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Ficha 1 - Morfologia do Português

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FICHA 1 – Morfologia do Português.
Por: Professor Doutor Nicolau Atanásio, Professor Auxiliar, UniRovuma, Niassa (2019)
1.Introdução à Morfologia do Português
1.1. Objecto da Morfologia no Ensino do Português em Moçambique
Os problemas constatados nos testes de avaliação revelam que a análise morfológica é uma área da gramática muito crítica, não sendo dominada pela maioria dos professores na prática escolar moçambicana. Quer dizer, os professores não compreendem que a análise morfológica é um conceito amplo, cuja utilização em teste de avaliação escolar implica muitas actividades a serem realizadas, de uma só vez, pelos alunos. Esse trabalho, certamente, não seria realizado pelos professores, se fossem, de igual, solicitados. Percebemos que os professores não entendem que uma frase não cabe na análise morfológica.
A Morfologia é a parte da linguística que estuda os morfemas, como elementos da estrutura interna de palavras para o reconhecimento, categorização, identificação das funções e propriedades, definição dos processos da sua formação (morfológicos e sintácticos) e a representação da estrutura interna. De acordo com a especificidade do objecto de estudo, a Morfologia pode distinguir-se e Morfologia Derivacional e Morfologia Flexional.
A Morfologia Derivacional dá conta dos morfemas não nucleares, os derivacionais, aqueles que intervêm nos processos morfológicos de derivação e/ou de composição de palavras complexas. CUNHA e CINTRA (1999:85-117) debruçam-se sobre a origem e significados dos sufixos e prefixo e a origem e os significados dos radicais na formação de novas palavras.
A Morfologia Flexional cuida dos morfemas de flexão, ou seja dos morfemas nucleares, os sufixos que intervêm na determinação das categorias sintácticas e morfológicas. Porque os nomes e os adjectivos flexionam em GÉNERO, NÚMERO e GRAU; os especificadores, não só em género e número, como em CASO; e os verbos em TEMPO/MODO, PESSOA/NÚMERO, ASPECTO, VOZ.
MATEUS et al. (1990:365-384) separam a Morfologia flexional nominal e a Morfologia flexional verbal. Os casos das alternâncias dos morfemas de género e número, nos nomes e adjectivos são tratados pela Morfologia Flexional nominal, enquanto estudo das alternâncias vocálicas e consonânticas para a constituição dos diversos tempos, modos e aspectos gramaticais dos verbos são da competência da Morfologia Flexional Verbal.
O conhecimento dos morfemas intervenientes na formação de palavras intervêm nos processos de compreensão, porquanto a construção e/ou uso dos significados por utente de uma determinadas língua provêm dos indícios escondidos nos constituintes das unidades linguísticas.
Levanto as questões que preocupam a análise morfológica:
1. Morfologia: O Que é a análise morfológica e sua importância no ensino do Português em Moçambique
2. Morfologia derivacional
- Classes morfológicas
- Palavras simples e palavras complexas
- Processos de formação de palavras: morfológicos e sintácticos
- A estrutura da palavra: restrições nas representações
- Núcleos e bases de palavras
- A Hipótese de Unicidade da Base
- Propriedades dos radicais; os radicais neo-clássicos
- Propriedades dos prefixos; os prefixos neo-clássicos
- Propriedades dos sufixos; os sufixos neo-clássicos
- O aumentativo e diminutivo
3. Morfologia flexional
- Flexão de nomes e adjectivos em número e em género
- A flexão em caso dos especificadores e pronomes e a teoria de caso
- A flexão verbal: os morfemas de tempo/modo e de pessoa/número
- A importância da vogal temática na constituição dos tempos verbais
- Alternância vocálica nos verbos regulares
- As regularidades dos verbos irregulares
- A regra de harmonização de vogais
- A regra do abaixamento de vogais
1.2. Os Níveis da Análise Morfológica
Os métodos e técnicas da análise linguística na Morfologia são utilizados para o reconhecimento, categorização, identificação das funções e propriedades, definição dos processos da sua formação (morfológicos e sintácticos) e a representação da estrutura interna das unidades morfológicas mais pequenas, como são os morfemas e as unidades mais latas, como as palavras.
1.2.1. Decomposição Morfológica
As perguntas identificadas não colocam nenhuma questão relacionada com a divisão das palavras em subunidades, no sentido de identificar a sua estrutura. Os morfemas são elementos mais pequenos que constitui uma palavra, susceptíveis de serem decompostos e reconhecidos.
Os constituintes de uma palavra [os morfemas] associam-se uns com os outros, de acordo com as propriedades inerentes, propriedade combinatórias e os princípios mais gerais da morfologia.
1.2.2. Categorias Morfológicas – Classes morfológicas de palavras: os constituintes morfológicos da palavra; palavra simples e palavra complexa
Cabem nestas linhas as perguntas do tipo “classifica/classifique morfologicamente as palavras sublinhadas” de muitas provas nacionais. Exemplifico, somente, com número 7.c), do exame final de Português, Ano de 2010, 1ª Época, 3º Ano, Nível Básico, Ramo Industrial e Comercial, elaborado pelo Conselho Nacional de Exames, Certificação e Equivalências do Ministério da Educação, formulada no seguinte: (7) Atente à frase: “- Quando nasceste, já esta casa existia e já eu morava dentro dela.”[footnoteRef:1] Classifique morfologicamente a palavra sublinhada em (7). De notar que esta questão vem depois de outra, de seguinte: "Faça a análise sintáctica da oração “já esta casa existia”.[footnoteRef:2] [1: Tratava-se de uma lamentação da cotovia mãe e idosa que era escorraçada da sua própria casa pela própria filha, numa lenda educativa, tendo em conta atitudes contra os idosos, por “… que benefícios ou vantagens me traz a tua companhia? Não podes trabalhar; não voas; meio surda; quase cega; reumática; falha de memória; impotente… eu sei lá! …Além disso, esta minha habitação, com vês, está cheia de provisões e o lugar que tu ocupas poderia servir para mais recursos e muitas provisões. Faz-me favor: vai-te embora!” Quando a pobre mãe responde:] [2: Recordo que o guião das correcções recomendava que as respostas correctas dos alunos seriam aquelas quem apontassem para: “Morfologicamente a palavra sublinhada, eu, é um Pronome Pessoal; A análise sintáctica da oração: esta casa – Sujeito; Existia – Predicado; já – Complemento Circunstancial de Tempo”] 
Podemos avaliar a complexidade de problemas que o ensino de Português em Moçambique no tratamento das questões da gramática. As respostas àquele questionário fundam-se, certamente em Monteiro (2002).
MONTEIRO (2002) actualiza alguns conceitos de uso tradicional. O autor relaciona os conceitos de nomes sobre comuns/nomes comuns de dois com a categoria morfológica de flexão. Diz o autor que, enquanto os nomes sobre comuns são aqueles que, flexionados no feminino, referem seres ou objectos pertencendo tanto ao género masculino ou feminino, os nomes comuns de dois são aquele que têm a mesma forma para o masculino e feminino, distinguido os géneros pela anteposição de um artigo. Exemplifica com as palavras a criança, a criatura, a personagem, a vítima, a testemunha entre outras, para o primeiro grupo e amante, artista, camarada, compatriota, cônjuge, contribuinte, presidente, gerente e ignorante, no segundo grupo.
A expressão criança pode referir um menino ou uma menina e vem sempre no género feminino. A palavra amante referirá um indivíduo do sexo masculino se lhe precedemos um artigo no género masculino, o contrário referirá um indivíduo do sexo feminino. Importa nesta definição de MONTEIRO a referência às categorias de flexão: masculino, feminino, singular, plural…, que são as categorias morfológicas. Na verdade, não é senão um avanço para a Sintaxe e, mais tarde, à Semântica.
Os radicais, os sufixos e os prefixos são morfemas que compõem as principais categorias ou classes da análise morfológica. A combinação destes morfemas dá origem a uma palavra ou palavras morfológicas. 
Alguns radicais podem, por si sós, constituir uma palavra. Noutros casos, aos radicais associa-lhes uma vogal a, oou e, como morfemas. Nos dois casos, as palavras resultantes pertencem à classe de palavras simples. MATEUS et al. (1990:425) e MATEUS et al. (2003: 917-938) escrevem sugerindo que “as palavras simples podem ser formadas, ou por único constituinte – o RADICAL -, ou por dois constituintes – um RADICAL e um SUFIXO realizado pelos morfemas a, o ou e”, exemplificado, por um lado, com as palavras café, pau, feliz, por outro lado, cas + a > casa, ram + o > ramo, e pel + e > pele. As palavras lindo/linda são palavras simples, por se realizarem por um radical e apenas um sufixo em –a ou –o.
Muitas palavras pertencem à classe das palavras complexas. Nesta classe, é possível identificar palavras com mais de dois constituintes, sendo um RADICAL e um ou mais afixos não realizado apenas pelos morfemas a, o ou e, como em feliz + idade > felicidade, cas + a + mento > casamento e em in + depend + e + nte + mente > independentemente; ou um RADICAL e uma PALAVRA, como em neuro + cirurgião > neurocirurgião; e ou uma PALAVRA uma ou outra PALAVRA, como em bomba + relógio >bomba relógio, guarda + chuva > guarda-chuva e pé + de + vento > pé de vento. [footnoteRef:3] [3: Cf. MATEUS et al. (1990:425-427).] 
Em suma, são as categorias ou classes morfológicas, os radicais, os afixos (sufixos e prefixos), as palavras simples e as palavras complexas. Estes são o objecto da análise morfológica. Entende-se que as palavras complexas podem ser classificadas, de acordo com os processos intervenientes na sua formação (assim, por derivação, composição, conversão ou criação lexical, como se referirá adiante).
1.2.3. Relações Morfológicas
Habitualmente, nenhum professor se interessa pelo estudo das funções exercidas pelos morfemas das unidades linguísticas. Os morfemas associados a uma palavra podem desempenhar funções diversas. São as relações morfológicas as funções de BASES, NÚCLEOS e NÃO-NÚCLEOS. “Os afixos [os sufixos e os prefixos] nunca podem constituir, por si sós, uma palavra, devendo associar-se a uma base”, de acordo com MATEUS et al. (1990:414).
O valor dos morfemas (nucleares, não nucleares e/ou base; relativizados), simplesmente, os morfemas de flexão das palavras (número, género e grau (sufixos avaliativos, nos nomes e adjectivos; número, género e caso, nos pronomes e especificadores; conjugação dos verbos, em tempo, modo, pessoa, número, aspecto, voz)) e a origem etimológica de um constituinte são as diversas funções ou relações morfológicas.
Ex.: Cas BASE + a NÚCLEO
BASE de palavras é uma função de um morfema ou palavra no processo da sua formação. Uma base morfológica pode ser constituída apenas por um radical, como em feliz, pau e café; ou uma sequência de um radical e um ou mais afixos, como na formação de felic + idade e in + felic + idade, uma palavra simples, como em feliz, cafeteira; uma palavra complexa, como em neuro-cirurgiãozinho. Fundamentalmente, os radicais são as primeiras BASES do processo de formação de palavras, depois os afixos associam-se aos radicais para darem origem, ou a novas palavras, ou a novas bases de novas palavras. Pela via da hipótese sobre a unicidade da BASE, de ARONOFF (1976), a especificação sintáctico-semântica da base pode ser mais ou menos complexa, mas é sempre única. [footnoteRef:4] [4: ARONOFF (1976) é citado por MATEUS et al. (1990:446).] 
A função morfológica de NÚCLEOS de palavras associa-se aos sufixos flexionais, aqueles que tendenciosamente transportam a informação relativa à categoria sintáctica e às categorias morfológicas de número, género e grau nos nomes e adjectivos, número, género e caso, nos pronomes e especificadores de nomes, conjugação, tempo, modo, pessoa, número, aspecto, voz, nos verbos, origem etimológica da palavra em análise. Núcleo de uma palavra é “o constituinte responsável pela atribuição à palavra das informações sintáctica e morfologicamente relevantes”, de acordo com MATEUS et al. (1990: 477).
Nas palavras simples constituídas por uma única sequência, os radicais funcionam simultaneamente como bases e como núcleos. É possível distinguir nas palavras simples de duas sequências uma base e um núcleo, sendo este, um sufixo realizado pelo morfema -a, -o ou -e. Estes morfemas, na excepção do morfema -e, estão geralmente associados com a informação sintáctica e com a amálgama das informações morfológicas de género e de número singular. Nas palavras complexas, a função de núcleo é exercida pelo sufixo ou a associação de sufixos mais à direita da palavra.
NÃO-NÚCLEOS de uma palavra é a função dos constituintes à esquerda dos núcleos. Os prefixos que têm, em geral, características constantes entre as categorias morfológicas e as bases desempenham a função de não núcleos.
1.2.4. Propriedades Morfológicas: propriedades inerentes e combinatórias
Embora, em MONTEIRO (2002), se trate do termo propriedades morfológicas, os professores, no tratamento da análise morfológica, não colocam nenhuma questão relacionada com elas nas avaliações. Na análise linguística de palavras, nota-se a estreita relação entre o léxico e as componentes de fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática. Os morfemas e as palavras são definidos tendo em conta estes critérios – as propriedades.
O conceito “propriedades morfológicas” diz respeito ao comportamento dos morfemas, no interior de uma palavra, quanto à localização na estrutura e os efeitos que produzem, quando interagem com outras componentes da análise linguística.
O quadro abaixo sintetiza as principais propriedades dos morfemas, estes postos em paralela comparação. Dada a palavra infelizmente, sua estrutura interna in + feliz + mente, verificam a aplicação do quadro, no seguinte:
1.2.4.1. 
Radicais e Afixos
	Ord
	Critérios de análise
	Os PREFIXOS
	Os RADICAIS
	Os SUFIXOS
	1
	Posição
	À esquerda dos RAD
	No centro, em geral. O lugar dos radicais neo-clássicos pode variar, podendo ser o primeiro ou segundo membro da composição.
	À direita do RAD
	2
	Acento principal
	Não determina, nem alteram a posição do acento da base à qual estão associados.
	Não determina a posição do acento.
	Determina e alteram a posição do acento da base à qual estão associados.
	3
	Categorias morfológicas
	Não determina, nem alteram as categorias morfológicas das bases.
	Não determina as categorias morfológicas
	Determina e alteram as categorias morfológicas das bases.
	4
	Categorias sintácticas
	Não determina, nem alteram as categorias sintácticas das bases a que se associam. No entanto, eles podem intervir nos processos sintácticos de formação de palavras, nomeadamente, adjectivação deadjectival, nominalização denominal e verbalização deverbal.
	Não podem atribuir, nem determinar. Mas estão relacionadas com as categorias sintácticas.
	Determina, alteram e dão origem às novas categorias sintácticas, diferentes das bases.
	5
	Categorias semânticas
	Alteram a significação da base, indicando uma paráfrase.
	Com a excepção dos neoclássicos e dos que coincidem com palavras, isoladamente, os radicais não têm qualquer significado.
	Alteram a significação da base, indicando uma paráfrase.
	6
	Estruturas de subcategorização
	Podem alterar estrutura de subcategorização da base.
Ex.: Pensar em
 Repensar + (SN)
	Não são os radicais que determinam a estrutura argumental ou de subcategorização das palavras.
	Podem alterar estrutura argumental e a de subcategorização
	7
	Possibilidades combinatórias
	Seleccionam as categorias sintácticas das suas bases
	São constituintes passivos: não seleccionam, mas são seleccionados. Os radicais neoclássicos podem associar-se para darem origem a novas palavras.
	Seleccionam as suas bases em função das suas propriedades combinatórias com as categorias das bases
	8
	Grau de combinação
	A presença de certos afixos na base pode favorecer ou impedir a associação de um prefixo a essa forma
	Podem coocorrer com os outros radicais, sendo ou 1º s ou 2º s elementos de composição
	A presença de certos afixos na base pode favorecer ou impedir a associação de um sufixo a essa forma
1.2.4.2. Radicais Neolatinos(latinos e gregos)
Algumas palavras do português são de origem do Latim ou do Grego, transportado em si mesmo uma significação. Apresentam-se, a seguir alguns exemplos.
	Alguns radicais latinos
	Alguns radicais gregos
	Radicais
	Significado
	Radicais
	Significado
	1. Agri-
2. Ambi-
3. Anti- 
4. Antropo-
5. Auto-
6. Biblio-
7. Circum-
8. Extra-
9. Fobo-
10. Fono-
11. Geo-
12. Hemi-
13. Hidro-
14. Hipo-
15. Homo-
16. Mega-
17. Metro-
18. Multi-
19. Pene-
20. Piro-
21. Proto-
22. Pseudo-
23. Retro-
24. Sin-
25. Teo-
26. Tetra-
	a. Campo
b. Dualidade
c. Oposição
d. Homem
e. Próprio
f. Livro
g. Em redor
h. Fora de
i. Medo de
j. Som
k. Terra
l. Metade
m. Água
n. Debaixo de
o. Igual
p. Grande
q. Medida
r. Numeroso
s. Quase
t. Figo
u. Primeiro
v. Falso
w. Para atrás
x. Reunião
y. Deus
z. Quatro 
	1. Aqua-
2. Bi-
3. Bio-
4. Cis-
5. Cromo-
6. Crono-
7. Demo-
8. Endo-
9. Equi-
10. Filo-
11. Foto-
12. Hemo-
13. Lito-
14. Micro-
15. Mono-
16. Necro-
17. Neo-
18. Orto-
19. Poli-
20. Primo-
21. Tele-
22. Termo-
23. Topo-
24. Ultra-
25. Vice-
26. Zoo-
	a. Água
b. Duas vezes
c. Vida
d. Aquém
e. Cor
f. Tempo
g. Povo
h. Dentro
i. Igualdade
j. Amigo
k. Luz
l. Sangue
m. Pedra
n. Pequeno
o. Um, único
p. Morto
q. Novo
r. Direito
s. Vários
t. Primeiro
u. Longe
v. Calor
w. Lugar
x. Além de
y. Em vez de
z. Animal
Exercício:
a. Escreva, pelo menos, três palavras em cuja formação entra o Radical dado. Preste atenção ao significado do da palavra em função ao radical.
	Radicais
	Exemplifique com 3 palavras
	Radicais
	Exemplifique com 3 palavras
	Agri-
Ambi-
Anti- 
Antropo-
Auto-
Biblio-
Circum-
Extra-
Fobo-
Fono-
Geo-
Hemi-
Hidro-
Hipo-
Homo-
Mega-
Metro-
Multi-
Pene- 
Piro-
Proto-
Pseudo-
Retro-
Sin-
Teo-
Tetra-
	
Penúltimo
 
	Aqua-
Bi-
Bio-
Cis-
Cromo-
Crono-
Demo-
Endo-
Equi-
Filo-
Foto-
Hemo-
Lito-
Micro-
Mono-
Necro-
Neo-
Orto-
Poli-
Primo-
Tele-
Termo-
Topo-
Ultra-
Vice-
Zoo-
	
Ex.: Penúltimo = Quase em último. O que acha?
b. Classifique morfologicamente o tipo de palavras que sugeriu anteriormente.
Ex.: Penúltimo = Quase em último, Palavra Complexa por Derivação Prefixal, ou Palavra Complexa por Derivação Sufixal, ou Palavra Complexa por Composição Aglutinada. O que acha?
1.2.4.3. Os Sufixos de avaliação e os sufixos de flexão
Os sufixos são afixos que se pospõem ao radical ou base de uma palavra para formar novas palavras (flexionadas ou derivadas). Conhecem-se os sufixos avaliativos e de flexão.
Os sufixos avaliativos ou de avaliação exprimem o grau (diminutivo, aumentativo e o superlativo sintético), um juízo de valor do locutor, relativamente ao conteúdo semântico da forma de base. MATEUS e tal (2003) consideram que “a sufixação avaliativa inclui a formação dos chamados aumentativos, diminutivos e de grau superlativo absoluto sintético dos adjectivos. Repare que estes sufixos se associam sempre aos radicais.
Sufixos verdadeiramente avaliativos
· Os sufixos -ão íssimo, de, dedão e muitíssimo, -aço de ricaço, senhoraço; -alhão, de brincalhão, -anha, de montanha; -alha, de muralha; -eiro, eira, de bigodeira, remetem ao aumentativo;
· Os sufixos –inho e -ito, de livrinho e carrito ; -acho de riacho; -ola de sacola portinhola, remetem à ideia de pequenez ou diminutivo;
· Os sufixos -z - avaliativos: -zinho, -zito, -zão, de coraçãozinho, pãozito e pazão que remetem ao pejorativo e se associam às palavras.
Os sufixos de flexão são os comummente de variação das palavras. Incluem aqueles que dizem respeito à variação da palavra quanto ao género, número, grau, caso, pessoa, tempo, modo, aspecto, voz.
Por exemplo, os nomes e os adjectivos do português variam em género, número e grau; os verbos variam em pessoa, tempo, modo, aspecto e voz, enquanto certos pronomes e especificadores podem variar em género, número e caso.
O tempo, modo, voz e aspecto verbal são formados por processos de flexão, ou através processos sintácticos, a perífrase, que inclui um ou mais verbos auxiliares e um verbo principal. Comparem-se as formas fizera e tinha feito, sairei e vou sair, dos tempos simples e complexos do pretérito mais-que-perfeito e do futuro do indicativo, respectivamente; comeu e foi comido, da voz/forma activa e passiva; come, está a comer e anda a comer, dos diversos valores do aspecto; saio, tenho de sair, posso sair, dos valores de modo/modalidade.
O português não é língua que flexiona as suas palavras em Caso, à semelhança da sua língua - mãe, o Latim. [footnoteRef:5]Mas, comparem-se as formas do pronome pessoal eu, me, mim; tu, te, ti; ele, o, se que se referem à variação em casos nominativo, acusativo e dativo ou ablativo. [5: Sobre os casos, ver FIGUEIREDO E FERREIRA. Compêndio da Gramática Portuguesa, 3ª Edição. Lisboa Livraria Sá da Costa Editora, 1968, p. 69.] 
		Eu comi uma laranja.
		O Patrício feriu-o, com faca.
		A Maria ofereceu-me um livro.
		A oferta é para mim.
		A Maria ofereceu o livro a mim.
Isto é, as formas em itálico só podem ser usadas como sujeito, objecto directo e objecto indirecto, respectivamente, conforme a análise das funções sintácticas das palavras na frase.
1.2.5. Processos de construção de palavras na língua portuguesa
Cabem nestes parágrafos as perguntas sobre os processos de formação, quer morfológicos, quer sintácticos. MATEUS et al. (1990:414-428) e MATEUS et al. (2003:939-986) consideram que as palavras complexas, na sua maioria, são resultados de qualquer um dos processos de formação de palavras. Estes processos podem ser de natureza tipicamente morfológica ou sintáctica. As palavras no português formam-se por actuação de regras de formação, instâncias dos processos morfológicos e sintácticas.
São processos morfológicos de formação de palavras a flexão, derivação, composição, criação lexical.
A) FLEXÃO
· As regras de flexão mantêm a categoria sintáctica. A flexão faz valer à palavra as categorias sintácticas, morfológicas de número e de género:
Aluno masc – aluna fem – N
Escritor sing – escritores plu – N
Disse sing – disseram plu – V
B) DERIVAÇÃO
Derivação é um processo de modificação da estrutura da BASE, por adjunção de um afixo, podendo ser, esta adjunção,
· à direita da base (sufixação), Ex.: Feliz >Felizmente
· ou à esquerda da base (prefixação), Ex.: Feliz >Infeliz,
· ou ainda simultânea, à direita e à esquerda da base (sufixação e prefixação) Ex.: Feliz > Infelizmente. 
Na sufixação, há 2 tipos de sufixos: os derivacionais e os flexionais. A ordenação das regras na formação de palavras é estabelecida com base na posição que os afixos ocupam na estrutura de uma palavra complexa. A configuração comum é:
FORMA BÁSICA + Sufixo Derivacional + Sufixo Flexional
· A Conversão, ou derivação imprópria é um processo formação de novas palavras com base na atribuição de uma nova categoria ou classe sintáctica a palavras existentes “Conste na obtenção de uma palavra a partir de uma palavra já existente, sem qualquer alteração na sua forma” , de acordo com MATEUS et al. (1990:445):
Ex.: canto NOME > canto VERBO;
olhar Verbo > olhar Nome
Morto pp > morto ADJ > morto N
C) COMPOSIÇÃO
Dois processos da composição: a aglutinação (2 palavras com único acento tónico) e justaposição (dois acentos). Na composição podem juntar-se na mesma categoria sintáctica diversas:
1. Nome + Nome: manga-rosa, porco-espinho
2. Nome + Adjectivo e vice-versa: amor-perfeito, criado-maior
3. Nome + Preposição + Nome: chapéu-de-sol
4. Adjectivo + Numeral: 
5. Numeral + Nome
6. Pronome + Nome
7. Verbo + Nome
8. Verbo + Verbo: corre-corre, vaivém, perde-ganha
9. Advérbio + Adjectivo
Composição, de acordo com MATEUS et al. (1990:414), é um processo de formação de palavras por associação de radical e palavra (neoro-cirurgião), palavra e palavra (girassol, guarda-chuva, fim de semana), para formar uma palavra. O processo de composição de palavras devia ser basicamente por aglutinação, mas as gramáticas admitem a distinção entre a justaposição e a aglutinação, conceitos associados à quantidade e distribuição dos acentos prosódicos nucleares,na estrutura das palavras geradas. Assim, na justaposição, os membros do composto conservam os seus acentos nucleares (neoro - cirurgião, guarda-chuva, fim de semana), enquanto, na aglutinação, há uma tendência da fusão de acentos no segundo membro de palavras compostas (girassol).
As regras de derivação e de composição alteram a categoria sintáctica da palavra à qual se espera:
Forma N → forma lAdj
Mesa redonda SN → mesa-redonda N
Formal Adj → formalizar V
D) Criação lexical
De acordo com MATEUS et al. (1990:414), “a formação de palavras não esgota os recursos para a introdução de novos itens no léxico de uma língua”. As novas palavras podem ser “inventadas”, invenção artística ou não, ou resultar de alteração de várias palavras existentes, por vários processos morfológicos, nomeadamente a siglação, a acronímia, o truncamento, a amalgamento, a extensão metafórica e o empréstimo. Por esta via, 
(i) a siglação é um processo de formação de novas palavras, a partir das letras iniciais das palavras, ou parte das palavras que compõem o título ou frase. Da siglação provêm as siglas, como Banco de Moçambique > BM; Comunidade Económica Europeia > CEE; Banco Internacional de Moçambique > BIM; Banco Popular de Desenvolvimento > BPD; Instituto de Cultura, Arte e Língua Portuguesas > ICALP; Palop < País africano de língua oficial portuguesa Salienta-se que as siglas podem ser pronunciadas, ou como sequências de letras do alfabeto, como em CEE, BPD, ou como palavras, isto é, sequência consoante e vogal, como em Palop, BIM, ICALP.
(ii) A acronímia é outro processo de criação de palavras que consiste no uso de sílabas iniciais de palavras ou frases que compõem os nomes. Exemplifica-se com os acrónimos que geram as palavras Frelimo/FRELIMO, da sequência de nomes Frente de Libertação de Moçambique e a maior parte dos nomes que simbolizam os partidos moçambicanos. Em MATEUS et al. (1990:414), estão alistadas as palavras consideradas como geradas pela acronímia, como Abralin <Associação Brasileira de Linguística, que é uma conjunção de dois processos, nomeadamente a siglação e a acrcronímia.
(iii) A Abreviação é um processo de formação lexical por eliminação de morfemas ou sequência de morfema no interior de uma palavra existente, como em ex.mo <excelentíssimo; Ex.cia <Excelência; frelo <frelimo, comuna <comunista.
(iv) O truncamento – as novas palavras são geradas por eliminação de morfemas ou sequências de morfemas finais de palavras de base, como em; micro <micrifone; prof. <professor.
(v) Outro processo de eliminação de morfemas ou sequência de morfema no interior de sequências de palavras ou frases existentes dá-se a conhecer por a amálgama, culminando pela combinação aleatória de morfemas, como em stor <senhor doutor, sumanga < sumo de manga; borbotixa <borboleta e lagartixa; macuaconde < macua e maconde; franglês < francês e inglês.
(vi) O caso de facho < fascista, rena<RENAMO; frelo<FRELIMO não passam senão por criação lexical por invenção.
(vii) A criação lexical passa por empréstimo, um processo muito produtivo para integração no Português de Moçambique de verbos com a desinência em –ar, como em nhanhalar (abandonar, da língua moçambicana Emakhuwa-lomwe) e da série de palavras adoptadas de Moçambique e de antigos territórios ex-colónias de Portugal e outros países, registadas no Dicionário Universal de Língua Portuguesa, como xima, nhumbo, basquetebol < Inglê, basketball; dama < francês, dame; piano < italiano, piano; nhanhido < Cabo Verde, desgraçado, infeliz.
(viii) Finalmente, a extensão metafórica contribui na formação de novas palavras, que consiste na atribuição de uma nova interpretação semântica a palavras existentes, como em borracho, que pode ser pombo novo, homem embriagado, rapaz bonito ou rapariga bonita, namorado/namorada, entre vários exemplos.
Sintacticamente e, de acordo com MATEUS et al. (1990:414 e 428), os processos morfológicos de formação de palavras podem ser especificados, em função da categoria sintáctica da palavra resultante e da categoria sintáctica da base. Por esta mesma razão, CUNHA e CINTRA (1999: 90) admitem que “pela derivação sufixal [ou por todos os processos morfológicos considerados], formaram-se, e ainda se formam, novos substantivos, adjectivos, verbos e, até, advérbios”. [footnoteRef:6] As palavras novas formadas podem pertencer a qualquer categoria sintáctica, independentemente do processo morfológico na origem dessas palavras. A nominalização, a adjectivação, a verbalização e a adverbialização são os processos sintácticos, cuja conclusão se formam os nomes, adjectivos, verbos e advérbios, respectivamente. [6: CUNHA e CINTRA (1999), p. 90.] 
As palavras recentemente criadas resultam da modificação de uma base. As bases, como vimos nas propriedades dos morfemas, pertencem obrigatoriamente a uma categoria sintáctica certa. Assim se diz que uma dada palavra resulta de um nome ou de uma base nominal, ou denominal, base adjectival ou deadjectival, da base verbal ou de verbal, da base adverbial ou deadverbial, sendo possíveis tais processos.
A ilustração abaixo é da MATEUS et al. (1990:428) combinada com CUNHA e CINTRA (1999:90).
Sistematização dos processos de formação de palavras
	Formação morfológica
	Formação sintáctica
	
Base
	
Palavra resultante
	
Palavra resultante
	
Base
	Leitor
Claro
Animar
	· Leitorado
· Claridade
· Animação
	Nominalização
	Denominal
Deadjectival
Deverbal
	
Montanha
Normal
Interessar
	
· Montanhoso
· Anormal
· Interessante
	
Adjectivação
	
Denominal
Deadjectival
Deverbal
	
Equação
Fácil
Dormir
	
· Equacionar
· Facilitar
· Dormitar
	
Verbalização
	
Denominal
Deadjectival
Deverbal
	
Fraqueza
Fraca
Fraquejar
	
· * Fracamente
· Fracamente
· * Fracamente
	
Adverbialização
	
Denominal
Deadjectival
Deverbal
Os sufixos adverbiais ocorrem sob única forma de –mente, e associam-se a bases adjectivais de género feminino, de acordo com CUNHA (1999:90).
1.2.6. Flexão nominal
Lido em MATEUS (1989:365-371) e em Mateus (1990: 365-371).
Os nomes e os adjectivos em português flexionam em NÚMERO e GÉNERO. Os pronomes, além destas, também em CASO. As flexões de número e de género manifestam-se com morfemas próprios, que ocorrem integrados na palavra e que não dependem das propriedades sintácticas ou de estratégias de elocução. O falante tem de interiorizar as regras morfológicas fixas na alternância singular/plural ou masculino/feminino.
1.2.6.1. NÚMERO
O NÚMERO tem duas classes – o Singular/Plural. O singular é, geralmente, não marcado, mesmo marcado pelo morfema ø, enquanto o plural é realizado pelo morfema –s, foneticamente, [∫]. São as principais alternâncias de NÚMERO:
· -ø/-s, em nomes terminados em vogal: casa/casas
· -ø/-es, em nomes terminados em r, n: flor/flores, abdómen/abdómenes
· -l/-is: carril/carris
· -ão/-ãos, -ões, -ães: irmão/irmãos; limão/limões; leão/leões
1.2.6.2. GÉNERO
O GÉNERO tem dois grupos: o masculino e o feminino.
· A marca de género é atribuída basicamente pelo especificador: o artista/a artista
· Os nomes em que a distinção de género corresponde à distinção de seres por sexo, podem encontrar palavras diferentes: pai/mãe; boi/vaca
· Normalmente, os nomes e os adjectivos apresentam morfemas de género integrados na palavra, com alternâncias seguintes mais frequentes:
-o Masc/-a Fem: aluno/aluna
-ø Masc/-a Fem: professor/professora
· Há alternâncias de género irregulares, como:
-eu Masc/ -ia, ou –eia Fem: judeu/judia; europeu/europeia
-de Masc/ -essa, ou –esa Fem: conde/condessa; duque/duquesa
-dor Mas/ -dora, -deira, ou –triz Fem: trabalhador/trabalhadora; vendedor/vendedeira; embaixador/embaixatriz
-ão Masc/ -oa, -ã, ou -ona Fem: leão/leoa; aldeão/aldeã; espertalhão/espertalhona.
Recuperação do dia 05 de Junho de 2012.
1.2.6.3. CASO
Lido em Mateus (1989: 369) e NUNES e FGUEIREDO (1968:64)
O português não é uma língua que flexiona palavras em CASOS, como era a sua língua-mãe, o LATIM. De acordo com NUNES e FGUEIREDO (1968:64), «em Latim, uma palavra flexiva pode apresentar, segundo a função sintáctica, seis casos»,e tinha morfemas próprios:
	Ord
	Nome do caso
	Função Sintáctica da palavra flexionada
	1
	Nominativo
	Sujeito; Nome Predicativo do Sujeito
	2
	Vocativo
	Vocativo
	3
	Genitivo
	Complemento Determinativo; Posse
	4
	Acusativo
	Complemento Directo (OD)
	5
	Dativo
	Complemento Indirecto (OI)
	6
	Ablativo
	Complementos Circunstanciais (OBLIQUOS)
Mateus (189:160) considera que «os pronomes pessoais têm a flexão de CASO», no sentido de que as funções sintácticas «são marcadas na própria unidade lexical».
	Nome do Caso
	Função do Caso
	Função Sintáctica da palavra flexionada
	Nominativo
	Sujeito; Nome Predicativo do Sujeito
	Eu, tu, você, el (e, a) nós, vós, vocês, el (es, as): Tu não pereces tu.
	Vocativo
	Vocativo
	Tu, você, vós, vocês de chamadas: Tu, levanta-te!
	Genitivo
	Complemento Determinativo; Posse
	De (me, te ele, nós, vós eles, elas), equivalentes às formas do pronome POSSESSIVO meu, minha, teu, tua, seu, sua, dele, dela, nossos, nossas, vossos, vossas deles, delas.
	Acusativo
	Complemento Directo (OD)
	Me, te, o, a (= a você, a si, ou a ele, ela),nos, vos (= a vocês, a vós), os, as): O João entregou-o aos meus inimigos.
	Dativo
	Complemento Indirecto (OI)
	me (= a mim), te (= a ti), lhe (= a você, a si), se (= a el (e, a, es, as), nos (= a nós), vos (= a vocês, a vós), lhes (= a el (es, as)): O João deu-me um livro.
	Ablativo
	Complementos Circunstanciais (OBLIQUOS)
	
1.2.7. Flexão verbal
Lido em Mateus (1989: 371-345) e em Mateus (1990: 375 -381)
A estrutura morfológica de flexão dos verbos no português integra um RADICAL (RAD), Vogal Temática (VT) e os morfemas de Tempo e Pessoa (TP): RAD +VT+T+P
O RAD e a VT constituem o TEMA. A VT marca a conjugação a que pertence o verbo: 1ª Conjugação –a-; 2ª Conjugação: -e- e 3ª Conjugação: -i-, respectivamente falar, bater e partir. Os verbos irregulares formam-se a partir da 2ª e 3ª conjugação.
1.2.7.1. Flexão de Tempo
Tempos verbais
São tempos verbais
1. Presente (do modo Indicativo e do Conjuntivo)
2. Imperfeito (do modo Indicativo e do Conjuntivo)
3. Perfeito do IND
4. Mais-que-perfeito do IND
5. Futuro (do modo Indicativo e do Conjuntivo)
6. Imperativo
7. Infinitivo (flexionado e não flexionado)
8. Gerúndio
9. Particípio Passado
10. Condicional
Morfemas do Tempo
	Ord.
	Tempo
	Modo
	Morfema
	1
	PRES
	IND
	- ø
	
	
	CONJ
	- e (1ª Conj.) – a (2ª e 3ª Conj)
	2
	IMPERF
	IND
	- va (1ª Conj.) – ia (2ª e 3ª Conj)
	
	
	CONJ
	-sse
	3
	PERF
	IND
	- ø
	4
	M-Q-PERF
	IND
	- ra
	5
	FUT
	IND
	- r+ei/ r+á
	
	
	CONJ
	-re
	6
	IMP
	-
	- ø
	7
	INF
	FLEX
	
	
	
	NFLEX
	
	8
	GER
	-
	-ndo
	9
	PP
	-
	-do
	10
	COND
	-
	-r+ia
1.2.7.2. Flexão de Pessoa
Pessoas verbais
São pessoas verbais:
1. I P (Eu +sing/ Nós -sing)
2. II P (Tu +sing/ Vós -sing)
3. III P (Ele, Ela, Você +sing/ Eles, Elas, Vocês -sing)
Morfemas de Pessoa
	Pessoa
	Tempo
	Morfema
	I
+Sing
	PRES IND
	- ø
	
	PERF IND
FUT IND
	-i (semivogal)
	
	Outros tempos
	- ø
	II
+Sing
	PERF IND
	-ste
	
	IMPERF
	- ø
	
	Outros tempos
	-s
	III
+ Sing
	PERF IND
	-u
	
	Outros tempos
	- ø
	I
-Sing
	Todos os tempos
	-mos
	II
-Sing
	PERF IND
	-stes
	
	Outros tempos
	- (d) es
	III
-sing
	PERF IND
	-ram
	
	Outros tempos
	-m
1.2.8. Alternância vocálica e ou consonântica nos verbos
1.2.8.1. Nos verbos regulares
Nas formas do PRES IND e do PRES CONJ, à excepção das I e II P-Sig, a vogal do RAD é acentuada por actuação da regra geral do acento: ´falo, ´fale.
As vogais do RAD, nos verbos, podem ser:
	V do RAD
	1ª Conj
	2ª Conj
	3ª Conj
	- a -
	falar
	bater
	partir
	- e -
	levar
	dever
	ferir
	- i -
	virar
	viver
	proibir
	- o -
	morar
	mover
	dormir
	- u -
	fumar
	-
	iludir
Nos verbos da 2ª e 3ª conjugações com as VRAD –e - e – o -, manifesta-se a alternância vocálica na V do RAD, nas formas do PRES IND e do PRES CONJ, sempre que a V do RAD recebe o acento, da supressão da VT.
Na 2ª conjugação, com VRAD – e- e –o-, a alternância é –e|-E e –o |-O, comparando a IP do PRES IND e todas as pessoas do PRES CONJ.
Na 3ª conjugação, com VRAD – e- e –o-, a alternância é –i|-E e –u |-O, comparando a IP do PRES IND e todas as pessoas do PRES CONJ.
1.2.8.2. Nos verbos irregulares
Nos verbos irregulares da 2ª e 3ª conjugaçõe, há 2 tipos alternâncias, nos tempos do PRES e nos tempos do PASS. 
Nos tempos do PRES (IND e CONJ), as formas da IP do PRES IND e todas do PRES CONJ, há 2 espécies de características, comparativamente com o INF,
· ou uma consoante diferente no RAD: perder » perco »perca; poder » posso »possa; ouvir » oiço » oiça; trazer » trago » traga;
· ou uma semivogal a seguir à V do RAD, semivogal que não aparece no INF: caber » caibo » caiba; saber » sei » saiba; ca´ir » ´caio » ´caia; querer » quero » queira.
Nos tempos do PASS (PERF IND, MQPERF IND, IMPERF CONJ e FUT) de alguns verbos, manifesta-se,
· ou a alternância da V e da C do RAD, relativamente ao INF: ter » tive » tivesse » tiver; pôr » pus » pusera » puser; querer » quis » quisesse » quisera » quiser;
· ou somente a alternância da V: fazer » fiz » fizera » fizer; poder » pude » pudesse » puder; haver » houve » houvesse » houvera » houver.
1.3. 
As representações das estruturas morfológicas e as suas restrições
As representações das estruturas internas das unidades morfológicas ou lexicais devem anotar que, para cada caso de associação de morfemas, a prefixação só pode ocorrer, concluída a sufixação, ou seja, havendo muitos prefixos e muitos sufixos para a formação de palavras, inicia a sufixação, depois segue a prefixação, na associação dos afixos às bases.
Sublinha-se que nenhuma pergunta chega a avaliar as formas de representação da estrutura interna das palavras. No entanto, sabe-se que as palavras de uma língua podem ter um, dois ou mais constituintes, na sua estrutura interna. Excluem-se, aqui as palavras, de cujo radical é a própria palavra, como café, pau feliz, etc. que têm apenas uma sequência constitutiva.
A representação da estrutura interna de palavras é governada por princípios e condições da boa formação das palavras, como foi referido anteriormente e utiliza dois recursos disponíveis: a “árvore” e a “rescrita”. Tanto na representação em “árvore”, como pela “rescrita”, respeitam –se as regras da boa formação de palavras.
As regras de representação da estrutura de palavras são restringidas pelas quatro hipóteses, postas à luz, por MATEUS et al. (1990:470), com o corolário de SCALISE (1984), SIEGEL (1974) e ARONOFF (1976). Apresentamos, na alínea anterior os detalhes de a Hipótese de Ramificação Binária, a Hipótese da Unicidade das Bases, a Hipótese sobre a Combinação dos Afixos e a Hipótese sobre a Ordenação dos Afixos.[footnoteRef:7], como condições e princípios da boa organização do léxico. [7: SCALISE, SIEGEL (1974) e ARONOFF (1976) são citados por MATEUS et al. (1990:470).] 
Assim, para representar a estrutura interna da palavra infalibilidade, é preciso desencadear os processos morfológicos e sintácticos da seguinte ordem:
	1º 
	Fal RAD + ir SufV > falir
	- Verbalização, por flexão
	2º
	Falir BaseV + bil SufAdj > falível
	- Adjectivação deverbal
	3º
	Falível BaseAdj + idade SufN > falibilidade
	- Nominalização deadjectival
	4º
	In PrefN + falibilidade BaseN > infalibilidade
	- Nominalização denominal
Esta ordenação permite a verificação da boa formação da palavra:
1. Em cada fase da aplicação dos processos de formação, há sempre dois constituintes na estrutura: uma base e um sufixo, ou uma base e um prefixo.
2. Os sufixos –bil, corrompidos em –vel, precede o sufixo –idade, não aleatoriamente, mas numa condição de a base é verbal. Esta condição impede que o sufixo –idade seja primeiro. Da fixação do sufixo –vel para formar uma base adjectival, favorece a sufixação em –idade, que exige esta condição.
3. Observando a ordenação dos processos de formação, nota-se que se prioriza a sufixação em prejuízo da prefixação que ocorre, depois de concluído aquele processo.
Da observância das condições impostas para a boa representação de estruturas internas de palavras, ocorrem os seguintesmodelos de representação:
A) Representação em “árvore” da palavra Infalibilidade:
 N
 N
 Adj
 V
Pref Rad SufV SufAdj SufN
 In fal ir .bil idade
B) Representação pela “rescrita” da palavra Infalibilidade:
l
[In Prefn [[[fal RAD ir SufV]BaseV bilSufAdj]BaseAdjidadeSufN]BaseN
Com esta análise, entra-se numa verdadeira análise morfológica, como marco para o afastamento dos dogmas fixados, quer em FIGUEIREDO (1968), quer em MONTEIRO (2002).
Referências bibliográficas
1. CUNHA, Selso e CINTRA, Lindley. Gramática do Português contemporâneo. Lisboa, Sá de Costa Editora, 1999.
2. MATEUS, Maria Helena Mira, DUARTE, I. et al. Gramática de Língua Portuguesa. Lisboa, CAMINHO, 2003.
3. MATEUS, Maria Helena Mira, DUARTE, I. et al. Gramática de Língua Portuguesa. Lisboa, CAMINHO,1989.
4. MATEUS, Maria Helena Mira et al. Fonética, fonologia e Morfologia do Português. Lisboa, Universidade Aberta, 1990.
5. MONTEIRO, Deolinda e PESSOA, Beatriz. Guia Prático do Verbos Portugueses. Lisboa, LIDEL, 1999.
6. MONTEIRO, L.A. Pinto. Gramática Moçambicana de língua Portuguesa. Maputo, INLD, 2002.
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