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eQuipe uniTinS organização de conteúdos acadêmicos 1ª edição 2ª edição rev. e ampl. 3ª edição rev. e ampl. 4ª edição 5ª edição Marcelo Rythowem Valtuir Soares Filho Jair José Maldaner Valtuir Soares Filho Leila Dias P. do Amaral Leila Dias P. do Amaral Leila Dias P. do Amaral coordenação editorial Maria Lourdes F. G. Aires Revisão didático-pedagógica Marilda Piccolo Revisão lingüístico-Textual Ivan Cupertino Dutra Gerente de divisão de Material impresso Katia Gomes da Silva Revisão digital Katia Gomes da Silva projeto Gráfico Irenides Teixeira Katia Gomes da Silva ilustração Geuvar S. de Oliveira capas Igor Flávio Souza eQuipe eadcon/Fael coordenador editorial William Marlos da Costa assistentes de edição Ana Aparecida Teixeira da Cruz Janaina Helena Nogueira Bartkiw Juliana Camargo Horning Lisiane Marcele dos Santos programação Visual e diagramação Denise Pires Pierin Kátia Cristina Oliveira dos Santos Monica Ardjomand Rodrigo Santos Sandro Niemicz William Marlos da Costa A pr es en ta çã o O conjunto de textos e atividades que você está recebendo é um instru- mento de aprendizagem que, mais do que uma coletânea de conteúdos e verdades, é um roteiro de estudos: um mapa que o ajudará a compreender os processos de produção e de circulação do conhecimento. No dia-a-dia de suas atividades acadêmicas e profissionais, a leitura deverá estar muito presente. Saber ler é fundamental. Para auxiliá-lo na sua leitura, faça uso de um bom dicionário. A disciplina Metodologia da Pesquisa Científica o auxiliará na compreen- são dos procedimentos que permitirão a você realizar seus estudos e organizar suas produções acadêmicas de forma coesa e significativa. Disponibilizará, também, instrumentais indispensáveis para que você atinja seus objetivos nesse curso: o estudo e a pesquisa nas áreas de conheci- mento em que está inserido. Neste caderno de conteúdos e atividades, você conhecerá os vários tipos de conhecimento humano e suas principais diferenças. Saberá, também, que o conhecimento científico é um tipo de conhecimento que utiliza determi- nados métodos e procedimentos para alcançar seus objetivos. Você entrará em contato com as diferentes modalidades de pesquisa científica e conhe- cerá o instrumental de cada uma delas. Além disso, aprenderá como regis- trar e comunicar trabalhos científicos, bem como as técnicas de elaboração do projeto de pesquisa, do artigo científico e do trabalho de conclusão de curso – TCC. Ao preparar este material, buscamos lhe oferecer subsídios nessa pers- pectiva. Portanto, o que se verá nele é resultado de nossa experiência como professores da disciplina, tendo por base a pesquisa bibliográfica por meio da produção e da síntese de textos. A bibliografia indicada pode e deverá ser referência para suas consultas. Faça bom uso do material. Ele será seu grande companheiro para sistematizar suas atividades de produção acadêmica. Prof.ª Leila Amaral Pl an o de E ns in o EMENTA Fundamentos da teoria do conhecimento, epistemologia, ciência, ideo- logia, crise paradigmática e pós-modernidade. Disciplinaridade, interdisci- plinaridade e perspectivas multidisciplinares e multirreferenciais na produção e difusão do conhecimento científico. Métodos e técnicas de estudo. Tipos de trabalho científicos e normas de elaboração: resenha, resumo, artigo científico e comunicação científica. OBJETIVOS Compreender os pressupostos teórico-metodológicos básicos de • iniciação à pesquisa científica. Refletir sobre as diferentes abordagens metodológicas utilizadas • em pesquisa. Discutir a contribuição das abordagens multi e interdisciplinares na • produção e na divulgação do conhecimento científico. Utilizar as técnicas de elaboração do trabalho acadêmico-científico.• CONTEÚDO PROGRAMÁTICO O processo de construção do conhecimento• O conhecimento científico e o método• A pós-modernidade e a crise dos paradigmas• Múltiplos olhares do conhecimento científico• A pesquisa científica: tipos e técnicas• Tipos de registro do trabalho acadêmico: resumo, fichamento e • resenha Tipos de apresentação do trabalho acadêmico: seminário, painel, • comunicação Normas técnicas da ABNT• O projeto de pesquisa• O trabalho de conclusão de curso (TCC) e o artigo científico• unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 487 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ANDRE, Marli Eliza D. A. o papel da pesquisa na formação e prática dos profes- sores. Campinas: Papirus, 2001. (Prática Pedagógica) BARROS, Aidie de Jesus Paes. LEHFELD, Neide Ap. de Souza. projeto de pesquisa. Propostas metodológicas. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1984. GIL, Antonio C. como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho acadêmico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR CERVO, A. L., BERVIAN, P.A. Metodologia científica. São Paulo, McGrraw-Hill, 1977. GOLDENBERG, Miriam. a arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997. LAKATOS, Eva M. e MARCONI, Marina de. a metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva, 2003. SALOMON, Délcio Vieira. como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1999. SANTOS, Antonio. R. dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP & A editora, 2002. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2004. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar as características do senso comum, da teologia e da filosofia.• Para esta primeira aula, na qual se inicia a construção de novos saberes que o auxiliarão nessa caminhada na universidade, sugerimos leituras sobre o que é conhecimento e sobre como se constituiram os vários tipos de conhecimento. Assim, no sítio <http://www.puc-io.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/ tiposdeconhecimento>, você encontrará um texto que discorre sobre os tipos de conhecimento – senso comum, conhecimento mítico/religioso, filosófico e cientí- fico - e, também, sobre os tipos de métodos científicos. O conhecimento é uma peculiaridade humana, pois o ser humano é o único ser que, em sua vivência, é capaz de planejar a sua ação sobre o meio que o cerca e construir um conhecimento sobre essa ação. Alguma vez você já se perguntou se o conhecimento de um astrônomo, de um líder religioso, de um renomado intelectual e das demais pessoas têm alguma relação? Num primeiro momento, parece que não, pois temos a tendência de julgar as modalidades de conhecimento por meio de uma hierarquia, ou seja, colocando uns como mais importantes que outros. Atribuímos um papel de destaque ao conheci- mento produzido pelos estudiosos e depreciamos a experiência cotidiana da qual todos nós participamos. Nesta aula, optamos por tratar as modalidades de conhecimento como diferentes, sem julgá-las como inferiores ou superiores umas às outras, pois, de certa forma, todos nós nos servimos delas em graus diversos e valorizamos as diversas maneiras de conhecer o mundo. Assim, temos o senso comum ou conhecimento vulgar; a teologia ou conhecimento religioso; a filosofia aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 489 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar as características do senso comum, da teologia e da filosofia.• Para esta primeira aula, na qual se inicia a construção de novos saberes que o auxiliarão nessa caminhada na universidade, sugerimos leituras sobre o que é conhecimento e sobre como se constituiram os vários tipos de conhecimento. Assim, no sítio <http://www.puc-io.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/ tiposdeconhecimento>, você encontraráum texto que discorre sobre os tipos de conhecimento – senso comum, conhecimento mítico/religioso, filosófico e cientí- fico - e, também, sobre os tipos de métodos científicos. O conhecimento é uma peculiaridade humana, pois o ser humano é o único ser que, em sua vivência, é capaz de planejar a sua ação sobre o meio que o cerca e construir um conhecimento sobre essa ação. Alguma vez você já se perguntou se o conhecimento de um astrônomo, de um líder religioso, de um renomado intelectual e das demais pessoas têm alguma relação? Num primeiro momento, parece que não, pois temos a tendência de julgar as modalidades de conhecimento por meio de uma hierarquia, ou seja, colocando uns como mais importantes que outros. Atribuímos um papel de destaque ao conheci- mento produzido pelos estudiosos e depreciamos a experiência cotidiana da qual todos nós participamos. Nesta aula, optamos por tratar as modalidades de conhecimento como diferentes, sem julgá-las como inferiores ou superiores umas às outras, pois, de certa forma, todos nós nos servimos delas em graus diversos e valorizamos as diversas maneiras de conhecer o mundo. Assim, temos o senso comum ou conhecimento vulgar; a teologia ou conhecimento religioso; a filosofia O conhecimento e suas principais modalidades Aula 1 aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 490 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael ou conhecimento especulativo e a ciência ou conhecimento científico. Este último será tratado detalhadamente na próxima aula. Vejamos, agora, a definição de conhecimento e em seguida os principais aspectos do senso comum, da teologia e da filosofia. 1.1 O que é conhecimento? Vamos analisar as contribuições de alguns autores sobre o que é conheci- mento. Para Aranha e Martins, “O conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido” (ARANHA; MARTINS, 2002, p. 21). Pressupõe-se, então, que há um sujeito que busca conhecer e um objeto que se dá ao conhecimento. Já para Abbagnano, o conhecimento é em geral, uma técnica para a verificação de um objeto qualquer, ou a disponibilidade ou posse de uma técnica semelhante. Por técnica de verificação deve-se entender qualquer procedimento que possi- bilite a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto; e por objeto deve-se entender qualquer entidade, fato, coisa, reali- dade ou propriedade. Técnica, nesse sentido, é o uso normal de um órgão do sentido tanto quanto a operação com instrumentos complicados de cálculo: ambos os procedimentos permitem verifi- cações controláveis (ABBAGNANO, 1998, p. 174). O conceito de Abbagnano complementa o anterior trazendo à discussão o fato de que entre o sujeito cognoscente e o objeto existe uma técnica que, pode fazer uso tanto dos sentidos quanto de instrumentos sofisticados, mas que ambos permitem verificações importantes sobre um objeto que se deseja conhecer. Assim, tanto o conhecimento que temos sobre determinado objeto a partir da nossa experiência cotidiana, quanto àquele que é produzido em laboratório pelos cientistas são importantes. Vamos observar agora as características do senso comum e a sua contribuição para a construção do conhecimento. 1.2 O senso comum No dia-a-dia, estamos habituamos a conviver com o fato de que o sol nasce a leste e se põe a oeste, sem nos preocuparmos com o fato de que, na verdade, é a terra que gira em torno do sol. Muitas pessoas acreditam que homens e mulheres possuem papéis sociais definidos sem se preocuparem com o fato de que essa relação desigual é uma construção histórica. Também observamos o universo colorido que nos rodeia como se as cores existissem em si mesmas, sem levarmos em conta que elas só existem porque são ondas luminosas de comprimentos diferentes obtidas pela refração e reflexão da luz branca. E assim temos várias outras situações que são por nós vividas diariamente, das quais nos servimos para a nossa existência sem maiores preocupações. Segundo Aranha e Martins, aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 491 chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto de idéias que nos permite interpretar a realidade, bem como de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e, portanto agir (ARANHA; MARTINS, 2002, p. 35, grifo do autor). O senso comum é, portanto, aquele conhecimento primeiro, que nos situa frente aos desafios do cotidiano, ao qual recorremos nas mais variadas situações e no qual, também confiamos, pois faz parte da experiência de nossos antepassados. Entre as principais características desse conhecimento, destacamos o senso comum é um tipo de conhecimento empírico baseado na experi-• ência vivida das pessoas, ou seja, desenvolve-se pelo acúmulo de situa- ções vividas. Por exemplo, uma doceira com vários anos de experiência não saberia explicar as propriedades químicas dos ingredientes que usa, nem porque seus bolos são tão deliciosos, no entanto é reconhe- cida pelo seu trabalho; é um conhecimento ingênuo, isto é, não passa por nenhum tipo de julga-• mento ou crítica. As situações vividas são tratadas como coisas naturais, ou seja, desde sempre foi assim. Um exemplo que atesta esse caráter é a maneira como as famílias definem desde cedo o papel social do homem e da mulher. Você já reparou que os presentes que costumamos dar às crianças diferem por aquilo que acreditamos ser papel social masculino ou feminino? Se for um menino, provavelmente, ganhará uma bola ou carrinho de brinquedo; se menina, uma boneca, fogãozinho, maquiagem de brin- quedo. Esses objetos não são neutros. Nós usamos o carro para sair de casa, da mesma forma a bola pode ser utilizada para se jogar em um campo ou quadra, ambos em sua simbologia apontam que lugar de homem é fora de casa. Por outro lado, a boneca é uma imitação do bebê e pode significar que a responsabilidade pela educação das crianças é do gênero femi- nino. Da mesma forma, o fogãozinho representa os afazeres domésticos aos quais a figura feminina está vinculada. Sem perceber, reforçamos os valores de uma cultura machista que situa as mulheres no espaço doméstico privado e propõe ao homem o mundo fora de casa, espaço público, onde estão concentradas as atividades políticas e no qual se exerce o poder; é também um conhecimento subjetivo, pois o ponto de referência dos • julgamentos é a opinião de quem julga, ou seja, é um conhecimento que exprime sentimentos e opiniões individuais e de grupos. Assim, é comum observarmos que, diante de uma cultura diferente, o senso comum irá compará-la com seu modo de viver e de ver as coisas. Por exemplo, diante de um estádio de futebol um vendedor de pipocas procurará vender; um torcedor, se divertir; um atleta verá ali uma oportunidade de trabalho; um policial irá preocupar-se com a ordem e a segurança; aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 492 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael o senso comum é fragmentário, pois não percebe inter-relações onde • elas ocorrem. Assim, por exemplo, atribui-se a um problema de caráter ou de índole a questão da violência e do crime, ou seja, as pessoas caem no mundo do crime, de acordo com esta visão, por falta de bom caráter ou por desonestidade. Dificilmente atribui-se como causa da criminalidade a má distribuição de renda e a falta de acesso a uma educação de qualidade. Para Arruda e Martins, é preciso enfatizar que: [...] o primeiro estádio do conhecimento precisa ser superado em direção a uma abordagem crítica e coerente, características estas que não precisam ser necessariamente atributos de formas mais requintadas de conhecer, tais como a ciência e a filosofia. Em outras palavras, o senso comum precisa ser transformado em bom senso, este entendido como a elaboração coerente do saber como explicitaçãodas intenções conscientes dos indivíduos livres (ARANHA; MARTINS, 2002, p. 35). Isto significa dizer que não devemos desmerecer o conhecimento do senso comum, mas partindo dele alcançar outros estágios que nos possibilitem compre- ender mais e melhor a realidade e o mundo que nos cerca. 1.3 O conhecimento teológico ou religioso O fundamento do conhecimento religioso é a fé. Por isso, as verdades reli- giosas são inquestionáveis, pois são a revelação sobrenatural de uma entidade superior e fora desse mundo. Uma de suas principais características é o fato de que estas verdades são valorativas, ou seja, propõem de antemão uma série de valores que devem ser seguidos por todos. As verdades da fé estão regis- tradas nos livros sagrados, na palavra dos iluminados ou profetas e também nas doutrinas orientadoras de um determinado credo religioso. Esse tipo de conhecimento teve um respaldo muito significativo na Idade Média, período em que observamos uma relação muito forte entre poder político e fé. Todo conhecimento produzido nessa época era filtrado pelos dogmas do conhecimento religioso. 1.4 O conhecimento filosófico O conhecimento filosófico busca dar respostas às grandes indagações da humanidade, assim como o senso comum e o conhecimento religioso, porém o seu fundamento é a construção lógica de argumentos e raciocínios. A filo- sofia é “[...] sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conheci- mento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído” (ARANHA; MARTINS, 2002, p. 72). Chauí, por sua vez, afirma que a filosofia é uma fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas, ou seja, ela se interessa por aquele instante em que a realidade natural e histórica torna-se estranha, quando o senso comum e a ciência já não sabem o que pensar (CHAUÍ, 1995, p. 15). A atitude filosófica, portanto, é indagar. Perguntar o que, como e por que uma coisa, valor ou idéia é: a filosofia indaga qual é a natureza e o significado de algo, qual é sua estrutura e as relações que a constituem; qual é a sua origem ou as suas causas. O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual, sistemático, pois não se contenta em obter respostas para as questões colocadas, mas também exige que as próprias questões sejam válidas e que suas respostas sejam verdadeiras, rela- cionem-se entre si, esclareçam umas às outras, agrupem-se em conjuntos coerentes de idéias e possam ser testadas e provadas racionalmente (CHAUÍ, 1995). Nesta aula, você pôde observar que, apesar de serem tratados de forma hierarquizada, os saberes não estão em níveis diferenciados, mas procuram dar conta da diversidade de elementos que compõem a realidade. O conhecimento permite que nossa consciência se relacione com o mundo externo. Da mesma forma que em uma viagem, podemos escolher vários roteiros para chegar ao nosso destino, no conhecimento, várias são as vias de acesso. Precisamos desco- brir qual a que melhor nos conduzirá em nossa eterna busca da verdade. 1. No quadro a seguir, trace um paralelo entre senso comum, conhecimento teológico/religioso e conhecimento filosófico, procurando destacar como, diariamente, você experimenta cada uma dessas formas de conhecimento. SENSO COMuM CONhECIMENTO TEOLóGICO CONhECIMENTO FILOSóFICO aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 493 ela se interessa por aquele instante em que a realidade natural e histórica torna-se estranha, quando o senso comum e a ciência já não sabem o que pensar (CHAUÍ, 1995, p. 15). A atitude filosófica, portanto, é indagar. Perguntar o que, como e por que uma coisa, valor ou idéia é: a filosofia indaga qual é a natureza e o significado de algo, qual é sua estrutura e as relações que a constituem; qual é a sua origem ou as suas causas. O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual, sistemático, pois não se contenta em obter respostas para as questões colocadas, mas também exige que as próprias questões sejam válidas e que suas respostas sejam verdadeiras, rela- cionem-se entre si, esclareçam umas às outras, agrupem-se em conjuntos coerentes de idéias e possam ser testadas e provadas racionalmente (CHAUÍ, 1995). Nesta aula, você pôde observar que, apesar de serem tratados de forma hierarquizada, os saberes não estão em níveis diferenciados, mas procuram dar conta da diversidade de elementos que compõem a realidade. O conhecimento permite que nossa consciência se relacione com o mundo externo. Da mesma forma que em uma viagem, podemos escolher vários roteiros para chegar ao nosso destino, no conhecimento, várias são as vias de acesso. Precisamos desco- brir qual a que melhor nos conduzirá em nossa eterna busca da verdade. 1. No quadro a seguir, trace um paralelo entre senso comum, conhecimento teológico/religioso e conhecimento filosófico, procurando destacar como, diariamente, você experimenta cada uma dessas formas de conhecimento. SENSO COMuM CONhECIMENTO TEOLóGICO CONhECIMENTO FILOSóFICO aula 1 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 494 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael 2. Sobre as características do senso comum, do conhecimento teológico e do conhecimento filosófico, marque a alternativa correta. Olhando uma árvore, se eu sou artista, vejo a beleza da árvore; se sou a) marceneiro, a qualidade da madeira; se estiver passeando sob o sol, a sombra onde me refugiar. Essa característica é do senso comum. A fé é o fundamento do conhecimento filosófico e expressa a vontade b) sobrenatural de uma entidade superior. O conhecimento religioso é fundamentado na construção de argumentos e c) raciocínios lógicos que respondem às grandes questões de humanidade. A filosofia é um tipo de conhecimento baseado na experiência vivida d) das pessoas, ou seja, desenvolve-se pelo acúmulo de situações vividas. Agora que você já compreendeu o que é conhecimento, quais as principais modalidades do mesmo e suas características, observe que, na questão 1, basta delinear as diferenças de enfoque e explicação da realidade de cada um desses conhecimentos. Compartilhe as experiências obtidas nessa construção teórica com seus colegas e observe se há semelhanças na forma como cada um expe- rimenta essas formas de conhecimento. Na atividade 2, a alternativa correta é a letra (a), pois o conhecimento do senso comum é subjetivo e exprime os senti- mentos e opiniões individuais e de grupos. Observando as demais alternativas você perceberá que estão incorretas, pois o conhecimento filosófico é aquele que se fundamenta na construção de argumentos e raciocínios lógicos, diferentemente do religioso, cujo fundamento é a fé. ABBAGNANO, Nicola. dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2002. CHAUÍ, Marilena. convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. Na próxima aula, refletiremos sobre o conhecimento científico e seus métodos e sobre como esse conhecimento pode contribuir para o seu desenvolvimento acadê- mico, por meio da utilização de mecanismos para realizar pesquisas e trabalhos acadêmicos. Veremos, também, que o conhecimento científico é diferente do senso comum, da teologia e da filosofia pelo fato de ser racional, sistemático, confiável. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar as principais características do conhecimento científico;• compreender as principais concepções metodológicas desde Galileu • até hoje. Você terá mais facilidade para acompanhar esta aula se revisar a aula ante- rior e observar as diferenças entre as outras formas de conhecimento – baseiam- se na opinião, na fé ou na reflexão - e o conhecimento científico que se funda na comprovação empírica. Além disso, no sítio <http://www.ecientificocultural. com/ECC2/artigos/metcien1.htm> você encontrará artigos que versam sobre o tema desta aula: o que é conhecimento científico, quais suas principais caracterís- ticas,o que é método, quais são os mais relevantes, entre outras temáticas afins. A ciência ou o conhecimento científico é visto pelas pessoas de maneira antagônica: para algumas, seria o caminho de redenção da humanidade, pois permite ao ser humano obter um conhecimento que não tem limites. Ela seria, dessa forma, uma oportunidade de superar as limitações que nossa condição humana nos impõe. Por outro lado, muitos a interpretam como uma forma muito perigosa de relacionar-se com o mundo, pois abre a possibilidade de dominar e de modificar a natureza e os seres humanos. São várias as definições sobre o conhecimento científico. Vamos encontrar nessas definições elementos comuns que o diferenciam de outras formas de conhecimento que produzimos, tais como o senso comum, a filosofia, a religião, a arte. Além disso, o método tornou-se fundamental nas ciências para que chegás- semos aos resultados que temos hoje, pois ele é o elemento que garante o rigor e a correção em seu desenvolvimento sistemático. Porém, é muito difícil falarmos aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 495 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar as principais características do conhecimento científico;• compreender as principais concepções metodológicas desde Galileu • até hoje. Você terá mais facilidade para acompanhar esta aula se revisar a aula ante- rior e observar as diferenças entre as outras formas de conhecimento – baseiam- se na opinião, na fé ou na reflexão - e o conhecimento científico que se funda na comprovação empírica. Além disso, no sítio <http://www.ecientificocultural. com/ECC2/artigos/metcien1.htm> você encontrará artigos que versam sobre o tema desta aula: o que é conhecimento científico, quais suas principais caracterís- ticas, o que é método, quais são os mais relevantes, entre outras temáticas afins. A ciência ou o conhecimento científico é visto pelas pessoas de maneira antagônica: para algumas, seria o caminho de redenção da humanidade, pois permite ao ser humano obter um conhecimento que não tem limites. Ela seria, dessa forma, uma oportunidade de superar as limitações que nossa condição humana nos impõe. Por outro lado, muitos a interpretam como uma forma muito perigosa de relacionar-se com o mundo, pois abre a possibilidade de dominar e de modificar a natureza e os seres humanos. São várias as definições sobre o conhecimento científico. Vamos encontrar nessas definições elementos comuns que o diferenciam de outras formas de conhecimento que produzimos, tais como o senso comum, a filosofia, a religião, a arte. Além disso, o método tornou-se fundamental nas ciências para que chegás- semos aos resultados que temos hoje, pois ele é o elemento que garante o rigor e a correção em seu desenvolvimento sistemático. Porém, é muito difícil falarmos O conhecimento científico e o método Aula 2 aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 496 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael de um método científico, uma vez que, com a fragmentação do saber, há uma infinidade de ciências que possuem métodos específicos. Apresentaremos nesta aula, também, as linhas gerais do método. 2.1 O que é o conhecimento científico? Da mesma forma que o conhecimento filosófico, o conhecimento científico é racional, com a diferença de que tem a pretensão de ser sistemático e revelar aspectos da realidade, pois opera com ocorrências ou fatos. Máttar Neto (2002) esclarece que as noções de experiência e de verificação são essenciais nas ciên- cias, pois o conhecimento científico deve ser justificado e sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão. Lakatos e Marconi (2003, p. 23), por sua vez, apresentam a ciência como “um conhecimento racional, objetivo, lógico e confiável”. Seu foco não é apre- sentar um conjunto de verdades inquestionáveis, mas admitir que seus resultados sejam falíveis, isto é, pode ocorrer que novos fatos levem o cientista a abandonar um conjunto de saberes articulados que, até então, apresentavam-se como confiá- veis em favor de outros mais consistentes. Um exemplo disso pode ser constatado recentemente a respeito da reposição hormonal para mulheres na menopausa. Esse tratamento foi considerado adequado por muitos anos para aliviar os sintomas da menopausa; porém, descobriu-se, mais tarde, que ele poderia provocar um aumento no risco de câncer e deixou de ser prescrito pelos ginecologistas. Do exemplo anterior, destacamos outro aspecto do conhecimento científico: para ser aceito, ele precisa ser verificado por meio da experimentação para a comprovação de suas hipóteses. Com certeza, muitos cientistas haviam aler- tado para os riscos da prática citada, mas ela só deixou de ser consenso na comunidade médica após estudos baseados na observação de seus efeitos e nos estudos desses efeitos que comprovaram os riscos da reposição hormonal. Vamos agora conhecer as características do conhecimento científico. 2.2 Os limites do conhecimento científico O conhecimento científico foi, por muito tempo, defendido como uma forma neutra, objetiva e isenta de pretensões metafísicas (crenças, superstições) ou ideológicas. Atualmente, sabe-se que essa pretensão não se confirmou. Ao determinar como realizará uma pesquisa, o cientista necessita escolher certos procedimentos e meto- dologias que não estão isentos de carregar conteúdos metafísicos ou ideológicos. A própria ciência se transformou em ideologia ao promover o que chamamos de cientificismo, ou de tecnocracia. Essas ideologias defendem que apenas as formas de conhecimento fundadas na ciência são válidas. Essa postura torna- se ideológica porque esconde relações de poder e ser baseada em formas de saber. Vamos, agora, conhecer as características do conhecimento científico. aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 497 Saiba mais 2.3 Características do conhecimento científico Você pode compreender melhor de que maneira o conhecimento cientí- fico difere das demais modalidades de conhecimento, basta atentar para as seguintes características: o conhecimento científico é racional e objetivo• porque é constituído por conceitos, juízos e raciocínios a partir da observação dos fatos e não por sensações, imagens, modelos de conduta. É também analítico porque decompõe o todo em suas partes componentes, exatamente por serem parciais os problemas da ciência e, consequentemente, suas soluções e procedimentos científicos de “análise” conduzirem à síntese; o conhecimento científico é factual • porque parte dos fatos e sempre volta a eles, capta ou recolhe os fatos, da mesma forma como se produzem ou se apresentam na natureza ou na sociedade, porém é transcendente aos fatos: diz-se que o conhecimento científico transcende aos fatos quando os descarta ou produz novos; o conhecimento científico é verificável• em virtude de ser aceito como válido, quando passa pela prova da experiência ou da demonstração; o conhecimento científico é metódico • porque é planejado, pois o cientista não age ao acaso. Ele planeja seu trabalho e deve saber proceder para encontrar o que almeja. Além disso, o cientista baseia-se em conheci- mento anterior, particularmente em hipóteses já confirmadas, em leis e princípios já estabelecidos. Obedece a um método preestabelecido que determina, no processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em etapas; o conhecimento científico é falível• , ou seja, não é definitivo, absoluto ou final. O próprio progresso científico descortina novos horizontes, induz a novas indagações, sugere novas hipóteses derivadas da própria combi- nação das idéias existentes. É, portanto, aberto, ou seja, não conhece barreiras que, a priori, limitem o conhecimento; o conhecimento científico é geral • em decorrência de situar os fatos singu- lares em modelos gerais, os enunciados particulares em esquemas mais amplos. Procura na variedade e na unicidade a uniformidadee a gene- aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 498 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael ralidade. A descoberta de leis ou princípios gerais permite ao pesqui- sador a elaboração de modelos ou sistemas mais amplos de explicação dos fenômenos; o conhecimento científico é útil • em decorrência de sua objetividade, pois, na busca da verdade, cria ferramentas de observação e experi- mentação que lhe conferem um conhecimento adequado das coisas e mantém a ciência em conexão com a tecnologia (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 30-42). Como você pode observar, o conhecimento científico se contrapõe ao senso comum, na medida em que este se baseia em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas e é um conhecimento ametódico e assistemático. As ciências, ao contrário, caracterizam-se pela utilização de métodos científicos. Mas afinal, o que é método? 2.4 O que é método? Lakatos e Marconi (2000, p. 44) observam que todas as ciências precisam de um caminho seguro para chegar a seus objetivos. Esse caminho é o método. Mas, em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam esses métodos são ciências. Ainda para as autoras citadas, a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Saiba mais Podemos ver uma classificação dos possíveis conceitos de método a seguir: método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda • que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado; método é uma forma de selecionar técnicas, de avaliar alternativas para • a ação científica. Assim, enquanto as técnicas utilizadas por um cien- tista são fruto de suas decisões, a maneira pela qual tais decisões são tomadas depende de suas regras de decisão. Métodos são regras de escolha; técnicas são as próprias escolhas; método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência, • os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam, a prin- cípio, o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 499 de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 44-45). Resumindo, diríamos que a finalidade da atividade científica é a produção de conhecimentos demonstráveis por intermédio da comprovação das hipóteses apresentadas. Nesse sentido, o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e demonstráveis –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador. Vejamos, a seguir, algumas das principais construções teóricas a respeito do método em seu desenvolvimento histórico. 2.5 O método de Galileu Galilei Galileu Galilei (1564-1642) foi pioneiro em relação à abordagem do método no que se refere ao conhecimento científico, por meio do método expe- rimental. O foco da investigação, em sua opinião, não deveria ser a busca das essências ou a qualidade das relações, como queriam os antigos, mas a busca de leis que presidem os fenômenos. O objeto da ciência são as relações quan- titativas, ou seja, aquilo que pode ser observado matematicamente. Segundo Lakatos e Marconi (2000, p. 47), o método de Galileu “[...] pode ser descrito como indução experimental, chegando-se a uma lei geral por intermédio da observação de certo número de casos particulares”. Os principais passos do método de Galileu podem se assim delineados: observação dos fenômenos;• análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a finalidade • de estabelecer relações quantitativas entre eles; indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a análise • da relação desses elementos constitutivos dos fenômenos; verificação das hipóteses aventadas por intermédio da experiência • (experimento); generalização do resultado das experiências para casos similares;• confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir dela, leis gerais • (MARCONI; LAKATOS, 2000, p. 47). Segundo Aranha e Martins (2002, p. 150), “Galileu é um dos expoentes que marcam o surgimento de novos tempos: a ciência nascente não é resultado de simples evolução, mas surge de uma ruptura [...] sendo, portanto, o fruto de uma revolução científica”. Galileu formulou os pressupostos do que deveria ser uma ciência numa época em que predominava o conhecimento religioso como forma de compreender a realidade. Imaginem o que significou isso para a sua época! Ele foi acusado de heresia e confinado numa prisão, sendo obrigado a negar todos os seus postulados. Porém, a semente já havia sido plantada. aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 500 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael 2.6 O Método de Francis Bacon Bacon (1561-1626), filósofo e político inglês, elaborou uma crítica da ciência antiga, pois, para ele, seu resultado não era útil à humanidade. A ciência deveria, em seu entendimento, propiciar uma melhoria na qualidade de vida das pessoas. Mas, como se daria isso? Em primeiro lugar, era necessário eliminar os obstáculos ao conhecimento. Esses obstáculos seriam os pré-juízos, idéias pré-concebidas que impedem o avanço do conhecimento. Bacon dá a esses pré-juízos o nome de ídolos. Esses ídolos seriam causados pelas falhas e insuficiência dos sentidos, pela educação e inclinações pessoais, pela tirania da linguagem e pelo respeito exagerado para com a autoridade. Feito isso, seria necessário usar um método adequado para o avanço do conhecimento. Na Antiguidade e Idade Média, usava-se o método dedutivo. Para Bacon, esse método conseguia apenas antecipações estéreis. Isto é, tirava conclusões precipitadas que não produziam nada de novo. O método adequado seria, então, o método indutivo, porque procura interpretar os fatos particulares em busca de leis universais que regem a natureza. O método proposto por Bacon seria, daí em diante, cânone, regra para a pesquisa científica. A adoção deste método trouxe uma série de avanços, o que influenciou de forma decisiva o mundo ocidental. Esses avanços serviram de base para o desenvolvimento posterior do capitalismo por meio da pesquisa tecnológica. O método científico proposto por Bacon traz algumas conseqüências éticas em pelo menos dois aspectos: o ser humano, enquanto objeto de pesquisa, pode ser manipulado, experimentado livremente? Que tipo de conseqüências a exploração da natureza, por meio do método científico, pode acarretar para o equilíbrio ecológico? Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a verdade dos fatos, ele deve acompanhar os seguintes passos, conforme a abordagem de Lakatos e Marconi (2000, p. 48): a) experimentação – nessa fase, o cientista, para poder observar e regis- trar, de forma sistemática, todas as informações que têm possibilidade de coletar, realiza experimentos acerca do problema. b) Formulação de hipóteses – tendo por base os experimentos e a análise dos dados obtidos por seu intermédio, as hipóteses procuram explicitar (e explicar) a relação casual entre os fatos. c) Repetição – os experimentos devem ser repetidos em outros lugares por outros cientistas, tendo por finalidade acumular dados que, por sua vez, servirão para a formulação de hipóteses. d) Testagem das hipóteses – por intermédio da repetição dos experimentos, testam-se as hipóteses; nessa fase, procura-se obter novos dados, assim aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 501 como evidências que confirmem as hipóteses, pois seu grau de confir- mação depende da quantidade de evidências favoráveis. e) Formulação de generalizações e leis – o cientista, desde que tenha percorrido todas as fases anteriores, formula a lei ou as leis que desco- briu, fundamentado nas evidências que obteve, e generaliza suas expli- cações para todos os fenômenos da mesma espécie. As hipóteses são teses provisóriasque procuram explicar determinado fenômeno e devem ser demonstradas. Dessa forma, o método de Bacon consiste em testar as hipóteses construídas a partir da experimentação para, posterior- mente, sendo elas validadas, construir as leis de explicação para todos os fenômenos da mesma espécie. 2.7 O Método de Descartes Considerado o pai da filosofia moderna, Renée Descartes foi contemporâneo de Galileu e Bacon. Ao contrário desses, desenvolveu o método dedutivo. Sua contribuição se deu também na matemática – com certeza você deve se lembrar do plano cartesiano. Seu método pode ser dividido em quatro fases: a) a da evidência – não acolher jamais como verdadeiro algo que não se reconheça evidentemente como tal, isto é, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos; b) a da análise – dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê–las; c) a da síntese – conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos que não se dispo- nham, de forma natural, em seqüências de complexidade crescente; d) a da enumeração – realizar sempre enumerações tão cuidadas e revisões tão gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido (HEGENBERG citado por LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 49). A análise compreende o processo em que determinado problema geral é decomposto em seus elementos constitutivos, até chegar às partes mais simples. A síntese compreende o processo de reunificação das partes em seu todo maior após a resolução dos problemas mais simples. O método cartesiano proporcionou avanços significativos para a ciência porque permitiu que problemas de alta complexidade fossem abordados a partir de suas partes. Nosso atual modelo de educação baseia-se no método cartesiano, ao dividir o conhecimento em diversas disciplinas. O grande problema apontado, hoje, é que, por causa dessa divisão, o conhecimento fragmentou-se, provocando a multiplicação de abordagens parcelares da realidade, o que leva à perda da visão do todo. aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 502 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael 2.8 Concepção atual de método Com o passar do tempo, muitas modificações foram feitas nos métodos exis- tentes, inclusive surgiram outros novos. Atualmente, o método baseia-se na teoria da investigação. Já não podemos mais compreender as questões metodológicas por um prisma unilateral. A especialização e a fragmentação do conhecimento fazem com que, na atualidade, cada problema/investigação tenha um método especí- fico. Assim, cada situação a ser resolvida é relativa ao método que lhe é mais adequado. No entanto, mesmo diante de tal fragmentação, podemos citar, entre os métodos, alguns que são mais utilizados do ponto de vista da argumentação e outros voltados para as ciências humanas e sociais. Vejamos, a seguir, as principais construções metodológicas atualmente utili- zadas do ponto de vista da argumentação. Esses métodos são formas de argu- mentação utilizadas nas ciências naturais, humanas e exatas. 2.9 Método indutivo Podemos caracterizar a indução como processo mental que, partindo de dados particulares, tira conclusões gerais, que ainda não estavam presentes nas partes examinadas. O objetivo do método indutivo é fazer com que, por meio da observação de dados particulares, suficientemente constados, possa- se chegar a conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que as premissas em que se baseiam. Da mesma forma que o método dedutivo, o argumento indutivo fundamenta– se em premissas. Porém, se no primeiro é possível deduzir uma verdade já implí- cita na premissa maior, no método indutivo só é possível chegar a um conheci- mento provável. Por exemplo, a mangueira é um vegetal que realiza fotossíntese a grama realiza fotossíntese a orquídea realiza fotossíntese logo, todos os vegetais realizam fotossíntese A indução se realiza por três etapas: a) observação dos fenômenos – consiste em observar os fatos ou fenômenos para, por meio de análise, descobrir as causas de sua manifestação; b) descoberta da relação – o objetivo desta fase é detectar a relação cons- tante existente entre eles, por meio da comparação; c) generalização – nesta etapa, ocorre um salto porque, por meio da generalização das relações encontradas entre os fenômenos e os fatos aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 503 semelhantes, aplica-se à hipótese levantada aos demais casos mesmo sem observá-los. 2.10 Método dedutivo O raciocínio dedutivo parte de uma lei, teoria ou hipótese geral que é aceita por todos e da qual é possível tirar conclusões particulares. Diz-se, portanto, que a dedução vai do geral para o particular. Deduzir nada mais é que comparar uma situação particular frente a uma teoria ou verdade geral, para concluir se aquele caso particular se encaixa na teoria geral. Para alguns, a dedução é um raciocínio estéril, pois não acrescenta nada de novo ao conhecimento. Apenas confirma se uma situação particular se encaixa em princípios universais. O exemplo clássico de dedução é o silogismo aristoté- lico. Sua forma pode ser descrita a partir do exemplo a seguir. Todos os homens são mortais Sócrates é homem Logo, Sócrates é mortal Todavia, a dedução tem sido muito utilizada para a construção de teorias que partem de saberes prévios e que, por dedução, podem contribuir para a produção de saberes em que não é possível elaborar, pelo menos ainda, experi- mentos. Um exemplo disso é a teoria dos buracos negros que, por meio de uma série de deduções, tem sido elaborada. 2.11 Método hipotético-dedutivo Abordaremos o método hipotético-dedutivo a partir das idéias de Karl Popper (1902-1994), que lançou as bases desse método e do critério de falseabilidade. Por acreditar que a ciência – conhecimento absolutamente certo, demons- trável – era um ídolo e, portanto, insustentável e inatingível, Popper propõe o método hipotético-dedutivo que Marconi e Lakatos (2000, p. 73) chamam de “método de tentativas e eliminação de erros”. Popper afirma que a metodologia é como uma arma de busca, caçada aos problemas e destruição de erros, mostrando-nos como podemos detectar e eliminar o erro, criticando as teorias e as opiniões alheias e, ao mesmo tempo, as nossas próprias (POPPER citado por LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 73). Seguindo o raciocínio do método hipotético-dedutivo, seria mais fácil demonstrar que algo pode estar errado do que certo; é mais fácil negar, falsear uma hipótese do que confirmá-la. Ao procurar demonstrar os erros, buscar o que é falso, eliminam-se as concepções equivocadas,ou seja, não se tem a certeza da posse da verdade, mas tem-se a segurança da eliminação do erro. aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 504 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael O método hipotético–dedutivo apresenta as seguintes etapas: a) problema – surge a partir do momento em que determinada situação não se enquadra em um esquema pré-estabelecido, frustrando as expec- tativas e desencadeando a pesquisa; b) conjecturas – é uma solução proposta em forma de proposição passível de teste, direto ou indireto, em suas conseqüências sempre dedutiva- mente. A conjectura é utilizada para explicar ou prever aquilo que despertou uma curiosidade intelectual ou uma dificuldade de ordem prática ou teórica; c) tentativa de falseamento – nessa etapa do método hipotético-dedutivo, são realizados os testes cujo objetivo é a tentativa de falseamento para eliminação de erros, tornando falsas as conseqüências derivadas ou deduzidas da hipótese. Assim, o valor de uma teoria não é medido pelo seu caráter de verdade, mas pela possibilidade de ser falsa. A falseabilidade seria o critério de avaliação das teorias científicas garantindo, dessa forma, o progresso científico, pois é a mesma teoria que vai sendo corrigida por novos fatos que a falsificaram (CHAUÍ, 1995,p. 259). Saiba mais 2.12 Método dialético O termo dialética significa a relação entre termos opostos. A dialética tem seu início com o pensamento de Heráclito de Éfeso (cerca de 540-470 a.C.). Ele reconhecia que a realidade era um contínuo fluxo, tudo se move, tudo se transforma. É célebre a sua afirmação de que é impossível banhar-se duas vezes no mesmo rio: em primeiro lugar, porque as águas que correm no rio não são as mesmas, e também porque nós não somos os mesmos, pois acumulamos experiências que nos transformam a cada dia. Compreendia que o movimento era a passagem de uma realidade para o seu oposto. Assim, era impossível compreender a doença sem saber o que era a saúde, compreender a escuridão sem saber o que era a luz, o quente sem o frio... Hegel (1770-1831) também reconhecia que a realidade era processo contínuo. E poderia ser compreendida porque era perfeitamente racional, mas não uma racionalidade estática, e sim dinâmica. aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 505 O método usado para compreender a realidade era a dialética, única forma de apreender a realidade em sua totalidade, abarcando o afirmativo e o nega- tivo, as coisas e sua contradição. Hegel desenvolve a dialética em três momentos: a) Tese – afirmação de uma idéia b) antítese – negação da tese afirmada c) Síntese – é o momento de união entre as partes postas pela tese e antítese em um todo único, em que são anuladas as imperfeições e se conserva a positividade de cada uma delas. Como Hegel propunha a dialética no campo das idéias, Marx e Engels propuseram a dialética materialista, isto é, não é a consciência humana que transforma a realidade, como queria Hegel, mas é o contrário, é a realidade material que transforma a mentalidade, a consciência humana. Como desdobramentos posteriores da dialética materialista, teremos, então, a construção das leis da dialética que passam a fundamentar os proce- dimentos do método dialético: lei da passagem da quantidade à qualidade• – o processo de trans- formação das coisas se faz por saltos. Mudanças mínimas de quanti- dade vão se acrescentando e provocando em determinado momento uma mudança qualitativa: o ser passa a ser outro. O exemplo clás- sico é o da água esquentando; ao alcançar 100ºC, deixa o estado líquido e passa para o gasoso. [...] Na biologia, segundo a teoria evolucionista de Darwin, alterações acumuladas levam à formação de uma nova espécie [...]. lei da interpenetração dos contrários• – a dialética considera a contra- dição inerente à realidade das coisas. E justamente a contradição é a força motriz que provoca o movimento e a transformação. A contra- dição é o atrito, a luta que surge entre os contrários. Mas os dois pólos contrários são também inseparáveis, e a isso chamamos de unidade dos contrários, pois, mesmo em oposição, estão em relação recíproca. Por estarem em luta, há a geração do novo. Por exemplo, o ovo de galinha já tem, em germe, a sua negação; nele coexistem duas forças: que ele permaneça ovo e que ele venha a ser ave. lei da negação da negação• – da interação das forças contraditórias, em que uma nega a outra, deriva um terceiro momento: a negação da negação, ou seja, a síntese, que é o surgimento do novo. Tese, antítese e síntese, eis a tríade que explica o movimento do mundo e do pensa- mento (ARANHA; MARTINS, 2002, p. 89-90). aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 506 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael Como pudemos perceber, a ciência não é um conhecimento pronto e acabado, mas está aberto às transformações que ocorrem com o ser humano e com a sociedade. Nesta aula, apresentamos, sinteticamente, as características do conhecimento científico que é o conhecimento racional, factual, verificável, metódico, falível, geral e útil. Assim, ficou mais fácil a você identificar as principais diferenças entre o conhecimento científico e as demais modalidades do conhecimento humano, bem como compreender as possibilidades e limitações da ciência. Você teve, também, a oportunidade de compreender o conceito de método e sua evolução ao longo da história, obedecendo à preocupação que as pessoas da época tinham em relação à resolução de seus problemas. Percebeu que as construções metodológicas de Galileu, Bacon e Descartes privilegiam ora a racionalidade ora a experiência. E sobre a concepção atual de método, o que você precisa saber? A indução é o processo mental que, partindo de dados particulares, • tira conclusões gerais, que ainda não estavam presentes nas partes examinadas. O raciocínio dedutivo parte de uma lei, teoria ou hipótese geral que é • aceita por todos e da qual é possível tirar conclusões particulares. O método hipotético-dedutivo parte de uma idéia geral sob a forma • de uma hipótese que será, ou não, validada a partir da investigação dos fenômenos. O método dialético apreende a realidade em sua totalidade, por meio • da análise das contradições abarcando o afirmativo e o negativo, as coisas em sua contradição nas fases da tese, antítese e síntese. 1. Leia as afirmativas a seguir e marque aquela que não se refere às caracterís- ticas do conhecimento científico. a) É um conhecimento constituído por conceitos, juízos e raciocínios funda- mentados na observação dos fatos. b) É um conhecimento que necessita de planejamento e obedece a um método preestabelecido. c) É um conhecimento definitivo, absoluto ou final, ou seja, traduz a verdade sobre os fenômenos e fatos que ocorrem ao nosso redor. d) É um conhecimento útil em decorrência de sua objetividade e mantém a ciência em conexão com a tecnologia. 2. Releia a aula anterior e escreva um pequeno texto de aproximadamente 15 linhas comparando e discutindo as características do senso comum e do conhecimento científico. 3. Explique as principais diferenças metodológicas entre Bacon e Descartes. Para tanto, elabore um texto dissertativo em que você expresse suas percepções. 4. Para Hegel, o método que deveria ser utilizado para compreender a reali- dade era o dialético, única forma de apreender a realidade em sua totali- dade, abarcando o afirmativo e o negativo, as coisas e sua contradição. Este pensador desenvolveu o método dialético em três momentos. Assinale a alternativa que corresponde aos mesmos. a) Qualidade, negatividade e seletividade. b) Legalidade, realidade e positividade. c) Tese, antítese e síntese. d) Mudança, contradição e quantidade. Depois que você identificou as características do conhecimento científico e compreendeu as principais abordagens metodológicas do mesmo, observou que, na atividade um, a afirmativa que não se refere às características do conhe- cimento científico é a letra (c), pois esse conhecimento é falível, ou seja, não é definitivo, absoluto, final; é um conhecimento que, em sua evolução, leva a novas indagações, sugere novas hipóteses e não há barreiras, a priori, que o limitem. As demais alternativas correspondem às características do conhecimento científico, ou seja, é racional e objetivo, é metódico e é útil. Já na atividade dois, você enriqueceu o seu conhecimento através de uma comparação entre o senso comum e a ciência. Percebeu, por exemplo, que, enquanto o conhecimento científico é objetivo, ou seja, é constituído por juízos e raciocínios a partir da observação dos fatos, o senso comum é subjetivo, ou seja, exprime sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando de uma pessoa para outra e de um grupo para outro. Para a atividade três, você levou em conta que o método científico é uma construção histórica e que não se pode atribuir a um ou outro pensador o título de pai desse método. As contribuições de Bacon e Descartes foram fundamentais para a consolidação do campo das ciências e permitem a você compreender como utilizar os raciocínios dedutivo e indutivo para estudar determinado fenômeno. Finalmente, na atividade quatro, você percebeu que a alternativa que corresponde às fases do métododialético de Hegel é a letra (c). Hegel desenvolve a dialética em três momentos: a) Tese – afirmação de uma idéia aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 507 2. Releia a aula anterior e escreva um pequeno texto de aproximadamente 15 linhas comparando e discutindo as características do senso comum e do conhecimento científico. 3. Explique as principais diferenças metodológicas entre Bacon e Descartes. Para tanto, elabore um texto dissertativo em que você expresse suas percepções. 4. Para Hegel, o método que deveria ser utilizado para compreender a reali- dade era o dialético, única forma de apreender a realidade em sua totali- dade, abarcando o afirmativo e o negativo, as coisas e sua contradição. Este pensador desenvolveu o método dialético em três momentos. Assinale a alternativa que corresponde aos mesmos. a) Qualidade, negatividade e seletividade. b) Legalidade, realidade e positividade. c) Tese, antítese e síntese. d) Mudança, contradição e quantidade. Depois que você identificou as características do conhecimento científico e compreendeu as principais abordagens metodológicas do mesmo, observou que, na atividade um, a afirmativa que não se refere às características do conhe- cimento científico é a letra (c), pois esse conhecimento é falível, ou seja, não é definitivo, absoluto, final; é um conhecimento que, em sua evolução, leva a novas indagações, sugere novas hipóteses e não há barreiras, a priori, que o limitem. As demais alternativas correspondem às características do conhecimento científico, ou seja, é racional e objetivo, é metódico e é útil. Já na atividade dois, você enriqueceu o seu conhecimento através de uma comparação entre o senso comum e a ciência. Percebeu, por exemplo, que, enquanto o conhecimento científico é objetivo, ou seja, é constituído por juízos e raciocínios a partir da observação dos fatos, o senso comum é subjetivo, ou seja, exprime sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando de uma pessoa para outra e de um grupo para outro. Para a atividade três, você levou em conta que o método científico é uma construção histórica e que não se pode atribuir a um ou outro pensador o título de pai desse método. As contribuições de Bacon e Descartes foram fundamentais para a consolidação do campo das ciências e permitem a você compreender como utilizar os raciocínios dedutivo e indutivo para estudar determinado fenômeno. Finalmente, na atividade quatro, você percebeu que a alternativa que corresponde às fases do método dialético de Hegel é a letra (c). Hegel desenvolve a dialética em três momentos: a) Tese – afirmação de uma idéia aula 2 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 508 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael b) antítese – negação da tese afirmada c) Síntese – é o momento de união entre as partes postas pela tese e antí- tese num todo único, em que são anuladas as imperfeições e se conserva a positividade de cada um deles. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2002. CHAUÍ, Marilena. convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de. a metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003. Como você observou, o conhecimento não é estático. Ele muda à medida que a sociedade e os indivíduos que a compõem também elegem novas formas de compreender o mundo que os cerca. O pano de fundo da nossa próxima aula é o desafio de enfrentar a complexidade dos fenômenos humanos sem reduzi- los a apenas um enfoque disciplinar, o que empobreceria sua compreensão. Refletiremos sobre a crise dos paradigmas científicos e sobre as novas abordagens que daí resultam, tais como a interdisciplinaridade e a multirreferencialidade. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: reconhecer os limites e as vantagens de uma prática integradora do • conhecimento nas pesquisas. Você poderá aproveitar melhor esta unidade se revisar o método cartesiano, visto na unidade 2. Busque compreender o processo de fragmentação que é imposto ao objeto a ser investigado. Dessa forma, terá mais clareza e compre- ensão de que, por mais especializado que seja um conhecimento, ele estará limitado a perceber alguns dos aspectos da realidade complexa que compõem a investigação, sobretudo em ciências humanas. Você poderá também visitar o sítio a seguir e encontrar uma boa discussão sobre a multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade e a interdisciplinaridade o que favorecerá a sua compre- ensão sobre o tema da aula: <http://www.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposi- coes/proposicao_jairocarlos.pdf>. Como você pôde perceber na aula 2, o método analítico proposto por Renée Descartes tornou-se procedimento corriqueiro nas investigações científicas. Em função disso, todo e qualquer problema deveria ser investigado decompondo-o em suas menores partes para que pudesse ser mais bem estudado. A principal conseqüência dessa postura epistemológica foi a especialização e a fragmen- tação do saber. Como você também pôde observar, são inúmeras as especiali- dades dos saberes científicos. Por um lado, isso representou a possibilidade de um conhecimento aprofundado; mas, por outro, causou uma separação entre as diferentes formas do conhecimento que chega, em muitos casos, a dificultar a percepção do todo. Um exemplo dessa tendência são as especialidades médicas. Anotações aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 509 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: reconhecer os limites e as vantagens de uma prática integradora do • conhecimento nas pesquisas. Você poderá aproveitar melhor esta unidade se revisar o método cartesiano, visto na unidade 2. Busque compreender o processo de fragmentação que é imposto ao objeto a ser investigado. Dessa forma, terá mais clareza e compre- ensão de que, por mais especializado que seja um conhecimento, ele estará limitado a perceber alguns dos aspectos da realidade complexa que compõem a investigação, sobretudo em ciências humanas. Você poderá também visitar o sítio a seguir e encontrar uma boa discussão sobre a multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade e a interdisciplinaridade o que favorecerá a sua compre- ensão sobre o tema da aula: <http://www.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposi- coes/proposicao_jairocarlos.pdf>. Como você pôde perceber na aula 2, o método analítico proposto por Renée Descartes tornou-se procedimento corriqueiro nas investigações científicas. Em função disso, todo e qualquer problema deveria ser investigado decompondo-o em suas menores partes para que pudesse ser mais bem estudado. A principal conseqüência dessa postura epistemológica foi a especialização e a fragmen- tação do saber. Como você também pôde observar, são inúmeras as especiali- dades dos saberes científicos. Por um lado, isso representou a possibilidade de um conhecimento aprofundado; mas, por outro, causou uma separação entre as diferentes formas do conhecimento que chega, em muitos casos, a dificultar a percepção do todo. Um exemplo dessa tendência são as especialidades médicas. Pós-modernidade e conhecimento: a interdisciplinaridade e a multirreferencialidade Aula 3 aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 510 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael Geralmente, vai-se a um clínico geral para que ele possa realizar um exame prévio e encaminhar o enfermo a um especialista. Esse especialista responde apenas por sua especialidade. Em muitos casos, para se chegar a um bom diag- nóstico, é preciso consultar vários especialistas. O grande desafio da ciência nesse século XXI é promover a reintegração dos saberes. E, em busca desse objetivo, postula-se hoje uma nova postura epistemológica. Um procedimento capaz de romper com a fragmentação dos saberes e de compreender a complexidade dos problemashumanos. A seguir, veremos como esse processo se desenvolve na construção de um conhecimento necessário à atualidade. 3.1 Pós-modernidade e crise dos paradigmas Para que você possa compreender o desafio atual da ciência de reintegrar os diversos saberes e campos do conhecimento é preciso observar o delinea- mento de uma nova postura epistemológica. Segundo Boaventura (1989, p. 11), “A época em que vivemos deve ser considerada uma época de transição entre o paradigma da ciência moderna e um novo paradigma, de cuja emergência se vão acumulando os sinais, e a que, à falta de melhor designação, chamo ciência pós-moderna”. Assim, o que este autor está querendo evidenciar é que a ciência, sob os moldes de uma racionalidade e de uma objetividade que conduzem a um conhecimento demonstrável e confiável, já não mais se sustenta. Boaventura (1989, p. 31) nos fala também de rupturas epistemológicas: a primeira, quando a ciência constrói-se contra o senso comum, visto aqui como um conhecimento falso com o qual é preciso romper para que se torne possível o conhecimento científico, racional e válido. E uma segunda ruptura: o reencontro da ciência com o senso comum. Para ele, enquanto a primeira ruptura é imprescindível para constituir a ciência, mas deixa o senso comum tal como estava antes, a segunda ruptura transforma o senso comum com base na ciência. Com essa dupla transformação pretende-se um senso comum esclarecido e uma ciência prudente, ou melhor, uma nova configuração do saber [...], ou seja, um saber prático que dá sentido e orientação à existência e cria o hábito de decidir bem (BOAVENTURA, 1989, p. 41). Decidir bem significa, por exemplo, poder aliar os avanços tecnológicos produzidos pelo conhecimento científico ao conhecimento da experiência coti- diana e do senso comum, na tentativa de resolver os problemas ecológicos, de energia, sobre a fome, a miséria, as doenças. A pós-modernidade e a construção de uma ciência que tenha uma nova postura epistemológica implicam uma nova forma de conhecimento pautado, por exemplo, na idéia de interdisciplinaridade. Vamos entender um pouco o que significa uma postura interdisciplinar frente aos fatos e fenômenos que nos cercam? aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 511 3.2 Multidisciplinaridade Antes de iniciarmos a discussão sobre a interdisciplinaridade é preciso compreender a perspectiva anterior a ela: a multidisciplinaridade. Esta pode ser compreendida como um conjunto de disciplinas atuando de forma simultânea, sem que as relações entre elas apareçam. Na multidisciplinaridade, que é a forma como nossos currículos escolares estão organizados, não há colaboração entre as várias áreas do conhecimento. Várias disciplinas pesquisam sobre o mesmo assunto, mas não são capazes de provocar sinergia. Maheu afirma que de acordo com o conceito de multidisciplinaridade, recorre-se a informações de várias matérias para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si. Assim, cada matéria contribuiu com informações próprias do seu campo de conhecimento, sem considerar que existe uma integração entre elas. Essa forma de relacionamento entre as disciplinas é considerada pouco eficaz para a transferência de conhecimentos, já que impede uma relação entre os vários conhe- cimentos (MAHEU, [19 – –]). Assim, a multidisciplinaridade reforça a idéia de fragmentação do conheci- mento, conseqüência de uma postura epistemológica pautada no paradigma da ciência moderna. Saiba mais 3.3 Interdisciplinaridade e multirreferencialidade A complexidade dos fenômenos humanos desafia a pesquisa. A transposição dos métodos das ciências naturais, por mais objetivos que sejam os seus resul- tados, para a pesquisa de problemas que envolvem o ser humano não se mostrou eficiente. Especialmente no campo da educação, percebeu-se a necessidade de se construírem metodologias que não reduzissem as pessoas a meros dados estatís- ticos e que fossem capazes de desenvolver a investigação sob vários enfoques. A perspectiva da multirreferencialidade e da interdisciplinaridade aborda o fenômeno humano sob várias óticas. A simples redução do ser humano ao aspecto econômico, psicológico, religioso, educacional, estético, sociológico, político, biológico entre outros, mostrou que os resultados alcançados eram incompletos ou não satisfaziam plenamente aos objetivos propostos. Seria neces- sário que os vários campos do saber se comunicassem para que a compreensão da complexidade do ser humano fosse adequada. Morin acrescenta que aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 512 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael a visão não complexa das ciências humanas, das ciências sociais, implica pensar que existe uma realidade econômica, por um lado, uma realidade psicológica por outro, uma realidade demográfica mais além etc. Acreditamos que estas categorias criadas pelas universidades são realidades, mas esquecemos que no econômico, por exemplo, estão as necessidades e os desejos humanos. Por trás do dinheiro, existe todo um mundo de paixões. [...] A consciência da complexidade nos faz compreender que não poderemos escapar jamais à incerteza e que jamais pode- remos ter um saber total: “a totalidade é a não verdade” (MORIN citado por MARTINS, 2004, p. 90-91). A abordagem da pesquisa em ciência humanas e sociais deve superar o isolamento das diversas disciplinas e procurar estabelecer um diálogo entre elas. É necessária a multirreferencialidade e interdisciplinaridade. De acordo com Demo (2001, p. 112), somente pode ser tomado como pesquisa interdisciplinar aquela composta por especialistas diversificados, de preferência oriundos de áreas “opostas”; isto é, é preciso que as várias áreas do conhecimento estejam presentes no grupo interdisciplinar. O bom funcionamento de uma equipe interdisciplinar deve procurar construir um texto único e não uma colcha de retalhos em que cada especialidade propõe seu ponto de vista, mas não dialoga com as outras áreas. É preciso orquestrar os esforços de modo convergente procurando estabelecer um diálogo entre as várias competências. Caso contrário, pode ocorrer uma disputa entre os vários ramos do conhecimento e a manutenção da fragmentação. As dificuldades para a construção desse tecido único não são poucas. Não é prática comum trabalhar em equipes interdisciplinares, a arte de tecer a muitas mãos pode ser auxiliada, no início, pela tática de exigir de cada uma o tecido próprio, para somente depois integrá-Ias; no caso ideal, é mais integrado o que já nasce integrado; mas, sendo um desafio por fazer, é preciso saber começar do começo (DEMO, 2001, p. 112). Os esforços realizados de forma conjunta e conjugada devem estar presentes na construção final: o texto único, que deve ser a expressão de todos e de cada um, superando a idéia de que seja responsabilidade de alguma área privile- giada. Na prática, muito pouco se tem conseguido nesse sentido. Porém esse consenso final deve ser buscado por todos. Outro problema a ser superado é a heterogeneidade do grupo envolvido: cada um possui sua história acadêmica e seus procedimentos já sedimentados, o que provoca uma espécie de consenso muito frágil. Segundo Demo (2001), essa dificuldade inicial, por mais que represente um grande desafio, é válida porque o conhecimento produzido é permeado por vários discursos, e assim é mais democrático e corre menos risco de ser fragmentado. O grande mal a ser evitado é a transformação da interdisciplinaridade em um modismo. Esta prática, de transformar as novidades em moda, é comum no Brasil. O que se vê é uma justaposição de disciplinas (multidisciplinaridade) que de interdisciplinar só têm o nome. Vimos, nesta aula, que: a especialização do conhecimento levou à fragmen- tação e à perda da visão do todo; a construção de uma ciência pós-moderna requer uma nova postura epistemológica que alie ciência e senso comum; amultidisciplinaridade é uma forma de tratar determinado assunto sob vários enfoques, sem estabelecer conexões entre eles; a interdisciplinaridade busca estabelecer um diálogo entre os vários campos do conhecimento, procurando estabelecer uma prática que compreenda a complexidade dos fenômenos. No entanto, há ainda certa dificuldade em exercer essa prática, pois a maioria dos pesquisadores está habituada a trabalhar de forma isolada, mas esse quadro vem se revertendo rapidamente. 1. Pesquise em outras fontes, por exemplo, no sítio Google <http://www. google.com.br> os termos: pós-modernidade, multidisciplinaridade, interdis- ciplinaridade e complexidade e escreva um texto dissertativo, de no máximo 15 linhas, estabelecendo um paralelo entre eles. Procure as convergências e as divergências sobre a produção do conhecimento. 2. Um dos grandes desafios da ciência nesse século XXI é promover a rein- tegração dos saberes. Em busca desse objetivo, postula-se hoje uma nova postura epistemológica e um procedimento capaz de romper com a frag- mentação dos saberes e de compreender a complexidade dos problemas humanos. Marque a alternativa que apresenta um conceito mais aproximado dessa nova postura epistemológica. a) Multidisciplinaridade c) Interdisciplinaridade b) Protodisciplinaridade d) Disciplinaridade Ao responder à primeira atividade, você observou a maneira como as práticas interdisciplinares e multirreferenciais abordam o conhecimento. Percebeu, também, que elas procuram ver o processo de produção do conhe- cimento e mesmo de organização da sociedade integrando várias áreas, de forma a integrar os vários pontos de vista. Na atividade dois, você percebeu que a alternativa que apresenta um conceito mais aproximado da nova postura epistemológica da ciência é a letra (c), pois a interdisciplinaridade permite a aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 513 Brasil. O que se vê é uma justaposição de disciplinas (multidisciplinaridade) que de interdisciplinar só têm o nome. Vimos, nesta aula, que: a especialização do conhecimento levou à fragmen- tação e à perda da visão do todo; a construção de uma ciência pós-moderna requer uma nova postura epistemológica que alie ciência e senso comum; a multidisciplinaridade é uma forma de tratar determinado assunto sob vários enfoques, sem estabelecer conexões entre eles; a interdisciplinaridade busca estabelecer um diálogo entre os vários campos do conhecimento, procurando estabelecer uma prática que compreenda a complexidade dos fenômenos. No entanto, há ainda certa dificuldade em exercer essa prática, pois a maioria dos pesquisadores está habituada a trabalhar de forma isolada, mas esse quadro vem se revertendo rapidamente. 1. Pesquise em outras fontes, por exemplo, no sítio Google <http://www. google.com.br> os termos: pós-modernidade, multidisciplinaridade, interdis- ciplinaridade e complexidade e escreva um texto dissertativo, de no máximo 15 linhas, estabelecendo um paralelo entre eles. Procure as convergências e as divergências sobre a produção do conhecimento. 2. Um dos grandes desafios da ciência nesse século XXI é promover a rein- tegração dos saberes. Em busca desse objetivo, postula-se hoje uma nova postura epistemológica e um procedimento capaz de romper com a frag- mentação dos saberes e de compreender a complexidade dos problemas humanos. Marque a alternativa que apresenta um conceito mais aproximado dessa nova postura epistemológica. a) Multidisciplinaridade c) Interdisciplinaridade b) Protodisciplinaridade d) Disciplinaridade Ao responder à primeira atividade, você observou a maneira como as práticas interdisciplinares e multirreferenciais abordam o conhecimento. Percebeu, também, que elas procuram ver o processo de produção do conhe- cimento e mesmo de organização da sociedade integrando várias áreas, de forma a integrar os vários pontos de vista. Na atividade dois, você percebeu que a alternativa que apresenta um conceito mais aproximado da nova postura epistemológica da ciência é a letra (c), pois a interdisciplinaridade permite a aula 3 • metodologia da peSquiSa cientÍfica 514 1º peRÍodo • pedagogia • unitinS/fael integração dos saberes, através da construção de um texto único, no qual o diálogo entre os vários campos do saber é possível. As demais alternativas estão erradas, pois a multidisciplinaridade refere-se a disciplinas isoladas; a discipli- naridade supõe uma clara definição dos contornos das diversas disciplinas e a protodisciplinaridade seria uma definição anterior à disciplinaridade. DEMO, Pedro. conhecimento moderno: sobre ética e intervenção do conheci- mento. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. MAHEU, Cristina d’Ávila. interdisciplinaridade e mediação pedagógica. Disponível em: <http://www.nuppead.unifacs.br/artigos/Interdisciplinaridade. pdf>. Acesso em 9 abr. 2006. MARTINS, João Batista. Contribuições epistemológicas da abordagem multir- referencial para a compreensão dos fenômenos humanos. Revista Brasileira de educação, São Paulo, n. 26, maio/ago. 2004. SANTOS, Boaventura de S. introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989. Agora que você já sabe o que é conhecimento científico e, também, seus principais métodos, bem como as discussões atuais acerca de uma nova postura epistemológica, apresentaremos, a seguir, os diferentes níveis da pesquisa e como a pesquisa está vinculada ao desenvolvimento econômico, cultural e social de uma nação. Apresentaremos também os objetivos, fontes e procedimentos da coleta de dados que fazem parte da pesquisa, bem como os diferentes tipos de pesquisa, com o intuito de aprofundar o que iniciamos nas aulas anteriores. Esperamos com isso contribuir para que você possa aperfeiçoar seus procedi- mentos de pesquisa e desenvolver com eficácia suas investigações. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar o conceito de pesquisa científica e os seus principais níveis;• descrever os diferentes tipos de pesquisa. • Para uma compreensão mais ampla dos conteúdos desta aula, releia o tópico sobre o conhecimento científico e suas características na aula 2. Procure refletir sobre a maneira como se dá o processo de desenvolvimento da ciência. Com isso, será mais bem interpretado o sentido da pesquisa científica e sua importância para a atividade acadêmica. Sobre os tipos de pesquisa, no sítio <http://www. sbi_web.ifsc.usp.br/metodologia_pesquisa_cientifica.pdf>, você encontrará slides identificando os principais tipos quanto aos objetivos, às fontes de dados e aos procedimentos de coleta. É apenas uma pequena introdução que o familiarizará com o tema desta aula. É muito comum associarmos a pesquisa à atividade daqueles cientistas geniais, meio doidos, às vezes trancados em seus laboratórios, realizando experi- ências mirabolantes. Na verdade, a pesquisa pode ser feita por todos aqueles que tenham a curiosidade necessária e dominem os métodos adequados. O pesqui- sador individual, hoje, é um personagem em extinção. As agências financiadoras aprovam projetos que tenham abordagem interdisciplinar, com a formação de grupos de pesquisadores. A pesquisa em rede, viabilizada pela Internet, possibilita que um mesmo problema seja investigado por vários grupos de vários países, em intercâmbio sistemático. Problemas na área ambiental, de saúde, de educação, entre outros, que afetam o globo, em suas várias regiões, são investigados em rede. Pesquisar, Anotações aula 4 • metodologia da peSquiSa cientÍfica unitinS/fael • pedagogia • 1º peRÍodo 515 Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: identificar o conceito de pesquisa científica e os seus principais níveis;• descrever os diferentes tipos de pesquisa. • Para uma compreensão mais ampla dos conteúdos desta aula, releia o tópico sobre o conhecimento científico e suas características na aula 2. Procure refletir sobre a maneira como se dá o processo de
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