Buscar

Souza et al 2020 Uma geografia das corporeidades e das diferenças

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DAS 
CORPOREIDADES E DAS DIFERENÇAS
Lorena Francisco de Souza
Diogo Marçal Cirqueira
Patrício Pereira Alves de Sousa
Alex Ratts
Introdução
As narrativas das transformações ou inflexões na ciência geográfica não 
necessariamente coincidem com o marcador cronológico dos séculos ou das 
décadas. No entanto, as questões que trazemos – corporeidade e diferença 
(racial, de gênero e sexual) – em grande parte se processaram no século XXI, 
no Brasil, com antecedentes nos anos 1990 e em correlações com os hori-
zontes anglo-saxão e ibérico. Cabe rememorar que temporalmente estamos 
nos referindo à chamada globalização em que se imaginava que processos de 
homogeneização recobririam o mundo, resultando, ao contrário, em emer-
gência das diferenças em várias escalas.
Este capítulo é escrito por uma pesquisadora e três pesquisadores que 
realizam e orientam estudos no campo das corporeidades e das diferenças 
de raça, gênero ou sexualidade em cursos de pós-graduação e graduação em 
Geografia. Iniciamos o artigo com uma leitura do corpo e corporeidade na 
produção de Milton Santos, indicando sua relevância para a reflexão acerca 
das cidadanias incompletas, sobretudo de indivíduos e coletividades negras. 
Sem se pretender a um balanço, prosseguimos com um panorama temático 
de estudos geográficos que tem por foco a diferença de gênero e sexualidade. 
Por fim, elencamos alguns estudos que se vinculam a um ou a dois campos 
aqui referidos.
Corporeidade, raça e negritude
Milton Santos, na última fase de sua produção teórica, apresentou uma 
série de leituras sobre a corporeidade – como qualificou as relações e proces-
sos que produzem sentidos e funções sobre os corpos. Essas abordagens são 
encontradas tanto em sua obra teórica sobre a epistemologia da Geografia, 
em especial no livro A Natureza do Espaço (2004) e na conferência Por uma 
geografia cidadã: por uma epistemologia da existência (1996), quanto em 
entrevistas, textos e conferências nos quais buscou interpretar as relações 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
42
raciais no Brasil, notadamente em O intelectual negro no Brasil (2000 [1989]), 
Cidadanias Mutiladas (1996/1997) e Ser negro no Brasil hoje (2002 [2000]).
As discussões sobre a corporeidade emergem em Milton Santos nas 
análises realizadas sobre o lugar e o cotidiano em relação com o processo de 
Globalização. De acordo com o intelectual,
[…] a globalização faz […] redescobrir a corporeidade. O mundo da 
fluidez, a vertigem da velocidade, a frequência dos deslocamentos e a 
banalidade de movimento e das alusões a lugares e a coisas distantes, 
revelam, por contraste, no ser humano, o corpo como uma certeza mate-
rialmente sensível, diante de um universo difícil de apreender (SAN-
TOS, 1996, p. 314).
A corporeidade, assim, expressa-se como contraponto e limite à globa-
lização. Ao mesmo tempo, a corporeidade, inserida em um lugar, define-se 
como um limite em si, pois, “o homem é o seu corpo, a sua consciência, a 
sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, 
da consciência não suprime a realidade social [o lugar] de seu corpo nem lhe 
amplia a efetividade da cidadania ” (SANTOS, 2002, p. 159). É nesse sentido 
que o “lugar” aparece como um “intermédio entre o mundo e o indivíduo [e a 
corporeidade] […] Cada lugar é, à sua maneira, o mundo […] [e cada lugar] 
torna-se diferencialmente dos demais” (SANTOS, 2004 [1996], p. 314).
É na confluência entre a corporeidade e a globalização em um cotidiano 
de “escassez”, ao qual os “pobres” e as “minorias” são relegadas, que o lugar 
se torna potência, pois, o “cotidiano é um produtor do fenômeno político na 
medida em que mostra como as diferenças [e as desigualdades] se estabele-
cem aconselhando a tomada de posições [políticas]” (SANTOS, 1996, p. 13). 
Também, no corpo-a-corpo cotidiano no lugar que se produz “solidariedade, 
laços culturais e identidade”, ao tempo que se constitui uma “consciência 
holística do mundo e dos homens” (idem, 2004, p. 328). A modulação da 
“co-presença” e do “intercâmbio” pela corporeidade reproduz acontecimentos 
e trocas simbólicas ao infinito nos lugares, consequentemente, produz “cons-
ciência”, “solidariedade”, “comunidade”, “cultura popular” etc., em outros 
termos, une razão e emoção (idem, p. 319-20).
Mais diretamente em Por uma Geografia cidadã (1996), Milton Santos 
demonstra de que forma a corporeidade se apresenta como categoria analí-
tica em sua teoria geral. Em sua leitura, o sujeito pode ser compreendido no 
cotidiano a partir de “três dimensões”: a “corporeidade”, a “individualidade” 
e a “socialidade”. A “corporeidade” envolve a materialidade do corpo, “uma 
dimensão objetiva que dá conta da forma com que eu me apresento e me vejo, 
que dá conta também das minhas virtualidades de educação, de riqueza, da 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 43
minha capacidade de mobilidade, da minha localidade, da minha lugaridade”. 
A “individualidade” está relacionada às dimensões subjetivas que constituem 
os graus diversos de consciência dos sujeitos, “consciência do mundo, cons-
ciência do lugar, consciência de si, consciência do outro, consciência de nós”; 
isso diz respeito ao autorreconhecimento do indivíduo e a consciência crítica 
de si junto à sociedade. Quanto à “socialidade”, esta envolve as relações 
sociais, a “transindividualidade” nos termos do autor, “o fenômeno de estar 
junto” e em interação. A socialidade é um fenômeno que “inclui o espaço e 
é incluído pelo espaço” (idem, p. 10).
Essas três dimensões permitem uma compreensão do cotidiano “do ponto 
de vista espacial”, pois, “estar juntos dentro de uma área contínua tem reflexos 
na maneira como a espacialidade se dá, como a individualidade evolui e como 
a corporeidade é sentida” (idem, p. 10). Também, possibilitam vislumbrar 
como um dado contexto espacial define os eixos sociais que institucionalizam 
e qualificam a “cidadania”. A cidadania refere-se aos direitos políticos do 
indivíduo em uma dada sociedade, que, como o autor ressalta, está acima e 
além da corporeidade e da individualidade, pois se remete a uma coletividade 
nacional institucionalizada.
Milton Santos, assim, chama a atenção para os aspectos subjetivos e 
político-jurídicos que dão significados aos traços diacríticos do corpo, isso, em 
especial, estabelece as bases das leituras “enviesadas” sobre a corporeidade 
negra no Brasil. Destaca o autor:
No caso brasileiro, o corpo da pessoa se impõe como uma marca visível 
e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objeti-
vação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e 
separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do 
outro. Então a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado 
ostensivo da corporeidade, cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa 
(SANTOS, 2002[2000], p. 159-160).
Uma vez que a sociedade brasileira possui cristalizada em seu ethos e 
imaginário convicções advindas do longo período escravista, a corporeidade 
negra – em seu fenótipo e elementos alegóricos significados – se sobrepõe à 
individualidade. Porém, é importante enfatizar que as avaliações extrínsecas 
acerca da corporeidade negra vão além, não somente da individualidade, mas, 
também, do próprio status social de classe e a “capacidade de consumo” que 
possivelmente as pessoas negras adquiram.
Desta forma, continua o intelectual,
[…] os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas 
arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
44
incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esferapública, 
o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da 
sociabilidade e da sociabilidade (SANTOS, 2000 p. 160).
Milton Santos, aqui, demonstra os limites da cidadania brasileira, que 
no caso de negros e negras, produz “cidadãos mutilados”. Utilizando-se de 
suas próprias experiências para enfatizar essa condição, Milton Santos (2000 
[1998], p. 15) destaca: “[…] tenho instrução superior e posso apresentar um 
documento, imagino que sou uma individualidade forte, mas tenho certeza 
de que neste país não sou um cidadão completo. Eu não posso ser cidadão se 
não sou tratado como cidadão, e não sendo tratado como cidadão raramente 
serei tratado como uma individualidade forte”.
De maneira mais enfática, Milton Santos qualifica os efeitos das “cida-
danias mutiladas” para as pessoas negras:
[…] poderíamos traçar a lista das cidadanias mutiladas neste país. Cidada-
nia mutilada no trabalho, através das oportunidades de ingresso negadas. 
Cidadania mutilada nas oportunidades de promoção. Cidadania mutilada 
na circulação. Esse famoso direito de ir e vir, que alguns nem imaginam 
existir, mas que na realidade é tolhido para uma parte significativa da 
população. Cidadania mutilada na educação. Quem por acaso passeou ou 
permaneceu na maior universidade deste estado e deste país, a USP, não 
tem nenhuma dúvida de que ela não é uma universidade para negros. E na 
saúde também, […] E o que dizer dos novos direitos, que a evolução téc-
nica contemporânea sugere, como o direito à imagem e ao livre exercício 
da individualidade? E o que dizer também do comportamento da política 
e da justiça, que escolhem como tratar às pessoas em função do que elas 
parecem ser (SANTOS, 1996/1997, p. 134).
Por fim, nos chama atenção o interesse de Milton Santos acerca da cor-
poreidade frente ao seu horizonte de referências teórico-filosóficas e ao con-
texto epistemológico no qual estava inserido – especificamente no campo 
geográfico. A corporeidade aparece como um tema bastante adverso ao temário 
presente na produção geográfica brasileira do período em questão (década 
de 1990), ainda bastante pautado pelo estruturalismo e pela economia política 
de base marxista. De qualquer forma, o intelectual com as discussões que 
realizou sobre corporeidade, apresentou tanto uma proposta teórica, quanto 
abriu um horizonte de investigações no campo da Geografia. Ainda que o 
conceito de corporeidade tenha sido pouco tratado no conjunto de sua obra 
por analistas, vem sendo retomada e mobilizada por pesquisadores e pesqui-
sadoras que trabalham temas da diferença na atualidade.
Nos anos 1990, um marco temporal de nossas reflexões, na Geogra-
fia anglo-saxã o corpo começou a ser tratado como um conceito geográfico 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 45
entre as pesquisadoras feministas da área. Na coletânea bodyspace (DUN-
CAN, 1996), poucos capítulos tratam da relação entre o corporal (bodily) e 
o espacial. No entanto, Robyn Longhurst (2005) ao redigir o verbete sobre o 
corpo (The Body) para um dicionário inglês de Geografia Cultural.
Na última seção do texto, veremos que vários estudos têm como foco 
expressões culturais e grupos negros. Uma parte significativa retoma a pro-
posição de trabalho com a noção de corporeidade em Milton Santos ou com 
o corpo em outras acepções. É relevante apontar que a questão negra e racial 
em correlação com a Geografia e a dimensão ambiental continua sendo abor-
dada neste século19.
No sentido de um aprofundamento de parte dessa reflexão, cabe mencio-
nar Cirqueira (2015) que busca compreender as “inscrições da racialidade” 
no pensamento geográfico brasileiro entre as décadas de 1880 a 1930; como 
leituras racialistas estiveram presentes na epistemologia e nas elaborações 
teóricas da “Geografia Moderna-colonial” desse período. O autor, assim, 
aponta nesse contexto as discussões sobre o meio que estavam articuladas 
com a raça para pensar a diferença humana.
No mundo de língua inglesa há uma produção em Geografia deno-
minada de Black Geographies (MCKITTRICK, 2006; MCKITTRICK, 
WOODS, 2007). McKittrick (2006, p. 7) define essa perspectiva como “[…] 
padrões geográficos subalternos ou alternativos que agem ao lado e além das 
geografias tradicionais e como um terreno de disputas”20. Tal perspectiva, 
assim, realiza uma crítica a “Geografia tradicional” que, com uma leitura 
do espaço centrada em um sujeito (homem, branco e heterossexual), reforça 
narrativas geográficas hegemônicas e escamoteia outras visões e experiências 
do espaço. Ao romper com essa leitura, a Black Geographies busca privile-
giar a experiência geográfica da população negra na diáspora e conformam 
lentes teóricas para compreender a existência negra que, como expresso em 
análises, é distintiva e relacional a de outros grupos sociais em sociedades 
pós-coloniais e pós-escravistas. Essa vertente, também, busca romper com 
19 A temática das relações raciais e dos indivíduos ou grupos negros, no horizonte da Geografia, tem sido 
desenvolvida em alguns núcleos: o grupo de pesquisa GeografAR na Universidade Federal da Bahia, com 
Guiomar Inez Germani que tem uma linha de pesquisa com “Povos e comunidades tradicionais”, voltada 
para quilombolas e indígenas, dentre outros grupos rurais; os estudos acerca de comunidades quilombo-
las, orientados por Maria de Fátima Ferreira Rodrigues na Universidade Federal da Paraíba; as pesquisas 
desenvolvidas na Faculdade de Formação de Professores na Universidade Estadual do Rio de Janeiro com 
os seguintes grupos: Núcleo de Estudos e Pesquisas em Geografia, Relações Raciais e Movimentos Sociais 
(NEGRAM), com Renato Emerson dos Santos e o Núcleo de Estudo e Pesquisa e Geografia Regional da 
África e da Diáspora (NEGRA), com Denilson Araújo de Oliveira. Há também o Núcleo de Estudantes e 
Pesquisadoras Negras na Universidade de São Paulo (NEPEN).
20 “Subaltern or alternative geographic patterns that work alongside and beyond traditional geographies and 
site a terrain of struggle”.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
46
a objetificação da população negra e com interpretações que focam apenas 
nos processos de dominação, subalternização e expropriação. A perspectiva 
centrada nas Black Geographies privilegia em sua interpretação a geografia 
expressiva – “in-visível” se comparada a Geografia hegemônica – e a agência 
do povo negro no/pelo espaço.
Geografia e as diferenças de gênero e sexualidade
Os estudos geográficos sobre as relações de gênero e sobre as sexualida-
des conheceram uma significativa transformação no Brasil a partir das duas 
primeiras décadas do século XXI. Junto ao aumento da oferta de cursos de 
pós-graduação stricto sensu e sob a influência de movimentos acadêmicos 
e sociais tanto brasileiros quanto estrangeiros, houve um expressivo cresci-
mento do número de teses, dissertações, artigos em periódicos, laboratórios 
de pesquisa e grupos de trabalho nos congressos da área, que passaram a se 
estruturar elegendo as relações de gênero e/ou as sexualidades como algumas 
de suas temáticas centrais (RATTS et al., 2016).
Ainda que não fosse uma novidade para a Geografia brasileira, uma vez 
que o tema já aparecia em trabalhos realizados desde a década de 199021, esse 
momento marcou para a disciplina não apenas o crescimento do número de 
pesquisas, mas a diversificação de temas e mudanças de perspectivas, com 
uma aproximação mais acentuada às teorias feministas e a ampliação dos 
sujeitos de interesse (ORNAT, 2008; SILVA, 2010; CESAR; PINTO, 2015; 
VELEDA DA SILVA, 2016). Ainda que os estudos sobre “a mulher” (ou “as 
mulheres”) permanecessem como mais comuns nas pesquisas, os alcances 
dessa categoria passaram a ser questionados quanto a sua abrangência, sob 
a indicação da necessidade de incluir as diversas trajetórias e experiências 
vivenciadas por diferentesconjuntos de mulheres: brancas e não brancas, 
que se estabelecem no campo ou na cidade, que produzem seus cotidianos 
nos centros ou periferias regionais e urbanas, dentre outras especificidades. 
21 Diversos levantamentos que apontam os trabalhos pioneiros na área indicam que a primeira pesquisa de 
pós-graduação stricto sensu em Geografia no Brasil sobre gênero foi a tese defendida por Sônia Alves Calió, 
na Universidade de São Paulo, em 1991, com o título “Relações de gênero na cidade: uma contribuição do 
pensamento feminista à Geografia Urbana”. Em relação à Geografia das sexualidades, a primeira pesquisa 
foi a dissertação de Jan Carlos da Silva, defendida em 2000, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
e intitulada “Os territórios da prostituição na cidade do Rio de Janeiro, 1841-1925”. Em relação aos artigos 
em periódicos, as primeira publicações sobre gênero teriam ocorrido em 1992, com o artigo de Sônia Calió, 
intitulado “Re-ler a Cidade ao Feminino: uma proposta de reforma urbana do ponto de vista das mulheres”, 
e a pesquisa de Rosa Ester Rossini, intitulada “A Mulher como Força de Trabalho na Agricultura da Cana 
(Estado de São Paulo)”, ambos no volume 22 do Boletim de Geografia Teorética. Em relação à sexualidade, 
o primeiro trabalho publicado em periódico teria sido o de Rogério Botelho de Mattos e Miguel Ângelo Ribeiro, 
intitulado “Territórios da Prostituição nos Espaços Públicos da Área Central do Rio de Janeiro”, no Boletim 
Goiano de Geografia, em 1995.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 47
Do mesmo modo, o questionamento sobre a hegemonia heterossexual das 
experiências espaciais e da heteronormatividade contida nas paisagens foi 
realizado de modo a reclamar que diferentes expressões da sexualidade e 
das afetividades fossem consideradas. Estudos sobre as territorialidades e as 
corporeidades lésbicas, gays, travestis e transexuais passaram, então, a figurar 
nas produções científicas da área.
Esse momento marcou ainda revisões nos conceitos e categorias mais 
utilizados nas publicações sobre o assunto. Progressivamente, num movi-
mento comum a outras Ciências Sociais, gênero passou a figurar como cate-
goria central nos estudos, posição anteriormente ocupada pela noção de sexo. 
Mais do que uma simples mudança semântica, essa modificação significou 
a adoção na Geografia de um debate sobre como feminino e masculino são 
papéis sociais construídos relacionalmente e pela preocupação de visibilizar 
outras performances de gênero para além daquelas binárias. Mais uma vez 
isso se desdobrou na inclusão de novos sujeitos identitários dentro da temá-
tica. Além dos estudos de mulheres, investigações sobre homens e as mas-
culinidades também passaram a ser empreendidas. Aos estudos sobre gênero 
e relações de trabalho, se somaram análises sobre as dimensões identitárias 
envolvidas na construção dos corpos e de suas espacialidades, apontando 
como o espaço, além de ser a dimensão material onde essas relações se 
desenvolvem, também se constitui como uma esfera fundamental na elabo-
ração dessas identidades.
É necessário destacar ainda que o aumento e diversificação dos estudos 
de gênero e das sexualidades na Geografia brasileira se deram associados à 
ampliação do interesse em outras categorias da diferença, tais como raça, 
etnicidade, geração e identidades regionais e territoriais. Do mesmo modo, 
esse impulso dos estudos de gênero e das sexualidades foi simultâneo e 
sinérgico à afirmação de outros subcampos disciplinares, com destaque para 
a Geografia Cultural, e de adoção de novas perspectivas para subcampos 
já consolidados, como a Geografia Agrária, Urbana e Econômica. Muitos 
dos estudos sobre gênero e sexualidades que foram realizados pela disci-
plina estiveram, portanto, associados com outros temas emergentes ou já 
consolidados. Desdobramentos disso foram as pesquisas que correlacio-
nam, por exemplo, as questões de mulheres, homens e LGBTs (lésbicas, 
gays, bissexuais, travestis e transexuais), com temáticas como populações 
camponesas, indígenas e ribeirinhas; territorialidades e movimentos sociais 
urbanos; manifestações religiosas e festivas; divisão sexual do trabalho; 
feminização da pobreza; meio ambiente e desenvolvimento; planejamento 
territorial e políticas públicas; dentre outros. Tudo isso foi acompanhado, 
igualmente, de diversos debates epistemológicos, que empreenderam tenta-
tivas de ampliação dos principais conceitos, metodologias, fontes, escalas 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
48
de análise e sujeitos da pesquisa em Geografia, entendidos por grande parte 
das autoras e autores que produziram pesquisas nessa área como sendo his-
toricamente carregados de uma visão masculina, ocidentalizada, cartesiana 
e colonialista de ciência e de mundo.
Ao invés de apresentar os diferentes expoentes, principais temas e os 
centros de produção, pretendemos indicar as principais perguntas que esses 
trabalhos têm feito em relação às suas motivações.
Em termos gerais, entendemos que a produção em Geografia, gênero e 
sexualidades tem se encaminhado no Brasil neste início de século XXI a partir 
de três principais questões ou perguntas, a saber: i) Em que podem contribuir 
as construções teóricas do pensamento feminista, diferenciando o pensamento 
de mulheres negras, na maneira de se conceber o espaço e a Geografia e, 
num sentido correlato, como pode a Geografia contribuir para a teoria femi-
nista,?; ii) Compreendendo que as discussões sobre gênero e sexualidades 
ainda ocupam uma posição periférica na Geografia brasileira, como estudiosas 
e estudiosos dessa área no Brasil podem se apropriar dos conceitos gerados 
no mundo anglo-saxão, principal centro de produção na área, e como pode a 
reflexão brasileira tensionar com esses estudos?; iii) Quais tópicos geográficos 
podem ser reelaborados a partir de diferentes autorias feministas brasileiras, 
especialmente negras, que a partir de outras disciplinas das Ciências Sociais 
produziram reflexões sobre a dimensão espacial das diferenças de gênero e 
sexualidade desde o Brasil?22
Em relação às contribuições do pensamento feminista para o modo como 
o espaço é compreendido na Geografia e como esta ciência pode contribuir 
com o feminismo, vale destacar que a partir do início dos anos 2000 passou 
a se tornar frequente na Geografia brasileira o diálogo com autorias que já 
compunham mais fortemente os debates em outras Ciências Sociais. Simone 
de Beauvoir (1980a,b) e Thomas Laqueur (2001), com suas discussões sobre 
a construção social dos papéis sexuais e de gênero, Joan Scott (1990, 1999) 
e Pierre Bourdieu (1995), com seus debates sobre a estruturação do mundo 
a partir do binarismo de gênero, por exemplo, foram autores e autoras que 
passaram a frequentar o conjunto de referências nas pesquisas produzidas.
Na Geografia brasileira, houve ainda bastante destaque para as autorias 
relacionadas com as vertentes do feminismo para as quais eram patentes as 
articulações do gênero com o marxismo. Pelo histórico da Geografia Humana 
brasileira, que muita aproximação possui com as questões relacionadas à 
produção capitalista do espaço e num país tão marcado pelas desigualdades 
relacionadas ao mundo do trabalho, foram comuns os diálogos com essa 
22 Nos parágrafos seguintes desdobramos argumentos relacionados com as perguntas i e iii. Os percalços 
da questão ii, concernentes às articulações entre a Geografia brasileira e a anglo-saxônica nos estudos de 
gênero e das sexualidades, foram brevemente indicados nos parágrafos iniciais desta seção do texto.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 49
literatura, que permitiu pensar o desigual acesso e os efeitos diferenciados das 
questões econômicas e sociais sobre homense mulheres. Como tópicos de 
pesquisa, essa discussão gerou trabalhos sobre a precarização das atividades 
laborais e seus efeitos sobre grupos de mulheres, a feminização da pobreza, 
a divisão sexual do trabalho em contextos urbanos, industriais e rurais, além 
de análises em escalas até então pouco exploradas na Geografia do Trabalho, 
como a profissão docente e o espaço escolar, as indústrias domésticas rurais, 
as populações tradicionais e ribeirinhas, dentre outras.
Outro conjunto de obras da teoria feminista que circulou pelas diferentes 
Ciências Sociais e que impactou de forma significativa as pesquisas produzidas 
na Geografia do gênero e das sexualidades no Brasil foi daqueles pensadores 
e pensadoras que buscaram discutir as performatividades de gênero e ques-
tionar a perspectiva exclusivamente heterossexual na construção do mundo 
(BUTLER, 2003), indagar sobre as perspectivas universalizantes e totalizantes 
da realidade (HARAWAY, 1995, 2004), bem como, problematizar as formas 
modernas de produção dos corpos e desejos (FOUCAULT, 1979, 1984) e 
as relações raciais (HOOKS, 2000, 1995). Essas autoras e autor ganharam 
relevância nas mais diferentes temáticas e se constituíram como basilares 
principalmente nos trabalhos que trataram das sexualidades dissidentes e de 
suas formas de territorialização.
Neste sentido, esses estudos fizeram uso dos argumentos das teorias 
feministas para defender que a virada espacial nas Ciências Sociais deve-
ria ser acompanhada também de uma virada espacial para o feminismo, em 
que, além do tempo, também o espaço fosse considerado com um elemento 
importante para compreensão dos processos que produziram desigualmente 
oportunidades e representações para o feminino e o masculino.
Mais uma questão enfrentada nos estudos brasileiros em Geografia sobre 
gênero e sexualidades tem sido sobre o modo de dialogar com intelectuais 
que, embora não tenham realizado suas formações em Geografia ou que não 
produziram suas obras tendo esta disciplina como horizonte, desenvolveram 
importantes tópicos para a reflexão sobre as diferenças e corporeidades de 
homens e mulheres a partir das espacialidades. Nessa direção, interlocuções 
importantes foram realizadas com autoras negras, em sua maioria reconhe-
cidas como feministas, que trazem para a pauta a questão das articulações 
de gênero com outros marcadores socioespaciais da diferença, como raça, 
etnicidade e classe, a exemplo de Lélia Gonzalez e Beatriz do Nascimento 
(RATTS, 2012), assim como Sueli Carneiro e outras intelectuais que, embora 
não sejam brasileiras, estiveram afinadas com a perspectiva do feminismo 
negro brasileiro, como Bell Hooks (1995) e Gloria Anzaldúa (2000).
Uma característica marcante dos trabalhos produzidos nessa direção foi o 
de indicar a perspectiva parcial operada por uma Geografia que não reconhece 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
50
as diferentes trajetórias de grupos de mulheres no país. Para além de uma 
geopolítica do conhecimento a níveis internacionais, através das reflexões 
dessas feministas negras é possível pensar os jogos de poder e os campos 
de representação que são responsáveis por delimitar alguns poucos sujeitos 
identitários como produtores de conhecimento e apenas uma certa direção de 
pensamento como constituidora de epistemologias.
Para além de questionar as hegemonias dos centros de produção em 
países centrais ou em universidades hegemônicas no país, essas geografias 
contidas no pensamento de feministas negras têm ajudado a indicar a ausência 
de vozes do feminismo que contemplem pautas que articulem interseccio-
nalmente gênero com outros marcadores da diferença e das corporeidades. 
Desse modo, podemos identificar que dois foram os caminhos de diálogo com 
o feminismo negro para a condução de estudos de gênero e sexualidades na 
Geografia brasileira. O primeiro esteve relacionado com a recuperação de con-
ceitos relevantes produzidos por intelectuais brasileiras que, em termos gerais, 
emergiram de forma simultânea a conceitos semelhantes produzidos em outros 
contextos de produção acadêmica, vide o que Lélia Gonzalez (1983) discutia 
sobre os espaços públicos e privados e suas relações com raça e gênero desde 
a década de 1980. Outro aspecto foi a constituição de imaginários geográficos 
para trazer sujeitos identitários para a disciplina que ainda não haviam sido 
considerados, como empregadas domésticas, professoras negras e os corpos 
racializados que produzem outras relações com as espacialidades, como os 
presentes em festas e rituais.
Estas três direções de questionamentos apontados não pretendem, no 
entanto, ser uma classificação ou catalogação das diferentes pesquisas rea-
lizadas ou uma tentativa de localizar grupos de estudos. O que ocorre na 
elaboração de cada tese, dissertação, artigo, grupo de pesquisa ou mesmo nos 
grupos de trabalho em congressos, é uma articulação entre essas autorias ora 
difusas ora convergentes nas suas direções de pensamento.
Dada a complexidade da realidade brasileira, as especificidades da 
geografia humana no Brasil, as necessidades de abertura interdisciplinar e a 
relativa novidade do tema no contexto nacional, essas diferentes autorias são 
colocadas em diálogos a fim de promover uma tentativa ainda de organização 
de um pensamento sobre as relações de gênero e sexualidade a partir do Bra-
sil e para o Brasil, com conexões com outras áreas do conhecimento, outros 
países e outras perspectivas de mundo. Em todas elas ficam patentes uma 
direção minimamente comum: uma compreensão de que as corporeidades e 
as diferenças são produtoras de espaços e geografias23.
23 Como veremos na seção seguinte, vários estudos sobre corporeidade e espaço estavam sendo desenvolvidos 
no Brasil quando vem a público a coletânea As geografias culturais do corpo (AZEVEDO, PIMENTA, 
SARMENTO, 2009). O capítulo de João Sarmento (2009) interessa particularmente conquanto o autor coloca 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 51
Geografias da corporeidade e das diferenças: alguns estudos
Ao considerar o corpo e/ou a corporeidade como categoria de análise ao 
estudo do espaço em sua dimensão geográfica, estamos relacionando leituras 
interdisciplinares, sobretudo no campo das Ciências Sociais, inclusive para 
compreendermos que os estudos das relações entre corpo, espaço e poder não 
são exclusivos da Geografia. Como afirmam Azevedo, Pimenta e Sarmento 
(2009), a Geografia tem uma multiplicidade de estudos que levam em consi-
deração o poder regulador do espaço na formação de subjetividades concre-
tas e corporalizadas, em especial, os estudos que “contemplam fracções do 
todo social que estão especialmente dependentes das relações assimétricas 
do poder” (2009, p. 15).
Os estudos das relações de poder ligadas às relações de gênero são impor-
tantes elementos de investigação para a Geografia, na medida em que quem a 
faz se preocupa com a produção e reprodução das relações sociais no espaço, 
chamando a atenção para os efeitos do patriarcado, da diferenciação de gênero 
na divisão social do trabalho, na estrutura espacial da violência masculina, 
bem como sobre o papel do Estado promotor ou regulador de papéis sociais 
mediante a discriminação e desigualdade de gênero.
No que se refere aos estudos realizados em laboratórios de cursos de 
Geografia no cenário nacional, o que visualizamos é um cenário que se pre-
tende apresentar uma leitura interseccionada das relações de gênero, raça e 
sexualidade no espaço. Interceder para uma leitura dos marcadores da dife-
rença, inclusive para se pensar a desigualdade socioespacial, a segregação, as 
territorialidades femininas, masculinas e diversas, as trajetórias que marcam 
tais grupos diante de uma mobilidade limitada ou condicionada a seus mar-
cadores de gênero, raça, etnia, classe, sexualidade e/ou geração24.No horizonte temático em pauta, trazemos estudos que correlacionam cor-
poreidade com negritude e/ou gênero e/ou mulheres e trabalhos no campo de 
gênero e sexualidade que interseccionam com raça. Optamos por dissertações 
em pauta a sua própria corporeidade (no caso de um deslocamento internacional para trabalho de saúde) 
e os corpos de jogadores portugueses e angolanos em que o mundo colonial/racial vem à tona numa 
partida de futebol.
24 Além das pesquisadoras e pesquisadores citados aqui com passagem pelo Laboratório de Estudos de 
Gênero, Étnico-raciais e Espacialidades (LaGENTE) coordenado por Alex Ratts na Universidade Federal 
de Goiás, destacamos também o Grupo de Estudos Territoriais (GETE) que tem à frente Joseli Maria Silva 
e Marcio José Ornat na Universidade Estadual de Ponta Grossa; o Grupo de Estudos e Pesquisas em 
Geografia, Mulher e Relações Sociais de Gênero (GEPGÊNERO) coordenado por Maria das Graças Silva 
do Nascimento Silva na Universidade Federal de Rondônia. Além destes laboratórios e suas atividades de 
estudos e pesquisas, também ressaltamos as contribuições de Carmen Lúcia da Costa da Universidade 
Federal de Catalão, Maria Franco García da Universidade Federal da Paraíba, Benhur Pinós da Costa da 
Universidade Federal de Santa Maria e Susana Maria Veleda da Silva na Universidade Federal do Rio Grande.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
52
e teses, o que a possibilidade de pesquisa nos programas de pós-graduação, 
indicando um quadro a ser abordado.
A pesquisa de Souza (2007) apresenta uma aproximação entre raça, 
gênero e espaço urbano ao buscar compreender as trajetórias socioespaciais 
de professoras negras em Goiânia e Região Metropolitana. Com o objetivo 
de analisar as histórias de vidas de mulheres negras no ofício de professoras, 
a pesquisadora procura chamar a atenção para a inserção das categorias raça 
e gênero nos estudos urbanos, ao retratar as limitações à mobilidade urbana 
para o lazer, para o trabalho e para a moradia, evidenciadas por mulheres 
negras, apresentadas aqui como moradoras de periferias da Região Metro-
politana de Goiânia (RMG) e suas trajetórias socioespaciais. Baseando-se 
em Santos (1996), traz elementos para uma percepção do espaço a partir da 
corporeidade dos sujeitos.
No mesmo sentido de apresentar a compreensão da trajetória socioes-
pacial como um caminho teórico-metodológico para o estudo do espaço e 
grupos sociais, Lopes (2008) procura analisar as trajetórias socioespaciais 
de mulheres trabalhadoras domésticas na Região Metropolitana de Goiânia. 
A pesquisadora apresenta histórias de vida marcadas pela segregação e pela 
prevalência de um contexto marcado pelo passado escravista no emprego 
doméstico, por sua vez estruturado em relações de gênero, raça e classe, con-
figurando as mulheres negras como principais representantes desta categoria, 
vivenciando situações de exclusão e subalternidade.
Cirqueira (2010), inserindo-se nesse quadro coletivo de pesquisas, realiza 
uma investigação sobre a questão étnico-racial na obra e na trajetória socioes-
pacial do geógrafo Milton Santos. A pesquisa evidencia como o intelectual 
experienciou o racismo e como estabeleceu formas teóricas para interpretar 
as relações étnico-raciais na sociedade brasileira. Constata-se, por exemplo, 
que há abordagens sobre as relações étnico-raciais na primeira fase de sua 
produção, quando buscou analisar os “elementos étnicos” na formação terri-
torial da Bahia; no período do exílio, ao tratar dos processos de segregação 
étnico e racial em cidades africanas; e, quando do seu retorno para o Brasil, 
ao buscar compreender a cidadania por meio do conceito de corporeidade.
A reflexão de Machado (2011) sobre as trajetórias socioespaciais de 
militantes do movimento negro em Goiânia, ampliando para o horizonte para 
a discussão das relações raciais no espaço urbano. A autora envereda pela 
abordagem da corporeidade negra e do corpo negro.
Santana (2011) desenvolve um estudo singular que articula gênero, 
mulheres e negritude voltado para uma comunidade quilombola no sertão 
paraibano. O estudo traz a lume o cotidiano maçante das mulheres desde o tra-
balho na roça (que coexiste com o trabalho dos homens fora da comunidade), 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 53
ao trabalho doméstico, religioso e cultural. Para elas, o diferencial reside 
na participação em apresentações artísticas (de coco e ciranda) e em espa-
ços associativos.
Algumas pesquisas realizadas com grupos de Congadas (ou Congados) 
em Minas Gerais e articulam corporeidade e negritude. Rodrigues (2008) teve 
como foco a observação das corporeidades dos/as congadeiros/as nas ruas de 
Catalão, Goiás, e em locais como a Igreja e o Largo do Rosário. Há congadei-
ros e congadeiras de vários pertencimentos étnico-raciais, mas a representação 
nas narrativas, nos cantos e nas imagens são de uma festa negra. A produção 
do trabalho de Sousa (2011) se insere nesta perspectiva. O pesquisador traz 
igualmente a questão do corpo e da corporeidade, na correlação com o espaço, 
para o centro de seu estudo.
As pesquisas de Paula (2010) e Damascena (2012) também foram rea-
lizadas com as Congadas de Goiás, respectivamente com Catalão e Goiânia, 
tratando-as como cultura negra, mas como foco em sujeitos distintos: mulheres 
e jovens. Metodologicamente o estudo com mulheres, a maior parte negra, 
trouxe à luz uma coletividade que não era vista e nem ouvida porque os diri-
gentes são quase todos os homens. O trabalho que se volta para a juventude 
congadeira, também negra, mostra as diferenciações e desigualdades entre 
rapazes e moças na apropriação do espaço urbano e evidencia o apreço que 
têm pela manifestação cultural.
Apontamos ainda a tese de Sousa (2018) que retorna aos congados 
mineiros, desta vez em Ouro Preto problematizando a imagem reiterada de 
“escrava” e “escravidão” na cidade patrimonializada e turística e a imagem 
colocada em cena de “negros” da Reinado de Nossa Senhora do Rosário e 
Santa Efigênia, marcando lugares e paisagens. O autor também retorna à 
categoria corpo e corporeidade.
As últimas pesquisas elencadas estabelecem diálogo com a produção 
bibliográfica de Ratts (2003a, 2003b, 2004) sobre a corporeidade e a diferença 
na geografia e compartilhar com ele suas experiências de trabalho de campo, 
apresentando como em algumas cidades de Goiás e Minas Gerais as festas 
de coroação de reis negros qualificam espaços como generificados e raciali-
zados a partir dos deslocamentos rituais que os Congados realizam pelas ruas 
de cidades para as quais as relações étnico-raciais foram fundantes de suas 
dinâmicas sociais contemporâneas. Na pesquisa, tal demarcação de lugares 
na cidade a partir das corporeidades negras e emersas a partir das relações de 
gênero foi entendida como um modo de elaboração de narrativas espaciais 
que colocam em evidência pautas identitárias que se tornam mais destacadas 
a partir das políticas de visibilidade que as festas permitem realizar. Para o 
trabalho também se constituiu como questão fundamental a problematização 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
54
sobre os processos de reflexividade e posicionalidade do sujeito em relação 
à sua pesquisa.
Numa tentativa de traçar o campo teórico para o estudo de trajetórias 
socioespaciais, tais autoras e autores começam a delinear, por meio da ampla 
possibilidade de análises geográficas a partir de categorias como espaço, lugar 
e território, a realidade de grupos sociais ainda pouco apresentados como 
sujeitos de uma realidade discriminatória e desigual, bem como, procuram 
fortalecer essa leitura do espaço urbano, da rua, da universidade e de outros 
espaços sociais a partir da perspectiva da raça, gênero e sexualidade.
Uma parte das investigações parteda noção de trajetória socioespa-
cial para compreender o movimento – que também pode ser a mobilidade 
socioespacial – de grupos sociais marcados pela diferença. Esta, por sua 
vez, se apresenta como um campo categórico que permeia a preocupação 
das teorias feministas e dos estudos culturais, com leituras de Audre Lorde 
(2003) e Avtar Brah (2006). Para estas autoras, trata-se de um marcador de 
hierarquia ou opressão, assim como também pode ser apresentada como rela-
cional, contingente.
No cerne da discussão sobre a diferença e seu uso nos estudos geográ-
ficos, acrescentamos a importância e urgência do debate sobre a interseccio-
nalidade como caminho teórico-metodológico para os estudos das trajetórias 
socioespaciais de grupos sociais negros. A interseccionalidade é, a partir da 
escrita de Akotirene (2018) uma “sensibilidade analítica pensada por feminis-
tas negras”. Estas, desde o princípio, chamaram atenção ao marcador racial na 
superação dos estereótipos de gênero, classe e sexualidades, estimulando um 
pensamento complexo. Portanto, a interseccionalidade “nos permite partir da 
avenida estruturada pelo racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado, em seus 
múltiplos trânsitos, para revelar quais são as pessoas realmente acidentadas 
pela matriz de opressões” (2018, p. 42).
A tese desenvolvida por Souza (2014) propôs uma análise das migrações 
estudantis na contemporaneidade, discutindo a vinda de estudantes africa-
nos/as de língua portuguesa para as universidades brasileiras, em particular, 
para universidades goianas. Além da crítica fundamentada na qualificação da 
força de trabalho como um elemento do fenômeno migratório, este trabalho 
procurou evidenciar a representação social dos/as migrantes africanos/as no 
contexto brasileiro e o racismo vivenciado por eles, tratados/as, muitas vezes, 
como “estrangeiros/as não-desejados/as” ou como africanos/as em um sentido 
generalizado, preconceituoso e discriminatório.
Machado (2016) ressaltou a importância dos movimentos feministas 
na apropriação de espaços públicos de Goiânia. A intenção é mostrar como 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 55
estas mulheres ativistas pensam o espaço da rua a partir das intersecciona-
lidades, da leitura de seus corpos invisibilizados e da luta política como um 
caminho para a superação da desigualdade de gênero no âmbito da cidade e 
da ocupação de espaços públicos. Utilizando-se das proposições teóricas de 
Kimberlé Crenshaw, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Cláudia Pons Cardoso 
(apud MACHADO, 2016), a autora procurou apresentar a construção do 
sentido de mulher através de uma rede de diferenças e semelhanças. A partir 
das relações entre as mulheres feministas na cidade de Goiânia, estabelece-se 
uma compreensão da experiência feminista a partir das interseccionalidades, 
evidenciando como mulheres negras e lésbicas reivindicam suas pautas e 
vivenciam a cidade de maneiras distintas de mulheres feministas cisgêneros.
Santos (2016) estudou as trajetórias socioespaciais de estudantes 
negros(as) na Universidade Federal de Goiás que passaram por projetos e 
programas de Ações Afirmativas, enfatizando os locais de residência, migra-
ção, estudo, lazer e militância. Ao traçar esses trajetos dos sujeitos em questão, 
a pesquisadora observou as mudanças relativas à sua percepção deles sobre 
as relações com o espaço e o lugar, a partir de suas interseccionalidades. A 
pesquisadora se direcionou para a compreensão da militância como um impor-
tante elemento que ressignifica a vivência de estudantes em sua formação 
universitária, no entanto, uma ação pautada na formação política e acadêmica.
A pesquisa de Queiroz (2017) conjuga várias das categorias aqui trata-
das – corpo, gênero, raça e espaço – com foco em dois romances da escritora 
Conceição Evaristo. O estudo se diferencia e acrescenta ao campo de estudos 
que aproxima Geografia e Literatura em face de uma autoria que se identi-
fica racialmente e racializa seus personagens, com protagonismo de pessoas 
negras das classes populares, sobretudo mulheres. A tese é um exercício de 
abordagem das categorias interseccionalidade e trajetória socioespacial. Esta 
última, foi traçada a partir de uma entrevista com a autora.
O estudo recente de Silveira (2019) se constitui de um estudo de temas 
e categorias como feminilidades, feminismo negro, interseccionalidade e 
espaço paradoxal, mediado pela trajetória escolar e acadêmica da autora, 
como mulher negra oriunda da classe trabalhadora.
Conclusão: proposições mais que nomeações
Os estudos e pesquisas dos quais tratamos no Brasil, tem correlações, 
mais ou menos diretas, com trabalhos elaborados no mundo anglo-saxão e 
ibérico, a exemplo de alguns livros e artigos aqui referidos. No país obser-
vamos uma aglutinação em grupos ou em torno de docentes que se situa fora 
dos chamados grandes centros. Parece haver um limite para a compreensão do 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
56
corpo ou da corporeidade como uma categoria geográfica. Se esta perspectiva 
se amplia, os estudos podem adentrar mais os espaços das casas, das ruas, 
casas noturnas, das artes corporais, ou seja, temas que trazem outros lados 
da sociedade que não somente o do espaço público com seu predomínio de 
gênero e racial.
Como um mosaico em movimento, os temas e os sujeitos – racializados, 
generificados e sexualizados – podem ser vistos em suas espacializações locais 
e na escala do corpo. Os sistemas de desumanização – racismo, sexismo, 
segregação – são combinados e podem ser abordados em conjunto.
Para nós, o quadro exposto de um fazer geográfico que soma mais ou 
menos duas décadas com foco no corpo racializado e na diferença qualificada 
pelo gênero, a sexualidade, a raça, não cabe ser denominado de mais um 
campo ou subcampo da área do conhecimento. Para algumas e alguns são 
temas bastante circunscritos. Para várias e vários é uma concepção de que 
o sistema-mundo e, por extensão, os lugares, os territórios e as paisagens, 
desde pelo menos o século XVI, é marcado pela expansão do capitalismo, da 
colonização e da escravidão, com reconfiguração do patriarcado e do racismo. 
São questões estruturais. Seus desdobramentos, assim como a diferença, estão 
em toda parte.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 57
REFERÊNCIAS
AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade. Belo Horizonte: Letra-
mento, 2018.
ANZALDÚA, Gloria. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escri-
toras do Terceiro Mundo. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 229-
236, 2000.
AZEVEDO, Ana Francisca de; PIMENTA, José Ramiro; SARMENTO, João 
(org.). Geografias do Corpo: Ensaios de Geografia Cultural. Porto: Figuei-
rinhas, 2009.
BEAUVOIR, Simone. Introdução. O Segundo Sexo – Fatos e Mitos. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo – A Experiência Vivida. Rio de 
Janeir: Nova Fronteira, 1980.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Educação & Realidade, Porto 
Alegre, v. 20, n. 2, p. 133-184, jul./dez. 1995.
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, Cam-
pinas, n. 26, p. 329-365, 2006.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identi-
dade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CALIÓ, Sônia Alves. Relações de gênero na cidade: contribuição do pen-
samento feminista à Geografia Urbana. Tese (Doutorado em Geografia) – 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.
CALIÓ, Sônia Alves. Re-ler a cidade ao feminino: uma proposta de reforma 
urbana do ponto de vista das mulheres. Boletim de Geografia Teorética, Rio 
Claro, v. 22, n. 43-44, p. 239-245, 1992.
CESAR, Tamires Regina Aguiar de Oliveira; PINTO, Vagner Andrade Morais. 
A produção intelectual da Geografia Brasileiraem torno das temáticas de 
Gênero e Sexualidades. Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, 
v. 6, p. 119-132, 2015.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
58
CIRQUEIRA, Diogo Marçal. As inscrições da racialidade no pensamento 
geográfico (1880-1930). Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade 
Federal Fluminense, Niterói, 2015.
CIRQUEIRA, Diogo Marçal. Entre o corpo e a teoria: a questão étnico-racial 
na trajetória e na obra de Milton Santos. Dissertação (Mestrado em Geografia) 
– Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.
DAMASCENA, Adriana Alvaro. Os jovens, a congada e a cidade: percursos 
e identidades de jovens congadeiros em Goiânia, Goiás. 2012. 276 f. Tese 
(Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2012.
DUNCAN, Nancy (ed.). Bodyspace: destabilizing geographies of gender and 
sexualities. London/New York, Routledge: 1996.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio 
de Janeiro: Graal, 1979.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: o uso dos prazeres, Rio 
de Janeiro: Graal, 1984.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: SILVA, Luiz 
A. M. et al. Ciências Sociais Hoje. Brasília: ANPOCS, 1983. p. 223-244.
HARAWAY, Donna J. “Gênero” para um dicionário marxista: a política sexual 
de uma palavra. Cadernos Pagu, n. 22, p. 201-246, 2004.
HARAWAY, Donna J. Saberes localizados: a questão da ciência para 
o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, 
p. 5-41, 1995.
HOOKS, Bell. Eros, erotismo e a processo pedagógico. In: LOURO, Guacira 
Lopes (org.) O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2000. p. 113-123.
HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, 
p. 464-478, 1995.
LAQUEUR, Thomas da. Inventando o sexo. Corpo e gênero dos gregos a 
Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 59
LOPES, Renata Batista. De casa para outras casas: trajetórias socioespaciais 
de trabalhadoras domésticas residentes em Aparecida de Goiânia e traba-
lhadoras em Goiânia. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade 
Federal de Goiás, Goiânia, 2008.
LONGHURST, Robyn. The Body. In: ATKINSON, David; JACKSON, Peter; 
SIBLEY, David; WASHBOURNE, Neil (ed.). Cultural Geography: A Critical 
Dictionary of Key Concepts. Londres: I. B. Tauris, 2005. p. 91-96.
MACHADO, Talita C. A cidade das mulheres feministas: Uma cartografia 
de Goiânia em perspectiva interseccional e da diferença. 2016. 231 f. Tese 
(Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.
MACHADO, Talita C. Relações raciais e espaço urbano: trajetórias socioes-
paciais de militantes do movimento negro na Região Metropolitana de Goiâ-
nia. 2011. 139f. (Dissertação em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, 
Goiânia, 2011.
MATTOS, Rogério Botelho de; RIBEIRO, Miguel Angelo Campos. Territó-
rios da prostituição nos espaços públicos da área central do Rio de Janeiro. 
Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 15, p. 57-79, 1995.
MCKITTRICK, Katherine. Demonic Grounds: Black Women and the Car-
tographies of Struggle. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2006.
MCKITTRICK, Katherine; WOODS, Clyde (org.). Black Geographies and 
the Politics of Place. Toronto: Between the Lines, 2007.
ORNAT, Márcio José. Sobre Espaço e Gênero, Sexualidade e Geografia Femi-
nista. Terr@ Plural, v. 2, p. 309-322, 2008.
PAULA, Marise Vicente de. Sob o manto azul de Nossa Senhora do Rosá-
rio: mulheres e identidade de gênero na congada de Catalão (GO). 2010. 245 
f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 
Goiânia, 2010.
QUEIROZ, Ana Maria Martins. Geo-grafias insurgentes: corpo e espaço 
nos romances Ponciá Vicêncio e Becos da Memória de Conceição Eva-
risto. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, 
Goiânia, 2017.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
60
RATTS, Alex. A geografia entre aldeias e quilombos: territórios etnicamente 
diferenciados. In: ALMEIDA, Maria Geralda de; RATTS, Alex (orgs.). Geo-
grafia: leituras culturais. Goiânia: Alternativa, 2003a. p. 29-48.
RATTS, Alex. As etnias e os outros: as espacialidades dos encontros/confron-
tos. Espaço e Cultura, Rio de Janeiro, v. 17-18, p. 77-89, 2004.
RATTS, Alex. Gênero, raça e espaço: trajetórias de mulheres negras. Comu-
nicação apresentada no XX Encontro Nacional da ANPOCS. Anais […]. 
Caxambu-MG, out. 2003b.
RATTS, Alex. Os lugares da gente negra: temas geográficos no pensamento de 
Beatriz Nascimento e Lélia Gonzalez. In: SANTOS, Renato Emerson dos (org.). 
Questões urbanas e racismo. Petrópolis, RJ: DP & A/ABPN, 2012. p. 216-243.
RATTS, Alex et al. Geografia e diversidade: gênero, sexualidades, etnicidades 
e racialidades. Revista da ANPEGE, v. 12, p. 223-238, 2016.
RODRIGUES, Ana Paula da Costa. Corporeidade, cultura e territoriali-
dades negras: a Congada em Catalão – Goiás. 2008. 129f. Tese (Doutorado 
em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008.
ROSSINI, Rosa Ester. A mulher como força de trabalho na agricultura da 
cana (Estado de São Paulo). Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, v. 
22, n. 43-44, p. 295-305, 1992.
SANTANA, Jussara. Territorialidade quilombola: um olhar sobre o papel 
feminino em Caiana dos Crioulos, Alagoa Grande, PB. Dissertação (Mestrado 
em Geografia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011.
SANTOS, Marisa Fernandes. Movimento negro e relações raciais no espaço 
acadêmico: trajetórias socioespaciais de estudantes negros e negras na Uni-
versidade Federal de Goiás. 2016. 156 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) 
– Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. 4. ed. São Paulo: EDUSP, 2004.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. São Paulo: Record, 2001.
SARMENTO, João Sarmento. As inescapáveis geografias do corpo. In: AZE-
VEDO, Ana Francisca de; PIMENTA, José Ramiro; SARMENTO, João (org.). 
As geografias culturais do corpo. Porto, Figueirinhas, 2009. p. 261-282.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO XXI: temas e tensões 61
SCOTT, Joan W. Experiência. In: SILVA, Alcione da. Falas de Gênero. Flo-
rianópolis: Ed. Mulheres, 1999. p. 21-55.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação 
e realidade, Porto de Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, jul./dez. 1990.
SILVA, Jan Carlos da. Os territórios da prostituição na cidade do Rio de 
Janeiro (1841-1925). Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000.
SILVA, Joseli Maria. Geografias feministas, sexualidades e corporalidades: 
desafios às práticas investigativas da ciência geográfica. Espaço e Cultura, 
v. 27, p. 39-55, 2010.
SILVEIRA, Louise da. Feminilidades negras: um estudo de relações espaciais 
paradoxais. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de 
Santa Maria, Santa Maria, 2019.
SOUZA, Lorena Francisco de. Corpos negros femininos em movimento: tra-
jetórias socioespaciais de professoras negras em escolas públicas. Dissertação 
(Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007.
SOUZA, Lorena Francisco de. Migração para qualificação da força de 
trabalho e a questão racial: estudantes africanos/as lusófonos/as negros/as 
em universidades goianas. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade 
de São Paulo, São Paulo, 2014.
SOUSA, Patrício Pereira Alves de. Corpos em Drama, Lugares em Trama: 
gênero, negritude e ficção política nos Congados de São Benedito (Minas 
Novas) e de São José do Triunfo (Viçosa) – MG. 300f. Dissertação (Mestrado 
em Geografia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,2011.
SOUSA, Patrício Pereira Alves de. Que Geografias lembrar? Paisagens, 
lugares e itinerários simbólicos da negritude em Ouro Preto – MG. 363 
f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Rio de Janeiro, 2018.
VELEDA DA SILVA, Susana Maria. Geografías feministas brasileñas: un 
punto de vista. Geografías feministas de diversas latitudes. Orígenes, 
desarrollo y temáticas contemporáneas. México, D.F.: Instituto de Geo-
grafía, 2016, v. 18, p. 71-94.
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
Uma Geografia
do século XXI
Organizadoras
Patrícia Francisca de Matos
Carmem Lúcia Costa
temas e tensões
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2020
Patrícia Francisca de Matos
Carmem Lúcia Costa
(Organizadoras)
UMA GEOGRAFIA DO SÉCULO 
XXI: temas e tensões
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da Capa: Shutterstock/109922291
Revisão: Analista de Escrita e Artes Editora CRV
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506
2020
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
ESTA OBRA TAMBÉM ENCONTRA-SE DISPONÍVEL
EM FORMATO DIGITAL.
CONHEÇA E BAIXE NOSSO APLICATIVO!
G342
Uma Geografi a do século XXI: temas e tensões / Patrícia Francisca de Matos, Carmem 
Lúcia Costa (organizadoras) – Curitiba : CRV, 2020.
400 p.
Bibliografi a
ISBN Digital 978-65-5578-852-5
ISBN Físico 978-65-5578-853-2
DOI 10.24824/978655578853.2
1. Geografi a 2. Espaço geográfi co 3. Geografi a agrária – urbana 4. Ensino 5. Gênero 
I. Matos, Patrícia Francisca de. org. II. Costa, Carmem Lúcia. org. III. Título IV. Série.
CDU 91 CDD 918.1
Índice para catálogo sistemático
1. Geografi a 918.1
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Comitê Científico:
Altair Alberto Fávero (UPF)
Ana Chrystina Venancio Mignot (UERJ)
Andréia N. Militão (UEMS)
Anna Augusta Sampaio de Oliveira (UNESP)
Barbara Coelho Neves (UFBA)
Cesar Gerónimo Tello (Universidad Nacional 
de Três de Febrero – Argentina)
Diosnel Centurion (Univ Americ. de Asunción – Py)
Eliane Rose Maio (UEM)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Fauston Negreiros (UFPI)
Francisco Ari de Andrade (UFC)
Gláucia Maria dos Santos Jorge (UFOP)
Helder Buenos Aires de Carvalho (UFPI)
Ilma Passos A. Veiga (UNICEUB)
Inês Bragança (UERJ)
José de Ribamar Sousa Pereira (UCB)
Jussara Fraga Portugal (UNEB)
Kilwangy Kya Kapitango-a-Samba (Unemat)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Lucia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira (UNIVASF)
Marcos Vinicius Francisco (UNOESTE)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Eurácia Barreto de Andrade (UFRB)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Mohammed Elhajji (UFRJ)
Mônica Pereira dos Santos (UFRJ)
Najela Tavares Ujiie (UTFPR)
Nilson José Machado (USP)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Silvia Regina Canan (URI)
Sonia Maria Ferreira Koehler (UNISAL)
Suzana dos Santos Gomes (UFMG)
Vânia Alves Martins Chaigar (FURG)
Vera Lucia Gaspar (UDESC)
Conselho Editorial:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro)
Carmen Tereza Velanga (UNIR)
Celso Conti (UFSCar)
Cesar Gerónimo Tello (Univer .Nacional 
Três de Febrero – Argentina)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Élsio José Corá (UFFS)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Gloria Fariñas León (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Guillermo Arias Beatón (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Helmuth Krüger (UCP)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP)
Josania Portela (UFPI)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CATALÃO
ANO 2020
Coordenação do Programa: Dr. Idelvone Mendes Ferreira (2019-2020)
Diretor do Instituto de Geografi a: Dr. João Donizete Lima (2019-2022)
Reitor da Universidade Federal de Goiás: Dr. Edward Madureira Brasil
Reitora da Universidade Federal de Catalão: Dra. Roselma Lucches
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ������������������������������������������������������������������������������������������ 11
EFEITOS GEOPOLÍTICOS DA PANDEMIA (CORONAVÍRUS): 
o fortalecimento da China?������������������������������������������������������������������������������19
Ronaldo da Silva
UMA GEOGRAFIA DAS CORPOREIDADES E DAS DIFERENÇAS �������� 41
Lorena Francisco de Souza
Diogo Marçal Cirqueira
Patrício Pereira Alves de Sousa
Alex Ratts
O PROJETO MODERNO NA GEOGRAFIA: do contexto colonial 
ao giro decolonial ��������������������������������������������������������������������������������������������63
Marcelo Venâncio
Marcelo Cervo Chelotti
CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DA MULHER 
E O PODER JUDICIÁRIO ����������������������������������������������������������������������������91
Fernando Rossetto
Heitor Pagliaro
TRABALHO E ESPAÇO GEOGRÁFICO: uma questão de gênero ����������� 113
Natália Soares Ferreira
“E A PALAVRA SE FEZ CARNE”: travestilidades/transexualidades, 
corporalidades e vivência religiosa����������������������������������������������������������������131
Adriana Gelinski
Márcio José Ornat
MULHERES E ESPAÇOS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO: 
um pouco do universo das camponesas em Catalão – Goiás ���������������������� 147
Carmem Lúcia Costa
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS ������������������ 163
Maria Beatriz Junqueira Bernandes
Maria de Lourdes Spazziani
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
TRANSVERSALIZANDO O SABER GEOGRÁFICO: a significação de 
conteúdos escolares pelo viés da vivência cotidiana ������������������������������������ 183
Marise Vicente de Paula
Anderson Luiz Meireles
A LATENTE QUESTÃO AGRÁRIA E A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO 
BRASIL CONTEMPORÂNEO ���������������������������������������������������������������������201
Heloisa Vitória de Castro Paula
Marcelo Cervo Chelotti
O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA REPRODUÇÃO SOCIAL 
DA AGRICULTURA FAMILIAR ��������������������������������������������������������������������223
Juniele Martins Silva
COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS VIA MERCADOS 
INSTITUCIONAIS PELOS AGRICULTORESFAMILIARES DO 
ASSENTAMENTO DOM JOSÉ MAURO EM UBERLÂNDIA (MG) ������� 239
Alessandra Rodrigues Guimarães
José Giacomo Baccarin
AGROECOLOGIA: uma proposta para a soberania de produção 
alimentar em Quirinópolis/GO �����������������������������������������������������������������������259
Fillipe Mendes de Araújo
Edevaldo Aparecido Souza
Lorranne Gomes da Silva
A EXPANSÃO CANAVIEIRA NO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO 
PARANAÍBA-MG ������������������������������������������������������������������������������������������279
Bruna Aparecida Silva Dias
Jussara dos Santos Rosendo
DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ÀS MONOCULTURAS VOLTADAS 
PARA EXPORTAÇÃO NO SÉCULO XXI ��������������������������������������������������� 293
Roberto Barboza Castanho
Matheus Eduardo Souza Teixeira
AVALIAÇÃO DOS ESTÁGIOS DE DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS 
NA MICRORREGIÃO DE ITUIUTABA-MG, 2016 �������������������������������������� 311
Laíza Castro Brumano Viçoso
Jussara dos Santos Rosendo
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 
VARIÁVEIS METODOLÓGICAS PARA O ESTUDO DE PEQUENAS 
CIDADES: o caso Monte Carmelo (MG) ������������������������������������������������������ 325
Carlos Roberto Machado de Oliveira
Magda Valéria da Silva
ESTUDO DE CASO ACERCA DA QUESTÃO HABITACIONAL: 
módulo ecológico do residencial Campo Alegre na cidade de 
Uberlândia (MG) �������������������������������������������������������������������������������������������349
Raphaella Karla Portes Beserra
Carmem Lúcia Costa
Pedro Luiz Teixeira de Camargo
CAPITAL E ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA VERSUS 
ACESSIBILIDADE URBANA E CIDADANIA: o caso dos 
bairros a sudeste da BR-050, em Catalão (GO) ������������������������������������������� 371
Lucas Francisco Souza de Lima
Magda Valéria da Silva
ÍNDICE REMISSIVO �����������������������������������������������������������������������������������389
SOBRE OS ORGANIZADORES �����������������������������������������������������������������395
SOBRE OS AUTORES ��������������������������������������������������������������������������������397
E
di
to
ra
 C
R
V
 - 
Pr
oi
bi
da
 a
 im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão

Outros materiais