Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FICHAMENTO POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO DO PENSAMENTO ÚNICO À CONSCIÊNCIA UNIVERSAL; VI - A TRANSIÇÃO EM MARCHA. (Milton Santos) Por EDILZA SILVA DE LIMA GRADUANDA EM GEOGRAFIA 30.10.2020 UEPA 0 https://altapaulistanews.com.br/geral/por-uma-globalizacao-mais-humana-em-um-mundo-pandemico/ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO - CAMPUS XVII BARCARENA. LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA. REFERÊNCIA SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal - VI A transição em marcha. São Paulo : Record, 2000. EDILZA SILVA DE LIMA Fichamento da obra "POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO: Do pensamento único à consciência universal. VI - A transição em marcha.", de Milton Santos. Para a disciplina, Geografia da população, solicitado pelo Profº. Doutor Luiz Soares Mendes. ABAETETUBA - PA 30.10.2020 1 https://www.google.com/ SOBRE O AUTOR 1 Milton Santos: Vida,Obras e Legado! Milton Santos veio ao mundo no dia 3 de maio de 1926. Nascido na Bahia, em Brotas de Macaúba, era filho de Adalgisa Umbelina de Almeida Santos e Francisco Irineu dos Santos; quando menino, foi alfabetizado pelos próprios pais, que eram professores; morou parte de sua infância no colégio interno "Instituto Baiano de Ensino". Muito cedo o garoto despertou interesse pela geografia, e começou a ensinar os colegas aos 15 anos, em 1948, aos 22 anos, conclui o curso de direito na Universidade Federal da Bahia, entretanto, seguiu lecionando geografia e uma década depois forma-se doutor nessa disciplina pela Universidade de Estrasburgo, na França; durante todo esse período, Milton atuava na militância de esquerda e fazia parte de ações contra o racismo, trabalhou também como jornalista para "O periódico de Salvador", "A tarde" e "Folha de São Paulo". Em 1960 foi à Cuba juntamente com Jânio Quadros, então presidente, por conta de seu trabalho jornalístico, mais tarde, o intelectual integrou o governo como sub-chefe da Casa Civil e representante estadual da Bahia; em 1964, presidiu a Comissão Estadual de Planejamento Econômico e propôs implantar um imposto sobre grandes fortunas, o que gerou controvérsias, nessa época também lecionava na Universidade Federal da Bahia. Nesse momento, o Brasil vivia a ditadura militar, por conta disso Milton Santos foi demitido da universidade devido ao seu posicionamento alinhado com pensamentos da esquerda e direitos humanos, o geógrafo chegou a ser preso e passou dois meses encarcerado, sendo libertado depois de apresentar problemas de saúde, depois de solto, decidiu pelo auto-exílio e lecionou em várias regiões do mundo, tanto na Europa como na América do Norte, América Latina e África. Milton volta ao território brasileiro em 1977 e contribui enormemente para a implantação de um novo conceito e ensino geopolítico no país, o intelectual foi o único brasileiro a receber o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, em 1994. A homenagem é de extrema importância, sendo equivalente a um Prêmio Nobel de Geografia. Milton é sem dúvida o geógrafo de maior reconhecimento do Brasil, grande questionador; que dedicou a vida toda ao estudo e ensino, abordando conceitos pouco explorados pela 2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Santos geografia até então, como o território, a paisagem, o lugar e o espaço geográfico. Esses elementos foram tratados como fundamentais para a compreensão dos povos, suas lutas e resistências, o professor debruçou-se também sobre a realidade sócio-econômica de países periféricos, classificados na época como "países de terceiro mundo" ou "subdesenvolvidos". Ele defendia que um levante desses territórios poderia trazer grandes transformações sociais. Assim, foi um dos responsáveis por inovar a maneira de entendimento acerca da geografia no mundo, unindo outros conceitos como economia, filosofia e sociologia, ele teve uma carreira muito produtiva, dedicou-se a mais de 40 publicações literárias, traduzidas em inglês, espanhol, japonês e francês; entre suas obras mais importantes, destacam-se os títulos: "Por uma Geografia Nova" (1978), nessa obra o autor se caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista e aos pressupostos teóricos predominantes na ciência geográfica de seu tempo, diante desse pensamento, propôs – fazendo eco a outros pensadores de seu tempo – a concretização de uma “Geografia Nova”, marcada pela crítica ao poder e pela predominância do pensamento marxista, nessa obra, defendia também o caráter social do espaço, que deveria ser o principal enfoque do geógrafo, destaca-se também, "Por uma outra Globalização: Do pensamento único à consciência universal" (2000), que será exposta a partir de agora. IDEIA PRINCIPAL DA OBRA O autor apresenta um panorama crítico frente à situação planetária e sugere uma nova perspectiva de mundo, afirmando que a globalização é um fenômeno reversível,se pautada na centralidade do homem, e não do capital. OBJETIVO DO TEXTO A obra se resume em 3 intenções; que é mostrar os aspectos da globalização, como fábula (mascarada, fantasiosa) como perversidade (no sentido real, como realmente acontece, sem máscaras) e como possibilidade (mostra como a globalização realmente poderia ser, valorizando sobretudo, o ser humano, sendo a serviço da cidadania). PALAVRAS-CHAVE {Globalização; Homem; Capital; Fábula; Perversidade; Possibilidade; desigualdade} SÍNTESE DA OBRA ⚫Nesta obra, Milton Santos faz uma crítica ao atual período do modo de produção capitalista, caracterizado pela globalização. Para isso ele usa o método dialético, e expõe de forma concatenada e coerente as formas de reprodução do capital sobre os povos, territórios e governos (política). A idéia central contida na obra e defendida teoricamente pelo autor é de que a globalização é um fenômeno reversível, podendo ser usada para o bem da humanidade. A isto enfoca: 3 “Na realidade, o que buscamos foi, de um lado, tratar da realidade tal como ela é, ainda que se mostre pungente; e, de outro lado sugerir a realidade tal como ela pode vir a ser, ainda que para os céticos nosso vaticínio atual apareça risonho” (p.13). ⚫O livro é formado por seis partes, divididas em capítulos, sendo que as seis partes se resumem em três intenções: 1) mostrar a globalização como fábula, enfocando como se deu o andamento do processo de criação e instalação nos espaços nacionais pelos Estados, que são os responsáveis pela construção de normas para a reprodução do capital no território, e as contradições existentes neste processo; 2) mostrar a globalização como perversidade, enfocando a violência do dinheiro e da informação na busca da mais-valia universal; e por fim, 3) mostrar a globalização como pode ser, ou seja, uma outra globalização a serviço da cidadania. O título da obra é extremamente oportuno diante dos fatos que nos apresenta, um dos conceitos mais criticados pelo geógrafo foi a globalização e de como sua prática se instalou no mundo, segundo ele gerando mais e mais desigualdades. (…) "De fato, para a grande maior parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades" (p. 19). ⚫ Nesta obra o autor aponta caminhos para que possamos viver uma realidade mais digna para todos os povos, ele defendia que essa maneira de "gerenciar" o mundo beneficia apenas as grandes empresas, ou seja, um pequeno grupo de pessoas abastadas, que utilizam espaços, territórios e mão de obra de forma oportunista, gerando miséria em diversas partes do globo; "Essas técnicas da informação são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque escapa a possibilidade decontrole". (p.39). ⚫Na obra o autor expôs as três formas de compreender a globalização, dividindo o mundo em : 1) “Globalização como fábula” (como uma concepção fantasiosa apresentada ao povo pela mídia; camuflando os problemas; chegando até o povo através de fábulas e ideologias, é a mídia manipulando e influenciando) , como nos trechos abaixo o autor descreve: "Há uma relação carnal entre o mundo da produção da notícia e o mundo da produção das coisas e das normas. A publicidade tem, hoje, uma penetração muito grande em todas as atividades, como na profissão médica, ou na educação. [...] Hoje, propaga-se tudo, e a política é, em grande parte, subordinada às suas regra". (p.40). "Sem as fábulas e mitos, este período histórico não existiria como é. Uma dessas fábulas é a tão repetida idéia de aldeia global. O fato de que a comunicação se tornou possível à escala do planeta, deixando saber instantaneamente o que se passa em qualquer lugar [...]. Um outro mito é do espaço e do tempo contraídos, graças, outra vez aos prodígios da velocidade [...]. Fala-se, também, de uma humanidade desterritorializada, e essa idéia 4 dever-se-ia outra, de uma cidadania universal". (p.41-42). 2) “Globalização como perversidade” (essa é mais real, pois gera desemprego, aumenta a miséria e a carência de coisas básicas para a maioria da população mundial; mostra como ela realmente acontece). (...) "O desemprego crescente torna-se crônico,a pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida, o salário médio tende a baixar, a fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes, novas enfermidades como a SIDA se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal, a mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação, a educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção" (p.20). 3) “Globalização como possibilidade” ( é, na realidade, uma proposta de um mundo novo; explora a ideia de uma outra globalização; uma nova forma de organização social), onde a; " (...) centralidade de todas as ações seja localizada no homem" (p. 147). Onde as populações periféricas tivessem maior autonomia e poder de decisão, isso tudo, através de uma análise profunda das próprias bases materiais existentes, criando assim uma nova possibilidade e valorizando sobretudo, o ser humano, ⚫Na sexta e última parte "A transição em marcha"; a globalização; nesta última intenção, é encarada de forma reversível, tendo o pobre caráter de agente da “reversão”. O caráter perverso e os efeitos destrutivos da globalização, segundo Santos, irão gerando resistências crescentes dos "espaços banais" e horizontais em que se encontra a grande massa do povo, contra os espaços integrados, verticais e excludentes dos fluxos globalizados do dinheiro e da informação. São nestes espaços onde se desenvolvem as cidades e as culturas populares que, segundo ele, estão sendo tecidas as bases de uma nova utopia globalitária, que deverá ser cidadã e democrática. Essa transição em marcha seria possível, através da valorização do homem com cidadania, reforço do Estado, com criação e inserção de mudanças em políticas públicas e nas lutas revolucionárias dos pobres (excluídos). Este tenderia a perder o seu caráter violento e sagaz, e todas as técnicas, ciência e informação, evoluídas ao seu dispor, unir-se-iam para a minimização das desigualdades econômicas e sociais, entre os homens e nações, e para a paz mundial. “É desse modo que, até mesmo a partir da noção do que é ser consumidor, podemos alcançar a idéia de homem integral e cidadão. Essa valorização radical do indivíduo contribuirá para a renovação quantitativa da espécie humana, servindo de alicerce a uma nova civilização” ( p.169). "Diante do que é o mundo atual, como disponibilidade e como possibilidade, acreditamos que as condições materiais já estão dadas para que se imponha à desejada grande mutação, mas seu destino vai depender de como disponibilidades e possibilidades serão aproveitadas pela política. Na sua forma material, unicamente corpórea, as técnicas talvez sejam irreversíveis, porque aderem aos territórios e ao cotidiano. De um ponto de vista essencial, elas podem obter um outro uso e uma outra significação. A globalização atual não é irreversível".(p.173-174). CONCLUSÃO 5 ⚫Para o autor, não é impossível reverter o modo como a globalização está se dando hoje, porém, para que isso ocorra é necessária uma mudança radical, na forma de ação do modelo atual. As importâncias teriam que ser revistas; 1) A humanidade precisaria ser posta em primeiro lugar em detrimento do dinheiro, fazendo com que as ações científicas, técnicas dentre outras, visassem primeiramente a sociedade e não aos interesses econômicos; "Uma outra globalização supõe uma mudança radical das condições atuais, de modo que a centralidade de todas as ações seja localizada no homem.(...) Nas presentes circunstâncias, com a prevalência do dinheiro em estado puro como motor primeiro e último das ações, o homem acaba por ser considerado um elemento residual. A primazia do homem supõe que ele estará colocado no centro das preocupações do mundo, como um dado filosófico e como uma inspiração para as ações" (p.147). "(...) Ousamos ... pensar que a história do homem sobre a Terra dispõe afinal das condições objetivas, materiais e intelectuais, para superar o endeusamento do dinheiro e dos objetos técnicos e enfrentar o começo de uma nova trajetória" (p.173). 2) As mesmas bases em que a globalização perversa foi fundada, seria a que daria alicerce para uma globalização humana e respeitosa, pautada na centralidade do homem, e não do capital. ⚫É necessário que o homem consiga se achar em meio ao amor avassalador que os produtos capitais geram na humanidade, é necessário que o “status” de ser humano não seja capitalizado como se fosse um mero produto composto por uma pirâmide social, a globalização perversa pode ser reversível, então, não é uma mera utopia, e sim algo tangível, que só será possível quando o homem se reconhecer humano, e social. Quando as forças do coletivo acordarem, e enfim se crie o novo nascido do velho mundo desigual. 6
Compartilhar