dos bovinos nos frigoríficos, justa- mente para observar se todas as exigências estão sendo cumpridas, princi- palmente na questão de o animal não sentir dor no processo do abatimento, bem como quando o mesmo chega das propriedades criadoras, não podem ir diretamente para o abate, devem repousar. Acredite, isto acontece. É a cultura de uma nação interferindo no processo de produção, mesmo antes do produto sair de nossa nação. Para saber mais Ficou curioso sobre o assunto da relevância que as culturas têm sobre os processos de negociação internacional? Convido você a ler a matéria intitulada Indústrias brasileiras fazem abate religioso de carnes para garantir mercados estrangeiros. Disponível em: <http://www.brasil. gov.br/economia-e-emprego/2011/01/industrias-brasileiras-fazem- -abate-religioso-de-carnes-para-garantir-mercados-estrangeiros>. Acesso em: 25 jul. 2015. Necessito ressaltar também outras barreiras que encontramos no comércio internacional, tanto no país exportador, como também no país importador. No país exportador poderemos encontrar problemas como, por exemplo: falta de política moderna de comércio exterior; entraves burocrá- ticos; empresa exportadora não preparada para a atividade. No país impor- tador as barreiras poderão ser: cotas de importação (protecionismo do mercado interno); excessiva burocracia; instabilidade econômica; questões culturais (já citado anteriormente); embargos; poder de pressão das associa- ções de classe dos produtos locais; taxa de câmbio, entre outros. Imagine você, se sem saber, ao comercializar o seu produto para outro país, sua marca tem um nome, pronúncia ou imagem que possa ter um caráter de ofensa para o país de destino. Devemos nos preocupar com todos os detalhes, eis a justificativa do plano de exportação. Sobre a sua marca, devem ser vistos os seguintes aspectos quando for ingressar em um novo mercado: a. Se a marca já é existente no mercado local. b. Se o registro de sua marca não provocará uma reação de alguma empresa local (em Londrina - PR, há duas empresas – uma local, com 32 mais de 20 anos, e outra; uma franquia que se instalou no município há uns 10 anos – estão em duelo na justiça devido aos nomes fantasia serem parecidos, principalmente na pronúncia). c. Se o símbolo, a cor, o significado, na cultura local tem conotação ofensiva. Veja que o exportador necessita preocupar-se como sua marca será intro- duzida em um novo mercado e quais serão os efeitos que ela irá ocasionar. Quanto às questões jurídicas, é essencial que se contrate um escritório de advocacia especializado nesta área para monitorar os processos, evitando que algum concorrente local, ou mesmo estrangeiro, possa registrar uma marca similar, prejudicando os negócios futuros. Ludovico (2012, p. 25) comenta que: O exportador deve verificar se o país de interesse está incluído no grupo Unión de Paris por meio da Organisa- tion Mondiale de la Propriété Intellectuelle, localizada em Genebra, Suíça. Se sim, solicitar o registro internacional da marca, que será então válida para todos os países que fazem parte da Unión de Paris. Fica claro que não há espaço para equívocos e todos os detalhes devem ser muito bem observados, contratando, quando necessário, pessoas especia- lizadas em cada área que está relacionada ao processo de comércio inter- nacional. Para que tudo seja possível, é necessário escolher parceiros inter- nacionais que sejam comprometidos com o seu processo e com o negócio. É primordial, depois da parceria eleita, elaborar um plano de ação, em que haverá o detalhamento dos procedimentos para iniciar os trabalhos, bem como manter contato permanente com o parceiro internacional. A informação precisa transitar constantemente e motive-o a querer crescer junto com sua empresa, apoiando-o para participar de feiras e eventos do gênero trabalhado. Para saber mais Para você compreender melhor sobre a Organisation Mondiale de la Propriété Intellectuelle convido-o a acessar o site: <http://www.wipo. int/portal/fr/> e conferir tudo sobre o registro de marcas e patentes, ou seja, a propriedade intelectual. Confira! Acesso em: 20 jul. 2015. 33 2.2 Taxa de câmbio e suas influências na negociação Figura 1.9 – A guerra cambial Fonte: Disponível em: <https://www.corbettreport.com/china-just-started-a-currency-war-heres-what-it-me- ans-for-you/>. Acesso em: 11 ago. 2015. Para Dornier (2009, p. 510) há três maneiras principais pelas quais as flutuações das taxas de câmbio afetam o desempenho financeiro de uma empresa. São elas: 1. Exposição da transação: mudando os resultados esperados de transações definidas em moedas não domés- ticas; 2. Exposição da tradução: mudando o valor na moeda doméstica de ativos líquidos mantidos em moeda estran- geira; 3. Exposição Operacional: mudando o valor na moeda doméstica de fluxos de caixa futuros a serem ganhos em moeda estrangeira ou mudando a posição competitiva futura de uma empresa. Para os gestores logísticos, há relevância a exposição operacional, mas não podemos deixar de citar as outras duas para que possa ocorrer a compre- ensão destas também. A maioria dos negócios internacionais adota a moeda americana, o dólar, para efetuar as transações financeiras referente aos atos de negociação, mas algumas empresas podem querer adotar a moeda corrente do seu país, logicamente, tudo isto sendo explicito no contrato de compra 34 e venda. Vamos verificar então o que pode ocorrer, de problemas, nos três tipos de transições citadas. A exposição de transição está associada aos contratos firmados em moeda estrangeira e, por motivos internos de um país ou outro, podem ocorrer flutuações na moeda antes da concretização do pagamento estabe- lecido em contrato, alterando assim a quantia da moeda doméstica paga ou recebida. A exposição da tradução ocorre quando são transferidos os resultados financeiros de unidades e filiais para a matriz, sendo suas localizações em territórios estrangeiros, tendo cada um deles, moedas diferentes, e, na hora de realizar a conversão, podem ocorrer ganhos ou perdas, de acordo com a realidade cambial do dia movimentado. A exposição operacional está relacionada ao fluxo de caixa operacional futuro esperado, é orientado por mudanças reais na taxa de câmbio ao invés de mudanças nominais. Para saber mais Quer compreender melhor sobre a Taxa de Câmbio Nominal e Real, leia a matéria intitulada Qual taxa de câmbio? Disponível em: <http:// www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=6289>. Acesso em: 5 jul. 2015. Boa leitura! Sobre a taxa Nominal e Real, Dornier (2011) nos explica que a taxa nominal é o preço do dinheiro de uma nação em relação ao de outra, exemplo: hoje, um dólar (US$ 1,00) equivale a três reais e quarenta e seis centavos (R$ 3,46) no Brasil; já a taxa real causa mudanças nos preços de produtos e serviços consumidos e produzidos pela empresa, ou seja, a variação das taxas cambiais vai interferir diretamente nos preços dos bens e serviços produzidos. 2.3 Pesquisa de mercado Você já parou para pensar porque devemos realizar a pesquisa de mercado? Qual o resultado que ela pode nos fornecer? Qual a sua finali- dade? Buscando em minhas recordações, eu acreditava, em um passado não muito distante, que a pesquisa de mercado era umaverdadeira “balela”, não servia para nada, só estava ali para ocupar espaço na empresa e alguém se alto intitular o “ser supremo” da empresa porque ele vivia seu trabalho no mercado, ou seja, transitando entre clientes e fornecedores, e não precisava 35 ficar preso no meio de quatro paredes. Se você pensa assim, fique tranquilo, não foi o único e não será o último. Mas, o que eu tenho a lhe apresentar é que, realmente, a pesquisa de mercado é essencial para o sucesso das empresas, pois, como nós, gestores operacionais, poderemos saber quais as tendências de mercado no que tange ao consumo e, ao mesmo tempo, fazer toda a gestão da cadeia de suprimentos (obtenção, conferência, armaze- nagem, produção, estocagem, embarque, distribuição dos produtos)? Logo, é de suma importância que os departamentos da cadeia de suprimentos e o setor comercial (marketing) dialoguem para que o fluxo de informação possa auxiliar a empresa no alcance de suas metas e objetivos. O erro ocorre quando nos subestimamos, acreditando que a nossa empresa é a melhor, que o concorrente não tem forças, que o nosso produto é o líder e que o cliente jamais irá trocar de marca ou empresa. Engano o seu, se você ainda pensa assim. Em função da concorrência cada vez maior, e um mix muito mais sortido e disponível, os clientes têm opções para sanar suas necessidades, de acordo com gostos, cultura, interesse e benefícios. Assim sendo, a pesquisa de mercado evita enganos e custos desnecessá- rios. Não deve ser usada somente para penetrar em um novo mercado, mas deve ser utilizada permanentemente. Por quê? Simples, desde que você se tornou um cliente/consumidor autônomo, sem depender de alguém para adquirir algo, quantas vezes você mudou seus hábitos, gostos, preferências, desejos, necessidades? Eu acredito que você vá responder várias vezes, logo, justifica a necessidade da pesquisa de mercado ser permanente para averi- guar sempre quais as tendências que o mercado caminha. De acordo com Ludovico (2012, p. 28), a pesquisa de mercado propor- ciona respostas objetivas a perguntas como: Quais os mercados mais promissores para o(s) produto(s) da empresa? Qual é a demanda geral e potencial para o(s) produto(s) da empresa nesses mercados, levando-se em conta os gostos locais, as tradições e as condições climá- ticas? Quais os concorrentes? E quais são os motivos de sua força ou de sua fraqueza? Que idioma deve ser usado nos folhetos, embalagens, na literatura de vendas e serviços e nas correspondências com os compradores em potencial? Qual a utilidade da publicidade, que mídia deve ser usada e quais são os custos? Qual é o melhor canal de distribuição e quais serão os custos desse serviço? Serão os preços dos produtos competitivos em relação aos seus concorrentes e às condições do mercado local? Qual o nível de estabilidade política local e de eficiência comercial, e qual é a situação 36 da economia nacional? Quais são as condições de acesso ao mercado (extensão das barreiras tarifárias e não tarifárias)? Conforme vamos aprofundando em nossos estudos e ensino, você vai percebendo que a logística internacional é rica em detalhes que devem ser minuciosamente analisados antes de se dar “o ponta pé inicial” em qualquer negociação internacional. A reflexão e análise de todos os pontos aqui apresen- tados são de suma importância para que sua gestão possa ser efetiva, acarre- tando resultados positivos em todos os processos de venda e distribuição. Para saber mais Para você compreender melhor a importância da Pesquisa de Mercado, convido-o a ler a matéria Pesquisa de mercado: o que é e para que serve. Acesse o link: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ artigos/Pesquisa-de-mercado:-o-que-%C3%A9-e-para-que-serve>. Confira e observe a importância da pesquisa para as empresas e para o seu negócio ou atividade desempenhada. Acesso em: 13 jul. 2015. 2.4 Como exportar Quando uma organização decide exportar ela precisa escolher qual será o método: direto ou indireto. No método direto as empresas que utilizam têm interesse permanente em exportar. Criam um departamento somente para tratar desta questão. Terá como meta uma parcela da produção realizada com a missão de colocá-la no mercado externo. Neste método a empresa assume todos os compromissos financeiros das viagens, comunicação, envio de amostras, etc. o método direto determina que na empresa exista um setor exclusivo para as exportações. Já, no método indireto, quando a empresa não se considera suficientemente capacitada e preparada para negociar com o mercado exterior, poderá utilizar-se deste método que é desenvolvida pelas Trading Companies e também pelas empresas comerciais exportadoras. O governo brasileiro, com o objetivo de expandir as exportações, autorizou a implantação desses dois modelos, principalmente a Trading Companies, através do Decreto-Lei nº 1248/72, que cumprem uma legislação especial para obter incentivos fiscais e financeiros. A Trading Companies trabalha com equipes próprias de vendas e com representantes no exterior, cujos custos de viagens e negociações, além dos operacionais, poderão ser ou não rateados entre elas ou por meio do sistema 37 Over-Price (sobre preço que um intermediário coloca em um produto, a seu favor). Ludovico (2012, p. 35) cita que “no Brasil, o papel dessas empresas reper- cutiu em muito na imagem que nossos produtos têm no exterior, graças à sua dedicação e ações junto a mercados em que exportadores brasileiros, dificilmente por si só, investiriam sem a certeza dos resultados esperados”. Podemos observar a grande importância da existência da Trading, princi- palmente para o atendimento de pequenos e médios empresários que não têm o poder financeiro para negociar um volume considerável, observando questões de custos e unitização da carga. Para escolhermos um agente de exportação, necessitamos fazer uma avaliação, pois este estará representando a empresa e os produtos, no caso, brasileiros em solo estrangeiro. Ludovico (2012) nos apresenta quais os tipos de agentes que atuam no exterior, e, iremos apresentá-los para que você tenha conhecimento dos mesmos: a. Agente Comissionado: o tipo mais comum; remuneração com base em comissões sobre as vendas. b. Importador Único: detém direitos exclusivos à importação do produto; poderá ter exclusividade das vendas e precificação do produto em seu território. c. Distribuidores Exclusivos: idêntico ao importador único; a diferença é que a performance tende a decrescer em razão da falta de competição. d. Agente Delcredere: semelhante aos agentes comissionados; é sempre responsável pelo crédito oferecido ao cliente; comissão mais alta para compensar os riscos financeiros. e. Vários Agentes: o agente representa o interesse de múltiplos exporta- dores. f. Combinações de funções de agenciamento: Agente + armazena- mento – fornecerá espaço para armazenagem e manutenção dos estoques; Agente + distribuidor – mantém os estoques adquiridos e distribuídos, operando simultaneamente como agente e cliente; Agentes de venda e retorno – armazena, vende, distribui e devolve estoques não vendidos; Agente + Serviços – além da comissão será ressarcido de qualquer despesa operacional; Agente/produtores – o agente, também, poderá ser a indústria (exemplo siderurgia). 2.4.1 A escolha do agente 38 A escolha do agente deve ter o cunho científico e o mais objetivo possível, logo, a seleção inicial é primordial para a escolha perfeita. O processo de escolha do agente exportador é composto por cinco fases. De acordo com Ludovico (2012, p. 44): É preciso ter certeza de que o produto é exportável e que o exportador será capaz – ou que contará com funcionários para isso – de ingressar no campo do comércio exterior; é necessário proceder a uma análise preliminar de mercados, para a identificação dos mais promissores. Nem todos os exportadores estão em condições de trabalhar no mercado internacional como um todo. A identificaçãode alguns mercados mais promissores assegurará maior eficiência e custos operacionais mais baixos; no processo de pesquisa e em função de seus resultados, é preciso decidir que tipo de agente ou distribuidor mais bem atende às caracterís- ticas do produto e do mercado; deve ser elaborada uma lista detalhada das funções e obrigações que caberão ao agente; é necessário escolher qual tipo de contrato que melhor atenderá aos interesses do exportador e do agente. Você pode observar que o agente exportador deve ser muito bem pesqui- sado e selecionado, pois ele vai representar a sua marca, o seu produto, a sua empresa em solo estrangeiro e qualquer ato que venha desabonar a credibili- dade da sua empresa não pode ocorrer, e caso ocorra fora do Brasil, poderia dificultar mais ainda a solução. Não podemos deixar de citar que, depois da escolha feita, é necessário elaborar o contrato de agenciamento. Este é elaborado para solucionar controvérsias e para a proteção legal de ambos os envolvidos. O agente deve conhecer plenamente os produtos e seus detalhes especí- ficos, ter uma observação efetiva do mercado onde atua ou irá atuar, observar todas as regulamentações de importação de um produto, cativar e manter o contato com os clientes e os potenciais clientes, bem como poderá sugerir sobre preços, promoções e propagandas, sendo estas sugestões baseadas em informações que o mesmo colheu no mercado (LUDOVICO, 2012). Para que o agente possa cumprir com suas obrigações elencadas, é neces- sário que ele seja treinado, dirigido e controlado e não deve ser relegado às suas próprias iniciativas. Vale também citar que o agente, respaldado pelo contrato jurídico estabelecido entre o exportador e ele, assumirá poderes 39 contratuais; irá exercer representação em nome da empresa exportadora e solucionará possíveis problemas que envolvam a empresa exportadora. 2.5 A câmara de comércio internacional (CCI) Uma de suas principais atividades é prestar, por meio da sua cláusula arbítrio, serviços internacionais para poupar ou sanar hostilidades comer- ciais. A cláusula de arbitragem da CCI estabelece que: “Todas as disputas vinculadas às disposições deste contrato serão definitivamente solucionadas segundo Regras de Conciliação e Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, por um ou mais árbitros, designados de acordo com as Regras”. As partes envolvidas podem sujeitar uma divergência de arbitragem da CCI, mesmo que o contrato estabelecido não contemple uma cláusula de arbitragem da Câmara. 2.6 A embalagem de exportação e os contêineres É necessário abordarmos este assunto em nosso material para ratificarmos a importância das embalagens no processo de armazenagem e distribuição dos bens/produtos, mais ainda devido às questões de estarmos fazendo a movimentação destes para rotas e destinos longínquos. Imagine seu produto cruzando todo o Oceano Atlântico em uma simples caixa de papelão no porão de um navio. Como seria o estado do seu produto quando o mesmo fosse desembarcado no porto destino? Será que o produto estaria ainda em condições de uso? Reflita sobre todos os itens que movimentamos sobre os modais de transportes e, estes, sem as devidas embalagens para a proteção do conteúdo. Tenho certeza que o número de perdas seria grandioso. Mas, para nossa tranquilidade, no mercado existem vários tipos e modelos de embala- gens que vêm atender às necessidades específicas de cada cliente em relação ao produto movimentado. Figura 1.10. Modelos de Embalagens Fonte: Disponível em: <http://www.pbhoje.com.br/noticias/4212/projeto-que-pede-elaboracao-de-catalo- go-de-precos-em-supermercados-segue-para-sancao.html>. Acesso em: 11 ago. 2015. 40 Desde o Egito Antigo, a função da embalagem sempre foi a de preservar. Com o passar dos tempos, foram agregadas outras características para as embalagens, tais como: valorização, promoção e a representação do produto. Dentro destes pontos, devemos nos atentar que as embalagens disponibili- zadas no mercado interno, nem sempre são idênticas às que são destinadas para o exterior, pois cada região tem suas especificidades no que tange a informações do produto nas embalagens, bem como a quantidade de produtos que são disponibilizados. Com relação à proteção, quantificação e qualificação, podemos observar: proteção, quantificação e qualificação. Proteção – é a primeira grande importância, envolve a questão da preservação e integridade do produto, desde o ponto de origem até o seu destino final. Quantificação – é a quantidade de unidades que serão acondicionadas nas embalagens, sendo as embalagens unitárias ou de conjunto. Qualificação – é a funcionalidade da embalagem, identificando o produto e suas particularidades. Devemos nos preocupar com a qualidade das embalagens na mesma proporção que nos preocupamos com o atendimento aos clientes, a linha de produção, a negociação etc. Sobre as embalagens, gostaria de chamar você a uma reflexão especial sobre os contêineres, que além de serem utili- zados para o transporte dos materiais, produtos e bens, também servem como uma embalagem de proteção e acondicionamento das mercadorias comercializadas. A utilização de contêineres no Brasil é regida pela Lei nº 4.907, de 17 de dezembro de 1965, e regulamentada pelo Decreto nº 59.316, de 28 de setembro de 1966. Em 11 de dezembro de 1975, a Lei nº 6.288 configurou a utilização, movimentação, inclusive intermodal, de mercadorias em unidades de carga. O Regime Especial de Trânsito Aduaneiro, por intermédio do Decreto nº 79.904, de 13 de junho de 1977, também inclui o contêiner como um dos beneficiários. Com o advento do contêiner, torna-se viável a movimentação de cargas de um ponto a outro, em qualquer local no globo terrestre. Com o sistema multimodal adotado mundialmente, o contêiner passou a ser um excelente acessório para os operadores de carga, devido às suas características peculiares. Movimentando as mercadorias nos contêineres, podemos apresentar, segundo Ludovico (2014, p. 59), quatro tipos de operações: 41 House to House: quando a mercadoria é colocada no contê- iner nas instalações do exportador e retirada na empresa importadora; Pier to Pier: a carga é levada ao terminal marítimo e lá é carregada no contêiner, sendo retirada no terminal marítimo de destino; Pier to House: a carga é levada ao terminal marítimo e lá é carregada no contêiner, sendo retirada apenas na empresa importadora; House to Pier: a carga é carregada no contêiner na empresa expor- tadora e retirada apenas no terminal marítimo do porto de destino. Essas operações apresentadas irão ocorrer de acordo com os contratos firmados entre as partes, o exportador e o importador, sendo listadas tais características no contrato, para que não ocorram eventuais problemas posteriormente entre as partes. Todas essas nomenclaturas foram desenvol- vidas para facilitar o controle dos processos celebrados entre os negociadores e os agentes exportadores, evitando erros e falhas. Vale ressaltar, também, que quando abordamos sobre o assunto dos contêineres, não podemos pensar somente no modelo padrão que visualizamos, diariamente, nas estradas brasileiras. Existem outros modelos que iremos apresentar: a. Carga Seca (Dry cargo): tipo convencional – aplicações: caixas, paletes, engradados, bobinas, fardos. b. Teto aberto (Open top): tipo convencional com teto removível (lona) – aplicações: maquinários pesados ou volumes que devido ao grande peso necessitam ser acondicionados por cima do contêiner. c. Abertos: plataforma simples com colunas nos cantos e barras diago- nais reforçadas – aplicações: chapas, tubos, perfis e vidros. d. Granel: providos de tampas para carregamento no teto e com bocal para descarga no assoalho – aplicações: cereais e granulados. e. Frigoríficos: isolados e equipados com refrigeração – aplicações: carnes, sucos e frutas. f. Isotérmicos: sem refrigeração – aplicações: bebidas. g. Tanques: projetados para qualquertipo de líquido, com revestimento para corrosivos – aplicações: óleos, sucos, produtos químicos. h. Flutuantes: apresentam dimensões superiores da ISO – aplicações: conjugação entre navegação fluvial e marítima. 42 i. Aéreos: contêineres especiais normatizados pela IATA, é adaptado para aviões cargueiros – aplicações: carga seca. Depois de analisarmos os modelos de contêineres existentes e disponí- veis para o transporte das mercadorias, devemos ter alguns cuidados para aproveitarmos todo o seu espaço de cubagem e realizarmos uma perfeita estufagem. Seguem alguns pontos que devemos observar: a. Distribuir o peso da carga de maneira uniforme no piso do contêiner. b. Colocar as mercadorias pesadas na base e as leves por cima. c. Proteger a carga no fundo, nos lados e na frente para evitar avarias. d. Preencher os espações entre a carga e as laterais. e. Colocar qualquer volume com líquidos sobre um palete. f. Proteger as cargas ensacadas contra a movimentação, colocando-as em bloco. g. Usar rótulos internacionais para marcar os contêineres que conte- nham cargas perigosas. h. Ficar dentro do limite de peso dos contêineres e chassis, sem sobre- carregar. i. Utilizar lacres adequados. 2.7 Importação: política brasileira Para abordarmos o assunto sobre a importação, precisamos recorrer ao fato histórico citado no início desta unidade, onde relatamos sobre o Plano Collor e o seu Governo. Em 1990, com a abertura do mercado brasileiro ao mercado internacional, e as políticas econômicas que foram aplicadas, houve uma grande entrada de produtos estrangeiros em nosso solo. Em seu governo que foram elaborados as diretrizes e os objetivos do comércio exterior e sua respectiva execução, foram implantadas normas específicas, com destaque para o controle da inflação e a criação de instrumentos de importação, como abastecimento e modernização do parque industrial brasileiro por meio da aquisição de tecnologia do exterior. Houve duas frentes em prol da impor- tação: uma delas promoveu a desregulamentação da importação de produtos de consumo no país que estavam suspensos; a outra buscava mudanças na política tarifária, cuja alíquota média de 35% foi diminuída para 20%. A importação nada mais é do que a introdução em um país de mercadorias procedentes de outro, podendo ocorrer importação de um Estado para outro, como também entre municípios. 43 A partir de 1995, de acordo com o Tratado de Assunção, que deu origem ao Mercosul, a política tarifária passou a ser conduzida pelo consenso dos países, com autonomia individual. Em razão ao Mercosul, algumas decisões foram sancionadas: • Alíquotas fixadas e alterações feitas em comum acordo pelos seus integrantes. • Exceção de produtos das alíquotas em comum temporariamente. • Alterações de alíquotas para bens de capital no caso do Brasil em continuidade do processo de modernização do parque industrial. • Comércio entre os países com objetivo de uma zona de livre-comércio. Sob o aspecto aduaneiro, tivemos uma série de medidas de revitalização e modernização no sistema brasileiro e uma das mais significativas foi a intro- dução do módulo SISCOMEX na importação em 1997. A modernização também abrangeu a ampliação de armazéns alfandegados. As tendências, do ponto de vista aduaneiro, apontam para o aprimoramento das empresas operadoras de comércio exterior no sentido de selecionar e impedir fraudes de empresas fantasmas. 2.7.1 As razões para realizar a importação Os benefícios que uma empresa pode adquirir com a importação são os seguintes: a. Em relação às mercadorias – acesso a novas tecnologias, escassez no mercado interno, inexistência no mercado interno, qualidade, calami- dade pública, vaidade. b. Em relação às finanças – obtenção de recursos e financiamentos externos, resultados financeiros, instrumentos de garantia. c. Em relação ao mercado – acesso a preços de outros mercados, acesso à tendências de mercado, contato com outras culturas, informações e participações em feiras, simpósios e eventos do segmento de mercado. d. Em relação aos serviços diretos e indiretos – ampliação e diversifi- cação dos serviços executados, surgimento de novas empresas, novas tecnologias. e. Em relação a governos – diálogo e aproximação com empresas de produção, comércio e serviços, defesa de interesses de empresas e da política de importação do país, manifestações de ideias, críticas e sugestões sobre as diretrizes e normas de importação. 44 Nas importações brasileiras, cabe elencar a carga tributária, que corresponde ao maior índice de custo na importação de mercadorias, assim encontramos: • Imposto de Importação (II). • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). • Cofins – importação. • PIS – importação. As realizações dos pagamentos internacionais obedecem à Câmara de Comércio Internacional (CCI). Os principais sistemas de pagamentos inter- nacionais são: • Pagamento Antecipado: antes de receber a mercadoria o importador efetua o pagamento pelo banco – Risco: não recebimento da merca- doria do exportador. • Remessa sem saque: o exportador entrega a mercadoria e envia um saque (documento do compromisso de pagamento) ao importador. Risco: para o importador praticamente nulo. • Cobrança documentária: é enviada uma cobrança por meio do seu banco no país importador para o pagamento no dia do vencimento – risco: falta de recurso para pagamento pode acarretar protesto do importador ou mesmo impedimento de receber a mercadoria. • Carta de crédito: o exportador só entrega a mercadoria se antes existir a garantia por meio de crédito do banco no país do impor- tador. O banco opera como fiador da mercadoria – risco: não receber a mercadoria em boas condições ou fora de prazo de entrega. Quem pode ser um importador no Brasil? Ludovico (2012, p. 105) cita que: A habilitação poderá ser por pessoa física ou jurídica, mas para pessoa física existe restrição quanto à frequência de operações, que são consideradas pelas autoridades como habitualidade e, portanto, não cabíveis às pessoas físicas. Para exercer essa atividade, a pessoa deverá compor uma empresa. [...] existe a possibilidade de que as autoridades venham a regulamentar o limite de valor que pode ser adquirido no exterior. [...] Podemos afirmar que importar 45 no sentido verbal é relativamente simples, mas as conse- quências de não seguir regras repercutem diretamente na liberação na alfândega ou mesmo na remessa financeira ao exterior. Existem outras habilitações para segmentos específicos, como os setores de saúde, agricultura, bélico, de combustíveis, entre outros, em que a empresa deve possuir registros e autorizações para comprar, fabricar, importar, exportar, armazenar, transportar produtos que possam trazer problemas de saúde pública e para o meio ambiente. O cadastro junto aos bancos ou corretoras para realização dos pagamentos das importações funciona como controle da autoridade cambial das empresas e seus representantes com poderes para assinaturas de contratos de câmbio, autorizações etc. E assim, finalizamos esta unidade de estudo, não deixe de acessar os links que marquei neste material. São matérias que vêm enriquecer o seu conheci- mento e somar para auxiliá-lo em sua carreira profissional. Questão para reflexão Devido aos problemas internos que nossa economia vem sofrendo, conforme todos os dias são veiculados nos meios midiáticos, como as empresas podem superar esta situação, mantendo os postos de trabalho, gerando lucro e ainda tendo poder financeiro para investir e expandir? Como podem os processos de exportação auxiliar na manutenção do funcionamento das organizações? Através de controles mais efetivos, buscando a redução de desperdí- cios e consumos desnecessários, bem como buscando novas parcerias no mercado externo, através de fornecedores, agentes e clientes que tenham qualidade em suas atividades e processos, pode alavancar
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