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- -1 ESTÉTICA FACIAL I CAPÍTULO 3 – COMO ASSOCIAR O PEELING QUÍMICO AO TRATAMENTO DE ACNE E ROSÁCEA? Flávia Garramone - -2 Introdução Entre os tratamentos estéticos, o peeling é um dos procedimentos mais populares e muito utilizado por dermatologistas e esteticistas para melhorar a aparência da pele e tratar diversas afecções cutâneas, como, rugas, linhas de expressão, flacidez, acne, cicatrizes, hipercromias, estrias. Dentre os tipos, o químico se destaca devido à sua boa resposta, facilidade de acesso e de manuseio. Apeeling técnica é usada com maior frequência no rosto, mas pode ser também aplicada em outras partes do corpo. O objetivo é promover, por meio do refinamento do estrato córneo, a formação de uma nova pele, estimulando a produção de células epidérmicas e a síntese de colágeno dérmico. A associação desse recurso nos procedimentos é um diferencial para o esteticista, porém, é preciso ter conhecimento técnico sólido e profundo para evitar intercorrências que prejudiquem o paciente. Assim, sendo, quais químicos posso usar? Que cuidados, preciso ter? Como posso associá-lo ao tratamento da acne epeelings suas sequelas? Neste capítulo serão apresentadas a fisiopatologia da rosácea e da hipercromia pós-inflamatória, os tipos de químicos e sua indicação para as afecções cutâneas, identificando os cuidados na aplicação técnica e nopeelings pós procedimento, sua utilização na limpeza de pele profunda e a associação no tratamento da acne, desenvolvendo o embasamento necessário para o profissional atuar com segurança tanto na elaboração como na aplicação do procedimento estético. Bons estudos! 3.1 Rosácea Neste tópico vamos compreender a fisiopatologia da rosácea, os cuidados que os portadores precisam ter e identificar os eletroterápicos para o seu tratamento. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2019), a rosácea é erroneamente chamada de “acne rosácea”, pois não é uma doença da glândula sebácea. Ocorre em adultos entre 30 e 50 anos de idade, sendo mais comum em mulheres, raramente ocorre em negros e atinge muitos homens, porém, o quadro é mais grave. 3.1.1 Definição, fisiopatologia e etiopatogenia A rosácea é uma doença vascular inflamatória crônica, com períodos de remissões e de exarcebações, que surge principalmente na face. Segundo a SBD (2019), acomete a região central: nariz, fronte, regiões genianas e mento, caracterizada por eritema, telangiectasia, edema, podendo apresentar pápula e pústula, conduzindo erroneamente ao termo “acne rosácea”, porém sua patogenia é totalmente diferente da acne, seja pela causa, idade ou pelos aspectos clínicos. Figura 1 - Rosácea: eritema e telangiectasia na área convexa do centro da face. Fonte: Lipowski, Shutterstock, 2019. - -3 Fonte: Lipowski, Shutterstock, 2019. Conforme Gonçalves (2016), a etiologia e a fisiopatologia da rosácea não são totalmente conhecidas, mas parecem ser multifatoriais. Há uma predisposição em pessoas de pele clara, evidenciando possível base genética. Fatores psicológicos e estresse são forte influência e, por fim, há a participação de um ácaro da flora normal da pele chamado de e da bactéria , que colonizam esse fungo.Demodex folliculorum Bacillus oleronius Fisiologicamente, segundo Lupi (2012), a inflamação da rosácea afeta os vasos da pele e a unidade pilossebácea, desenvolvendo os sinais primários, eritema persistente, ou seja, rubor facial transitório, telangiectasias,flushing, pápula e pústula. Entre os sintomas secundários estão a dor, queimação, prurido, edema, manifestações oculares e alterações fimatosas, além do aumento da sensibilidade da pele e diminuição do limiar de tolerância a agentes de uso tópico. A avaliação clínica, para Gonçalves (2016), baseia-se nas manifestações características, que variam entre os indivíduos. Para a caracterização da doença tem de estar presente pelo menos um sinal primário na zona central da face e os sintomas secundários podem ou não estar presentes para que seja implementado o diagnóstico. Para Azulay (2017), a rosácea inicia-se por crises periódicas de eritema facial. Com o tempo, manifestam-se pápulas e, em etapas mais avançadas, surgem telangiectasias e pústulas. oNão existem comedões na rosácea, que a distingue da acne. Corroborando, Gonçalves (2016), ressalta que a idade de início e ausência de comedões é o que ajuda a distinguir rosácea de acne. Salienta que a rosácea pode se manifestar com episódios de rubor facial em pacientes aos 20 anos, torna-se mais frequente e intensa aos 30 anos e pode continuar a progredir. Nesse contexto, Lupi (2012), classifica a rosácea em 4 subtipos, conforme segue: • Subtipo I - Rosácea eritematotelangiectásica: eritema e é frequente e intenso na região flushing, centrofacial. Os pacientes possuem sensibilidade para uso de produtos tópicos, relatam ardor ou prurido. • Subtipo II - Rosácea papulopustulosa: o ocorre com intensidade menor no centro da face, há flushing presença de eritema, pápula e pústula. É comum em mulheres de meia-idade. VOCÊ SABIA? Apesar de não serem totalmente conclusivos, há estudos que indicam que o possuiH. pylori implicação etiopatogênica em dermatoses. Bonamigo (1999) citam entre outras doenças,et al. a rosácea, como uma que seria afetada pelo Para saber mais leia o artigo “EstudoH. pylori. sobre a associação entre Helicobacter pylori e urticária crônica idiopática”. Disponível em: < >.http://www.scielo.br/pdf/ramb/v45n1/1691.pdf • • http://www.scielo.br/pdf/ramb/v45n1/1691.pdf - -4 Figura 2 - Rosácea com eritema difuso e algumas pápulas e pústulas. Fonte: yurakrasil, Shutterstock, 2019. • Subtipo III - Rosácea fimatosa: caracteriza-se pela presença de fima, acentuado espessamento da pele, comum na superfície do nariz, mas pode acometer bochechas, fronte, orelhas e/ou pálpebras. É mais comum em homens e necessita de tratamento cirúrgico. Figura 3 - Rinofima: hiperplasia e hipertrofia das glândulas sebáceas acompanhadas de linfedema e fibrose, provocando aumento de volume e deformação do nariz. Fonte: GONÇALVES, 2016, p. I. • Subtipo IV - Rosácea ocular: inclui blefarite e conjuntivite, que pode evoluir para queratite, esclerite ou irite. Os sintomas são ardor ou prurido, aumento da sensibilidade à luz e sensação de corpo estranho nos olhos. Afeta igualmente os dois sexos. • • - -5 Figura 4 - Presença de rosácea e conjuntivite, caracterizando a rosácea ocular. Fonte: Azulay, 2017. Além dos subtipos mencionados acima, Azulay (2017), cita outras variantes: • doença grave, com pápulas, nódulos e cistos deformantes. Em raros casos, pode Rosácea fulminans: estar associada à doença inflamatória intestinal. • Rosácea granulomatosa: variante rara, comum em fototipos altos, com nódulos firmes parecidos aos da sarcoidose e tuberculose cutânea. Conforme Gonçalves (2016), essas alterações fisiopatológicas contribuem para a inflamação epidérmica, dérmica e perivascular, ocasionando uma barreira cutânea disfuncional, incapaz de atrair e reter água. O pH aumenta e há perda da função antimicrobiana. Dessa forma, a pele se torna seca e hipersensível, com baixa tolerância a produtos tópicos cáusticos, adstringentes e substâncias com baixo pH, como os ácidos. Nesse sentido, a SBD (2019) afirma que a pele com rosácea é extremamente sensível a sabões, higienizadores alcoólicos, abrasivos e certos tipos de peelings. Entre os fatores desencadeantes e agravantes da rosácea, segundo Lupi (2012), estão os ambientais e intrínsecos como: temperatura excessivamente quente ou fria, exposição solar, vento, bebidas quentes, exercício físico, comida picante, álcool, tabaco, cosméticos irritantes tópicos, menopausa, medicamentos vasodilatadores, corticoides, estresse e fatores emocionais. A seguir, clique para conhecer mais sobre o tratamento da rosácea. O tratamento da rosácea não é curativo. O tratamento complementar e os medicamentos disponíveis apenas controlam os sinais e sintomas da doença, com a diminuição do eritema e daslesões inflamatórias. Entre as modalidades dermatológicas, Lupi (2012) cita tratamento tópico com metronidazol; sulfacetamida de sódio e enxofre; peróxido de benzoíla em baixas doses e tretinoína. Medicação sistêmica com metronidazol, tetraciclina ou outros antibióticos, e isotretinoína nos casos mais resistentes e formas mais graves da rosácea. Complementando, Azulay (2017) afirma que o tratamento tópico para a rosácea é eficaz na maioria das vezes e acrescenta a ivermectina a 1%; o retinaldeído a 0,05% empregado à noite e a brimonidina a 0,33% gel para o eritema persistente. Para o sistêmico, indica a limeciclina e a ivermectina oral nas doses empregadas no tratamento da escabiose como boa terapêutica. Para Rivitti (2014) outro tópico efetivo para a rosácea é o ácido azelaico a 15% quando há lesões inflamatórias e muita presença de Também são indicados loções ou sabonetes com enxofre e ácidoDemodex folliculorum. salicílico. É importante enfatizar que o uso de filtros solares diariamente é fundamental, pois a radiação ultravioleta é um fator desencadeante e agravante de rosácea, além de evitar os outros fatores causadores para seu efetivo controle e manutenção dos resultados. • • - -6 3.1.2 Recursos de eletroterapia para o tratamento de acne e rosácea Entre os recursos de eletroterapia para o tratamento da acne e rosácea, Azulay (2017) indica a fototerapia, salientando seus efeitos sobre o , o qual produz porfirinas endógenas, o alvo dessa terapia, causando aP. acnes fotodestruição da bactéria. Já Kalil (2017), explica que ela atua na hiperreatividade vascular por fototermólise dos vasos que induz coagulação intravascular. A fototerapia se baseia no uso da luz do espectro de radiação eletromagnético para fins terapêuticos: utiliza uma pequena porção que compreende comprimentos de onda do visível ao infravermelho próximo (300 a 1.100nm). Segundo Agne (2013), a energia contida nesse espectro é transmitida pelos fótons, sendo que os do comprimento de onda mais curto têm maior quantidade de energia, em compensação, os do mais longos têm maior penetração nos tecidos corporais, diferenciando os efeitos fisiológicos para o tratamento das afecções cutâneas. Entre os comprimentos de onda disponíveis para o esteticista, Pereira (2013) cita para o tratamento da acne o de baixa potência: vermelho (660nm), com efeito bactericida e fungicida; e o infravermelho (808nm), delaser ação analgésica, anti-inflamatória e cicatrizante. E também, o de comprimentos de onda menores: azulLed (470nm), de ação bactericida, anti-inflamatória e analgésica; e o amarelo/âmbar (590nm), de ação drenante, calmante e hidratante, utilizado para hipersensibilidade da pele ou a rosácea. Conforme Borges (2010), a fotobiomodulação celular provocada por eles, aumenta a síntese de ATP (trifosfato de adenosina) e estimula o fibroblasto a produzir colágeno, favorece a circulação sanguínea e linfática, regenerando a derme, promovendo aumento da permeabilidade da membrana celular, promovendo ação cicatrizante, anti-inflamatória e analgésica. Para o tratamento das telangiectasias e do eritema da rosácea, assim como pápulas e pústulas, Rivitti (2014), indica a luz intensa pulsada como recurso mais efetivo. Segundo Borges (2010), as características da Luz Intensa Pulsada (IPL/LIP) a diferenciam, pois ela emite luz de alta intensidade, pulsada, policromática, não coerente e não colimada, com duração de pulso de 2 a 200ms, em comprimentos de onda que variam de 400 a 1200nm, sendo essa multiplicidade o que permite seu uso em diversos tratamentos como: acne, lesões vasculares, rosácea, hipercromias, entre outros. VOCÊ O CONHECE? Max Planck solucionou um dos grandes mistérios da física com um novo conceito que deu origem à Física Quântica. Elaborou a teoria do quantum (OLIVEIRA, 2009), que deu origem as tecnologias desenvolvidas a partir do século XX, graças a esse conhecimento mais profundo da matéria. Leia o artigo completo em: <http://cienciahoje.org.br/coluna/o-inicio-de-uma- >.moderna-revolucao/ http://cienciahoje.org.br/coluna/o-inicio-de-uma-moderna-revolucao/ http://cienciahoje.org.br/coluna/o-inicio-de-uma-moderna-revolucao/ - -7 Figura 5 - Diferença entre a emissão de energia na luz intensa pulsada e no laser. Fonte: solar22, Shutterstock, 2019. Para que haja efeito fisiológico, Pereira (2013), afirma ser necessária a absorção da luz pelos cromóforos da pele. A taxa de absorção depende do comprimento de onda emitido e do cromóforo alvo, que possui picos específicos de absorção de luz. Nesse sentido, Borges (2010) indica a faixa de fotorrecepção dos principais cromóforos da pele, que você acompanha clicando nas abas a seguir. Melanina Radiação ultravioleta (340 - 1.000nm); luz verde (532nm); radiação infravermelha (800 - 1.200nm). Hemoglobina Radiação ultravioleta A (300nm); luz azul (450nm); luz verde (520 - 540nm); luz amarela (570 - 580nm). Colágeno Luz visível (380 - 780nm); radiação infravermelha (800 - 1.200nm). Água Radiação infravermelha (acima 950nm). Conforme Kalil (2017), o equipamento de LIP consiste numa câmara contendo gás ou lâmpada de xenônio, que atravessada por corrente elétrica libera pulsos de energia luminosa através de ponteira de safira/quartzo, onde, com o uso de filtros (cut offs), seleciona-se o comprimento de onda desejado, para atingir a estrutura-alvo cutânea. Observa que comprimentos acima de 950nm têm afinidade com a água e causa aquecimento epidérmico, que não é desejado. Corroborando, Borges (2010) afirma que através dos filtros ópticos é possível atingir folículos pilosos, vasos sanguíneos e fibroblastos. E acrescenta que para o tratamento da acne seleciona-se o comprimento de 390nm a 510nm e para o da rosácea aplica-se o de 550nm a 670nm. - -8 No tratamento da rosácea, a LIP reduz as telangiectasias superficiais e intensidade do eritema, por permitir, segundo Kalil (2017), flexibilizar seus parâmetros para focar o calibre dos vasos, superficiais e/ou profundos que serão tratados, aquecendo seu interior para causar sua coagulação com substituição por material fibroso. Além disso, afirma ainda que a LIP é policromática e pode ter como alvo três tipos de hemoglobina presente nas lesões: a vermelha (418nm), a azulada (542nm) e a metaemoglobina (577nm); os comprimentos mais longos (515 a 600nm), atingem vasos mais profundos. Segundo Borges (2010), o modo de emissão da LIP, pode ser ajustado e realizado em pulso simples ou sequenciados, com duração de 2 a 100ms, tempo de repouso de 2 a 50ms e potência média de 4 a 90J/cm2, evitando a ruptura dos vasos, que não é desejada, uma vez que isso leva à possível hiperpigmentação cutânea. Outro recurso aplicável, segundo Agne (2013), é o eletroterápico Microcorrentes, classificado como biologicamente compatível, por emitir corrente elétrica semelhante à intrínseca fisiológica, que se encontra na faixa de microampères (µA). Sua ação normaliza a corrente bioelétrica alterada pelas lesões, tanto da acne como da rosácea, auxiliando o processo de cicatrização e reparo das lesões por melhorar a oxigenação, nutrição e eliminação de resíduos e promover efeito analgésico, anti-inflamatório e bactericida, tornando o tecido saudável. 3.2 Hipercromia pós-inflamatória Neste tópico, vamos compreender a fisiopatologia da hipercromia pós-inflamatória, identificar sua etiologia e como intervir com os tratamentos estéticos faciais para amenizar ou prevenir seu surgimento. A hipercromia pós-inflamatória (HPI), segundo Rivitti (2014), se caracteriza como excesso de pigmentação da pele, com depósito de melanina tanto na epiderme quanto na derme. O resultado é uma mancha pigmentar residual adquirida como resposta fisiopatológica cutânea, uma sequela de dermatoses inflamatórias, que pode afetar todos os fototipos, principalmente os III e IV. Processo Inflamatório e suas sequelas A inflamação é considerada uma reação protetora do organismo com finalidade de eliminar o agressor e iniciar a VOCÊ QUER VER? A luz intensa pulsada é muito versátil (GLOBO,2018), sendo capaz de tratar, simultaneamente, várias afecções cutâneas, melhorando a aparência da pele sem lesar a sua superfície, o que possibilita rápida recuperação. Disponível em: .https://globoplay.globo.com/v/6671647/ VOCÊ QUER LER? Queloides e cicatrizes hipertróficas foram descritas pela primeira vez entre 2500 e 3000 a. C., elas se desenvolvem em 15% das feridas, podendo causar distúrbios funcionais e psicológicos No artigo “Efeitos da Luz Intensa Pulsada em sequelas cicatriciais hipercrômicas pós- queimadura” (ISAAC ., 2006), você pode conhecer sobre o assunto. Disponível em: <et al >.http://www.rbcp.org.br/details/80/pt-BR https://globoplay.globo.com/v/6671647/ http://www.rbcp.org.br/details/80/pt-BR - -9 A inflamação é considerada uma reação protetora do organismo com finalidade de eliminar o agressor e iniciar a cicatrização. Conforme Bechara e Szabó (2006), é um evento com participação de vasos, células sanguíneas, proteínas e mediadores químicos. Figura 6 - Eventos mediadores da inflamação. Fonte: VectorMine, Shutterstock, 2019. Conforme Lupi (2012), seus sinais cardinais incluem: calor, rubor, tumor, dor e perda de função. Essas manifestações fisiológicas são consequências da vasodilatação local e exsudação induzidas por células de defesa e mediadores químicos como histamina, prostaglandinas, leucotrienos e citocinas, ativados em resposta à lesão. Segundo Borges (2010), vasodilatação implica em hiperpermeabilidade capilar. Com isso, há extravasamento de líquido, fibrinogênio e proteínas no interstício, resultando em edema. No momento da lesão chegam os neutrófilos, depois os macrófagos que dirigem o desenvolvimento do tecido de reparação, já os linfócitos chegam de 6 a 7 dias após a lesão, ampliando o acúmulo e proliferação de fibroblastos. - -10 Para Bechara & Szabó (2006), a inflamação pode ser aguda, uma resposta rápida e de curta duração, apresentando exsudação, com objetivo de levar leucócitos e proteínas plasmáticas para a lesão, removendo o agressor e iniciando o processo de digestão dos tecidos necróticos; ou crônica, de longa duração, caracterizada pela presença de linfócitos, macrófagos e mediada por citocinas, com proliferação vascular associada e fibrose. Antes do término da inflamação, o organismo começa a restaurar a estrutura e a função do tecido, é o processo de cicatrização. Segundo Azulay (2017), a formação excessiva de colágeno no local da lesão traz como sequela a cicatriz hipertrófica e queloide, toda inflamação deixa manchas na pele que desaparecem lentamente, porém a hipercromia pós-inflamatória é mais intensa, duradoura e seu tratamento é um desafio. Figura 7 - Hipercromia pós-inflamatória difusa. Fonte: Ngukiav, Shutterstock, 2019. Conforme Pereira (2013), a hiperprodução de melanina é uma reação defensiva da pele para se proteger contra as agressões solares: os melanossomas se agrupam em torno do núcleo celular, protegendo o DNA e, assim, promovem a fotoproteção. Porém, o estímulo interno ou externo constante leva à produção excessiva de melanina, que origina a hipercromia epidérmica e/ou dérmica, de intensidade fator agressor-dependente. Clique nas abas a seguir para conhecer sobre o tratamento da hipercromia. Cuidados e resultado VOCÊ SABIA? O processo inflamatório é um mecanismo de defesa do organismo, uma reação do tecido vivo em resposta a estímulos externos danosos. Leia mais no artigo de Bechara e Szabó (2006): “Processo inflamatório - alterações vasculares e mediação química. Disponível em: http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA >./inflam_aspectosvasculares2006.pdf http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA/inflam_aspectosvasculares2006.pdf http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA/inflam_aspectosvasculares2006.pdf - -11 Cuidados e resultado O tratamento da hipercromia requer cuidados tanto do profissional como do paciente e o resultado não é imediato, pois a despigmentação é gradual. Conhecimentos necessários De acordo com Gonchoroski (2005), é necessário avaliar com a luz de Wood qual camada da pele foi atingida pela patologia e utilizar cosméticos à base de substâncias despigmentantes/clareadoras, o que requer conhecimento técnico profundo, pois muitos agentes efetivos são irritantes e descamativos, necessitando controle para evitar a piora do quadro e cuidados diários do paciente com relação à exposição solar. Utilização de fotoprotetor Para Rivitti (2014), não há tratamento estético que não inclua um FPS igual ou superior a 15. Além do que, o fotoprotetor deveria ser utilizado regularmente desde a infância para prevenir os efeitos cumulativos da radiação solar. Hipercromia dérmica Para o tratamento da hipercromia dérmica, Azulay (2017) indica o uso do laser cujo alvo é o melanossomo. No espectro de absorção da melanina, Lupi (2012) afirma que os fototerápicos com comprimento de onda do vermelho ao infravermelho, como o , LED e luz pulsada podem tratar as hiperpigmentações em algum grau.laser Hipercromia epidérmica Quanto a hipercromia epidérmica, Azulay (2017) indica hidroquinona associada a ácidos. Para Borges (2010), esses agentes clareadores possuem características próprias que favorecem a remoção da melanina, com aplicação também em químicos, como o ascórbico (vitamina C), azelaico, glicólico, kójico, retinoico,peelings entre outros Segundo Pereira (2013), o mecanismo de ação dos ativos despigmentantes está relacionado à produção, transferência, interferência e alteração química da biossíntese de melanina, com inativação da tirosinase, inibição e degradação de melanossomas. 3.3 QuímicoPeeling Neste tópico, vamos compreender a técnica de químico nos procedimentos estéticos faciais identificandopeeling os ácidos disponíveis, os limites do recurso ao esteticista, sua indicação na acne e hipercromia. Consideraremos os efeitos fisiológicos e os cuidados na sua aplicação e no home care para o paciente. O termo se origina do inglês , que significa descamar, pelar. Na estética refere-se, segundo Pereirapeeling to peel (2013), à aplicação de agentes físicos ou químicos sobre a pele, para provocar a destruição controlada de suas camadas, levando à esfoliação epidérmica e/ou dérmica, seguida do processo de cicatrização, com proliferação e regeneração de colágeno, originando novos tecidos para melhorar a aparência da pele. VOCÊ QUER LER? Para Gonchoroski (2005), a coloração da pele depende da natureza química da melanina, da atividade da tirosinase nos melanócitos e da transferência da melanina aos queratinócitos vizinhos. Leia seu artigo “Tratamento de hipercromia pós-inflamatória com diferentes formulações clareadoras”. Disponível em: <http://cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/17 >./tratamento_de_hipercromia.pdf http://cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/17/tratamento_de_hipercromia.pdf http://cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/17/tratamento_de_hipercromia.pdf - -12 3.3.1 Avaliação, cuidados e escolha do ácido nas diferentes afecções A avaliação clínica direciona a escolha do ácido utilizado no químico. Clique e conheça os fatores a serempeeling considerados nesta escolha segundo diversos autores. • Yokomizo (2013)et al. Para estes autores, o profissional deve, além de fotografar, investigar em anamnese, o histórico médico do paciente, uso de isotretinoína nos últimos 6 meses, antecedentes de herpes simples e comprometimento imunológico; frequência de exposição solar; ocupação profissional e avaliar o fototipo; grau de fotoenvelhecimento; atividade sebácea; presença de hiperpigmentação pós- inflamatória e queloide, os quais podem influir e alterar o resultado do peeling. • Pereira (2013) e Lupi (2012) Complementando, Pereira (2013), afirma que o esteticista deve ter embasamento sólido da técnica, da ação dos ácidos e do processo de cicatrização para identificar e agir em eventuais complicações e evitar sequelas. Após o procedimento, é fundamental que o paciente realize os cuidados indispensáveispara auxiliar recuperação da pele e alcançar os benefícios pretendidos. Assim, segundo Lupi (2012), cabe ao profissional, orientá-lo e esclarecer sobre o período de descamação, indicando o uso diário de fotoprotetor de amplo espectro com FPS alto e associar cosméticos hidratantes. • Azulay (2017) Conforme Azulay (2017), o químico, de maneira geral atua no tratamento de afecçõespeeling cutâneas, como: melanoses, ceratoses actínicas, melasmas, hiperpigmentação pós-inflamatória, acne ativa e envelhecimento cutâneo. • Borges (2010) Conceitualmente, para Borges (2010), os ácidos, substâncias que possuem pH inferior ao da pele, são considerados como peelings químicos. Quanto maior for o percentual ácido da substância, maior será sua concentração e quanto menor for o pH, mais irritante será em contato com a pele. • Lupi (2012) Segundo Lupi (2012), dependendo do percentual ácido, o promove uma esfoliação muitopeeling superficial, superficial, média ou profunda, estas duas últimas, de atuação médica, pois, oferecem riscos de complicações, desconforto no pós procedimento, necessitando inclusão de medicamentos. Ação e reações esperadas no químicopeeling Segundo Borges (2010), o mecanismo de ação do se dá induzido pela esfoliação controlada causada pela peeling • • • • • - -13 Segundo Borges (2010), o mecanismo de ação do se dá induzido pela esfoliação controlada causada pela peeling agressão do ácido na pele, provocando o processo de cicatrização e suas fases de inflamação, reepitelização e formação de tecido de granulação, sendo por fim, substituído por um novo colágeno que garante a melhora dos aspectos das afecções cutâneas à que se destina. Para a aplicação do , segundo Yokomizo . (2013), deve-se considerar as contraindicações como: pelepeeling et al bronzeada, eritematosa, inflamada, pós depilações. Manter ao alcance o neutralizante do ácido em uso e estar atento aos sinais visuais, eritema e para identificar o grau de penetração e a profundidade alcançada:frosting, • Muito superficial: somente eritema. • Superficial: frosting rendilhado (disperso), com eritema. • Médio e profundo: uniforme e sólido.frosting Figura 8 - Frost rendilhado após aplicação de peeling. Fonte: YOKOMIZO et al., 2013, p. 60. Conforme Azulay (2017), o é uma coloração esbranquiçada na pele após a aplicação de ácido, devido afrost, coagulação das proteínas da pele e, quanto mais branco e intenso for, mais profundo é o peeling. Influências na escolha do químico peeling A escolha da concentração do ácido para as disfunções estéticas, de acordo com Lupi (2012), depende do fototipo, sensibilidade cutânea, quadro clínico, profundidade da lesão, das características químicas e do pH, pois, quanto mais ácido, maior a ação esfoliante do e seu poder irritante, por isso, indica pH 3,5 como ideal peeling para uma boa esfoliação cutânea. Outro fator importante é a absorção do ácido, para Yokomizo . (2013), a limpeza e o desengorduramento daet al pele, a técnica de aplicação, número de camadas e o tempo de permanência influenciam na profundidade dos peelings. Segundo Pereira (2013), os químicos disponíveis ao esteticista atuam basicamente na epiderme,peelings • • • - -14 Segundo Pereira (2013), os químicos disponíveis ao esteticista atuam basicamente na epiderme,peelings mantendo-se nos níveis de muito superficial e superficial. A concentração dos ácidos varia de acordopeeling com a substância e o limite permitido, por exemplo, ácido mandélico 10%, AHAs 10% a 20%, mas com pH de 3,5. Muito Superficial e SuperficialPeelings Conforme Lupi (2012), o muito superficial se limita ao estrato córneo, seu objetivo é afinar ou removê-lopeeling sem provocar danos à camada granulosa. Já o superficial, provoca destruição epidérmica e atinge dopeeling estrato granuloso à camada basal. Para Rivitti (2014) a descamação desses costuma ser fina e clara, não alterando a rotina diária dopeelings paciente. São bem tolerados, podem ser usados na rosácea e em todos os fototipos, pois, oferecem baixo risco de hipercromia pós-inflamatória. Conforme Yokomizo . (2013), os efeitos fisiológicos dos incluem a melhora da textura da pele, eleset al peelings são coadjuvantes no tratamento da acne, clareiam hipercromias superficiais, atenuam rugas finas, suavizam cicatrizes inestéticas e estimulam a renovação do colágeno. Por atingirem apenas a epiderme, melhores resultados são obtidos com aplicações sequenciais em intervalos curtos. Os principais ácidos utilizados nos em geral, estão relacionados, conforme Azulay (2017), na figurapeelings abaixo: Figura 9 - Principais agentes químicos na classificação do peeling. Fonte: AZULAY, 2017. Com relação ao Yokomizo (2013) acrescenta o ácido salícilico 30%; resorcina 20peeling muito superficial, et al. a 30% de 5 a 10 minutos e os ácidos lático e fítico. Já para o , o ácido retinoico 10%; ácidopeeling superficial mandélico 30% a 50% de 2 a 20 minutos, ácidos pirúvico e tioglicólico, ainda resorcina 40 a 50% de 10 a 20 minutos. Quanto ao superficial, Borges (2010), recomenda de 30 a 40 minutos, portanto um maior tempopeeling de permanência. Azulay (2017) ainda classifica os principais ácidos em: cáusticos (ATA/TCA), metabólicos (tretinoína, alfa- VOCÊ QUER LER? Para Velho (2010), apesar da sensibilidade da pele com rosácea, os dermatologistas utilizam mais agressivos para o tratamento das lesões e afirmam bons resultados na melhora epeelings manutenção dos sintomas. Leia o artigo científico disponível em: <http://www. surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/106/Peeling-quimico-superficial-para-o-tratamento- >.de-manutencao-da-rosacea http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/106/Peeling-quimico-superficial-para-o-tratamento-de-manutencao-da-rosacea http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/106/Peeling-quimico-superficial-para-o-tratamento-de-manutencao-da-rosacea http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/106/Peeling-quimico-superficial-para-o-tratamento-de-manutencao-da-rosacea - -15 Azulay (2017) ainda classifica os principais ácidos em: cáusticos (ATA/TCA), metabólicos (tretinoína, alfa- hidroxiácidos) e tóxicos (fenol, resorcinol, ácido salicílico). Médio e ProfundoPeeling Os médios e profundos são mais fortes e agressivos. Para Borges (2010), provocam descamação espessapeelings e escura, com resultados muito significativos, importante renovação da pele e diminuição considerável de rugas profundas. Segundo Lupi (2012), os agentes químicos para médios chegam à derme papilar e os parapeelings peelings profundos atingem a derme reticular. Eles envolvem maiores riscos de complicações e períodos mais longos de recuperação. A esfoliação química ideal é a que provoca menor necrose e induzir maior formação de tecido novo. Segundo Azulay (2017), no uso do de fenol é preciso monitoramento do paciente por causa de suapeeling toxicidade cardíaca, renal e hepática. Já com agente derivado de fenol, se usado em altas concentrações,peelings podem causar perturbações no sistema nervoso central e problemas respiratórios. Visando obter resultados mais perceptíveis em menor tempo, é possível associar mais de um ácido no peeling, aproveitando os efeitos de cada substância sem causar riscos e aprofundamento desnecessário: são os chamados combinados.peelings Segundo Pereira (2013), essa estratégia aumenta o potencial de ação do sem causar danos à pele. Porpeeling meio da combinação sinérgica dos agentes disponíveis, o procedimento oferece melhores resultados. Por exemplo: ácido glicólico e ácido salicílico para acne; ácido glicólico e ácido kójico para hipercromias. No âmbito médico, Yokomizo . (2013) cita a combinação de solução de Jessner e ATA 35%; ácido retinoicoet al de 5-10% e ATA 10%; ou ácido glicólico 70% e resorcina, um sobre o outro. Ainda é possível adaptar a profundidade nos locais de distribuição das afecções, dessa forma os efeitos colaterais intensos ficam restritos aos locais de aplicação dos ácidos mais potentes. Por exemplo, para rejuvenescimento,solução de Jessner + ATA 35% nas regiões frontal, malar e mentoniana; fenol 88% na periorbitária e solução de Baker na supralabial. Clique e confira a seguir as características dos agentes químicos utilizados no peeling: • Ácido tricloroacético (ATA/TCA) Age em diferentes profundidades. Pode ser utilizado isolado ou em associação. Tempo de permanência de 3 a 5 min. Causa discreto, que é substituído por eritema.frost • Ácido retinoico (tretinoína) Produz eritema e é fotossensibilizante. Segundo Borges (2010), tem ação queratolítica na acne e acelera o ou seja, processo de renovação da epiderme, prevenindo a formação deturn over, comedões. É excelente para casos de hiperpigmentações. Permanência de até 6 h. • VOCÊ QUER LER? Segundo Gonzaga (2007), o de fenol atenuado se mostra um instrumento terapêutico peeling fundamental para o cirurgião plástico e proporciona resultados eficazes para o rejuvenescimento facial. Leia seu artigo “Rejuvenescimento facial: de fenol atenuado”.peeling Disponível em: < >.http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/442.pdf • • • http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/442.pdf - -16 • Ácido glicólico (cana de açúcar) É o mais utilizado, concentrações de 10 a 70%. Para Borges (2010), sua ação queratolítica esfolia a epiderme parcial ou totalmente até a junção dermoepidérmica. Indicado para acne ativa e hipercromias. A aplicação seriada é realizada em intervalo de semana ou quinzenas, em média de 4 a 10 sessões. • Ácido lático (leite) Similar ao ácido glicólico. Para Pereira (2013), é indicado para acne pela ação queratolítica e bacteriostática. É indicado para hipercromia, por agir na tirosinase e formação excessiva de melanina. • Ácido fítico (cereais integrais) De baixo pH e ação despigmentante progressiva e efetiva no tratamento de hipercromia, principalmente, em pele escura. Ao aplicar, mantém-se até o dia seguinte. Repetido até 2 vezes /semana, no total de 6 sessões. • Ácido mandélico (amêndoas) Menos irritativo, não fotossensível, combina-se com outros ácidos e mecânico. Para Borgespeeling (2010), sua ação antisséptica e antibacteriana controla a acne e atua na cicatrização. É ideal para peles sensíveis. Inibe a síntese da melanina da hipercromia pós-inflamatória e prepara a pele para a fototerapia. Aplicação em intervalos de 15-20 dias, com um mínimo de 4 sessões. • Ácido pirúvico Usado em concentrações de 50%, 60% e 80% diluído em etanol. Penetra a pele em 1-2 minutos, causa eritema e . É neutralizado com água. Indicado para rejuvenescimento, acne efrosting cicatrizes por suas propriedades queratolítica, antimicrobiana, antiseborreica e neossíntese de colágeno e elastina. • Ácido tioglicólico Ácido orgânico que inclui enxofre. É solúvel em água, álcool e éter e utilizado em concentrações de 5% a 12%. Tem capacidade de quelar o ferro da hemossiderina na hipercromia periocular e dermatite ocre. • Resorcina ou resorcinol Derivado do fenol, em concentração de 2% a 70%. Para Pereira (2013), tem propriedades antisséptica, antiseborreica, antifúngica, antipruriginosa e esfoliativa, trazendo bons resultados no tratamento da acne. • • • • • • • • • - -17 Solução de Jessner Combinação de resorcinol, ácido salicílico e láctico em etanol a 95%. De uso isolado ou, segundo Azulay (2017), em associação ao ATA, ácido glicólico ou tretinoína, com a função de uniformizar a penetração do agente com maior segurança durante sua aplicação. • Ácido salicílico Propriedades antimicrobiana e anti-inflamatória. Segundo Borges (2010), indicado para acne graus I e II nas concentrações de 20 e 30%, por ser queratolítico, diminuir microcomedões, reparar as pústulas e a hiperpigmentação pós-inflamatória. Sua remoção é feita com água e sabão. Ainda, citado por Rivitti (2014), para o tratamento da rosácea e, indicado por Borges (2010), para acne, o ácido , utilizado nas concentrações de 10 a 20% em cremes e loções cosméticas, por sua ação antibacteriana,azelaico anti-inflamatória, anticomedogênica e um despigmentante cutâneo superior à hidroquinona. Técnica de aplicação do peeling Inicialmente, a pele deve estar limpa, higienizada, desengordurada e totalmente seca. Para a aplicação do ácido pode ser utilizado pincel ou gaze e cotonetes para atender a região das pálpebras. Figura 10 - Região inicial de aplicação do peeling. Fonte: Nikodash, Shutterstock, 2019. Conforme Azulay (2017), deve-se respeitar as unidades anatômicas, iniciando pela região frontal, seguida da região malar direita e esquerda, dorso nasal, região supralabial, região mentoniana, pálpebras superior e inferior, com extrema cautela nessas ultimas localizações. • - -18 4.4 químicos na limpeza de pele e no tratamento Peelings de acne Neste tópico vamos compreender o objetivo e a forma de inclusão do químico na sequência de limpezapeeling de pele. Conhecer, também, sua aplicação e as possibilidades de elaboração de um plano de tratamento efetivo, diferenciando a abordagem terapêutica para os diferentes tipos de acne. Qual o melhor tratamento para uma pele com excesso de oleosidade, comedões no nariz e acne grau II no mento? Assista no vídeo a seguir um tratamento com a aplicação do químico adequado para a afecção, compeeling demonstrações das reações esperadas e de como controlar as intercorrências. https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id /1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1552310438&entry_id=1_k8jvi8lw Pode-se afirmar que a limpeza de pele é o procedimento mais importante da estética facial. Segundo Pereira (2013), é realizada antes de qualquer outro procedimento estético para preparar a pele, e mensalmente para mantê-la limpa, nutrida e vitalizada. Assim, a associação do químico na sua etapa de esfoliação garante apeeling retirada mais uniforme e controlada das camadas danificadas da pele. químico na limpeza de pelePeeling A limpeza de pele profunda, segundo Borges (2010), é um procedimento pré- indicado três dias antespeeling para eliminar barreiras que dificultam a permeação e ação dos ácidos que serão utilizados. O autor cita o uso de fórmulas contendo ácidos em baixa concentração, como a solução de Jessner e alfa-hidroxiácidos, que podem ser associadas a ativos hidratantes ou despigmentantes, como ácido ascórbico, hialurônico, alfabisabolol, arbutin, thalasferas etc. Nesse sentido, Azulay (2017) indica o uso do ácido glicólico e da vitamina C com o objetivo de afinar o estrato córneo para que o agente penetre de maneira uniforme e para evitar a pigmentação pós-inflamatória, minimizando as complicações. Para Yokomizo (2013), o preparo prévio da pele também reduz o tempo de cicatrização do ,et al. peeling garantindo maior segurança. Utiliza-se fórmulas contendo substâncias que condicionam a pele. O autor cita os ácidos retinoico 0,025-0,1%; glicólico 5-10%; kójico 1-2% ou ácido fítico em veículos apropriados para cada tipo de pele. Na sequência da limpeza de pele, segundo Pereira (2013), a inclusão do químico na etapa de esfoliaçãopeeling pode ser realizada utilizando os alfahidroxiácidos como o glicólico, lático, tartárico etc., em baixas concentrações. Pode-se incluir cosméticos que contenham ácidos em sua formulação desde a etapa de higienização até a máscara. químico no tratamento da acnePeeling O peeling químico no tratamento da acne têm papel importante na redução de comedões e do processo inflamatório das lesões papulares e pustulosas, controlando e prevenindo sua evolução e sequelas. Dentre os vários ácidos disponíveis, segundo Pereira (2013), a indicação, associação e frequência de aplicação varia de acordo com cada grau da acne. Para acne grau I indica-se o uso do ácido glicólico ou mandélico a 10%, pH 3,5 por 10 minutos, quinzenalmente; no grau II, ácido salicílico semanalmente por 10 sessões; no grau III e IV, em conjunto com o dermatologista, o profissional utiliza o ácido salicílico para redução do processo inflamatório e acrescenta cosméticos com ativos calmantes.Para o tratamento da acne e suas sequelas, Borges (2010) sugere o uso do químico no procedimento,peeling numa frequência semanal, conforme a sequência que você conhece clicando abaixo (BORGES, 2010): • 1. Limpar a face com álcool ou sabonete ácido (cleanser). • 2. Aplicar o peeling mandélico e, ao primeiro sinal de frost, neutralizar com bastante água. • • https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1552310438&entry_id=1_k8jvi8lw https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1552310438&entry_id=1_k8jvi8lw - -19 2. Aplicar o peeling mandélico e, ao primeiro sinal de frost, neutralizar com bastante água. • 3. Em seguida, somente para fototipos I-III, ácido glicólico em gel, neutralizar com água ao sinal de ardor médio. • 4. Aplicação de ácido salicílico ou solução de Jessner somente uma camada, quando parar de arder, retirar com água. • 5. Passar solução neutralizadora de bicarbonato de sódio 10%, deixar por 5 minutos. • 6. Aplicar máscara calmante por 20 minutos. • 7. Utilizar filtro solar FPS 30. Esse combinado traz como benefícios, segundo Yokomizo (2013), o fato do ácido mandélico peeling et al. penetrar a epiderme uniforme e lentamente, evitando irritações e a formação de cicatrizes, auxiliando a ação do ácido salicílico, que penetra rapidamente. Essa associação é mais efetiva no tratamento de acne ativa, de suas cicatrizes e previne a hipercromia pós-inflamatória, tornando-se muito útil para peles étnicas. Com a conduta adequada, o objetivo do esteticista é atuar na diminuição do eritema, das lesões inflamatórias e • • • • • CASO Aos 35 anos uma paciente recorre ao esteticista com queixa de acne na face. Ela deseja tratar o rubor intenso na região malar, que alega ser causado por pápulas e pústulas que surgiram na região central do rosto. Ela também deseja diminuir o ressecamento e a sensibilidade da pele, que a incomoda mesmo utilizando protetor solar e cosméticos para controlar a acne. Ao investigar seu histórico, a paciente relata o trabalho estressante, alteração de hábitos, como ingerir alimentos termogênicos para emagrecer, uma taça de vinho no jantar e banho quente antes de dormir. Na avaliação facial da paciente, o profissional identifica que seu fototipo é II, há presença de eritema, telangiectasias e edema discreto na região central da face, além, das lesões inflamatórias das quais a paciente se queixa, porém não há comedões. Embasado em seus conhecimentos, concluiu que se trata de um quadro de rosácea papulopustulosa. O profissional esclareceu a paciente e orientou a mudança de hábitos, já que são fatores desencadeantes/agravantes do quadro, indicou cosméticos calmantes, anti- inflamatórios e bactericidas, como o ácido azelaico, para os cuidados domiciliares, sugeriu, ainda, consultar um dermatologista para o acompanhamento da afecção. Estabeleceu uma sequência de procedimentos quinzenais com: • higienização com ativos hidratantes; • aplicação de luz intensa pulsada com filtro de 550nm a 670nm; • aplicação de microcorrentes, primeiro sobre gel de contato, seguida da ionização de ativos, auxiliando o processo de cicatrização; • aplicação de loção calmante seguida de máscara hidratante por 20 minutos; • e por fim, aplicação de filtro solar. • • • • • - -20 Com a conduta adequada, o objetivo do esteticista é atuar na diminuição do eritema, das lesões inflamatórias e na restauração do manto hidrolipídico, prevenindo o agravamento da rosácea. O filtro selecionado da LIP deve atingir os vasos sanguíneos e atuar em três tipos de hemoglobina cromóforo-alvo, reduzindo as telangiectasias superficiais e a intensidade do eritema. A aplicação de microcorrentes sobre gel de contato favorece a cicatrização das pápulas e pústulas, reparando o tecido lesionado. Com sua ação fisiológica de aumento da permeabilidade de membrana celular, introduz princípios ativos para hidratação, controle inflamatório e bacteriano, por isso pode obter resultados terapêuticos satisfatórios. Dessa forma, podemos concluir que a conduta do esteticista, assim como a combinação de procedimentos, são essenciais para o sucesso do tratamento. Síntese Neste capítulo pudemos conhecer os tipos de usados em estética facial, a ação fisiológica dos diferentespeeling ácidos para o tratamento das afecções cutâneas, sua indicação e contraindicações. Com esse embasamento técnico, o esteticista poderá optar pela terapêutica adequada para cada paciente, estabelecendo procedimentos personalizados. Esse conhecimento também contribuirá para que o profissional estabeleça seu diferencial profissional. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: • compreender a patogênese da rosácea, os sinais e sintomas fisiológicos caraterísticos que a diferenciam da acne; • identificar como as alterações fisiopatológicas da rosácea tornam a pele sensível e desidratada, conhecendo os cuidados que o paciente precisa ter para aliviar e evitar a evolução do quadro; • compreender o mecanismo de ação e efeitos fisiológicos da foto e eletroterapia para o tratamento da acne e rosácea; • identificar o diferencial terapêutico da luz intensa pulsada para a rosácea; • reconhecer os aspectos etiofisiopatológicos da hipercromia pós-inflamatória, bem como os procedimentos estéticos para amenizar ou prevenir seu surgimento; • compreender o mecanismo de ação e efeitos fisiológicos do químico no tratamento da acne, peeling rosácea e hipercromias; • identificar os principais agentes químicos, suas características e indicação para os tipos de peeling químicos disponíveis para o esteticista; • compreender a associação do químico na limpeza de pele e no tratamento da acne. peeling Bibliografia AZULAY, R. D. . 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.Dermatologia AGNE, J. E. 1. ed. Santa Maria: O autor, 2013Eletrotermofototerapia. BECHARA, G. H.; SZABÓ, M. P. J. 1. Alterações Vasculares e Mediação Química. FaculdadeProcesso Inflamatório. de Ciências Agrárias e Veterinárias. Universidade Estadual Paulista, Departamento de patologia. 2006. Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA >. Acesso em: 15/02/2019./inflam_aspectosvasculares2006.pdf BONAMIGO, R. R.; LEITE, C. S. M.; BAKOS, L. Estudo sobre a associação entre Helicobacter pylori e urticária • • • • • • • • http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA/inflam_aspectosvasculares2006.pdf http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/GERVASIOHENRIQUEBECHARA/inflam_aspectosvasculares2006.pdf - -21 BONAMIGO, R. R.; LEITE, C. S. M.; BAKOS, L. Estudo sobre a associação entre Helicobacter pylori e urticária crônica idiopática. 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(2013) Pereira (2013) e Lupi (2012) Azulay (2017) Borges (2010) Lupi (2012) Ácido tricloroacético (ATA/TCA) Ácido retinoico (tretinoína) Ácido glicólico (cana de açúcar) Ácido lático (leite) Ácido fítico (cereais integrais) Ácido mandélico (amêndoas) Ácido pirúvico Ácido tioglicólico Resorcina ou resorcinol Solução de Jessner Ácido salicílico 4.4 Peelings químicos na limpeza de pele e no tratamento de acne Síntese Bibliografia
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