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METODOLOGIA DA PESQUISA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA - IPEMIG

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1 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
BELO HORIZONTE / MG 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
2 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4 
1 - O QUE É METOLOGIA DE PESQUISA? ......................................................................... 5 
2 - NÍVEIS DE CONHECIMENTO.......................................................................................... 7 
2.1 O conhecimento empírico ................................................................................................ 8 
2.2 O conhecimento teológico ............................................................................................... 8 
2.3 O conhecimento filosófico ................................................................................................ 8 
2.4 O conhecimento científico................................................................................................ 9 
3 - A HISTÓRIA DA CIÊNCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS ................................................... 10 
3.1 Na Antiguidade .............................................................................................................. 10 
3.2 Na Idade Média e Renascimento ................................................................................... 11 
3.3 A Revolução Científica .................................................................................................. 12 
3.4 A Revolução Industrial ................................................................................................... 12 
3.5 O século XX................................................................................................................... 13 
4 - A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA .................................................................................. 14 
5 - FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DO NÍVEL SUPERIOR ............ 15 
5.1 Conceitos, leis, teorias e doutrinas ................................................................................ 15 
6 - O QUE É UMA PESQUISA? ......................................................................................... 18 
6.1 Tipos de pesquisa:......................................................................................................... 18 
7 - MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ...................................................................... 19 
7.1 Métodos ......................................................................................................................... 20 
7.1 Técnicas ........................................................................................................................ 22 
7.2 Formas de pensamento ................................................................................................. 23 
8 - PRODUÇÃO CIENTÍFICA .............................................................................................. 25 
9 - PROCESSO DA ESCRITA ............................................................................................. 26 
10 - PÚBLICO ..................................................................................................................... 27 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
3 
 
 
 
11 - EMBASAMENTO TEÓRICO ........................................................................................ 27 
12 - NORMAS ..................................................................................................................... 28 
13 - GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS ........................................................................ 28 
13.1 Resumo ....................................................................................................................... 28 
13.2 Resenha ...................................................................................................................... 29 
13.3 Artigo Científico ........................................................................................................... 29 
13.4 Projeto de Pesquisa ..................................................................................................... 29 
13.5 Relatório de Pesquisa .................................................................................................. 29 
13.6 Trabalho de Conclusão de Curso para a Graduação ................................................... 29 
13.7 Monografia para a Especialização ............................................................................... 29 
13.8 Dissertação de Mestrado ............................................................................................. 30 
13.9 Tese de Doutorado ...................................................................................................... 30 
13.10 Paper ou Position Paper ............................................................................................ 30 
13.11 Relatório de Visita Técnica ........................................................................................ 30 
13.12 Documentação (Fichamento) ..................................................................................... 30 
13.13 Apresentação oral de trabalhos científicos................................................................. 30 
13.14 Pôster ........................................................................................................................ 31 
14 - PLÁGIO ........................................................................................................................ 31 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sejam bem-vindos aos cursos de Especialização oferecidos pelo Instituto 
Pedagógico de Minas Gerais – IPEMIG. 
Esforçamo-nos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se 
candidataram a esta especialização, procuramos referências atualizadas, embora saibamos que os 
clássicos são indispensáveis ao curso. 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões 
e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro 
que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo 
conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. 
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos 
para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza 
críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. 
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres 
para estudar da melhor forma que puderem se organizar, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre 
a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por 
conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. 
Deste modo, o curso em questão tem como objetivo geral oferecer subsídios teórico-
metodológicos para que os ingressantes na especialização possam atuar de maneira comprometida 
 e adequada, reforçar os conhecimentos daqueles que já atuam na área, pois sabemos que o mercado 
atual exige renovação da bagagem profissional, valorização das novas tendências na sua área de 
trabalho. 
Nesta apostila nosso assunto é a Metodologia da Pesquisa e Produção Científica, o que inclui 
as suas origens, os níveis de conhecimentos existentes, um pouco da história das ciências através dos 
tempos, as ferramentas de trabalho do profissional do nível superior, os métodos, técnicas e formas de 
pensamento através dos tempos. 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais 
importantes para a disciplina. São inúmeros os autores que discutem os temas tratados na Metodologiada Pesquisa, optamos por seguir a linha de pensamento de três autores mais especificamente que são 
Lakatos e Marconi (2004), Cervo, Bervian e Silva (2007) e Mattar (2008), Fazenda, et al (2010),Minayo, 
et al (2002), mas salientamos que existem inúmeros outros autores que nos oferecem uma bibliografia 
rica nesse conteúdo. 
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, 
mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila 
encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os 
conhecimentos. 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
5 
 
 
 
1 - O QUE É METOLOGIA DE 
PESQUISA? 
Para Minayo et al (2002:16) entende-se 
que “metodologia o caminho do pensamento e a 
prática exercida na abordagem da realidade. ” 
Trata-se de uma disciplina acadêmica com o 
objetivo de nortear as técnicas e métodos 
científicos para abordar o objeto de pesquisa 
através da pesquisa. 
Para isso, torna-se necessário criar 
variadas fases para o processo de investigação. 
Entretanto, as fases que refiro são simplesmente 
as técnicas e métodos que favorecem no 
processo de investigação. 
Ao problematizar o objeto a ser 
estudado, faz-se necessário a coleta de dados e 
informações pertinentes ao assunto, isto é, a 
formação do marco teórico de referência, o 
levantamento de hipóteses, análise de dados e, 
finalmente, comprovação das hipóteses. 
 O principal objetivo do nosso trabalho a 
produção da ciência em seus dois níveis: o da 
produção do conhecimento científico – nível da 
interioridade, da subjetividade do produtor do 
conhecimento – e o da produção da ciência 
propriamente dita – nível de exterioridade, da 
objetividade, ou seja, ciência com instituição e 
prática social do saber. 
 
O QUE É CIÊNCIA? 
Etimologicamente a palavra ciência 
vem do latim scientia, que quer dizer por definição 
ampla, conhecimento ou reconhecimento. 
Podemos inferir também que ela origina do verbo 
scire = saber. Num sentido mais restrito a palavra 
ciência nos leva a um modo de adquirir 
conhecimento baseado no método científico, ou 
seja, é o esforço que o ser humano faz para 
descobrir e aumentar o seu conhecimento de 
como funciona a realidade. 
Segundo Bello (2004) a evolução 
humana corresponde ao desenvolvimento de sua 
inteligência. Sendo assim são definidos três 
níveis de desenvolvimento da inteligência dos 
seres humanos desde o surgimento dos primeiros 
hominídeos: o medo, o misticismo e a ciência. 
a) O medo: os seres humanos pré-
históricos não conseguiam entender os 
fenômenos da natureza. Por este motivo, suas 
reações eram sempre de medo: tinham medo das 
tempestades e do desconhecido. Como não 
conseguiam compreender o que se passava 
diante deles, não lhes restava alternativa senão o 
medo e o espanto daquilo que presenciavam. 
b) O misticismo: num segundo 
momento, a inteligência humana evoluiu do medo 
para a tentativa de explicação dos fenômenos 
através do pensamento mágico, das crenças e 
das superstições. Era, sem dúvida, uma evolução 
já que tentavam explicar o que viam. Assim, as 
tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, 
a boa colheita da benevolência dos mitos, as 
desgraças ou as fortunas do casamento do 
humano com o mágico. 
c) A ciência: como as explicações 
mágicas não bastavam para compreender os 
fenômenos os seres humanos finalmente 
evoluíram para a busca de respostas através de 
caminhos que pudessem ser comprovados. 
Desta forma, nasceu a ciência metódica, que 
procura sempre uma aproximação com a lógica. 
O ser humano é o único animal na 
natureza com capacidade de pensar. Esta 
característica permite que nós, os seres 
humanos, sejamos capazes de refletir sobre o 
significado de nossas próprias experiências. 
Assim sendo, somos capazes de novas 
descobertas e de transmiti-las aos nossos 
descendentes. 
O desenvolvimento do conhecimento 
humano está intrinsecamente ligado à sua 
característica de viver em grupo, ou seja, o saber 
de um indivíduo é transmitido a outro, que, por 
sua vez, aproveita-se deste saber para somar 
outro. Assim evolui a ciência. 
Uma boa definição está no Novo 
Dicionário da Língua Portuguesa. Ferreira (2004) 
define ciência como um conjunto de 
conhecimentos socialmente adquiridos ou 
produzidos, historicamente acumulados, dotados 
de universalidade e objetividade que permitem 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
6 
 
 
 
sua transmissão, e estruturados com métodos, 
teorias e linguagens próprias, que visam 
compreender e orientar a natureza e as 
atividades humanas. 
Popularmente é entendida como 
sabedoria ou habilidade intuitiva. 
Lakatos e Marconi (2004) no clássico 
livro “Metodologia Científica” levantam várias 
definições para Ciência, mas no entendimento 
dessas autoras, todas incompletas. Abaixo estão 
algumas delas: 
“Acumulação de conhecimentos 
sistemáticos”. 
“Atividade que se propõe a demonstrar 
a verdade dos fatos experimentais e suas 
aplicações práticas”. 
“Conhecimento certo do real pelas suas 
causas”. 
“Conjunto de enunciados lógica e 
dedutivamente justificados por outros 
enunciados”. 
Para as autoras acima, a melhor 
definição é de Ander-Egg (1978) apresentada na 
obra Introducción a las técnicas de investigación 
social: “A ciência é um conjunto 
 de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, 
obtidos metodicamente, sistematizados e 
verificáveis, que fazem referência a objetos de 
uma mesma natureza”. 
Fazendo uma decomposição ou análise 
da definição de Ander-Egg encontramos que: 
a) conhecimento racional – é 
aquele que exige um método e está constituído 
por uma série de elementos básicos, tais como 
sistema conceitual, hipóteses, definições. 
b) certo ou provável – já que não 
se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de 
todo o saber que a compõe. Ao lado dos 
conhecimentos certos, é grande a quantidade 
dos prováveis. Antes de tudo, toda lei indutiva, é 
meramente provável, por mais elevada que seja 
sua probabilidade. 
c) obtidos metodicamente – pois 
não se adquire ao acaso ou na vida cotidiana, 
mas mediante regras lógicas e procedimentos 
técnicos. 
d) sistematizadores – isto é, não 
se trata de conhecimentos dispersos e 
desconexos, mas de um saber ordenado 
logicamente, constituindo um sistema de ideias 
(teoria). 
e) verificáveis – pelo fato de que as 
afirmações, que não podem ser comprovadas ou 
que não passam pelo exame da experiência, não 
fazem parte do âmbito da ciência, que necessita, 
para incorporá-las, de afirmações comprovadas 
pela observação. 
f) relativos a objetos de uma 
mesma natureza – ou seja, objetos pertencentes 
a determinada realidade, que guardam entre si 
certos caracteres de homogeneidade (LAKATOS; 
MARCONI, 2004). 
Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam 
que a ciência, em sua condição atual, é o 
resultado de descobertas ocasionais, nas 
primeiras etapas, e de pesquisas cada vez mais 
metódicas, nas etapas posteriores. “É uma das 
poucas realidades que podem ser legadas às 
gerações seguintes. Os homens de cada período 
histórico assimilam os resultados científicos das 
gerações anteriores, desenvolvendo e ampliando 
aspectos novos”. 
Mas, por que estamos alongando tanto 
em um conceito? Fácil! A Metodologia da 
Pesquisa que uma grande maioria dos 
estudantes tem “medo” ao se aproximar dela, nos 
levam ao conhecimento científico e precisamos 
deixá-los tranquilos, uma vez que ela não é o 
“bicho de sete cabeças” que muitos pensam. 
Desde o ingresso em um curso superior, a 
metodologia científica deveria ser apresentada 
ao aluno, em toda sua grandiosidade e 
simplicidade. Ela deveria guiar o aluno, uma vez 
que significa o estudo dos caminhos do saber, 
mas o que temos observadoé que ela é 
apresentada em sua grandiosidade, esquecendo, 
contudo, sua praticidade e simplicidade. 
O conteúdo da Metodologia da 
Pesquisa pode ser classificado como conceitual e 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
7 
 
 
 
procedimental, uma vez que não basta 
memorizar as ações ou as normas da Associação 
Brasileira de Normas técnicas (ABNT) sem uma 
construção de sentidos, pois é preciso 
compreender sua lógica de funcionalidade, bem 
como, realizar as etapas - que comporta o saber 
fazer – para isso as condições de aprendizagem 
são: 
• A reflexão sobre a ação que o 
sujeito está fazendo; 
• A exercitação constante, pois é 
preciso fazer uso deste conhecimento com 
frequência e, 
• A descontextualização – saber 
aplicar em outras situações que se apresentam 
como necessidade (ZABALA, 2001). 
No entendimento de Neves (2005), um 
dos grandes méritos desta disciplina, é a reflexão 
sobre a inconstância do conhecimento, pois 
permite a compreensão da necessidade do ser 
humano produzir perguntas e 
 respostas relacionadas às dúvidas e 
questionamentos postos, objetivando a 
 interpretação e a explicação da 
realidade, das coisas e dos fenômenos. 
Neste sentido, o fato de podermos hoje 
validar um conhecimento e amanhã o refutarmos, 
constitui-se num aspecto fantástico que se traduz 
na própria inconclusão do ser, na ideia do 
provisório. Isso nos remete ao campo da 
produção das explicações e das verdades. É 
comum os alunos e alunas terem um conceito de 
verdade absoluto, uma única referência. No 
processo de leituras e debates a desconstrução 
destas ideias, é algo que se torna inevitável. 
A metodologia instrumentaliza o futuro 
profissional auxiliando-o na 
 investigação, levando-o a comunicar-se de forma 
correta, inteligível, demonstrando um 
 pensamento estruturado, plausível e convincente. 
Ela mostra por onde começar, qual o primeiro 
passo a ser dado, o que é mais urgente. 
No capítulo 6 falaremos 
detalhadamente do método científico, deixamos 
por hora o seguinte entendimento: embora a 
utilização de métodos científicos não seja da 
alçada exclusiva da ciência, não há ciência sem o 
emprego de métodos científicos (LAKATOS E 
MARCONI, 2004). 
 
2 - NÍVEIS DE CONHECIMENTO 
Em todos ou quase todos os livros 
dedicados aos temas: Metodologia Científica, 
Métodos e Técnicas de Pesquisa, Redação de 
Monografias, Teses e Dissertações, 
encontraremos um tópico destinado aos diversos 
tipos ou níveis de conhecimento, dependendo 
dos autores, mas que tem uma finalidade comum: 
objetiva mostrar que existem vários tipos de 
conhecimentos, mas que aos olhos da ciência, 
possuem grandes e marcantes diferenças. 
Relembrando, quando falamos em 
conhecimentos, estamos falando em saberes que 
 podem ser sistematizados ou não, 
verificáveis ou não, certo ou provável, falível ou 
infalível, exato ou inexato. 
O conhecimento está diretamente 
ligado ao homem, à sua realidade. Como o 
conhecimento pretende idealizar o bem-estar do 
ser humano, logo ele advém das relações do 
homem com o meio. O indivíduo procura 
entender o meio partindo dos pressupostos de 
interação do homem com os objetivos. É uma 
forma de explicar os fenômenos das relações, 
seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, 
homem/desejo ou homem/realidade. 
A forma de explicar e entender o 
conhecimento passa por várias vertentes como: 
conhecimento empírico (vulgar ou 
 senso comum), conhecimento filosófico, 
conhecimento teológico e conhecimento 
científico. 
Para Lakatos e Marconi (2004) no caso 
do conhecimento empírico, este não se distingue 
do conhecimento científico nem pela veracidade 
nem pela natureza do objeto conhecido: o que os 
diferencia é a forma, o modo ou o método e os 
instrumentos do conhecer, por isso podemos 
dizer que a ciência não é o único caminho de 
acesso ao conhecimento e à verdade. Mais uma 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
8 
 
 
 
vez veremos a importância do método para 
conferir veracidade a um fato e torná-lo mais real. 
 
2.1 O conhecimento empírico 
Segundo Bello (2004) o conhecimento 
empírico é obtido ao acaso, após inúmeras 
tentativas, ou seja, é o conhecimento adquirido 
através de ações não planejadas. 
É aquele adquirido pela própria pessoa 
na sua relação com o meio ambiente ou com o 
meio social, obtido por meio da interação 
contínua na forma de ensaios e tentativas que 
resultam em erros e em acertos (CERVO; 
BERVIAN; SILVA, 2007). 
Do ponto de vista da utilização de 
métodos e técnicas científicas, esse tipo de 
conhecimento, mesmo quando consolidado como 
convicção, como cultura ou como tradição, é 
ametódico e assistemático. A característica de 
assistemático baseia-se na organização 
particular das experiências próprias do sujeito 
cognoscente, e não em uma sistematização das 
ideias, na procura de uma formulação geral que 
explique os fenômenos observados, aspecto que 
dificulta a transmissão de pessoa a pessoa, 
desse modo de conhecer. 
É valorativo por excelência, pois se 
fundamenta numa seleção operada com base em 
estados de ânimo e emoções: como o 
conhecimento implica uma dualidade 
 de realidades, isto é, de um lado o sujeito 
cognoscente e, de outro lado, o objeto conhecido 
e este é possuído, de certa forma, pelo 
cognoscente, os valores do sujeito impregnam o 
objeto conhecido. 
É reflexivo, mas estando limitado pela 
familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido 
a uma formulação geral. 
É verificável, visto que está limitado ao 
âmbito da vida diária e diz respeito ao que se 
pode perceber no dia-a-dia. 
É falível e inexato, pois se conforma 
com a aparência e com o que se ouviu dizer a 
respeito do objeto, ou seja, não permite formular 
hipóteses sobre a existência de fenômenos 
situados além das percepções 
 objetivas (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
 
2.2 O conhecimento teológico 
O conhecimento teológico ou religioso 
apoia-se em doutrinas que contém proposições 
sagradas (valorativas), por terem sido reveladas 
pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse 
motivo, tais verdades são consideradas infalíveis 
e indiscutíveis (exatas). É um conhecimento 
sistemático do mundo (origem, significado, 
finalidade e destino) como obra de um criador 
divino; suas evidências n’ão são verificadas: 
está sempre implícita uma atitude de fé perante 
um conhecimento revelado. Assim, o 
conhecimento religioso ou teológico parte do 
princípio de que as verdades tratadas são 
infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em 
revelações da divindidade (LAKATOS; 
MARCONI, 2004). 
Para Bello (2004) é o conhecimento 
revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não 
pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. 
Depende da formação moral e das crenças de 
cada indivíduo. 
Ou seja, é um conhecimento ao qual as 
pessoas chegaram não com o auxílio de sua 
inteligência, mas mediante a aceitação dos dados 
da revelação divina. Valese de modo especial do 
argumento de autoridade. São os conhecimentos 
adquiridos nos livros sagrados e aceitos 
racionalmente pelas pessoas, depois de terem 
passado pela crítica histórica mais exigente 
(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Dentre os exemplos do conhecimento 
teológico temos: o acreditar em reencarnação, 
acreditar que foi curado de uma doença por 
milagre, acreditar em espíritos. 
 
2.3 O conhecimento filosófico 
O conhecimento filosófico é valorativo, 
pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, 
que não poderão ser submetidas à observação: 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
9 
 
 
 
as hipóteses filosóficas baseiam-se na 
experiência, portanto, este conhecimento emerge 
da experiência e não da experimentação, e por 
este motivo, o conhecimento filosófico é não 
verificável, já que os enunciados das hipóteses 
filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo 
da ciência, não podem ser confirmadasnem 
refutadas (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
É fruto do raciocínio e da reflexão 
humana. É o conhecimento especulativo sobre 
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca 
dar sentido aos fenômenos gerais do universo, 
ultrapassando os limites formais da ciência 
(BELLO, 2004). 
É racional em virtude de consistir num 
conjunto de enunciados 
 logicamente correlacionados. 
Outra característica do conhecimento 
filosófico é ser sistemático, pois suas hipóteses 
e enunciados visam a uma representação 
coerente da realidade estudada, numa tentativa 
de apreendê-la em sua totalidade. É também 
infalível e exato, já que, quer na busca da 
realidade capaz de abranger todas as outras, 
quer na definição do instrumento capaz de 
apreender a realidade, seus postulados, assim 
como suas hipóteses, não são submetidos ao 
decisivo teste da observação (experimentação) 
(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
O procedimento científico leva a 
circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o 
que se constitui o objeto de pesquisa, atingindo 
segmentos da realidade, ao passo que a filosofia 
se encontra sempre à procura do que é mais 
geral, interessando-se pela formulação de uma 
concepção unificada e unificante do universo. 
Para tanto, procura responder às 
grandes indagações do espírito humano e até 
busca as leis mais universais que englobem e 
harmonizem as conclusões da ciência 
(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
 
2.4 O conhecimento científico 
O conhecimento científico vai além do 
empírico, assim como o filosófico, é racional, 
pretendendo ser sistemático e revelar aspectos 
da realidade. 
É real porque lida com ocorrências ou 
fatos, isto é, com toda forma de existência que se 
manifesta de algum modo. É contingente, pois 
suas proposições ou hipóteses têm sua 
veracidade ou falsidade conhecida por meio de 
experimentação e não apenas pela razão, como 
ocorre no conhecimento filosófico. 
É sistemático porque trata de um saber 
ordenado logicamente, formando um sistema de 
ideias (teorias) e não conhecimentos dispersos e 
desconexos. 
Apresenta a característicav de 
verificabilidade: as afirmações ou hipóteses que 
não podem ser comprovadas não pertencem ao 
âmbito da ciência. 
É um conhecimento falível, em virtude 
de não ser definitivo, absoluto ou final e por esse 
motivo, é aproximadamente exato, ou seja, 
novas proposições e o desenvolvimento de 
técnicas podem reformular o acervo de teoria 
existente. 
O ciclo do conhecimento científico 
(inclusive o das ciências empíricas) inclui a 
observação, a produção de teorias para explicar 
essa observação, o teste dessas teorias e seu 
aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento 
circular, que parte da observação da realidade 
para a abstração teórica, retorna à realidade, 
direciona- se novamente à abstração, num fluxo 
constante entre a experiência e a teoria. Como diz 
Neville (2001) 
 
Lakatos e Marconi (2004) inferem que 
apesar da separação metodológica entre os tipos 
de conhecimentos popular, filosófico, religioso e 
“a investigação nunca começa no início. 
Não existe problema puro, mas sim algo 
problemático surgindo de inúmeras convicções 
relativamente estabelecidas; a investigação 
encontra-se sempre no meio, corrigindo 
assunções e inferências prévias, harmonizando 
hábitos de pensamento ao engajar a realidade 
com as hipóteses testadas”. 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
10 
 
 
 
científico, no processo de apreensão da realidade 
do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar 
nas diversas áreas. 
Ao estudar o homem, por exemplo, 
pode-se 
• Tirar uma série de conclusões 
sobre sua atuação na sociedade, baseada no 
senso comum ou na experiência cotidiana; 
• Pode-se analisá-lo como um ser 
biológico, verificando, com base na investigação 
experimental, as relações existentes entre 
determinados órgãos e suas funções; 
• Pode-se questioná-los quanto a 
sua origem e destino; assim como quanto a sua 
liberdade; finalmente, 
• Pode-se observá-lo como ser 
criado pela divindade, a sua imagem e 
semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os 
textos sagrados. 
Por sua vez, essas mesmas 
formas de conhecimento podem coexistir na 
mesma pessoa: um cientista, voltado, por 
exemplo, ao estudo da física, pode ser crente 
praticante de determinada religião, estar filiado a 
um sistema filosófico e, em muitos aspectos de 
sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos 
provenientes do senso comum. 
 
3 - A HISTÓRIA DA CIÊNCIA 
ATRAVÉS DOS TEMPOS 
Acreditamos que todo conhecimento 
passa por uma evolução histórica, sendo este um 
caminho interessante que nos situa no tempo, no 
espaço e nos mostra o quanto podemos construir, 
modificar, aprender, enfim evoluir através dos 
tempos. 
Podemos traçar a história da ciência de 
várias maneiras: apresentando os principais 
nomes que fizeram o seu progresso, destacando 
os trabalhos e livros mais importantes, estudando 
o progresso das teorias científicas, apontando as 
principais invenções técnicas, acompanhando o 
desenvolvimento dos instrumentos utilizados nas 
ciências, listando as descobertas científicas 
importantes, abordando a história dos métodos 
científicos, centrando o estudo nas mudanças 
dos paradigmas científicos, chamando a atenção 
para a continuidade ou descontinuidade no 
desenvolvimento das ciências, ressaltando o 
contexto social, econômico ou outro das 
descobertas da ciência, enfim, várias são as 
maneiras de vislumbrarmos os progressos da 
ciência. 
Faremos uma síntese dos 
acontecimentos ao longo da evolução humana, 
mas lembramos que aconteceu muito mais do 
que apresentamos aqui. Caso tenham 
necessidade de aprofundar nessa história, uma 
dica é a leitura do livro “Metodologia Científica na 
Era da Informática” de João Mattar que traz um 
capítulo dedicado à evolução da ciência ao longo 
dos tempos. 
 
3.1 Na Antiguidade 
Para nós, “sujeitos moderno”, a ciência 
caminha a passos muito lentos, principalmente se 
pensarmos que cerca de 02 bilhões de anos 
atrás, o Australopitecus fabricou a primeira 
ferramenta de pedra e que foi necessário mais 
um bilhão de anos para que esta fosse 
aperfeiçoada, transformada em arma de caça e 
para que o fogo fosse descoberto. 
Somente 10 mil anos atrás o homem 
abandonou sua condição de nômade e passou a 
fazer uso da pecuária e agricultura que marcam o 
início da nossa civilização e da ciência, isto 
porque cada estágio do cultivo de plantas e 
domesticação de animais requer invenções, daí 
surgem as inovações técnicas e acabam dando 
fundamento a princípios 
 científicos (BRONOWSKI, 1992 apud MATTAR, 
2008). 
Na Medicina encontramos na Babilônia 
as primeiras cirurgias, os egípcios usando grande 
variedade de remédios, incluindo o ópio. Os 
indianos antigos realizavam cirurgias no nariz, na 
China, o uso da acupuntura. Somente a partir de 
Hipócrates (460-370 a.C.), considerado pai da 
medicina, o qual passa a criticar as causas 
apontadas para as doenças e mortes, dentre elas 
as superstições e os aspectos sagrados, é que a 
medicina começa a ser vista sob o prisma 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
11 
 
 
 
científico. Por volta de 180 d.C. Galeno resume e 
sistematiza o pensamento médico da 
Antiguidade. A Botânica, nessa época, também 
passa a ter um pensamento mais sistematizado. 
No final do século VII e início do século 
VI, o modo de explicar o mundo, que passa do 
mitológico para o racional, é considerado por 
muitos autores como um dos mais bonitos e 
importantes espetáculos da humanidade. Mitos e 
religião começam a ser abandonados dando 
lugar à Filosofia (MATTAR, 2008). 
O pensamento racional surgiu com a 
escrita, diminuindo a importância da memória e 
audição começando a prevalecer a experiência e 
razão. Aumenta também a importância da 
observação da realidade sobre a história dos 
deuses. Lógicae geometria alcançam 
desenvolvimento exemplar na Grécia Antiga. 
Por volta de 300 a.C. começam a ser 
organizados respectivamente, o Museu e a 
Biblioteca de Alexandria com toda estrutura para 
o desenvolvimento da ciência e onde Ptolomeu 
elaborou sua teoria geocêntrica que mais tarde 
na Idade Média irá marcar o Tratado sobre a 
Óptica. Apesar de toda evolução, nada na 
Antiguidade se parecia com a ciência moderna. 
Todos os temas ainda estavam no campo da 
Filosofia. Por exemplo, não havia muita distinção 
entre um filósofo natural e um matemático. 
 
3.2 Na Idade Média e 
Renascimento 
Em termos de história, geralmente a 
Idade Média nos é apresentada como o período 
das trevas e do atraso, porém, atualmente é 
debatida por historiadores que a idade média não 
concerne no período das trevas. 
Cabe salientar que 
E segundo Xavier et al (2017), apontam 
que (...) ao contrário, conforme ficou amplamente 
debatido e demonstrado, as formas sistemáticas 
de escolas e universidades atuais têm suas 
raízes exatamente na Idade Média. Ao contrário 
de “mil anos de escuridão”, é na Idade Medieval 
que temos os mais sólidos espaços educacionais 
e argamassas culturais de que somos herdeiros. 
São também provenientes desse período as 
várias invenções tecnológicas utilizáveis tanto no 
campo como na cidade. Acrescente-se também 
que são legados da Idade Média as várias formas 
de convívio e funcionamento das instituições 
atuais, especialmente as educacionais. 
Mas precisamos atentar que esse 
pensamento volta- se para o campo das ciências 
em seu sentido mais restrito, entretanto, as artes 
e a cultura que antes eram desconsideradas 
apresentam grandes progressos. 
Há introdução do sistema hindu-arábico 
e aperfeiçoamento do nosso sistema decimal. A 
invasão da Europa pelos árabes é essencial para 
o desenvolvimento da álgebra e matemática 
aplicada. 
A alquimia, uma atividade misteriosa 
praticada na Idade Média, a qual tinha como 
objetivo maior transformar quaisquer metais em 
ouro, também procurava explicar seus esforços 
através da ciência. Astrologia e astronomia assim 
como alquimia, magia, espiritualismo e química 
tinham fronteiras muito tênues. 
Por volta do século XIV, desenvolve-se 
em Oxford e depois em Paris, uma linha de 
pensamento denominada teoria impetus, que 
desafia as teorias aristotélicas sobre o movimento 
ainda dominante na Europa. As definições e os 
teoremas elaborados por esse grupo de lógicos e 
matemáticos serão importantes para a Cinética, 
desenvolvida posteriormente por Galileu, 
representando, assim, o primeiro estágio na 
história da revolução científica (MATTAR, 2008). 
A invenção da imprensa no final do 
Renascimento foi importante para o 
desenvolvimento da ciência, pois a partir dela, o 
conhecimento pode ser reproduzido com mais 
facilidade e outro inventos como gravuras 
“[...] os árabes foram os líderes em 
ciências tais como a matemática, química, 
astronomia e medicina. Até hoje empregamos os 
algarismos arábicos [...]. Em alguns campos, a 
cultura árabe era mesmo superior à cristã” 
(Gaarder, 2004, p. 191). 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
12 
 
 
 
colocaram novos instrumentos a disposição dos 
cientistas permitindo copiar e multiplicar 
desenhos e diagramas. 
No entendimento de Mattar (2008) o 
maior mérito da Idade Média foi organizar o 
conteúdo da Filosofia grega e islâmica, assim 
como do cristianismo e uma das principais 
conquistas foi a instituição de escolas e 
universidades como “lar” para a organização de 
tais conteúdos. 
 
3.3 A Revolução Científica 
O desenvolvimento dos instrumentos de 
viagem como o astrolábio (dispositivo de 
observação astronômica que media 
grosseiramente a elevação do Sol ou de uma 
estrela permitindo determinar latitude, as horas 
do nascer e pôr-do-sol) funcionando como relógio 
de bolso e régua de cálculo foi um dos inventos 
que marcou esse novo período, sendo batizado 
de Revolução Científica. 
A medicina também tomou novos 
rumos: em 1543, Andreas Vesalius publica De 
fabrica humani corporis, que corrige erros 
médicos dos gregos e revolucionou a disciplina, 
constituindo os fundamentos da anatomia 
moderna. Em 1615, William Harvey, estabelece a 
mecânica do funcionamento do coração e da 
circulação do sangue (MATTAR, 2008). 
Não há dúvidas que a Revolução 
Científica é caracterizada pelos avanços 
marcados na Astronomia. Nomes como 
Copérnico, Kepler, Galileu e Newton marcaram 
época na História das Ciências, como veremos 
brevemente no quadro abaixo: 
Evidentemente que muitos 
 outros nomes fizeram história dentro da ciência, 
foram grandes as evoluções na botânica, na 
medicina, na química, enfim, em todos os 
campos, mas nosso intuito ao falar destas 
invenções é exclusivamente mostrar que existe 
uma evolução no pensamento e a importância do 
método para provar e refutar os fenômenos. 
3.4 A Revolução Industrial 
A Revolução Industrial, a partir do 
século XIX, foi marcada pela criação e pelo uso 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
13 
 
 
 
da energia, assim, ciência e produção passaram 
a se influenciar mutuamente, ou seja, a 
necessidade de meios mais eficientes de 
produção fez com que a ciência se 
desenvolvesse. “Os problemas técnicos da 
indústria começam a gerar constantes desafios 
às ciências, ao mesmo tempo em que a indústria 
se tornam dependente dos progressos 
científicos” (MATTAR, 2008). 
É inventado o primeiro termômetro de 
mercúrio; provou-se que os raios são eletricidade; 
a indústria têxtil é desenvolvida a partir do 
aperfeiçoamento da primeira máquina a vapor; a 
química avança mostrando que o ar não é uma 
substância elementar, mas composto de vários 
gases, dentre eles o oxigênio é isolado pela 
primeira vez; é instaurada a lei da conservação 
das massas (na natureza nada se perde, nada se 
cria, tudo se transforma); a matemática também 
alcança progressos principalmente no campo das 
equações diferenciais; a medicina entra na era da 
prevenção com a introdução da técnica de 
vacinação. 
O século XIX apresenta, sem dúvida, 
uma série de invenções importantes, é também o 
século da invenção das ciências biológicas: 
1821 – inventado o motor elétrico. 
1824 – funda-se a dinâmica do calor ou 
termodinâmica. 1843 – surge o primeiro telégrafo 
elétrico. 
1859 – Darwin formula a sua teoria da 
evolução das espécies. 1860 – inventado o motor 
a gasolina. 
1866 – surge a dinamite. 
1876 – é inventado o telefone. 
1887 – é descoberto o elétron. 
Mais uma vez o que desejamos é 
mostrar que a utilização de métodos próprios leva 
ao avanço das ciências, principalmente a partir de 
pesquisas e descobertas em ramos específicos 
do conhecimento. 
3.5 O século XX 
A racionalidade e a consciência 
representam apenas uma camada da psique 
humana, que é também determinada por 
processos inconscientes e irracionais sobre os 
quais o ser humano não tem controle; não é 
possível prever os fenômenos nucleares, já que 
seus movimentos são irregulares e 
desordenados; tempo e espaço não são 
absolutos, mas relativos; o universo está em 
constante expansão; os átomos são estruturas 
praticamente vazias, e não maciças: a matéria é 
descontinua (MATTAR, 2008, p. 18). 
Por mais paradoxal que possa parecer, 
o intenso desenvolvimento da ciência, no século 
XX, acabou abalando a crença do ser humano 
num universo regido por leis e passível de ser 
conhecido em seus mínimos detalhes. Ao 
contrário, o progresso científico do século 
passado levou o ser humano a perceber que só 
pode compreender o mundo em que vive pelas 
leis da probabilidade, por meio de aproximações 
que, em geral, são passíveis de erro. A ciência 
passou a conviver com a ideia de que o acaso 
desempenha papel primordial no universo, assim 
como no próprio ser humano. 
“A ciência não é epistemológicae 
tampouco ontologicamente neutra” (MATTAR, 
2008, p. 18) e vemos nas pesquisas em Física 
uma contribuição nesse sentido quando propõe 
que o átomo já não é mais considerado um 
maciço e nem indivisível. 
Na segunda metade do século XX, as 
ciências físicas alcançam também um alto grau 
de abstração quando começa a desenvolver uma 
teoria de que o universo não é estático, mas em 
constante movimento e expansão. Os avanços na 
genética, principalmente através do Projeto 
Genoma Humano, um dos mais audaciosos do 
final do século XX promete revolucionar a 
medicina, as ciências biológicas, a indústria 
relacionada à biotecnologia (agricultura, 
produção de energia, controle de lixo, 
despoluição ambiental). 
Enfim, o papel das ciências, do 
conhecimento científico é insumo indispensável 
para o desenvolvimento econômico e social do 
planeta. 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
14 
 
 
 
4 - A CLASSIFICAÇÃO DA 
CIÊNCIA 
Devido à complexidade do universo e 
da diversidade dos fenômenos que acontecem 
nele, foi preciso haver uma divisão da ciência em 
vários ramos para que o homem estudasse e 
entendesse esses fenômenos. Essa divisão ou 
classificação obedece várias características: ou 
pelo conteúdo, pela diferença dos enunciados ou 
pela metodologia empregada. 
A primeira classificação foi proposta por 
Augusto Comte que obedeceu uma 
ordem crescente de complexidade: Matemática, 
Astronomia, Física, Química, Biologia, 
Sociologia e Moral. Outros autores aliaram a 
complexidade crescente com o conteúdo. 
Em relação ao conteúdo, a classificação 
primeira foi feita por Rudolf Carnap, que dividiu as 
ciências em formais (contendo apenas 
enunciados analíticos, isto é, cuja verdade 
depende unicamente do significado de seus 
termos ou de sua estrutura lógica) e factuais 
(além dos enunciados analíticos, contém, 
sobretudo os sintéticos, aqueles cuja verdade 
depende não só do significado de seus termos, 
mas, igualmente, dos fatos a que se referem). 
Bunge (1976, p. 41 apud Lakatos e 
Marconi, 2004, p. 27) apresenta a seguinte 
classificação: 
• Formal (lógica e matemática); 
• Factual: - natural (física, química, 
biologia e psicologia individual); 
• Cultural (psicologia social, 
sociologia, economia, ciência política, história 
material e história das ideias). 
• Na classificação de Wundt (1952 
apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) temos: 
• Formais (matemática) 
• Reais – ciências da natureza 
• Ciências do espírito 
Mesmo não havendo muito consenso 
entre as classificações, a diferença fundamental 
 
é ser formal ou factual, ou seja, a ciência formal 
estuda as ideias e a ciência factual estuda os 
fatos. 
Nas primeiras (ciências formais) 
encontramos a lógica e a matemática, que não 
tendo relação com algo encontrado na realidade, 
não podem valer-se dos contatos com essa 
realidade para convalidar suas fórmulas. Por 
outro lado, a física e a sociologia, sendo ciências 
factuais, referem-se a fatos que supostamente 
ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem 
à observação e à experimentação para 
comprovar (ou refutar) suas fórmulas (hipóteses) 
(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
A lógica e a matemática tratam de entes 
ideais, tanto abstratos quanto interpretados, 
existentes apenas na mente humana e, mesmo 
nela, em âmbito conceitual e não fisiológico. Em 
outras palavras, constroem seus próprios objetos 
de estudo, mesmo que, muitas vezes, o faça, por 
abstração de objetos reais (naturais ou sociais). 
Segundo Lakatos e Marconi (2004) 
citando Trujillo (1974) e Bunge (1976) a divisão 
em ciências formais e factuais leva alguns 
aspectos em consideração, conforme o quadro 
comparativo a seguir. 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
15 
 
 
 
 
5 - FERRAMENTAS DE 
TRABALHO DO PROFISSIONAL DO NÍVEL 
SUPERIOR 
Para Cervo, Bervian e Silva (2007) não 
se pode deixar de tratar dos conceitos, leis, 
teorias e doutrinas quando estamos falando em 
Metodologia da Pesquisa, mesmo porque o 
profissional do nível superior, principalmente das 
áreas de ciências humanas e sociais, utiliza em 
seu trabalho, ferramentas teóricas e não 
ferramentas manuais ou técnicas como é 
característico dos níveis de formação de ensino 
médio e técnico. 
“Ferramentas teóricas são um conjunto 
de ideias, códigos, símbolos e valores que 
indicam uma série de operações realizáveis, 
física e/ou mentalmente, a partir da manipulação 
de conceitos abstratos” (FERRARI, 1974, p. 98). 
 5.1 Conceitos, leis, teorias e 
doutrinas 
Conceitos ou constructo pode ser 
entendido como ideia, sentença, 
 opinião (FERREIRA, 2004). 
 
• Para Lakatos (1983, p. 99) 
“conceito expressa uma abstração, formada 
mediante a generalização de observações 
particulares”. 
• Para os que privilegiam a teoria 
em detrimento da prática, conceito seria uma 
técnica utilizada para obter ou medir alguma 
coisa para além do próprio fenômeno que 
descreve. Inversamente, para aqueles que 
privilegiam os fatos em detrimento da teoria, 
conceito significa uma série de operações 
realizáveis física e/ou mentalmente, 
empreendidas com a finalidade de justificar ou 
reproduzir os referentes do fenômeno que está 
definindo. 
Conceitos são construções lógicas, 
estabelecidas de acordo com um sistema de 
referência e formando parte 
 dele. São considerados, por um lado, como 
instrumentos de trabalho do cientista e, por outro, 
como termos técnicos do vocabulário da ciência 
(FERRARI, 1974, p. 98). 
De todo modo, cada ciência ou área de 
conhecimento em particular possui um 
vocabulário técnico específico que precisa ser de 
domínio comum de seus praticantes. Poucas 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
16 
 
 
 
ciências, entretanto, conseguem ou podem 
construir vocábulo e conceitos originais, sendo 
necessário que elas invadam o campo semântico 
de outras ciências, ocorrendo a migração de 
conceitos ou a apropriação de conceitos de uma 
ciência para outras. 
Conceito é a pedra angular para a 
construção das teorias, assim como a família é a 
pedra angular para a construção da sociedade e 
a célula, a pedra angular para a existência dos 
corpos vivos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Nos processos de observação, 
descrição, análise, comparação e síntese das 
propriedades gerais e específicas dos objetos, 
fatos e fenômenos, a ciência encontra certas 
regularidades que, se uniformes, constantes e 
regulares, possibilitam a classificação e a 
generalização para objetos, fatos e fenômenos 
semelhantes por admitir-se que “se um fato ou 
fenômeno se enquadra em uma lei, ele se 
comportará conforme o estabelecido na lei” 
(KNELLER, 1980, p. 94). 
São duas as principais funções da lei: 
• Resumir grande quantidade de 
fatos e de fenômenos; 
• Possibilitar a previsão de novos 
fatos e fenômenos. 
Desse modo, temos leis gerais para 
explicar o comportamento dos líquidos, dos 
gases, da matéria, dos grandes números, do 
movimento etc., bem como presumimos leis 
gerais para explicar a natalidade, a mortalidade, 
o movimento de populações ou desenvolvimento 
pessoal e social. 
Quando a lei é abordada pela 
Metodologia da Pesquisa, trata-se de lei científica, 
sem qualquer conotação legislativa ou jurídica, 
conforme estamos acostumados a pensar. As leis 
científicas são, nas palavras de Montesquieu “as 
relações constantes e necessárias que derivam 
da natureza das coisas”. As leis exprimem quer 
relações de existência ou de coexistência (a água 
é um corpo incolor, inodoro, tendo tal densidade, 
suscetível de assumir o estado líquido, sólido e 
gasoso etc.), quer relações de causalidade ou de 
sucessão (a água ferve a cem graus centígrados, 
o calor dilata os metais, etc.), quer, enfim, 
relações de finalidade (o fígado tem por função 
regular a quantidade de açúcar no sangue) 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Nas ciências experimentais,as leis 
possuem maior rigor e exatidão do que nas 
ciências humanas e sociais, pois, enquanto estas 
estão condicionadas, mais ou menos, à liberdade 
humana, aquelas seguem o curso fatal do 
determinismo da natureza. Desse fato, 
entretanto, não se pode concluir que as ciências 
humanas e sociais se constituam em simples 
opiniões mais ou menos viáveis. As ciências 
humanas e sociais realizam todas as condições 
para se constituírem em ciência: 
• Os fenômenos que estudam são 
reais e distintos dos tratados nas ciências 
experimentais; 
• As causas e as leis descobertas 
nessa área exprimem relações necessárias entre 
os fatos e entre os atos; 
• Suas conclusões têm um caráter 
incontestável de certeza, embora de ordem 
diferente da certeza das ciências experimentais. 
As ciências humanas e sociais ocupam, 
sem dúvida, lugar distinto na hierarquia das 
ciências quanto aos quesitos de precisão, certeza 
e rigor de seus resultados. Muitos dos fatos 
considerados nas ciências humanas e sociais 
não são atingidos diretamente, como os 
fenômenos psíquicos que apenas se manifestam 
no comportamento. Isso acarreta dificuldades 
tanto para a experimentação quanto para a 
generalização (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
Os fatos humanos e sociais implicam 
maior complexidade do que os quantitativos ou 
físicos. A abordagem e a análise qualitativa 
comportam algo da subjetividade do próprio ser 
humano, que tende a abordar e analisar os fatos 
orientados por matrizes filosóficas e ideológicas 
exteriores a eles. Enfim, pode-se dizer que as 
incertezas e as angústias humanas em relação a 
sua origem, finalidade e destino são 
componentes importantes na determinação do 
grau de certeza e de precisão na pesquisa, uma 
vez que o rigor metodológico aplicado na 
condução da própria pesquisa é sempre relativo. 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
17 
 
 
 
Essa é a base da origem da diversidade de 
opiniões, por vezes desconcertantes, sobre 
várias questões das ciências humanas e sociais 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Os fenômenos físicos, por serem 
regidos por leis determinísticas, podem ser 
previstos e alguns até provocados para serem 
mais bem observados; enquanto isso, a 
liberdade, que interfere mais ou menos nos atos 
humanos, impede que sua previsão seja 
absolutamente exata, tornando apenas 
aproximativos os cálculos quando aplicados às 
ciências humanas e sociais. 
Finalmente, as ciências da natureza 
tratam de fatos e objetos materiais que podem ser 
pesados e medidos, ao menos indiretamente. 
Assim, essa possibilidade de quantificação das 
propriedades físicas atribui aos resultados da 
pesquisa um pouco de rigor matemático. Aos 
fatos humanos e sociais, por serem 
essencialmente qualitativos, não são aplicáveis 
os processos de quantificação (pesar e medir). 
Embora sejam generalizadas as relações 
descobertas em amostras particulares, deve-se 
sempre ter em mente que os homens, em tese, 
mesmo sendo iguais, agem, pensam e se 
organizam socialmente de formas diferenciadas 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Por esses motivos, os resultados, como 
também as leis das ciências humanas e sociais, 
são mais flexíveis e menos rigorosos, apesar de 
expressarem suficiente estabilidade e constância 
para se constituírem em verdadeiras ciências. 
O emprego usual do termo teoria opõe-
se ao termo prática. Nesse sentido, a teoria 
refere-se ao conhecimento (saber, conhecer) em 
oposição à prática como ação (agir, fazer). Aqui, 
entretanto, o termo teoria é empregado para 
significar um resultado a que tendem as ciências. 
Estas não se contentam apenas com a 
formulação das leis. Ao contrário, determinadas 
as leis, procuram interpretá-las ou explicá-las 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Assim, surgem as chamadas teorias 
científicas, que reúnem determinado número de 
leis particulares sob a forma de uma lei superior 
e mais universal. 
A teoria distingue-se da hipótese, uma 
vez que a hipótese é verificável 
experimentalmente, e a teoria não. Todas as 
proposições da teoria se integram no mundo do 
discurso (conhecimento), enquanto a hipótese 
comprova sua validade, submetendo-se ao teste 
da experiência. A teoria é interpretativa, enquanto 
a hipótese resulta em explicação por meio de leis 
naturais. A teoria formula necessariamente 
hipóteses, ao passo que estas subsistem 
independentemente dos enunciados teóricos. 
É importante que o estudante saiba que 
a teoria cumpre as seguintes funções: 
• Coordenar e unificar 
 os saberes científicos; 
• Ser instrumento precioso do 
pesquisador, sugerindo-lhe analogias até então 
ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas 
descobertas. 
Com o decorrer do tempo e a evolução 
da ciência, as opiniões dos próprios cientistas se 
modificaram. Até meados do século XIX, os 
cientistas, de modo geral, admitiam que as 
teorias não só explicavam os fatos, mas também 
eram uma apreensão da própria natureza 
ontológica (última) da realidade. A partir de 
meados do século XIX, os cientistas restringiram 
o valor explicativo da teoria (CERVO; BERVIAN; 
SILVA, 2007). 
Ainda que seja um sistema lógico e 
coerente, capaz de orientar tanto o pensamento 
como a ação, principalmente na investigação 
científica, a teoria não é e não pode ser entendida 
como a verdade. Ela reflete, sim, o estado da arte 
no conhecimento sobre determinado fato ou 
fenômeno em um espaço e um tempo também 
determinados e pode e deve ser modificada pelos 
avanços posteriores do conhecimento e da 
própria ciência. Assim sendo, o estudante deve 
conhecer a teoria e saber operacionalizar os 
conceitos nela implícitos, mas deve saber 
também que a teoria, mesmo se chamada de 
científica, tem seus limites (CERVO; BERVIAN; 
SILVA, 2007). 
Se a teoria tiver a pretensão de explicar 
e solucionar todo e qualquer problema, ela se 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
18 
 
 
 
torna irrefutável; logo, passa a ser uma ideologia, 
e não mais uma teoria. 
A teoria é e precisa ser parcial, pois não 
pode abrigar hipóteses ou proposições 
antagônicas ou contraditórias nem estar contra as 
evidências observáveis e conhecidas. O que é 
possível e salutar é a tentativa de unificação de 
teorias ou, pelo menos, a busca pela conciliação 
de aspectos de teorias divergentes, que podem 
significar importante indicativo para a 
investigação científica. Não admitimos 
tranquilamente sermos descendentes dos 
macacos. Um ponto de intersecção possível entre 
as duas teorias é a admissão de que Deus tenha 
criado o espírito do ser humano e a natureza seja 
a responsável pela evolução de sua parte física 
(o corpo), suficiente para estimular o surgimento 
de inúmeras correntes, teóricas e experimentais, 
que visam a buscar meios para conciliar o espírito 
e a matéria, a mente e o corpo, a vida física e a 
vida espiritual etc. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
A ciência visa a explicar os fenômenos. 
Para isso observa, analisa, levanta hipóteses e as 
verifica, em confronto com os fatos, pela 
experimentação, e induz a lei, colocando-a em 
um contexto mais amplo, por meio de teorias. São 
operações que se desenvolvem em um ambiente 
de objetividade, de indiferença e de neutralidade. 
A doutrina, porém, propõe diretrizes 
para a ação. Em uma doutrina, há ideias morais, 
posições filosóficas e políticas e atitudes 
psicológicas. Há, também, 
 subjacentes, interesses individuais, interesses de 
classes ou de nações. A doutrina é, assim, um 
encadeamento de correntes, de pensamentos 
que não se limitam a constatar e a explicar os 
fenômenos, mas os apreciam em função de 
determinadas concepções éticas e, à luz desses 
juízos, preconizam certas medidas e proíbem 
outras (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
A doutrina situa-se na linha divisória dos 
problemas do espírito e dos fatos (teoria = ciência 
versus ação) e, estando largamenteassentada 
nesses dois domínios, permite proceder à 
síntese. 
É importante ficar claro que a postura 
científica é imparcial, não torce os fatos e respeita 
escrupulosamente a verdade. O cientista deve 
cultivar a honestidade, evitar o plágio, não colher 
como seu o que os outros plantaram, não ser 
acomodado e enfrentar os obstáculos e perigos 
que uma pesquisa possa oferecer (CERVO; 
BERVIAN; SILVA, 2007). 
A postura científica não reconhece 
fronteiras, não admite nenhuma intromissão de 
autoridades estranhas ou limitações em seu 
campo de investigação e defende o livre exame 
dos problemas. 
 
6 - O QUE É UMA PESQUISA? 
Para MARCONI; LAKATOS, (2003, 
p.155) trata-se de um “procedimento sistemático, 
controlado e crítico, que permite descobrir novos 
fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer 
campo de conhecimento” 
 Dessa forma, a pesquisa se define em 
encontrar as relações entre os fenômenos, fatos, 
coisas. 
 Mas para uma pesquisa científica faz-
se necessário um procedimento sistemático, a fim 
de seguir um planejamento específico do 
pesquisador. 
 
6.1 Tipos de pesquisa: 
Inicialmente, definimos a pesquisa 
qualitativa, segundo Minayo (2002:21), “a 
pesquisa qualitativa responde a questões muito 
particulares, ela se preocupa, nas ciências 
sociais, com o nível da realidade que não pode 
ser quantificado. ” 
Todavia, esse tipo de pesquisa se 
preocupa em descrever crenças, aspirações, 
valores e atitudes correspondendo a um 
determinado espaço de relações. 
Delimitando nosso assunto, apontamos 
três tipos de pesquisa: pesquisa descritiva, 
experimental e pesquisa bibliográfica: 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
19 
 
 
 
• PESQUISA DESCRITIVA – 
Aborda fenômenos e os fatos, as suas relações e 
interações entre eles. O pesquisador somente 
observa os dados sem adulterar os resultados. A 
pesquisa descritiva busca 
 caracterizar as múltiplas situações e 
relações que ocorrem na sociedade, 
 econômica, política e no 
comportamento humano, tanto do indivíduo 
isolado ou nos grupos e comunidades. 
• PESQUISA EXPERIMENTAL – 
Utiliza o trabalho com as variáveis envolvidas no 
objeto pesquisado. Nessa pesquisa, empregam-
se aparelhos e instrumentos disponíveis pela 
técnica, para identificar as relações que existem 
entre as variáveis do objeto de estudo. 
• PESQUISA BIBLIOGRÁFICA – 
Desenvolve um estudo a partir do problema, 
assim delimita-se a partir de um referencial 
teórico, inserido em publicações e material 
documental. O objetivo dessa pesquisa é 
recolher, desenvolver, desvendar e analisar as 
principais fontes teóricas sobre um determinado 
assunto, ou seja, determinado objeto de estudo. 
Através das pesquisas descritivas: 
• PESQUISA DOCUMENTAL – 
Realiza sua pesquisa através 
 de documentos, procurando 
 descrever e comparação 
 dos costumes, usos e tendências. 
• PESQUISA DE OPINIÃO – 
Trata-se uma pesquisa de cunho “subjetivo”. 
Procura desvendar as razões inconscientes que 
levam a determinar a inclinação por alguma 
atitude ou produto. 
• ESTUDOS EXPLORATÓRIOS – 
identificado por alguns de pesquisa de cunho não 
científica. Não desenvolvem hipóteses, mas 
desenvolvem objetivos em busca formações mais 
aprofundadas sobre determinado assunto. Esses 
estudos são sugeridos para a construção de 
conhecimentos sobre o problema em estudo. 
• ESTUDOS DESCRITIVOS – 
Objetivam-se em estudar e descrever as 
características na realidade objeto da pesquisa. 
• ESTUDO DE CASO - Realiza uma 
pesquisa sobre algum indivíduo, grupo ou 
sociedade objetivando estudar variados aspectos 
da vida. Já a pesquisa quantitativa visa, segundo 
Minayo et al (2002:22): 
 Em suma, a pesquisa quantitativa 
requer o uso de coletas de dados, uso de 
medidas e estatísticas, questionário fechado com 
técnicas descritivas em termos de codificação 
numérica. 
 
7 - MÉTODOS E TÉCNICAS DE 
PESQUISA 
Chegamos ao ponto que nos interessa 
em Metodologia da Pesquisa e que nos levará ao 
objetivo proposto que é desmistificar que a 
pesquisa e seu processo são reservados a 
poucos iluminados, mostrar que cada sujeito 
pesquisa o tempo todo, mas compreender a 
importância do uso do método e suas normas 
para que a pesquisa tenha resultado confiável e 
se torne um novo conhecimento universal. 
Não refutamos a 
 existência dos conhecimentos 
 teológicos, filosóficos ou empíricos, 
mas para a academia, para a ciência, o que vale 
e acreditamos ter deixado bem claro até o 
momento, é o conhecimento baseado na 
observação dos fatos, no teste das hipóteses, na 
verificação e comprovação e na possibilidade de 
sua contestação. 
Como dizem Lakatos e Marconi (2004) 
todas as ciências caracterizam-se pela utilização 
de métodos científicos; em contrapartida, nem 
todos os ramos de estudo que empregam esses 
métodos são ciências. Dessas afirmações 
podemos concluir que a utilização de métodos 
científicos não é da alçada da ciência, mas não 
há ciência sem o emprego de métodos científicos. 
 
(...) o método quantitativo enquanto 
suficiente para explicarmos a realidade social 
está a questão da objetividade. Para os 
positivistas, a análise social seria objetiva se 
fosse realizada por instrumentos padronizados, 
pretensamente neutros. A linguagem das 
variáveis ofereceria a possibilidade de 
expressar generalizações com precisão e 
objetividade. 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
20 
 
 
 
7.1 Métodos 
Método em sentido geral quer dizer 
“Ordem que se deve impor aos 
diferentes processos necessários para atingir um 
certo fim ou um resultado desejado”. Nas 
ciências, entende-se como o conjunto de 
processos empregados na investigação e na 
demonstração da verdade (CERVO; BERVIAN; 
SILVA, 2007). 
Lakatos e Marconi (2004) oferecem 
vários conceitos de método, dentre eles: 
“Caminho pelo qual se chega a determinado 
resultado, ainda que esse caminho tenha sido 
fixado de antemão de modo refletido e 
deliberado”. 
“Forma de proceder ao longo de um 
caminho”. 
“Procedimento regular, explícito e 
passível de ser repetido para conseguir-se 
alguma coisa, seja material ou conceitual”. 
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) 
o método não é inventado; ele depende do objeto 
da pesquisa. Os cientistas cujas investigações 
foram coroadas de êxito tiveram o cuidado de 
anotar os passos percorridos e os meios que os 
levaram aos resultados. Mesmo que no começo 
tenha sido usado de maneira 
 empírica, gradativamente eles foram se 
transformando em métodos verdadeiramente 
científicos. 
O método científico quer descobrir a 
realidade dos fatos, e estes, ao serem 
descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do 
método. Entretanto, ele é apenas um meio de 
acesso, pois é preciso inteligência e reflexão 
juntas para se descobrir o que os fatos e os 
fenômenos realmente são. 
O método científico segue o caminho da 
dúvida sistemática, metódica, que não se 
confunde com a dúvida universal dos céticos, 
cuja solução e impossível. O pesquisador que 
não tiver a evidência como arrimo precisa sempre 
questionar e interrogar a realidade. Mesmo no 
campo das ciências sociais, deve ser aplicado de 
modo positivo, e não de modo normativo, isto é, 
a pesquisa positiva deve preocupar- se com o 
que é, e não com o que se pensa que deve ser 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
O método científico aproveita a 
observação, a descrição, a comparação, a 
análise e a síntese, além dos processos mentais 
da dedução e da indução, comuns a todo tipo de 
investigação, quer experimental, quer racional. 
Quando falamos em método científico 
nos reportamos aos métodos indutivo, dedutivo e 
hipotético-dedutivo. Todos possuem alguma 
variante ou ramificação e evidentemente são 
criticados. 
Numa acepção bem simples, a 
diferença fundamental entre o método dedutivo e 
o método indutivo é queo primeiro aspira a 
demonstrar, mediante a lógica pura, a conclusão 
na sua totalidade a partir de umas premissas, de 
maneira que se garante a veracidade das 
conclusões, se não se invalida a lógica aplicada. 
Trata-se do modelo axiomático proposto por 
Aristóteles como método científico ideal 
(MOLINA, 2007). 
Pelo contrário, o método indutivo cria 
leis a partir da observação dos fatos, mediante a 
generalização do comportamento observado; na 
realidade, o que realiza é uma espécie de 
generalização, sem que através da lógica possa 
conseguir uma demonstração das citadas leis ou 
conjunto de conclusões (MOLINA, 2007). 
As referidas conclusões poderiam ser 
falsas e, ao mesmo tempo, a aplicação parcial 
efetuada da lógica poderia manter a sua validade; 
por isso, o método indutivo necessita de uma 
condição adicional, a sua aplicação considera-se 
válida enquanto não se encontrar nenhum caso 
que não cumpra o modelo proposto. 
O método hipotético-dedutivo ou de 
verificação de hipóteses não coloca, em princípio, 
nenhum problema, visto que a sua validade 
depende dos resultados da própria verificação 
(MOLINA, 2007). 
Temos ainda o Método Dialético que foi 
proposto por Hegel, o qual postula que as 
contradições se transcendem dando origem a 
novas contradições que passam a requerer 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
21 
 
 
 
solução. Nesse sentido, os fatos não podem ser 
considerados fora de um contexto social, político, 
econômico, etc. 
Outros métodos específicos das 
Ciências Sociais seriam o Método Histórico, o 
Comparativo, o Monográfico, o Estatístico, o 
Tipológico, o Funcionalista e o Estruturalista. 
Para maior clareza com relação a estes 
métodos citados acima, sugere-se a leitura do 
livro Metodologia Científica de Lakatos e Marconi, 
utilizado como referência nesta apostila, o qual 
traz de forma clara os detalhes e variantes de 
cada um deles. 
Como diz Lakatos e Marconi (2004) do 
mesmo modo que o conhecimento se 
desenvolveu, o método, sistematização das 
atividades, também sofreu transformações. Para 
Galileu, por exemplo, o primeiro teórico do 
método experimental, as ciências não tinham 
como foco principal a preocupação com a 
qualidade, mas com as relações quantitativas. 
Seu método é descrito como indução 
experimental, chegando-se a uma lei geral por 
intermédio da observação de certo número de 
casos particulares. 
Para Francis Bacon são essenciais a 
observação e a experimentação dos fenômenos, 
pois somente esta última pode confirmar a 
verdade: uma autêntica demonstração sobre o 
que é verdadeiro ou falso, somente é 
proporcionada pela experimentação. 
O tipo de experimentação proposto por 
Bacon é denominado coincidências constantes. 
Ele postula que: aparecendo a causa, dá-se o 
fenômeno; retirando-se a causa, o efeito não 
ocorre; variando-se a causa, o efeito altera-se. 
René Descartes afasta-se dos 
processos indutivos e utiliza o método dedutivo. 
Para ele chega-se à certeza, por intermédio da 
razão, princípio absoluto do conhecimento 
humano. O quadro comparativo abaixo nos 
mostra de forma sucinta o método segundo 
alguns cientistas famosos. 
 
De forma resumida devemos entender 
que método é o dispositivo ordenado, o 
procedimento sistemático em plano geral. 
O método racional também é científico, 
embora os assuntos a que se aplica não sejam 
realidades, fatos ou fenômenos suscetíveis de 
comprovação experimental. As disciplinas que o 
empregam (principalmente as diversas áreas da 
filosofia) nem por isso deixam de ser verdadeiras 
ciências. 
Todo método depende do objetivo da 
investigação. A filosofia, por exemplo, não tem 
por objeto o estudo de coisas fantasiosas, irreais 
ou inexistentes. A filosofia questiona a própria 
realidade. Por isso, o ponto de partida do método 
racional é a observação dessa realidade ou a 
aceitação de certas proposições evidentes, 
princípios ou axiomas, para em seguida 
prosseguir por dedução ou por indução, em 
virtude das exigências unicamente lógicas e 
racionais. Mediante o método racional, que 
também se desdobra em diversas técnicas 
científicas (como a observação, a análise, a 
comparação e a síntese) e técnicas de 
pensamento (como a indução e a dedução, a 
hipótese e a teoria), procura-se interpretar a 
realidade quanto a sua origem, natureza 
profunda, destino e significado no contexto geral. 
Pelo método racional, procura-se uma 
compreensão e uma visão mais ampla sobre o 
homem, sobre a vida, sobre o mundo, sobre o ser. 
Essa cosmovisão, a qual leva a investigação 
racional, nada pode ser testada ou comprovada 
experimentalmente em laboratórios. E é 
exatamente a possibilidade comprovar ou não as 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
22 
 
 
 
hipóteses que distingue o método experimental 
(científico em sentido restrito) do racional 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
 
7.1 Técnicas 
O método concretiza-se como o 
conjunto das diversas etapas ou passos que 
devem ser seguidos para a realização da 
pesquisa e que configuram as técnicas. Os 
objetos de investigação determinam o tipo de 
método a ser empregado, a saber, o experimental 
ou o racional. Um e outro empregam técnicas 
específicas como também técnicas comuns a 
ambos. Pode-se dizer que a maioria das técnicas 
que compõe o método científico e racional é 
comum, embora devam ser adaptadas ao 
objetivo da investigação. Por isso, as técnicas ou 
processos que serão explicitadas a seguir dizem 
respeito ao método experimental e, 
indiretamente, com as adaptações que se 
impõem, ao método racional (LAKATOS; 
MARCONI, 2004). 
Podem ser chamados de técnicas 
aqueles procedimentos científicos utilizados por 
uma ciência determinada no quadro das 
pesquisas próprias dessa ciência. Assim, há 
técnicas associadas ao uso de certos testes em 
laboratório, ao levantamento de opiniões de 
massa, à coleta de dados estatísticos; há 
técnicas para conduzir uma entrevista, para 
determinar a idade por medições de carbono, 
para decifrar inscrições desconhecidas etc. 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
As técnicas em uma ciência são os 
meios corretos de executar as operações de 
interesse de tal ciência. O treinamento científico 
reside, em grande parte, no domínio dessas 
técnicas. Ocorre, entretanto, que certas técnicas 
são utilizadas por inúmeras ciências ou, ainda, 
por todas elas. O conjunto dessas técnicas gerais 
constitui o método. Portanto, 
Existe, pois, um método 
fundamentalmente idêntico para todas as 
ciências, que compreende um certo número de 
procedimentos, aplicações científicas ou 
operações levadas a efeito em qualquer tipo de 
pesquisa. São eles: a observação, a descrição, 
a comparação, a análise, e a síntese. 
Esses procedimentos servem aos 
seguintes propósitos: 
• Formular questões ou propor 
problemas e levantar hipóteses; 
 
• Efetuar observações e medidas; 
 
• Registrar tão cuidadosamente 
quanto possível os dados observados com o 
intuito de responder às perguntas formuladas ou 
comprovar a hipótese levantada; 
 
• Elaborar explicações ou rever 
conclusões, ideias ou opiniões que estejam em 
desacordo com as observações ou com as 
respostas resultantes; generalizar, isto é, 
estender as conclusões obtidas a todos os casos 
que envolvem condições similares; a 
generalização é tarefa do processo chamado 
indução, 
 
• Prever ou predizer, isto é, 
antecipar que, dadas certas condições, é de 
esperar que surjam certas relações. 
Mesmo assim, o método pode e deve 
ser adaptado às diversas ciências, à medida que 
a investigação de seu objeto impõe ao 
pesquisador lançar mão de técnicas 
especializadas. 
Parece faltar algo aqui não é mesmo? 
Como, por exemplo, os diversos tipos de 
pesquisa de acordo com os objetivos 
(exploratória, descritiva, explicativa), ou os 
delineamentos da pesquisa (bibliográfica, 
documental,experimental) ou ainda falar dos 
meios de coletar os dados, mas optamos por 
explanar sobre as técnicas mais amiúde, na 
apostila destinada a Orientações de Trabalho de 
Conclusão de Curso, acreditando que seria mais 
pertinente, sendo uma colaboração para com o 
estudante nessa etapa do trabalho. 
métodos são técnicas suficientemente gerais 
para se tornarem procedimentos comuns a 
uma área das ciências ou a todas as ciência. 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
23 
 
 
 
7.2 Formas de pensamento 
O pensamento alimenta-se 
 da realidade externa e é produto direto da 
experiência. O ato de pensar caracteriza-se por 
ser dispersivo, natural e espontâneo. A reflexão, 
porém, requer esforço e concentração voluntária. 
É dirigida e planificada. A conclusão do raciocínio 
constitui o último elo de uma cadeia, o período 
final de um ciclo de operações que se 
condicionam necessariamente 
 (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Segundo Mattar (2008) vários são os 
movimentos que procuram discutir em sentido 
amplo, os métodos em ciências, alguns deles 
acreditamos ser importantes discorrer, pois 
mostram as formas de pensamento que reinaram 
ao longo da história da humanidade. 
O empirismo, a primeira dessas formas 
de pensamento, pode ser entendido como uma 
postura filosófica, assim como o racionalismo e o 
idealismo. 
O empirismo inglês afirma, de uma 
forma geral, que a única fonte de nossas ideias é 
a experiência sensível, valorizando assim os 
sentidos. O empirismo acabou funcionando, na 
história do pensamento, como um movimento que 
funda todas as correntes anti-idealistas, que 
defendem que o pensamento humano deva ser 
compreendido pela experiência efetiva, e não 
pela abstração do real. 
Se é claro que o empirismo não 
determinou o desenvolvimento das ciências 
naturais ou empíricas contemporâneas, ajudou 
sem dúvida a construir uma atmosfera intelectual 
que se coaduna perfeitamente com os métodos 
dessas ciências (MATTAR, 2008). 
Nesse sentido, os empiristas ingleses 
destacam a importância da sensação e da 
experiência, e discutem temas importantes como 
o uso das hipóteses, a estrutura do raciocínio 
indutivo, a importância da probabilidade, etc. 
Ao positivismo associa-se o ideal de 
neutralidade nas ciências. Seu principal nome é o 
de Auguste Comte (1798-1857). Para ele, a 
ciência seria o conhecimento por excelência. Os 
conceitos e as expressões possuem significado 
se, e apenas se ou 
 seja, se forem operacionalizados 
(MATTAR, 2008). 
A extensão do positivismo é o 
neopositivismo (positivismo lógico ou empirismo 
lógico), que também destaca a importância da 
operacionalização. O neopositivismo caracteriza-
se pela combinação de ideias empiristas com a 
lógica moderna. O movimento surgiu na Áustria, 
com o “Círculo de Viena” (fundado pelo filósofo 
Moritz Schlich em 1924, durou até 1936), na 
Alemanha e na Polônia. Muitos de seus principais 
filósofos emigraram para os Estados Unidos ou a 
Inglaterra, fugindo do nazismo. Alguns de seus 
nomes mais importantes são Rudolf Carnap 
(1891-1970), Herbert Feigl (1902-1988), Otto 
Neurath (18821945) e Friedrich Waisman (1896-
1959) (MATTAR, 2008). 
Para o neopositivismo, a 
verificabilidade seria o critério de significação de 
um enunciado. O sentido das proposições 
científicas dependeria, portanto, de uma 
verificabilidade empírica. Assim, as ciências 
empíricas, guiadas pela lógica e pela 
matemática para manter o rigor e a correção de 
suas teorias, esgotariam o conhecimento 
possível do real. O neopositivismo destaca-se 
também, nesse sentido, pelas investigações 
centradas num critério de demarcação, que 
separaria as proposições científicas das não 
científicas (MATTAR, 2008). 
O pragmatismo está associado ao 
filósofo, matemático, lógico e cientista norte 
americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). 
Há outros nomes importantes de pragmatistas 
clássicos, além de Peirce, como Ralph Waldo 
Emerson, William James e John Dewey, assim 
como de pragmatistas contemporâneos, como 
Richard Rorty, Hilary Putnam, Stanley Fish, 
Nancy Fraser, Cornel West, Ian Hacking, 
Richard Poirier e Stanley Cavell, de origem 
filosófica, o pragmatismo apresentará 
ramificações na política, na educação e na 
crítica literária, para se constituir como um 
método científico (MATTAR, 2008). 
Para os pragmatistas, a clareza de 
nossas ideias implica concebermos seus efeitos 
práticos, ou seja, sensações e reações 
associadas com o objeto do pensamento. 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA 
24 
 
 
 
A máxima pragmatista diz que, para 
clarificar, para “desenvolver” o significado de uma 
concepção, é preciso determinar que hábitos ela 
produz, pois aquilo que uma coisa significa é 
simplesmente os hábitos que ela envolve. O 
pragmatismo busca os resultados, mais do que 
as origens, em nossa compreensão das ideias. 
Assim, equivale aos procedimentos 
experimentais básicos das ciências de 
laboratório, e poderia ser empregado em 
qualquer campo do conhecimento. É sinônimo, 
portanto, do método experimental das ciências 
para adquirir e desenvolver o conhecimento 
humano (MATTAR, 2008). 
A estrutura do método científico, 
segundo o pragmatismo, dividir-se-ia em: 
Identificar o problema; 
Oferecer uma hipótese explanatória 
usando meios abdutivos; e 
Testar nossa hipótese contra o 
problema por meios dedutivos. O que poderia ser 
resumido pela tríade problema-hipótese-teste. A 
estrutura básica do método do pragmatismo para 
a aquisição e o desenvolvimento do 
conhecimento humano, portanto, implica três 
passos: 
• Identificar o problema que se tem 
em mãos, seja pela experiência comum, como se 
aprende, ou pelos fatos ou explicações especiais 
ou peculiares da disciplina acadêmica. 
 
• Produzir, usando toda a 
criatividade possível, uma explicação ou, ainda 
melhor, uma hipótese explanatória (algo passível 
de teste) que se acredite que possa pelo menos 
parcialmente resolver o problema. 
 
• Testar a sua explicação 
cuidadosa e repetidamente, principalmente a sua 
hipótese, contra aquilo a que ela está programada 
a explicar, principalmente o problema, e com o 
mesmo cuidado (ou ainda mais cuidado) observar 
e anotar os resultados desse teste buscando erros 
(MATTAR, 2008). 
O pragmatismo seria, nesse sentido, o 
método dos métodos, ou o método dos outros 
métodos. Seriam seus métodos subsidiários: o 
raciocínio abdutivo, do qual derivam as hipóteses 
que são selecionadas para testar o raciocínio 
dedutivo, pelo qual, idealmente, a certeza do 
conhecimento é expressa e pelo qual, com a 
finalidade de certeza, hipóteses erradas são 
eliminadas de nosso conjunto de explicações; e o 
raciocínio indutivo, pelo qual, sobretudo, 
probabilidades são examinadas e, de acordo com 
elas, hipóteses que sobrevivem a nossos 
exercícios de eliminação dedutiva são 
consideradas, para investigações futuras 
(MATTAR, 2008). 
É importante distinguir o marxismo 
como metodologia do marxismo como programa 
social. Como método, é necessário destacar pelo 
menos dois aspectos do marxismo: 
• Em primeiro lugar, o marxismo, 
ao descrever o movimento da realidade e do 
próprio pensamento por meio de uma dialética 
tese/antítese/síntese, defende a necessidade do 
trabalho com a negação e com a contradição: por 
meio da confrontação entre as ideias, seria 
possível gerar uma síntese, que por sua vez 
deveria ser submetida a uma nova contradição, e 
assim por diante. 
 
• Em segundo lugar, o marxismo é 
importante por defender que os níveis 
econômico, jurídico-político e ideológico devem 
ser estudados no processo de construção do 
conhecimento. Assim, o marxismo insiste que 
essas perspectivas devem ser levadas em conta, 
nas ciências humanas, para a análise e 
interpretação dos fenômenos relacionados ao ser 
humano, e, em relação às ciências empíricas,

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