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T R O V A D O R I S M O O Trovadorismo é uma Escola Literária que surgiu durante a Idade Média. Ainda não sabe muito sobre esse movimento? O resumo do Trovadorismo; O contexto histórico; As principais características do movimento; Como foi o Trovadorismo em Portugal. Resumo do Trovadorismo O Trovadorismo foi um movimento literário que surgiu durante a Idade Média, mais precisamente no século XI no sul da França. Esse movimento se espalhou por toda a Europa e teve seu declínio no século XIV quando começou o Humanismo. Esse movimento foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Nessa época, as poesias (chamadas de cantigas) eram feitas para serem cantadas ao som da flauta, viola ou alaúde. O trovador era o autor das composições. O cantor era chamado de jogral, e o menestrel era considerado superior ao jogral por ter mais instrução e habilidades artísticas, sabia tocar e cantar. Os textos poéticos do Trovadorismo eram marcados por traços requintados da aristocracia e expressavam a veneração pela mulher. O Trovadorismo atingiu o seu ápice por volta de 1150 a 1170. Contexto Histórico do Trovadorismo O Trovadorismo ocorreu durante a Idade Média, época em que a Igreja Católica e o sistema feudal dominavam a Europa. Por isso, os valores da sociedade eram regidos pela Igreja e pela fé no cristianismo. Nesse contexto, o Teocentrismo – Deus no centro do Universo – foi sua principal característica. Sendo assim, o homem ocupava um lugar secundário, de criatura e não de criador, e seguia os valores cristãos. Dessa maneira, a Igreja medieval era a instituição social mais importante e a maior representante da fé cristã. Ela ensinava os valores e influenciava diretamente o comportamento e o pensamento do homem. Já o Feudalismo, ou sistema feudal, estava baseado numa sociedade rural e autossuficiente. Nele, o camponês vivia do trabalho no campo, cultivando para si (subsistência) e para o senhor que cedia as terras. Naquele momento, poucas pessoas eram estudadas, a maior parte delas eram monges. Assim, a sociedade era dividida entre o clero (Igreja), a nobreza (senhores feudais) e a plebe (camponeses). Características do Trovadorismo As características mais marcantes do Trovadorismo são: Relação entre poesia e música; Gênero lírico e satírico; Veneração ao ser amado; Retratação da amizade; Crítica ao contexto político e social; Trocadilhos e termos ambíguos; Retratação do modo de vida na aristocracia feudal. Veja a explicação de cada uma dessas características a seguir! Relação entre poesia e música No Trovadorismo, poesia e música estão intimamente ligados. Os poemas e versos citados eram sempre acompanhados de instrumentos musicais, como: viola, lira, flauta e harpa. Por esse motivo foram chamados de cantigas trovadorescas. As coletâneas das cantigas do período do Trovadorismo são chamadas de cancioneiros. Os cancioneiros mais conhecidos são: o Cancioneiro da Biblioteca de Lisboa e o Cancioneiro da Vaticana. Gênero lírico e satírico O Trovadorismo era dividido em dois gêneros: o lírico e o satírico. Esses dois gêneros possuem características bem diferentes. O gênero lírico englobava as cantigas de amor e as cantigas de amigo, que relatavam as sensações e os sentimentos envolvidos nestas relações. A produção literária e poética do período do trovadorismo era muito voltada à temática do amor e do sofrimento amoroso. Já o gênero satírico fazia críticas ao modo de vida na sociedade feudal da época. Eram divididas em dois tipos: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. As duas eram cantigas que faziam sátiras ou deboches, mas existia entre elas a diferença em relação à forma como a sátira era feita. A cantiga de escárnio era mais leve e a cantiga de maldizer era mais direta e ácida no seu conteúdo. Veneração ao ser amado Nas cantigas de amor, os trovadores escreviam em primeira pessoa e era comum que eles se colocassem em uma posição de inferioridade e submissão em relação à mulher que amavam. Existia uma forte tendência de veneração e adoração à mulher amada, que era idealizada e inalcançável, assim como o próprio amor era idealizado. O amor descrito era cheio de cortesia, mas era sofrido e tinha características de um amor impossível ou não correspondido. Retratação da amizade Nas cantigas de amigo o principal tema era o amor-amizade e a amizade. As cantigas de amigo eram protagonizadas por uma narradora feminina, não idealizada e humilde, que declarava a sua amizade a um amigo ou a um amor platônico. Uma curiosidade sobre as cantigas de amigo é que, embora os trovadores que escreviam as cantigas fossem homens, estas eram escritas em primeira pessoa e sempre no feminino. Pergaminho de uma cantiga de amigo de Martim Codax. Crítica ao contexto político e social Um dos temas principais das cantigas satíricas eram as críticas feitas ao modo de vida na sociedade feudal da época. Trocadilhos e termos ambíguos O uso destes termos era comum nas cantigas de escárnio, que eram mais leves e continham sátiras de maneira indireta. Estas cantigas eram formadas por frases com duplo sentido e com trocadilhos que, indiretamente, satirizavam o objeto da cantiga. Retratação do modo de vida na aristocracia feudal O Trovadorismo surgiu durante o ápice do Feudalismo, por isso muito do que foi produzido na literatura e na poesia na época refletia o modo de vida e os costumes sociedade aristocrática feudal. Os comportamentos e valores da época, as relações entre os senhores feudais e os seus vassalos e as Cruzadas foram temas das cantigas trovadorescas. Muitas vezes o feudalismo e o modo de vida aristocracia eram descritos com sarcasmo nas cantigas satíricas. Trovadorismo em Portugal O Trovadorismo teve em Portugal o seu centro irradiador na Península Ibérica. Os Cancioneiros são os únicos documentos que reúnem características do Trovadorismo. São coletâneas de cantigas com características variadas e escritas por diversos trovadores. O Trovadorismo português teve seu ápice nos séculos XII e XIII, entrando em declínio no século XIV. O rei D. Dinis (1261-1325) foi um grande incentivador que prestigiou a produção poética em sua corte. Foi ele próprio um dos mais talentosos trovadores medievais com uma produção de 140 cantigas líricas e satíricas aproximadamente. Além dele, outros trovadores obtiveram grande destaque: Paio Soares de Taveirós João Soares Paiva João Garcia de Guilhade Martim Codax H U M A N I S M O O Humanismo é o nome dado a uma corrente filosófica e artística que surgiu no século XV na Europa. Na literatura, ele representou o período de transição (escola literária) entre o Trovadorismo e o Classicismo, bem como da Idade Média para a Idade Moderna. Note que o termo “Humanismo” abriga diversas concepções. No geral, corresponde ao conjunto de valores filosóficos, morais e estéticos que focam no ser humano, daí surge seu nome. Do latim, o termo humanus significa “humano”. Trata-se de uma ciência que permitiu ao homem compreender melhor o mundo e o próprio ser. Isso ocorreu durante o período do Renascimento Cultural. Características do Humanismo As principais características do Humanismo são: Racionalidade Antropocentrismo Cientificismo Modelo Clássico Valorização do corpo humano e das emoções Busca da beleza e perfeição Humanismo em Portugal O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes para cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418. O movimento com foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a chegada do poeta Sá de Miranda da Itália em 1527. Isso porque ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova medida chamada de “dolce stil nuevo” (Doce estilo novo). Esse fato permitiu o início do classicismo como escola literária. Autores e Obras O teatro popular, a poesia palaciana e acrônica histórica foram os gêneros mais explorados durante o período do humanismo em Portugal. Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o pai do teatro português, escrevendo “Autos” e “Farsas”, dos quais se destacam: Auto da Visitação (1502) O Velho da Horta (1512) Auto da Barca do Inferno (1516) Farsa de Inês Pereira (1523) Fernão Lopes (1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica humanista, além de fundador da historiografia portuguesa. De suas obras merecem destque: Crônica de El-Rei D. Pedro I Crônica de El-Rei D. Fernando Crônica de El-Rei D. João I Com destaque para a poesia palaciana, Garcia de Resende (1470-1536) foi o maior representante com sua obra Cancioneiro Geral (1516). Principais Humanistas Os humanistas eram os estudiosos da cultura antiga que se dedicavam, sobretudo, aos estudos dos textos da antiguidade clássica greco-romana. https://www.todamateria.com.br/caracteristicas-do-humanismo/ https://www.todamateria.com.br/fernao-lopes/ https://www.todamateria.com.br/classicismo/ https://www.todamateria.com.br/gil-vicente/ https://www.todamateria.com.br/auto-da-barca-do-inferno/ https://www.todamateria.com.br/prosa-historiografica/ https://www.todamateria.com.br/cancioneiro-geral-portugues/ Petrarca, Dante Alighieri e Boccaccio são certamente os poetas italianos humanistas que merecem destaque. Todos eles foram influenciados por características do período como o culto às línguas e às literaturas greco-latinas (modelo clássico). Além deles, grandes representantes da literatura humanista foram: o teólogo holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536); o escritor inglês Thomas More (1478-1535); o escritor francês Michel de Montaigne (1533-1592). Contexto Histórico A época renascentista foi um momento de importantes transformações na mentalidade europeia. Assim, com a invenção da imprensa, as grandes navegações, a crise do sistema feudal e o aparecimento da burguesia, surge uma nova visão do ser humano. Essa mudança veio questionar os velhos valores num impasse desenvolvido entre a fé a razão. Nesse momento, o teocentrismo (Deus como centro do mundo) e a estrutura hierárquica medieval (nobreza-clero-povo) sai de cena, dando lugar ao antropocentrismo (homem como centro do mundo). Esse último, foi o ideal central do humanismo renascentista. Humanismo Renascentista O Humanismo Renascentista (XIV e XVI), nascido em Florença na Itália, foi um movimento intelectual de valorização do homem. Tem o antropocentrismo como sua principal característica, em detrimento do teocentrismo que vigorou durante a Idade Média. Surgido na Itália no século XV, o Humanismo rapidamente difundiu-se pela Europa durante o século XVI. Ele se desenvolveu em diversos campos do conhecimento e das artes: literatura, escultura, artes plásticas, etc. https://www.todamateria.com.br/francesco-petrarca/ https://www.todamateria.com.br/dante-alighieri/ https://www.todamateria.com.br/erasmo-de-roterda/ https://www.todamateria.com.br/thomas-more/ https://www.todamateria.com.br/michel-de-montaigne/ https://www.todamateria.com.br/teocentrismo/ https://www.todamateria.com.br/antropocentrismo/ https://www.todamateria.com.br/humanismo-renascentista/ C L A S S I C I S M O O Classicismo foi um movimento cultural que fez parte do Renascimento europeu, durante os séculos XV e XVI. Como o próprio nome aponta, a proposta do Classicismo era um retorno às formas e temas da Antiguidade Clássica, ou seja, Grécia e Roma antigas. Contexto histórico O período da Idade Média durou cerca de 10 séculos na Europa (século V – século XV). Durante esse longo período de tempo, o desenvolvimento científico e cultural dependia do aval ou do aceite da Igreja Católica, que exercia influência política e socioeconômica em toda a Europa. Enquanto a riqueza na Idade Média estava relacionada à posse da terra e à tradição, as trocas comerciais que se estabeleceram com o mercantilismo tornaram o dinheiro a grande fonte de poder. O intercâmbio com civilizações da Ásia e da África, sobretudo com povos de origem árabe, abriu para os europeus novos horizontes, como o desenvolvimento da matemática e os instrumentos de navegação, como o astrolábio. Os espaços geográficos abriam-se, com a descoberta de novas rotas pelo mar, levando até a chegada aos territórios do grande continente americano: eram as Grandes Navegações. Tudo isso foi possível graças ao Renascimento, movimento científico e cultural que tomou conta da Europa no século XV. Esquivando-se da censura ideológica da Igreja, pensadores e cientistas elaboraram novas teorias e invenções: Nicolau Copérnico propõe o modelo heliocêntrico do Universo, Galileu Galilei descobre as leis que regem a queda dos corpos, Johann Gutemberg inventa os tipos móveis para imprimir os livros, tarefa antes delegada aos monges copistas. O horizonte cultural do Renascimento era a Antiguidade Clássica. A Grécia Antiga é considerada o berço do pensamento ocidental (tendo influenciado diretamente a cultura dos romanos), por isso o retorno às formas clássicas foi o propósito estético dos renascentistas. O Classicismo tem sua gênese na Itália, ao final do século XIII, com o surgimento do pensamento humanista. Principais características do Classicismo Busca pelo equilíbrio, pela proporção, pela objetividade e pela transparência. Obra mimética como reflexão de uma natureza que segue leis universais, ou seja, a obra como concerto harmônico. Contenção da subjetividade, dos ímpetos da interioridade: o que vale é a obra, não o que sente ou pensa o autor. O autor deve desaparecer perante a obra. Rigor formal: cada forma utilizada no texto clássico deve seguir um conjunto de regras próprio. Separação das artes: os gêneros textuais não se misturam. A poesia lírica tem seu próprio método e características que não devem ser confundidos com aqueles da poesia épica, ou da dramaturgia, por exemplo. Noção do ideal de beleza grego, também norteado pela proporção e pelo equilíbrio das formas. Neoplatonismo. Temas da mitologia greco-romana. Valorização da racionalidade em oposição à sentimentalidade e do universal em detrimento do particular. Antropocentrismo, a centralidade da existência humana em relação ao Universo e àquilo que o compõe. Obra como veiculadora de verdades e ensinamentos que permitam aperfeiçoar a alma humana. Adoção de formas textuais da Antiguidade Clássica, predominantemente a dramaturgia e os gêneros da tragédia e da comédia, e a poesia, nos gêneros lírico e épico. Classicismo em Portugal Embora na Itália o Classicismo tenha se insinuado em meados do século XIII, é apenas em 1527, com Sá de Miranda, que o movimento tem início em Portugal. Influenciado pelo dolce stil nuovo, “doce estilo novo”, em tradução livre, que aprendera na Itália, Sá de Miranda introduz à literatura o gênero do soneto decassílabo, que ficaria conhecido como “medida nova”, em oposição à “medida velha”, a das redondilhas (cinco ou sete sílabas métricas). Foi predominante no Classicismo português a temática do neoplatonismo, escola filosófica que retomava a filosofia amorosa de Platão, tratando o amor não a partir da sensualidade, mas por seu viés filosófico e religioso. Além disso, os poetas do período valorizaram sobretudo os grandes feitos nacionais, as conquistas do povo português, assunto da poesia épica. Pode-se entender, portanto, que o Classicismo em Portugal voltou-se para dois principais temas: amor e bravura. https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-antiguidade.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-antiguidade.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/conceito-idade-media.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/influencia-igreja-historia.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-mercantilismo.htmhttps://brasilescola.uol.com.br/historiag/expansao-maritima-europeia.htm https://brasilescola.uol.com.br/geografia/geocentrismo-heliocentrismo.htm https://brasilescola.uol.com.br/biografia/galileu-galilei.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/invencao-imprensa.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-grecia-antiga.htm https://brasilescola.uol.com.br/redacao/generos-textuais.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-lirico.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-epico.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/genero-dramatico.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poesia-poema-prosa.htm Principais autores e obras Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 1481 – Amares, 1558) Precursor do Classicismo português, foi o responsável pela introdução do verso decassílabo em Portugal. Teve algumas poesias publicadas no Cancioneiro geral (1516), compilado antológico da poesia humanista. Introduziu também, em língua portuguesa, as formas da canção da sextina e as produções em tercetos e em oitavas, sendo responsável pela formação dos poetas portugueses, tendo grande influência na literatura que se desenvolveu no período. Eram parte de suas temáticas a reflexão moral, filosófica e política, além do lirismo amoroso. Escreveu também textos dramatúrgicos e cartas em forma de verso. Exemplo de soneto de Sá de Miranda Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo; Não posso viver comigo Nem posso fugir de mim. Com dor da gente fugia, Antes que esta assi crecesse: Agora já fugiria De mim, se de mim pudesse. Que meo espero ou que fim Do vão trabalho que sigo, Pois que trago a mim comigo Tamanho imigo de mim? (Sá de Miranda) Luís Vaz de Camões (1524/1525-1580) O berço de nascimento de Camões é incerto: provavelmente Lisboa, provavelmente em 1524 ou 1525, mas as cidades de Coimbra, Santarém e Alenquer também reivindicam ser o local onde o poeta nasceu. De origem fidalga, Camões teve uma educação sólida e era conhecedor de história, geografia e literatura. Deu início ao curso de Teologia na Universidade de Coimbra, que abandonou por levar uma vida incompatível com os preceitos religiosos. Conquistador, Camões teve muitas paixões e seus versos eram muito prestigiados pelas damas da corte. Envolveu-se em duelos e fez inimizades, o que o levou a alistar-se e embarcar, como soldado, para Ceuta, lutando contra os mouros e perdendo o olho direito em combate. Já em liberdade, embarcou para a Índia, em 1554, e viveu também em Macau. Salvou-se de um naufrágio em 1556, levando consigo os originais de sua mais célebre obra, o poema épico Os Lusíadas. Morreu em Portugal, em 1580. Camões é considerado o mais importante poeta de língua portuguesa e um dos maiores da literatura universal. Sua produção literária é múltipla e contempla tanto as formas eruditas quanto as formas populares, de trovas, inspiradas em velhas cantigas medievais. A obra de Camões pode ser dividida em dois eixos principais: a poesia lírica e a épica. A lírica camoniana é composta principalmente de temas amorosos, bastante influenciada pelo neoplatonismo, que convive com os temas sensuais, estabelecendo quase sempre uma contradição. As antíteses da presença-ausência, amor espiritual-amor carnal, vida-morte, sonho-realidade são muito presentes em seus poemas, o que o torna um antecipador do movimento maneirista. Além disso, Camões compôs na chamada “medida velha”, as redondilhas, ligadas à tradição popular, e na “medida nova”, o poema decassílabo, forma preferida para a exposição de temas e sentimentos complexos. Exemplo da poesia de Camões Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/luis-camoes.htm https://brasilescola.uol.com.br/historia/ https://brasilescola.uol.com.br/geografia/ https://brasilescola.uol.com.br/literatura/ E se vires que pode merecer-te Algua cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou. (Camões) Os Lusíadas Camões ficou muito conhecido por seu trabalho como sonetista, mas sua grande obra foi Os Lusíadas, poema épico de cunho nacionalista que exalta o período das Grandes Navegações portuguesas. Inspirado em Virgílio e Homero pela forma e pelo tema, Camões utiliza-se também da mitologia greco-romana para tecer a epopeia: Baco teria se voltado contra os portugueses, por ser dono dos territórios indianos, e Vênus, por gostar do povo lusitano, estaria a seu favor. Assim, a viagem real de Vasco da Gama mistura-se a essa narrativa mitológica. Escritos em 10 cantos com oito estrofes cada um, Os Lusíadas é obra de linguagem culta e elevada, conforme a característica da poesia épica, e canta heroicamente os reis e os fidalgos portugueses a partir da conquista dos novos territórios, adicionando também outros episódios gloriosos da história de Portugal. Canto I As armas e os barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram; E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando: Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. [...] (Camões, Os Lusíadas.) https://brasilescola.uol.com.br/historiag/nacionalismo.htm
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