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LEGALIZAÇÃO DAS LAVANDERIAS DE JEANS NA CIDADE DE TORITAMAPE: PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

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LEGALIZAÇÃO DAS LAVANDERIAS DE JEANS NA CIDADE DE TORITAMA- 
PE: PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Eduardo Luiz Ramos da Silva¹, Marcio Lopes de Oliveira¹, Massilon Guedes Ramos¹, 
Josefa de Abreu Aguiar Galvão² 
 
1. Estudante do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental 
2. Professora Orientadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental 
 
 
Resumo 
O objetivo desse artigo foi analisar o processo 
de licenciamento operacional para a legalização 
das lavanderias de jeans. Considerando que 
15% da produção de jeans do Brasil é 
produzida em Toritama-PE na microrregião Alto 
Capibaribe localizada à 170 km da capital 
(IBGE,2008), a cidade possui atualmente 70 
lavanderias de beneficiamento de jeans e 
menos da metade desse total encontra-se 
legalizada e mesmo assim não têm a 
documentação completa exigida pelos órgãos 
ambientais, governo municipal, e Ministério 
Público, segundo a Associação Comercial e 
Industrial de Toritama (ACIT). Evidenciamos 
assim, a razão pela qual os proprietários não 
regularizam por completo o estabelecimento 
conforme as normas municipais, estaduais e 
federais, pois a burocratização e o impasse no 
alinhamento das informações entre a Agência 
Estadual de Meio Ambiente, a Secretária 
Municipal de Meio Ambiente e o Ministério 
Público Municipal sobre qual documento o 
proprietário de lavanderia deve emitir primeiro 
percebe-se uma discrepância na hierárquia 
desses órgãos. 
 
Palavras-chave: Licenciamento Operacional, 
Legalização de Lavanderias, Impacto 
Ambiental. 
 
Para entendimento desse artigo faz-se 
necessário o conhecimento dos termos: 
A – Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe. O Rio 
Capibaribe nasce na divisa dos municípios de 
Jataúba e Poção, percolando mais de 42 
municípios pernambucanos os quais despejam 
toneladas de resíduos sólidos de origem 
industrial e doméstica. 
B – Lôdo – resíduo sólido produzido após o 
processo de beneficiamento do jeans. 
C- Termo de Ajuste e Conduta (TAC) lançado 
pelo Ministério Público em 2005 obrigando as 
lavanderias de beneficiamento de jeans a ficar 
dentro dos “padrões técnicos legais” segundo 
os órgãos públicos de controle ambiental. 
D – IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 
Nas lavanderias é responsável pelo Cadastro 
Técnico Federal de Atividades Potencialmente 
Poluidoras. 
E – CPRH - Agência Estadual do Meio 
Ambiente. Considerado um dos principais 
órgãos estaduais de controle ambiental, nas 
lavanderias é responsável pela liberação da 
Licença Operacional. 
F – LO – Licença Operacional emitida pela 
Agência Estadual de Meio Ambiente. 
 
 
Introdução 
A preocupação ímpar dos moradores da 
cidade de Toritama com a produção de jeans é 
o impacto ambiental negativo causado 
principalmente pelo despejo de resíduos 
sólidos lançados na Bacia Hidrográfica do Rio 
Capibaribe, a qual já possui um rio intermitente 
que por natureza não favorece o 
desenvolvimento agrícola e pecuário da região 
agravado ainda mais com o desfavorecimento 
do solo, caso inclusive que motivou a população 
a migrar para o ramo da indústria, dessa vez o 
polo de confecções, logo após o colapso com a 
queda da economia advindo da produção de 
calçados que foi a matriz do desenvolvimento 
industrial na cidade na década de 1970 
conforme comerciantes, agricultores e 
moradores antigos. Outro impacto ambiental 
relevante é a emissão atmosférica de gases 
poluentes oriundos das 
 
 
 
1 
2 
chaminés das caldeiras a vapor que são 
alimentadas por lenha de reflorestamento que 
representa o principal combustível com 69,4% 
seguido dos retraços de tecidos com 29% 
considerando que 85% das empresas não 
possuem sistema de controle de poluição 
atmosférica CRPH (2005). Devido ao fato das 
lavanderias funcionarem vinte e quatro horas 
por dia normalmente de segunda-feira até os 
sábados, a quantidade de poluentes gerados é 
enorme. Os moradores sofrem também com os 
despejos inadequados de lôdo, lâmpadas 
queimadas, vasilhames vazios de produtos 
químicos nos lixões a céu-aberto espalhados no 
município. Não obstante, a falta de fiscalização 
dos órgãos ambientais por falta de um quadro 
efetivo suficiente para atender a demanda da 
região – cenário não exclusivo da cidade, mas, 
considerado como ênfase de pauta nacional – 
faz com que os proprietários das lavanderias 
não cumpram o papel socioambiental pensando 
apenas no retorno financeiro. Contudo, em 
defesa à esses, há alguns anos, muitos 
desconheciam praticamente todo o processo 
necessário à devida legalização do 
estabelecimento e outros só conheciam pelo 
compartilhamento de informações de outros 
comerciantes. Porém, no ano de 2005 o 
Ministério Público Municipal do Meio Ambiente 
(MP) manifestou- se veemente em combate às 
ações antrópicas que se desencadeavam na 
microrregião do Alto Capibaribe. Sendo assim 
foi lançado pelo MP um Termo de Ajustamento 
e Conduta (TAC) para o adequado 
enquadramento das empresas de 
beneficiamento do jeans. O TAC tem uma 
postura corretiva e preventiva rompendo com 
as ações antrópicas que afetaram a fauna e a 
flora, além do meio socioambiental durante 
décadas. A partir desse ponto começou o 
dilema dos proprietários com as variantes 
dificuldades para a obtenção dos documentos 
de Licenciamento das empresas que partia de 
pressupostos como: resistência dos próprios 
proprietários em aceitar o TAC, do elevado 
custo financeiro com a geração de taxas dos 
órgãos ambientais (IBAMA, CPRH), governo 
municipal (ALVARÁ, IPTU), Polícia Federal 
instituída do Controle de Produtos Químicos, e 
a emissão do Atestado de Regularidade do 
Corpo de Bombeiros. 
 
Metodologia 
Para responder o objetivo de pesquisa, 
fizemos levantamentos bibliográficos e 
desenvolvimento de um questionário 
socioambiental com cinco perguntas pré- 
elaboradas, realizado com 30 pessoas ligadas 
diretamente com o setor fabril, sendo: 05 
moradores antigos, 05 comerciantes da 
indústria têxtil, 10 funcionários, 05 proprietários 
e ex-proprietários de lavanderias na cidade de 
Toritama, além de entrevistas com diretores, 
secretários e fiscais dos principais órgãos 
públicos voltados para a proteção do meio 
ambiente. Para a elaboração do questionário foi 
designado um Técnico de Segurança do 
Trabalho proficiente no assunto Lavanderias x 
Impacto Ambiental e um Engenheiro Mecânico 
especialista em manutenção de caldeiras a 
vapor que prestam serviços na região, os quais, 
objetivaram as perguntas conforme o nível dos 
entrevistados. Para os moradores antigos as 
perguntas foram sobre a diferença da indústria 
atacadista para a têxtil, o que acharam da 
interdição das lavanderias irregulares que não 
cumpriram o TAC. Já para os funcionários das 
lavanderias foram feitas perguntas se eles 
perceberam mudanças positivas pelas 
empresas que trabalhavam com o sentido de 
preservar o meio ambiente, principalmente em 
relação ao descarte de resíduos sólidos, pois, 
segundo o Técnico de Segurança do Trabalho 
responsável pelo questionário e 
acompanhamento do processo de 
licenciamento da lavanderia hora citada, 
algumas empresas forjam a regularidade do 
descarte de resíduos sólidos em local 
apropriado apenas “comprando” uma nota fiscal 
“fria” apenas com o intuito de alegar que fizeram 
tudo dentro das exigências legais. Para os ex 
proprietários as perguntas foram diretamente 
sobre a imposição do TAC pela Ministétio 
Público e sobre o prazo do mesmo para 
adequação das empresas. E, para os 
proprietários atuais, o questionário objetivou a 
opnião sobre as possíveis dificuldades 
financeiras e burocráticas e se eles têm 
interesse em regulariza-se conforme as normas 
ambientais e principalmente sobre a nova Lei 
Municipal 1643/2018. Para os órgãos 
ambientais as questões envolveram mais o 
aspcto quantitativo referente a quantidade de 
lavanderias irregulares, a quantidade dos 
principais resíduos sólidos gerados em 
toneladas ao ano como o lôdo, as cinzas das 
caldeiras e esgotamento sanitário industrial.Assim, esse processo metodológico foi 
realizado de forma descritiva quanti-qualitativa 
com o intuito de mensurar a quantidade de 
lavanderias regulares e irregulares na cidade de 
Toritama, identificação dos tipos mais comuns 
e quantidades de resíduos sólidos gerados 
conforme a Classificação discriminada pelo 
Plano Nacional de Resíduos Sólidos e como 
eles são descartados. Quantas empresas 
realmente cumprem o Plano Nacional de 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais 
de acordo com a Instrução Normativa CPRH nº 
004/2006. Qual a posição dos órgãos públicos 
em relação as empresas 
3 
irregulares. Qual o efeito da recente Lei 
Municipal 1643/2018 que dispõe de diretrizes 
para o processo de licenciamento ambiental do 
segmento tanto de empresas existentes como 
das novas. Qual a interação do Ministério 
Público Municipal junto aos demais órgãos 
fiscalizadores. Quantas empresas foram 
interditadas por causar impacto ambiental pela 
geração de resíduos sólidos. Quantas 
empresas foram interditadas por falta de 
documentação. Para a obtenção de um 
resultado preciso e satisfatório foi 
acompanhado o processo inicial de 
Licenciamento de Operação de uma lavanderia 
até a sua fase final seguindo os critérios da 
nova Lei Municipal 1643/2018, onde observou-
se claramente uma discrepância entre Governo 
Municipal, Agência Estadual de Meio Ambiente 
e Ministério Público Municipal. 
 
Resultados e Discussão 
Em relação aos moradores antigos, os 
mesmos alegaram o benefício da grande 
ascensão econômica do município comparando 
aos tempos da indústria atacadista, contudo, 
enfatizaram o impacto ambiental causado pela 
poluição das lavanderias principalmente a 
emissão atmosférica de gases advindos das 
chaminés das lavanderias instaladas de forma 
irregular dentros das cidades, constatadas 
inclusives pela CPRH conforme entrevista em 
campo. 
Através dos outros resultados obtidos 
nos questionários, observou-se que no 
município de Toritama, o empresário que 
deseja abrir uma lavanderia ou renovar uma 
Licença de Operação, deve atualmente seguir 
os tópicos exigidos pela Lei Municipal 
1643/2018 para que tenha liberada a emissão 
do Alvará, porém, a mesma exige documentos 
emitidos por outros órgãos públicos ou pelo 
menos os protocolos de entrada para emissão 
dos documentos necessários à regularização. 
Então, dessa forma, os empresários 
depararam-se com um novo desafio, isso 
porque, a Secretaria Municipal de Agricultura e 
Meio Ambiente informa que para obter o Alvará 
a empresa deverá apresentar o Protocolo de 
entrada na CPRH, contudo, a Agência Estadual 
de Meio Ambiente informa que não pode liberar 
o protocolo de entrada sem a Emissão do 
Alvará, pois a Prefeitura deve seguir o 
procedimento da Lei de Regulação do Uso e da 
Ocupação do Solo 
para posteriormente, sendo liberado o local pela 
prefeitura, obter a Licença de Operação da 
CPRH. Nessa divergência a Lei Orgânica 
Municipal consta em seu §1°, inciso VIII que o 
Município - dentro de sua esfera - deve licenciar 
a implantação, construção ou ampliação de 
atividades potencialmente poluidoras exigindo 
o respectivo licenciamento do órgão estadual 
competente. Outro ponto relevante na emissão 
da LO da empresa hora citada foi a questão da 
CPRH exigir que a Promotoria do Meio 
Ambiente de Toritama/PE, emitisse um Termo 
de Ajuste e Conduta (TAC) em nome da nova 
empresa. Todavia, o MP alegou que a CPRH 
não tinha competência para essa exigência e 
que não iria cumprir com esse pedido. 
Lembrando que o TAC exigido pela CPRH era 
o mesmo de 2012. O fato era que os 
proprietários de lavanderias que mudaram de 
atividade econômica ou que deixaram de 
exercer a mesma, disponibilizaram as 
estruturas para outros proprietários de 
lavanderias que não tinham prédios próprios ou 
que desejavam ampliar as empresas já 
existentes, sendo assim, o TAC continuou no 
nome dos proprietários antigos. 
 
Um item importantíssimo que é de 
grande dificuldade para emissão segundo os 
atuais proprietários das lavanderias é o 
Atestado de Regularidade do Corpo de 
Bombeiros Militar, isso apenas, no caso das 
empresas que tem mais de 750m² de área 
coberta, porque segundo o Código de 
Segurança Contra Incêndio e Pânico de 
Pernambuco (COSCIP) é obrigatória a 
implantação e execução do Projeto de 
Segurança Contra Incêndio. E, 
consequentemente os proprietários alegam não 
ter condições financeiras de custear esse 
projeto e não conseguem o Atestado de 
Regularidade que é item básico para emissão 
dos demais documentos exigidos pela Lei 
Municipal para regularização das lavanderias. 
Portanto, considerando que o 
empresário encontra-se atordoado em meio a 
burocracia dos órgãos públicos – acaba 
desistindo da regularização da empresa por não 
saber o que fazer com esse empasse, e assim, 
segue as atividades com a empresa 
parcialmente regularizada descumprindo em 
alguns casos particulares inclusive o artigo 111, 
cap. II, da Lei Orgânica Municipal de 
4 
Toritama que cita a obrigatoriedade dos 
proprietários de lavanderias em manter sistema 
de filtragem com o objetivo de sustentar a 
preservação do meio ambiente em decorrência 
da utilização de produtos químicos nas 
atividades pertinentes. 
Conclusões 
Com o surgimento do primeiro TAC em 
2005 observou-se uma grande rejeição por 
parte dos empresários que inclusive quando 
esgotou-se o prazo para cumprimento das 
exigências na época, 100% tinha descumprido 
as metas (CPRH) sendo necessário o 
desenvolvimento de um Termo Aditivo com 
limitação breve de um prazo estendido por mais 
30 dias no máximo. Atualmente com a 
publicação da Lei Municipal 1643/2018, 
observa-se diversas exigências por parte dos 
órgãos públicos atuantes, porém, encontra-se 
uma dificuldade no alinhamento das questões 
pertinentes na operação das competências de 
cada órgão deixando o empresário à deriva sem 
saber o que fazer para regulariza-se. Os 
moradores por sua vez, aguardam a resolução 
desses problemas acreditando que as 
lavanderias poderão cumprir as diretrizes da 
nova Lei Municipal, contando assim com o 
apoio da Promotoria Municipal do Meio 
Ambiente. A Secretatira Municipal de 
Agricultura e Meio Ambiente de Toritama, em 
entrevista, alegou apenas a aplicação de de um 
TAC para duas lavanderias, margem 
considerada praticamente nula em relação ao 
montante de lavanderias instaladas de forma 
irregular no município. Não houve relatos de 
lavanderias interditadas por parte da prefeitura, 
porém, a CPRH interditou algumas lavanderias 
com números não divulgados, contudo 
comprovados pelos comerciantes e 
funcionários de outras lavanderias. Todavia, a 
CPRH alega não ter condições de fiscalizar com 
rotina todas as lavanderias do município e 
região, assim, age diretamente por via de 
denúncias dos moradores, funcionários e 
proprietários de lavanderias legalmente 
regularizadas. 
 
Referências 
1 - «Divisão Territorial do Brasil». Divisão 
Territorial do Brasil e Limites Territoriais. 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE). 1 de julho de 2008. Consultado em 23 
de maio de 2019. 
2 - ACIT - Associação Comercial e Industrial 
de Toritama. 
3 - 
ttp://www.apac.pe.gov.br/pagina.php?page_id= 
5&subpage_id=14 
 
4 – CPRH. Diagnóstico Ambiental das 
Lavanderias de Toritama. Recife,2005, p.26- 
27. 
 
5 - IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. 
ed. Rio de Janeiro, 1993. 
 
6 – Lei Orgância Municipal do Município de 
Toritama/PE. Disponível em: 
http://www.toritama.pe.gov.br/ 
http://www.apac.pe.gov.br/pagina.php?page_id
http://www.toritama.pe.gov.br/
http://www.toritama.pe.gov.br/

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