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INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 1 | P á g i n a Sumário APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 3 UNIDADE I - Aspectos Legais na atuação policial militar ........................................................ 4 Aula 1 .................................................................................................................................. 6 1. Princípio da legalidade, excludentes de ilicitude e uso seletivo/diferenciado da força. .. 6 2. Uso seletivo/diferenciado da força. .................................................................................. 6 Aula 2 ................................................................................................................................ 12 1. Aspectos jurídicos da abordagem policial ....................................................................... 12 2. Procedimentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro por ocasião das ocorrências policiais que envolvam prisão. ............................................................................ 24 3. Uso da algema ................................................................................................................. 27 4. Infrações de menor potencial ofensivo, infrações penais afiançáveis e inafiançáveis, crimes hediondos e outros conceitos importantes................................................................. 31 5. Decálogo do Policial Militar ............................................................................................. 35 UNIDADE II - Preenchimento do BOPM, Vade Mecum de Ocorrências Policias e Procedimentos policiais gerais. .......................................................................................... 37 Aula 3 ................................................................................................................................ 37 1. Vade Mecum de Ocorrências Policiais ............................................................................ 37 Aula 4 ................................................................................................................................ 48 1. O Boletim de Ocorrências Policiais Militares (BOPM) ..................................................... 48 2. Procedimentos Gerais em Ocorrências Policiais Militares .............................................. 64 Aula 5 ................................................................................................................................ 67 UNIDADE III - Local de Infração penal – Preservação e demais providências ........................ 67 AULA 6 .............................................................................................................................. 69 1. Local de Infração penal – Preservação e demais providências ....................................... 69 2. Da investigação preliminar: ............................................................................................. 73 3. O Trato com profissionais de imprensa: ......................................................................... 78 4. Ocorrências envolvendo Roubos e Furtos ...................................................................... 79 UNIDADE IV- Procedimentos em Ocorrências Policiais Militares .......................................... 83 Aula 7 ................................................................................................................................ 84 1. Ocorrência envolvendo Acidentes de Trânsito ............................................................... 84 2. O Uso do Boletim de Registro de Acidente de Trânsito (BRAT) ...................................... 87 3. Ocorrências envolvendo crimes de trânsito ................................................................... 96 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 2 | P á g i n a Aula 08 .............................................................................................................................. 99 1. Ocorrências envolvendo apreensão de armas e drogas ................................................. 99 2. Ocorrências envolvendo apreensão armas de fogo. ..................................................... 102 3. Das armas brancas. ....................................................................................................... 106 4. Crimes de Desacato, desobediência, resistência e abuso de autoridade. .................... 108 5. Crimes de Corrupção Ativa, Corrupção Passiva, Extorsão e Concussão. ...................... 111 6. Crimes de rixa, lesões corporais, e contravenção penal de vias de fato. ..................... 112 7. Código 01.136 - Crime de Dano .................................................................................... 115 8. Lei de contravenções penais (LCP) ................................................................................ 118 9. Ocorrências envolvendo som alto, perturbação da tranquilidade, trabalho e sossego alheios. .................................................................................................................................. 121 10. Ocorrências assistenciais ............................................................................................... 134 UNIDADE V - Ocorrências envolvendo Grupos em situação de vulnerabilidade .................. 136 Aula 9 - Ocorrência simulada, e confecção de BOPM/BRAT .............................................. 136 Aula 10 ............................................................................................................................ 138 1. Atuação no atendimento à mulher ............................................................................... 138 2. Procedimentos em abordagens e prisões contra a mulher .......................................... 141 3. Ocorrência envolvendo Crianças e adolescentes .......................................................... 142 4. Ocorrências envolvendo Idoso ...................................................................................... 145 5. Atuação policial no atendimento a moradores de rua ................................................. 147 Aula 11 ............................................................................................................................ 150 1. Atuação policial no atendimento à diversidade sexual................................................. 150 2. Atuação policial no atendimento às minorias ............................................................... 152 3. Procedimentos em ocorrências envolvendo Autoridades. ........................................... 156 Aula 12 ............................................................................................................................ 164 1. Gerenciamento de Crises .............................................................................................. 164 2. Gerenciamento de Crise em local de incêndio ............................................................. 168 3. Ocorrências envolvendo Distúrbios Civis – Procedimentos. ......................................... 170 4. Ocorrência com tomada de reféns – Procedimentos ................................................... 179 Aula 13 - Ocorrência simulada, e confecção de BOPM/BRAT ........................................... 1854 Aula 14 - Ocorrência simulada, e confecção de BOPM/BRAT ............................................. 185 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 186 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 3 | P á g i n a APRESENTAÇÃO Prezado aluno, A presente apostila tem o escopo de ser um instrumento de consulta para que – durante a instrução no CFSD- ou mesmo após a formatura, o policial militar possa ter um compendium dos principais protocolos da Corporação.A disciplina IPAT 3 é a prática operacional policial militar; portanto, neste material, você encontrará os principais procedimentos policiais. Saberá quais caminhos adotar em determinada situação e terá inúmeros dispositivos normativos citados para subsidiar a ação policial. Considerando a infinidade de possíveis ocorrências, priorizou-se somente àquelas de maior frequência na rotina policial, ou que geralmente apresentam um grau de dificuldade maior na ação operacional. Para tanto, utilizou-se como parâmetro a quantificação de ocorrências no 2º semestre de 2013, com base no Relatório Estatístico de Atividades Policiais (REAPM), elaborado pelo Escritório de Gestão da Qualidade do Estado Maior Geral. Da análise, pode-se perceber que a apostila contempla mais de 50% de todas as possíveis ocorrências em tal período. Quanto às ocorrências não contempladas neste material, não há que se preocupar; pois as mesmas são de procedimentos similares às estudas nesta disciplina. E, ainda, é ensinado sobre o Vade Mecum de Ocorrências Policiais, sobre o Boletim de Ocorrências Policiais Militares (BOPM), e o Boletim de Registro de Acidente de Trânsito (BRAT). A compreensão desses documentos é imprescindível para o desenvolvimento de uma boa ocorrência. Bom estudo! Quarte General, em 11 de janeiro de 2017. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 4 | P á g i n a UNIDADE I - Aspectos Legais na atuação policial militar Nesta Unidade, não se tem a pretensão de aprofundar os conteúdos quanto aos aspectos legais na atuação policial militar. Assuntos referentes ao princípio da legalidade, excludentes de ilicitude, aspectos jurídicos da abordagem policial, ou sobre infrações de menor potencial ofensivo, infrações penais afiançáveis e inafiançáveis, já foram trabalhados neste Curso de Formação. Logo, é importante que apontemos os conceitos assimilados de forma pragmática, ou seja, ligada à prática operacional policial militar, objeto desta disciplina. Outrossim, é importante que o policial militar saiba que são esses conceitos que irão basear sua ação durante o desempenho profissional. De uma ocorrência assistencial até operações especiais, a atenção aos aspectos legais que cercam a atividade policial deve ser retamente seguida, a fim de se evitar responsabilidades civis, administrativas ou criminais. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 5 | P á g i n a Aconteceu... Perseguição insana Em vídeo, PMs do Rio de Janeiro culpam vítimas por ação policial que terminou com a morte de uma estudante a tiros de fuzil. (...) As imagens, gravadas pelas câmeras de um carro de patrulha, registram em detalhes a ação policial que culminou na morte da universitária Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, às 5 da manhã de 2 de agosto de 2014. A sequência é espantosa. Haíssa, na companhia de três amigas, volta de uma festa no banco de trás de um Hyundai, guiado por um colega. Uma patrulha da Polícia Militar avista o carro e o considera suspeito — simplesmente porque, como alegaram mais tarde os PMs, o modelo, o HB20, é um dos mais roubados no Rio e seu motorista usava boné. Em apenas 24 segundos de perseguição, o PM Márcio José Watterlor Alves, com o corpo para fora do carro, dispara nove tiros de fuzil contra o veículo. Um deles atinge as costas de Haíssa. Ela é socorrida e levada a um hospital no Hyundai. Suas amigas, desesperadas, seguem o trajeto no carro da polícia. No caminho, Alves e o colega se dirigem a elas como se fossem as responsáveis pela tragédia: ―Por que não pararam?‖. Depois, recuam: ―Não justifica ter dado o tiro‖. Ao relatar a ocorrência pelo rádio, Alves comenta atônito: ―Não sei nem o que falo‖. Em novembro, o PM foi indiciado por homicídio doloso — seu terceiro auto de resistência (morte a tiros) em quatro anos de PM. O jovem que dirigia o carro declarou em depoimento não ter parado por pensar que os policiais perseguiam uma moto que ia atrás dele. (...) Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/perseguicao-insana, acessado em 11 de janeiro de 2015. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/perseguicao-insana INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 6 | P á g i n a Aula 1 1. Princípio da legalidade, excludentes de ilicitude e uso seletivo/diferenciado da força. A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro é a organização pública mais presentes no cotidiano do fluminense; não há dúvidas que sua falta acarreta total instabilidade social. Infelizmente, sua a imagem institucional frequentemente é associada ao uso indevido da força, a atos de ilegalidade, ou a violência de uma forma em geral. Cabe a todos os policiais militares zelar pela imagem da Corporação, pois sua mácula acaba por afetar todos os integrantes: do Coronel mais antigo ao mais moderno Soldado. Em um sentido amplo, cabe à polícia a preservação da sociedade, de sua ordem, e das Instituições. Protege, sempre, pessoas; ou seja, pessoas naturais (físicas) ou pessoas jurídicas de direito público ou privado. Logo, segue como corolário o princípio da legalidade. O princípio da legalidade surge para que o cidadão não seja obrigado a se submeter a arbitrariedades; principalmente daqueles que são detentores do poder. Logo, aparece, também, para balizar a conduta dos agentes públicos, impondo a eles - como regra - que se faça somente o que se prevê em lei. Como dissertou Celso Antônio Bandeira de Melo, “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. É pela lei e, conforme a lei, que o policial age. Para tanto, deve ele conhece- la, caso contrário não poderá atuar corretamente, podendo até ser responsabilizado por alguma conduta ilícita. E, é para manter a Lei, que o Estado utiliza a violência legítima. É a Força o instrumento de preservação da ordem, e que geralmente é conferido à polícia; embora não se limite a ela. 2. Uso seletivo/diferenciado da força. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 7 | P á g i n a Podemos, de acordo com o tópico anterior, afirmarmos, então, que a força policial é uma intervenção sobre uma ou mais pessoas, com o objetivo de obter uma situação de segurança, ordem pública, ou enquadramento legal. No ordenamento jurídico brasileiro, há disposições que disciplinam o uso da força: “Código de Processo Penal (CPP) Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas. Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. Código de Processo Penal Militar (CPPM) Art. 234. O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do executor e INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 8 | P á g i n a auxiliaresseus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas. § 1º O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art. 242. § 2º O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário para vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de auxiliar seu.” É relevante salientar que a força não somente se restringe a uma ação física do policial, é oriunda de uma gradiente de opções, da simples ostentação até a força letal, sacrificando o bem jurídico mais valioso: a vida. Note que nenhum direito é absoluto, nem mesmo a vida, podendo sê-lo restringido, desde que- em regra- haja previsão legal. É nesse contexto que devemos nos lembrar das excludentes de ilicitude, previstas no artigo 23 do Código Penal. É através dessas, que o policial poderá se eximir da responsabilidade penal, caso tenha que usar de força. A excludente de ilicitude mais frequente na atuação policial é a legítima defesa, prevista no artigo 25 do CP. “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” Podemos perceber que do artigo supracitado há elementos imprescindíveis para a caracterização da legítima defesa. Inicialmente deve haver uma injusta agressão contra o direito do policial ou o direito de outra pessoa. Também, deve ser atual ou iminente. Por atual, podemos entender que a agressão injusta já está sendo manifestada contra o direito do policial ou de outrem. Diferente da agressão iminente, ou seja, quando já se está na iminência da agressão. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 9 | P á g i n a Para caracterizar a legítima defesa deve haver também o uso moderado dos meios necessários. Ou seja, deve-se ter proporcionalidade para repelir a injusta agressão. Por exemplo: no caso de uma lesão corporal leve atual (um tapa, p.ex.), não é moderado e necessário o uso da arma de fogo. Neste caso, deve-se usar outro recurso de força, como a imobilização, por exemplo. Para facilitar o entendimento de qual recurso de força utilizar, inúmeras polícias no mundo criaram graficamente esquemas demonstrando os recursos a serem empregados, dependendo da ação do cidadão. Vejamos, abaixo, o modelo estadunidense mais conhecido, o FLETC: Fonte: extraído do curso Uso Diferenciado da Força, SENASP/MJ. Observe que para cada atuação ou resposta do cidadão, há uma ação/resposta policial. Se há uma atitude do cidadão submissa, usa-se somente a verbalização. Se houver, por exemplo, uma resistência ativa por parte do cidadão, deve- se utilizar as técnicas de submissão. Ainda, se houver uma injusta agressão por parte do cidadão, gerando perigo de morte para o policial ou outra pessoa, usa-se o último recurso: a força mortífera. Note que todas as respostas policiais às ações do cidadão, demonstradas no modelo FLETC, são respostas moderadas e empregadas com os meios necessários. Portanto, em legítima defesa. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 10 | P á g i n a Dessa forma o emprego errado de um dos níveis de força, levando-se em consideração um ato do cidadão agressivamente inferior ao meio de força policial empregada, não há – neste caso – uma ação policial calcada na excludente de ilicitude. Por fim, é importante que o policial saiba que em toda intervenção policial, deverá sempre atentar para os elementos abaixo, garantindo o sucesso da ocorrência, bem como sua rápida finalização: • Aproximação – Priorize a segurança da guarnição e de terceiros, aproximando- se com segurança e favorecimento tático. • Posicionamento – Em qualquer atuação policial, quando houver receio de que possam ocorrer injustas agressões, deve-se priorizar um posicionamento que permita a segurança da guarnição policial e de terceiros. • Verbalização – Toda intervenção policial deve priorizar a verbalização, de ocorrências assistenciais, até em abordagens de criminosos armados. • Uso adequado de equipamentos - O policial militar deve estar preparado para situações inesperadas. Por isso, deve sempre ter em mãos armas de menor potencial lesivo (bastão policial, espargdor de pimenta, taser, etc.). Também, sempre deve estar utilizando os equipamentos de proteção individuais adequados (coletes balísticos, capacetes, etc.). • Linguagem Corporal – Há estudos que comprovam que mais de 70% da comunicação humana é não-verbal. Logo, tenha uma postrura amiga, empática, e solucione a ocorrência de forma pacífica. • Postura – O policial militar é o maior propagandista da Corporação. Por isso, uma postura correta, com alinhamento de fardamento, e atuações educadas, faz com que a imagem institucional seja preservada. Uma má postura pode até ser recebida de forma menos séria pelo cidadão. • Resolução Pacífica – Toda atuação policial deve ser calcada neste princípio. Esse é o objetivo da Polícia Militar, ser um instrumento de pacificação social. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 11 | P á g i n a Atenção! Casos famosos de uso indevido da força policial, cujas ações foram dolosas ou culposas e resultaram na morte de inocentes: 7 de outubro de 1963 – A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais atira, com metralhadoras, contra os funcionários desarmados da Usiminas que se manifestavam na portaria da empresa. Oito pessoas (incluindo uma criança de colo) morreram. O evento ficou conhecido como Massacre de Ipatinga. 2 de outubro de 1992 – Cento e onze detentos da Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) são mortos por policiais militares. A intervenção da polícia tinha como justificativa acalmar uma rebelião, mas acabou em uma verdadeira chacina. 23 de julho de 1993 – Seis crianças de rua são mortas por dois policiais e um ex-policial enquanto dormiam em frente à Igreja da Candelária no Rio de Janeiro. O evento ficou conhecido como chacina da Candelária. 29 de agosto de 1993 – Após a morte de quatro policiais em 28 de agosto de 1993 no bairro de Vigário Geral, oficiais da Polícia Militar decidem se vingar, e executam vinte e um moradores da favela, numa das maiores chacinas do estado do Rio de Janeiro. 17 de abril de 1996 – Dezenove sem-terra são mortos pela Polícia Militar do Estado do Pará no que ficou conhecido como massacre de Eldorado dos Carajás. No incidente, a polícia estava encarregada de remover os sem-terra que bloqueavam a rodovia, que liga o norte ao sul do estado. 22 de julho de 2005 – Jean Charles de Menezes, imigrante brasileiro, é confundido com um homem- bomba e morto no metrô de Londres com oito tiros à queima-roupa, por forças da unidade armada da Scotland Yard. 06 de julho de 2008 - João Roberto morreu após ser atingido por um tiro na cabeça. Ele estava no carro com a mãe e o irmão de 9 meses quando o veículo foi alvo de pelo menos 15 disparos feitos por dois policiais militares, no domingo, na Tijuca, Zona Norte do Rio. 7 de dezembro de 2008 – Nilton Cesar de Jesus, torcedor do São Paulo é baleado na cabeça pela Polícia Militar do Distrito Federal antes de jogo com o Goiás na entrada do Estádio Bezerrão. Inicialmente, a PM declarou que o disparo foi acidental e que o torcedor teria tentado tirar a arma do policial. Porém, um vídeo feito pela Rede Record mostra que o torcedor não reagiu ao ser abordado pelo PM. Nilton morreu no hospital quatro dias depois. 20 de novembro de 2009 – O paraibano João Maria Ferreira é morto a tiros pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro após ameaçar banhistas e policiais com uma faca na Praia do Arpoador. De acordo com a PM, ele já estava sendo acompanhado por bombeiros, que não conseguiram detê-lo. O Corpo de Bombeirosnegou a informação. 10 de outubro de 2010 – Policiais Civis que participavam de uma blitz atiraram no carro de Juiz do Trabalho, na Grajaú-Jacarépaguá, atingindo-o e seus dois filhos. O Magistrado, ao perceber a blitz, achou que era falsa e evadiu-se do local, quando foram efetuados os disparos pelos policiais. 27 de outubro de 2013 - Douglas Rodrigues de 17 anos passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, quando foi abordado por policiais e vítima de um disparo certeiro no peito. “Por que o senhor atirou em mim?”, teria perguntado ao PM, segundo a mãe, Rossana de Souza. Douglas foi levado a um hospital da região, mas não resistiu. Fontes: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia_policial), Portal G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL640078-5606,00- MENINO+JOAO+ROBERTO+E+ENTERRADO+AOS+GRITOS+DE+JUSTICA.html), e O Extra http://extra.globo.com/casos-de-policia/policiais-civis-que-balearam-juiz-em-blitz-em-2010-sao-expulsos-da-corporacao- 6356460.html, Acessados em 11 de janeiro de 2015. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Estado_de_Minas_Gerais http://pt.wikipedia.org/wiki/Usiminas http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Ipatinga http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Deten%C3%A7%C3%A3o_de_S%C3%A3o_Paulo http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Candel%C3%A1ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) http://pt.wikipedia.org/wiki/Chacina_da_Candel%C3%A1ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Chacina_da_Candel%C3%A1ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Vig%C3%A1rio_Geral http://pt.wikipedia.org/wiki/Vig%C3%A1rio_Geral http://pt.wikipedia.org/wiki/Chacina_de_Vig%C3%A1rio_Geral http://pt.wikipedia.org/wiki/Chacina_de_Vig%C3%A1rio_Geral http://pt.wikipedia.org/wiki/Sem-terra http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Estado_do_Par%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Eldorado_dos_Caraj%C3%A1s http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Charles_de_Menezes http://pt.wikipedia.org/wiki/Scotland_Yard http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_Futebol_Clube http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Distrito_Federal http://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A1s_Esporte_Clube http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Bezerr%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_Record http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Estado_do_Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Estado_do_Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Praia_do_Arpoador http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia_policial http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL640078-5606,00-MENINO+JOAO+ROBERTO+E+ENTERRADO+AOS+GRITOS+DE+JUSTICA.html http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL640078-5606,00-MENINO+JOAO+ROBERTO+E+ENTERRADO+AOS+GRITOS+DE+JUSTICA.html http://extra.globo.com/casos-de-policia/policiais-civis-que-balearam-juiz-em-blitz-em-2010-sao-expulsos-da-corporacao-6356460.html http://extra.globo.com/casos-de-policia/policiais-civis-que-balearam-juiz-em-blitz-em-2010-sao-expulsos-da-corporacao-6356460.html INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 12 | P á g i n a Aula 2 1. Aspectos jurídicos da abordagem policial Considerando as normatizações e instruções existentes na Corporação, algumas com uma abordagem metodológica de excelência, restam somente citá-las. O Bol da PM n.º 132 - 21 Jul 2004 publicou sobre as buscas pessoais e domiciliares, texto elaborado pelo TEN CEL PM RG 1-15.143 RONALDO DE SOUZA CORRÊA, do GCG, Assistente-Chefe da Seção Jurídica; com as devidas adaptações, vejamos: “A BUSCA PESSOAL E DOMICILIAR As buscas pessoais e domiciliares, típicas de FISCALIZAÇÃO DE POLÍCIA, são consideradas meios de prova, sendo, por conseguinte, um assunto que diz respeito ao exercício de Polícia Judiciária e à Instrução Criminal, podendo se estender à fase de Execução Penal, pressupondo, portanto, em regra, a ocorrência prévia de um ilícito penal, afirmativa, esta, que pode ser abstraída da própria finalidade das Leis Processuais Penais, segundo leciona MIRABETE (1996, p. 30): Sua finalidade é conseguir a realização da pretensão punitiva do Estado derivada da prática de um ilícito penal, ou seja, é a de aplicar o Direito Penal. Tem, portanto, um caráter instrumental; constitui o meio para fazer atuar o direito material penal, tornando efetiva a função deste de prevenção e repressão das infrações penais. Tratadas por muitos policiais civis e militares como uma prática rotineira no exercício do Poder de Polícia, a realização da busca pessoal e domiciliar, no entanto, requer o cumprimento de algumas formalidades legais, muitas das vezes, ignoradas pelos agentes da lei, acarretando consequências das mais desagradáveis. No ordenamento jurídico brasileiro, o assunto está regulado em três diplomas legais: CF, art. 5º, XI (domiciliar); Código de Processo Penal Militar, arts. 170 a 184; e Código de Processo Penal, arts. 240 a 250. Ambas, quando as condições as exigem, conforme infere os dispositivos acima mencionados, segundo INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 13 | P á g i n a MIRABETE (1997, subitem 8.11.1, p. 315), devem ser realizadas observados os seguintes pressupostos: a) Antes do inquérito, quando a autoridade toma conhecimento do crime (o próprio art. 6º, do CPP, deixa isso bem claro, quando define quais as providências que a autoridade policial deverá adotar logo que tiver conhecimento da infração penal); b) Durante a fase do inquérito; c) Na fase processual; e, d) Na fase da execução da sentença, para prender o condenado.” DA BUSCA DIMICILIAR “A busca domiciliar (vide arts. 173 e 174, CPPM e 150, §§ 4° e 5°, do CP: definem o que compreende ou não o termo casa), é a procura feita em casa alheia, portas adentro, devidamente justificada, objetivando: prender criminosos; apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crimes ou destinados a fins delituosos; descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; apreender pessoas vítimas de crimes; e colher qualquer elemento de convicção, tudo nos termos do art. 240, do Código de Processo Penal. Em relação à apreensão de cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, TOURINHO FILHO (1996, P. 394) assinala: Pensamos que tal disposição é inconstitucional, porquanto a Lei Maior, no art. 5º, XII, inclui, entre os direitos e garantias individuais a inviolabilidade do sigilo da correspondência, não admitindo a menor restrição, salvo quando se tratar de comunicações telefônicas. No Código de Processo Penal Militar, a busca domiciliar está regulada de forma idêntica no art. 172, letras “a” a “h”, porém, a doutrina dominante, em consonância com os dispositivos estabelecidos na CF, estabelece que ela poderá ser realizada durante o dia (06:00 às 18:00 horas), com autorização judicial, INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 14 | P á g i n a através de mandado, desde que haja fundadas razões para tal, ou seja, razões sérias, convincentes e certeza de que a prova ou a coisa que se procura está no local indicado. Poderá ser realizada, também, independente de mandado, desde que obedecidas as seguintes formalidades: a) Consentimento do morador; b) Efetuar prisão em flagrante delito; c) Em caso de desastre ou prestar socorro; e, d) Se for realizada pela própria autoridade judiciária. Nos situações precedentes (letras “a”, “b” e “c”), a busca poderá ser realizada a qualquer hora do dia ou da noite, salvo a realizada pela própria autoridade judiciária ou com mandado, que somente se limitará ao período diurno, sendo,portanto, vedada à noite. O conceito de “noite” no Direito Penal, para alguns penalistas, se inicia com o período de obscuridade solar, de crepúsculo a crepúsculo, porém, a grande maioria dos nossos processualistas, dentre os quais se alinha TOURINHO FILHO (1997, p.362), asseveram que, as buscas e apreensões domiciliares só poderão ser realizadas entre as 6 e as 18 horas, salvo se o morador ou a pessoa que o representar der-lhes o assentimento. ....... iniciada a busca domiciliar durante o dia, sua execução não se interromperá pelo advento da noite. Nem de outra maneira poderia ser; se os executores fossem obrigados a interrompê-la pela chegada da noite, muitas vezes a diligência estaria fadada a fracassar, pois os moradores, interessados em ocultar a coisa procurada, poderiam, com a saída dos executores, ganhar tempo e providenciar, dentro da casa, um esconderijo melhor. É importante salientar que tanto as autoridades policiais civis ou militares, no curso do Inquérito, não mais podem expedir mandados de busca domiciliar, nos termos do art. 5º, XI, CF, fican do revogadas, por conseguinte, todas as disposições em contrário (art 177, in fine, CPPM e correspondente no CPP).” DA BUSCA PESSOAL “A busca pessoal é a procura que se faz nas vestes das pessoas ou nos objetos que estão portando, tais como bolsas, malas, pastas, sacolas, incluindo os veículos em suas posses, etc., ou até mesmo no interior do corpo (o criminoso faz INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 15 | P á g i n a a introdução ou ingestão de materiais que constituem corpo de delito), objetivando encontrar em poder do seu destinatário coisa achada ou obtida por meios ilícitos, instrumento de falsificação e contrafação, objetos falsificados ou contrafeitos, armas e munições, enfim, todo material que sirva de prova. Além da consentida pelo seu destinatário, a busca pessoal independerá de mandado nas seguintes situações (vide arts. 181 e 182, do CPPM e art. 244, do CPP): a) No caso de prisão em flagrante delito; b) Quando houver fundadas suspeitas de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituem corpo de delito; c) Quando a medida for determinada no curso da busca domiciliar; e, d) Quando for realizada pela própria autoridade judicial ou policial civil e militar, ou seja, o Juiz, o Delegado e os Oficiais das Forças Armadas ou Auxiliares, quando na investigação de fatos criminosos. Os Oficiais das Forças Armadas ou Auxiliares, neste caso, somente quando investidos no exercício da polícia judiciária militar, para a apuração de fatos capitulados no CPM (no CPPM, que é a nossa Lei Adjetiva Castrense, a busca pessoal sem mandado denomina-se revista pessoal, arts. 181 e 182). A busca em mulher, que os art. 183, CPPM e 249, CPP, retratam de forma semelhante, será feita por outra mulher, desde que não importe em retardamento ou prejuízo para a diligência. Entrementes, para evitar a alegação de excessos e futuros constrangimentos por parte da revistada ou até mesmo o suposto crime de atentado violento ao pudor, ACONSELHA que a revista, envolvendo o corpo e as partes mais íntimas da mulher, seja realizada por pessoas do sexo feminino (policial civil, militar ou uma transeunte que queira prestar a sua colaboração), sob a orientação da autoridade responsável, salvo se não houver outro meio de compor a prova ou a urgência que implica a medida, caso que, em face da parte final do dispositivo, deve ser feita pelo próprio policial. No que se atine a letra “b”, retromencionada, para que alguém seja considerado em fundada suspeita e, conseqüentemente, submetido a uma abordagem policial, o então Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA, propôs à Polícia Militar daquele Estado a observação dos seguintes questionamentos: 1 - O que é que se entende por indivíduo suspeito? INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 16 | P á g i n a 2 - Suspeito de que e por quê? 3 - Quando é que o policial tem alguém por suspeito para a abordagem na rua? 4 - Quais as características de um suspeito que justifiquem pará-lo ou parar o seu veículo para uma abordagem? No primeiro questionamento, definiu entender por indivíduo suspeito aquela pessoa que infunde dúvidas a respeito do seu comportamento ou que não inspire confiança, fazendo, em relação ao lugar em que se encontre, horário e outras circunstâncias, justo receio às condições que ela se apresenta. Em razão de tal comportamento, merece uma verificação, buscando, assim, minimizar ou extinguir a probabilidade de eventos criminosos. No segundo questionamento, o que existe é atitude, ou seja, o comportamento ou a situação de alguém que, de alguma forma, não se ajusta às circunstâncias determinadas pelo horário, clima, local e outros aspectos. Exemplos: fuga ao avistar um policial; uso de casaco longo em temperatura ambiente muito elevada; indivíduo de aparência humilde e carente de higiene, conduzindo veículo de alto valor (recomendo, a princípio, uma fiscalização de trânsito) ou em via pública na posse de bens valiosos e de natureza duvidosa; alguém que entre ou saia de determinados lugares que não os habituais, isto é, pulando muros ou janelas; vários elementos no interior de um veículo, estacionado ou circulando insistentemente próximo de agências bancárias ou em locais conhecidos como de venda de entorpecentes; motocicletas na contramão de direção; indivíduo transitando com volume na cintura, por dentro da camisa, em locais e horários suspeitos, etc. No terceiro questionamento, é importante salientar que não deve existir preconceito ou discriminação quanto à escolha da pessoa a ser abordada, cabendo excluir, desta forma, aspectos físicos, tais como, alto ou baixo, gordo ou magro, velho ou jovem, feio ou bonito, branco ou negro. O que caracteriza a fundada suspeita não é a pessoa em si e, sim, o seu comportamento associado às condições de tempo, lugar, clima, pessoas, coisas, etc. No último, as características que justificam parar um suspeito ou seu veículo em via pública e, conseqüentemente, submetê-lo a uma busca ou abordagem policial, tal como nos deixa vislumbrar o citado constitucionalista, são as mesmas inseridas nos questionamentos precedentes, cujo cunho de legalidade para o INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 17 | P á g i n a exercício do PODER DE POLÍCIA, encontra respaldo no mandamento constitucional (às Polícias Militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública - Art. 144, § 5º), em conciliação com as normas de Processo Penal, comum ou militar, cujos dispositivos reguladores já foram suficientemente analisados. Convém ser advertido, porém, que em todos os procedimentos realizados no contexto da busca pessoal e domiciliar, é imperativo que se reconheça, antes, a existência de REQUISITOS OBJETIVOS, ou seja, o agente policial nunca pode realizá-las pela simples imaginação de que uma determinada pessoa esteja na posse de algum objeto ou material que possa lhe custar uma prisão em flagrante, que constitua corpo de delito ou que em sua residência ou domicílio possa ser encontrado algo de concreto incriminador, tal como nos afigura, em alguns momentos, as posições adotadas pelo constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA, fazendo desnaturar, assim, em ambos os casos, a possibilidade da DISCRICIONARIEDADE da conduta policial, no sentido de que, pelo critério subjetivo, qualquer pessoa poderia ser revistada, sem o consentimento do titular do interesse protegido, independente das circunstâncias de fato (dados objetivos, concretos, etc.). Contrária a essa liberdade na conduta policial e a tal interpretação sumulou o nosso PRETÓRIO EXCELSO (STF): BUSCA PESSOAL. FUNDADA SUSPEITA NÃO PODE SER BASEADA EM PARÂMETROS SUBJETIVOS. “A fundada suspeita, prevista no art. 244, do CPP,não pode fundar-se em parâmetros subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um „blusão‟ suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrárias, ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder (HC nº 81.305-4/GO, 1ª Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 13.11.01, v.u., DJU 22.02.02, p. 35)”. A posição jurisprudencial anterior, afastando a realização da busca pessoal com fulcro em PARÂMETROS SUBJETIVOS, ou seja, a possibilidade do policial agir segundo a sua própria e exclusiva vontade, a par de reduzir INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 18 | P á g i n a drasticamente a sua categoria de conceito jurídico indeterminado, incontinenti, também veda a sua discricionariedade, que deve ser levada em conta somente quanto à forma e aos meios da sua realização, que fica ao nuto da autoridade signatária da conduta. Fazendo uma análise preliminar do que já comentamos, urge uma pergunta importante: Qual a diferença, então, entre a busca pessoal SEM MANDADO no ato de efetuar uma prisão e a levada por fundadas suspeitas? Por quê a lei processual fez esta separação? Respondendo, não temos mais dúvidas de que se o assunto busca está disciplinado na lei processual é porque a pessoa a ela submetida cometeu algum tipo de ilícito penal. Assim, necessário se faz uma correlação entre a conduta ilícita cometida com os artigos que disciplinam a BUSCA PESSOAL e os que versam sobre a PRISÃO EM FLAGRANTE. Daí tem-se que a busca no ato de uma prisão, está relacionada com o DA ABORDAGEM VEICULAR Importa registrar também que não há que se confundir a busca pessoal com a fiscalização de trânsito, uma vez que a primeira, podendo, inclusive, envolver o veículo na posse da pessoa, é regida pelas normas do CPP ou CPPM e a segunda, objetiva verificar se o veículo está cumprindo as normas do Código de Trânsito Brasileiro, onde a ação policial encontra o seu fundamento legal, cujas competências são exclusivas das Policias Militares e Polícia Rodoviária Federal. Ressalte-se, porém, que de uma fiscalização de trânsito, incidindo quaisquer das condições estabelecidas no CPP ou CPPM, numeradas anteriormente, pode ser desencadeada uma busca pessoal ou vice-versa. E mais: para a abordagem de veículos com a finalidade de verificar se seus condutores estão cumprindo as normas de trânsito, a Administração Pública, através dos órgãos competentes, possui ampla liberdade de atuação, não havendo, por conseguinte, necessidade de que contra o veículo a ser fiscalizado recaia qualquer tipo de suspeita, mesmo porque, o Poder de Polícia neste particular impera com todos os seus atributos, que são a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. Daí entende que a FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO é um tipo de operação que deveria continuar sendo priorizada na INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 19 | P á g i n a Corporação, porquanto, além de propiciar a população mais sensação de segurança (subjetiva), ainda pode produzir bons resultados em termos de repressão penal, considerando que este tipo de ação faria induzir o indivíduo à fundada suspeita – quem deve teme ou quem deve foge, podendo resultar, daí, bons flagrantes. Alerte-se, porém, que toda a cautela possível deve ser adotada quando da perseguição a veículos suspeitos em alta velocidade, circunstância esta que, por si só, não é suficiente para definir que se está diante de um produto de roubo, furto ou que o seu motorista ou ocupantes, estejam cometendo algum ilícito. As estatísticas vêm revelando grandes equívocos da Polícia envolvendo este tipo de ocorrência que, na maioria das vezes, termina em tragédia. Assim, experiências passadas nos têm ensinado que, nestes casos, a primeira providência a ser adotada é procurar cercar o veículo para, depois, com a sua interceptação, fazer a abordagem, cujos resultados, longe de ser uma surpresa, é comum encontrar-se menor ao volante, motorista sem a CNH ou vencida, documento vencido, dentre outras infrações às normas de trânsito, além de pessoas sendo socorridas, vítimas de acidentes graves, feridas, enfartadas, mulher em trabalho de parto, etc. Por isso, o disparo de arma de fogo contra o veículo em fuga somente se justifica quando a guarnição policial sofre uma agressão na mesma proporção e, mesmo assim, com a consciência de que uma “bala perdida” não possa atingir pessoas inocentes, principalmente em áreas de grandes concentrações populares, locais, estes, onde a melhor opção seria permitir a fuga do delinqüente, já que a incolumidade das pessoas é um imperativo constitucional e um bem maior que as Polícias Militares têm o dever de preservar (art. 144, V, CF). DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da análise dos seus requisitos fáticos, resta reconhecer que a busca domiciliar e pessoal, mesmo na investigação preliminar, quando ainda não há inquérito em andamento, não são discricionárias para autoridade policial ou seus agentes, porquanto, o caput dos artigos 172 e 181, do CPPM e do artigo 240, §§ 1º e 2º, do CPP, também não se referem ao verbo PODERÁ e, sim, PROCEDER- SE-Á, donde se conclui que esses procedimentos não comportam a opção de realizálas ou não, previstos os seus requisitos fáticos, salvo quanto à forma e aos INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 20 | P á g i n a meios empregados, que pode se flexibilizar em função das condições apresentadas. Em outras palavras, havendo fundadas razões na busca domiciliar e fundadas suspeitas na busca pessoal, a intenção do legislador foi tornar o procedimento obrigatório para não ficar prejudicado o direito penal subjetivo, ou seja, o jus puniendi do Estado (direito de punir), pela omissão de formalidades que poderiam implicar na ausência de provas contra o acusado, principalmente as materiais. No atual regime constitucional, nota-se também que as buscas domiciliares que dependem de mandado, não são mais auto-executáveis no âmbito da administração pública, face ao disposto no art. 5º, inciso XI, que subtraiu da competência das autoridades policiais civis e militares tal possibilidade, derrogando, por conseguinte, o que dispõem os arts. 241, CPP e 177, CPPM. Assim, para esse tipo de busca, é imperativo que tais autoridades se dirijam ao juiz competente para a obtenção do respectivo mandado, salvo se o MORADOR CONSENTIR, advertindo-se, contudo, que a ESCUSA não se aproveita AOS INCAPAZES, ou seja, pessoas menores de 18 anos e alienados mentais, salvo erro justificado, bem como, não se estende às pessoas que não possuam titularidade sobre o imóvel (caseiro, empregada, pessoa íntima da família, etc). As buscas domiciliares e pessoais, seguindo o magistério de MIRABETE (1997, subitem 8.11.1, p. 315), são consideradas meios de provas nas leis processuais penais, comum ou militar, de natureza acautelatória e coercitiva, podendo ser realizadas, em regra , antes do inquérito, a partir do momento em que a autoridade policial toma conhecimento de uma infração penal; durante o inquérito; na fase processual, sob a responsabilidade da autoridade judiciária; e na fase da execução da sentença, nesse caso, para prender o condenado. Havendo erro, ou seja, constatada que não houve a intenção deliberada do agente em abusar da sua autoridade, a Lei não desampara o policial. Nesse caso, citamos o mesmo exemplo anterior de alguém ser avistado por um policial escalando o muro de uma residência (aí está a fundada suspeita), constatando-se após a busca pessoal que o elemento não praticara nenhuma conduta criminosa, por ser morador do imóvel ou empregado. Em tese, a conduta do policial seria crime de abuso de autoridade, enquadrada noart 3º, letra “a”, da Lei 4.898/65, ou seja, atentar contra a liberdade de locomoção do cidadão, porém, nesse caso vertente e em outros análogos, a sua atuação estaria legitimada pelo chamado INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 21 | P á g i n a ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL, incidente sobre uma causa de justificação (ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL PUTATIVO), aplicando-se em seu favor o artigo 20, § 1º, do Código Penal, verbis: É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. (...) Na realidade, seguindo nessa direção, fazendo até um acréscimo ao questionamento anterior, quando o CPP e o CPPM disciplinam, dentre outros casos, que a BUSCA PESSOAL pode ser realizada INDEPENDENTE DE MANDADO “havendo fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito”, tais dispositivos não constroem aí uma ponte a caminho da ilegalidade, dando azo a discricionariedade da conduta policial, pressupondo, apenas, uma das seguintes condições, que constituem dados objetivos: a) Que aconteceu um crime momentos antes, chegado ao conhecimento de qualquer autoridade ou agente policial através da vítima ou terceira pessoa, incidindo contra o autor ou autores da conduta criminosa por estes indicadas ou características denunciadas, a partir do qual começa a perseguição; e, b) Que a pessoa a ser revistada adotou um comportamento que merece ser conferido, tais como, a fuga ao avistar um policial; entrada ou saída de uma residência por meios que não sejam os habituais, principalmente em locais ermos (escalada de muro ou cerca, pelo telhado, arrombamento, etc.); abertura da porta de veículos por meios não convencionais, dentre outros dados OBJETIVOS que justifiquem a abordagem, de forma que a conduta da pessoa possa estar incidindo numa das condições de flagrância previstas nos artigos 244, CPPM, ou 302, do CPP, mas nunca pelo fato do policial considerar, por si só, que determinado sujeito seja simplesmente suspeito, eis que o próprio SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, vide súmula transcrita anteriormente, já decidiu que o simples PARÂMETRO SUBJETIVO, que faria legitimar a DISCRICIONARIEDADE do ato, não comporta o procedimento. Questão controvertida no que diz respeito ao consentimento, ocorre quando o direito de admitir ou de excluir que alguém penetre nas partes comuns de uma casa, se reparte entre vários titulares, tal como acontece numa república, vila ou nos condomínios. Nesses casos, ou seja, havendo a discordância de um condômino e a autorização de outro, surge o chamado CONFLITO DE INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 22 | P á g i n a AUTORIDADES HORIZONTAIS, aplicando-se o princípio de que melhor é obedecer à condição de quem proíbe: melior est conditio prohibentis (DAMASIO DE JESUS, 1995, p. 463), salvo nas partes comuns dos condomínios, onde, havendo síndico, este seria a autoridade competente para consentir. Nos compartimentos não abertos ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (Código Penal: art. 150, § 4º, inciso III), citando como exemplos, os consultórios médicos, dentários, escritórios de advogados, etc., a penetração livre da autoridade somente se restringe às salas de espera ou de recepção, vedando- se os locais onde aqueles profissionais atendem os seus clientes para executar ou prestar os serviços, situações as quais o consentimento torna-se indispensável. Da mesma forma, nos hotéis ou motéis, as partes comuns ou abertas ao público, não compreendem o termo “casa”, podendo ser penetradas livremente pela autoridade. Convém lembrar, mais uma vez, que as autoridades de polícia judiciária militar, somente as tendo os Comandantes, Chefes e Diretores de OPM ou quando delega o seu exercício, para efeito do assunto busca, na investigação criminal, até mesmo para expedição de mandados, quando há permissivo legal, possuem as suas autoridades restritas aos crimes militares, face às normas do CPPM. Dentro dessa realidade interpretativa, observa-se que no contexto da busca pessoal e domiciliar, para que a discricionariedade do poder de polícia se manifeste com todos os seus requisitos, exigem-se as seguintes condições: a) Que haja consentimento da pessoa, podendo ser destinatário da busca, seja pessoal ou domiciliar, em regra, qualquer indivíduo e signatário qualquer agente ou autoridade policial ou judicial, não se exigindo o prévio conhecimento de uma infração penal ou na eminência de acontecer, embora se recomendem locais de pouca reputação pela sua incidência criminal ou pessoas de conduta duvidosa, principalmente para fins do disposto no art. 302, inciso IV, CPPM (flagrante ficto ou presumido), adotando-se as devidas cautelas para evitar discriminações; b) Que a busca pessoal seja realizada pela própria autoridade judiciária, policial ou por qualquer agente, neste caso, desde que na presença de quaisquer delas, bastando a simples suspeita, porquanto, seria ilógica a expedição de mandado se a própria autoridade está presente ou realizando o ato. Da mesma forma, recomenda-se locais que possuam grande incidência de infrações penais INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 23 | P á g i n a ou freqüentados por pessoas de conduta duvidosa, para o mesmo fim acima citado. Dessa forma, para que a busca seja realizada dentro da faculdade discricionária, se perpetrada por qualquer agente policial, é imperativo que se estabeleça um consenso entre o signatário do ato e a pessoa contra quem a medida está sendo destinada. Ao contrário, sem que haja esse nexo, ou seja, autorização voluntária do ofendido, expressa ou tácita, TUDO NÃO PASSA DE UMA FICÇÃO JURÍDICA, respondendo o agente pelas conseqüências da ilegalidade cometida. É assim porque o CONSENSO, para efeito da aplicação da Lei Penal, pode funcionar como duas causas: 1) Excludente de tipicidade e 2) Excludente de antijuricidade. No primeiro caso, a figura típica traz o dissentimento do ofendido como elemento incriminador, funcionando o consenso como desqüalificante da conduta criminosa, provocando a atipicidade do ato. Ex: no art. 226, do CPM (violação de domicílio), a descrição do crime traz a expressão “entrar ou permanecer contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito”, estando no grifo o dissentimento. No segundo caso, a figura típica não contém o dissentimento do ofendido como fator incriminador, porém, o consenso torna desqüalificante a conduta criminosa, provocando a atipicidade do ato, desde que o bem jurídico seja disponível. Exemplos: art. 3º, letra “a”, da Lei 4.898/65 (atentado contra a liberdade de locomoção), não constitui nenhum crime se o agente policial realiza uma busca pessoal com o consentimento do ofendido, aproveitando-se a simples suspeita; no crime do art. 163, do CP (dano), se o proprietário capaz autoriza a destruição, deterioração ou inutilização da coisa que lhe pertence, o fato deixa de ser crime. Agora, nos crimes dos arts. 121 (homicídio) e 129 (lesões corporais), ambos do CP, diferentemente, o consentimento do ofendido não desnatura a conduta criminosa, porquanto, mesmo sendo o agente capaz, os bens jurídicos (respectivamente, vida e integridade física) são penalmente protegidos pela norma e, conseqüentemente, indisponíveis, o que normalmente acontece nos crimes MATERIAIS e de AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. Dentro desse raciocínio, seguindo o magistério de DAMASIO DE JESUS (1998, p. 91), para que o CONSENTIMENTO possua eficácia, é indispensável que sejam observadas as seguintes condições: INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 24 | P á g i n a a) Que o bem jurídico seja disponível: tratando-se de bem jurídico indisponível, ou seja, que tenha proteção da norma penal (por exemplo, vida e integridade física), o fato é ilícito; b) Que o ofendidoseja capaz de consentir: é necessário que a vontade seja expressa por quem já atingiu a capacidade penal, aos 18 anos de idade, não eivada de qualquer causa que lhe retire o caráter de validade (inimputabilidade por doença mental, erro, dolo ou violência); e, c) Que o momento do consentimento seja manifestado antes ou durante a prática do ato. Se posterior, não possui força para excluir o crime, podendo valer como renúncia ou perdão nos casos de ação penal privada (CP, arts. 104 e 105). (...) 2. Procedimentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro por ocasião das ocorrências policiais que envolvam prisão. O MANUAL BÁSICO DO POLICIAL MILITAR (M-4), apesar de antigo e com algumas defasagens, ainda detém muito conhecimento jurídico e operacional. Por isso, vale estudá-lo criticamente e aprendermos procedimentos que poderão salvar nossas vidas e nos exemirmos de qualquer responsabilidade. Quanto aos procedimentos de prisão, vale estudarmos o artigo 19: Art. 19 - O Policial-Militar, ao efetuar uma prisão, adotará os seguintes procedimentos: I - ao dirigir-se à pessoa que vai prender, deverá dar voz de prisão. (...) II - a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio (Art. 283, CPP); III - deverá proceder a uma minuciosa revista, retirando do preso todos os seus pertences, de modo a evitar qualquer tipo de reação. É importante lembrar que inúmeros policiais têm pago com a vida, ao se descuidarem dessa medida; INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 25 | P á g i n a IV - não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso (Art. 284, CPP), devendo, portanto, utilizar-se dos meios necessários, a fim de caracterizar a legítima defesa, usando corretamente a força física e, se necessário o bastão-policial, inclusive nos casos decorrentes de desobediência e desacato; V - não maltratará o preso, nem física nem moralmente, cuidando para que as formalidades legais sejam observadas e não submetendo o preso sob sua guarda a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei, de modo a não incorrer em violência arbitrária nem exercício arbitrário ou abuso de poder (Art. 322 e 350, CPP); VI - arrolará testemunhas que hajam assistido ao fato ou que dele tenham tomado conhecimento, ou que hajam assistido à prisão do acusado, para, juntamente com o preso, acompanhá-lo à Delegacia Policial; VII - deverá fazer uso de todos os meios ao seu alcance para a garantia e a proteção da integridade física do acusado, dos transeuntes, bem como a sua própria, utilizando de equipamentos, tais como, camisa-de-força, algemas e outros disponíveis; VIII - deverá estar consciente de que suas ações extremas só serão consideradas como isentas de criminalidade quando forem praticadas: 1) em estado de necessidade; 2) em legítima defesa; e 3) em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito. IX - na Delegacia Policial a Autoridade competente ouvirá o condutor e as testemunhas que o acompanharam e interrogará o acusado sobre a imputação que lhe é feita; X - o Auto de Prisão em Flagrante será lavrado pela Autoridade competente e será por todos assinado; XI - a falta de testemunhas do fato não impedirá a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante mas, nesse caso, com o condutor deverão INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 26 | P á g i n a assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à Autoridade; e XII - quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazêlo, o Auto de Prisão em Flagrante será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura, na presença do acusado, do condutor e das testemunhas. § 1º - Caso as testemunhas, por circunstâncias especiais, não possam comparecer, no momento, à Delegacia, o policial solicitará e anotará os seus respectivos nomes e endereços, exigindo ainda que comprovem a veracidade dos informes dados, com a apresentação de documento idôneo, como por exemplo: carteira de identidade, carteira profissional expedida pelo Ministério do Trabalho, certificado de reservista, etc, intimando-as a que compareçam à sede da Delegacia Policial, tão logo cessem os impedimentos alegados. § 2º - O policial deverá entregar à Autoridade as armas, instrumentos, objetos, etc, apreendidos, na presença de testemunhas, em poder do acusado, no local em que ocorreu a infração, ou nas suas proximidades. Atenção! Ao dirigir-se à pessoa que vai prender, deverá o policial militar dar voz de prisão, nos seguintes termos: Cidadão! Eu sou o (Falar seu posto/graduação + nome), da Polícia Militar. Você está preso por (falar a conduta da infração penal ou sobre o mandado de prisão). Você tem o direito de permanecer calado, tem o direito à assistência familiar e tem direito à assistência de advogado. Lembre-se: Deve sempre identificar-se; informar ao preso sobre a DP que está sendo conduzido; informar sobre o motivo da prisão; informar de seus direitos e ater-se as normas de uso de algema ou condução em compartimento fechado de viatura. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 27 | P á g i n a 3. Uso da algema Em 2008, o Supremo Tribunal Federal editou a Sumula Vinculante nº 11, disciplinando o uso da algema, in verbis: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". Note que, em verdade, tais procedimentos já estavam disciplinados e outros dispositivos legais, vejamos: Art. 284 do CPP. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Art. 292 do CPP. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas. Art.474, §3º do CPP. Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do Júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. Art. 234, §1º do CPPM. O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art. 242 (autoridades sujeitas à prisão especial). O Uso indevido da algema constituir-se-á abuso de autoridade, conforme previsto na lei 4.898/65. Importante salientar que, em regra, é vedado o uso da algema em crianças e adolescentes. Até poderá fazer a algemação em adolescentes, mas em casos excepcionais, que serão estudados na Unidade V. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 28 | P á g i n a O MANUAL BÁSICO DO POLICIAL MILITAR (M-4) ensina alguns procedimentos operacionais quanto ao uso da algema, vale a pena expô-los: “CAPÍTULO III - O USO DE ALGEMAS Art. 74 - O emprego de algemas serve como proteção complementar ao policial e precaução contra a fuga do preso. § 1º - O método de algemar, geralmente aceito, consiste em: 1) após revistar o preso, colocar a arma no coldre e segurar as algemas com a mão direita; 2) manter-se afastado do preso e mandá-lo baixar a mão direita, colocando-a atrás das costas com a palma da mão virada para cima e os dedos esticados; 3) aplicara algema no pulso direito, mantendo voltada para fora a parte que tem o buraco da fechadura; a algema deverá ser aplicada firmemente ao pulso, mas não apertada demais ao ponto de feri-lo; 4) se a algema for munida de fecho duplo, utilizá-lo; 5) mandar o preso baixar a mão esquerda, colocando-a atrás das costas com a palma da mão virada para cima e os dedos esticados. 6) colocar a algema no pulso esquerdo do preso, usando a mão esquerda, enquanto segura firmemente a algema com a mão direita, aplicando-a firmemente no pulso esquerdo, sem, contudo, feri-lo. § 2º - Obtém-se o máximo de segurança, quando o preso se encontra com as mãos algemadas atrás das costas. § 3º - Se o preso tiver de ser transportado por um percurso muito longo, é melhor algemá-lo com as mãos para frente, trancando as algemas com o fecho duplo. § 4º - Pode-se adotar a precaução adicional de enlaçar as algemas com o cinto da calça, tendo-se o cuidado de colocar a fivela nas costas, impossibilitando-o, assim, de afrouxá-la e, conseqüentemente, de usar as algemas como arma. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 29 | P á g i n a § 5º - Quando se tratar de dois ou mais presos, o PM procederá da seguinte maneira: 1) algeme-os juntos; 2) numa situação em que houver um par de algemas e dois presos para serem algemados e conduzidos: a) colocar os dois presos de pé, lado a lado e voltados na mesma direção; b) algemar a mão direita do primeiro à mão direita do segundo; c) isto irá atrapalhar os movimentos dos presos, ao serem conduzidos. 3) numa situação em que houver dois pares de algemas e dois presos para serem algemados e conduzidos: a) algemar o primeiro dos presos com as mãos para trás; b) com o outro par aplicar a algema no pulso direito do segundo preso, passando seu braço direito entre o braço esquerdo e o tórax do primeiro preso algemado; c) aplicar então a outra algema no pulso esquerdo do segundo preso, ficando ele com os braços entrelaçados, voltados para trás (fig. 12). 4) numa outra situação, em que houver dois pares de algemas e três presos para serem algemados: a) algemar a mão direita do primeiro preso, ao centro, à mão esquerda do segundo; b) algemar, com o outro par, a mão esquerda do primeiro preso, à mão direita do terceiro, ficando os três presos um ao lado do outro (fig. 13); c) convém que, como medida de segurança, os presos sejam mantidos sentados, nestas posições. 5) no caso de haver quatro presos e dois pares de algemas: a) colocar a algema na mão direita do primeiro preso; b) passar a corrente do segundo par de algemas entre a algema e o pulso do primeiro preso; c) ficam três algemas livres, que poderão ser aplicadas aos pulsos dos outros três presos (fig. 14). INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 30 | P á g i n a 6) existem muitas maneiras de algemar um preso, estas variações serão suficientes, numa emergência em que o PM deve estar sempre prevenido. Art. 75 - A remoção das algemas deve ser feita por um PM enquanto o outro lhe dá cobertura, guardando boa distância. § 1º - Durante este processo os PM devem permanecer atentos para qualquer ataque repentino por parte do preso. § 2º - Os PM não devem relaxar a vigilância. § 3º - O preso poderá estar na expectativa de um lapso na vigilância para fugir, e os PM, em conseqüência, devem tomar o máximo de cuidados até que o preso esteja seguro numa cela ou entregue à custódia da autoridade policial.” Aconteceu... PM e assaltante morrem em frente à delegacia no Rio Suspeito foi preso com algemas de plástico, conseguiu se soltar e pegar a arma do policial 07/08/2008 | 20h35 Um policial militar (PM) morreu, nesta quinta-feira, em frente a uma delegacia no Rio de Janeiro, depois de uma briga com um criminoso. O PM tinha capturado dois rapazes, suspeitos de assalto. Eles foram presos com algemas de plástico semelhantes a um lacre. Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2008/08/pm-e-assaltante-morrem-em-frente-a-delegacia-no- rio-2104283.html, acessado em 11 de janeiro de 2015. 07 de junho de 2014 • 15h56 • atualizado em 09 de junho de 2014 às 12h28 Preso é morto em delegacia após tomar arma de policial no AM Um preso foi morto na tarde deste sábado em Manaus, após tomar a arma de um policial civil e baleá-lo na cabeça e na perna. Tudo aconteceu dentro do Instituto de Identificação, que funciona ao lado da Delegacia Geral de Polícia Civil do Amazonas no bairro Planalto. O investigador foi socorrido e passa bem. O preso foi baleado por outro policial civil que estava de plantão na hora e viu a confusão. Fonte: Portal Terra: http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/preso-e-morto-em-delegacia-apos-tomar- arma-de-policial-no-am,fa295a713a776410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html, acessado em 11 de janeiro de 2015. http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2008/08/pm-e-assaltante-morrem-em-frente-a-delegacia-no-rio-2104283.html http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2008/08/pm-e-assaltante-morrem-em-frente-a-delegacia-no-rio-2104283.html http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/preso-e-morto-em-delegacia-apos-tomar-arma-de-policial-no-am,fa295a713a776410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/preso-e-morto-em-delegacia-apos-tomar-arma-de-policial-no-am,fa295a713a776410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 31 | P á g i n a 4. Infrações de menor potencial ofensivo, infrações penais afiançáveis e inafiançáveis, crimes hediondos e outros conceitos importantes. Para a presente disciplina, não é necessário que aprofundemos nos assuntos deste tópico, bastando apenas que saibamos identificá-los e aplicá-los na prática operacional policial militar. Outrossim, não se tem a pretensão de esmiuçar os assuntos, haja vista que os mesmos já foram abordados em outras disciplinas. Importante destacar que a compreensão desta matéria será imprescindível para subsidiar os procedimentos que serão abordados nas outras Unidades. O Vade Mecum de Ocorrências Policiais da PMERJ resume bem os conceitos deste tópico, portanto, vejamos: “CRIME Crime é todo ato humano, antijurídico, típico e culpável. CRIME HEDIONDO É aquele previsto na lei 8.072/90, que se reveste de elevado grau de violência, requintes de crueldade ou que, pela sua natureza, circunstâncias e/ou meios empregados, causa grandes danos às pessoas e à sociedade como um todo. São considerados hediondos os crimes tentados ou consumados de genocídio; latrocínio; extorsão; epidemia e envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificados pela morte; extorsão mediante sequestro; estupro e atentado violento ao pudor, simples e nas formas qualificadas. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO São aqueles em que a lei comina pena máxima, não superior a 02 (dois) anos. [Obs. As contravenções penais também são infrações de menor potencial ofensivo.. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 32 | P á g i n a Exemplos de CRIMES de menor potencial ofensivo: desacato, desobediência e resistência; lesão corporal leve; rixa; calúnia, difamação e injúria; ameaça; dano simples; ato obceno, arremesso de projétil etc.] CONTRAVENÇÃO PENAL É toda infração penal, prevista em lei própria, de poder ofensivo menor do que o crime. Assemelha-se ao crime, embora com menor intensidade, em relação à culpabilidade e à punição. [Obs. Veremos as principais contravenções penais na Unidade IV] ATO INFRACIONAL Considera-se Ato Infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal, praticada por criança ou adolescente, sujeito apenas às medidas de proteção, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Ao se verificar a ocorrência do ato infracional, o adolescente receberá “Voz de apreensão em flagrante”. Quanto à criança, não há esse procedimento, devendo apenasser encaminhada ao Órgão Competente. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA São aquelas previstas em leis próprias onde não há previsão de pena privativa de liberdade. Incluem-se, aqui, as infrações disciplinares. INFRAÇÕES PENAIS AFIANÇÁVEIS A fiança é autorizada na legislação brasileira como uma forma de medida cautelar diversa da prisão. Confome a Lei 12.403/2011, são considerados crimes afiançáveis aqueles cuja pena não seja superior a 4 (quatro) anos. Não recai o instituto da fiança nos crimes de racismo, tráfico de entorpecentes, terrorismo, crimes hediondos, crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 33 | P á g i n a ordem constitucional e o Estado de Democrático, além dos crimes de tortura. INFRAÇÕES PENAIS INAFIANÇÁVEIS São aquelas apenadas com pena privativa de liberdade superior a dois (2) anos de reclusão. Como exemplos, temos no item anterior os crimes de tortura, de racismo e de terrorismo, entra outros como os crimes hediondos. PRISÃO EM FLAGRANTE Prisão em flagrante é a prisão efetuada em desfavor de quem está cometendo a infração penal; acaba de cometê-la; é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração, ou é encontrado, logo após, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. Qualquer pessoa do povo poderá e a autoridade e seus agentes deverão prender quem quer que se encontre em situação de flagrante delito. Nesse caso, deverá o autor receber “VOZ DE PRISÃO EM FLAGRANTE”, exceto os menores de dezoito anos, que não são presos, são apreendidos. A voz de prisão em flagrante será dada em qualquer tipo de infração penal, independente do tipo de ação prevista nos Códigos Penal e de Processo Penal. Quando não houver prisão em flagrante, nos crimes que dependam de representação, a vítima deverá ser orientada de que dispõe do prazo de 06 (seis) meses para oferecê-la. PRISÃO EM FLAGRANTE EM CRIMES MILITARES Fonte.: (http://capnight.vilabol.uol.com.br/pfd.htm) A prisão em flagrante em crimes militares segue toda a regra da prisão de crimes comuns. Contudo possui determinadas peculiaridades, uma vez que também regula que o militar insubmisso ou desertor deverá ser preso nos mesmos moldes e a prisão deverá ser realizada por outro militar de posto ou graduação superior; ou, se igual, mais antigo. Apesar da liberdade prevista no Art. 243 do INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 34 | P á g i n a Código de Processo Penal Militar (CPPM) (a saber: qualquer do povo pode e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito), mesmo no caso de prisão em flagrante delito, essa disposição deverá ser observada. Se um inferior encontra um superior em estado de flagrante delito, o correto é acionar a autoridade superior. O máximo que se admite é a custódia do superior no local onde ele foi encontrado, até à chegada da autoridade capaz. A lavratura em regra deverá ser realizada em local onde haja Delegado de Polícia militar competente para tal. Contudo, disciplina o art. 250 do CPPM que: Quando a prisão em flagrante fôr efetuada em lugar não sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão. Tal princípio deverá ser observado no que diz respeito ao local de encerramento de delitos militares. Quando se tratar de militar menor de idade, cabe lembrar que a Constituição Federal estabelece no Art. 228 que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeito às normas da legislação especial, portanto, todas as disposições relativas a menores, previstas no CPM estão revogadas. Se um militar, menor de dezoito anos, cometer um crime ou contravenção, esta conduta será caracterizada como sendo ato infracional, portanto sujeitos aos procedimentos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. A legislação penal militar não se aplica mais ao militar menor de dezoito anos, bem como não é mais competência da Justiça Militar apreciar processar e julgar as infrações penais por eles praticadas. No caso de crime militar ou comum, cometido por um militar menor de dezoito anos, a autoridade que o encontrar em flagrante de ato infracional, seja ela civil ou militar, deverá apreendê-lo e encaminhá- lo à Delegado de Polícia competente, que no caso será o delegado de polícia, para a lavratura do Auto de Apreensão em Flagrante de Ato Infracional ou Boletim de Ocorrência Circunstanciada.” INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 35 | P á g i n a Como se dá a Prisão nos termos de crimes cometidos conforme a Lei 9.099/95? O artigo 301 do Código de Processo Penal assim define: "qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito". Portanto, é perfeitamente possível a prisão em flagrante nas infrações penais de menor potencial ofensivo. O que o legislador quis ao prever a não possibilidade de prisão em flagrante nas infrações de menor potencial ofensivo, previsto no parágrafo único do artigo 69 da Lei 9.099/95, foi a aplicação dos critérios norteadores contidos na mencionada lei. Em se tratando de Juizados Especiais Criminais são eles: os princípios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. O parágrafo único do artigo 69 da Lei 9.099/95 deve ser interpretado de forma extensiva, pois nestas infrações, como já afirmado, poderá ocorrer a prisão em flagrante, como realidade prática, ou seja, a captura e a apresentação ao Delegado de Polícia de alguém que está em flagrante de infração penal, mas não poderá haver a prisão em flagrante como realidade formal, ou seja, apresentado o autor do fato, não será lavrado o auto de prisão em flagrante, mas apenas o termo circunstanciado de ocorrência e o termo de compromisso. Todavia, caso não assuma o compromisso de comparecer ao Juizado, o auto de prisão em flagrante será lavrado nos termos do artigo 304 do Código de Processo Penal.” 5. Decálogo do Policial Militar Para terminar a Unidade, é importante que saibamos sobre o ―Decálogo do Policial Militar‖, publicado no BOL PM Nº 005 de 07 de janeiro de 2005: INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE ENSINO III 36 | P á g i n a VERIFIQUE as condições de funcionamento da Vtr (Manutenção de 1º Escalão); ATENTE para o funcionamento e perfeita utilização do aparelho de comunicação; EXAMINE o armamento e equipamento, e tenha responsabilidade em seu emprego; ABORDE e REVISTE quaisquer suspeitos, observando sempre as normas de segurança. UTILIZE as técnicas para as abordagens de pessoas, veículos e nas ações em edificações. COMUNIQUE as abordagens, revistas, deslocamentos e assunção de ocorrências ao Centro de Operações; PERMANEÇA atento a toda movimentação ao seu redor, principalmente quando for necessário estar no interior de cabinas, DPO, PPC. Se em viaturas um companheiro deverá proporcionar a devida segurança ao outro. EFETUE o acompanhamento de veículo suspeito, de forma técnica e tranquila, utilizando o rádio da viatura para possibilitar o cerco. SEJA educado e cortês no trato com as pessoas. Atitude não é sinônimo de grosseria. LEMBRE - SE que a perfeita execução de seu serviço, refletirá no seio da Sociedade, da sua Família, perante seus Superiores Hierárquicos, no círculo de seus pares e amigos. Saiba mais... Caro Aluno, o tema não se esgota aqui. Como complemento da matéria estudada, leia na íntegra as normas citadas nesta Unidade. Também,
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