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1 
 
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
FACULDADE DE DIREITO 
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO 
PROF. JOSEMAR ARAÚJO – josemar.araujo@uva.br 
FOLHA DE APOIO 01 
 
A Introdução ao Estudo do Direito 
 
A Introdução ao Estudo do Direito é matéria de iniciação, que 
fornece ao estudante as noções fundamentais para a compreensão 
do fenômeno jurídico.' Apesar de se referir a conceitos 
científicos, a Introdução não é, em si, uma ciência, mas um 
sistema de ideias gerais estruturado para atender a finalidades 
pedagógicas. Considerando a sua condição de matéria do curso 
jurídico, deve ser entendida como disciplina autônoma, pois 
desempenha função exclusiva, que não se confunde com a de 
qualquer outra. 
 
Objeto 
 
A disciplina Introdução ao Estudo do Direito visa a fornecer ao 
iniciante uma visão global do Direito, que não pode ser obtida 
através do estudo isolado dos diferentes ramos da árvore 
jurídica. As indagações de caráter geral, comuns às diversas 
áreas, são abordadas e analisadas nesta disciplina. Os conceitos 
gerais, como o de Direito, fato jurídico, relação jurídica, lei, 
justiça, segurança jurídica, por serem aplicáveis a todos os 
ramos do Direito, fazem parte do objeto de estudo da introdução. 
Os conceitos específicos, como o de crime, mar territorial, 
hipoteca, desapropriação, aviso prévio, fogem à finalidade da 
disciplina, porque são particulares de determinados ramos, em 
cujas disciplinas deverão ser estudados. A técnica jurídica, vista 
em seus aspectos mais gerais, é também uma de suas unidades 
de estudo. Paulo Nader afirma que ela possui um tríplice objeto: 
os conceitos gerais do Direito, a visão de conjunto do Direito e os 
lineamentos da técnica jurídica. 
 
Concepção Estrutural do Direito: o Direito em seus Conceitos 
Básicos. 
 
A palavra “direito” se origina da expressão latina directum, que 
significa reto, no sentido retidão, o certo, o correto, o mais 
adequado. A definição nominal etimológica de Direito é 
“qualidade daquilo que é regra”. Dante Alighieri, durante o 
Renascimento Comercial e Artístico, definia o Direito como “a 
proporção real e pessoal de homem para homem que, conservada, 
conserva a sociedade e que, destruída, a destrói”. Para Kant 
“Direito é o conjunto de condições, segundo as quais, o arbítrio 
de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros de acordo 
com uma lei geral de liberdade”. 
 
Conceitos e Definição 
Paulo Nader esclarece que , as definições sofrem a influência das 
inclinações do jurista; dependem do tipo de homo juridicus que 
representa. Se de têmpera legalista, identificará o Direito com a 
norma jurídica; se idealista, colocará a justiça como elemento 
primordial. Os sociólogos do Direito, por sua vez, enfatizam o 
elemento social, enquanto os historicistas fazem referência ao 
caráter evolutivo do Direito. Formas especiais de experiência 
conduzem a definições muitas vezes curiosas, como a formulada 
por Pitágoras que, sob a ótica da matemática, afirmou: “O Direito 
é o igual múltiplo de si mesmo. 
 
Como uma noção elementar e provisória da realidade de que 
trata, Miguel Reale emprega a noção corrente consagrada pelo 
uso. Afirma que aos olhos do homem comum o Direito é lei e 
ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a 
convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de 
cada um de seus membros. Assim sendo, quem age de 
conformidade com essas regras comporta-se direito; quem não o 
faz, age torto. 
 
Direção, ligação e obrigatoriedade de um comportamento, para 
que possa ser considerado lícito, parece ser a raiz intuitiva do 
conceito de Direito. A palavra lei, segundo a sua etimologia mais 
provável, refere-se a ligação, liame, laço, relação, o que se 
completa com o sentido nuclear de jus, que invoca a idéia de 
jungir, unir, ordenar, coordenar. 
 
Nader define o Direito como mm conjunto de normas de 
conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a 
realização da segurança, segundo os critérios de justiça. 
 
A Intrínseca relação entre Direito e Sociedade 
 
De "experiência jurídica", em verdade, só podemos falar onde e 
quando se formam relações entre os homens, por isso 
denominadas relações intersubjetivas, por envolverem sempre 
dois ou mais sujeitos. Daí a sempre nova lição de um antigo 
brocardo: ubi societas, ibi jus (onde está a sociedade está o 
Direito). A recíproca também é verdadeira: ubi jus, ibi societas, 
não se podendo conceber qualquer atividade social desprovida de 
forma e garantia jurídicas, nem qualquer regra jurídica que não se 
refira à sociedade. O Direito é, por conseguinte, um fato ou 
fenômeno social; não existe senão na sociedade e não pode ser 
concebido fora dela. Uma das características da realidade jurídica 
é, como se vê, a sua socialidade, a sua qualidade de ser social. 
 
O silogismo da sociabilidade expressa os elos que vinculam o 
homem, a sociedade e o Direito: Ubi homo, ibi societas; ubi 
societas, ibi jus; ergo, ubi homo, ibi jus (onde o homem, aí a 
sociedade; onde a sociedade, aí o Direito; logo, onde o homem, 
aí o Direito). 
 
Origem das Sociedades 
 
Relativamente à origem das sociedades, existem duas posições: 
A primeira considera que a sociedade é natural, fruto da própria 
natureza humana. Para essa corrente de pensamento, a sociedade 
é um fato natural, determinado pela necessidade que o homem 
tem da cooperação de seus semelhantes para a consecução dos 
fins de sua existência. Essa necessidade não é apenas de ordem 
material, uma vez que, mesmo provido de todos os bens 
materiais suficientes à sua sobrevivência, o ser humano continua 
a necessitar do convívio com os semelhantes. Além disso, é 
importante considerar que a existência desse impulso associativo 
natural não elimina a participação da vontade humana. 
Consciente de que necessita da vida social, o homem a deseja e 
procura favorecê-la, o que não ocorre com os irracionais, que se 
agrupam por mero instinto e, em consequência, de maneira 
sempre uniforme, não havendo aperfeiçoamento. Ao longo da 
História da Filosofia, os mais destacados defensores da ideia da 
Sociedade Natural foram ARISTÓTELES, SANTO TOMÁS DE 
AQUINO e RANELLETTI. a sociedade é o produto da 
conjugação de um simples impulso associativo natural e da 
cooperação da vontade humana. 
 
mailto:josemar.araujo@uva.br
2 
 
Paulo Nader ressalta que A própria constituição física do ser 
humano revela que ele foi programado para conviver e se 
completar com outro ser de sua espécie. A prole, decorrência 
natural da união, passa a atuar como fator de organização e 
estabilidade do núcleo familiar. O pequeno grupo, formado não 
apenas pelo interesse material, mas pelos sentimentos de afeto, 
tende a propagar-se em cadeia, com a formação de outros 
pequenos núcleos, até se chegar à formação de um grande grupo 
social. 
 
A segunda corrente de pensadores considera que a sociedade é 
tão só o produto de um acordo de vontades, ou seja, de um 
contrato hipotético celebrado entre os homens, razão pela qual 
esses autores são classificados como contratualistas. Apesar de 
haver uma grande diversidade de contratualistas, (HOBBES , 
LOCKE e MONTESQUIEU, por exemplo ) cada um com uma 
explicação para a decisão do homem de unir-se a seus 
semelhantes e passar a viver em sociedade, o traço comum é a 
negativa do impulso associativo natural. Um dos maiores 
expoentes dessa corrente de pensamento é Jean Jakques 
Rousseau, o qual considera que antes de chegarem ao estado 
civil, os homens estiveram no estado natural, onde prevalecia a 
vontade pessoal de cada indivíduo. No estado civil, os cidadãos, 
em certa medida, renunciam às suas vontades pessoais, 
obedecendo à vontade geral, e quem a isto se recusa é 
naturalmente constrangido pelo corpo em conjunto, o que apenas 
significa que o destoante será forçado a ser livre. É desta forma, 
renunciando às vontadesindividuais em favor do corpo social 
que a pátria protege seus cidadãos de toda a dependência. Esta 
condição, segundo Rousseau, é a única a tornar legítimas as 
obrigações civis, visto que sem isto, seriam absurdas, tirânicas e 
sujeitas aos maiores abusos. Fazendo-se uma análise mais 
concisa, o Contrato Social quer dizer: cada um se dá totalmente, 
em favor da vontade geral, que será a dirigente suprema da 
comunidade. 
 
Nader, contrário a esta ideia, afirma que É na sociedade que o 
homem encontra o ambiente propício ao seu pleno 
desenvolvimento. Qualquer estudo sobre ele há de revelar o seu 
instinto de vida gregária. O pretenso “estado de natureza”, em 
que os homens teriam vivido em solidão, originariamente, 
isolados uns dos outros, é mera hipótese, sem apoio na 
experiência e sem dignidade científica. O seu estudo, entretanto, 
presta-se a fins científicos. 
 
Sociedade, Nação e Estado 
 
Estes conceitos não se confundem. A sociedade, entre vários 
conceitos, pode ser entendida como um grupo de indivíduos que 
formam um sistema semiaberto, no qual a maior parte das 
interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo 
grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre 
pessoas; é uma comunidade interdependente. O significado geral 
de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas 
vivendo juntas numa comunidade organizada. 
 
Nação é agrupamento humano, em geral numeroso, cujos 
membros, fixados em um território, estão ligados por laços 
históricos, culturais e linguísticos. 
 
Já o Estado, Dentro de uma infinidade de conceitos, a partir de 
várias de suas características, pode ser definido como força que 
se põe a si própria e que, por suas próprias virtudes, busca a 
disciplina jurídica. Essa é, por exemplo, a orientação de 
DUGUIT, que conceitua o Estado como uma força material 
irresistível, acrescentando que essa força, atualmente, é limitada 
e regulada pelo direito. Dalmo de Abreu Dallari conceitua o 
Estado como “A ordem jurídica soberana que tem por fim o bem 
comum de um povo, situado em determinado território. 
 
 
Fontes: 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do 
Estado. 2 ed. São Paulo: 1998. 
 
GUIMARAES, Deocleciano Torrieri, MIRANDA, Sandra 
Julien. Dicionário Jurídico.São Paulo. Rideel, 2000. 
 
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 25 ed. São Paulo: 
Editora Atlas, 2010. 
 
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: 
Saraiva, 2002.

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