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1 AULA 11 FÉRIAS 1. HISTÓRICO Na História do Direito do Trabalho, as primeiras legislações sobre férias começaram a surgir no fim do século XIX, e eram permitidas, apenas quando o empregador oferecia. Na Dinamarca, por exemplo, havia uma lei que garantia o direito, mas somente para o trabalho doméstico. Posteriormente, começaram surgir leis nesse sentido, exemplo dos ingleses que adotaram lei específica em 1872 para determinadas indústrias. Mas, esse direito conquistou um alcance mundial mesmo com a criação da Organização Internacional do Trabalho. No Brasil, sua história começou na década de 20, mas tornou-se lei para todos os trabalhadores, apenas em 1943, com a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas. Em 1988, foi definido pela Constituição Federal que o trabalhador teria direito ao acréscimo de ⅓ sobre o valor do salário das férias. 2. CONCEITO As Férias são um período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, mas aufere remuneração do empregador, após ter adquirido o direito no decurso de 12 primeiros meses de vigência de seu contrato de trabalho. (MARTINS, 2015, p. 211) 3. FINALIDADE Proteção à saúde do trabalhador. Busca a restauração do organismo após período de dedicação à prestação de serviço. 4. DO DIREITO A FÉRIAS E DA SUA DURAÇÃO Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. 5. FALTAS INJUSTIFICADAS – REPERCUSSÃO SOBRE O PERIODO DE FÉRIAS Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; 2 II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. § 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço § 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de serviço. Obs.: Cabe ressaltar que a redução das férias em razão da faltas não é direta, existe uma escala proporcional. 6. DAS FALTAS JUSTIFICADAS – MANUTENÇÃO DO PERIODO DE FÉRIAS Art. 131 - Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo anterior, a ausência do empregado: I - nos casos referidos no art. 473; Il - durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de maternidade ou aborto, observados os requisitos para percepção do salário-maternidade custeado pela Previdência Social; III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do inciso IV do art. 133; IV - justificada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário; V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; e VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inciso III do art. 133. 7. PERDA DO GOZO DE FÉRIAS - HIPÓTESES 3 Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subseqüentes à sua saída; II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. 7.1. FORMALIDADE PARA GERAÇÃO DE EFEITOS § 1º - A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social. 7.2. CONTAGEM DE NOVO PERIODO AQUISITIVO § 2º - Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao serviço. § 3º - Para os fins previstos no inciso lIl deste artigo a empresa comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as datas de início e fim da paralisação total ou parcial dos serviços da empresa, e, em igual prazo, comunicará, nos mesmos termos, ao sindicato representativo da categoria profissional, bem como afixará aviso nos respectivos locais de trabalho. 7.3. PERÍODOS NÃO CONSIDERADOS COMO FÉRIAS • Aviso Prévio: as férias não podem ser a mesma do aviso prévio do funcionário; • Doença: em casos de doença, o funcionário não deverá tirar férias, mas quando retornar ao trabalho deverá justificar as faltas levando o atestado médico. 8. DA CONCESSÃO E DA ÉPOCA DAS FÉRIAS 4 O direito de gozo de férias depende da observância de um ciclo temporal que compreende dois períodos: o de Aquisição (12 meses) e o Concessivo (12 meses subsequentes) 8.1. PERIODO AQUISITIVO “Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias,...” 8.2. PERIODO CONCESSIVO Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. 9. POSSIBILIDADE DE FRACIONAMENTO – AJUSTE BILATERAL INDIVIDUAL § 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) Obs.: A Lei 13.467/17 (reforma trabalhista) estabeleceu as seguintes alterações * Revogou o § 2º do artigo 136 da CLT que previa a restrição de fracionamento que existia aos menores de 18 anos e aos maiores de 50 anos (antes deveria ser gozado de uma só vez). * Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. (NOVO § 1º DO ARTIGO 134 CLT – Lei 13.467/2017) 10. RESTRIÇÃO PARA INÍCIO DAS FÉRIAS § 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Obs.: Trata-se de outra inovação da Lei nº 13.467, de 2017 (Reforma Trabalhista) 5 11. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA INDISPENSÁVEL Art. 135 - A concessão das férias será participada, por escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participação o interessado dará recibo. 12. ANOTAÇÕES NECESSÁRIAS NA CTPS § 1º - O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem que apresente ao empregador sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, para que nela seja anotada a respectiva concessão. § 2º - A concessão das férias será, igualmente, anotada no livro ou nas fichas de registro dos empregados. 13. DIREITO DE ESCOLHA DO PERIODO DE FÉRIAS – AO EMPREGADOR Art. 136 - A época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregador.13.1. RESTRIÇÕES AO DIREITO DE ESCOLHA DO EMPREGADOR Art. 136 ... § 1º - Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço. § 2º - O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares. 14. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO DE CONCESSÃO – PAGAMENTO EM DOBRO E DEMAIS REPERCUSSÕES Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração § 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas. 6 § 2º - A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida. § 3º - Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao órgão local do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter administrativo. 15. DAS FÉRIAS COLETIVAS Art. 139 - Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa. 15.1. POSSIBILIDADE DE FRACIONAMENTO § 1º - As férias poderão ser gozadas em 2 (dois) períodos anuais desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos 15.2. FORMALIDADE NECESSÁRIA – COMUNICAÇÃO PRÉVIA AO SECRETARIA DO TRABALHO E EMPREGO (ANTIGO MTE) E AOS SINDICATOS DOS TRABALHADORES § 2º - Para os fins previstos neste artigo, o empregador comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho, com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as datas de início e fim das férias, precisando quais os estabelecimentos ou setores abrangidos pela medida. § 3º - Em igual prazo, o empregador enviará cópia da aludida comunicação aos sindicatos representativos da respectiva categoria profissional, e providenciará a afixação de aviso nos locais de trabalho. 15.3. PERIODO AQUISITIVO INCOMPLETO - GOZO PROPORCIONAL DURANTE AS FÉRIAS COLETIVAS Art. 140 - Os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo. 15.4. DAS ANOTAÇÕES DA CTPS – FÉRIAS COLETIVAS Art. 141 - Quando o número de empregados contemplados com as férias coletivas for superior a 300 (trezentos), a empresa poderá promover, mediante carimbo, anotações de que trata o art. 135, § 1º. 7 § 1º - O carimbo, cujo modelo será aprovado pelo Ministério do Trabalho, dispensará a referência ao período aquisitivo a que correspondem, para cada empregado, as férias concedidas. § 2º - Adotado o procedimento indicado neste artigo, caberá à empresa fornecer ao empregado cópia visada do recibo correspondente à quitação mencionada no parágrafo único do art. 145. § 3º - Quando da cessação do contrato de trabalho, o empregador anotará na Carteira de Trabalho e Previdência Social as datas dos períodos aquisitivos correspondentes às férias coletivas gozadas pelo empregado. 16. DA COMPOSIÇÃO REMUNERATÓRIA DAS FÉRIAS E DO ABONO DE FÉRIAS Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua concessão. § 1º - Quando o salário for pago por hora com jornadas variáveis, apurar-se-á a média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da concessão das férias. § 2º - Quando o salário for pago por tarefa tomar-se-á por base a media da produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da remuneração da tarefa na data da concessão das férias. § 3º - Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem à concessão das férias. § 4º - A parte do salário paga em utilidades será computada de acordo com a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social. § 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias. § 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a 8 atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais supervenientes. 17. ABONO DE FÉRIAS – POSSIBILIDADE DE AJUSTE INDIVIDUAL Art. 143 - É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. 17.1. PRAZO PARA REQUISIÇÃO - AO EMPREGADO § 1º - O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo. 17.2. ABONO DE FÉRIAS NAS FÉRIAS COLETIVAS – EXIGÊNCIA DE ACORDO COLETIVO § 2º - Tratando-se de férias coletivas, a conversão a que se refere este artigo deverá ser objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato representativo da respectiva categoria profissional, independendo de requerimento individual a concessão do abono. 17.3. ABONO DE FÉRIAS – NATUREZA INDENIZATÓRIA (NÃO SALARIAL) Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho. 18. PRAZO PARA PAGAMENTO DAS FÉRIAS - PENALIDADE Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período. Parágrafo único - O empregado dará quitação do pagamento, com indicação do início e do termo das férias. 9 Obs.: O não cumprimento da pagamento do valor devido de férias mais 1/3 no prazo acima disposto, a penalidade prevista é de pagamento em dobro, conforme Artigo 137 da CLT – Sumula 450 do TST. SÚMULA Nº 450. FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. conversão da Orientação 137 E 145 DA CLT. (Jurisprudencial nº 386 da SBDI-1) É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. 19. DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS • O empregado quer for demitido antes do período aquisitivo, tem direito a férias proporcionais assim como aquele que pede demissão. • Só não faz jus a férias proporcionais o empregado que for demitido por justa causa. Súmulas do TST sobre férias proporcionais: Súmula nº 171 TST FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO: Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT) Súmula nº 261 FÉRIAS PROPORCIONAIS. PEDIDO DE DEMISSÃO. CONTRATO VIGENTE HÁ MENOS DE UM ANO: O empregado que se demite antes de complementar 12 (doze) meses de serviço tem direito a férias proporcionais. 20. SINTESE DAS ALTERAÇÕES LEGAIS (REFORMA TRABLAHISTA) • O gozo das férias pode ser parceladoem três períodos, desde que haja concordância do empregado. • Um desses períodos não pode ser inferior a 14 dias corridos e os demais não podem ser inferiores a 5 dias corridos. • Ficou vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. • Agora está permitido o desdobramento das férias aos menores de 18 anos de idade e mais de 50 anos. 10 FONTE: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 6ª Ed., São Paulo: LTr, 2007. JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros. Direito do Trabalho. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. Ed. Saraiva, 2018. MARTINS, Sérgio Pinto. Curso de Direito do Trabalho. 8 ed. São Paulo. Ed. Atlas. 2015. MARTINS FILHO, Ives Granda da Silva. Manual esquemático de direito e processo do trabalho. 24 ed. São Paulo. Saraiva. 2017. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2003. PAULO, Vicente. Manual de Direito do Trabalho. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método. 2010. SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho. Versão universitária. 4ª ed. São Paulo: Método, 2011.
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