Buscar

SOCIOLOGIA CRIMINAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 86 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
1 | P á g i n a 
 
Sumário 
 
Introdução .......................................................................................................................... 3 
Aula 1– Estado, Democracia e Sociedade. ............................................................................. 7 
1. Estado e a Formação do Policial Militar Cidadão ................................................................ 7 
2. Teorias Clássicas sobre Estado ............................................................................................ 9 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 12 
Exercícios ................................................................................................................................. 13 
Aula 2 – A Cidadania e a Dignidade da Pessoa Humana. ...................................................... 15 
1. A Cidadania como Princípio para a Formação do Policial Militar. .................................... 15 
2. Cidadania e Dignidade da Pessoa Humana. ...................................................................... 17 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 19 
Exercícios... .............................................................................................................................. 21 
Aula 3 - Estado Democrático de Direito. ............................................................................. 23 
1. Estado Democrático de Direito: Fundamentos e Características. .................................... 23 
2. Conclusão .......................................................................................................................... 26 
Exercícios... .............................................................................................................................. 29 
Aula 4 - A Violência como Objeto de Estudo. ...................................................................... 31 
1. A Violência: Definições e Características .......................................................................... 31 
2. Conclusão .......................................................................................................................... 34 
Exercícios... .............................................................................................................................. 36 
Aula 5 - O Estado e a Violência: Análise Histórico-Criminal do Controle Social. .................... 38 
1. O Controle Social: Significado Político e Social ................................................................. 38 
2. A Teoria do Controle Social e as Análises do Crime. ......................................................... 39 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 41 
Exercícios ................................................................................................................................. 43 
Aula 6 - Violência e Escravidão ........................................................................................... 45 
1. A Escravidão como Base da Violência. .............................................................................. 45 
2. A Escravidão Moderna como Forma de Perpetuação da Violência. ................................. 46 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 48 
Exercícios ................................................................................................................................. 51 
Aula 7 - A Sociologia Criminal e a Crítica à Escola Clássica e à Positivista. ............................. 53 
1. A Sociologia Criminal e as Principais Escolas Criminológicas ............................................ 53 
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393431
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393436
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393440
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393444
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393449
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393454
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
2 | P á g i n a 
 
2. Conclusão .......................................................................................................................... 56 
Exercícios ................................................................................................................................. 58 
Aula 8 - Desenvolvimento Urbano e Criminalidade, a Escola de Chicago. ............................. 60 
1. A Escola de Chicago: Contexto e História ......................................................................... 60 
2. Escola de Chicago e o Fenômeno da Criminalidade ......................................................... 61 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 63 
Exercícios ................................................................................................................................. 65 
Aula 9 - Durkheim e o Conceito de Anomia. ........................................................................ 67 
1. Durkheim e a Teoria da Anomia. ..................................................................................... 67 
2. Conclusão .......................................................................................................................... 70 
Exercícios ................................................................................................................................. 73 
Aula 10 - Ordem Social e Conflito: A Contribuição do Pensamento Brasileiro. ...................... 75 
1. Gilberto Freyre e a Democracia Racial. ............................................................................ 75 
2. Sérgio Buarque de Holanda e a Violência Cordial ............................................................. 76 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 79 
Exercícios ................................................................................................................................. 81 
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 83 
 
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393458
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393463
file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393467file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/SOCIOLOGIA%20CRIMINAL%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc452393472
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
3 | P á g i n a 
 
Introdução 
Sociologia é uma ciência social que nasce para entender os diversos aspectos, 
problemas e fenômenos sociais da sociedade capitalista do século XX, considerados em 
seus aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos entre outros, relacionados ao ser 
humano e suas relações em sociedade. 
O termo Sociologia foi dado pelo filósofo francês Augusto Comte (1798 – 1857), 
que cunhou o termo Sociologia, se diferenciando do termo Física Social, usado por seus 
rivais, para descrever a disciplina que pretendia estabelecer. Com a sociologia, Comte 
procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social, à 
imagem das ciências naturais que explicavam como funcionava o mundo físico. Tem 
como seus principais autores clássicos Émile Durkheim (1858 – 1917); Karl Marx 
(1818 – 1883), Max Weber (1864 – 1920). 
Por sua vez, a análise sociológica do crime, como um ramo da sociologia, procura 
entender e explicar os fatores sociológicos que interveem na produção da criminalidade, 
analisando suas causas, suas formas, efeitos e relações, tendo sempre como 
questionamento as razões do por que as pessoas cometem crime? 
Sua importância está na possibilidade de oferecer subsídios teóricos e 
metodológicos, por meio de pesquisas sobre o crime em seus diversos aspectos. Para o 
estudo do crime e da violência na sociedade, a sociologia possui várias escolas e teorias 
que possibilitam a análise desses fenômenos, dentre as quais podemos destacar o 
positivismo, o funcionalismo, a teoria de controle e a teoria do conflito entre outras
1
. 
Nesta perspectiva, diante das novas diretrizes para a formação do Policial Militar, 
a disciplina Sociologia Criminal tem como principal objetivo levar ao estudante o 
conhecimento dos principais fundamentos sociológicos e as abordagens teóricas 
pertinentes ao estudo do crime e da violência, considerando-os como fenômenos sociais 
inerentes a sociedade. 
Assim, a disciplina pretende ser um caminho de aprendizado para que o futuro 
profissional de segurança pública adquira as competências e habilidades necessárias e 
 
1
 A análise do crime na perspectiva do positivismo se caracteriza pela utilização de métodos e técnicas 
quantitativas, com os quais procura identificar índices de violência, a fim de apontar as principais formas 
de crime e de violência. O positivismo considera que o enfrentamento deve ocorrer através do controle 
social, por meio de instituições e regras sociais. Já a análise do crime baseada no funcionalismo 
considera o crime e o desvio como fatores resultantes das tensões estruturais e da falta de regulação social 
no interior da sociedade. O principal teórico do funcionalismo é Émile Durkheim, que considera o crime 
normal nas sociedades, o qual possibilita o reforça dos laços sociais de coesão social. As teorias do 
controle e do conflito, como todas as demais serão consideradas ao longo das aulas. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
4 | P á g i n a 
 
indispensáveis ao exercício de sua função, no sentido de que este possa garantir a 
cidadania e a dignidade da pessoa humana, como uma atividade prática que deve ser 
embasada em uma intervenção proativa e garantidora do estado democrático de direito, 
que o qualifique como policial cidadão. 
Dessa forma, a disciplina, considerando a nova matriz curricular nacional para os 
profissionais de segurança pública, tem como principal objetivo atingir os seguintes 
resultados: Reconhecer as características das sociedades contemporâneas e das diversas 
formas de violência e criminalidade encontrada nos espaços urbanos e rurais; 
Compreender as formas de organização do Estado Moderno e dos papéis de segurança 
pública, dos seus profissionais e da sociedade na construção de uma cultura de paz para 
a humanidade; Relacionar as principais abordagens teóricas às situações de violência e 
de criminalidade encontradas no cotidiano da atividade policial; Avaliar criticamente as 
formas de controle social e a implementação de políticas públicas de segurança para o 
seu enfrentamento do crime. 
Para a consecução do objetivo proposto pela disciplina, os conteúdos 
significativos à serem apreendidos ao longo do processo de ensino aprendizagem 
apresenta os seguintes elementos, desenvolvidos em 10 (dez) aulas, distribuídas em três 
grandes eixos temáticos dispostos na seguinte sequência: 
 O primeiro grande eixo temático a ser estudado está relacionado aos 
temas e conceitos sobre a constituição do Estado e suas características 
globais, como instituição que exercer o controle e organiza a sociedade, a 
partir da discussão voltada aos temas do Estado Democrático de Direito, a 
Cidadania e a Dignidade da Pessoa Humana; 
 O segundo eixo temático está relacionado ao tema da violência, suas 
definições e características, considerado o principal objeto de estudo para 
a prática cotidiana do operador de segurança pública, tais como, a relação 
entre Estado e violência, a teoria do controle social e as análises do crime 
e a relação entre violência e escravidão; 
 No terceiro eixo temático, serão estudados os principais conceitos e 
escolas criminológicas, tendo como principais pontos o desenvolvimento 
urbano e sua relação com a violência e o estudo da Escola de Chicago, 
entendendo-a como fundamental para o desenvolvimento dos estudos 
sobre a criminalidade, efetuaremos também um estudo sobre o conceito 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
5 | P á g i n a 
 
de Anomia, desenvolvido pelo sociólogo Émile Durkheim, e por fim, o 
estudo ordem social, a partir da contribuição do pensamento social 
brasileira. 
No âmbito da disciplina todos os conteúdos desenvolvidos são relevantes e 
significativos à formação do policial militar, contudo, pode-se apontar a importância do 
entendimento e da análise da violência e da criminalidade, assim como o conhecimento 
das principais escolas criminológicas e suas propostas de enfrentamento e prevenção da 
criminalidade, como conteúdos imprescindíveis à prática policial. 
Os conteúdos estão distribuídos em dez 10 (aulas) da seguinte sequência: 
 Na aula 1, abordará o conhecimento e o entendimento das principais 
características históricas da formação do Estado e sua transição para o 
Estado Democrático de Direito; 
 Na aula 2, abordará os princípios constitucionais da cidadania, da dignidade 
da pessoa humana, como princípios estruturantes para a atuação do 
Policial Militar. 
 Na aula 3, o conteúdo a ser abordado será no sentido de entender as 
principais características do Estado Democrático de Direito; 
 Na aula 4, o tema estudado se dirige ao entendimento das principais 
características da violência como objeto de estudo da sociologia; 
 A aula 5 está voltada ao entendimento das principais características e 
definições da violência como objeto de estudo da sociologia; 
 A aula 6 o conteúdo abordado será no sentido do entendimento das 
principais características da relação entre violência e escravidão no Brasil 
contemporâneo; 
 Na aula 7 serão estudadas as principais características e diferenças entre as 
Escolas Clássicas e Positiva da criminologia; 
 Na aula 8 será abordado as principais características e preposições para 
prevenção do crime da Escola Criminológica de Chicago; 
 Na aula 9 o conteúdo abordado se voltará para o entendimento das 
principais características e pressupostos da Teoria da Anomia de Émile 
Durkheim; 
 Por fim, na aula 10 o conteúdo abordado será relativo as principais 
contribuições do pensamento social brasileiro acerca da ordem social e do 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
6 | P á g in a 
 
conflito, a partir dos autores clássicos: Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de 
Holanda e Roberto Da Matta. 
 Nesta perspectiva, ao final dos encontros os futuros profissionais da segurança 
pública terão aprendido como se formou o Estado moderno, suas principais 
características e atribuições como instituição encarregada de exercer o controle social, a 
proteção dos cidadãos e a garantia da cidadania e dos direitos fundamentais da pessoa 
humana. Ao final das aulas terá aprendido também as principais características, 
definições e tipos de violência, as diversas formas de combate e suas formas de controle 
e prevenção. O aluno aprenderá ainda sobre a especificidade da Sociologia Criminal, 
suas principais escolas, seus principais autores e conceitos, suas propostas para o 
enfrentamento e prevenção da criminalidade da violência. 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
7 | P á g i n a 
 
Aula 1– Estado, Democracia e Sociedade. 
 
1. Estado e a Formação do Policial Militar Cidadão 
 
No sentido de instrumentalizar e potencializar 
o exercício das funções práticas do policial militar, 
não só nos espaços públicos, nas funções de linha, 
mas especialmente no conceito de Polícia de 
Proximidade e Unidade de Polícia Pacificadora, 
conhecer a natureza do Estado, é um instrumento 
fundamental para a formação desse novo policial 
militar, no sentido de que possa compreender e 
pensar criticamente o crime como fenômeno social e 
expressão dos conflitos inerentes à sociedade 
brasileira. 
 
 1.1 As Características do Estado 
Para João Ubaldo Ribeiro (1998, p.14), todas 
as sociedades são politicamente organizadas em que 
decisões públicas são formuladas e efetivadas, ou 
seja, em todas as sociedades existem alguma espécie 
de governo, reunidos em um conjunto de 
instituições. Entre as instituições políticas se 
destacam os três poderes: o executivo, o legislativo 
e o judiciário. O Estado pode apresentar as seguintes 
formas: monarquia e república. 
Conforme Reinaldo Dias (2008, p.49 apud Antônio, 2016, p.29), o crescimento 
das atribuições conferidas aos governos, sob a forma do Estado, permitiu que a política 
deste fosse uma modalidade de direção de grupos sociais que envolve poder, 
administração e organização. Segundo este autor, a ideia de 'Estado' não é universal, 
• Entender as principais características do Estado e sua transição para 
Estado Democrático de Direito. 
 
 
 
Ao final desta aula você deverá: 
 
Teorias Sobre Estado 
A teoria de Estado de 
Hobbes é a seguintes: quando 
os homens primitivos vivem 
no estado natural, como 
animais, eles se jogam uns 
contra os outros pelo desejo de 
poder, de riqueza, de 
propriedades. [...] os homens 
destroem uns aos outros, eles 
percebem a necessidade de 
estabelecer entre eles um 
acordo, um contrato. Um 
contrato para construírem um 
Estado que refreie os homens, 
que impeça o desencadear-se 
dos egoísmos e a destruição 
mutua. ―O homem é lobo do 
homem‖. (ARAÚJO, 2009, 
p.173) 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
8 | P á g i n a 
 
serve para descrever uma forma de ordenamento político surgida na Europa a partir do 
século XIII e que foi se desenvolvendo até os fins do século XVIII e início do XIX. 
Portanto, é um modelo de sistema político criado no âmbito das sociedades ocidentais. 
Os Estados nacionais são constituídos como uma corporação territorial de uma nação, 
enquanto organização que se realiza através de um ordenamento jurídico que envolve 
toda a vida social, e que se estabelece através de aparatos voltados ao exercício e 
manutenção do poder. 
A constituição do Estado possui várias acepções e tipos, de acordo com a forma 
em que estão organizados política e economicamente, podendo ser reconhecido 
politicamente como um Estado Absolutista, cuja característica principal é centralização 
do poder político nas mãos de um só governante. Podemos entender também a 
constituição do Estado, através de sua organização econômica, qualificado como um 
estado liberal, cujo valores principais são o individualismo, a liberdade e a propriedade 
privada, apresentando-se como representante de toda a sociedade, a partir da ideia de 
soberania popular, na separação entre público e privado. Dessa forma, o pensamento 
liberal tem como concepção de que o Estado não deve intervir nas atividades 
econômicas, deixando ao mercado a tarefa de organizar a sociedade. 
Por sua vez, temos ainda o tipo de Estado qualificado como de bem-estar social, 
que se opõe ao Estado liberal, cuja finalidade principal é que deve existir a intervenção 
estatal nas atividades econômicas, regulando, subsidiando e executando os grandes 
investimentos. Sua proposta era a de moradia digna, educação básica pública, 
assistência à saúde, transporte público, seguro desemprego e salário etc., enfim, um 
mínimo de bem-estar econômico e social para os cidadãos menos favorecidos social e 
economicamente. 
Há ainda outras formas de se qualificar o Estado, tais como uma ditadura ou como 
uma democracia, baseados na forma através das quais os indivíduos pertencentes ao 
Estado têm ou não garantidos os seus direitos civis, políticos e sociais. 
Estado brasileiro, em sua formação histórica, no período de 1930 a 1985, 
alternou-se em seu sistema político e econômico entre ditaduras e democracias, a partir 
da Constituição de 1988, considerada a Constituição Cidadã, o Estado brasileiro buscou 
assegurar aos seus cidadãos uma cidadania substantiva: a liberdade individual, a 
democratização, a proteção social, o combate à discriminação, concretizando-se como 
um estado democrático de direito. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
9 | P á g i n a 
 
O Estado democrático brasileiro tem como base a soberania, fundamento da 
democracia representativa e participativa, concretizado pela divisão entre os três 
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, como princípios que visam garantir a vida, 
a igualdade e formas básicas de liberdade e direitos do cidadão. 
2. Teorias Sociológicas Clássicas sobre Estado 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Estado como Organização Coletiva 
Para Émile Durkheim (2002, p.67-70), o Estado é fundamental para a sociedade 
que cresce e que fica cada vez mais complexa, devendo estar acima das organizações 
comunitárias. De acordo com este autor, o Estado não é antagônico ao indivíduo, pois 
foi o Estado que o emancipou, livrando-o do controle despótico e imediato dos grupos 
secundários, como a Família, a Igreja e as corporações profissionais, dando espaço mais 
amplo para o desenvolvimento de sua liberdade. 
Para ele, Estado se define como um grupo de funcionários sui generis, no seio do 
qual se elaboram representações e volições que envolvem a coletividade, embora não 
seja obra da coletividade. Portanto, o Estado é uma organização com um conteúdo 
inerente, ou seja, os interesses coletivos, formando uma sociedade política em seu 
conjunto, o povo governado e seu governo juntos. 
 
2.2 Weber: Estado e Dominação 
 
 
Para Max Weber (1982, p. 98), o Estado é uma comunidade humana que pretende, 
com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado 
território, tendo o seu verdadeiro poder nas mãos da burocracia militar e civil, portanto, 
em uma relação de homens dominando homens mediante a violência, considerada 
legitima. Desse modo, o poder e a autoridade centralizam-se na figura do Estado, o mais 
importante agente de controle social de uma sociedade. Para Weber há três formas de 
dominação legítima: 
a. Dominação tradicional, que é a legitimada pelos costumes, normas e valores 
tradicionais e pela ―orientação habitual ao conformismo‖; 
b. Dominação carismática, que está fundada na autoridade do carisma pessoal (o dom 
da graça), da confiança na revelação, do heroísmo ou de qualquer qualidade de 
liderança individual; 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
10 | P á g i n a 
 
c. Dominação legal, cuja fontede poder é legitimada pela legalidade que decorre de 
um estatuto, da competência funcional e de regras racionalmente criadas. 
 
 
2.3 Marx: Estado e Lutas de Classe 
 
 
 
Para Karl Marx (1998, p. 41-2), baseia-se em sua concepção materialista da 
sociedade para afirmar que não é o Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que 
molda o Estado. A sociedade, por sua vez, se molda pelo modo dominante de produção 
e das relações de produção inerentes a esse modo. 
Marx definindo a sociedade capitalista como uma sociedade de classes, dominada 
pela burguesia, vai afirmar que o Estado é um instrumento essencial de dominação, não 
estando acima dos conflitos de classes, mas profundamente envolvido neles. 
Assim, o Estado, se apresenta como a expressão política da classe dominante, 
desse modo, na sociedade burguesa, o Estado representa o braço repressivo da 
burguesia. O Estado é, portanto, uma organização que não representa o bem-comum, 
mas cujos interesses são os da classe dominante na sociedade capitalista: a burguesia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
11 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACONTECEU... 
O Sargento Ribeiro e o Soldado Quintes do 8°BPM (Campos dos 
Goytacazes), enquanto faziam patrulhamento na área do Sapo – São Fidelis, foram 
solicitados pelo pai de uma criança, que estava apavorado, pois a sua filha, uma 
bebê de apenas 14 dias, havia asfixiado durante a amamentação e perdeu os sentidos 
por alguns minutos. Imediatamente os policiais foram até o endereço, realizaram os 
primeiros socorros e conduziram a família até o Hospital Geral de Guarus, onde a 
bebê ficou em observação. 
―É gratificante poder servir a população e fazer parte de histórias como essa, 
nessas horas a gente percebe o quão importante é a nossa dedicação” disse o Sgt 
Ribeiro. “É exatamente esse o sentimento que tivemos ao cumprir mais essa missão 
que nos foi dada‖. Completou o Sd Quintes. 
Os pais da menina ficaram extremamente agradecidos a essa dupla de 
policiais, eles temiam pelo pior se os policiais não tivessem aparecido. 
―Não gosto nem de imaginar o que poderia ter acontecido, estou muito 
agradecida aos policiais, eles foram muito atenciosos e ajudaram a gente o mais 
rápido que puderam‖ Disse Girlane a mãe de Kérollyn Vitória. 
A vitoriosa Kérollyn já voltou para casa e está muito bem! 
A Polícia Militar parabeniza aos policiais pela ação. 
 
http://www.pmerj.rj.gov.br/policiais-do-8bpm-salvam-vida-de-bebe/ 
acessado em 07/11/2016 
Observe que: A notícia ressalta a importância das ações proativas do policial militar como 
cidadão junto à comunidade. 
 
http://www.pmerj.rj.gov.br/policiais-do-8bpm-salvam-vida-de-bebe/
http://www.pmerj.rj.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/unnamed-36.jpg
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
12 | P á g i n a 
 
3. Conclusão 
Esta aula apresentou o desenvolvimento do Estado como uma Instituição que 
organiza e controla a sociedade e suas relações sociais. Por este aspecto, os principais 
pontos abordados referiram-se ao entendimento do significado do Estado, a partir dos 
pontos de vista dos autores clássicos da sociologia. 
Em Durkheim, o Estado é uma instituição com conteúdo inerente, aparece na 
formação da sociedade, como uma sociedade política em seu conjunto, ou seja, a função 
do Estado seria de ordem moral, exercendo o papel de intermediação entre o Estado e os 
cidadãos. 
Em Weber, foi possível compreender que a função de controle e organização do 
Estado está calcada no monopólio do uso legítimo da força dentro de um determinado 
território, assim, o Estado se estabelece mediante relações de dominação de uns 
indivíduos sobre outros, dominação esta muitas vezes de forma violenta para garantir o 
exercício e manutenção do poder. 
Já em Marx, o Estado é percebido como um instrumento das classes dominantes 
para manter seu poder de dominação sobre as demais classes na sociedade capitalista. 
Em síntese, compreendeu-se nesta aula que os autores da sociologia entendem o 
Estado como um instrumento de dominação, hierarquia e autoridade, sendo exercidos 
através de um processo burocrático e hierárquico, como estruturantes das relações de 
poder, exercidos por meio de diversos regimes políticos, órgãos e agentes que tornam 
possível a existência e a manutenção do poder estatal. 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
13 | P á g i n a 
 
Exercícios 
 
 
 
 
1- De que forma o Estado se mostra presente em seu cotidiano? Ele é necessário 
nessas situações? Por quê? 
 
2- Explicite as formas de dominação na concepção de Weber. 
 
3- Discuta criticamente a caracterização do Estado feita por Marx? 
 
 
SAIBA MAIS... 
O Estado possui ainda as seguintes características: - A soberania, na qual um 
governo possui autoridade sobre um território com delimitação clara, dentro do qual 
ele representa o poder supremo; O nacionalismo, definido como um conjunto de 
códigos simbólicos que permitem a identificação e o sentimento de pertencimento a 
uma comunidade política unitária ou a uma nação com características próprias; além 
da Cidadania. 
Filmes Sugeridos: 
TROPA DE ELITE 2 – o inimigo agora é outro (Brasil – 2010, 118 min. 16 anos) 
Direção de José Padilha. 
https://www.youtube.com/watch?v=1fGvrBD-2wg 
TUDO PELO PODER The Ides of March (EUA, 2011, 102 min. 12 anos) Direção 
de George Clooney. 
 https://www.youtube.com/watch?v=tILdAz2ghKw 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO 
O caso apresentado acima ilustra a presença do Estado em todas a instancias da 
sociedade, não só com ações relacionadas a violencia, mas com condutas pouco 
veiculadas na midia, como um servidor público e policial cidadão.. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=1fGvrBD-2wg
https://www.youtube.com/watch?v=tILdAz2ghKw
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
14 | P á g i n a 
 
Bibliografia 
 
ANTÔNIO, Maria Carolina de Araújo. Et.al. Teorias políticas dos Séculos XX e XXI. 
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 
ARAÚJO, Silvia Maria de. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: Contexto, 2009. 
DIAS, Reinaldo. Ciência política. São Paulo: Atlas, 2008. 
DURKHEIM, Émile. Lições de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
MARX, Karl. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 1998. 
RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de 
Janeiro: Editora Objetiva, 1998. 
WEBER, Max. A política como vocação. In: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1982 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
15 | P á g i n a 
 
Aula 2 – A Cidadania e a Dignidade da Pessoa Humana. 
 
1. A Cidadania como Princípio para a Formação do Policial Militar. 
 
1.1 Cidadania: História e 
características. 
Ao conceito de cidadania se atribui 
um significado através da qual se 
compreende a concretude de nossos direitos 
e deveres e são definidas nossa liberdade e 
igualdade, além da solidariedade social. À 
esta compreensão deve ser agregado o seu 
conteúdo de estratégia de luta, através da 
qual se reivindica para todos os cidadãos o 
direito de participação em todos os setores 
da sociedade, com igualdade de 
oportunidades, independentemente de raça, 
credo ou qualquer outra forma de pertença 
historicamente subalternizada. 
Segundo Nelson Dacio Tomazi (2010, 
p.134), a ideia de cidadania está relacionada 
ao surgimento do Estado moderno e a 
expectativa de que este garanta os direitos 
essenciais dos cidadãos. Sendo que a 
conquista, a preservação e sua ampliação 
dependem das ações dos indivíduos e dos 
grupos que procuram lutar por seus interesses por meio dos movimentos sociais. 
A cidadania foi inicialmente analisada por T. H. Marshall (1967), que estabeleceu 
sua progressão histórica na Inglaterra em que implicou primeiramente a constituição e a 
• Entender os princípios constitucionais da cidadania,da dignidade da 
pessoa humana, como princípios estruturantes da Polícia Militar. 
Ao final desta aula você deverá: 
 
Políticas de Ação Afirmativa e 
Cidadania. 
As políticas de ação afirmativa têm 
sido entendidas como um conjunto de 
estratégias políticas implementadas 
pelos governantes, a fim de favorecer 
grupos socialmente discriminados por 
motivos de raça, sexo e etnia e que, em 
decorrência disto, experimentam uma 
situação desfavorável em relação a 
outros segmentos sociais. Implica, dessa 
forma, na formulação de políticas 
abertamente não universais com o 
intuito de beneficiar de forma 
diferenciada a grupos discriminados, de 
modo a permitir que, a médio e longo 
prazo — definidos em termos de 
segunda e terceira gerações—, eles 
possam alcançar condições econômicas, 
sociais e culturais equânimes. 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
16 | P á g i n a 
 
extensão dos direitos civis, conquistados 
no século XVII, compostos dos direitos 
necessários ao exercício da liberdade 
individual: ir e vir, imprensa, 
pensamento e, ainda o acesso à justiça 
como forma de sua garantia e 
concretude. 
Em seguida surgem os direitos 
políticos, alcançados no século XIX, 
relacionado ao direito de participação, 
seja no sentido de ser eleitor ou de ser 
eleito. Por fim, no século XX, os 
direitos sociais, que se referem aos 
direitos que visam estabelecer um 
mínimo de bem-estar social, 
determinado em cada sociedade. 
No Brasil, como afirma José 
Murilo de Carvalho (2001), a sequência 
histórica da construção da cidadania, 
aconteceu de forma invertida, primeiro 
vieram os direitos sociais; depois, os 
políticos e os civis, alternando entre 
direitos para poucos, passando por períodos identificados como ―cidadania regulada‖, 
segundo o sociólogo Wanderley Guilherme do Santos, complementado por um período 
de direitos cassados, até chegar à constituição cidadã de 1988. 
A partir da década de 1990, a dinâmica da cidadania vai acontecer, a partir do 
aumento da participação de novos atores sociais, como os novos movimentos sociais e 
as instituições do Terceiro Setor, na luta pelo direito à igualdade e pelo reconhecimento 
de diferenças específicas, o conceito cidadania foi redefinido, agregando novos valores 
e significados para a relação entre cultura e política como forma de transformação da 
realidade, sendo assim interpretada como cidadania ativa. 
Pode-se, ainda, interpretar a dinâmica da cidadania, a partir de dois tipos: 
 
Portanto, as ações afirmativas têm 
como propósito o reconhecimento de 
que pessoas sujeitas à desigualdade 
devem receber tratamento diferenciado 
para fins de promoção de justiça social 
(ANDREWS, 1997). 
As ações afirmativas se apresentam 
como instrumentos específicos para o 
estabelecimento de uma igualdade 
substantiva — seja através de cotas ou 
de qualquer outro instrumento de 
aplicação, constituindo-se em um 
poderoso instrumento de combate à 
discriminação. Ao ampliar a oferta de 
oportunidades para todos, no sentido de 
igualá-las, as ações afirmativas 
conduzem o conjunto da sociedade na 
direção da cidadania plena e inclusiva. 
(GUIMARÃES, 2013, p.93) 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
17 | P á g i n a 
 
a. A cidadania formal, aquela que está nas leis, principalmente na constituição do país. 
É a que estabelece que todos são iguais perante a lei e garante ao indivíduo a 
possibilidade de lutar judicialmente por seus direitos; 
b. A cidadania substantiva ou real, aquela que vivemos no dia a dia, mostra que não 
há igualdade fundamental entre todos os seres humanos – entre homens e mulheres, 
crianças, jovens e idosos, negros, pardos e brancos. 
2. Cidadania e Dignidade da Pessoa Humana. 
 
Como extensão da compreensão do desenvolvimento, da conquista e a efetividade 
os direitos de cidadania, está a ideia constitucionalmente fundamentada da dignidade da 
pessoa humana como um dos mais essenciais direitos em um Estado Democrático de 
Direito. 
Segundo Luiz Roberto Barroso (2010), o conceito de dignidade da pessoa 
humana, na sua acepção contemporânea, tem origem religiosa, bíblica: o homem feito à 
imagem e semelhança de Deus. Com o Iluminismo e a centralidade do homem, ela 
migra para a filosofia, tendo por fundamento a razão, a capacidade de valoração moral e 
autodeterminação do indivíduo, no entanto, ao longo do século XX, a ideia de dignidade 
da pessoa humana e o próprio direitos humanos se torna um objetivo político, um fim a 
ser buscado pelos Estados democraticamente constituídos. Após a 2ª. Guerra Mundial, a 
ideia de dignidade da pessoa humana migra paulatinamente para o mundo jurídico, em 
razão de dois movimentos. 
O primeiro foi o surgimento de uma cultura pós-positivista, que reaproximou o 
Direito da filosofia moral e da filosofia política, atenuando a separação radical imposta 
pelo positivismo normativista. O segundo consistiu na inclusão da dignidade da pessoa 
humana em diferentes documentos internacionais e Constituições de Estados 
democráticos, tais como Da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. 
Segundo Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p.60), temos por dignidade da pessoa 
humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do 
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste 
sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto 
contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe 
garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e 
promover sua participação ativa corresponsável nos destinos da própria existência e da 
vida em comunhão dos demais seres humanos e direitos fundamentais. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
18 | P á g i n a 
 
Já para Eliane Cristina Huffel Campos (2011), o entendimento do conceito de 
dignidade humana como aparece, no Brasil, no âmbito da Constituição de 1988, é o 
fundamento de todo o sistema dos direitos fundamentais, no sentido de que estes 
constituem exigências, concretizações e desdobramentos da dignidade da pessoa e que 
com base nesta é que aqueles devem ser interpretados, dela partindo o desenvolvimento 
do Estado de Direito e de seus deveres, manifestos, dentre outros, na garantia e no 
respeito aos direitos fundamentais, evitando assim que atos praticados por outrem e, em 
especial, pelo próprio Estado através dos seus agentes, representem um retrocesso no 
processo de resgate do exercício da cidadania. 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
19 | P á g i n a 
 
3. Conclusão 
Nesta aula foram desenvolvidos os principais conceitos relacionados a cidadania e 
da dignidade da pessoa humana, como elementos norteadores da atuação prática do 
policial militar. Assim, foi possível apreender como ambos os conceitos se estruturaram 
ao longo da formação das sociedades ocidentais, definindo a concretude dos direitos e 
os deveres de todos os cidadãos. 
Aprendemos que o conceito de cidadania tem como seu principal significado a 
incorporação e a concretude de nossos direitos e deveres, conquistados ao longo do 
desenvolvimento das sociedades, definindo nossa liberdade e igualdade, além da 
solidariedade social. 
Compreendemos também que a conquista da cidadania congrega em seu conteúdo 
estratégias de luta, através das quais se reivindica para todos os cidadãos o direito de 
participação em todos os setores da sociedade, com igualdade de oportunidades, 
independentemente de raça, credo ou qualquer outra forma de pertença historicamente 
subalternizada, e na luta pelo direito à igualdade e pelo reconhecimento de diferenças 
específicas, agregando novos valores e significados para a relação entre cultura e 
política como forma de transformação da realidade a realização da justiça social. 
Tivemos a oportunidade de aprender que a concretude da dignidade da pessoa 
humana é uma qualidade intrínseca e distintivade cada ser humano que o faz merecedor 
do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando um 
complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo 
e qualquer ato de cunho degradante e desumano, assim como, promover sua 
participação ativa corresponsável nos destinos da sua própria existência e da vida em 
comunhão dos demais seres humanos e direitos fundamentais. 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
20 | P á g i n a 
 
ACONTECEU... 
Concurso à Magistratura Estadual terá cotas para Negros 
 
Pela primeira vez na história, o concurso para o cargo de Juiz de Direito 
Substituto da Magistratura do Rio Grande do Sul terá a reserva de cotas raciais. A 
iniciativa consta do edital publicado no Diário da Justiça Eletrônico de terça-feira 
(27/10). 
Das 60 vagas iniciais previstas, 20% serão reservadas a negros e 5% às 
pessoas com deficiência. Serão 45 vagas para ampla concorrência, 12 para negros e 
três para pessoas com deficiência. A iniciativa tem como base a Resolução 203 do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 23 de junho de 2015, que dispõe sobre a 
reserva aos negros, no âmbito do Poder Judiciário. 
Na reunião do Conselho Executivo da Associação nessa segunda-feira 
(26/10), os associados destacaram a importância da aprovação da lei sobre a reserva 
de vagas no Estado, independente da Resolução do CNJ. ―É representativo que o 
Poder Judiciário do Rio Grande do Sul seja o autor de uma lei criando o sistema de 
cotas. É muito importante que os negros estejam em todo o serviço público. Trata-
se de um resgate histórico que toda a sociedade tem com o povo negro‖, salienta o 
subdiretor do Departamento de Direitos Humanos da AJURIS, Francesco Conti. 
O Procurador do Estado e integrante do movimento negro Jorge Terra 
também saúda o emprego do sistema de costas no certame. ―Penso que a aplicação 
do sistema de cotas raciais é a afirmação do Poder Judiciário como uma 
instituição que valoriza e reconhece a diversidade como instrumento de 
transformação social‖, destaca. 
Fonte: http://www.geledes.org.br/concurso-a-magistratura-estadual-tera-
cotas-para-negros/#gs.wkM_y10 
Observe que: A matéria permite compreender a importância da adoção de 
políticas públicas que garantam a igualdade de oportunidades como forma de 
concretude da cidadania e da dignidade humana da população negra no Brasil. 
 
 
 
 
http://www.geledes.org.br/concurso-a-magistratura-estadual-tera-cotas-para-negros/#gs.wkM_y10
http://www.geledes.org.br/concurso-a-magistratura-estadual-tera-cotas-para-negros/#gs.wkM_y10
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
21 | P á g i n a 
 
Exercícios... 
 
1. As cotas para negros e indios nas universidades podem resolver os problemas 
raciais no Brasil? 
2. Apesar de a democracia brasileira estar estabilizada, ainda não se é possível dizer 
que a Cidadania plena dos brasileiros esteja efetivada. Explique. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
A dignidade da pessoa humana representa o significativo e fundamental 
ordenamento jurídico dos Estados de Direito, e se apresenta como um dos 
fundamentos do Estado brasileiro, expresso na atual Constituição de 1988, em seu 
artigo 1°, inciso III, constituindo-se, assim, na garantia do estabelecimento de 
direitos iguais e inalienáveis, como parte fundante da liberdade, da justiça e da paz 
no mundo. 
 
Filmes sugeridos: 
 
Garapa (2009): O filme trata da questão da fome no Brasil, partindo do ponto de 
vista de suas vítimas, na tentativa de conscientizar a sociedade brasileira sobre este 
problema. 
https://www.youtube.com/watch?v=Cz76iw4r2_I 
 
O que é isso, companheiro? (Brasil, 1997). Filme discute a questão da cidadania 
baseado na luta pela redemocratização no período da ditadura militar no Brasil. 
https://www.youtube.com/watch?v=9_ODe6ar7ag 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO 
Todos os recentes casos de racismo veiculados na mídia, como o caso da MC Carol, 
Preta Gil, Taís Araújo e Cris Vianna, e também aqueles casos que não foram 
veiculados, que ocorreram de forma velada, revelam que a discriminação racial é 
um problema estrutural do Brasil e que acontece no cotidiano de todas as pessoas 
negras. Tais casos são exemplos ilustrativos do desrespeito aos preceitos 
constitucionais e da violação dos direitos de cidadania e da dignidade da pessoa 
humana em um Estado Democrático de Direito. 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Cz76iw4r2_I
https://www.youtube.com/watch?v=9_ODe6ar7ag
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
22 | P á g i n a 
 
Bibliografia 
 
BARROSO, Luís Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional 
Contemporâneo: natureza jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Versão 
provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. 
CAMPOS, Eliane Cristina Huffel. O princípio da dignidade da pessoa humana como 
argumento para a tutela do direito fundamental à saúde pelo Poder Judiciário 
Brasileiro. XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011. 
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 
MARSHALL, Thomas Humprey. Cidadania, classe e status. Tradução de Meton Porto 
Gadelha. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 60. 
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 
2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
23 | P á g i n a 
 
Aula 3 - Estado Democrático de Direito. 
 
 
1. Estado Democrático de Direito: Fundamentos e Características. 
 
O Estado Democrático de Direito tem 
por fundamentos, entre outros, a cidadania e a 
dignidade da pessoa humana. Os seus 
objetivos fundamentais são o de construir uma 
sociedade livre, justa e solidária, que garanta o 
desenvolvimento nacional e erradique a 
pobreza e a marginalização, reduzindo as 
desigualdades sociais e regionais, promovendo 
o bem de todos, sem preconceitos de raça, 
sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de 
discriminação. (ARANÃO, 2008, p.215). 
Os fundamentos do Estado Democrático 
de Direito brasileiro estão presentes na 
Constituição de 1988, em seu Artigo 1º: 
 
 
 
I – A soberania; 
II – A cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – Os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa; 
V – O pluralismo político. 
Em seu Artigo 3.º temos os objetivos 
fundamentais a serem buscados: 
I – Construir uma sociedade livre, justa e 
solidária; 
• Entender as principais características do Estado Democrático de Direito. 
 
 
 
Ao final desta aula você deverá: 
 
Estado de Direito e Estado de 
Não Direito 
Estado de direito é um Estado 
ou uma forma de organização 
político-estadual cuja actividade é 
determinada e limitada pelo 
direito. «Estado de não direito» 
será, pelo contrário, aquele em que 
o poder político se proclama 
desvinculado de limites jurídicos e 
não reconhece aos indivíduos uma 
esfera de liberdade ante o poder 
protegida pelo direito. [...] Três 
ideias bastam para caracterizá-lo: 
(I) é um Estado que decreta leis 
arbitrárias, cruéis ou desumanas; 
(2) é um Estado em que o direito 
se identifica com a «razão do 
Estado» imposta e iluminada por 
«chefes»; (3) é um Estado pautado 
por radical injustiça e desigualdade 
na aplicação do direito. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
24 | P á g i n a 
 
II – Garantir o desenvolvimento nacional; 
III – Erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV – Promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
Desse modo, ao resumir as principais 
características e fundamentos do Estado 
Democrático de Direto, Enio Moraes da Silva 
(2005, p, 228-29) aponta os seus principais 
aspectos:Um Estado Democrático de Direito tem 
seu fundamento na soberania popular: 
 
 
 
 
 
 
1. A necessidade de providenciar mecanismos 
de apuração e de efetivação da vontade do 
povo nas decisões políticas fundamentais do 
Estado, conciliando uma democracia 
representativa, pluralista e livre, com uma 
democracia participativa efetiva; 
2. É também um Estado Constitucional, ou 
seja, dotado de uma constituição material 
legítima, rígida, emanada da vontade do povo, 
dotada de supremacia e que vincule todos os 
poderes e os atos dela provenientes; 
3. A existência de um órgão guardião da Constituição e dos valores fundamentais da 
sociedade, que tenha atuação livre e desimpedida, constitucionalmente garantida; 
4. A existência de um sistema de garantia dos direitos humanos, em todas as suas 
expressões; 
5. Realização da democracia – além da política – social, econômica e cultural, com a 
consequente promoção da justiça social; 
6. Observância do princípio da igualdade; 
 
«Estado de não direito» é aquele 
em que existem leis arbitrárias, 
cruéis e desumanas que fazem da 
força ou do exercício abusivo do 
poder o direito, deixando sem 
qualquer defesa jurídica eficaz o 
indivíduo, os cidadãos, os povos e 
as minorias. [...] - É aquele que 
identifica direito e força, fazendo 
crer que são direito mesmo as leis 
mais arbitrárias, mais cruéis e mais 
desumanas. É aquele em que o 
capricho dos déspotas, a vontade 
dos chefes, a ordem do partido e os 
interesses de classe se impõem 
com violência aos cidadãos. É 
aquele em que se negam a pessoas 
ou grupos de pessoas os direitos 
inalienáveis dos indivíduos e dos 
povos. 
Joaquim José Gomes Canotilho 
http://www.libertarianismo.org/livr
os/jjgcoedd.pdf 
 
 
http://www.libertarianismo.org/livros/jjgcoedd.pdf
http://www.libertarianismo.org/livros/jjgcoedd.pdf
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
25 | P á g i n a 
 
7. A existência de órgãos judiciais, livres e independentes, para a solução dos conflitos 
entre a sociedade, entre os indivíduos e destes com o Estado; 
8. A observância do princípio da legalidade, sendo a lei formada pela legítima vontade 
popular e informada pelos princípios da justiça; 
9. A observância do princípio da segurança jurídica, controlando-se os excessos de 
produção normativa, propiciando, assim, a previsibilidade jurídica. 
Desta forma, em um Estado Democrático de Direito estão conjugados os 
princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, como elementos 
fundamentais para a construção de uma nova prática, articulada aos direitos humanos, 
como condição de possibilidade da transformação da realidade de desigualdade social 
no Brasil. 
Por este aspecto, para a consecução de seus princípios, este Estado deve garantir 
que as relações sociais e a convivência humana se realizem em uma sociedade livre e 
solidária, baseada em leis, na qual o povo deve ser devidamente representado e 
participar efetivamente na tomada de decisão, se caracterizando pela possibilidade da 
realização de práticas políticas à ampliação da Cidadania, à concretude da Dignidade 
Humana e da Justiça Social. 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
26 | P á g i n a 
 
2. Conclusão 
Nessa aula aprendemos que Estado Democrático de Direito tem por fundamentos, 
entre outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. 
Vimos que este constitui também um Estado Constitucional, ou seja, dotado de 
uma constituição material legítima, rígida, emanada da vontade do povo, dotada de 
supremacia e que vincule todos os poderes e os atos dela provenientes, se caracterizando 
por trazer: A existência de um órgão guardião da Constituição e dos valores 
fundamentais da sociedade, que tenha atuação livre e desimpedida, constitucionalmente 
garantida; A existência de um sistema de garantia dos direitos humanos, em todas as 
suas expressões; Realização da democracia – além da política – social, econômica e 
cultural, com a consequente promoção da justiça social. 
Aprendemos então, que em um Estado Democrático de Direito estão conjugados 
os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, baseada em leis, nas quais 
o povo deve ser devidamente representado e participar efetivamente na tomada de 
decisão, se caracterizando pela possibilidade da realização de práticas políticas à 
ampliação da Cidadania, à concretude da Dignidade Humana e da Justiça Social. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
27 | P á g i n a 
 
ACONTECEU... 
Violência de Direito - Os Manifestantes Tidos por “Ilegítimos” ajudam a 
Democracia a avançar. Direito e Justiça nem sempre andam juntos 
 
O cenário era previsível. Governos acuados por ondas de manifestações que 
parecem, por um momento, sair completamente do controle e atingir todos os 
partidos, imprensa e instituições respondem normalmente de maneira idêntica. Eles 
começam por afirmar existir manifestantes legítimos e ilegítimos. Os primeiros 
respeitam o Estado Democrático de Direito e estão lá para referendar a festa da 
democracia brasileira. Eles sairão às ruas, mas no fundo não devem ser ouvidos. 
Como se diz quem está descontente que use o voto, mesmo se as eleições se 
transformaram, em grande parte, em um jogo viciado no qual uma partidocracia 
define as opções possíveis e associações escusas entre classe política e 
empresariado determinam quais dessas opções terão fôlego real. Ou seja, afirmar 
que a melhor resposta é o voto tem, atualmente, algo de silêncio imposto. 
 [...] Pensem, por exemplo, no que aconteceu com as ditas reformas que 
circulavam no Congresso Nacional, depois das manifestações de junho. Em larga 
medida, elas desapareceram. No entanto, quem força até o limite a classe política 
são aqueles que os governos gostam de chamar de ―manifestantes ilegítimos‖, ou 
seja, esses que agem ―fora do Estado Democrático de Direito‖. Quando pacifistas 
impedem a circulação de armamentos, ecologistas vão à Rússia impedir navios de 
despejarem lixo no mar, quando grevistas fazem piquetes e camponeses invadem 
latifúndios, ouvimos sempre a mesma coisa: trata-se de criminosos que agem à 
margem do Estado Democrático de Direito, obrigando o Estado e sua polícia a 
tomar medidas violentas a fim de fazer respeitar a legalidade democrática. 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
28 | P á g i n a 
 
ACONTECEU... 
No entanto, são esses os que atuam à margem do Estado Democrático de 
Direito e que fazem a democracia avançar. Pois eles nos lembram que a democracia 
é o único regime que reconhece sua própria imperfeição e incompletude. Por isso, 
ela é o único que aceita que há momentos nos quais direito e Justiça se dissociam. 
Há uma violência que vem da urgência da necessidade de mudança. Por isso, ela é 
uma violência política. [...] A resposta a essas pessoas que agem de maneira cada 
vez mais violenta é a política, não a polícia. 
http://www.cartacapital.com.br/revista/810/violencia-de-direito-2435.html 
Observe que: A matéria permite compreender os conflitos existentes em uma 
sociedade democrática como forma de avanço da democracia e de garantia de 
direitos em um Estado Democrático de direito. 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado que se 
aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos 
humanos e pelas garantias fundamentais constitucionais dos cidadãos, através do 
estabelecimento de uma proteção jurídica 
Filmes sugeridos: 
A Vida dos Outros (2006) 
http://filmescult.com.br/a-vida-dos-outros-2006/ 
Depois de Maio (2012) 
https://www.youtube.com/watch?v=Hn70A9NF3t8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.cartacapital.com.br/revista/810/violencia-de-direito-2435.html
http://filmescult.com.br/a-vida-dos-outros-2006/
https://www.youtube.com/watch?v=Hn70A9NF3t8
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
29 | P á g i n a 
 
Exercícios... 
 
1) Você considera que o Estado brasileiro é de fato um Estado Democrático de Direito? 
Explique.2) As manifestações que ocorreram e que ocorrem no Brasil são violações ao Estado 
Democrático de Direito? Por quê? Explique. 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
30 | P á g i n a 
 
Bibliografia 
 
ARANÃO, Adriano. Estado democrático de direito, criminalidade e violência: o 
desrespeito aos direitos fundamentais e o papel da educação. Revista do Programa de 
Mestrado em Ciência Jurídica da Fundinopi. 2008, p.215-231. 
SILVA, Enio Moraes da. O Estado Democrático de Direito. Revista de Informação 
Legislativa. Brasília a. 42 n. 167 jul. /set. 2005, p. 213-230. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
31 | P á g i n a 
 
Aula 4 - A Violência como Objeto de Estudo. 
 
 
1. A Violência: Definições e Características 
 
Nesta primeira discussão sobre violência como objeto de estudo da sociologia, 
torna-se relevante apresentarmos alguns dos principais tipos, características e 
classificações deste fenômeno. 
1.1 As Várias Definições da Violência 
A violência é etimologicamente referenciada ao latim violentia, relacionada a vis e 
violare, e comporta os significados de força em ação, força física, potência, essência, 
mas também de algo que viola, profana, transgride ou destrói. Assim, violentia parece 
denotar um vigor ou força que se direciona à transgressão ou destruição de uma ordem 
dada ou ―natural‖. O limite representado por essa ordem, e sua perturbação (pela 
violência), é percebido de forma variável cultural e historicamente. (ZALUAR, 1999, 
P.28 apud SILVA, 2010, p.13). 
Importante definição sobre a violência é apresentada por Michaud, quando diz: 
―[...] há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de 
maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias 
pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade 
moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais‖ (MICHAUD, 
1989, p.11 apud BARAZAL, 2014, p.79). 
Encontramos em Yves Michaud (1989), uma interessante divisão da violência em 
quatro categorias distintas: 
 Guerras: guerras mundiais e guerras entre países continentes; 
 Violência política: violência política difusa; violência contra o poder; violência do 
poder; terrorismo e guerra civil; 
 Violência da vida: gangues de rua e arrastões; 
 Criminalidade: furtos; roubos; assaltos; brigas; estupros; homicídio e agressão física. 
 
• Entender as principais características e definições da violência como 
objeto de estudo da sociologia. 
 
 
Ao final desta aula você deverá: 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
32 | P á g i n a 
 
1.2 A Violência: Tipos e Classificação. 
A violência pode ser classificada e dividida de várias formas: 
 Violência Criminal: 
 Violência política; 
 Violência Social e Econômica; 
 Violência das Instituições Públicas; 
 Violência Internacional (Macroviolência); 
 Violência Simbólica; 
 Violência Tecnológica; 
 Violência das Guerras e do Terrorismo; 
 Microviolências cotidianas. 
Nesse caminho de definição das diversas formas de se compreender o fenômeno 
da violência, Maria Cecilia de Souza Minayio (2005, p.23-24), aponta que o Relatório 
da OMS (2002) propõe uma classificação para a violência, classificando este fenômeno 
a partir de suas manifestações empíricas, como apresentadas a seguir: 
a. Violência dirigida contra si mesmo (auto infligida): por violências auto infligidas 
se entendem os comportamentos suicidas e o auto abusos. 
No primeiro caso a tipologia contempla suicídio, ideação suicida e tentativas de 
suicídio. O conceito de auto abuso nomeia as agressões a si próprias e as 
automutilações. 
b. As violências interpessoais são classificadas em dois âmbitos: o intrafamiliar e o 
comunitário. A violência intrafamiliar é quando ocorre entre os parceiros íntimos e entre 
os membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não unicamente. A 
violência comunitária é aquela que ocorre no ambiente social em geral, entre 
conhecidos e desconhecidos. 
c. Violência coletiva: são os atos violentos que acontecem nos âmbitos macrossociais, 
políticos e econômicos e caracterizam a dominação de grupos e do Estado. 
O Relatório da Organização Mundial da Saúde (2002) apresenta ainda um tipo de 
violência denomina estrutural, que se referem aos processos sociais, políticos e 
econômicos que reproduzem e cronificam a fome, a miséria e as desigualdades sociais, 
de gênero, de etnia e mantêm o domínio adultocêntrico sobre crianças e adolescentes. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
33 | P á g i n a 
 
A autora aponta ainda que este mesmo Relatório apresenta um modelo ecológico 
de explicação das ―raízes da violência‖. 
 O primeiro nível busca identificar os fatores biológicos e pessoais que cada pessoa 
porta em seu comportamento, concentrando-se nas características que aumentam a 
possibilidade do indivíduo ser vítima ou perpetrador de violência. 
 No segundo nível, são nomeados os fatores relacionais, evidenciando-se as 
interações sociais, nos âmbitos mais próximos dos companheiros, dos colegas, dos 
parceiros íntimos, dos membros da família, e sua influência na vitimização ou na 
perpetração da violência. 
 Em terceiro lugar são colocados os fatores comunitários e sua influência na dinâmica 
da violência. Nesses contextos comunitários são nomeados os locais de trabalho, a 
escola e a vizinhança e como problemas, os altos níveis de desemprego, a presença de 
tráfico de drogas e de armas e componentes de ordem relacional, como o isolamento 
social em que vivem determinadas famílias. 
 Em quarto lugar, o modelo ecológico enfatiza os fatores sociais mais amplos que 
contextualizam os índices de violência. Citam-se normas culturais que justificam a 
violência como forma de resolver conflitos; atitudes que consideram a opção pelo 
suicídio como um direito de escolha individual; machismo e cultura adultocêntrica; 
normas que validam o uso abusivo da força pela polícia; normas que apoiam conflitos 
políticos. 
Desse modo, segundo aponta Silva (2008, p. 10), o desenvolvimento de estudos 
sobre o fenômeno da violência é fundamental como condição de possibilidade de, por 
meio de pesquisa, oferecer subsídios teóricos e metodológicos para que se possam 
planejar ações concretas e seguras para o controle da violência e da criminalidade na 
sociedade. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
34 | P á g i n a 
 
2. Conclusão 
Nesta aula foi possível aprender que a violência é entendida como o uso 
significativo da força em ação, seja física ou simbólica, mas também como algo que 
viola, profana, transgride ou destrói e desrespeita o outro indivíduo. 
Vimos também que a violência se manifesta quando, numa situação de interação, 
um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando 
danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja 
em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e 
culturais. 
Aprendemos ainda que a violência pode se apresentar de várias formas, tais como, 
a violência auto infligida, como nos comportamentos suicidas e/ou auto abusos; a 
violência interpessoal: familiar, quando ocorre entre parceiros íntimos ou comunitária, 
quando ocorre em ambiente social entre conhecidos e desconhecidos. Há também a 
violência coletiva, que acontecem nos âmbitos macrossociais, políticos e econômicos e 
caracterizam a dominação de grupos e do Estado. 
Em síntese, entendemos que o estudo sobre o fenômeno da violência é 
fundamental como condição de possibilidade de, por meio de pesquisa, oferecer 
subsídios teóricos e metodológicos para que se possam planejar ações concretas e 
seguras para o controle da violência e da criminalidade na sociedade. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
35 | P á g i n a 
 
ACONTECEU... 
Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher é Celebrado com 
Ação Social em TeresópolisO 30° BPM (Teresópolis) realizou, nesta quarta-feira (25/11), um dia de ação 
social em parceria com o Senac e Instituto Embeleze. O evento, que foi organizado 
pelo Grupo Tático Guardiões da Vida do 30° batalhão, reuniu moradores e 
visitantes na Calçada da Fama, no centro da cidade. O principal objetivo dessa 
iniciativa é conscientizar às pessoas e apoiar o movimento pelo fim da violência 
contra as mulheres 
Os organizadores ofereceram cortes de cabelo, aferição de pressão arterial e 
maquiagem. No local, também foram entregues panfletos e realizada uma palestra 
sobre o tema para alunos da Escola Municipal Maçom Lino Oronã Lema. 
Observe que: A matéria permite compreender a adoção de ações conjuntas da 
Polícia Militar e da Sociedade Civil contra a violência, não apenas através da 
repressão, em qualquer uma das suas manifestações. 
 
 
 
 
http://www.pmerj.rj.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/DSCN5720.jpg
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
36 | P á g i n a 
 
 
Exercícios... 
 
1) Pesquise, aponte e discuta sobre as razões pelas quais morrem mais homens 
jovens negros do que brancos, respondendo ainda, como podemos mudar esse 
quadro na sociedade brasileira? 
2) Discuta os principais tipos de violência, apontando suas semelhanças e 
diferenças. 
 
SAIBA MAIS... 
O conceito de Violência Simbólica elaborado pelo sociólogo Frances Pierre 
Bourdieu (2004), designa uma forma de coação que se apoia no reconhecimento de 
uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência 
simbólica é uma violência que se exerce cm a cumplicidade tácita daqueles que a 
sofrem, através do reconhecimento da legitimidade do discurso dominante, sendo 
exercido por meio de exercício do poder simbólico. Trata-se da construção de 
crenças coletivas e faz parte do discurso dominante. São exemplos, o machismo, a 
homofobia, o racismo, e demais acontecimentos discriminatórios. 
 
Documentário sugerido: 
 
Vista Minha Pele (2011): é uma paródia da realidade brasileira que discute racismo 
e preconceito. Nesta história, os negros são a classe dominante e os brancos foram 
escravizados. 
https://www.youtube.com/watch?v=6Nlt-Q5iuYE 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO 
Matéria publicada no jornal O Globo (15/11) mostra que a ―Violência deixa 435 
filhos de PM‘s órfãos nos últimos seis anos‖ 
http://www.pmerj.rj.gov.br/materia-jornal-o-globo-violencia-deixa-435-filhos-de-
pms-orfaos-nos-ultimos-seis-anos/ 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=6Nlt-Q5iuYE
http://www.pmerj.rj.gov.br/materia-jornal-o-globo-violencia-deixa-435-filhos-de-pms-orfaos-nos-ultimos-seis-anos/
http://www.pmerj.rj.gov.br/materia-jornal-o-globo-violencia-deixa-435-filhos-de-pms-orfaos-nos-ultimos-seis-anos/
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
37 | P á g i n a 
 
Bibliografia 
 
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 
MICHAUD, Yves. A violência. São Paulo: Ática, 1989. 
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência: Um problema para a saúde do brasileiro. 
Impacto da Violência na Saúde dos brasileiros. Ministério da Saúde. Brasília/DF: 
Ministério da Saúde, 2005. 
OMS (Organização Mundial da Saúde) 2002. Relatório mundial sobre violência e 
saúde. OMS, Genebra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
38 | P á g i n a 
 
Aula 5 - O Estado e a Violência: Análise Histórico-Criminal do 
Controle Social. 
 
 
1. O Controle Social: Significado Político e Social 
 
Segundo Reinaldo Dias (2000, p. 139-
140), para que a sociedade funcione com êxito, é 
necessário que cada um cumpra seu papel social, 
que é complementar aos dos outros, interagindo 
em uma rede de papéis por todo o tecido social. 
Como é fundamental para o seu 
funcionamento, a sociedade cria mecanismos de 
controle social. 
O controle social pode ser formal ou 
informal. Quando mecanismos de controle social 
são utilizados casualmente pelas pessoas – como 
sorrisos, olhar de reprovação, advertência verbal 
– considera-se o controle informal. Quando o 
controle social é levado a cabo por agentes 
autorizados, como policiais, médicos, 
empregadores e militares, é dito formal. 
A expressão ―controle social‖ se refere a 
técnicas, estratégias e esforços para regular o 
comportamento humano em qualquer sociedade. 
Uma sociedade exerce controle social sobre seus 
membros de três modos principais: a 
socialização, a pressão do grupo e as sanções. 
Através do processo de ―socialização‖ um grupo ou sociedade faz com que seus 
membros se comportem da maneira esperada. 
• Entender as principais características e definições da violência como 
objeto de estudo da sociologia. 
 
 
Ao final desta aula você deverá: 
 
A Sociedade Disciplinar e a 
Sociedade de Controle. 
(...) A sociedade disciplinar é 
a que conhecemos desde o século 
XVIII. Ela procura organizar 
grandes meios de confinamento: a 
família, a escola, a fábrica, o 
exército e, em alguns casos, o 
hospital e a prisão. (...). 
A sociedade do controle está 
aparecendo lentamente, e alguns 
de seus indícios já são 
perceptíveis. Nela são usadas 
formas ultrarrápidas de controle. 
São permanentes e de 
comunicação instantânea. Como 
não têm um espaço definido, 
podem ser exercidos em qualquer 
lugar. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
39 | P á g i n a 
 
A força exercida pela ―pressão do 
grupo‖ sobre o indivíduo promove a 
adequação do indivíduo ao papel social que 
corresponde a seu status. 
Já as sanções podem ser positivas, 
quando se referem as recompensas para 
estimular determinado comportamento, e 
negativas quando se referem à punição para 
reprimir um tipo de comportamento. 
2. A Teoria do Controle Social e as 
Análises do Crime. 
Em relação ao crime, a abordagem do 
controle busca entender por que algumas 
pessoas se abstêm em praticar delitos. 
―Quanto maior o envolvimento do cidadão no 
sistema social, quanto maiores forem os seus 
elos com a sociedade e maiores os graus de 
concordância com os valores e normas 
vigentes, menores seriam as chances de esse 
ator se tornar um criminoso‖ (CERQUEIRA; 
LOBÃO, 2004, p. 242). 
Para Anthony Giddens (2012, p. 673), as 
teorias do controle postulam que o crime 
ocorre como resultado de um desiquilíbrio entre impulsos para a atividade criminal e os 
controles sociais ou físicos que a impedem. Muitos dos crimes são resultados de 
―decisões situacionais‖ – uma pessoa enxerga uma oportunidade e se sente motivada a 
agir de modo a tirar vantagem dela. Nesse caminho, surge nas políticas oficiais de 
prevenção do crime a abordagem conhecida como Prevenção Situacional do Crime. 
José Vicente Tavares dos Santos (2004, p. 8-10), aponta que a violência como 
nova questão social está configurando um Estado de Controle Social Repressivo, que 
apresenta as seguintes características: a polícia repressiva, o judiciário penalizante, a 
privatização do controle social, fazendo com que o crescimento das polícias privadas e 
das prisões privadas seja acompanhado pelo ―complexo industrial-policial‖, ou todos os 
 
Se na sociedade disciplinar o 
elemento central de produção é a 
fábrica, na de controle é a empresa, 
algo mais fluido. Se a fábrica já 
conhecia o sistema de prêmios, a 
empresa o aperfeiçoou como uma 
modulação para cada salário, 
instaurando um estado de eterna 
instabilidade e desafios. 
Se na sociedade disciplinar há 
sempre um indivíduo vigiando os 
outros em várias direções num 
lugar confinado, na sociedade do 
controle todos olham para o 
mesmo lugar. A televisão é um 
bom exemplo disso, pois milhares 
de pessoas estão sempre diante do 
aparelho. 
(TOMAZI, Nelson Dacio. 
Sociologia para o Ensino Médio. 1. 
ed. São Paulo: Atual, 2007, pp. 
110-111.) 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
40 | P á g i n a 
 
ramos industriais envolvidos com equipamentos e instalações de prevenção e repressão 
do crime, tais como seguros, segurança privada, viatura,equipamentos de comunicação, 
sistemas de informação, etc. 
Jorge Luiz Paz Bengochea et al (2004, p, 119-131), defende a transformação da 
polícia de controle em uma polícia cidadã, como uma forma democrática de controle 
social. As razões para essa transformação pode ser entendida em alguns pontos de sua 
estrutura e funcionamento: A logística atual da polícia de controle é pesada, enquanto da 
polícia cidadã é leve; a disciplina na polícia de controle é autoritária, centrada nas 
atitudes inadequadas, na apresentação, na uniformização de policiais, enquanto na 
polícia cidadã deve ser baseada na ampla defesa do policial, na possibilidade de ter o 
contraditório e também centrada na conduta asséptica à corrupção; a polícia atual 
prende para investigar, enquanto a polícia cidadã deveria investigar para prender, seria 
uma polícia mais inteligente; na polícia de controle, a polícia é o poder, enquanto na 
polícia cidadã, a polícia é serviço. 
Renato Cancian (2008) nos aponta que o controle social cumpre três funções: 
primeiramente, a função de desestimular os comportamentos desviantes; a segunda 
função refere-se à punição por meio do emprego de variadas formas de interdição; a 
terceira função refere-se ao isolamento e exclusão permanente do desviante da 
sociedade. Em certos casos, é possível, restabelecer no desviante a conformação às 
normas através da ressocialização.
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
41 | P á g i n a 
 
3. Conclusão 
Nessa aula aprendemos o significado d a expressão e do conceito de controle 
social, como técnicas, estratégias e esforços para regular o comportamento humano em 
qualquer sociedade. Vimos que este poder ser formal ou informal. Quando mecanismos 
de controle social são utilizados casualmente pelas pessoas – como sorrisos, olhar de 
reprovação, advertência verbal – considera-se o controle informal. Quando o controle 
social é levado a cabo por agentes autorizados, como policiais, médicos, empregadores 
e militares, é dito formal. 
Aprendemos também que uma sociedade pode exercer o controle social sobre 
seus membros de três modos principais: através dos instrumentos socializadores, através 
da pressão do grupo e através das sanções. 
Entendemos ainda que além de um conceito ligado as formas de organização da 
sociedade, que temos também no que diz respeito ao enfrentamento do crime, as teorias 
do controle, as quais postulam que o crime ocorre como resultado de um desiquilíbrio 
entre impulsos para a atividade criminal e os controles sociais ou físicos que a 
impedem. Muitos dos crimes são resultados de ―decisões situacionais‖ – uma pessoa 
enxerga uma oportunidade e se sente motivada a agir de modo a tirar vantagem dela. 
Ainda no que concerne ao estudo do crime aprendemos que em uma sociedade, 
através do Estado, o controle social cumpre três funções: primeiramente, a função de 
desestimular os comportamentos desviantes; a segunda função refere-se à punição por 
meio do emprego de variadas formas de interdição; a terceira função refere-se ao 
isolamento e exclusão permanente do desviante da sociedade. Em certos casos, é 
possível, restabelecer no desviante a conformação às normas através da ressocialização.
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
42 | P á g i n a 
 
 
ACONTECEU... 
Polícia Militar lança aplicativo de denúncias na Região dos Lagos 
 
A mais nova ferramenta de combate ao crime irá beneficiar sete municípios da 
região. A PM desenvolveu o aplicativo ―Lagos Denúncia‖ através de uma parceria 
entre o 25º BPM (Cabo Frio) e a empresa Tuto Web. Lançado no último dia 06/10, 
em menos de 48 h, a ferramenta já atingia a marca de mais de 1 dowloads. 
 
Imagem extraída da internet 
 
O Lagos denúncia é uma ferramenta multiplataforma que tem como objetivo 
ser um canal direto com o cidadão, garantindo segurança e mobilidade nas 
denúncias. Para acessar, basta o cidadão instalar em seu 
aparelho, Smartphone e tablet, através de download gratuito, direto da Google 
Playstore (usuários de Android), ou acessando: www.denunciaapp.com.br (qualquer 
sistema Operacional, incluindo IOS). 
A ideia inicial é permitir ao cidadão, por meio de acesso à internet, realizar 
denúncias, sobre todas as espécies de delitos, diretamente com o 25º Batalhão. Uma 
equipe de agentes realiza um filtro nas informações e encaminha aos setores 
responsáveis pelo policiamento nos municípios de Araruama, Armação dos Búzios, 
Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema. Em 
apenas 15 dias, foram mais de 300 denúncias anônimas. Isso mostra que a 
população aprovou a iniciativa. 
Desde o lançamento do ―Lagos Denúncia‖, houve um aumento expressivo no 
número de apreensões de armas e drogas, vários produtos de roubos também foram 
recuperados. Hoje, o aplicativo já ultrapassou a marca de 450 denúncias. 
E você, que é morador da Região dos Lagos, não pode ficar de fora dessa 
parceria. Denuncie! O anonimato é garantido. A Segurança Pública em suas mãos. 
Saiba mais em www.denunciaapp.com.br 
 Observe que: A matéria permite compreender a adoção de ações controle social e 
vigilância por parte da Sociedade Civil contra a violência, crimes e desvios. 
 
 
 
http://www.denunciaapp.com.br/
http://www.pmerj.rj.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/site-1.jpeg
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
43 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercícios 
 
1) Pesquise e discuta a possibilidade da constitução de uma polícia cidadã, 
democraticamente constituida, a partir da sociedade civil. 
 
2) A vigilância constante é um procedimento necessário para prevenir a violência e 
a possibilidade de ações criminosas? 
SAIBA MAIS... 
Entende-se por controle social o conjunto de mecanismos de intervenção que cada 
sociedade possui para garantir e normatizar o comportamento do sujeito, através do 
processo de socialização, que exercem força sobre nossa individualidade, de forma 
que quase sempre delimitamos nossas ações de acordo com o que aprendemos ser 
certo ou errado. O controle social é também exercido pela sociedade civil 
organizada para pressionar o Estado a atender as suas demandas, como por exemplo 
através dos Conselhos municipais de políticas públicas, que funcionam como um 
canal efetivo de participação, permitindo construir uma sociedade na qual a 
cidadania deixe de ser apenas um direito, mas uma realidade. 
Filmes e documentários sugeridos: 
Minority Report (2002) 
http://www.filmesdetv.com/minority-report.html 
 
A história do SUS no Brasil – documentário. 
https://www.youtube.com/watch?v=vaQ4CM6UF_Q 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO 
O exemplo apontado acima traz como elemento de entendimento da função do 
controle social, o fato de que através dos novos meios de comunicação as 
autoridades constituídas poderem, com o auxílio da população, prevenir e combater 
o crime. Assim, permite compreender a adoção de ações controle social e vigilância 
por parte da Sociedade Civil contra a violência, crimes e desvios. 
 
 
 
 
 
http://www.filmesdetv.com/minority-report.html
https://www.youtube.com/watch?v=vaQ4CM6UF_Q
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
44 | P á g i n a 
 
Bibliografia 
 
BENGOCHEA, J. L. et al. A transição de uma polícia de controle para uma polícia 
cidadã. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 18, n. 1, p. 119-131, 2004. 
CANCIAN, Renato. Controle social: Poder de regulação da sociedade é limitado. 
Pedagogia & Comunicação, p.3, 2008. 
Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/controle-social-poder-
de-regulacao-da-sociedade-e-limitado.htm. Acessado em 05/01/2016. 
CERQUEIRA, D. R. C.; LOBÃO, W. A. J. L. Determinantes da criminalidade: 
arcabouços teóricos e resultados empíricos. Dados – Revista de Ciências Sociais, v. 47, 
n. 2, p. 233-269, 2004. 
DIAS, Reinaldo. Fundamentos de sociologia geral. Campinas, SP: Editora Alínea, 2000 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. Ed. Porto Alegre: Penso,

Continue navegando