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Unidade 1
Introdução ao 
estudo da patologia
Vânia Aparecida Terra
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Imagens
Adaptadas de Shutterstock.
Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das 
imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. 
Conteúdo em websites
Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento 
pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.
Sumário
Unidade 1
Introdução ao estudo da patologia .............................................................. 7
Seção 1
Introdução à patologia ....................................................................... 8
Seção 2
Lesão celular reversível e lesão celular irreversível ......................26
Seção 3
Recursos e métodos para estudos em Patologia ...........................37
Palavras do autor
Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina de Patologia Geral.
Na Patologia, tradicionalmente dividimos o estudo em Patologia 
Geral e Patologia Sistêmica ou Especial. Na Patologia Geral são abordadas as 
reações básicas de defesa das células, tecidos e órgãos aos agentes agressores 
causadores de doença, enquanto a Patologia Sistêmica examina as respostas 
específicas de órgãos e tecidos especializados aos agentes causadores de 
doença. 
A abrangência e extensão da Patologia Sistêmica ultrapassam as neces-
sidades do Biomédico, por isso o enfoque deste livro é na Patologia Geral 
que liga as ciências básicas à prática clínica. Nesta disciplina, você, estudante, 
analisará os conceitos gerais da patologia, relacionando os conceitos de saúde 
e doença. Interpreta as alterações morfológicas e funcionais decorrentes 
das doenças, avaliando as causas e os mecanismos fisiopatológicos gerais. 
Analisa os métodos utilizados como ferramentas para o estudo dos tecidos 
e o diagnóstico das doenças. Aplica os conhecimentos adquiridos, para 
resolução de problemas, que possibilitem vivenciar ações das práticas profis-
sionais, considerando as diversas áreas de atuação do profissional biomédico. 
Este livro está dividido em quatro unidades: a primeira unidade apresenta 
os conhecimentos sobre as causas e os mecanismos das adaptações, como a 
atrofia, hipertrofia, hiperplasia, metaplasia, e das lesões celulares reversíveis 
com acúmulos intracelulares e as lesões celulares irreversíveis: as necroses 
e a apoptose. Ainda nesta primeira unidade são abordados os recursos e 
métodos usados em patologia que auxiliam no diagnóstico das doenças: 
estudos morfológicos: citológicos e anatomopatológicos, imuno-histo-
química, culturas celulares e técnicas de biologia molecular. O enfoque, 
portanto, é aplicar os conhecimentos sobre os mecanismos das adaptações 
e lesões celulares para resolução de problemas do contexto real, bem como 
conhecer ferramentas usadas para o diagnóstico das doenças.
Na segunda unidade, você, estudante, analisará a etiologia e os mecanismos 
dos distúrbios circulatórios, como a hiperemia, congestão, edema, hemor-
ragia, hemostasia e trombose, embolia, infarto, choque, abordando também 
a aterosclerose e interpretando as alterações morfológicas decorrentes. Esta 
unidade propicia desenvolver e executar estratégias para reconhecimento 
dos distúrbios circulatórios que possibilitem ações nas práticas profissionais, 
considerando as diversas áreas de atuação do Biomédico.
Na terceira unidade o enfoque é nos eventos que desencadeiam o 
processo inflamatório agudo e crônico, nas alterações vasculares e celulares, 
mediadores químicos e os padrões morfológicos da inflamação. Você ainda 
analisará o reparo tecidual: regeneração e etapas da cicatrização de feridas, 
bem como a fibrose em órgãos com ênfase nos mediadores químicos e fatores 
de crescimento envolvidos. Ao final, você aplicará conhecimentos sobre o 
processo inflamatório agudo e crônico para resolução de problemas do 
contexto real do profissional Biomédico.
Finalmente, a quarta unidade traz as considerações gerais das neopla-
sias benignas e malignas: nomenclatura, características das neoplasias, base 
molecular do câncer, agentes carcinogênicos, defesa contra as neoplasias: 
imunidade tumoral. É indispensável levar o estudante a avaliar os mecanismos 
de formação e desenvolvimento de neoplasias, que possibilitem integrar o 
profissional às equipes multidisciplinares da saúde e resolver problemas da 
prática profissional. 
Convido você a se dedicar ao estudo para que, ao final desta disciplina, 
alcance os resultados de aprendizagem propostos e aplique-os na prática 
profissional, contribuindo para promover saúde e melhorar a vida de todas 
as pessoas.
Unidade 1
Vânia Aparecida Terra
Introdução ao estudo da patologia
Convite ao estudo
Prezado aluno! Seja bem-vindo à primeira Unidade de estudos desta 
disciplina de Patologia Geral.
Nesta unidade você, caro estudante, está convidado a mergulhar no 
universo da patologia, onde conhecerá os conceitos que são tão pertinentes 
para o profissional Biomédico, visto que estes conceitos permearão muitas 
das áreas em que vocês irão atuar profissionalmente. 
As competências desta unidade de ensino te levarão a aplicar os conheci-
mentos sobre os mecanismos das adaptações e lesões celulares para resolução 
de problemas, bem como conhecer ferramentas usadas para o diagnóstico 
das doenças. Além disso estará apto a aplicar os conceitos gerais da patologia 
na resolução de situações problemas que englobam as causas, mecanismos 
das lesões celulares e os métodos para o estudo dos tecidos. Para desenvol-
vermos estas competências abordaremos nesta unidade os conceitos gerais 
em patologia, cujas terminologias serão compreendidas como saúde e 
doença, etiologia, patogenia, fisiopatologia. Você terá uma visão geral das 
respostas celulares aos estímulos nocivos onde abordaremos as respostas do 
organismo aos estímulos agressores e os mecanismos de defesa do organismo 
que levam as respostas celulares como adaptação, lesão e morte celular. No 
tópico sobre adaptação celular iremos analisar as causas e mecanismos da 
hipertrofia, hiperplasia, atrofia e metaplasia e finalmente, você estudante, 
conhecerá as causas das lesões e doenças.
8
Seção 1
Introdução à patologia
Diálogo aberto
Nesta unidade, você, caro estudante, está convidado a conhecer os 
conceitos iniciais da Patologia que embasam o estudo desta disciplina e que 
serão essenciais para compreensão das abordagens que envolvem esta ciência 
ao longo das unidades deste livro. Você já deve ter ouvido falar que uma 
determinada doença é causada por alguma bactéria ou vírus, mas que em 
alguns casos a pessoa nem desenvolveu os sintomas e o organismo acabou 
dando conta de combater a doença. Para entender melhor todo esse contexto, 
discutiremos alguns conceitos que nos ajudarão a entender melhor todos os 
aspectos envolvidos no processo de efetivação de uma determinada agressão 
ao organismo que acaba por culminar em uma doença. 
Para começarmos a discutir tudo isso, nesta unidade acompanharemos a 
rotina de um aluno de graduação em Biomedicina que iniciou estágio super-
visionado no Laboratório de Patologia Experimental de sua Universidade. 
Este laboratório trabalha com diferentes linhas de pesquisa dentro do campo 
da Patologia. Mas quais poderiam ser as expectativas e experiências que 
nossoestagiário deve ter em relação ao aprendizado que esse laboratório 
poderá lhe proporcionar no contexto da Patologia que serão usados no dia a 
dia da sua futura profissão? 
Uma das primeiras tarefas do estagiário, no universo do laboratório, foi 
auxiliar uma equipe de pesquisa que utiliza modelo animal em seus experi-
mentos. O processo específico consistia em uma cirurgia para amarração 
da artéria renal do rim direito de um rato, com o objetivo de diminuição 
do fluxo sanguíneo, sem interrompê-lo completamente. Após esse procedi-
mento, o animal passou por 12 horas de acompanhamento, em seguida foi 
eutanasiado, e seus rins foram estudados. Nas primeiras avaliações da equipe 
de pesquisa, foram observadas alterações anatômicas no rim direito do 
animal, pois estava tumefeito e apresentava coloração mais esbranquiçada, 
quando comparado ao rim esquerdo. Por meio do ocorrido, o professor, 
chefe da pesquisa, orientou a equipe que efetuasse cortes histológicos do 
rim comprometido e realizasse uma coloração de hematoxilina/eosina nos 
tecidos obtidos. Ao observarem as lâminas, foram identificadas mudanças 
9
celulares citoplasmáticas importantes. Interessado em orientar sua equipe e, 
principalmente, seu novo estagiário, assim como estimulá-lo sobre os temas 
envolvidos, o professor questionou o aluno sobre o que poderia estar aconte-
cendo depois de observar os cortes histológicos? Seria um caso de aumento 
do tamanho da célula com aumento do tamanho do órgão? Estaria diante 
de um caso de adaptação celular ou lesão celular? O aumento de tamanho 
da célula é decorrente do estresse sofrido? Qual o agente causal e como 
provocou as alterações morfológicas? Os vacúolos observados nos exames 
microscópicos no citoplasma das células renais, correspondem ao aumento 
do volume celular? 
Você, aluno, no lugar do nosso estagiário, como responderia aos questio-
namentos do professor supervisor?
Para ajudá-lo nestas questões, estudaremos nesta seção os conceitos 
gerais em patologia para termos uma visão geral das respostas celulares aos 
estímulos nocivos, assim como dos mecanismos de adaptação celular e finali-
zaremos com as causas e classificação das lesões e doença. 
Otimize seu tempo para que sempre haja espaço para o auto estudo de 
todos os materiais que serão disponibilizados para esta seção. Vamos em 
frente, foco e dedicação devem ser as palavras da vez.
 Não pode faltar
Conceitos gerais em Patologia
Etimologicamente, Patologia significa estudo (logos) das doenças 
(pathos). Para o contexto de estudo na patologia geral, o foco está nas causas 
(etiologia) das doenças, os mecanismos (patogenia) que as produzem, os 
locais onde ocorrem e as alterações moleculares, morfológicas e funcio-
nais (fisiopatologia) que apresentam. A patologia geral, portanto, fornece as 
bases para o entendimento da prevenção, manifestações clínicas, diagnós-
tico, tratamento, evolução e prognóstico das doenças que são tratados na 
medicina. A Figura 1.1, demonstra a relação de uma doença e as áreas de 
estudo da patologia. 
10
Figura 1.1 | Relação das áreas de estudo da patologia
Fonte: Brasileiro Filho (2019, p. 25).
No contexto do estudo na patologia geral, elencaremos alguns conceitos 
que são extremamente pertinentes para sua formação, dentre eles:
Etiologia: está relacionada ao estudo dos agentes agressores ou às causas 
gerais de todos os tipos de doenças. 
Patogenia ou Patogênese: refere-se à sequência de eventos que carac-
terizam os mecanismos que levam à doença, desde o estímulo inicial até a 
expressão morfológica na célula, tecido ou órgão. 
Alterações Morfológicas: estuda as alterações estruturais em células e 
tecidos que ocorrem devido à doença e podem ser observadas a olho nu 
(alterações macroscópicas) ou ao microscópio de luz ou eletrônico (altera-
ções microscópicas). As alterações moleculares, que podem provocar modifi-
cações morfológicas, podem ser detectadas por técnicas moleculares, que 
revelam características relacionadas ao agente etiológico e em que estágio de 
evolução a doença se encontra. 
Fisiopatologia: estudo dos distúrbios funcionais que ocorrem por altera-
ções da função de células, tecidos, órgãos ou sistemas na doença. A fisio-
patologia com enfoque na alteração funcional, procura esclarecer desde a 
etiologia, os mecanismos que explicam a evolução da doença até as alterações 
e modificações funcionais provocadas no organismo pela doença.
11
No contexto da medicina a propedêutica, ou semiologia, estuda os sinais 
e sintomas das doenças com finalidade de chegar no diagnóstico e estabe-
lecer o prognóstico, a terapêutica e a profilaxia.
Assimile
Você já pensou no significado de saúde e doença? É extremamente 
pertinente do contexto do estudo da Patologia elucidar os termos, 
então vamos lá!
Segundo Geraldo Brasileiro Filho (2019, p.1), pode-se definir saúde como 
um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou 
social em que vive, de modo que o indivíduo se sente bem (saúde subje-
tiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas (saúde objetiva). Ao 
contrário, doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, 
psíquico ou social, no qual o indivíduo se sente mal (tem sintomas) e/
ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis objetivamente (sinais 
clínicos). O autor ainda destaca que, para as ciências da saúde humana, 
é importante considerar que o conceito de saúde envolve o ambiente 
em que o indivíduo vive, tanto no seu aspecto físico como também no 
psíquico e no social. Por essa razão, os diversos parâmetros orgânicos 
precisam ser avaliados dentro do contexto do indivíduo. Por exemplo, o 
número elevado de hemácias, pode ser sinal de policitemia se a pessoa 
vive ao nível do mar, mas representa apenas um estado de adaptação 
para o indivíduo que reside em grandes altitudes.
Visão geral das respostas celulares aos estímulos nocivos
Segundo Geraldo Brasileiro Filho (2019), qualquer estímulo da natureza, 
dependendo da sua intensidade, do tempo de atuação e da capacidade de 
reação do organismo (que envolve também o patrimônio genético), pode 
constituir uma agressão. Contra esta, o organismo monta respostas variadas, 
procurando defender-se ou adaptar-se. Muitas vezes, o indivíduo adapta-se a 
essa situação com pouco ou nenhum dano. Em muitos casos, porém, surgem 
lesões variadas, agudas ou crônicas, responsáveis pelas doenças.
12
Figura 1.2 | Aspectos do desenvolvimento das adaptações e lesões
Fonte: elaborada pelo autor.
São considerados agentes agressores os estímulos causados pelo ambiente 
externo ou pelo próprio organismo que levem a respostas variadas. 
As agressões podem se originar no ambiente externo ou a partir do 
próprio organismo podendo ser provocadas por agentes físicos, químicos 
e biológicos, por alterações na expressão gênica, modificações nutricionais, 
metabólicas ou dos próprios mecanismos de defesa. 
Nosso organismo pode se defender contra agentes agressores, através 
das barreiras químicas e mecânicas, como pele e mucosas; o próprio sistema 
imunitário que tem defesas contra a invasão a agentes infecciosos, como no 
processo inflamatório que será estudado na unidade 3 deste livro; o sistema 
de reparo do DNA; contra agentes genotóxicos; os sistemas enzimáticos de 
destoxificação e antioxidantes contra compostos químicos tóxicos, incluindo 
radicais livres.
Reflita
Você sabia que, com certa frequência, os próprios mecanismos defen-
sivos podem se tornar agressores? O processo inflamatório poderia 
estar entre esses mecanismos? 
Os mecanismos de defesa da célula, tecido ou órgão contam com 
processos conhecidos como adaptação, lesão celular reversível e irreversível. 
13
A adaptação é um estado de ajuste da célula, dos tecidos ou do indivíduo 
que modifica sua função dentro de certos limites, frente a um agente agressor. 
Quando as células são agredidas tão excessivamente que não são mais capazes 
de se adaptar ocorre a lesão celular. 
Alguns agentes agressores levam a lesãoda célula diretamente sem passar 
pelo processo de adaptação, neste caso, a intensidade do agente agressor é 
maior que o tempo de exposição. A lesão pode passar por estágios e progredir 
de lesão reversível para irreversível, culminando na morte celular. Exemplo: 
queimadura na pele provocada pelo calor intenso.
Assimile
Lesão pode ser definida como um conjunto de alterações molecu-
lares, bioquímicas, morfológicas, funcionais resultantes das agressões 
sofridas pelas células, tecidos e órgãos.
Nas lesões reversíveis ocorrem alterações morfológicas e funcionais que 
regridem ao estado original caso o agente agressor seja removido. 
Nesta seção abordaremos resumidamente os principais eventos bioquí-
micos que explicam os mecanismos da lesão reversível, considerando como 
agente causal a hipóxia causada pela redução do fluxo sanguíneo e conse-
quentemente fornecimento de oxigênio para as células. Neste caso ocorrerá a 
redução das concentrações de oxigênio ( O2 ) para célula, o que compromete 
a respiração aeróbia com comprometimento da fosforilação oxidativa e 
consequente redução da produção de energia. Como as bombas iônicas que 
realizam o equilíbrio elétrico e osmótico da célula são dependentes de adeno-
sina trifosfato (ATP), ocorre o acúmulo de íons dentro da célula. Devido a 
essa diferença de concentração entre o meio intra e extracelular, o equilíbrio 
osmótico é comprometido. Devido a isso, a pressão osmótica da célula 
aumenta e ocorre difusão de água para o seu citoplasma, retículos e espaço 
entre as membranas das mitocôndrias, tornando-os edemaciados, evento 
conhecido como tumefação celular. 
As alterações morfológicas, neste caso, são representadas pela degene-
ração hidrópica visualizada ao microscópio pela presença de vacúolos de 
água no citoplasma das células, deslocamento do núcleo para a periferia e 
aumento do volume celular. 
Como já mencionado anteriormente, caso o agente agressor seja 
removido a célula volta ao estado original. Caso ocorra a persistência do 
agente agressor, a lesão pode se tornar irreversível e, com o tempo, a célula 
não pode se recuperar e morre. Existem dois principais tipos de morte 
14
celular, a necrose e a apoptose, diferentes em sua morfologia, mecanismos e 
papéis na fisiologia e na doença.
Exemplificando
No infarto do miocárdio, em razão da hipóxia que ocorre com diminuição 
do suprimento de oxigênio, as células cardíacas entram em lesão 
irreversível e consequente necrose, resultando na perda de função do 
coração. O comprometimento da função do órgão pode ser parcial e 
sem grandes consequências ou pode levar à morte do indivíduo. 
Na tuberculose o processo inflamatório crônico no pulmão leva à 
necrose e à fibrose no tecido pulmonar, o que, a depender do estágio 
da doença, é incompatível com a vida. 
Adaptação celular
Adaptação é um estado de ajuste da célula frente a um agente agressor, 
seja físico, químico, ou biológico. Este ajuste refere-se à capacidade das 
células, dos tecidos ou do próprio indivíduo em modificar suas funções 
dentro de certos limites (faixa da normalidade), para se ajustar às modifica-
ções induzidas pelo estímulo. As células respondem ao aumento da demanda 
funcional, a incrementos fisiológicos ou anormais nos níveis de hormônios 
no organismo através da hipertrofia ou hiperplasia. Quando ocorre redução 
de fatores de crescimento e de nutrientes resulta em atrofia. 
Hipertrofia
Você já pensou que um aumento nos exercícios físicos pode acarretar 
aumento do tamanho do músculo? Neste caso a hipertrofia é fisiológica ou 
patológica? Bem, para compreendermos isso, saiba que a hipertrofia é carac-
terizada por um aumento do tamanho da célula, levando a um aumento do 
tamanho do órgão, que ocorre devido a síntese de componentes estruturais 
da célula. Nos órgãos cujas células não se dividem sofrem apenas hiper-
trofia e em órgãos cujas células se dividem sofrem um aumento do número 
de células conhecido como hiperplasia e hipertrofia. A hipertrofia pode ser 
fisiológica ou patológica. Na fisiológica, um bom exemplo é o aumento nos 
exercícios físicos que acarreta aumento do tamanho do músculo, devido a 
carga muscular aumentada e direcionada. Outro bom exemplo de hiper-
trofia fisiológica por fatores hormonais é o crescimento do útero durante a 
gravidez, o que resulta também em hiperplasia. Na hipertrofia patológica, a 
15
hipertensão sistêmica pode provocar aumento do tamanho do coração ou 
a remoção de um dos rins pode provocar aumento do tamanho do rim que 
ficou para compensar a falta do rim retirado. 
Hiperplasia
A hiperplasia e hipertrofia frequentemente ocorrem juntos embora sejam 
processos diferentes. Na hiperplasia, ocorre aumento no número de células 
e não no volume individual de cada uma delas. Enquanto que na hipertrofia, 
existe um aumento do tamanho de cada célula
A hiperplasia é caracterizada por um aumento do número de células de 
um tecido ou órgão. A hiperplasia ocorre em tecidos cujas células entram em 
mitose, ou seja, são capazes de sintetizar DNA. É causada pela produção local 
de fatores de crescimento ou por estimulação hormonal, seja fisiológica ou 
patológica. A hiperplasia hormonal fisiológica pode ser exemplificada pela 
proliferação do epitélio glandular das mamas na puberdade ou na gravidez 
ou a hiperplasia hormonal do útero na gravidez. Na hiperplasia patológica 
hormonal, o exemplo é hiperplasia endometrial quando, devido à desregu-
lação hormonal, com aumento dos níveis de estrogênio, ocorre hiperplasia 
das glândulas endometriais com consequente aumento do endométrio 
(camada interior do útero). 
A hiperplasia endometrial pode causar fluxo menstrual irregular e, se não 
for tratada, a pode causar câncer no endométrio.
A hiperplasia estimulada por fatores de crescimento ocorre, por exemplo, 
na cicatrização no tecido conjuntivo quando a proliferação de fibroblastos e 
vasos sanguíneos possibilitam o processo de cicatrização. 
Atrofia
A atrofia é caracterizada pela diminuição do tamanho da célula que pode 
culminar com redução do tamanho do tecido ou órgão que se torna atrófico. 
Os mecanismos envolvidos na atrofia provavelmente afetam o equilíbrio 
entre síntese e degradação de proteínas. Bons exemplos de atrofia seguem: 
• Redução da demanda funcional ou atrofia por desuso, como o que 
ocorre no repouso prolongado no leito ou na imobilização de um 
membro. 
• Redução do suprimento sanguíneo (isquemia), que pode resultar em 
redução do fornecimento de oxigênio e nutrientes. Exemplo é atrofia 
16
progressiva do cérebro na velhice devido à redução da circulação 
sanguínea. 
• Desnervação de músculo com interrupção de sinais tróficos, como 
ocorre na atrofia dos músculos esqueléticos que dependem do 
estímulo nervoso. 
• Redução de níveis hormonais como ocorre na menopausa pela 
diminuição da estimulação estrogênica resultando em atrofia fisioló-
gica do endométrio, epitélio vaginal e seios. 
• Redução da alimentação ou a desnutrição proteica calórica está 
associada ao uso dos músculos esqueléticos como fonte de energia 
levando à atrofia muscular. A atrofia muscular ocorre também em 
pacientes com doenças inflamatórias crônicas e câncer, conhecida 
como caquexia. 
Metaplasia
A metaplasia é caracterizada por uma alteração na qual um tipo de célula 
adulta é substituído por outro tipo de célula adulta, da mesma linhagem, 
mais resistentes à agressão que o tecido está sofrendo. Esta alteração no 
tecido resulta de uma reprogramação de células-tronco existentes no tecido 
ou de células mesenquimatosas presentes no tecido conjuntivo, ou seja, não 
ocorre a partir de uma célula diferenciada no tecido, como na hipótese de 
desdiferenciação. A metaplasia é uma alteração na qual a adaptação é rever-
sível. Se os agentes agressores que desencadeiam a metaplasia persistirem, 
podem iniciar transformação maligna no epitélio metaplásico.
Assimile
O processo de desdiferenciação celular corresponde ao oposto da diferenr-
ciação celular. 
Chamamos de diferenciaçãocelular o conjunto de processos que trans-
formam e especializam as células embrionárias e as tornam especiali-
zadas em determinada função, com definição da sua morfologia, fisio-
logia e capazes de realizar funções específicas. Neste sentido todas 
as células do organismo, muscular, neurônios, glóbulos vermelhos ou 
outra, se originaram de células tronco durante o desenvolvimento 
embrionário.
Na desdiferenciação uma célula diferenciada retorna para seu estado 
primitivo, não especializado, sem função aparente. A célula desdiferen-
ciada pode se diferenciar novamente, e exercer a mesma função que 
antes exercia. Existe a hipótese de que a célula se diferencie e comece a 
exercer outra função, no entanto isso não está comprovado.
https://www.infoescola.com/citologia/diferenciacao-celular/
https://www.infoescola.com/citologia/diferenciacao-celular/
17
Algumas causas da metaplasia são:
• Tabagismo, pois estimula a conversão de epitélio colunar ciliado 
pseudoestratificado da traqueia e dos brônquios em epitélio 
escamoso estratificado.
• Infecção crônica da endocérvice, causada pelo papilomavírus humano 
(HPV), que pode acarretar a conversão de epitélio colunar simples em 
epitélio escamoso estratificado, o que, acompanhado de outras altera-
ções como a displasia, pode levar ao câncer de colo de útero. 
• O refluxo crônico de ácido gástrico do estômago que atinge a porção 
inferior do esôfago e propicia a substituição do epitélio escamoso 
estratificado do esôfago por células mucosas superficiais colunares 
semelhantes às intestinais (epitélio de Barrett). 
• Gastrite crônica, que pode acarretar a substituição das células mucosas 
superficiais do estômago por células de absorção colunares e células 
caliciformes do intestino delgado (metaplasia intestinal).
Causas e classificação das lesões e doenças
São considerados agentes agressores ou agentes causais os estímulos 
provocados pelo ambiente externo ou pelo próprio organismo que provo-
quem adaptação, lesões e doenças. 
De forma generalizada as respostas do organismo às agressões são provo-
cadas por agentes etiológicos ou agentes causais de natureza diversas. 
Para facilitar a compreensão dividimos os agentes causais em dois grupos: 
de natureza exógena e de natureza endógena. Qualquer estímulo da natureza 
exógena ou endógena pode produzir lesão dependendo da intensidade, do 
tempo de ação e da capacidade do organismo de reagir aos estímulos. 
Agentes causais de natureza exógena
Agentes químicos: são encontrados comumente no ambiente, poluentes 
do ar, gás carbônico, asbestos, inseticidas, venenos, oxigênio ( O2 ) em altas 
pressões parciais, radicais livres e aqueles provindos pelo meio social como 
álcool, cigarro e ainda algumas drogas usadas em determinadas terapias 
podem causar efeitos colaterais que lesam o organismo. 
Agentes Físicos: os agentes físicos incluem traumatismo mecânico, 
choque elétrico, radiações, variações de temperatura e alterações da 
pressão atmosférica.
18
Agentes Biológicos: os agentes biológicos são representados de forma 
geral pelos fungos, vírus, protozoários e metazoários. 
Agentes causais de natureza endógena
Privação de oxigênio ou hipóxia (deficiência e oxigênio): causa impor-
tante e muito comum que levam à lesão e morte celular. As causas de hipóxia 
são a isquemia, anemia, envenenamento por cianeto, insuficiência cardior-
respiratória, entre outros.
Assimile
A hipóxia pode resultar de uma quantidade insuficiente de oxigênio no 
ar, doença respiratória, isquemia (diminuição do fluxo sanguíneo devido 
a vasoconstrição ou obstrução vascular), anemia, edema ou incapaci-
dade das células de utilizar o oxigênio. A isquemia se caracteriza pela 
redução no fornecimento de oxigênio e comprometimento na remoção 
de produtos finais metabólicos, como o ácido láctico. Ao contrário da 
hipóxia propriamente dita, que depende do teor de oxigênio do sangue 
e afeta todas as células do organismo, a isquemia normalmente afeta o 
fluxo de sangue em um número limitado de vasos sanguíneos e produz 
uma lesão localizada no tecido.
Reações imunológicas
Como já mencionado anteriormente, os próprios mecanismos de defesa 
do nosso organismo podem causar doença. Os exemplos são as doenças 
autoimunes nas quais o organismo promove reações contra as próprias 
células, tecidos, órgãos e as reações de hipersensibilidade ou alergias nas 
quais o indivíduo geneticamente susceptível desenvolve mecanismos de 
defesa contra substâncias ambientais. 
Radicais livres
Entre os agentes agressores que causam as doenças podemos citar os 
radicais livres que são moléculas que apresentam um elétron não empare-
lhado no orbital externo, o que as torna altamente instáveis e muito reativas. 
São espécies reativas que, procurando se estabilizar, atacam outras moléculas 
que possam doar um elétron como lipídeos, ácidos nucleicos e vários amino-
ácidos. A reação provoca a formação de outras espécies reativas numa reação 
em cadeia. São formados a partir de reações químicas resultantes de vários 
processos químicos como ocorre na fumaça do tabaco, poluentes ambien-
tais, entre outros agentes de natureza exógena e resultantes de processos 
endógenos como, por exemplo, nas reações imunológicas que ocorrem no 
processo inflamatório. 
19
O oxigênio molecular ( O2 ) é a principal fonte de radicais livres nas 
células. No processo normal da respiração celular, o O2 é reduzido a H O2 
com aceitação de quatro elétrons. Como os elétrons são passados um a um, 
há fases intermediárias em que o O2 forma o superóxido O2 · (ganhou um 
e–); o O2 · é reduzido pelo segundo e–, originando H O2 2 ; esta é reduzida 
pelo terceiro e–, resultando em H O2 e no radical hidroxila ·OH ; este é 
reduzido pelo quarto e–, formando a segunda molécula de H O2 . Tais reações 
ocorrem fisiologicamente na cadeia respiratória; os radicais formados são 
imediatamente inativados in loco e não saem das mitocôndrias. O O2 · é 
pouco reativo em solução aquosa, sendo convertido a oxigênio molecular (
O2 ) na reação (que pode ser espontânea, mas é muito acelerada pela superó-
xido-dismutase – SOD) (BRASILEIRO FILHO, 2019).
A eficiência do sistema de transporte de elétrons, a pouca disponibili-
dade de metais de transição livres no citoplasma e os mecanismos antioxi-
dantes naturais controlam a produção e os efeitos de radicais livres gerados 
normalmente nas células. Em condições normais, existe equilíbrio entre a 
produção e a inativação de radicais livres, o que impede o aparecimento de 
lesões. Quando esse equilíbrio se rompe, quer por aumento na produção dos 
radicais livres, quer por redução nos mecanismos antioxidantes, inicia-se 
um processo de estresse oxidativo (ver também Capítulo 5), que está impli-
cado em inúmeras lesões e doenças (morte celular, envelhecimento, câncer 
e algumas doenças degenerativas, como doença de Alzheimer). Os radicais 
livres têm vida média muito curta, razão pela qual são de difícil quantificação 
(BRASILEIRO FILHO, 2019).
Fatores genéticos
Alterações gênicas, genômicas e cromossômicas como ocorre nas doenças 
congênitas como por exemplo a síndrome de Down. Promovem ainda erros 
inatos do metabolismo que causam deficiência de proteínas funcionais como 
enzimas que alteram a capacidade do corpo de derivar energia de alguns 
nutrientes. As mutações herdadas ou adquiridas (somáticas) que explicam os 
mecanismos ou bases moleculares do câncer.
Exemplificando
Os efeitos negativos da radiação ionizante variam de acordo com a dose, 
taxa de dosagem (uma dose única pode causar maior prejuízo do que 
doses fracionadas) e a sensibilidade diferente de cada tipo de tecido 
exposto à radiação. Graças ao efeito sobre a síntese do ácido desoxir-
ribonucleico (DNA) e à interferência no processo de mitose, as células 
da medula óssea e do intestino que se dividem rapidamente são muito 
mais vulneráveis a danos causados por radiação do que tecidos ósseos e 
20
da musculatura esquelética. Com o tempo, uma exposição ocupacional 
e acidentalà radiação ionizante pode resultar no aumento do risco para 
o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de 
pele, leucemia, sarcoma osteogênico e câncer de pulmão. O mesmo se 
aplica a pessoas quando expostas à radiação durante a infância
Distúrbios nutricionais
Segundo Grossman e Porth (2019), excessos e deficiências nutricionais 
predispõem as células a lesões. Considera-se que a obesidade e dietas ricas em 
gorduras saturadas predispõem os indivíduos à aterosclerose. O organismo 
precisa de mais de 60 substâncias orgânicas e inorgânicas, em quantidades 
que variam de microgramas a gramas. Esses nutrientes incluem minerais, 
vitaminas, certos ácidos graxos e aminoácidos específicos. As deficiên-
cias nutricionais podem ocorrer por escassez de alimentos, em que existe 
deficiência de nutrientes e vitaminas, ou devido à deficiência seletiva de um 
nutriente ou vitamina. Anemia ferropriva, escorbuto, beribéri e pelagra são 
exemplos de danos causados pela falta de vitaminas ou minerais específicos. 
As deficiências de proteínas e calorias provenientes da escassez de alimentos 
(fome) causam danos generalizados nos tecidos.
Envelhecimento
A senescência compromete a capacidade de o organismo responder aos 
estímulos externos e internos comprometendo vários mecanismos impor-
tantes contra os agentes agressores. Exemplo: quando ocorrem acúmulos 
de lesão no DNA devido à redução ou defeitos no mecanismo de reparo do 
material genético celular. 
Vimos nesta seção um apanhado geral de conceitos básico de Patologia 
que são extremante importantes para o desenvolvimento desta disciplina, 
alguns deles sempre serão retomados em discussões que teremos nas demais 
seções desta disciplina.
Sem medo de errar
Nesta seção estamos acompanhando a rotina de um estagiário de biome-
dicina que iniciou atividades supervisionadas no laboratório de patologia 
experimental de sua universidade. Em uma das tarefas foi questionado 
pelo professor coordenador de uma pesquisa, sobre algumas modificações 
teciduais em estudos microscópicos de material renal de um animal de 
experimentos. Especificamente foi questionado se seria um caso de aumento 
do tamanho da célula com aumento do tamanho do órgão? Estaria diante 
21
de um caso de adaptação celular ou lesão celular? O aumento de tamanho 
da célula é decorrente do estresse sofrido? Qual o agente causal e como 
provocou as alterações morfológicas? Os vacúolos observados nos exames 
microscópicos no citoplasma das células renais correspondem ao aumento 
do volume celular? 
Para responder aos questionamentos feitos pelo professor, o aluno de 
Biomedicina poderia responder que o aumento do tamanho da célula é 
decorrente do estresse sofrido pelo órgão e que se trata, neste caso, de lesão 
reversível e não um caso de adaptação celular como teria sido a suspeita, já 
que na hipertrofia também ocorre aumento do volume celular. Porém, de 
acordo com o agente causal estamos diante de um caso de lesão reversível. 
A isquemia foi provocada pela amarração da artéria renal do rim direito, 
com redução do fluxo sanguíneo e consequente fornecimento de oxigênio 
para as células. Neste caso ocorreu a redução das concentrações de oxigênio 
para célula, o que compromete a respiração aeróbia com comprometimento 
da fosforilação oxidativa e consequente diminuição da produção de energia 
(ATP) e alterações da concentração de íons na célula. Como as bombas 
iônicas que realizam o equilíbrio elétrico e osmótico da célula são depen-
dentes de ATP, ocorre o acúmulo de íons dentro da célula. Devido a essa 
diferença de concentração entre o meio intra e extracelular, o equilíbrio 
osmótico é comprometido. Em função disso, a pressão osmótica da célula 
aumenta e ocorre difusão de água para o seu citoplasma, retículos e espaço 
entre as membranas das mitocôndrias, tornando-os edemaciados, evento 
conhecido como tumefação celular. 
As alterações morfológicas, neste caso, são representadas pela degene-
ração hidrópica visualizada ao microscópio pela presença de vacúolos de 
água no citoplasma das células, deslocamento do núcleo para periferia e 
aumento do volume celular.
Esta resposta poderia atender aos questionamentos do professor, por 
meio do que discutimos nesta seção. Agora você é capaz de imaginar outras 
formas de responder ao que foi questionado. Vá em frente!
Avançando na prática
Resposta do organismo à agressão
Um biomédico é analista pleno do setor de anatomopatologia de um 
conceituado laboratório. Seu trabalho é coordenar a equipe que prepara o 
material que será enviado para os patologistas, para avaliação macroscópica 
22
e microscópica de tecidos e células de pacientes. Considerando em sempre 
manter sua equipe capacitada e constantemente atualizada sobre os 
assuntos pertinentes às modificações apresentadas nos materiais que envia 
para análises dos patologistas, o biomédico está preparando uma apresen-
tação sobre adaptações celulares, que servirá para capacitação dos analistas 
juniores. Assim, resolveu utilizar algumas microfotografias de amostras dos 
pacientes do laboratório. Durante a apresentação para os analistas juniores, 
em um dos slides, contextualizou a origem de uma microfotografia, se tratava 
de material de biópsia de esôfago de uma paciente do sexo feminino, 35 anos, 
fumante, alcoólatra, e que foi diagnosticada com refluxo gastresofágico há 1 
ano, conforme microfotografia da Figura 1.3. 
Figura 1.3 | Microfotografia de esôfago de Barrett (parte esquerda da imagem), mancha azul 
alciano, as células caliciformes características são coradas em azul. Epitélio escamoso estratifi-
cado normal é visto à direita da imagem.
Fonte: Wikimedia commons. 
Ao mostrar a foto do tecido, ele questionou a um dos analistas ouvintes 
sobre o tipo de alteração que poderia estar ocorrendo no tecido mostrado. 
Você, no lugar do analista júnior, como responderia ao analista pleno? 
Resolução da situação-problema
Para atender ao questionamento do analista pleno, você poderia 
responder que, pelo contexto apresentado e considerando as características 
da microfotografia apresentada, trata-se de uma Metaplasia, que repre-
senta uma alteração reversível na qual um tipo de célula adulta (epitelial ou 
mesenquimal) é substituída por outro tipo de célula adulta. Considera-se 
que a metaplasia envolva a reprogramação de células-tronco indiferenciadas 
23
encontradas no tecido que sofre as alterações metaplásicas. Poderia enfatizar 
que, geralmente, a metaplasia ocorre em resposta à irritação e inflamação 
crônica e viabiliza a reposição de células mais capazes de sobreviver em 
circunstâncias nas quais um tipo de célula mais frágil pode não resistir. No 
entanto, a conversão de um tipo de célula nunca ultrapassa os limites do tipo 
de tecido primário (p. ex., um tipo de célula epitelial pode ser convertido 
em outro tipo de célula epitelial, mas não em uma célula de tecido conjun-
tivo). Deveria citar que, no exemplo apresentado na Figura 1.3, a metaplasia 
é a substituição adaptativa de células epiteliais escamosas estratificadas por 
células epiteliais cilíndricas ciliadas que ocorre na traqueia e vias respiratórias 
de um fumante habitual de cigarros, caso da paciente citada, caracterizando 
um tipo específico de metaplasia, chamada Esôfago de Barrett, uma condição 
pré-maligna que se manifesta no esôfago de pessoas com casos crônicos de 
doença do refluxo gastresofágico (DRGE). É caracterizada pela transfor-
mação do epitélio escamoso normal do esôfago inferior em epitélio cilín-
drico. Esôfago de Barrett é o principal fator de risco para o desenvolvimento 
de adenocarcinoma esofágico em paciente com as caraterísticas citadas pelo 
analista pleno. Esta seria uma maneira de responder a essa situação. Se você 
imagina outros caminhos, vá em frente, tente!
Faça valer a pena
1. Segundo Grossman e Porth (2019), as alterações celulares adaptativas 
são consideradas normais ou anormais se a resposta tiver sido mediada por 
um estímulo adequado.Respostas adaptativas normais vêm em atendimento 
a uma necessidade e a um estímulo apropriado. Após a remoção da neces-
sidade, cessa a resposta adaptativa. Considerando as adaptações orgânicas, 
avalie as afirmativas a seguir:
I. Na atrofia, as células atrofiadas reduzem seu consumo de oxigênio 
e outras funções por meio da diminuição do número e tamanho de 
suas organelas e outras estruturas celulares. 
II. Na metaplasia, passa a haver um número menor de mitocôndrias, 
miofilamentos e estruturas de retículo endoplasmático, isso ocorre 
quando há envolvimento de um número suficiente de células.
III. Hipertrofia representa um aumento no tamanho celular, bem como 
na quantidade de massa de tecido funcional. Isso resulta de um 
aumento da carga de trabalho aplicada sobre um órgão ou uma parte 
do organismo. 
24
IV. A displasia é frequentemente observada em tecidos do músculo 
cardíaco e esquelético que não podem se adaptar ao aumento da 
carga de trabalho por meio de divisão mitótica e formação de mais 
células.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. I e IV, apenas. 
c. I e III, apenas.
d. I, II e IV, apenas. 
e. II, III e IV, apenas.
2. Segundo Grossman e Porth (2019), as células podem ser danificadas 
de diferentes maneiras, incluindo traumatismo físico, extremos de tempe-
ratura, lesão por forças elétricas, exposição a substâncias químicas prejudi-
ciais, danos por radiação, lesão por agentes biológicos e fatores nutricionais. 
Considerando as informações apresentadas, avalie as asserções e a relação 
proposta entre elas.
I. As lesões por agentes físicos responsáveis por dano celular e tecidual 
incluem forças mecânicas, extremos de temperatura e forças elétricas. 
São causas comuns de lesão devido à exposição ambiental; acidentes 
de trabalho e transporte; e violência física e agressão.
PORQUE
II. A energia de radiação acima da faixa da radiação ultravioleta (UV) 
é denominada radiação ionizante, porque os fótons têm energia 
suficiente para derrubar os elétrons de átomos e moléculas.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica 
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
25
3. Os radicais livres são moléculas que apresentam um elétron não empare-
lhado no orbital externo, o que as torna muito reativas com outras moléculas. 
Lipídios, ácidos nucleicos e vários aminoácidos são particularmente disponí-
veis para formar radicais livres. Considerando as informações apresentadas, 
avalie as afirmativas a seguir:
I. Muitos agentes exercem efeitos nocivos por intermédio de espécies 
químicas reativas conhecidas como radicais livres. Radicais livres são 
espécies químicas altamente reativas, com um elétron não empare-
lhado na órbita externa (camada de valência) da molécula.
II. O elétron não emparelhado torna os radicais livres instáveis e 
altamente reativos, de modo que reagem de maneira inespecífica 
com moléculas em torno deles. Além disso, os radicais livres podem 
estabelecer reações em cadeia, que consistem em eventos químicos 
que geram novos radicais livres.
III. Estresse oxidativo é uma condição que ocorre quando a geração de 
ROS excede a capacidade do organismo de neutralizar e eliminar a 
substância. O estresse oxidativo pode levar à oxidação dos compo-
nentes da célula, ativação das vias de transdução de sinalização e 
alterações na expressão de genes e proteínas.
IV. Antioxidantes são moléculas naturais ou sintéticas que inibem as 
reações de ROS com estruturas biológicas ou impedem a formação 
descontrolada de ROS. Antioxidantes incluem componentes enzimá-
ticos e não enzimáticos. A enzima catalase pode catalisar a reação 
que forma água a partir de peróxido de hidrogênio.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e IV, apenas.
d. I, III e IV, apenas.
e. I, II, III e IV. 
26
Seção 2
Lesão celular reversível e lesão celular irreversível
Diálogo aberto
Olá, caro aluno!
Agora que você já foi introduzido a conhecimentos sobre patologia, 
conhece os mecanismos de adaptações celulares frente às diferentes lesões e 
doenças, é possível aprofundarmos esse tema nesta seção. 
Nela, nós vamos entender como as lesões celulares acontecem, sejam 
elas reversíveis ou irreversíveis. Você sabe quais mecanismos estão envol-
vidos nesse processo? Quais as diferenças entre os tipos de lesões celulares? 
Veremos também os aspectos morfológicos das lesões celulares, que trarão 
maior compreensão das repercussões celulares, após a ação de um agente 
nocivo. Então este é o momento de conhecer, compreender e questionar 
todos os conceitos que serão expostos. Você está preparado?
Vamos retomar a rotina aluno de graduação do curso de Biomedicina 
que está realizando um estágio supervisionado no laboratório de patologia 
experimental de sua universidade. Em uma das reuniões semanais do grupo 
de pesquisa, foram discutidos alguns achados radiográficos de um exame 
panorâmico, que faziam parte dos resultados do projeto de pesquisa de um 
dos alunos do programa de pós-graduação. Os achados incluem grãos radio-
pacos, irregulares, menores que 1 cm de diâmetro, na região póstero-lateral 
da cavidade oral (bochecha), de forma bilateral (ambos os lados). O paciente 
não apresentava queixas clínicas em relação a esses achados radiográficos, 
porém à palpação na avaliação do profissional, foi possível encontrar forma-
ções sólidas, de formato arredondado. Aproveitando a oportunidade, o 
coordenador do programa se dirigiu ao nosso aluno que estava na plateia e o 
indagou sobre qual seria a explicação da ocorrência desses achados na radio-
grafia panorâmica deste paciente. Você, no lugar do aluno, como responderia 
aos questionamentos do gestor do programa?
Para ajudar você nesse contexto, estudaremos nesta seção os conceitos 
e mecanismos das lesões celulares reversíveis e irreversíveis, os acúmulos 
intracelulares e calcificações e as considerações e aspectos morfológicos das 
lesões celulares. Os conceitos explorados nesta seção servirão de embasa-
mento para situações cotidianas da sua atuação profissional.
Você está preparado? Otimize seu tempo e aproveite todos os materiais 
disponíveis para o seu aprendizado. Vamos lá!
27
Não pode faltar
Prezado aluno, agora você já tem uma base de conhecimento sobre 
patologia em geral, como tipos de respostas celulares a diferentes estímulos 
nocivos e as adaptações promovidas pelas células ao serem expostas a eles. 
Também introduzimos o nosso conhecimento sobre lesões celulares e como 
elas podem vir a causar diversas doenças. É de extrema importância para o 
profissional biomédico conhecer todos esses processos de lesões celulares, 
uma vez que o utilizará em sua prática profissional.
Nesta seção aprofundaremos nossos conhecimentos sobre os diferentes 
tipos de lesões celulares, sejam elas reversíveis ou irreversíveis. Você conse-
guiria descrever como estes mecanismos de lesão celular acontecem? Quais 
são as consequências dessas lesões? Quais os fatores que determinam sua 
reversibilidade ou não? Pois é: existem diversos aspectos envolvidos no 
processo de lesão celular, os quais veremos agora. 
Como sabemos, a célula normal mantém-se em um estado de equilíbrio, 
chamado de homeostase. Quando uma célula está em homeostase, dizemos 
que ela consegue se adaptar frente a alterações fisiológicas ou estímulos 
patológicos, mantendo-se em pleno funcionamento às custas de diversas 
respostas adaptativas. Quando as adaptações não conseguem manter a 
homeostasia celular e o estímulo nocivo persiste, a célula pode sofrer uma 
lesão reversível, irreversível e até mesmo levar à morte celular.
As células podem apresentar alterações no seu metabolismo, como o 
acúmulo intracelularde substâncias inertes à homeostase celular, mas, por 
outro lado, podem estar associadas a lesões celulares. Esse acúmulo intrace-
lular pode acontecer das seguintes formas:
• Remoção ineficiente de substâncias fisiológicas.
• Acúmulo excessivo de substâncias endógenas.
• Armazenamento excessivo de substâncias devido à degradação 
metabólica ineficaz.
• Acúmulo de substâncias exógenas associado à degradação e remoção 
ineficazes dessas substâncias.
Vamos citar alguns exemplos práticos: a esteatose hepática, caracterizada 
pelo acúmulo celular anormal de triglicerídeos; aterosclerose, que é carac-
terizada por acúmulo de lipídios na musculatura lisa dos vasos; e diabetes 
melito, caracterizada pelo acúmulo de glicogênio nas células, entre outros 
(proteínas, pigmentos, degeneração hialina).
28
Assimile
A pigmentação é descrita como um processo de acúmulo intracelular 
de pigmentos, de etiologia fisiológica ou patológica, sendo classificada 
como endógena ou exógena. Um exemplo patológico de pigmentação 
é a icterícia. Considerada um sinal clínico, a icterícia é descrita como a 
elevação das taxas de bilirrubina do indivíduo, causando sua deposição 
nas mucosas, pele e/ou órgãos, fazendo com que o indivíduo apresente 
coloração amarelada dessas estruturas, o que pode evoluir ainda para 
coloração esverdeada e preta, dependendo da quantidade de pigmento 
acumulado. 
Essa situação clínica é muito comum em neonatos, muitas vezes consi-
derada fisiológica, também encontrada em indivíduos com doenças 
hepáticas.
Além do acúmulo intracelular, as células podem ainda apresentar uma 
calcificação patológica decorrente da deposição de cálcio nos tecidos. Pode 
ser classificada de duas maneiras: distrófica (se houver deposição de cálcio 
em tecidos mortos) ou metastática (se houver deposição de cálcio em tecidos 
normais).
A calcificação distrófica é encontrada em áreas de necrose, principal-
mente nas placas ateromatosas presentes nos vasos sanguíneos e válvulas 
cardíacas doentes, podendo, dessa maneira, causar disfunção orgânica 
importante nesses indivíduos. E apesar desse acúmulo de cálcio, não encon-
tramos alterações em seus níveis séricos.
Diferentemente da distrófica, a calcificação metastática está associada 
a níveis séricos elevados de cálcio e é consequência de níveis elevados de 
paratormônio, destruição de tecido ósseo, níveis elevados de vitamina D e 
insuficiência renal. Apesar de ocorrer em órgãos de suma importância em 
nosso organismo (rins, pulmões e estômago, entre outros), não apresenta 
repercussão clínica importante.
Quando as células são submetidas a agentes tóxicos/nocivos e as adapta-
ções celulares não conseguem impedir o sofrimento celular, permitindo que 
alterações morfológicas e funcionais ocorridas decorrentes desses estímulos 
nocivos sejam reversíveis, denominamos que houve uma lesão celular rever-
sível. A célula com lesão reversível pode apresentar a redução da fosforilação 
oxidativa e consequentemente uma redução do aporte energético em forma 
de trifosfato de adenosina (ATP), tumefação celular e degeneração gordu-
rosa, sendo possível, ainda, encontrar lesões em organelas celulares como 
mitocôndrias e no citoesqueleto.
29
A tumefação celular que ocorre nas lesões celulares reversíveis é a 
manifestação celular inicial em resposta a um estímulo nocivo. A célula 
apresenta um aumento na concentração de sódio e uma redução da concen-
tração de potássio intracelular, com consequente aumento da pressão 
osmótica celular. Assim, ocorre o aumento do volume hídrico intracelular, 
causando o aparecimento de bolhas na membrana plasmática, redução da 
produção de ATP, deficiência na síntese de proteínas e danos ao citoesqueleto 
e ao DNA. A degeneração gordurosa é descrita como acúmulo anormal de 
triglicerídeos no meio intracelular, ocorrendo em células específicas como 
as hepáticas, cardíacas, musculares e renais. Esse fenômeno está associado 
a lesões hipóxicas, metabólicas e tóxicas, sendo possível visualizar, no plano 
microscópico, o surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma celular.
Quando o estímulo nocivo persiste ou é intenso, e a célula, mesmo com 
suas adaptações, não consegue reverter as consequências da lesão, determi-
na-se então uma lesão irreversível. Com o tempo, a lesão celular irreversível 
leva à morte celular.
A morte celular é um evento resultante de uma lesão celular irreversível 
devido a um estímulo nocivo persistente e intenso, porém também é um 
evento que faz parte de um processo fisiológico dos tecidos e essencial na 
embriogênese e no desenvolvimento de órgãos. Existem dois tipos de princi-
pais de morte celular: necrose e apoptose.
Já vimos anteriormente nesta seção que nas lesões reversíveis há uma 
redução dos níveis de ATP, e essa redução é um dos principais fatores causa-
dores de morte celular por necrose. Vamos entender como isso acontece?
É de nosso conhecimento que na presença de um estímulo nocivo celular, 
temos como consequência a redução dos níveis de ATP devido à redução 
de oxigênio disponível e de nutrientes. Essa redução causará a falta de fonte 
energética para a ocorrência dos processos metabólicos celulares, causando 
o desequilíbrio da atividade celular, ou seja, a célula não consegue manter-se 
em homeostase. Isso desencadeará um processo de depleção celular, com 
prejuízo das funções das mitocôndrias, lisossomos, ribossomos e, assim, a 
morte celular.
A necrose celular é um tipo de morte celular por consequência da 
perda da capacidade de manutenção da homeostase celular. Na ocorrência 
da necrose celular, que é o tipo de morte celular mais comum decorrente 
à exposição de agentes nocivos, há lesão da membrana citoplasmática e as 
enzimas lisossômicas entram no citoplasma e digerem a célula. Em resumo, 
a célula apresenta-se aumentada, com a membrana plasmática rompida, 
favorecendo a digestão celular pelos lisossomos. Ela está associada a um 
30
processo inflamatório que é sempre consequência de lesão celular irrever-
sível, ou seja, patológica. A duração do processo de necrose celular é variável 
e depende do tipo de lesão e estímulo nocivo, podendo variar de horas até 
dias. 
Quando visualizamos os aspectos morfológicos das células necróticas, 
estas apresentam eosinofilia aumentada, quando coradas por hematoxi-
lina-eosina, decorrente da perda do RNA citoplasmático e desnaturação 
proteica. Devido à digestão enzimática das organelas citoplasmáticas, as 
células apresentam uma aparência mais homogênea, mais vazia. 
Até o seu completo desaparecimento, é possível observar alterações nos 
núcleos celulares como cariólise (perda de DNA por lise enzimática obser-
vada pela basofilia da cromatina esmaecida), picnose (retração nuclear e 
aumento da basofilia) e cariorrexe (fragmentação do núcleo picnótico).
Existem ainda outras formas de necrose tecidual, e uma delas é chamada 
de necrose coagulativa, em que a morfologia dos tecidos mortos é preser-
vada por um período maior. Esse fenômeno acontece porque a lesão ocorre 
de uma forma mais global, não desnaturando apenas as organelas citoplas-
máticas, mas também as enzimas responsáveis pela lise celular; logo, com a 
interrupção da proteólise, a morte celular propriamente dita acontece mais 
tardiamente. Esse processo não impede a morte celular, apenas a posterga, e 
após isso acontecer, a remoção das células necrosadas é feito por fagocitose 
através dos leucócitos. A área de necrose por coagulação é denominada de 
infarto. 
É possível ainda, ocorrer uma necrose envolvendo maiores extensões 
teciduais, a qual é possível avaliação na prática clínica, a olho nu; em que 
visualizamos tecidos necróticos decorrentes de necrose de coagulação por 
interrupção do aporte sanguíneo, podendo estar associado à lise bacteriana e 
leucocitária. A esse tipo de necrose denominamos necrose gangrenosa. 
Diferentemente da necrose de coagulação, que apresenta lise das células 
necróticas, ou seja, áreas de infarto, frequentemente encontramos, em nosso 
dia adia, outras áreas de necrose, que apresentam um líquido amarelado e 
de consistência “pastosa”, o qual nominamos de pus, que é produto da morte 
leucocitária proveniente da ação enzimática em casos de infecções bacte-
rianas e/ou fúngicas. Esse processo é chamado de necrose liquefativa. 
A necrose gordurosa, como o próprio termo já diz, acontece em células 
gordurosas que sofrem lise pelas enzimas pancreáticas ativadas no pâncreas 
e no peritônio. Na necrose de células lipídicas há a liberação de ácidos graxos 
como produtos resultante desse processo, que ao se combinar com o cálcio 
apresentam-se mais visíveis, facilitando, assim, a identificação da lesão.
31
Outro tipo de necrose que envolve processos infecciosos – nesse caso, 
tuberculosa – é a necrose caseosa. Assim como a necrose liquefativa, a 
necrose caseosa produz um material esbranquiçado na área de necrose, 
visível em análise microscópica, em que conseguimos visualizar células lesio-
nadas e restos granulares circundados por uma borda inflamatória, à qual 
chamamos de granulomas. 
O último tipo de necrose celular que vamos conhecer nesta seção é a 
fibrinoide. Associada a reações inflamatórias que envolvem o leito vascular, 
há uma deposição de antígenos e anticorpos na parede dos vasos que, ao se 
ligarem a fibrina, formam áreas de coloração rósea-brilhante, denominada 
como fibrinoide. Este tipo de necrose está presente em casos de vasculites. 
Após o processo de morte celular, independentemente do tipo de necrose, 
as células podem ser substituídas por figuras de mielina, compostas de fosfo-
lipídios, originadas das membranas celulares lesadas e que posteriormente 
podem ser fagocitadas e sofrer calcificação. 
Agora que vimos os tipos de necrose celular, vamos falar de apoptose.
Quando falamos de apoptose celular, estamos considerando a ocorrência 
de morte celular programada, ou seja, é um suicídio celular. Ao sofrer uma 
apoptose, a célula não aciona uma resposta inflamatória, como acontece em 
outros processos, pois apesar de ocorrer a lise do seu próprio DNA, núcleo e 
citoplasma, a sua membrana celular fica intacta. Isso ocorre devido à fagoci-
tose da célula e de seus fragmentos acontecer de forma muito rápida, não 
ocorrendo sua liberação ao meio. 
É claro que assim como a necrose celular, a apoptose também se dá em 
situações esperadas e fisiológicas, não se limitando apenas a situações patoló-
gicas. Vamos ver alguns exemplos.
A apoptose em situações fisiológicas está presente na destruição de células 
da embriogênese, em diferentes fases da vida da mulher (ciclo menstrual, 
amamentação, menopausa), células intestinais e células relacionadas ao 
sistema imune (linfócitos, neutrófilos). 
E quando falamos de situações patológicas temos: radioterapia, quimio-
terapia, doenças degenerativas, infecções (adenovírus, vírus HIV, hepatite 
viral), atrofia após obstrução de ducto (pâncreas, rins). 
A célula em apoptose apresenta, assim como a célula necrótica, altera-
ções na sua morfologia. Neste caso encontramos células de menor tamanho, 
condensação da creatina (rompimento do núcleo), fagocitose das células 
apoptóticas ou corpos apoptóticos após rompimentos das bolhas citoplas-
máticas superficiais. 
32
Lembre-se: a apoptose, diferentemente da necrose, não provoca uma 
reação inflamatória durante o seu processo, e isso dificulta a sua identificação 
quando vamos fazer uma análise microscópica tecidual. 
A apoptose ocorre a partir da ativação das enzimas caspases e é dividida 
em dois momentos: fase de iniciação (ativação das caspases) e fase de execução 
(degradação celular pelas caspases). Mas como ocorre a ativação das caspases? 
A ativação das caspases pode ocorrer através de duas vias distintas: via 
intrínseca (mitocondrial) e via extrínseca (via do receptor de morte). Na 
via mitocondrial, como o próprio nome já diz, as mitocôndrias liberam 
moléculas pró-apoptóticas no citoplasma e assim dá-se o início à morte 
celular programada. E na via do receptor de morte, é iniciada pela ativação 
de receptores de morte na membrana plasmática da célula. Apesar de serem 
duas vias distintas de ativação de apoptose, em algumas situações ambas 
podem ocorrer simultaneamente.
Reflita
A apoptose ocorre através de duas vias distintas: via mitocondrial e 
a via do receptor de morte. Apesar de que ambas as vias podem agir 
em conjunto, elas apresentam condições e funções bem distintas no 
aspecto fisiológico e patológico. Você sabe quais são as diferenças entre 
essas duas vias de apoptose?
Após entendermos sobre o processo de necrose e apoptose, temos ainda 
uma situação híbrida de morte celular: a necroptose. Quando falamos de 
necroptose, podemos identificar uma situação de tumefação celular, redução 
da síntese de ATP, liberação de enzimas lisossômicas e ruptura da membra 
celular, aspectos esses provenientes da característica necrótica. E, por outro 
lado, temos que a necroptose acontece após a ativação de fatores geneti-
camente programados que provocam a morte celular, ou seja, uma morte 
programada, assim como a apoptose. 
Por fim, temos a autofagia. A autofagia é caracterizada pela autólise 
celular, ou seja, a célula digere seu próprio conteúdo. Esse tipo de morte 
celular ocorre em situações patológicas de desnutrição e fisiológicas, como 
envelhecimento e exercício. A autofagia está relacionada a patologias como 
câncer, doenças neurodegenerativas, doenças inflamatórias e infecciosas. 
Sabe-se que atualmente, com o crescimento dos estudos sobre a saúde 
humana, busca-se cada vez mais a juventude, seja com o auxílio de procedi-
mentos estéticos, ingestão de medicamentos, suplementos e/ou vitaminas. 
Sabe-se que o envelhecimento celular ocorre devido à existência de genes 
33
que comandam esse processo, em que as células perdem sua função progres-
sivamente, sendo essa perda mediada pela própria atuação genética e por 
diversos agentes nocivos aos quais o indivíduo foi submetido. 
Entre os mecanismos conhecidos que estão envolvidos no envelhecimento 
celular temos o dano ao DNA decorrente da ação de agentes físicos, químicos e/
ou biológicos; à senescência celular devido à perda da capacitação replicativa da 
célula; à homeostase defeituosa de proteína; e à detecção desregulada de nutrientes.
Exemplificando
Um exemplo de acúmulo intracelular é a deposição anormal de 
proteína no meio extracelular, causando dano tecidual e formando 
uma substância chamada de amiloide, que na análise microscópica 
com coloração de hematoxilina-eosina, apresenta-se hialina, eosinófila 
e amorfa, o que facilita seu diagnóstico em uma análise laboratorial. 
Esse processo descreve a patogenia da amiloidose, uma doença de 
caráter hereditário e inflamatório, em que as proteínas sofrem dobra-
duras anormais, tornando-se insolúveis e fibrilares. A amiloidose pode 
afetar diferentes órgãos, dependendo do local da sua deposição, o que 
incidirá em sintomas clínicos. Em geral, os pacientes referem sintomas 
associados ao órgão acometido e também fraqueza, perda de peso e 
tontura. Pode estar associada a outras doenças como mieloma múltiplo, 
artrite reumatoide, doença de Alzheimer, doenças renais.
Nesta seção, aprofundamos nosso conhecimento sobre lesão celular e 
conseguimos também associá-las com diversas patologias e situações clínicas 
possíveis de serem encontradas. Além disso, discutimos sobre os mecanismos 
fisiopatológicos e morfológicos envolvidos nos tipos de morte celular.
Sem medo de errar
Você se lembra da reunião científica do grupo de pesquisa de que o estagi-
ário participou e foi questionado pelo gestor do programa sobre achados radio-
gráficos em um exame panorâmico? Assim, ele teria que responder ao chefe do 
programa sobre qual seria a explicação para ocorrência desses achados. 
Para atender aos questionamentos do gestor do programa, o aluno 
poderia responder que se trata de ocorrência de um acúmulo intracelular de 
cálcio, ou seja, uma calcificação distrófica na cavidade oral de um paciente.
O acúmulode cálcio nessa região está associado a lesões recorrentes da 
mucosa (trauma, inflamação, presença de parasitas), levando à sua precipitação.
34
Essa condição poderia ser classificada como uma calcificação distró-
fica na cavidade oral. Por se tratar de deposição de cálcio na mucosa e este 
apresentar característica radiopaca, é possível a visualização no exame radio-
lógico, e devido à sua consistência, é possível a identificação das calcificações 
na palpação da mucosa. Na maioria das vezes essa situação clínica não exige 
tratamento, apenas acompanhamento.
Avançando na prática
Acúmulo intracelular de lipídeos
Em um laboratório de patologia, um biomédico realizou a preparação 
das lâminas para que o patologista do departamento pudesse fazer a análise 
podendo, com isto, definir processos patológicos (inflamatórios; neoplá-
sicos etc.) ou constatar a normalidade dos tecidos ou células em estudo. 
O patologista realizou a análise e descreveu que no tecido corado com HE 
havia presença de hepatócitos com vacúolos de gordura em seu citoplasma, 
deslocando o núcleo celular para a periferia, e também algumas células 
com aspecto microvesicular, mantendo o núcleo centralmente posicionado 
(setas), como mostra a Figura 1.4.
Figura 1.4 | Análise de material corado com hematoxilina-eosina
Fonte: Creative Commons.
O patologista, no intuito de compartilhar as informações dos achados 
descritos com seu amigo biomédico e aproveitando a oportunidade, questionou 
o biomédico a respeito do que poderia ter desencadeado o processo descrito.
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Você, no lugar biomédico, como responderia ao seu amigo patologista?
Resolução da situação-problema
Quando falamos em deposição de lipídeos na célula, sabemos que a 
homeostase celular não está sendo atingida. Assim, o biomédico poderia 
responder ao patologista que o acúmulo intracelular de gordura interfere no 
metabolismo lipídico da célula, aumentando a sua síntese ou reduzindo sua 
excreção, transporte e/ou utilização. Esse distúrbio metabólico pode ocorrer 
após lesões por agentes tóxicos, alterações genéticas, alterações na dieta do 
indivíduo ou até mesmo por hipóxia. 
Faça valer a pena
1. A célula normal, por inúmeras razões e por vezes de forma desconhe-
cida, não consegue manter-se em equilíbrio devido à ação de algum estímulo 
nocivo, e necessita de adaptações para que retorne a esse estado.
Assinale a alternativa que contenha os possíveis desfechos que a célula pode 
ter caso não consiga retornar à homeostase:
a. Fagocitose.
b. Hipertrofia.
c. Hiperplasia.
d. Atrofia.
e. Necrose.
2. Definida como morte programada, podendo ser classificada como fisio-
lógica ou patológica, ocorre quando as enzimas da própria célula degradam 
seu próprio DNA e seus componentes por meio de fagocitose.
O texto-base descreve a:
a. Necrose.
b. Apoptose.
c. Necroptose.
d. Lesão isquêmica.
e. Atrofia.
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3. Os mecanismos de lesão celular acontecem de forma sequencial, e as 
consequências das lesões são diretamente dependentes do tipo de agressão, 
tempo de duração, intensidade do estímulo, viabilidade celular e suas reações 
de adaptação.
Assinale a alternativa que contenha o principal causador da morte celular:
a. Tumefação celular.
b. Perda da permeabilidade da membrana.
c. Oxidação de proteínas.
d. Dano ao DNA.
e. Redução dos níveis de ATP.
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Seção 3
Recursos e métodos para estudos em Patologia
Diálogo aberto
Prezado aluno, esta seção tem o objetivo principal de proporcionar o 
crescimento do seu conhecimento sobre os métodos e recursos utilizados no 
estudo das doenças no contexto da patologia. Conheceremos os principais 
métodos de estudos celulares, cada um com sua indicação e objetivo, para 
que você possa futuramente colocá-los em prática no seu dia a dia como 
biomédico. 
Para isso continuaremos acompanhando a rotina de um estagiário do 
curso de graduação em Biomedicina que atua no laboratório de patologia 
experimental da sua universidade. Dentre as diferentes linhas de estudo deste 
laboratório, quais seriam os tipos de estudos celulares realizados durante 
o período no qual o aluno permanece em estágio? Você já refletiu sobre a 
importância da realização de estudos e pesquisas com o objetivo de escla-
recer os diferentes tipos de doenças e o comportamento das células neoplá-
sicas? Veja o quão importante é essa área da Biomedicina. 
Uma das grandes pesquisas que o estagiário teve a oportunidade de 
acompanhar envolvia um vírus não identificado, que desencadeava uma 
infecção respiratória aguda grave. Durante os estudos iniciais, foram coletadas 
amostras biológicas de pessoas infectadas para se verificar as propriedades 
biológicas do vírus. O chefe da pesquisa havia determinado que a próxima 
etapa seria a identificação viral e definição das propriedades biológicas do 
vírus. Assim, solicitou à equipe que determinasse os protocolos de estudos 
para alcançar esses objetivos. Se você fosse um dos membros da equipe de 
pesquisa, quais métodos de estudo você poderia definir para atender à solici-
tação do chefe da pesquisa?
Para ajudar você nessa definição, estudaremos algumas características 
dos métodos para estudos morfológicos celulares, veremos a aplicação dos 
métodos de estudo de imuno-histoquímica, a aplicação das culturas celulares 
e as técnicas de biologia molecular mais utilizadas no contexto da patologia. 
Vamos em frente? Não esqueça que o autoestudo é uma importante ferra-
menta para atingir seus objetivos de se tornar um excelente profissional, por 
isso explore todos os materiais que serão disponibilizados nesta seção. 
38
Não pode faltar
Estudos morfológicos: citológicos e anatomopatológicos
Dentro da atuação do biomédico temos a atuação na biologia molecular, 
que se refere à coleta de material biológico e realização da análise de sua 
composição molecular pelo profissional. Além disso, abarca a elaboração 
de pareceres sobre essa análise, servindo até mesmo para práticas judiciais/
criminais, como em ocasião de perícia. Também em práticas clínicas, como 
em análise imuno-histoquímica de fragmento de tecido humano. Mas, para 
isso, é necessário todo um conhecimento prévio dos aspectos fisiológicos e 
patológicos das células, ou seja, o profissional deve ter o conhecimento do 
que é esperado e do que não é esperado no comportamento celular humano. 
Dentro desse contexto, temos que a Patologia associada à tecnologia dispo-
nível atualmente proporciona a análise tanto macro como microscópica do 
estudo de doenças, o que denominamos de estudo morfológico. O estudo 
morfológico pode ser feito por meio de análises citológicas e anatomopato-
lógicas de diferentes tecidos celulares, no intuito de diagnosticar ou inves-
tigar alguma patologia. No estudo morfológico é possível verificar, em uma 
análise microscópica, o formato da célula, e assim identificar qual tipo celular 
está presente naquela amostra. As células epiteliais, por exemplo, apresentam 
contorno poligonal, enquanto os linfoblastos têm formato alongado. 
O estudo citológico é, resumidamente falando, a realização de exames de 
grande valia para diagnósticos de diversas patologias, como a detecção precoce 
de neoplasias (colo de útero) ou identificação de bactérias e parasitas. Como o 
próprio nome já diz, o estudo citológico analisa as células coletadas de algum 
local específico. Essa coleta pode ser realizada por raspagens de mucosas, 
secreções, líquidos e de punções aspirativas, como coleta de secreção traqueal, 
coleta de amostra de urina ou fezes e aspiração de conteúdo de coleções 
formadas dentro do nosso organismo. Após a coleta da amostra celular é 
necessário que ela seja tratada da forma correta para análise propriamente dita; 
por vezes podem ser preparadas com álcool a 95% ou feito uso da técnica de 
coloração adequadamente escolhida. Não obrigatoriamente a análise citológica 
traz consigo diagnósticos certamente claros, uma vez que podemos não ter o 
material suficiente para sua realização – o que também pode resultar em umaresposta inconclusiva –, porém sempre que possível consegue contribuir com 
o diagnóstico clínico, trazendo informações pertinentes e complementares ao 
diagnóstico médico do paciente em questão. 
Já o estudo anatomopatológico tem uma análise pouco diferente: esse 
tipo de exame é realizado com amostras a partir de biópsias. Estas podem ser 
39
feitas de duas formas: as que possibilitam a exérese total da lesão (excisional) 
e aquelas que retiram a lesão parcialmente (incisional). A coleta do material 
anatomopatológico pode ser realizada de diversas formas e técnicas, a 
depender do local e tipo de lesão. Dentre as mais comuns são as por via 
pouco invasivas, chamadas de diagnósticas, e as de maior porte, em que as 
estruturas anatômicas são retiradas em sua totalidade. É de grande impor-
tância, no caso de biópsias, que sejam consideradas as precauções em relação 
ao procedimento, uma vez que devemos atentar para o melhor meio de coleta 
do material, a melhor técnica utilizada e a margem de segurança adequada 
na retirada em torno da lesão, pois o paciente deve ser submetido ao mínimo 
de procedimentos possível. Ainda no contexto de análise de material celular, 
ainda temos os exames de necropsia, pelo qual é realizada a coleta de material 
e posterior análise no intuito de identificar a causa de morte do indivíduo, 
quando não foi possível ao médico atestá-la no momento de constatação do 
óbito. A necropsia contribui não só para a investigação da causa de morte do 
indivíduo, mas vem complementar os conhecimentos sobre diversas patolo-
gias e lesões associadas, assim como suas extensões. 
Independentemente do tipo de material coletado ou do tipo de estudo 
a ser realizado, o preparo do material é tão importante quanto o procedi-
mento escolhido para a coleta. Alguns exames exigem a congelação, resfria-
mento, desidratação e utilização de colorações específicas para que possam 
ser analisados. Deve também ser considerado o tipo de recipiente a ser 
utilizado, uma vez que não é permitida a deformação ou dano ao material 
em preparo. Dentre as colorações mais utilizadas no preparo dos materiais 
estão a hematoxilina-eosina e o métodos Papanicolau, dentre outros que 
apresentam sua especificidade para análise. 
Estudos imuno-histoquímicos
Ainda dentro da análise celular temos os estudos imuno-histoquímicos, 
empregados para detecção de antígenos por meio da utilização de anticorpos 
respectivos, assim como para identificação de novos agentes nocivos à saúde. 
Essa identificação é feita pela resposta dos antígenos a reações químicas 
decorrentes da utilização de componentes, que reagem frente à sua presença. 
Esse comportamento qualifica os estudos imuno-histoquímicos como 
específicos e sensíveis, ou seja, ele encontra os resultados positivos e exclui os 
resultados negativos. 
Você já pensou em como nosso corpo consegue essa ligação de antígeno-
-anticorpo de forma tão sensível e específica?
Para visualizar a ligação antígeno-anticorpo são utilizadas técnicas de 
tratamento da amostra. Por exemplo, na técnica de imunofluorescência, 
40
falamos que um anticorpo é classificado como primário direto quando ele se 
liga ao composto fluorescente e emite luz brilhante durante a análise micros-
cópica (luz ultravioleta). Podemos ainda classificar um anticorpo como 
primário indireto quando recebe a ligação de um anticorpo secundário que 
já apresenta uma ligação com o composto luminescente e ambos se ligam ao 
antígeno. 
Outro exemplo de técnica utilizada para estudo imuno-histoquímicos 
é a técnica imunoenzimática, na qual em vez da utilização de compostos 
luminescentes, são utilizadas imunoglobulinas marcadas com enzimas 
específicas, as quais sofrerão uma reação química com o substrato, promo-
vendo marcadores de positivos ou negativos (coloração). As técnicas mais 
utilizadas quando tratamos de estudos imuno-histoquímicos por via imuno-
enzimática são as peroxidade-antioperoxidade e avidina-biotina-peroxidade.
Exemplificando
Um exemplo da importância dos estudos no âmbito da Patologia é a 
ocorrência da resistência de bactérias a antibióticos. Essa resistência 
acontece naturalmente com o passar do tempo, porém pode ser acele-
rada pelo uso indiscriminado dos antibióticos frente a infecções. Ocorre 
que a resposta da uma bactéria ao mesmo antibiótico pode se alterar 
e com essa alteração ocorre um processo de seleção, até o ponto em 
que o medicamento não é capaz de combater a infecção, por restarem 
apenas bactérias não responsivas a ele.
Culturas celulares e suas aplicações 
A cultura celular é a análise de células provenientes de uma amostra 
biológica coletada sob condições padronizadas. Essas células serão inseridas 
em um recipiente adequado, imersas em um meio controlado e na presença 
de componentes enzimáticos, mecânicos ou químicos. 
A cultura celular é de grande valia na área de Patologia, uma vez que 
colabora substancialmente para descoberta de novos tratamentos, na terapia 
gênica, na utilização de células tronco de forma terapêutica, na produção de 
vacinas e na compreensão do sistema imunológico. 
Sabemos que é de suma importância o preparo do material e o tipo de 
técnica a ser utilizada, tanto em relação ao corte quanto ao tamanho da 
amostra, quantidade de fixador utilizado e tipo de recipiente para armaze-
namento, entre outros aspectos que devem ser considerados na análise de 
41
material biológico, uma vez que escolhas incorretas produzem resultados 
distorcidos ou pouco específicos.
Quando temos uma amostra biológica à qual não podemos acrescentar 
fixador devido ao risco de dano material, a técnica de congelamento é a ideal. 
O material é congelado, cortado e posteriormente preparado para infusão 
na parafina.
Assimile
Nas culturas celulares, quando pensamos em preparo de material bioló-
gico para análise devemos considerar:
• A utilização do recipiente de tamanho adequado para que a 
amostra caiba nele adequadamente.
• O uso do fixador correto e na quantidade adequada (7 a 10 vezes 
o tamanho da amostra).
• O preparo imediato do material após a sua coleta.
• O uso de temperaturas e pH ideais para armazenamento da 
amostra.
• A escolha adequada da técnica a ser utilizada. 
• A presença de gases atmosféricos em doses ideais. 
• A presença de nutrientes.
Existem algumas denominações para os diferentes tipos de cultura 
celular, por exemplo:
• Axênica: cultura limpa, estéril. 
• Histotópica: cultura de células reagregadas, idênticas à célula original. 
• Organotípica: cultura de células reagregadas, porém com diferentes 
tipos celulares na mesma cultura. 
• Primária: cultura de células recém-coletadas, provenientes de 
material vivo.
• Secundária: cultura de células a partir das células primárias:
– Contínua: células que se dividem indefinitivamente a partir da 
célula primária. 
– Transformada: células com características tumorais ou 
cancerígenas. 
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Também podemos classificar de acordo com a forma de cultivo, e temos:
• Células aderentes: necessitam de ancoragem para se proliferarem, 
de forma que se depositam no fundo do recipiente, criando uma 
monocamada celular (células epiteliais). 
• Células não aderentes: não necessitam de ancoragem para prolife-
ração, crescem em suspensão no meio (hematopoiéticas, tumorais). 
A aplicação clínica de todas essas técnicas e o avanço da tecnologia têm 
colaborado com o desenvolvimento da medicina, principalmente com saúde 
da população. É claro que os estudos convencionais, como o morfológico, 
ainda colaboram e muito na identificação de células típicas de algumas patolo-
gias, chegando assim em um diagnóstico específico. Porém, em alguns casos 
é possível que o estudo morfológico não seja esclarecedor, sendo necessária a 
utilização de tecnologias mais avançadas como o estudo histoquímico, para o 
estabelecimento de um diagnóstico correto, principalmente quando estamos 
tratando de doenças complexas, com o aspecto celular pouco diferenciado 
ou as que sofrem variações com o passar dos anos.

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