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ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 1ª Edição Universidade Braz Cubas - UBC Mogi das Cruzes 2016 ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA Camila Cristina Rodrigues Reitor: Prof. Maurício Chermann EQUIPE DE PRODUÇÃO CORPORATIVA Gerência: Adriane Aparecida Carvalho Orientação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Taciana da Paz Coordenação de Edição/Arte: Michelle Carrete Diagramação: Amanda Holanda Ilustração: Everton Arcanjo Impressão: Grupo VLS / Infotec / Jet Cópias Imagens: Fotolia / Acervo próprio 1ª edição 2016 Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade. Proibida a reprodução total e/ou parcial. © Copyright UBC 2016 Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP A Braz Cubas 5 A Braz Cubas Nascida em 1940, na cidade de Mogi das Cruzes, a Braz Cubas, que iniciou suas atividades com um pequeno curso preparatório, conta hoje com cerca de 20 mil alu- nos, entre as modalidades presencial e educação a distância. Ao longo desses 75 anos no mercado, a instituição passou por diversas trans- formações, abrigando, inclusive, cursos de ginásio, nível médio, comércio, até que chegou a Faculdade de Direito, em 1965. O ensino superior, estimulado pela política da educação, cresceu em todo o País e a Braz Cubas, atendendo às exigências e necessidades do mercado, continuou a crescer, tanto no aspecto acadêmico, quanto no social, até que em 1985, o Conse- lho Federal de Educação reconhece a então Federação das Faculdades Braz Cubas como Universidade. A importante notícia veio valorizar a região de Mogi das Cruzes e premiar uma longa carreira de bons serviços prestados à educação brasileira, formando profissio- nais competentes e capacitados ao mercado de trabalho. Missão Valorizar as pessoas, despertando talentos por meio de uma aprendizagem diferente para desenvolver hoje o ser humano para o amanhã. Visão Ser reconhecida como uma instituição de Ensino centrada na aprendizagem. Valores Cidadania, humanização, sabedoria, humildade e transparência. Sumário Sumário Apresentação 9 O Professor 11 Introdução 13 1Unidade I Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência 15 1.1 Conceitos: urgência e emergência 16 1.2 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE 19 1.3 Acolhimento com classificação de risco em pediatria 23 1.4 Considerações da unidade I 26 2Unidade II Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 27 2.1 Revisão de cardiologia 28 2.2 Parada cardiorrespiratória em pediatria 34 2.3 Arritmias cardíacas em pediatria 43 2.4 Sistematização da assistência de enfermagem nas urgências cardiovaculares pediátricas 46 2.5 Considerações da unidade II 48 3Unidade III Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 49 3.1 Insuficiência respiratória 50 3.2 Choque em criança 56 3.3 Trauma: afogamento, fratura de menbros e avulsão dentária 59 3.3.1 Afogamento 59 3.4 Fraturas de membros 61 3.4.1 Avulsão dentária 64 3.5 Considerações da unidade III 65 4Unidade IV Cetoacidose diabética, queimadura e crise convulsiva febril 67 4.1 Cetoacidose diabética 68 4.2 Queimadura 72 4.3 Crise convulsiva febril 77 4.4 Considerações da unidade IV 81 Referências 83 Apresentação 9 Apresentação Escolher se aprofundar nos estudos ligados a enfermagem em pediatria re- quer dedicação, sensibilidade e compreender a importância da atuação do profissio- nal enfermeiro nesta área. Nos estudos direcionados a pediatria o enfermeiro configura-se como um pro- fissional de destaque, pois através do conhecimento científico e da observação siste- mática detecta os agravos de saúde da criança com base na escuta ativa e ágil, visto que em pediatria ocorre uma evolução rápida do quadro clínico da criança. Escolher a enfermagem em pediatria é um desafio, muitos profissionais dizem não apresentar um dom natural para exercer atividades nesta área. Porém, mais que um dom, a enfermagem pediátrica requer um enfermeiro com facilidade de relacio- namento humano e de conhecimento profundo sobre questões anatomofisiológicas. Considerando esta realidade seja bem-vindo(a) aos estudos de enfermagem pediátrica em urgência e emergência. Esta disciplina pretende oferecer uma introdu- ção aos temas mais comuns do universo da criança na assistência de enfermagem das unidades de urgência e emergência hospitalar. Os capítulos são preparados para uma imersão básica em pediatria em urgên- cia e emergência com enfoque na atuação do enfermeiro. Bons estudos! O Professor 11 O Professor Prof.ª Camila Cristina Rodrigues Enfermeira graduada na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pedagoga graduada na Facul- dade Aldeia de Carapicuíba (FALC), Especialista em Enfermagem em Dermatologia pela Universi- dade Federal de São Paulo (UNIFESP), Mestre em Educação, Semiótica e Tecnologia da Informação pela Universidade Braz Cubas (UBC), Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Docente da Universida- de Braz Cubas (UBC) e Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Introdução 13 Introdução A enfermagem pediátrica é uma especialidade da área de enfer- magem onde o profissional enfermeiro trabalha diretamente da gestão dos cuidados e/ou na assistência de enfermagem direta a criança e sua família. Configura-se em uma área delicada de estudo, pois engloba uma etapa da vida do paciente que gera grande comoção: a infância. As ativi- dades da enfermagem nesta área são: preventivas e curativas. Os cuidados a criança demandam do enfermeiro conhecer e rela- cionar os diferentes fatores dos agravos de saúde e sua complexidade de atendimento. Esta criança poderá ser assistida desde a puericultura que se configura nas ações de monitoramento do desenvolvimento e crescimento infantil às urgências e emergências pediátricas. A criança deve ser compreendida em um universo social de cons- trução diária, é fruto de suas interações e sobre interferência dos fatores ambientais nos seus agravos de saúde, isto quer dizer que dependendo de uma macro ou microrregião, podem ocorrer prevalência e incidên- cias diferentes para as doenças. Este nuance demanda do enfermeiro sensibilidade para exercer todos os seus papeis: assistencial, gerencial e educacional, mesmo que seja realizado em um ambiente de urgência e emergência pediátrico. Unidade 1 15 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência 1Unidade I Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Objetivos da Unidade: • Conceituar urgência e emergência aplicada à pediatria; • Identificar a complexidade da assistência de enfermagem em urgência e emergência pediátrica; • Aprender a Sistematização da Assistência de Enfermagem aplicada à urgência e emergência pediátrica; • Conhecer o serviço de acolhimento à criança em situação de urgência e emergência. Habilidades e Competências da Unidade: • Compreensão do processo de construção do sistema de emergência e urgência e a sua atuação junto ao serviço; • Identificação do processo de enfermagem na prática do enfermeiro em urgência e emergência como forma de planejamento das atividades. Unidade 1 16 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência 1.1 Conceitos: urgência e emergência A palavra emergência descreve uma situação crítica e/ou um evento iminente de perigo, sendo considerado um imprevisto. Na área da saúde pode ser descrita como uma situação que exija intervenção imediata. Urgência é quando uma situação e/ou evento pode aguardar para ser resolvi- do, ou seja, na saúde se configura na determinação de um prazo (tempo) para que ocorra o atendimento, se este não ocorrer de forma rápidao indivíduo poderá evo- luir a óbito. Diversos fatores colocam a criança em situação de risco. Entre as causas que demandam assistência nas unidades de aten- dimento pediátrico estão as doenças respiratórias, os estados convulsivos, as intoxicações, os acidentes e traumas, provocan- do, muitas vezes, a parada cardiorrespiratória, que constitui a emergência médica de maior importância na área pediátrica. Os processos infecciosos, parasitários e traumáticos, na maioria das vezes, constituem as principais causas de ingresso a essas unidades (TACSI; VENDRUSCOLO, 2004, p.478). Na área de emergência pediátrica o foco de atenção é prioritário, já que a crian- ça pode apresentar queda repentina do seu estado geral, mas não exclusiva, esta tem por direito a figura do acompanhante, que faz parte da assistência. De forma diferente de outras áreas, a enfermagem pediátrica, independente da especialidade, cuida do binômio básico: criança-família. Nestes locais, o processo de trabalho da equipe de enfermagem deve estar centrado na prática assistencial, educativa e na administração do serviço de saúde, bem como na necessidade de cuidar das crianças em situação de emergência e seus acompanhantes (NEVES et al; 2016, s/d, s/p, grifo nosso). O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA define: “Art. 2º Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990, s/p). Os serviços de atenção da criança nos diferentes âmbitos e complexidades (Atenção Primária, Secundária e Terciária) deverão proporcionar condições de per- manência dos responsáveis: Unidade 1 17 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados inter- mediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente (BRASIL, 1990, s/p). Conheça mais: Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Disponível em: <https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 28/10/16. Os serviços de urgência/emergência têm o objetivo de diminuir a morbi-mortalidade e as sequelas incapacitantes, para tanto é preciso garantir os elementos necessários para um sistema de atenção de emergência considerando recursos humanos, in- fraestrutura, equipamentos e materiais, de modo a assegurar uma assistência integral, com qualidade adequada e contínua (AZEVEDO; LEMES; CHAVES, 2010, p. 736-45, grifo nosso). A Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu padrões para a prática de enfermagem em emergência, que recebeu a denominação de Padrões da Prática de Enfermagem em Emergência. Neles estavam contidos três níveis de com- petência para o Enfermeiro, a saber: (BRITO, 2016) 9 O primeiro nível requer competência mínima para o enfermeiro prestar atendimento ao paciente traumatizado; 9 No segundo nível este profissional necessita de formação específica em enfermagem de emergência; 9 No último nível o enfermeiro deve ser especialista em área bem delimita- da e atuar no âmbito pré e intra-hospitalar. Conheça mais: Para saber um pouco mais sobre a Associação Americana de Enfermagem (ANA), acesse: http://www.nursingworld.org/. Unidade 1 18 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência A política pública no Brasil apresenta os serviços de urgência e emergência por meio da Política Nacional de Atenção às Urgências e Emergências, Sistema Único de Saúde: Acolhimento com Classificação de Risco, Sistema de Atenção às Urgências e Emergências e a capacitação das equipes para o atendimento especializado. A organização da saúde no Brasil está constituída por meio de diversas modalidades de assistência: segundo seu modelo tec- nológico, em unidades de saúde pública e atendimento hospita- lar, decorrente do tipo de sistema, ou seja, privado, filantrópico, previdenciário e estatal; e, ainda, segundo a incorporação tec- nológica e níveis assistenciais, podendo ser de atenção básica, secundária e terciária. Dessa forma, a organização de serviços de saúde não se consolidou de forma homogênea, existindo di- versas formas de produção de saúde. Frente a esta diversidade de modelos assistenciais encontra-se, hoje, dificuldade na dis- posição de estruturas, sejam hospitalares ou não hospitalares, públicas ou privadas, capacitadas e organizadas para recepção e atendimento de uma população em expansão, acometida por traumas decorrentes de atos violentos e acidentes de toda natu- reza (POLL, LUNARDI, FILHO, 2008, p. 510-11). Neste panorama a enfermagem pediátrica desenvolve suas atividades nos ser- viços de alta complexidade, como os de urgência e emergência. O papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar trata- mento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais. O enfermeiro desta unidade é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte vital e integrante da equipe de emergência (BRITO, 2016, s/p). O Ministério da Saúde define as áreas de atenção em urgência e emergência em: Pronto Atendimento (PA), Pronto Socorro (PS) e Emergência. Unidade 1 19 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Tabela 1.1 - Áreas de Atenção em Urgência e Emergência. Pronto Atendimento (PA) Pronto Socorro (PS) Emergência Unidade destinada a pres- tar, dentro do horário de funcionamento do esta- belecimento de saúde, assistência a doentes com ou sem risco de morte, cujos agravos à saúde ne- cessitam de atendimento imediato. Estabelecimento de saúde destinado a prestar assis- tência a doentes, com ou sem risco de morte, cujos agravos à saúde necessi- tam de atendimento ime- diato. Funciona durante as 24 horas do dia e dispõe apenas de leitos de obser- vação. Unidade destinada à assis- tência de doentes, com ou sem risco de morte, cujos agravos à saúde necessi- tam de atendimento ime- diato. Fonte: WEHBE, Grasiela; GALVAO, Cristina Maria. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, p. 86-90, Apr. 2001. Disponível em:< <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 11692001000200012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28/10/2016. A planta física dos diferentes serviços segue a padronização da RDC-50, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Conheça mais: Para saber mais sobre a RDC-50: Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimen- tos assistenciais de saúde, acesse: http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/re- sol/2002/50_02rdc.pdf. 1.2 Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE De acordo com Resolução do Cofen 272/ 2002, a Sistematização da Assistência de Enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, devendo ser realizada em todos os pacientes e/ou clientes. Unidade 1 20 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência O processo de Enfermagem (PE) no Brasil teve como precursora a enfermeira Wanda de Aguiar Horta (1979), que elaborou a Teoria das Necessidades Humanas Básicas- NHB e dos Instrumentos Básicos de Enfermagem – IBE. Sua teoria serviu de base para a construção do processo de enfermagem enquanto método de assistên- cia de enfermagem. Wanda Horta (1926-1981) foi uma enfermeira brasileira, doutora em Enfermagem em 1968 pela Escola de Enfermagem Anna Nery, Rio de Janeiro, com a tese: a observação sistematizada na identi- ficação dos problemas de Enfermagem emseus aspectos físicos. Horta fundamentou o que mais tarde viria a ser conhecido como o Processo de Enfermagem e, com isso, deu grande passo para a consolidação da profissão enquanto ciência (Disponível em:< http://www.faccg.com.br/img/professor/une/0002330_Teo- ria%20das%20Necessidades%20Humanas%20B%C3%A1sicas. pdf>. Acesso em: 18/10/16). Com esses estudos iniciais foi construído um sistema teórico que agregava co- nhecimentos de diferentes áreas do corpus de sua teoria de enfermagem. Para esta construção foi incorporado os conhecimentos da Teoria de Abrahan Maslow sobre hierarquia das necessidades humanas e sua satisfação. Imagem 1.1 - Pirâmide das necessidades humanas básicas de Maslow. Autorrealização Autoestima Necessidades Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas Básicas Pirâmide de Maslow Disponível em:< http://site.suamente.com.br/a-piramide-de-maslow/. Acesso em: 28/10/16. Em sua teoria, Wanda não utilizou um sistema de hierarquia (Pirâmide), mas de classificação em três tipos de necessidades humanas básicas: necessidades psicobio- lógicas, psicoespirituais e psicossociais. Unidade 1 21 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Imagem 1.2 - Tabela de classificação das necessidades humanas básicas. TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS (WANDA HORATA) NECESSIDADES PSICOBIOLÓGICAS NECESSIDADES PSICOSSOCIAIS • Oxigenação • Hidratação • Nutrição • Eliminação • Sono e repouso • Exercícios e atividades físicas • Sexualidade • Abrigo • Mecânica corporal • Integridade cutâneo-mucosa • Integridade física • Regulação: térmica, hormonal, neu- rológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular • Locomoção • Percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa • Ambiente • Terapêutica • Segurança • Amor • Liberdade • Comunicação • Criatividade • Aprendizagem (educação à saúde) • Gregária • Recreação • Lazer • Espaço • Orientação no tempo e espaço • Aceitação • Autorrealização • Autoestima • Participação • Autoimagem • Atenção • Necessidade psicoespirituais • Religiosa ou teológica, ética ou de fi- losofia de vida Disponível em:< http://slideplayer.com.br/slide/3207200/>. Acesso em: 28/10/16. Esquema 1.1 - Relação dos elementos fundamentais da teoria de Wanda de Aguiar Horta. Disponível em:<http://www.faccg.com.br/img/professor/une/0002330_Teoria%20das%20Necessidades%20 Humanas%20B%C3%A1sicas.pdf>. Unidade 1 22 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Em sua teoria refere que a enfermagem possui três funções interligadas: espe- cífica, social e de interdependência. Esquema 1.2 – Funções da enfermeira Fonte: HORTA, 1979, p.27-32. As etapas descritas por Wanda sobre o processo de enfermagem são: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico. Histórico de Enfermagem: deve conter os dados cadastrais da criança, segui- do de exame físico céfalo podálico e impressões do entrevistador. Esse item sempre é realizado com os responsáveis. Diagnóstico de Enfermagem: É utilizada uma taxonomia (sistema de lingua- gem) para padronizar. Na atualidade utilizamos North American Nursing Diagnosis As- sociation - NANDA. Plano Assistencial e Plano de Cuidados (Prescrição de Enfermagem): Ca- racteriza-se como o planejamento das ações de enfermagem. Evolução: Descrição do quadro da criança no decorrer do atendimento. Prognóstico: Refere-se à expectativa de evolução do quadro clínico da criança. Unidade 1 23 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Esquema 1.3 - Etapas da SAE. Fonte: Elaborado pela autora. Outras mídias: Videoaula: Planejamento de Enfermagem em Urgência e Emergência Pe- diátrica. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=ED-T6ZMSg2s>. Acesso em: 28/10/2016. 1.3 Acolhimento com classificação de risco em pediatria O acolhimento faz parte de uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que referencia que não existe local nem hora certa para acontecer. Nossa Constituição Federal (1988), por meio da criação do Sistema Único de Saúde – SUS garantiu ao seu usuário os princípios de: integralidade, igualdade e equi- dade, garantidos nos serviços de urgência e emergência por meio do Art. Nº 196 da CF/88 que define a saúde como direito de todos e dever do Estado. A questão da assistência dos serviços de urgência e emergência está amparada pela Portaria Nº 2048/GM de 2002. Para garantir esse direito, e no sentido de difundir uma nova cultura de atendimento humanizado, o Ministério da Saúde lan- çou em 2000 o Programa Nacional de Humanização da Assis- tência Hospitalar (PNHAH). Esse programa propõe um conjunto de ações integradas que visa mudar o padrão de assistência ao usuário nos serviços de saúde públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos atendimentos prestados por estas ins- Unidade 1 24 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência tituições. [...] Em 2004 o PNHAH foi substituído por uma política com perspectiva transversal que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, constituindo uma política pública de assistência e não mais um programa específico: a Política Na- cional de Humanização (PNH). (CAVALCANTE et al, 2012, p. 429- 430). Os sistemas de classificação surgiram durante as guerras napoleônicas, em que o exército francês inicia um sistema de separação de feridos mediante o tipo de trauma, dando origem ao termo “triage” ou “Trier” (francês). No decorrer dos anos surge a necessidade de se elaborar um modelo padro- nizado para esta “separação”. Sendo assim, na década de 80 nasce a proposta de padronização australiana denominada Australasian Triage System – ATS. Neste movimento vários países iniciaram processos governamentais para or- ganizar seus serviços de urgência e emergência, já no Brasil, como vimos, este mode- lo vem acompanhado de estratégias de uniformização das atividades e escuta ativa da queixa do cliente/usuário, dando a isto o nome de acolhimento. Existem quatro protocolos mais atuais de triagem em urgência e emergência: Australiano, Manchester (Inglês), Canadense e Emergency Severity Index-ESI (Americano). O protocolo Manchester é muito utilizado na atualidade, pois classifica o risco do paciente/usuário no serviço de urgência e emergência, direcionando e organizan- do o atendimento de acordo com a real necessidade do usuário. Para melhor visualização do Esquema 1.4 - Sistema de classificação, aces- se a midiateca. Unidade 1 25 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência Es qu em a 1. 4 - S is te m a de c la ss ifi ca çã o 1ª L in ha : I nd ic ad or es d e ri sc o. D iv id e- se e m c in co c ol un as . A p ri m ei ra c ol un a re pr es en ta da – V ia s Aé re as /R es pi ra çã o, a s eg un da – C ir cu la çã o/ H em od in âm ic a, a te rc ei ra – N ív el d e Co ns ci ên ci a, a q ua rt a – D or e , a q ui nt a – El im in aç ão /H id ra ta çã o El im in aç ão / H id ra ta çã o 2ª L in ha : Q ue ix a pr in ci pa l ( Si nt om as ) e S in ai s O bj et iv os . S ub di vi de , c ad a in di ca do r de r is co , e m d ez c ol un as s en do , a p ri m ei ra , s ub co lu na r ep re se nt ad a pe la “Q ue ix a Pr in ci pa l ( Si nt om as )”, e a s eg un da s ub co lu na , r ep re se nt ad a pe lo s “S in ai s O bj et iv os ”, co nf or m e es qu em a ab ai xo . Si na is ob je tiv os 3ª a 7 ª L in ha s: D is põ e o co nt eú do d as c on di çõ es c lín ic as n a or de m d ec re sc en te d e ní ve l d e co m pl ex id ad e. S ub di vi de , cad a in di ca do r d e ri sc o, e m d ua s co lu - na s, to ta liz an do d ez s ub co lu na s, o rg an iz ad os e m o rd em d ec re sc en te d e co m pl ex id ad e (p ri or id ad e I, II, II I, IV e V ) n as c or es (v er m el ha , l ar an ja , a m ar el a, v er de ou a zu l). FO N TE : V ER AS , J oe ln a El in e G om es L ac er da F re ita s et a l . C la ss ifi ca çã o de r is co e m p ed ia tr ia : c on st ru çã o e va lid aç ão d e um g ui a pa ra e nf er m ei ro s. R ev . B ra s. E nf er m ., Br as íli a , v. 6 8, n . 5 , p . 9 13 -9 22 , O ct . 20 15 . D is po ní ve l e m : < ht tp :// w w w .s ci el o. br /s ci el o. ph p? sc ri pt =s ci _a rt te xt & pi d= S0 03 4- 71 67 20 15 00 05 00 91 3& ln g= en & nr m =i so >. Ac es so e m : 2 8/ 10 /2 01 6. Q ue ix a pr in ci pa l (s in to m as ) D or Si na is ob je tiv os Q ue ix a pr in ci pa l (s in to m as ) N ív el d e Co ns ci ên ci a Si na is ob je tiv os Q ue ix a pr in ci pa l (s in to m as ) Ci rc ul aç ão / H em od in âm ic a Si na is o bj et iv os Q ue ix a pr in ci pa l (s in to m as ) Vi as A ér ea s/ R es pi ra çã o Si na is ob je tiv os Q ue ix a pr in ci pa l (s in to m as ) N ív el d e co m pl ex id ad e – Pr io ri da de I N ív el d e co m pl ex id ad e – Pr io ri da de II N ív el d e co m pl ex id ad e – Pr io ri da de II I N ív el d e co m pl ex id ad e – Pr io ri da de IV N ív el d e co m pl ex id ad e – Pr io ri da de V Unidade 1 26 Planejamento da assistência de enfermagem pediátrica em urgência e emergência 1.4 Considerações da unidade I Nesta unidade estudamos sobre os diferentes conceitos relacionados aos ser- viços de urgência e emergência. Verificamos a importância de se praticar a Sistematização da Assistência de En- fermagem – SAE para o correto planejamento das ações referentes ao atendimento à criança em situações de urgência e emergência. Vale ressaltar que o exame físico é um instrumento de verificação e planeja- mento da assistência de enfermagem, direcionando as ações iniciadas mediante a avaliação primária para a secundária. Vimos nesta unidade também a importância de se utilizar um sistema que reorganize e oriente o atendimento à criança, de forma a identificar o mais breve possível um evento indesejável e assim conseguir intervir no quadro com o apoio de toda a equipe. Compreendemos que a criança está amparada legalmente para figura do acompanhando e cabe ao enfermeiros possibilitar acesso e/ou permanência no local de atendimento bem como educação em saúde da família. Mesmo que o perfil de atendimento seja de alta complexidade uma das funções do profissional enfermeiro é Educar. A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 27 2Unidade II Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas Objetivos da Unidade: • Recordar a estrutura, função do coração e dos vasos sanguíneos normais; • Identificar a assistência de enfermagem na criança em parada car- diorrespiratória; • Conhecer as principais arritmias cardíacas em pediatria assistidas na unidade de urgência e emergência hospitalar; • Compreender e intervir na parada cardiorrespiratória da criança. Habilidades e Competências da Unidade: • Identificação dos traçados do eletrocardiograma mais comuns e prestação da assistência de enfermagem adequada à situação; • Realização de uma assistência adequada à criança que se encontra em uma parada cardiorrespiratória; • Sistematização da assistência de enfermagem aplicada às urgências na criança em parada cardiorrespiratória e arritmias cardíacas. A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 28 2.1 Revisão de cardiologia O tecido cardíaco denominado miocárdio é composto de vários tipos celula- res que produzem de forma organizada a contração cardíaca. As células cardíacas es- pecializadas fazem parte do sistema elétrico cardíaco, ou seja, sistema de condução, sendo responsáveis pela geração do impulso elétrico e sua propagação para fibras musculares cardíacas os miócitos. Os miócitos são fibras musculares ramificadas e especializadas, conectadas de forma término-terminal por discos intercalados. Esses discos são regiões especia- lizadas da membrana celular denominada sarcolema e auxiliam na transmissão da tensão mecânica entre as células, que é encontrada na atividade dos miócitos (fibras musculares). Tabela 2.1 - Função do sarcolema SARCOLEMA FUNÇÃO Apresenta função similar à membranas celulares comuns. • Manutenção de gradientes iônicos; • Propagação de impulso elétrico; • Provisão de receptores para estímulos neurais e hormonais; • Acoplamento da excitação e contração miocárdica (Túbulos Transversos = Túbulos T) Fonte: GOLDMAN; AUSIELLO, 2005, p.23. Os miócitos são compostos por várias organelas responsáveis pelo estímulo de contração, como: núcleo, mitocôndrias (geração de energia), retículo sarcoplasmáti- co (sítio de armazenamento de cálcio) e miofibrila (sarcômeros = formado por fila- mentos finos de actina superpostos a filamentos grossos de miosina mais proteínas reguladoras que contêm troponina e tropomiosina). A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 29 Figura 2.1 - Anatomia do coração. Disponível em:<http://sistemacardiorespiratorio.webnode.pt/conteudos/estrutura%20do%20 cora%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 05/11/2016. O coração é composto por quatro câmaras divididas em dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são câmaras de capacidade de baixa pressão, que funcionam principalmente armazenando o sangue durante a contração ventricular (sístole) para então encherem os ventrículos com sangue durante o relaxamento ventricular (diás- tole). É importante salientar que os dois átrios estão separados por um septo deno- minado septo interatrial. Já os ventrículos são câmaras com pressão mais elevada e são responsáveis pelo bombeamento do sangue através dos pulmões e para os tecidos periféricos. Os dois ventrículos são separados por um septo interventricular (estrutura membrano- sa na porção superior e estrutura muscular na porção medial e distal). http://sistemacardiorespiratorio.webnode.pt/conteudos/estrutura%20do%20cora%C3%A7%C3%A3o/ http://sistemacardiorespiratorio.webnode.pt/conteudos/estrutura%20do%20cora%C3%A7%C3%A3o/ A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 30 Atenção: Pressão gerada no ventrículo esquerdo é maior que o ventrículo direito = maior espessura muscular no ventrículo esquerdo. Figura 2.2 - Anatomia valvas atrioventriculares. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistemacardiovasular/coracao/>. Acesso em: 05/11/2016. Conheça mais: Acesse o link disponível em materiais complementares e leia o texto Semiologia Cardíaca (Exame Físico), por meio da leitura você saberá o quão importante esse exame é. Vamos falar da via circulatória do coração? Podemos encontrar uma sequência didática para o sistema circulatório sistê- mico e pulmonar: http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistemacardiovasular/coracao/ A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 31 1. O sangue desoxigenado vem dos tecidos periféricos e penetra no átrio di- reito através das veias cava superior e inferior; 2. O sangue drenado do próprio coração penetra no átrio direito através do seio coronário. Este sangue mistura-se dentro do átrio direito durante a sístole ventricular, depoisflui através da válvula tricúspide para dentro do ventrículo direito durante a diástole ventricular; 3. Quando o ventrículo direito contrai o sangue é ejetado (lançado) através da valva pulmonar e para dentro do tronco da artéria pulmonar, que se bifur- ca em artérias pulmonar esquerda e direita; 4. Após múltiplas bifurcações o sangue flui para dentro dos capilares, onde o dióxido de carbono é trocado pelo oxigênio através da membrana alvéolo- capilar. 5. O sangue oxigenado então é drenado dos pulmões para dentro das quatro veias pulmonares, que se esvaziam no átrio esquerdo. 6. Durante a diástole ventricular este sangue flui através da valva mitral aber- ta para dentro do ventrículo esquerdo. Com a contração ventricular o san- gue é ejetado através da valva aórtica para dentro da aorta, liberando os órgãos onde oxigênio é trocado por dióxido de carbono. Figura 2.3 - Representação do Sistema Circulatório. Disponível em: <http://thaisbenicio.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html>. Acesso em: 05/11/2016. http://thaisbenicio.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 32 Agora chegamos ao momento mais importante do nosso estudo nesta unida- de: sistema de condução. O impulso elétrico inicia a contração cardíaca originando o nó sinoatrial (AS), localizado no átrio direito (face superior), entre a veia cava supe- rior e a aurícula direita. Este impulso se espalha através do tecido atrial e dos tratos intermodais preferenciais, atingindo o nó átrio ventricular – AV (face inferior). Após o impulso elétrico normal esta condução letifica-se através do sistema de His-Purkinje Feixe de His: Estrutura de bifurcação que leva estímulos específicos para cada ventrículo. Fibras de Purkinje: Ponta de condução que entra em contato com a célula miocárdica. Essas estruturas estão relacionadas com o evento elétrico cardíaco: Excitação: estímulo responsável pelo disparo da atividade iônica/elé- trica do coração. É ativado pelo marca passo fisiológico (NSA). Aumen- ta com a permeabilidade da membrana dado por um estímulo que abre os canais de Na+ e fecha os de K+, levando carga positiva para dentro da célula que estava em repouso, e carga negativa para fora da célula. Despolarização: Responsável pelo início da contração cardíaca, ou seja, mo- mento em que há alteração dos canais da membrana miocárdica, aumen- tando a concentração de Na+ dentro da célula e diminuindo faro da célula. Platô: Período em que há entrada de cálcio nas miofibrilas, prolongando o perío- do sistólico. Caracterizada pela entrada de cálcio na célula. O cálcio ativa as pro- teínas da musculatura para que se deslizem e façam o movimento de entorse. Repolarização: Momento de inversão dos canais iônicos nas miofibrilas, início do retorno ao repouso. Refaz a polarização da célula, diminuindo a soma de car- gas positivas dentro da célula com o aumento do K+ e o retorno das funções dos ácidos, deixando o local negativo. Disponível em: <http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/01/sistema-de-conducao-cardiaco.html>. Acesso em: 05/11/2016. A atividade elétrica cardíaca pode ser captada através de eletrodos externos colocados sobre a pele que transmitem a atividade elétrica, sendo esta convertida http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/01/sistema-de-conducao-cardiaco.html A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 33 em um gráfico – desenho. Esse desenho gráfico é composto por ondas que traduzem as etapas da atividade elétrica realizada pelas células miocárdicas dos átrios e ventrí- culos, dando origem ao eletrocardiograma – ECG. Este, por sua vez, é composto por ondas denominadas: P, Q, R, S, T. Conheça mais: • Acesse o link disponível em materiais complementares e faça os exer- cícios sobre Eletrocardiograma – ECG. Por meio de simulações você poderá treinar em como realizar o laudo eletrocardiográfico. O inte- ressante é que todas as simulações vêm com resposta comentada. Vale a pena acessar! Gráfico 2.1 - Representação das ondas que podem ser captadas através do ECG. Disponível em: <http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/01/oeletrocardiograa-normal.html>. Acesso em: 05/11/2016. Para interpretar as ondas devemos compreender que: http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/01/oeletrocardiograa-normal.html A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 34 Tabela 2.2 - Eletrocardiograma – interpretação. Onda P Intervalo P-R Complexo QRS Segmento ST Onda T T r a d u z a despo- l a r i z a ç ã o dos átrios, e n q u a n t o evento elé- trico e sís- tole destas câmaras. Significado elétrico, referente ao tem- po em que o im- pulso cardíaco leva para despolarizar os átrios, percorrer as vias de condu- ção intermodais, o nódulo AV, o feixe de His e ramos até alcançar os ventrí- culos. Já no signi- ficado mecânico, traduz o período de sístole dos átrios em consonância à pausa fisiológica que ocorre no nó átrio-ventricular. O tempo desse inter- valo limita-se entre 0,12 segundos a 0,20 segundos. Refere-se à despo- larização dos ven- trículos e sístole dessas câmaras. O tempo médio des- se complexo situa- se entre 0,08 até 0,12 segundos. Fase inicial da re- polarização ven- tricular dos ven- trículos, portanto, determina a diásto- le ventricular. Este segmento, eletro- cardiograficamente normal, deve ser isoelétrico, ou seja, reto; não formando nenhuma onda po- sitiva ou negativa. Representa a repolari- zação dos ventrículos e o momen- to final da diástole dos mesmos. Disponível em: <http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/02/ondas-do-ecg-normal-e-seus- significados.html>. Acesso em: 05/11/2016. 2.2 Parada cardiorrespiratória em pediatria A parada cardíaca é definida como a cessação da atividade mecânica cardíaca, determinada pela ausência de sinais de circulação. A parada respiratória é a ausência do esforço respiratório na presença de atividade cardíaca. http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/02/ondas-do-ecg-normal-e-seus-significados.html http://fisiologiaessencial.blogspot.com.br/2010/02/ondas-do-ecg-normal-e-seus-significados.html A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 35 Por sua vez, a ressuscitação cardiorespiratória (RCP) configura-se na tentativa da manutenção da vida por meio de ventilação, circulação e estabilização de vias aé- reas, utilizando-se de compressão torácica, desfibrilação ou técnicas emergenciais. Em crianças, a PCR comumente decorre da hipóxia e da acidose tecidual pro- gressiva, por causa da falência respiratória e do choque. Já em adultos, a PCR é cau- sada por alguma doença do aparelho cardiovascular. As causas mais frequentes do óbito na infância está relacionada à síndrome de morte súbita do lactente (SMLS), que ocorre em crianças com idade inferior a um ano. É importante mencionar que esta síndrome está associada a causas multifa- toriais, tais como: asfixia por reinalação e diminuição dos despertares, seguido de entorpecimento por hipóxia e hipercapnia. Já as causas mais comuns de óbito nas crianças acima de 1 ano e adolescentes são: atropelamento, ferimento por arma de fogo, afogamento, acidentes de bicicle- tas, queimaduras e parada por arritmia. Outras mídias: • Nos materiais complementares da unidade indiquei dois artigos para leitura: • “Acidentes na infância e adolescência”, dentre as palavras-chave es- tão: prevenção de acidentes e enfermagem pediátrica. • “Suporte básico de vida em pediatria” que trata sobre as principais causas de óbito e sobre o início do suporte básico e ativação do ser- viço de urgência. O atendimento à criança inicia-se, muitas vezes, no ambiente pré-hospitalar com a ativação do Sistema Médico de Emergência (SME).Porém, é priorizado o início das manobras de suporte básico imediatamente após o reconhecimento do evento. Atenção: O suporte básico em crianças menores de um ano deve ocorrer em até dois minutos com a presença de um socorrista, já que há o risco de pa- radas secundárias e insuficiência respiratória. É importante que a RCP básica aconteça antes mesmo do contato com o serviço de emergência. A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 36 Tabela 2.3 - Criança em risco de falência cardiopulmonar. Frequência respiratória >60 irpm Frequência cardíaca: ≤5 anos <80 ou >180 bpm >5 anos <80 ou >160 bpm Esforço respiratório evidente: tiragem intercostal ou de fúrcula, gemido, batimento de asa de nariz. Cianose ou diminuição de saturação de oxi-hemoglobina; Alteração de nível de consciência Convulsão Trauma Febre com petéquias Disponível em: <http://pediatriaufcspa.wixsite.com/pediatria/caso-clnico---petquias>. Acesso em: 05/11/16. Queimaduras com comprometimento ˃ 10% da superfície corpórea. Fonte: MORRONE; SAPIENZA; RIBEIRO, 2011. http://pediatriaufcspa.wixsite.com/pediatria/caso-clnico---petquias A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 37 Vamos agora para a reanimação cardiopulmonar Em ambiente pré-hospitalar Abertura de vias aéreas: O primeiro passo é a avaliação do nível de consciên- cia da criança. Se a mesma não estiver responsiva deve-se solicitar ajuda no sistema pré-hospitalar. O posicionamento da criança inconsciente deverá ser realizado em bloco, em superfície rígida e posição supina quando inconsciente. Na suspeita de trauma craniano ou raquimedular a cabeça, pescoço e tronco devem ser alinhados utilizando o método de posicionamento em bloco. Dica de Filme: Assista ao vídeo que ensina a movimentação em bloco. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ESnaztBjABs>. Figura 2.4 - Abertura de vias aéreas Fonte: MORRONE, André Ribeiro; SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Respiração: Após abertura das vias aéreas e a avaliação da respiração (ver, ou- A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 38 vir e sentir) deverá ser iniciada a respiração artificial por meio da respiração boca a boca (boca-máscara) ou boca a boca e nariz (a máscara deve cobrir a boca em crianças maiores de um ano e boca e nariz em crianças menores). Faça 2 respirações profundas durante 1 segundo cada, com volume suficiente para expansão do tórax, sem distensão abdominal, com frequência de 12 a 20 por minuto em crianças e 10 a 12 em adolescentes. De acordo com o Instituto Brasileiro para Segurança do paciente o objetivo é a qualidade da massagem cardíaca, lembrando que crianças acima de um ano se- guem o protocolo de adultos: A ênfase no Suporte Básico de Vida (BLS – Basic Life Suport) nas Diretrizes 2015 continua na qualidade da massagem cardíaca. Portanto, uma RCP de qualidade significa comprimir o tórax na frequência e profundidade adequadas, permitir o retorno do tórax a cada compressão, minimizar interrupções nas compres- sões e evitar ventilação excessiva. As novas recomendações fica- ram descritas assim: • Houve modificação nas compressões torácicas, que agora devem ser feitas em uma frequência de 100 a 120 /min; • Também foi mudada a profundidade da compressão torá- cica em um adulto médio, que deve ser em torno de 5cm, evitando ultrapassar 6cm; • Para garantir o retorno do tórax após cada compressão o so- corrista não deve apoiar-se no tórax entre as compressões; • A meta em termos de minimizar as interrupções é garantir que as compressões torácicas ocorram em ao menos 60% do tempo da RCP. Isso significa evitar interromper as com- pressões por mais de 10 segundos; • Para minimizar ventilações excessivas, uma vez colocada a via aérea avançada, a proporção de ventilações foi simplifi- cada para 10 respirações por minuto (uma ventilação a cada seis segundos) (IBSP, 2015, s/p). A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 39 Figura 2.5 - Ventilação boca a boca Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. Ed. São Paulo: Medcel, 2011. Em casos com suspeita de engasgos crianças abaixo de um ano deverão rece- ber cinco tapas nas costas, na região interescapular. Crianças acima de um ano cons- cientes, com obstrução grave deverá ser realizada a manobra de subdiafragmática. Crianças acima de um ano que estão conscientes, com obstrução grave, deverá ser executada a manobra de Heimlich. Com compressões abdominais subdiafragmá- ticas em séries de cinco tentativas até a eliminação do corpo estranho ou a incons- ciência do paciente. Figura 2.6 - Desobstrução de lactentes Fonte: MORRONE, André Ribeiro; SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 40 Figura 2.7 - Desobstrução em crianças Figura 2.7 - Desobstrução em crianças Fonte: MORRONE, André Ribeiro; SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Quando a criança está inconsciente com obstrução grave de corpo estranho, a manobra utilizada deverá seguir as etapas: • Abrir vias aéreas e retirar o corpo estranho com os dedos “em pinça” se estiver visível. Neste momento deverá tentar ventilar a criança duas vezes, verificar o pulso e retornar as manobras de reanimação; • Após a obstrução da via aérea, se a criança apresentar uma respiração es- pontânea e sinais cardiocirculatórios adequados ela poderá permanecer em posição de recuperação e aguardar o serviço de emergência. Circulação: Após a estabilização da respiração adequada com pelo menos duas ventilações efetivas, a próxima etapa será a Frequência Cardíaca (FC) que de- verá ser realizada nos pulsos centrais - braquial ou femoral, em lactente e carotídeo, em crianças acima de um ano. A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 41 1. As indicações de compressão torácica externa são ausência de pulso ou frequência cardíaca inferior a 60 bpm; 2. As compressões deverão ser 1/3 a ½ do diâmetro torácico anteroposterior com frequência ao redor de 100 por minuto; 3. As interrupções não devem ser frequentes, se possível inferior a 10 segun- dos para posterior intubação, desfibrilação, avaliação de ritmo e troca de socorristas; 4. Os socorristas devem revezar-se na aplicação das compressões torácicas a cada 2 minutos ou 5 ciclos de RCP. Tabela 2.4 - técnica de compressão Recém-nascido: Abaixo da linha intermamilar utilizando compressão com dois dedos ou com as duas mãos envolvendo o tórax da criança com o polegar sobre o esterno e demais dedos ao redor do tórax. Frequência 110 - 120/min e relação de ventilação: massagem de 3:1. Crianças entre um mês e um ano: Um dedo abaixo da linha in- termamilar no esterno, com as duas mãos envolvendo o tórax, compressão de dois a três dedos de uma das mãos e a outra servindo de apoio nas costas para compressões com frequência de FC=100/ min e relação de 15:2 com dois socorristas ou 30:2 com um socorrista. A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 42 Crianças entre um ano e a adolescência: Na linha intermamilar com a região hipotenar de uma das mãos do socorrista e com a 2ª mão por cima, com FC = 100 e relação 15:2 com dois socor- ristas e 30:2com um socor- rista. Adolescente: Na linha intermamilar com a região hipotenar de uma das mãos e outra mão sobreposta com FC=100/min e relação de 30:2 com dois socorristas ou um socorrista. IDEM A IMAGEM ACIMA. Fonte: MORRONE, André Ribeiro; SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Conheça mais: Acesse o link, disponível em material complementar e realize a leitura do “Suporte básico de vida em pediatria e qualidade da RCP”, neste material você encontrará um resumo dos principais pontos de discussão e altera- ções desse protocolo. A fonte é a American Heart Association, atualização das Diretrizes de RCP e ACE 2015. Dica de Filme: Vídeo sobre as mudanças no guideline de RCP. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mRfwNGjJUWo>. A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 43 2.3 Arritmias cardíacas em pediatria Arritmias são distúrbios que envolvem o ritmo cardíaco em pediatria, suas causas podem ser: miocardites, cardiopatias congênitas, também podem compor o quadro os traumas, diarreia, insuficiência respiratória que se não tratados, podem levar a criança a hipoxemia e acidose predispondo a arritmia. É fundamental analisar uma determinada arritmia cardíaca, sempre dentro de um contexto clínico amplo, pois a habilida- de em documentar, interpretar e tratar depende de se ter uma atenção cuidadosa em três elementos, determinantes importan- tes dos eventos elétricos anormais, a saber: o substrato arrit- mogênico (ex.: presença de doença cardíaca estrutural), fatores moduladores (principalmente modificações de tônus autonômi- co) e a ocorrência de fatores deflagradores, “gatilhos” (ex.: extra- sístoles isoladas), que iniciam a arritmia em questão. Apesar de cada um desses elementos terem papel importante individual, é a combinação, a inter-relação momentânea dos mesmos que inicia o episódio arrítmico (SILVA SÁ, 2000. p. 38). Na arritmia ocorre distúrbio de ritmo cardíaco que comumente estão relacio- nados por lesão no próprio tecido cardíaco, podem ser classificadas como bradiarrit- mias e taquiarritmias de acordo com a frequência cardíaca: rápida ou lenta. Figura 2.9 - Tabela de frequência cardíaca normal Fonte: MATSUNO, Alessandra Kimie. Arritmias na criança. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/2012/ vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf>. Acesso em: 06/11/2016. http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 44 A arritmia cardíaca mais frequente em pediatria é a bradicardia, em decorrên- cia da progressão de um quadro de hipoxemia e hipercapnia. As taquiarritmias são principalmente ventriculares e são associadas às cardiopatias congênitas ou adqui- ridas: trauma violento no tórax, intoxicação exógenas e após reanimação pela circu- lação de catecolaminas. Tabela 2.5 - Arritmias comuns em pediatria no serviço de urgência e emergência Assistolia: Ritmo de colapso, sem pulso, em que não há ati- vidade elétrica. É a arritmia de pior prognóstico e pode se apre- sentar no formato de linha pla- na ou ritmo agônico com ondas ocasionais. Disponível em: http://www.portalsecad.com.br/demoArtigo. php?programa=22 Acesso em: 06/11/2016 Fibrilação Ventricular (FV): Ritmo de colapso com ausência de pul- so, no qual se encontra diversas áreas ventriculares com variação de repolarização e despolariza- ção. No ECG apresenta-se como um ritmo irregular na amplitude, com ausência do complexo P- QRS-T e intervalo R-R não iden- tificável. Disponível em: <http://docplayer.com.br/8775569-Principais- arritmias-cardiacas.html>. Acesso em: 06/11/2016 Atividade elétrica sem pulso (AESP): é a atividade elétrica presente e organizada no ECG, porém não geradora de débito cardíaco. É um ritmo de colapso associado a causas secundárias. Disponível em: <http://hypescience.com/os-filmes-enganam- a-desfibrilacao-nao-salva-todos-os-pacientes/>. Acesso em: 06/11/2016 http://www.portalsecad.com.br/demoArtigo.php?programa=22 http://www.portalsecad.com.br/demoArtigo.php?programa=22 http://docplayer.com.br/8775569-Principais-arritmias-cardiacas.html http://docplayer.com.br/8775569-Principais-arritmias-cardiacas.html http://hypescience.com/os-filmes-enganam-a-desfibrilacao-nao-salva-todos-os-pacientes/ http://hypescience.com/os-filmes-enganam-a-desfibrilacao-nao-salva-todos-os-pacientes/ A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 45 Bradiarritmia: Pulso com FC me- nor de 60 bpm que pode ser si- nusal ou por bloqueio, sem im- portância nesta diferenciação no tratamento de emergência. De- corre de uma menor condução do nó A-V ou sinusal por causa de hipoxemia, hipertermia, into- xicações, transplante cardíaco, bloqueio cardíaco e TCE. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/ revisoes/2295/bradiarritmias.htm?ancor=151288>. 06/11/2016 Taquicardia sinusal: Ritmo sinu- sal com uma frequência supe- rior a esperada para faixa etária, criança com história de febre, diarreia, anemia, vômito. As on- das P apresentam-se com varia- ções, o R-R é variável com P-R constante e a frequência cardía- ca está abaixo de 220 bpm em lactentes e abaixo de 180 bpm em crianças maiores. Disponível em: <https://cardios.com.br/noticias_detalhes. asp?idNoticia=153&IdSecao=9&IdTipoNoticia=7>. Acesso em: 06/11/2016 Taquicardia supraventricular (TSV): Início e término abrupto, ondas P presentes ou anormais, a FC não varia com a atividade da criança, geralmente a 220 bpm em lactentes e 180 bpm em crianças. Podem apresentar condução acessaria como: flut- ter atrial e fibrilação atrial. Disponível em: <http://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/ta- quicardias-supraventriculares.html>. Acesso em: 06/11/2016 http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2295/bradiarritmias.htm?ancor=151288 http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2295/bradiarritmias.htm?ancor=151288 https://cardios.com.br/noticias_detalhes.asp?idNoticia=153&IdSecao=9&IdTipoNoticia=7 https://cardios.com.br/noticias_detalhes.asp?idNoticia=153&IdSecao=9&IdTipoNoticia=7 http://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/taquicardias-supraventriculares.html http://pt.my-ekg.com/arritmias-cardiacas/taquicardias-supraventriculares.html A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 46 Taquicardia Ventricular (TV): Arritmia rara em crianças com variação de FC de normal a 400 bpm. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/acesso- mobile/?frm=/m/conteudos/casos/2527/taquiarritmias_e_ medicacoes_antiarritmicas.htm>. Acesso em: 06/11/2016 Fonte: MATSUNO, Alessandra Kimie. Arritmias na criança. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/2012/ vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf>. Acesso em: 06/11/2016. 2.4 Sistematização da assistência de enfermagem nas urgências cardiovaculares pediátricas A American Hearth Association em sua diretriz preconiza que no atendimento a parada cardiorespiratória um de seus integrantes (equipe) seja o líder com objetivo claro de organizar a assistência ao paciente. Este profissional poderá ser qualquer membro da equipe. O enfermeiro poderá assumir este lugar direcionando a assistência prestada a este cliente/criança em diferentes esferas: no procedimento, após estabilização, procedimentos administrativos, orientação à família. Para o sucesso do atendimento a PCR é necessário que a equipe esteja treina- da e organizada, a unidade disponha de recursos materiais e humanos suficientes. Dica de Filme: Vídeo sobre metodologia do cuidado – SAE. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0qNJJKydCKI>.Acesso em: 06/11/2016. http://www.medicinanet.com.br/acesso-mobile/?frm=/m/conteudos/casos/2527/taquiarritmias_e_medicacoes_antiarritmicas.htm http://www.medicinanet.com.br/acesso-mobile/?frm=/m/conteudos/casos/2527/taquiarritmias_e_medicacoes_antiarritmicas.htm http://www.medicinanet.com.br/acesso-mobile/?frm=/m/conteudos/casos/2527/taquiarritmias_e_medicacoes_antiarritmicas.htm http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp6_Arritmias%20na%20crian%E7a.pdf A Braz CubasUnidade 2Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 47 Os cuidados de enfermagem podem ser classificados no reconhecimento de uma PCR, no atendimento a PCR e após a PCR. Vamos referenciar alguns cuidados pós-reanimação que tem por objetivo asse- gurar e melhorar a recuperação da criança no ambiente hospitalar. Cuidados de Enfermagem: 1. Monitorizar a função cardíaca e respiratória da criança; 2. Verificar de sinais vitais – SSVV (Controle rigoroso de temperatura); 3. Verificar de oximetria de pulso; 4. Verificar acessos periféricos e centrais; 5. Controlar de glicemia capilar; 6. Realizar controle de infusões vasoativas e antiarrítmicas; 7. Realizar passagem de cateter vesical de demora (CVD); 8. Realizar passagem de sonda (cateter) nasogástrica; 9. Verificar tubo orotraqueal (TOT) e parâmetros ventilatórios; 10. Registrar dos parâmetros hemodinâmicos; 11. Realizar a transferência interna da criança da unidade de emergência para a unidade de terapia intensiva pediátrica. Conheça mais: Artigo sobre tomada de decisão do enfermeiro frente a PCR. Disponível em: <http://www.unisa.br/grduacao/biologicas/enfer/revista/ arquivos/2001-06.pdf>. Na atualidade existem nas instituições protocolos assistenciais que padroni- zam os cuidados de enfermagem em crianças com PCR. Neste momento você deve acessar o artigo “Norma Técnica para intervenção de enfermagem em parada cardio- respiratória pediátrica” e realizar a leitura. Este artigo apresenta a construção de uma norma técnica ou procedimento operacional padrão para o atendimento a crian- ça. Disponível em: <http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_212439 pdf>. http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_212439.pdf http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_212439.pdf A Braz CubasUnidade 2 Parada cardiorespiratória e arritmias cardíacas pediátricas 48 Atenção: A construção deste artigo antecede as diretrizes de 2015 é necessário adequar às informações as mudanças. Conheça mais: Modelo de norma técnica de enfermagem Disponível em: <http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_ 212439.pdf>. Acesso em: 06/11/2016 2.5 Considerações da unidade II Neste capítulo você pôde aprender sobre a importância de seguir uma refe- rência para o atendimento à parada cardiorespiratória na criança, usar um protocolo que referencia o caminho a seguir é a primeira forma de otimizar o atendimento a criança e padronizar as ações da equipe como um todo. Vale ressaltar que o profissional enfermeiro deve saber os aspectos da anato- mia e fisiologia cardíaca para compreender o evento da PCR e seu possível mane- jo. Saber interpretar o eletrocardiograma possibilitando a identificação precoce do evento é imprescindível à sobrevida da criança. Os eventos de condução denominados arritmias são as causas emergências em crianças atendidas nas unidades de urgência e emergência, mas não podemos como enfermeiros esquecer que para distinguir as caudas destes eventos devemos utilizar o sistema de acolhimento com classificação. No próximo capítulo iremos falar de algumas causas já citadas neste capítulo como insuficiência respiratória e choque possíveis causas de uma parada cardio- respiratória na criança. Falar em pediatria é elaborar mentalmente uma cadeia de eventos que podem ser sucessivos e para isto devemos estar aptos à identificação e cessação de qualquer estímulo nocivo. http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_212439.pdf http://www.mastereditora.com.br/periodico/20140331_212439.pdf A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 49 3Unidade III Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança Objetivos da Unidade: • Conceituar insuficiência respiratória, choque e os principais trau- mas na criança; • Conhecer a fisiopatologia da insuficiência respiratória, choque e os principais traumas na criança; • Identificar as intervenções de enfermagem. Habilidades e Competências da Unidade: • Conhecimento na identificação dos eventos na criança, sendo eles: insuficiência respiratória, choque e traumas mais comuns; • Identificação das intervenções de enfermagem para cada evento; • Aplicação do conhecimento na prática da enfermagem pediátrica. A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 50 3.1 Insuficiência respiratória A Insuficiência Respiratória (IR) é definida como a incapacidade do sistema respiratório de atender às demandas de Oxigênio (O2) e/ou eliminar o dióxido de Carbono (CO2) produzido pelo metabolismo celular do nosso organismo. Podemos encontrar a IR de evolução aguda ou crônica. Nos serviços de emergência os proble- mas respiratórios na criança configuram-se no agravo de saúde de maior busca por atendimento. Alguns autores conceituam diferentemente Insuficiência Respi- ratória (IR) e Falência Respiratória (FR): sendo a FR definida como aquela situação clínica de dificuldade respiratória acompanhada de gases arteriais anormais, enquanto que, na IR, os gases arte- riais beiram a normalidade (PIVA et al, 1998. p. 100). As características clínicas da insuficiência respiratória são hipoxemia, hiper- capnia, distúrbios do equilíbrio ácido-base. As alterações gasométricas precisam ser associadas às características clínicas para se estabelecer a evolução da IR (Aguda/ Crônica) e tipo (hipoxêmica ou hipercápnica). No diagnóstico e na avaliação da insuficiência respiratória é de fundamental importância à quantificação dos gases sanguíneos. A partir da década de 50, com a popularização dos aparelhos de gasometria, foi possível quantificar a IR, sendo então defini- da como toda anormalidade que se manifesta por diminuição da pO2 arterial (<50 mmHg) associada ou não com aumento do pCO2 (>50 mmHg) em um paciente respirando no nível do mar e com uma fração de oxigênio inspirada (FiO2) de 21% (ar ambien- te) (grifo nosso). É importante salientar que o reconhecimento precoce da insuficiência respi- ratória é fundamental, uma vez que o desfecho após a parada respiratória é bem melhor do que após a parada cardíaca (70% vs. 10% de sobrevida) (MATSUNO, 2012). Algumas considerações anatômicas na criança predispõem para o evento da insuficiência respiratória aguda quando acometidas por patologias diversas do siste- ma respiratório. A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 51 Tabela 3.1 - Considerações anatômicas da criança Vias Aéreas Crianças apresentam menor calibre e é mais curta, por isso uma pequena obstrução pode levar a uma grande redução do diâmetro, com grande resistência ao fluxo de ar e au- mento do trabalho respiratório. Língua Na criança a língua é grande em relação ao tamanho da oro- faringe. Seu deslocamento posterior facilita a obstrução das vias aéreas e dificulta a intubação pela dificuldade de visua- lização das cordas vocais. Laringe Tem uma posição mais cefálica com um ângulo mais agudo. Epiglote Longa e flexível. Cartilagem cricoide Anel cricoide mais estreito que a abertura das cordas vocais (cuff fisiológico). Arcos Subglóticos Complacentes e com menor sustentação cartilaginosa fa- cilitando o colabamento durante as pressões negativas na inspiração e aumento do trabalho respiratório. Demanda Oxigênio 8 ml/kg/min: a demanda de oxigênio é o dobro de um adul- to devido a alta taxa metabólica. Caixa torácica Menor resistênciaao fluxo aéreo por ser mais complacente. Respiração Predominantemente diafragmática. Fonte: MATSUNO, Alessandra Kimie. Insuficiência Respiratória Aguda na criança. Disponível em: <http:// revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp2_Insufici%EAncia%20Respirat%F3ria%20Aguda%20na%20Crian%E7a. pdf>. Acesso em: 07/11/2016. http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp2_Insufici%EAncia%20Respirat%F3ria%20Aguda%20na%20Crian%E7a.pdf http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp2_Insufici%EAncia%20Respirat%F3ria%20Aguda%20na%20Crian%E7a.pdf http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp2_Insufici%EAncia%20Respirat%F3ria%20Aguda%20na%20Crian%E7a.pdf A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 52 Figura 3.1 - Anatomia da criança: cabeça Disponível em: <http://pt.slideshare.net/arcarraretto/anatomia-e-fisiologia-respiratorias-em- criancas-slidesharebsb2015-52209284>. Acesso em: 08/11/16. Outras mídias: Slides sobre anatomia e fisiologia pediátrica. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/arcarraretto/anatomia-e-fisiolo- gia-respiratorias-em-criancas-slidesharebsb2015-52209284>. Já os mecanismos respiratórios relacionados à fisiologia da respiração são: re- sistência das vias aéreas, complacência pulmonar e da caixa torácica e controle da respiração e músculos respiratórios. Para que a conduta médica seja estabelecida é realizado exame físico onde se verifica avaliação das vias aéreas, sinais de desconforto respiratório, sinais e sinto- mas quanto ao tipo de comprometimento, controle da respiração e dos músculos respiratórios, avaliação da necessidade de monitorização respiratória não invasiva. Já o profissional enfermeiro deve realizar a sistematização da assistência de enfermagem a fim de permitir rápida identificação dos agravos de saúde da criança. Na emergência o enfermeiro deve se atentar aos sinais e sintomas apresentados http://pt.slideshare.net/arcarraretto/anatomia-e-fisiologia-respiratorias-em-criancas-slidesharebsb2015-52209284 http://pt.slideshare.net/arcarraretto/anatomia-e-fisiologia-respiratorias-em-criancas-slidesharebsb2015-52209284 A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 53 pela criança e confirmados através do exame físico. Tabela 3.2 - Sinais e sintomas de desconforto respiratório e de comprometimento respiratório DESCONFORTO RESPIRATÓRIO COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO Tiragem de fúrcula; Tiragem intercostal ou subdiafragmática; Batimento de asa de nariz; Redução da ausculta de múrmuro vesicular; Alteração de ausculta de murmúrio vesicular; Alteração do nível de consciência (agitação a letargia); Cianose (sinal tardio em crianças com anemia). Obstrução de vias aéreas supe- riores: Aumento da frequência e do trabalho respiratório. Inspiração = alteração de timbre do choro e da tosse (rouquidão), estridor e baixa expansibilidade pulmonar com pou- ca entrada de ar a ausculta; Obstrução de vias aéreas inferio- res: chiado principalmente expirató- rio, tosse; Comprometimento da complacên- cia pulmonar: redução da capacida- de residual. Padrão respiratório irregular inter- calado com período de apneia, hipo- ventilação e respiração superficial. Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Outras mídias: Vídeo aula sobre Exame físico na criança. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fsds1JyzvkE>. A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 54 A avaliação da criança deve ser rigorosa envolve o sintoma guia: Queixa respi- ratória como uma forma inicial de avaliação. 1. Avaliação das vias aéreas: Pérvia ou impérvia? Via sustentável ou não sus- tentável? Avaliação da frequência cardíaca; 2. Apresenta sinais de desconforto ou comprometimento respiratório; 3. Exame laboratorial: Gasometria arterial. (Verificar solicitação, realizar cole- ta, verificar valores); 4. Valores da oximetria de pulso (instalar oxímetro); 5. Presença de êmese (vômito) (muitas vezes induzida pela tosse constante). Tabela 3.3 - Frequência respiratória normal em crianças Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Intervenção de enfermagem: Conduta na avaliação inicial • Monitorização eletrocardiográfica; • Monitorização de oximetria de pulso; • Medicação: Prescrição Médica; • Oxigenoterapia (verificar a indicação médica do material: cânula nasal, más- cara simples, máscara de Venturi, máscara com reinalação parcial, máscara de parcial, máscara não reinalante, tenda facial, capacete de O2). A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 55 Conheça mais: Administração de Oxigênio medicinal, sem prescrição médica, por meio de cateter nasal em situação de emergência. Disponível em: <http://portal.corensp.gov.br/sites/default/files/parecer_ coren_sp_2012_14.pdf>. Intervenção de enfermagem: Insuficiência Respiratória Instalada 1. Controle de vias aéreas; 2. Administração de O2 a 100%; 3. Organização e orientação da equipe de enfermagem; 4. Organização de materiais para intubação e máscara laríngea (pode substi- tuir a intubação traqueal); 5. Monitorização cardíaca e oximetria de pulso; 6. Estabelecer acesso venoso: punção; 7. Avisar nutrição: Jejum; 8. Auxílio no posicionamento da criança para intubação; 9. Organização do leito; 10. Orientar e acolher a família na figura do responsável. É importante que o enfermeiro saiba que a SAE é necessária para organizar a assistência e se configura como atividade privativa, não delegável, mas que deve- rá ser realizada em outro ritmo. Primeiro o atendimento a criança concomitante a elaboração da SAE. O diagnóstico de enfermagem deve ser elaborado utilizando a taxonomia da Nanda. A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 56 Conheça mais: • Artigo que referencia uma pesquisa para elaboração e testagem de um protocolo para IR Aguda. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-8145-ean-18- 02-0303.pdf>. • Artigo que referencia sobre os principais diagnósticos de enfermagem em crianças com distúrbios respiratórios. Disponível: <http://www.revistarene.ufc.br/vol12n2_pdf/a11v12n2.pdf>. 3.2 Choque em criança O choque caracteriza-se como um estado de falência aguda de energia na qual não há produção de trifosfato de adenosina (ATP) suficiente para garantir o funcio- namento celular. Esta falta de energia aguda pode gerar um déficit de oferta de oxi- gênio aos tecidos devido à falta de glicose e disfunção mitocondrial. “O choque se caracteriza por déficit agudo de oxigênio nas células, que resulta em metabolismo anaeróbico e acidose láctica” (CARLOTTI, 2012, p.197). Conheça mais: Artigo sobre choque em criança. Disponível: <http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp4_Choque%20 em%20Crian%E7as.pdf>. A circulação é responsável pela perfusão e oxigenação de todos os órgãos. A manutenção dos parâmetros cardiovasculares é mantida pela Pressão Arterial (PA), Débito Cardíaco (DC) e pela Resistência Vascular Sistêmica (RVC). A síndrome do choque ocorre pela falência do sistema circulatório em fornecer O2 e nutrientes aos órgãos vitais e não obrigatória a alteração da Pressão Arterial (PA). A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 57 Os sinais precoces de choque são o aumento da frequência cardíaca e a piora da perfusão periférica. Já os sinais tardios são os pulsos centrais filiformes, diminui- ção do nível de consciência, oligúria e hipotensão. Tabela 3.4 - Classificação do choque Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgiae emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Na avaliação da criança o enfermeiro deve verificar: Frequência Cardíaca (FC), perfusão da pele, perfusão renal, nível de consciência e avaliação da Pressão Arterial (PA). A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 58 Tabela 3.5 - Valores normais da frequência cardíaca Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Tabela 3.6 - Avaliação do percentil da pressão arterial Fonte: MORRONE, André Ribeiro, SAPIENZA, Anna Júlia; RIBEIRO, Alexandre Kazantzi Fonseca. Principais temas em cirurgia e emergências pediátricas para residência médica. 1. ed. São Paulo: Medcel, 2011. Na avaliação da FC a taquicardia é sinal precoce de choque nas crianças, avalia- ção de pulso sempre centrais (femoral/braquial=lactentes) e crianças maiores pulso carotídeo, perfusão periférica avaliar temperatura enchimento capilar ˃2s e colora- ção (rósea, pálida, marmórea ou azulada), na perfusão renal o débito urinário normal é de 1 a 2 ml/kg/h e na avaliação neurológica deve-se utilizar a regra mnemônica – AVDN. A Acordado V Responde ao estímulo verbal D Resposta à dor N Não responsivo A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 59 Intervenção de Enfermagem: Depende da causa 1. Garantia de permeabilidade de via aérea; 2. Fornecimento de oxigênio; 3. Manutenção de ventilação adequada; 4. Monitorização de FC, oximetria de pulso; 5. Estabelecer acessos venosos – calibroso; 6. Reposição volêmica conforme prescrição médica. Lembrando: A hipovo- lemia é a principal causa de choque em crianças, a reposição volêmica é necessária em qualquer tipo de trauma. O volume de reposição inicial uti- lizado é 20 ml/kg infundidos em 10 a 2º min de solução cristaloide (Soro fisiológico 0,9% ou Ringer Lactato). Conheça mais: Artigo sobre choque anafilático. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0104-42302001000400014>. 3.3 Trauma: afogamento, fratura de menbros e avulsão dentária 3.3.1 Afogamento No I Congresso Mundial sobre Afogamentos (WCOD), foi realizada uma nova definição de afogamento: 1. Afogamento: aspiração de líquido não corporal por submersão ou imer- são; 2. Resgate: pessoa resgatada da água, sem sinais de aspiração de líquido; A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 60 3. Cadáver: morte por afogamento sem chances de se iniciar reanimação, comprovada por tempo de submersão maior que uma hora ou sinais evi- dentes de morte a mais de uma hora, como rigidez cadavérica, livores ou decomposição corporal. O afogamento configura-se como um continuum que se inicia quando a via aérea do paciente está abaixo do nível da superfície líquida, geralmente água e pode levar a morte. Existem variações fisiopatológicas entre os afogamentos de água do mar e água doce, porém existe uma variação muito pequena do ponto de vista tera- pêutico. Esquema 3.1 - Fisiopatologia do afogamento Esquema 3.1 - Fisiopatologia do afogamento Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf>. Acesso em: 08/11/2016 Conheça mais: Artigo sobre Afogamento na infância: Epidemiologia, tratamento e pre- venção. Disponível em: <http://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/artigos/ Afogamento%20na%20infancia%20epidemiologia,%20tratamento%20 e%20prevencao.pdf>. http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 61 Existem dois tipos de mecanismo de lesão no afogamento devido à função res- piratória estar prejudicada pela entrada de líquidos nas vias aéreas, interferindo na troca de oxigênio e gás carbônico. 1. Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos casos de submersão súbita (crianças e casos de afogamento secundário); 2. Pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos (a vítima luta para não aspirar). Os dois mecanismos de lesão provocam a diminuição ou abolição da passa- gem do O2 para a circulação e do CO2 para o meio externo, e serão maiores ou me- nores de acordo com a quantidade e a velocidade em que o líquido foi aspirado. Se o quadro de afogamento não for interrompido, esta redução de oxigênio levará a uma parada cardiorespiratória na criança. Existe um sistema de classificação e conduta denominado: Algoritmo da classificação de afogamento – Advanced Cardiology Life Support (ACLS) (SZPILMAN, 2000). Você aluno deve acessar o endereço: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/ a05v6n4.pdf> e ler a página 135 deste arquivo. Outras mídias: Esquema de Classificação e Tratamento Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf>. Acesso em: 08/11/2106. 3.4 Fraturas de membros A criança é um ser em pleno desenvolvimento que apresenta diferenças bioló- gicas se forem comparadas ao adulto, é no sistema osteoarticular uma das maiores evidências biológicas de crescimento, pois é neste sistema que ocorre o processa- mento do crescimento estrutural. Os ossos infantis diferem dos de um adulto por apresentarem um perióstio mais espesso e por possuírem maior quantidade de matriz protéica em relação ao http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbme/v6n4/a05v6n4.pdf A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 62 seu conteúdo mineral isto torna os ossos infantis mais maleáveis e de fácil ocorrên- cia de fraturas do tipo “galho verde”. Figura 3.2 - Fratura tipo “Galho verde” – Antebraço Disponível em: <http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/cirurgia/livro13/fig02-29.html>. Acesso em: 08/11/2016. Conheça mais: Artigo sobre Trauma no Paciente Pediátrico e manejo. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/1999/vol32n3/trauma_pacien- te_pediatrico.pdf>. Os ossos longos apresentam em suas extremidades placas cartilaginosas de crescimento ou fises que são responsáveis pelo crescimento longitudinal possuem grande capacidade de regeneração. Sendo assim, as fraturas diafárias consolidam facilmente formando um calo ósseo (secundário) e são remodelados gradativamente pela força exercida pelo eixo do osso. Fraturas que envolvem a metáfise consolidam rápido, pois o osso nesta região é esponjoso, eventuais desvios são corrigidos, já que a região apresenta absorção e deposição de novo osso. No tratamento se configura em alinhar a fratura evitando desvios rotacionais. http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/cirurgia/livro13/fig02-29.html A Braz CubasUnidade 3Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 63 Porém nas fraturas que envolvem as epífises ou através da placa fisárias po- dem apresentar-se de forma grave e alterar o crescimento ósseo sendo somente corrigida por intervenção cirúrgica. Figura 3.3 - Ossos longos Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-esqueletico/>. Acesso em: 08/11/2016. O diagnóstico da fratura pode ser através dos aspectos clínicos como: presen- ça de dor, deformidade anatômica, hematoma, restrição de movimento. Quanto ao aspecto anatômico e histopatológico, os ossos são classificados em ossos longos ou curtos, ossos irregulares, ossos chatos e sesamoides. Os ossos curtos são ossos irre- gulares da coluna, ossos chatos da bacia, crânio e escapula. http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-esqueletico/ A Braz CubasUnidade 3 Insuficiência respiratória, choque e trauma na criança 64 3.4.1 Avulsão dentária O traumatismo dentário configura-se como uma urgência em consultórios odontológicos e deveriam ser atendidos nestes locais, porém ocorre uma falta de conhecimento da população sobre onde
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