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Material de Apoio_Direito Penal IV

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DIREITO PENAL IV
“A batida do martelo do juiz ao prolatar a sentença, percutindo na madeira e deslocando uma massa de ar causando ruído, representa justamente a atuação da norma no mundo real e concreto. É o abstrato, a idéia, invadindo o mundo da matéria...”
Ivo Aguiar 
CRIMES CONTRA A VIDA
HOMICÍDIO, PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO, INFANTICÍDIO E ABORTO
MÓDULO I
3
HOMICÍDIO
Art. 121. Matar alguém:
Pena — reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Conceito: É a eliminação da vida humana.
Objetividade jurídica: Vida extra-uterina. Tutela do direito à vida, garantido pelo art. 5º, caput CF Trata-se de crime uniofensivo.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: O QUE É VIDA EXTRA-UTERINA? A PARTIR DE QUAL MOMENTO HÁ VIDA EXTRA-UTERINA?
Nem toda morte é homicídio: arts. 123, 129 § 3o.; 133 § 2º.; 135 § único; 136 § 2º. 157 § 3o., 158 § 2º., 159 § 3º.; 213 § 2º.; 250 c.c 258; 
Objeto material
corpo humano vivo.
ART. 17 – crime impossível por impropriedade absoluta do objeto material – pode responder por vilipêndio a cadáver art. 212 CP
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Admite-se o concurso de agentes seja na forma de coautoria seja participação moral ou material. Quanto ao tema concurso de agentes importante relembrar os seguintes institutos
a) autor pela teoria do domínio do fato.
b) autoria mediata
c) autoria incerta 
Art. 121 § 6º. – CAP em razão do sujeito ativo – a pena é aumentada de 1/3 até ½ se o crime for praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
QUESTÃO: É POSSÍVEL SER PARTÍCPE POR OMISSÃO?
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Observar eventuais agravantes ou CAP incidentes
Exs.: art. 61, II, e, f, g, i; art. 121 § 4º., 2ª. parte
Conduta: vem expressa pelo verbo matar, que significa eliminar a vida de um ser humano. Trata-se de crime de forma livre e, em regra comissivo
QUESTÃO: É POSSÍVEL COMETER HOMICÍDIO POR OMISSÃO?
 
Elemento subjetivo: é o dolo, caracterizado pela vontade livre e consciente de eliminar a vida humana (animus necandi). O dolo pode ser direto ou eventual, o qual, em regra, independe de qualquer fim específico. Uma certa finalidade específica do agente, desde que comprovada, pode conduzir a um aumento ou diminuição de pena ou até à desclassificação para outro crime (latrocínio por ex.)
Exs.: 121 § 1º. (relevante valor moral ou social); § 2º., I (paga ou motivo torpe), II (motivo fútil), V (conexão); atividade típica de grupo de extermínio (Lei 8072/90)
QUESTÃO: COMO DIFERENCIAR A TENTATIVA DE HOMICÍDIO DO CRIME DE LESÕES CORPORAIS CONSUMADAS? ATINGIR A VÍTIMA EM REGIÃO NÃO VITAL É TENTATIVA DE HOMICÍDIO PERPETRADA POR UM AUTOR RUIM DE MIRA OU LESÃO CORPORAL CONSUMADA?
 
Fernando Capez: “necessário se faz analisar os elementos e as circunstancias do fato externo......a sede da lesão ou da violência dos golpes, o instrumento utilizado, pois quem, por exemplo, desfere inúmeras e violentas pauladas no crânio de um indivíduo, com certeza não age com o ânimo de lesioná-lo, mas de mata-lo. Como sustentava Hungria o fim do agente se traduz, de regra, no seu ato”, ou ainda “é sobre pressupostos de fato, em qualquer caso, que há de assentar o processo lógico pelo qual se deduz o dolo distintivo do homicídio”.
 
Consumação: ocorre com a morte da vítima. Trata-se de crime material, instantâneo de efeitos permanentes, cuja consumação ocorre em dado momento (morte) mas os efeitos perduram no tempo independentemente da vontade do agente.
Constatação da morte: através da parada total e irreversível das funções encefálicas (Resolução n. 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina). Morte cerebral = Art. 3º. Lei 9434/97
Comprovação do homicídio: Laudo de Exame Necroscópico, que pode ser direto (quando está presente o cadáver da vítima) ou indireto (quando o cadáver desaparece ou não é encontrado), ou ainda por qualquer meio, como, por exemplo, por meio de prova testemunhal (arts. 158 e 167 CPP). 
ausência do exame de corpo de delito direto e indireto = nulidade (art. 564, III, b, CPP)
OBS.: vide arts. 6º. VII; 162 a166 CPP sobre exame necroscópico e exumação do cadáver
Tentativa: admite todas as formas de tentativa: branca; imperfeita ou perfeita
QUESTÃO: COMO DIFERENCIAR A TENTATIVA DE HOMICÍDIO DO CRIME DE LESÕES CORPORAIS CONSUMADAS? ATINGIR A VÍTIMA EM REGIÃO NÃO VITAL É TENTATIVA DE HOMICÍDIO PERPETRADA POR UM AUTOR RUIM DE MIRA OU LESÃO CORPORAL CONSUMADA?
Tentativa de homicídio e lesão corporal consumada: a diferença entre tentativa de homicídio e lesões corporais dolosas consumadas está apenas no elemento subjetivo do crime, ou seja, na vontade do agente de matar ou apenas ofender a integridade corporal da vítima.
 
“Homicídio. Tentativa. Inexistência. Intenção de matar não demonstrada. Acusado que apenas desferiu um tiro na vítima, embora estivesse seu revólver plenamente municiado. Desistência voluntária. Desclassificação do delito para lesões corporais” (TJSP, RT, 527/335).
“Assume o risco de matar e responde por crime doloso, aquele que desfecha tiros de revólver sobre um grupo de homens, vindo a atingir o seu companheiro, em região perigosa e com êxito letal” (TJMT, RT, 401/436).
“Quem, a curta distância, desfere tiro na cabeça do ofendido, ocasionando-lhe lesões de especial gravidade, revela, de maneira nítida, a intenção de matar” (TJSP, RT, 433/379).
“Qualquer pessoa, por mais rústica que seja, tem a noção elementar de que, desferindo foiçadas em outrem, produzindo-lhe ferimentos gravíssimos, assume o risco de causar-lhe a morte. Essa previsibilidade é elementar” (RT, 376/204).
“Disparando em direção às vítimas, se não queria feri-las, assume o agente, contudo, o risco de fazê-lo, verificando-se dolo eventual” (TJSP, RT, 496/258).
 
HOMICÍDIO E O ART. 15 CP
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Ex.: “o agente tem um revólver municiado com seis projéteis, efetua dois disparos contra a vítima, não a acerta e, podendo prosseguir atirando, desiste por vontade própria e vai embora ( Fernando Capez)”.
 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Ex.: agente ministra veneno e posteriormente com nova conduta dá o antídoto; após os disparos agente se arrepende e leva vítima ao hospital , a qual após procedimento cirúrgico é salva
Em ambos NÃO haverá tentativa de homicídio e o agente responderá pelos atos até então praticados
GENERALIDADES
Crime hediondo: o homicídio simples é crime hediondo apenas quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente (art. 1º, I, da Lei n 8.072/90). 
O qualificado do § 2º. sempre !
A lei 13.104/15 (feminicídio) alterou a redação do art. 1º., I da Lei 8072/90, o qual passa a incluir nova modalidade de homicídio como crime hediondo:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI);
Art. 121 § 2o , VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio – lei 13.104/15)
Art. 121 § 6º. – CAP em razão do sujeito ativo – a pena é aumentada de 1/3 até ½ se o crime for praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
Ação penal: é pública incondicionada, com iniciativa privativa do Ministério Público.
Competência: o processo, salvo no caso de homicídio culposo, segue o rito estabelecido para os crimes de competência do júri, previsto nos arts. 406 e seguintes do Código de Processo Penal.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO – ART. 121 § 1º 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
natureza jurídica: CDP obrigatória se reconhecida pelos jurados
direito público subjetivo do réu
privilégio = quesito de defesa (arts. 483 IV e 492 I, c CPP). 
Fernando Capez “quando for reconhecido pelos jurados o homicídio privilegiado, o juiz-presidentenão deve deixar de reduzir a pena, dentro dos limites de 1/6 a 1/3. A quantidade da redução prevista no § 1º. do art. 121 ficará, esta sim, reservada ao fundamentado critério do magistrado.....se o privilégio tiver sido reconhecido pelo júri popular, o juiz está obrigado a respeitar a soberania do veredicto, não havendo que se falar em faculdade”.
Há 3 hipóteses que configuram circunstâncias subjetivas e pessoais e, portanto incomunicáveis no concurso de agentes (art. 30 CP).
 
1º.Relevante valor social: é o valor que diz respeito aos interesses ou fins da vida coletiva. Ex.: homicídio praticado contra um traidor da pátria ou homicídio praticado contra um político corrupto que lesou os interesses da coletividade.
2º. Relevante valor moral: é o valor que diz respeito aos interesses particulares, individuais do agente, aos sentimentos de piedade, compaixão e comiseração. Ex.: prática de eutanásia, que é o homicídio compassivo, misericordioso ou piedoso.
Eutanásia: o agenteelimina a vida de sua vítima com o intuito de poupá-la de intenso sofrimento e acentuada agonia, abreviando-lhe assim a existência.
“O valor social ou moral do motivo do crime é de ser apreciado não segundo a opinião ou ponto de vista do agente, mas com critérios objetivos, segundo a consciência ética-social geral ou senso comum” (TACrim, RT, 417/101).
 
3ª. Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima
A) domínio de violenta emoção: emoção é um sentimento abrupto que surge de rompante, se violenta, ou seja, intensa, acentuada, trata-se de um choque emocional repentino que afeta o equilíbrio psíquico, causando mitigação na capacidade de auto-controle. Trata-se, em última instância, de uma perturbação da afetividade. Em suma: o agente encontra-se dominado por um estado de ânimo transitório que domina sua noção de censurabilidade. 
Conforme lição de Fernando Capez:
emoção = transitória perturbação da afetividade, abrupta, súbita, repentina. Ex.: ira momentânea
paixão = emoção em estado crônico, estado contínuo de perturbação afetiva em torno de uma idéia fixa, lenta, duradoura, arraigando progressivamente na alma humana. Ex.: ódio recalcado, ciúme deformado em possessão doentia, inveja em estado crônico
Nem uma nem outra excluem a culpabilidade (art. 28, I CP). Todavia, A EMOÇÃO pode conduzir ao privilégio no 121, sendo que a PAIXÃO É IRRELEVANTE para efeitos de concessão do 121, §1º. Assim, homicídio passional é 121 caput ou qualificado por motivo fútil ou torpe. 
Em suma quer se dizer que: violenta emoção ≠ paixão ≠ vingança
Ademais difere o art. 121, § 1o do art. 65, III, b ≠.
B) logo após: imediatidade; premeditação afasta o privilégio
C) provocação da vítima: proporcionalidade, razoabilidade entre a provocação e a reação. A reação deve ser PROPORCIONAL à provocação que a motivou.
 
Fernando Capez “emoção violenta refere-se à intensidade da emoção. É aquela que se apresenta forte, provocando um verdadeiro choque emocional. Somente se violenta autoriza o privilégio, de forma que, se o agente, diante de uma injusta provocação, reage a sangue frio, não terá direito à minorante”.
Nelson Hungria “o indivíduo que comete o crime sob domínio de violenta emoção não tem anulada a sua capacidade de entendimento e de autodeterminação já que tanto a emoção quanto a paixão são sentimentos inerentes ao homem comum.......não há substituição ou abolição da consciência”.
Fernando Capez “Observe-se que se diante da provocação injusta houver necessidade do agente utilizar-se de defesa, podemos, estar diante de uma hipótese de excludente de ilicitude, consistente na legítima defesa”
HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2º - Pena — reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Homicídio qualificado: o homicídio recebe a denominação de qualificado naqueles casos em que os motivos que o determinam, os meios ou os recursos empregados pelo agente, revelam ser ele portador de acentuada periculosidade, fazendo com que a vítima tenha menores possibilidades de defesa. São casos, em conseqüência, de homicídios mais graves que o homicídio simples.
Crime hediondo: o homicídio qualificado é crime hediondo (art. 1º, I, da Lei n 8.072/90).
Dispositivo alterado pela lei 13.104/15 que acrescentou o feminicídio como crime hediondo – art. 121 § 2º., VI CP
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I — mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo torpe: nesse caso, responde pelo homicídio qualificado não apenas quem pagou como também quem recebeu o dinheiro ou recompensa, que não precisa, necessariamente, representar uma vantagem econômica. Alguns doutrinadores costumam chamar o homicídio mediante paga ou promessa de recompensa de homicídio mercenário.
Outro motivo torpe: é o motivo imoral, desprezível, vil, que contrasta com a moralidade média. 
	“É certo que a vingança, por si só, não torna torpe o motivo do delito, já que não é qualquer vingança que o qualifica. Entretanto, ocorre a qualificadora em questão se o acusado, sentindo-se desprezado pela amásia, resolve vingar-se, matando-a” (TJSP, RT, 598/310).
HOMICÍDIO QUALIFICADO
II — por motivo fútil;
Motivo fútil: é o motivo insignificante, sem importância; significa a desproporção entre o motivo e a prática do crime, é a motivação mesquinha, notadamente desproporcional.
Ex.: incidente de trânsito, rompimento de namoro, vítima “olhando feio”, vítima ri de assassino, pequena discussão sobre futebol, religião, política, etc...
“A futilidade deve ser apreciada segundo quod plerumque accidit. O motivo é fútil quando notadamente desproporcionado ou inadequado, do ponto de vista do homo medius e em relação ao crime de que se trata. Se o motivo torpe revela um grau particular de perversidade, o motivo fútil traduz o egoísmo intolerante, prepotente, mesquinho, que vai até a insensibilidade moral” (TJSP, RJTJSP, 73/310).
OBS.: motivos torpe e fútil são circunstâncias subjetivas e incomunicáveis no concurso de agentes (art. 30 CP),
HOMICÍDIO QUALIFICADO
	III — com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
São CIRCIUNSTÂNCIAS OBJETIVAS (comunicáveis no concursos de agentes (art. 30 CP) ), referentes ao MEIO EMPREGADO, ao instrumento do crime
interpretação analógica
Venefício: o homicídio cometido com emprego de veneno (necessita perícia médica para averiguar a causa mortis)
asfixia = mecânica, tóxica. Ex.: enforcamento, esganadura, afogamento, soterramento causam a ANOXEMIA (falta de oxigênio no sangue)
Tortura:
Meio insidioso: é o dissimulado em sua eficiência maléfica, meio oculto, disfarçado. Ex.: sabotagem de freio de veículo, veneno, armadilha, 
Meio cruel: é o que aumenta o sofrimento do ofendido, ou revela uma brutalidade acentuada; causa sofrimento desnecessário à vítima revelando brutalidade incomum. Ex.: tortura, sadismo, pisoteamento, pontapés, privação de alimentos ou água
Meio que possa resultar perigo comum: Ex.: incêndio, explosão, desabamento, bomba, incêndio em transporte coletivo
HOMICÍDIO QUALIFICADO
	IV — à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
São CIRCIUNSTÂNCIAS OBJETIVAS (comunicáveis no concursos de agentes (art. 30 CP) ), referentes ao MODO DE EXECUÇÃO do delito
interpretação analógica
Regra geral: são condutas que dificultam ou impossibilitam a defesa da vítima, onde o agente esconde seu propósito criminoso agindo de forma sorrateira, inesperada. Em suma o agente esconde ou disfarça o seu propósito criminoso
Traição: é a deslealdade, a falsidade, quebra de fidelidade e confiança entre autor e vítima. Ex.: familiares; amantes; namorados
Emboscada: é a tocaia, o esconderijo, consistente no fato de o agente esperar dissimuladamente a vítima em local de passagem para o cometimento do crime.
Dissimulação: é a ocultação da vontade ilícita, visando pegar o ofendido desprevenido. Ex.: agente que finge ser amigo da vítimacom o intuito de apanhá-la desprevenida na prática do crime.
Outro recurso: deve ser apto a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima.
HOMICÍDIO QUALIFICADO
	V — para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
São CIRCIUNSTÂNCIAS SUBJETIVAS (incomunicáveis no concursos de agentes (art. 30 CP) ), referentes ao MOTIVOS do delito
 
1ª. CONEXÃO TELEOLÓGICA OU FINALÍSTICA: primeiro comete o 121 com um finalidade específica, qual seja, assegurar a execução de um crime posterior)
Cezar Roberto Bittencourt “o homicídio é cometido para garantir a prática de outro crime”.
1º. homicídio; 2º. outro crime. Ex.: matar o marido para estuprar a mulher
não se exige a efetiva prática do 2º. crime, comprovado o fim já basta para qualificar o delito, assim, a desistência do 2º. crime após a consumação do 1º. não impede a qualificadora
2ª. CONEXÃO CONSEQUENCIAL: homicídio é conseqüência de um outro crime previamente praticado
ocultação do crime / impunidade,ou seja, para evitar o descobrimento de um delito. Procura através do homicídio esconder a materialidade de um delito OU sua autoria
1º. outro crime; 2º. Homicídio. Ex.: matar testemunha, matar comparsa delator do crime
Desde que praticados ambos os delitos haverá conexão art. 76 CPP
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO – FEMINICÍDIO (LEI 13.104/15)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2o-A (LEI PENAL EXPLICATIVA) - Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aumento de pena - § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR)
Art. 2o O art. 1o da Lei no 8.072 (CRIMES HEDIONDOS) passa a vigorar com a seguinte alteração:
“Art. 1o   I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI);
Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
Brasília, 9 de março de 2015; 194o da Independência e 127o da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Eleonora Menicucci de Oliveira
Ideli Salvatti
 
HOMICÍDIO DUPLAMENTE /TRIPLAMENTE QUALIFICADO
No critério trifásico de aplicação da pena 1 circunstância será utilizada como qualificadora, para as outras há 2 correntes:
1ª. serão agravantes do art. 61 CP se assim estiverem previstas, caso contrário serão consideradas como circunstâncias judiciais do art. 59 CP; 
2ª. serão unicamente consideradas como meras circunstancias judiciais desfavoráveis do art. 59 CP, pois, conforme redação do art. 61 não podem ser agravantes se já qualificam o delito (interpretação literal do 61)
 
PREMEDITAÇÃO
premeditar = resolver com antecipação e refletidamente
Significa maior grau de depravação, perversidade OU resistência à prática criminosa?
reserva legal – não está prevista como qualificadora, sendo assim, é mera CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL (ART. 59 CP) a ser considerada na 1ª. fase de aplicação da pena 
 
QUESTÕES 
Como diferenciar o art. 121, §2º., III qualificado pela tortura do crime de tortura seguido de morte previsto no art. 1º § 3º. Lei 9455/97?
A repetição de golpes ou disparos ou ainda o instrumento utilizado para a prática criminosa podem, por si só, serem considerados meio cruel?
Como diferenciar o art. 121, § 2o., III qualificado pelo perigo comum dos crimes contra a incolumidade pública que resultem em morte (arts. 250 a 259 c.c 258 CP)?
Qual a diferença entre efetuar disparo nas costas da vítima e efetuar disparos pelas costas? Qual destes configura a qualificadora do art. 121 § 2º. IV CP?
A Superioridade numérica, de armas ou em força física podem, por si só, configurar a qualificadora do art. 121 § 2º. IV CP? ?
É possível que o crime de homicídio seja ao mesmo tempo privilegiado e qualificado? No caso de resposta positiva essa figura híbrida seria crime hediondo?
HOMICÍDIO CULPOSO
Art. 121 § 3º CP Se o homicídio é culposo – Pena: detenção, de um a três anos.
Princípio da especialidade: art. 302 CTB – homicídio culposo de trânsito – pena: detenção de 1 a 4 anos 
Art. 121 § 4o – causa de aumento de pena – 2 partes: 
1ª.: No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
ERRO MÉDICO = morte advém de culpa, médico se omite ou atua em desacordo com procedimento médico. Há quebra do dever de cuidado pelo médico. Ex.: ministrar dose excessiva de remédio, intervenção cirúrgica sem exames necessários, diagnóstico errôneo por falta de solicitação de exames rotineiros, dar alta sem as devidas cautelas 
2ª.: Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
Art.121 § 5º. - Trata-se de PERDÃO JUDICIAL previsto, somente para a modalidade culposa (inclusive de trânsito), como extinção da punibilidade no art. 107, IX CP (poena naturallis)
Súmula 18 STJ A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
25
 
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: 
No caso de condutor embriagado ou participando de racha, se resultar morte em um acidente, haverá crime culposo (culpa consciente) ou doloso (dolo eventual)?
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO- art. 122
	
Conceito de suicídio: é a deliberada destruição da própria vida.
Punição do suicídio: o ordenamento penal brasileiro não pune o suicídio, por impossibilidade de aplicação de sanção (princípio da pessoalidade da pena), tampouco a tentativa dele, pelas seguintes razões de política criminal:
princípio da reserva legal 
ineficácia da função preventiva da pena (prevenção especial) 
princípio da alteridade 
princípio da necessidade ou idoneidade do DP 
artigo 146, parágrafo 3º., II CP = fato atípico
EXCEÇÃO: hipótese em que tentativa de suicídio = infração penal – fraudar seguro = 171 § 2º. V CP
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
• Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, excluindo-se, evidentemente, aquele que se suicida ou tenta se matar.
Sujeito passivo: é a pessoa capaz de ser induzida, instigada ou auxiliada a suicidar-se, desde que determinada
se indeterminada = fato atípico. Ex.: obra literária; música
se de resistência nula – sem resistência ou discernimento = art. 121 (autoria mediata). Ex.: criança, deficiente mental; embriaguez completa
QUESTÃO: QUAL DELITO COMETE O AGENTE QUE DOLOSAMENTE INDUZ UM MENOR DE 13 ANOS A TIRAR A PRÓPRIA VIDA? E SE A VÍTIMA FOR UM DOENTE MENTAL?
Elemento objetivo do tipo - Conduta: vem expressa pelos verbos induzir, instigar ou prestar auxílio ao suicídio.
Participação moral em suicídio: é praticada por meio do induzimento e da instigação.
Participação material em suicídio: é praticada por meio do auxílio ao suicídio. Auxílio deve ser secundário. O autor do art. 122 NÃO deve realizar qualquer ato que lesione ou elimine a vida da vítima, caso contrário, cometerá art. 121. 
Ex.: puxar a corda no enforcamento = 121; segurar faca contra a qual a vítima se projeta = 121; forçar alguém tomar veneno = 121; forçar alguém disparar contra o próprio corpo = 121. 
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
Elemento subjetivo: é o dolo, caracterizado pela vontade livre e consciente de induzir, instigar ou auxiliar a vítima na prática do suicídio (animus de seriedade)
Não há previsão para o crime culposo.
Consumação: trata-se de crime de resultado condicionado ou vinculado pelo qual a consumação somente ocorre com o resultado morte ou lesãocorporal de natureza grave. O fato será atípico caso não haja lesão ou somente lesão leve.
Tentativa: não se admite
 Morte da vítima: se a vítima tenta suicidar-se e vem a falecer, pune-se o participante com a pena de 2 a 6 anos.
Lesão corporal de natureza grave: se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal grave, a pena é de 1 a 3 anos.
Lesão corporal de natureza leve: se o suicida sofre lesão corporal de natureza leve, o fato não é punível.
 
Em suma o mero ato de induzir, instigar ou prestar auxílio a suicídio alheio, por si só, não configura delito, pois, para a consumação o tipo penal exige a produção dos resultados morte ou lesão grave. 
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
	Parágrafo único. A pena é duplicada:
I — se o crime é praticado por motivo egoístico;
Julio F. Mirabete “fim que revela profundo desprezo do agente pela vida alheia ao sobrepor-lhe interesses pessoais”. 
Ex.: herança, emprego, beneficiário de seguro, rivalidade amorosa
II — se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
menor = A doutrina não é unânime mas entende-se que menor é o sujeito entre 14 e 18 anos. Se tiver menos de 14 anos trata-se de homicídio (autoria mediata)
capacidade de resistência diminuída = doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e embriaguez completa.
Questões
Qual delito comete os sobreviventes do jogo Roleta Russa?
Suponha que Tício tenta se matar mediante disparo de arma de fogo da qual não tem porte legal. Frustrada sua morte, pois,o disparo não atingiu região vital é possível sua incriminação pelo porte ilegal de arma?
Suponha que Tício desejando suicidar-se sob em uma torre de alta tensão interrompe o fornecimento de energia elétrica por 12 hrs. Neste caso, frustrado o suicídio é possível puni-lo pelo art.266CP? 
Suponha que Tício, à noite e em local ermo, pretendendo se matar dispara contra a própria cabeça, no entanto, inacreditavelmente erra o alvo e alveja fatalmente um 3º que se encontrava andando a esmo no meio de um milharal, levando-o à morte. Neste caso, Tício comete algum crime?
QUESTÕES – propostas por Damásio E. de Jesus; Fernando Capez; Cezar Roberto Bitencourt 
Premissa: Pacto de Morte (câmara de gás): parte-se da premissa de que duas pessoas visam deliberadamente suicidar-se e para tanto ingressam em uma câmara de gás. O colega”C” sabe do plano de “A” e “B”. Solucione as 6 situações abaixo: 
a) “A” abre a torneira de gás e “B” morre
	“A” = 121 pois executou ato de matar
b) “A” abre a torneira de gás sofrendo lesão corporal grave, “B” também sofre lesão corporal 
	“A” = 121 tentado “B” = 122
c) “A” abre o gás e morre, “B” sobrevive
	“B” = 122
d) “A” e “B” abrem o gás e ambos sobrevivem
	“A” “B” = 121tentado pois ambos executam ato visando matar
e) “C” abre o gás, “A” e “B” sofrem lesões graves
	“C” = 121 tentado em concurso formal impróprio ( art. 70, caput, 2a. parte) pois executa ato de matar em relação a “A” “B”
	“A” e “B” = 122 um em relação ao outro
f) “C” abre o gás, “A” e “B” sofrem lesões leves
	“C” = 121 tentado em concurso formal impróprio
	“A” e”B” = fato atípico pois 122 não pune lesão leve.
INFANTICÍDIO-ART.123
	Conceito de infanticídio: é a supressão da vida do nascente ou neonato, pela própria mãe, durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal.
		
Objetividade jurídica: a proteção do direito à vida extra-uterina do nascente ou neonato.
Diferença entre infanticídio e aborto
Infanticídio : durante o parto ou logo após este; 
Aborto: a partir da nidação e antes do início do parto
Início e término do parto: o parto inicia com a contração do útero e o deslocamento do feto, terminando com a expulsão da placenta
Início: com dilatação do colo do útero OU com o rompimento do saco aminiótico
Término: expulsão da placenta
INFANTICÍDIO
Sujeito ativo: o infanticídio é um crime próprio, tendo como sujeito ativo somente a parturiente mãe da vítima (atenção art. 30!)
Sujeito passivo: é o nascente ou o neonato.
Conduta: vem expressa pelo verbo matar, como acontece no homicídio
Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma culposa. 
Se a mãe matar o próprio filho culposamente, responderá por homicídio culposo, ainda que esteja sob a influência do estado puerperal.
INFANTICÍDIO
Elemento normativo do tipo = Influência do estado puerperal
é necessário para a caracterização do infanticídio não só que a mãe tenha agido sob a influência do estado puerperal, mas também que o fato ocorra durante o parto ou logo após.
Sendo assim, não restará configurado infanticídio somente porque a morte do nascente ou neonato ocorreu durante o parto ou logo após este
Estado puerperal: é o conjunto das perturbações psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do fenômeno parto.
Logo após o parto: a expressão logo após deve ser conceituada à luz do caso concreto, entendendo-se que há delito de infanticídio enquanto perdurar a influência do estado puerperal. Dessa forma, enquanto permanecer a mãe sob a influência do estado puerperal, terá lugar a expressão logo após o parto.
Natureza jurídica do estado puerperal
elementar normativa do tipo. 
Cezar Roberto Bitencourt “a influência do estado puerperal, como elemento normativo do tipo, deve conjugar-se com outro elemento normativo, este de natureza temporal, qual seja, durante o parto ou logo após”.
“estado puerperal é elementar do 123 cuja ausência ocasiona a atipicidade relativa do fato surgindo o 121”. 
Se não houver o estado puerperal = 121
se parturiente agiu com dolo = 121 doloso
se parturiente agiu com culpa = 121 culposo.
INFANTICÍDIO
Consumação: ocorre com o resultado morte do nascente ou neonato. Trata-se de crime material.
Concurso material com ocultação de cadáver do art. 211 CP. 
Se a conduta da parturiente recair sobre natimorto = art. 17 CP por impropriedade absoluta do objeto
Tentativa: admite-se, desde que o resultado não ocorra por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Erro sobre a pessoa: se a mãe matar filho de outrem, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, pensando tratar-se de seu próprio filho, haverá hipótese de erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, do CP), respondendo ela por infanticídio (putativo).
QUESTÕES ENVOLVENDO O CRIME DE INFANTICÍDIO, CONCURSO DE AGENTES E O ART. 30 CP
PREMISSA: pressupondo a existência dos elementos normativos do tipo “sob a influência do estado puerperal durante ou logo após o parto”, assim como, considerando a regra do art. 30 CP solucione as situações abaixo:
1ª. Terceiro induz e a parturiente mata o próprio recém-nascido
2ª. Parturiente induz e o terceiro mata o próprio recém-nascido daquela
3ª. Parturiente e terceiro praticam a conduta nuclear do tipo, matar o próprio recém-nascido
TUTELA PENAL DA VIDA INTRA-UTERINA – REGIME JURÍDICO PENAL DO ABORTO – ARTS. 124 a 128 CP
CONCEITOS
Damásio E. de Jesus “é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto (produto da concepção)”.
Fernando Capez resume “consiste na eliminação da vida intra-uterina”.
ESPÉCIES: aborto natural, acidental (culposo = fato atípico), criminoso (arts. 124 a 126 – sempre doloso) ou legal (art. 128). 
 
OBJETIVIDADE JURÍDICA - vida intra-uterina
OBS.: o crime de aborto praticado sem o consentimento da gestante é pluriofensivo (art. 125) também se protege a incolumidade física e psíquica da gestante
Art. 17 - crime impossível por absoluta ineficácia do meio. ex.: rezas, despachos, benzeduras, “tentativas espirituais” ou substâncias absolutamente não abortivas.
QUESTÃO: qual o início da vida para fins de tipificação do crime de aborto?
a gravidez termina com o início do parto, ou seja, com a dilatação do colo do útero ou com o rompimento do saco aminiótico momento em que poderá ocorrer 121 ou 123 CP.
 
ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO: crime de forma livre e, em regra comissivo.
QUESTÃO: É possível cometer crime de aborto por omissão? 
OBS.: artigo 20 LCP “anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto”
CONSUMAÇÃOE TENTATIVA
Crime material e instantâneo de efeitos permanentes
Deve-se comprovar o nexo causal entre as manobras abortivas e a eliminação da vida do feto. Se a conduta que leva à morte ocorre após o nascimento = 123 ou 121
Aborto = crime que deixa vestígios sendo obrigatório o exame de corpo de delito direto, ou na sua impossibilidade indireto (arts. 158 e 167 CPP). 
 
QUESTÕES BASEADAS NA DOUTRINA DE JULIO F. MIRABETE E FERNANDO CAPEZ 
1ª. Quais delitos comete o agente que realiza manobra abortiva causando a expulsão do feto com vida, mas, posteriormente, realiza nova conduta matando-o?
2ª. Quais delitos comete o agente que, ciente da gestação, mata a gestante?
 
3ª. Quais delitos comete o agente que pratica aborto com fetos gêmeos?
4ª. Comete delito o agente que dolosamente destrói tubo de ensaio com óvulo fertilizado pronto para a prática de fertilização in vitro?
5ª. À luz da tipicidade conglobante explique porque o uso de pílulas anticoncepcionais, DIU ou pílula do dia seguinte não configuram crime de aborto?
 
ABORTO
PUNÍVEIS
ART. 124 - AUTO ABORTO E ABORTO CONSENTIDO
ART. 125 – ABORTO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE
ART. 126 – ABORTO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE
IMPUNÍVEIS
ART. 128
FETO ANENCEFÁLICO
1ª. Parte = AUTO-ABORTO
2ª. Parte = ABORTO CONSENTIDO
ART. 124 – AUTO-ABORTO E ABORTO CONSENTIDO
	O dispositivo deve ser dividido em duas partes:
1ª. parte - Auto-aborto: crime de mão própria, ocorre quando a gestante provoca aborto em si mesma.
2ª. Parte - Aborto consentido: crime de mão própria, ocorre quando a gestante consente que terceiro lhe provoque o aborto. 
o terceiro que praticou os métodos abortivos responderá pelo crime do art. 126 do CP (exceção pluralística à teoria monista no concurso de agentes).
Crime de mão própria é aquele que admite participação mas não co-autoria. Assim, é possível que não gestante responda pelo art. 124 como partícipe.
Ex.: Tício induz gestante a praticar auto-aborto
ARTIGO 125 – ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE
Dupla objetividade jurídica e dupla subjetividade passiva (crime pluriofensivo) 
1ª. Vida intra-uterina titularizada pelo feto
2ª. Integridade física, saúde da gestante
Dissentimento da gestante = elementar do tipo
Espécies de dissentimento:
eal = obtido mediante violência física, grave ameaça ou fraude. 
presumido – consentimento juridicamente inválido = art. 126 § único
ARTIGO 126 – ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE
Ressalte-se a irrelevância jurídico-penal do consentimento da gestante na prática abortiva, pois, esta não pode dispor sobre um direito que não lhe pertence, ou seja, não sendo a titular do direito à vida do feto não pode dispor deste direito fundamental, indisponível e irrenunciável.
SUJEITO ATIVO – crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa
se a gestante consente não é partícipe do 126, mas autora do 124 (aborto consentido)
se a gestante realiza manobras abortivas não é co-autora do 126, mas autora do 124 (auto-aborto), 
Em ambas há uma EXCEÇÃO PLURALÍSTICA À TEORIA MONISTA NO CONCURSO DE AGENTES
SUJEITO PASSIVO – feto
a gestante não é sujeito passivo do 126, pois ao consentir com a prática abortiva se torna autora do 124 na modalidade aborto consentido
 
QUESTÃO
Tício induz seu filho Junior a praticar aborto em sua namorada Serafina. A gestante somente consente com a prática abortiva porque sua mãe a convenceu, pois, uma gravidez neste momento atrapalharia seu desenvolvimento no curso de Direito. Das manobras abortivas ocorre a morte do feto. Quais crimes os envolvidos cometeram? Há concurso de agentes entre eles?
ARTIGO 127 – CAP PRETERDOLOSA 
O agente atua com dolo em relação à prática abortiva e culpa quanto à lesão corporal grave ou morte da gestante
Hipóteses: se dos métodos abortivos resultar lesão corporal grave ou morte culposa da gestante
Aplicabilidade, alcance da CAP: interpretação literal do art. 127 nos dois artigos anteriores
O 127 somente poderá ser aplicado nos casos dos crimes previstos nos arts. 125 e 126,
NUNCA COMBINÁ-LO COM O ART. 124. Assim, se “A” induz gestante a praticar auto-aborto, esta o faz e acaba morrendo. “A” não responderá pelo art. 124 c.c 127 mas como partícipe do 124 em concurso formal próprio com homicídio culposo (art. 121 § 3º.)
Tentativa e art. 127 CP: Como se trata de CAP preterdolosa desde que incida este dispositivo não há que se falar em crime tentado, pois, crime preterdoloso não admite tentativa. Assim, haverá aborto consumado mesmo se no fato a gestante vier a óbito (imprudência) e o feto não! 
ART. 128 - ABORTOS LEGAIS
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
NATUREZA JURÍDICA – 2 CORRENTES:
1ª. Causas de exclusão de culpabilidade: não se pode dizer, a rigor, que o Código Penal permite o aborto nessas hipóteses, que consistiriam em verdadeiras causas excludentes da ilicitude. A melhor solução é mesmo a de considerar essas hipóteses previstas em lei como causas de exclusão da culpabilidade, em que persistiria o crime, ausente apenas a punibilidade.
2ª. Causas de exclusão de ilicitude: há autores que entendem tratar-se de causas excludentes de ilicitude, já que, pela redação do dispositivo, o aborto, nesses casos, é fato lícito.
 
	I — se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto necessário ou terapêutico: praticado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Natureza jurídica: Estado de necessidade de terceiro a ensejar a exclusão da ilicitude da conduta do médico, exclusão esta que também alcançaria aquela pessoa que não tivesse tal qualidade profissional, como no caso de parteiras etc, por força do art. 24 CP.
II — Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
aborto sentimental ou humanitário, piedoso ou ético
Requisitos legais
Prova da materialidade
Consentimento
IMPORTANTE!! É necessária prévia autorização judicial (alvará) para a realização do aborto em caso de gravidez resultante de estupro? NÃO
 
A excludente somente alcança aqueles praticados por médico, subsistindo o crime se for praticado por qualquer outra pessoa. Ex.: após ser estuprada gestante pratica auto-aborto = crime
 
PESQUISA PARA APROFUNDAMENTO DA MATÉRIA
EXPLIQUE FUNDAMENTADAMENTE O POSICIONAMENTO DO STF QUANTO À POSSIBILIDADE OU NÃO DO ABORTO EM CASO DE FETO ANENCÉFALO? ESTE FATO ENCONTRARIA GUARIDA NO ART. 128 CP?
DICA: pesquisar a ADPF 54
DAS LESÕES CORPORAIS
MÓDULO II 
ART. 129 - LESÃO CORPORAL
Objetividade jurídica: integridade corporal ou saúde
1 Ofensa à integridade corporal consiste no dano anatômico prejudicial ao corpo humano. 
	Damásio E. de Jesus “modificação do organismo humano por intermédio de ferimentos, mutilações, equimoses, etc”.
2 Ofensa à saúde é a provocação de perturbações de caráter fisiológico, funcional em algum órgão ou sistema do corpo humano (
3 De outrem: princípio da alteridade, assim, não se pune a auto-lesão
Sujeito Ativo = 
Regra: crime comum que pode ser cometido por qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido.
Exceção: crime próprio nos § 9º., 10, 11 
 
Sujeito Passivo = qualquer pessoa
qualificadora em razão do sujeito passivo: nos §§1º., IV e 2º., V; §§ 9º., 10, 11;
CAP em razão do sujeito passivo: no §7º. 
LESÃO CORPORAL
Elemento subjetivo: em regra é o dolo (animus laedendi). A modalidade culposa consta do § 6º. Há qualificadoras preterdolosas nos §§1º., 2º., 3º.
Se o agente emprega violência ultrajante, com intenção de humilhar a vítima, estamos diante do crime de injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal).
Princípio da consunção: se a lesão corporal for meio de execução necessário para a prática de outro delito mais grave será por este absorvido. Ex.: roubo; extorsão; extorsão mediante sequestro; estupro
Consumação = no momento da ofensa à integridade física ou à saúde (crime material).
Tentativa = é possível. A tentativa de lesão corporal difere da contravenção de vias de fato, pois, na contravenção o agente não tem intenção de lesionar a vítima (exemplo: empurrão).Concurso de crimes x princípio da consunção
	Em muitos crimes, como no roubo, por exemplo, a violência é utilizada como meio de execução. O que ocorrerá se da violência decorrer lesão leve? 
	
	No silêncio da lei a respeito do resultado violência, conclui-se que a lesão leve fica absorvida (exemplo: roubo, extorsão, estupro, atentado violento ao pudor, crime de tortura etc.). 
	Se, no entanto, a lei expressamente ressalvar a aplicação autônoma do resultado da violência, o agente responderá pelos dois crimes, sendo somadas as penas (exemplo: injúria real, constrangimento ilegal, dano qualificado, rapto, exercício arbitrário das próprias razões, resistência etc.). 
. 
 
Ação penal
Art. 129 caput e § 6º. – lesão corporal leve e culposa
Art. 129 § 1º., 2º., 3º. - lesões corporais grave gravíssima e seguida de morte
APPública incondicionada
Art. 129 § 9º., 10, 11 – lesões LEVES, graves, gravíssimas envolvendo certos parentescos e violência doméstica
APPública condicionada à representação do ofendido (art. 88 Lei 9099/95)
APPública incondicionada
Qto ao § 9º. lesão leve envolvendo violência doméstica o STF decidiu que é Incondicionada a ação 
 
Lesão corporal seguida de morte 
art. 129 § 3º.
Lesão corporal gravíssima 
art. 129 § 2º.
Contravenção penal de vias de fato – é a agressão que não produz dano à integridade corporal ou saúde 
art. 21 LCP
Lesão corporal grave 
art. 129 § 1º.
Lesão corporal leve – produz dano à integridade física ou saúde 
art. 129 caput
ART. 129 §1º. - LESÃO CORPORAL GRAVE
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão.
Inciso I – se resulta incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
O resultado agravador pode ser culposo ou doloso.
É necessário o exame complementar, realizado no primeiro dia após o período de 30 dias, para comprovar a materialidade da lesão grave (Art. 168 CPP). O prazo de 30 dias é contado nos termos do artigo 10 do Código Penal.
Ocupação habitual é qualquer atividade rotineira na vida da vítima, tal como estudar, andar, praticar esportes etc., exceto a considerada ilícita.
Damásio E. de Jesus “...não se refere especificamente ao trabalho do ofendido, mas às suas ocupações da vida em geral como...o trabalho, o asseio corporal, a recreação, etc......A relutância, por vergonha, de praticar as ocupações habituais, não agrava o crime 
Trata-se de um exemplo de crime a prazo.
58
Inciso II – se resulta perigo de vida
É uma hipótese preterdolosa, pois o sujeito não quer a morte. Se o agente queria o resultado morte, responderá por tentativa de homicídio.
O perito deve dizer claramente em que consistiu o perigo de vida (perigo concreto). Ex.: houve perigo de vida porque a vítima perdeu muito sangue; inchaço cerebral; ruptura de artéria femural; rompimento de órgão vital; etc.), e o Promotor de Justiça deve transcrever na denúncia.
59
Inciso III – se resulta debilidade permanente de membro, sentido ou função.
membros = braço, antebraço, mão, coxa, perna (canela), pés;
sentido = visão, olfato, audição, paladar e tato;
função = respiratória, reprodução, hepática, renal, circulatória, etc.
Debilidade = redução da capacidade funcional. A debilidade deve ser permanente, ou seja, duradoura, mas não precisa ser eterna, basta que seja de recuperação incerta e improvável e cuja cessação eventual ocorrerá em data incalculável (permanente não é a mesma coisa que perpétua).
A debilidade não se confunde com a perda ou inutilização do membro, sentido ou função, hipóteses de lesão corporal gravíssima, disciplinadas no § 2.º. 
60
Inciso IV – aceleração do parto 
	
	Caracteriza-se pela antecipação da data do nascimento. Pressupõe o nascimento com vida. Para evitar a responsabilidade objetiva, é necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.
61
 ART. 129 § 2º. - LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
 Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos. 
	Inciso I – se resulta incapacidade permanente para o trabalho
É mais específico que o § 1.º, inciso I. A incapacidade deve ser permanente (a lei não diz perpétua) e deve abranger qualquer tipo de trabalho (posição majoritária).
Para uma corrente minoritária, a incapacidade da vítima deve impossibilitar o trabalho que ela exercia anteriormente.
Inciso II – se resulta enfermidade incurável
QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA
1ª. Qual crime comete o agente que, intencionalmente, transmite, o vírus HIV para outrem? 
2ª. A intervenção cirúrgica que sane a enfermidade afasta a qualificadora?
62
	Inciso III – se resulta perda ou inutilização de membro, sentido ou função
A perda pode se dar:
por mutilação: ocorre pela própria ação lesiva; é o corte de uma parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da mão etc.);
por amputação: é a extirpação feita pelo médico, posteriormente à ação, para salvar a vida da vítima.
Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da vítima, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto para a realização de sua atividade própria. 
QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA
1ª. A perda de um dos órgãos duplos como olho, ouvido, pulmão ou rins configura lesão corporal grave (art. 129 § 1º. III) ou gravíssima (art. 129 § 2º. III) ?
2ª. A utilização de próteses ou até mesmo o reimplante do membro amputado operam a desclassificação do crime para lesões corporais leves, haja vista o desaparecimento da perda?
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	Inciso IV – se resulta deformidade permanente
Está ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes, o qual deve ser razoável, ou seja, de uma certa monta e ainda visível 
Deve ser permanente, isto é, não se reverte com o passar do tempo. 
A deformidade deve ser capaz de provocar impressão vexatória. A deformidade estética deve ser algo que reduza a beleza física da vítima.
QUESTÃO PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA: A correção do dano estético mediante intervenção cirúrgica (plástica) afasta a qualificadora? 
Damásio E. de Jesus “é a deformidade irreparável em si mesma, ou incurável pelos meios comuns...Além de visível, a lesão estética deve ser de molde a causar impressão vexatória. Assim, não obstante a deformidade, não qualificará o delito quando não causar aos olhos de terceiro má impressão quanto ao aspecto estético do ofendido”;
64
	Inciso V – se resulta aborto
Trata-se de qualificadora preterdolosa, pois, o agente atua com dolo quanto a lesão e culpa em relação ao aborto, sendo assim, apesar da ausência de dolo quanto ao aborto, é necessário que o agente saiba que a mulher está grávida. 
Se houver dolo também em relação ao aborto, o agente responde por lesão corporal em concurso formal imperfeito com aborto (artigo 70, caput, parte final). 
Há, por fim, hipótese do agente que quer provocar o aborto e, culposamente, causa lesão grave na mãe (artigo 127 CP).
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Situações envolvendo lesão corporal e aborto
Art. 129 § 2º. V preterdolo
Dolo na lesão na gestante 
culpa no aborto
Art. 125 c.c 127 preterdolo
Dolo no aborto culpa na lesão na gestante
Arts. 125 c.c 129 c.c 70, 2ª. parte
Dolo no aborto e dolo na lesão
ART. 129 § 3º. - LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 
Pena: reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
É também um crime preterdoloso no qual há dolo na lesão e culpa no resultado morte. O agente não prevê a morte, que era previsível. Por ser preterdoloso, não admite tentativa.
Se não houver dolo na agressão (lesão), trata-se de homicídio culposo.
Caracterizará progressão criminosa se houver dolo inicial de lesão e, durante a execução, o agente resolver matar a vítima. Nesse caso, responderá pelo homicídio doloso (crime mais grave).
QUESTÃO: Como diferenciar a lesão corporal seguida de morte do crime de homicídio? Qual o critério? Qual o órgão competente para julgamento do art. 129 § 3º CP? 
66
LESÃO CORPORAL 
PRIVILEGIADA
	As hipóteses de privilégio das lesões corporais são as mesmas do homicídio privilegiado. O privilégio só se aplica nas lesões dolosas. 
É uma causa de redução de pena de 1/6 a 1/3.67
SUBSTITUIÇÃO DA PENA
“O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa”, nas seguintes hipóteses:
 quando estiver presente uma das causas de privilégio (tratando-se de lesão corporal leve privilegiada, o juiz poderá reduzir a pena restritiva de liberdade ou substituí-la por multa);
 quando as lesões forem recíprocas (sem que um dos agentes tenha agido em legítima defesa).
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LESÃO CORPORAL CULPOSA
Pena: detenção de 2 meses a 1 (um) ano.
Aplicam-se todos os institutos do homicídio culposo, inclusive os que se referem às causas de aumento de pena e também às regras referentes ao perdão judicial (§§ 7.º e 8.º do artigo 129 do Código Penal). 
No Código de Trânsito Brasileiro (artigo 303) a lesão corporal culposa, com o agente na direção de veículo automotor, recebe pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e suspensão da habilitação.
Na lesão culposa, não há figura autônoma decorrente da gravidade da lesão cujo grau (leve, grave ou gravíssimo) é irrelevante para caracterizar lesão corporal culposa, afetando apenas a tipificação da pena em concreto.
69
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Pena: detenção de 3 meses a 3 (três) anos.
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
70
CRIMES CONTRA A HONRA
CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA
MÓDULO III 
 
Objetividade jurídica genérica
Julio F. Mirabete “ honra é o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos referentes a uma pessoa”.
E. Magalhães Noronha “complexo ou conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria”
Trata-se de bem imaterial relativo à personalidade da pessoa humana, bem personalíssimo, direito fundamental (art. 5º., X CF) e disponível
Por ser disponível qual efeito tem o consentimento do ofendido?
O consentimento do ofendido retira a ilicitude do fato, desde que o ofendido seja penalmente capaz (imputável e maior 18 anos). 
Em resumo, consentimento do ofendido = CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE. 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
1 Honra objetiva é o conceito que o indivíduo tem no meio social em que vive, evidenciando o juízo que os demais fazem de seus atributos. É a reputação da pessoa.
Em suma, é o sentimento ALHEIO sobre os atributos de uma pessoa. 
2 Honra subjetiva é a auto-estima que a pessoa tem, o juízo que faz de si mesma em razão de seus atributos.
juízos, valorações ou pensamentos que cada um faz a respeito dos seus próprios atributos físicos, morais, intelectuais
 
ELEMENTO SUBJETIVO - - elemento subjetivo do injusto (cunho de seriedade) vontade livre e consciente de lesionar a honra alheia (animus injuriandi vel diffamandi)
afastam a tipicidade por ausência de dolo: animus narrandi (testemunha), jocandi, defendendi, corrigendi, consulendi,criticandi, etc.
Art. 138 § 1º. somente dolo direto
exaltação emocional ou discussão: STF “não há crime contra a honra, se o discurso contumelioso do agente, motivado por um estado de justa indignação, traduz-se em expressões, ainda que veementes, pronunciadas em momento de exaltação emocional ou proferidas no calor de uma discussão”.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES CONTRA A HONRA
CRIMES DE FORMA LIVRE: cometidos por quaisquer meios de execução. 
Ex.: palavras, gestos, escritos, e-mail, orkut, blog, alteração digital de fotos (fotoshop) 
 
CRIMES FORMAIS: a consumação dispensa que o ofendido se sinta efetivamente lesionado em sua honra, bastando para tanto, que a ofensa tenha potencialidade lesiva, ou seja, probabilidade para macular sua reputação.
 
CALÚNIA: é a FALSA atribuição de FATO descrito como CRIME. 
Ex.: crimes sexuais (arts. 213; 217-A; 218; 228; 231 CP); divulgação de fotos na internet (240, 241 ECA); abandono de idosos (arts. 97, 98, 99 Lei 10. 741/03); tráfico ou porte de drogas para consumo pessoal (arts. 33 ou 28 Lei 11343/06)
 
DIFAMAÇÃO: é a imputação de FATO FALSO OU VERDADEIRO OFENSIVO à reputação do ofendido. 
Ex.: prática de homossexualismo, incesto (prática sexual consentida) com filha maior de 18 anos; prática de adultério
INJÚRIA: é a atribuição de ATRIBUTO NEGATIVO, FALSO OU VERDADEIRO (sem atribuição de fato). 
Fernando Capez “consiste ela em uma opinião pessoal do agente sobre o sujeito passivo”.
Nelson Hungria “é a manifestação, por qualquer meio, de um conceito ou pensamento que importe ultraje, menoscabo ou vilipêndio contra alguém”.
Ex.: chamar alguém de caloteiro, pederasta, homossexual, viciado, bêbado, desonesto, analfabeto, prostituta, burro, tonto. 
ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE OS CRIMES CONTRA A HONRA
1ª. CALÚNIA / DIFAMAÇÃO
em ambos há a imputação de FATO;
na calúnia o fato deve ter correspondente descrito como crime; na difamação o fato não está tipificado como crime, mas é ofensivo à reputação, ao apreço social;
na calúnia o fato imputado deve ser falso; na difamação pode ser falso/verdadeiro, o que importa é que macule a reputação do ofendido;
em ambos há ofensa à honra objetiva.
 
2ª. CALUNIA / INJÚRIA
na calúnia a imputação se refere a FATO descrito como CRIME, o qual deve ser FALSO; na injúria não há imputação de fato, mas atribuição de QUALIDADE NEGATIVA à vítima que pode ser VERDADEIRA OU NÃO;
a calúnia ofende a honra objetiva; a injúria a honra subjetiva.
3ª. DIFAMAÇÃO / INJÚRIA
na difamação há imputação de FATO VERDADEIRO ou FALSO OFENSIVO À REPUTAÇÃO DO OFENDIDO; na injúria não há imputação de fato, mas atribuição de QUALIDADE NEGATIVA à vítima, a qual pode ser VERDADEIRA OU NÃO;
a difamação ofende a honra objetiva, a injúria a honra subjetiva.
 
 
Sujeitos dos delitos
 
Sujeito ativo = crimes comuns
 
Sujeito passivo – VÍTIMA DETERMINADA. 
Se ofensa se dirigir à coletividade FATO É ATÍPICO. Ex.: chamar católicos de “papa hóstias”; chamar sem-terras de “invasores, comunistas”; bradar que todos os políticos são corruptos;  
 pessoa jurídica: 
injúria: não pode ser sujeito passivo, pois, não possui honra subjetiva. 
difamação: pode ser difamada, pois, possui reputação no meio social (honra objetiva). 
calúnia: pode ser sujeito passivo de calúnia somente quanto à imputação de crime ambiental (225, § 3º. CF; art. 3º., 4º. lei 9605/98)
 
pessoas desonradas: podem ser vítimas de calúnia: Fernando Capez “podem ser vítimas....uma vez que a honra é um bem incorporado à personalidade humana, sendo certo que jamais poderá haver sua supressão total....Ex.: prostituta (desonrada quanto à vida sexual); matador de aluguel que através da igreja se regenera e vira pastor
 mortos: 
calúnia: art. 138, § 2º. Pune-se a calúnia contra os mortos, mas neste caso sujeito passivo é o cônjuge sobrevivente, ascendentes, descendentes, irmãos, etc. 
difamação / injúria: NÃO se pune contra os mortos: não há previsão legal (reserva legal). O art. 138, § 2º. não pode ser aplicado analogicamente, pois, haveria analogia in malan partem (extensão à difamação e injúria da incriminação da calúnia contra os mortos)
neste caso, dependendo do caso concreto pode ficar configurado outro delito como art. 209 . 
CALÚNIA
	Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
	Pena — detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Objetividade jurídica: a tutela da honra objetiva da pessoa.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: tem de ser a pessoa natural, incluindo os desonrados e os inimputáveis.
Conduta: vem expressa pelo verbo imputar, que significa atribuir, propalar, divulgar.
CALÚNIA
Fato definido como crime: a imputação deve referir-se a fato definido como crime, o que exclui, desde logo,as contravenções penais. O fato definido como crime há de ser certo e determinado, concreto, específico, e não meras alusões a tipos penais sem maiores detalhes.
Imputação falsa: a imputação deve ser lançada falsamente pelo sujeito ativo, pois se o fato imputado for verdadeiro inexiste calúnia.
Vítima pessoa jurídica: Como há a responsabilização penal da pessoa jurídica, instituída pela Lei n. 9.605 (Lei dos Crimes Ambientais), há então, apenas nesse caso, ser ela sujeito passivo do crime de calúnia.
Calúnia reflexa: ocorre quando a falsa imputação de fato definido como crime a determinada vítima, atinge outra pessoa por via reflexa. 
CALÚNIA
Elemento subjetivo: é o dolo.
Elemento subjetivo específico: requer, além do dolo, para sua configuração, também, o animus diffamandi vel injuriandi, que pode ser definido como a vontade séria e inequívoca de caluniar a vítima.
“Não há crime de calúnia quando o sujeito pratica o fato com ânimo diverso, como ocorre nas hipóteses de animus narrandi, criticandi, defendendi, retorquendi, corrigendi e jocandi” (STJ, RJSTJ, 34/237).
Consumação: ocorre quando a falsa imputação de fato definido como crime chega ao conhecimento de terceira pessoa.
Tentativa: é admissível desde que a calúnia não seja verbal.
	§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
Divulgação ou propalação: o dispositivo determina a aplicação da mesma pena do caput a quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
Esta modalidade somente admite o dolo direto
	§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Calúnia contra os mortos: muito embora o morto não possa ser sujeito passivo de crimes, o § 2º do art. 138 pune, também, a calúnia contra os mortos. Nesse caso, evidentemente, os sujeitos passivos serão os familiares do morto, titulares da honra objetiva atingida pelo sujeito ativo.
EXCEÇÃO DA VERDADE
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I — se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II — se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III — se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
 Exceção da verdade: Significa que o sujeito ativo pode provar que a imputação que fez ao sujeito passivo é verdadeira, tornando atípica a conduta.
 Limites da exceção da verdade: a prova da verdade, entretanto, encontra limites nos incisos I, II e III do § 3º, hipóteses em que não poderá ser alegada pelo agente, que responderá criminalmente pela calúnia.
DIFAMAÇÃO
	Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
	Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Objetividade jurídica: é a tutela da honra objetiva da pessoa.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa, incluindo os inimputáveis e as pessoas jurídicas.
 Difamação contra os mortos: a lei não admite.
 Vítima pessoa jurídica: a doutrina e a jurisprudência têm admitido serem as pessoas jurídicas detentoras de honra objetiva, de reputação.
DIFAMAÇÃO
Conduta: vem expressa pelo verbo imputar, que significa atribuir, propalar, divulgar.
Fato ofensivo à reputação: a imputação deve referir-se a fato ofensivo à reputação da vítima, a fato desonroso, que não crime, também concreto e específico.
Fato verídico ou inverídico: o fato ofensivo pode ser verídico ou inverídico, já que a lei não exige que a imputação seja falsa, como ocorre na calúnia.
Elemento subjetivo: é o dolo.
Elemento subjetivo específico: requer, para sua configuração, além do dolo, também o animus diffamandi vel injuriandi, que pode ser definido como a vontade séria e inequívoca de difamar a vítima.
DIFAMAÇÃO
Consumação: ocorre quando a imputação de fato ofensivo à reputação da vítima chega ao conhecimento de terceira pessoa.
Tentativa: é admissível desde que a difamação não seja verbal.
	Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
 Exceção da verdade: a regra geral é a de que a difamação não permita a exceção da verdade.
 Ofendido funcionário público: a prova da veracidade do fato ofensivo pode ser feita, excepcionalmente, quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
INJÚRIA
	Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
	Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Objetividade jurídica: a tutela da honra subjetiva da pessoa, sua auto-estima e o sentimento que tem de seus próprios atributos.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa natural, com exceção, em regra, dos inimputáveis que não têm consciência da dignidade ou decoro. Neste último caso, deve ser considerado o grau de entendimento da vítima.
 Injúria contra os mortos: a lei não admite.
 Vítima pessoa jurídica: por não possuir honra subjetiva, a pessoa jurídica também não pode ser vítima de injúria.
INJÚRIA
Conduta: vem expressa pelo verbo ofender, que significa ferir, atacar. A ofensa pode ser perpetrada por qualquer meio.
Honra-dignidade: é a honra subjetiva relativa aos atributos morais da pessoa.
Honra-decoro: é a honra subjetiva relativa aos atributos físicos, sociais e intelectuais da pessoa.
Qualidade negativa: a injúria caracteriza-se pela atribuição de uma qualidade negativa ao sujeito passivo, capaz de ofender-lhe a honra-dignidade ou a honra-decoro.
 Injúria imediata: quando o próprio agente profere a ofensa.
 Injúria mediata: quando o agente se utiliza de outros meios ou formas de execução para ofender. 
 Injúria direta: quando se refere à própria vítima.
Injúria reflexa: quando, ao ofender a vítima, atinge também a honra de outra pessoa
INJÚRIA
Elemento subjetivo: é o dolo.
Elemento subjetivo específico: requer, para sua configuração, além do dolo, também o animus diffamandi vel injuriandi, que pode ser definido como a vontade séria e inequívoca de injuriar a vítima.
Consumação: ocorre quando o sujeito passivo toma conhecimento da ofensa.
Fernando Capez “para sua consumação, basta que o indivíduo se sinta ultrajado, sendo prescindível que 3os. tomem conhecimento da ofensa”.
Tentativa: é admissível desde que a injúria não seja oral.
Exceção da verdade: não se admite exceção da verdade no crime de injúria.
ART. 140 § 1º PERDÃO JUDICIAL
Aplicabilidade: somente ao crime de INJÚRIA
NATUREZA JURÍDICA: causa de extinção da punibilidade (107, IX CP);
NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA CONCESSIVA – Declaratória da extinção da punibilidade 
Súmula 18 STJ
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I — quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II — no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Provocação do ofendido: nessa hipótese, o sujeito passivo provoca o sujeito ativo até que este, fora de seu natural equilíbrio, o injuria, ofendendo-lhe a honra subjetiva. 
Retorsão imediata: nessa hipótese, a retorsão (revide à injúria que lhe foi lançada) deve ser imediata, ou seja, sem intervalo de tempo, estando as partes presentes, frente a frente. A rigor, não se trata de causa de justificação, não se exigindo, portanto, a proporcionalidade entre as ofensas. 
ART. 140 § 2º - INJÚRIA REAL
	§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
	Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Injúria real: é a que consiste na utilização, pelo sujeito ativo, não de palavras, mas de violência ou vias de fato para a prática da ofensa.
crime complexo e pluriofensivo: injúria + leão corporal leve ou vias de fato.
2 objetos jurídicos = honra subjetiva + integridade físico-corporal.
Se consistir em lesões corporais leves: consistindo a injúria real em violência, caso haja lesões corporais, haverá concurso material entre o crime deinjúria e o crime de lesão corporal.
elemento subjetivo específico - fim específico = lesões ou vias de fato são AVILTANTES, HUMILHANTES, DESONROSAS, ou seja, deve haver a intenção de humilhar, ofender, pois, são apenas meios para denegrir a honra do sujeito passivo.
Fernando Capez “ausente tal propósito outro será o delito configurado – lesões corporais ou vias de fato”.
EXS.: atirar excrementos; cusparada; jogar bebida no rosto; jogar ovos; bofetada; empurrões; puxar cabelos; rasgar a roupa; pintar o rosto
 
ESPÉCIES DE INJÚRIA REAL
 
1ª. Injúria + lesão corporal
art. 140, § 2º - preceito sancionador impõe concurso material entre injúria real e lesão leve produzida. A ação penal será pública incondicionada.
Há entendimento no sentido de que a ação penal é pública condicionada à representação do ofendido lastreado em interpretação extensiva do art. 88 lei 9099/95
 
2a. injúria + vias de fato
princípio da consunção - crime único de injúria real, vias de fato são absorvidas. A ação penal será privada.
 
ART. 140, § 3º. - INJÚRIA QUALIFICADA 
OBJETO JURÍDICO: elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, pessoa idosa ou pessoa portadora de necessidades especiais.
 QUESTÃO PARA REFLEXÃO: 
1ª. É possível alegar o imperativo da liberdade de expressão de pensamento (art. 5º. IV, CF)? 
2ª. Qual crime comete o agente que de forma ofensiva chama alguém de homossexual? (resposta no próximo slide)
3ª. Qual a diferença entre a injuria racial e o crime de racismo? Juridicamente são a mesma coisa? (resposta no próximo slide)
4ª. Qual a diferença entre o art. 140 § 3º. CP e o art. 20 Lei 7716/89? (resposta no próximo slide)
 
Injúria por preconceito e racismo: A injúria é a ofensa consistente em xingar a vítima, ressaltando-lhe a cor ou a raça, não pode ser considerado crime de racismo previsto pela Lei n. 7.716, pois não implicam atos de segregação, mas sim injúria por preconceito, também chamada de injúria racial, onde se ofende a dignidade ou o decoro da vítima.
Exs de racismo: impedir acesso à Administração Pública direta, indireta ou concessionárias (art. 3º.); negar emprego (art. 4º.); recusar serviço em estabelecimento comercial como pensão, hotel, bar, restaurante, padaria, açougue, quitanda, salão de cabeleireiro, casa de massagem, barbearia (art. 5º.); impedir matrícula em estabelecimento de ensino público ou privado (art. 6º.); impedir acesso a navio, avião, ônibus, trem, metrô (art. 12); impedir casamento, convivência familiar ou social (art. 13) 
CELSO DELMANTO “comete o crime do art. 140, § 3.º, do CP, e não o delito do art. 20 da Lei n. 7.716/89, o agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima”. (VÍTIMA DETERMINADA)
VÍTIMA INDETERMINADA = Art. 20 LEI 7716/89 Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
 
Lei 12.984/14 - Define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids.
Art. 1o  Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente:
I - recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado;
II - negar emprego ou trabalho;
III - exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV - segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade;
VI - recusar ou retardar atendimento de saúde.
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília,  2  de  junho  de 2014; 193o da Independência e 126o da República.
ART. 141-CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I — contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
Guilherme de Souza Nucci “A mácula à reputação dessas pessoas.....tende a ofender....a própria coletividade por elas representada”.
II — contra funcionário público, em razão de suas funções;
Não se confunde com o crime de desacato previsto no artigo 331 CP, pois, para a tipificação deste exige a jurisprudência a presença física do servidor público ofendido em suas funções (não há desacato via telefone, email, redes sociais, só face a face)
III — na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria;
Perante 3 ou mais pessoas. Ex.: pichação, alto-falante, megafone, e-mail, internet, redes sociais.
IV — contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria;
NÃO INCIDE SOBRE A INJÚRIA, pois, há previsão específica no art. 140, § 3º. do CP” 
 
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
ART. 142 - EXCLUSÃO DO CRIME
Natureza jurídica: causas especiais de exclusão da ilicitude
Aplicabilidade: Abrange somente a DIFAMAÇÃO E INJÚRIA, (interpretação literal e restritiva do art. 142 CP). Não abrange a calúnia 
Guilherme de Souza Nucci “o interesse da Administração Pública na apuração de crimes....afasta a possibilidade de se excluir a ilicitude no caso de ocorrência de calúnia”. 	
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
I — a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Ex.: sustentação oral; memoriais; contestação; razões recursais
a ofensa ao magistrado não se inclui na excludente configurando crime, pois, o magistrado não é parte processual
II — a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III — o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício;
Ex.: laudo pericial; relatório de Inquérito policial; denuncia do MP; decisões judiciais
IMUNIDADE JUDICIÁRIA
	I — a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Imunidade judiciária: a imunidade judiciária abrange a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador. Essa ofensa há de ser nos estritos limites da lide, prevalecendo apenas entre as partes e seus procuradores, excluindo-se o juiz e todos os demais que possam intervir na relação processual, tais como os serventuários da Justiça, os peritos ou assistentes técnicos e as testemunhas.
Imunidade profissional do advogado: com relação ao advogado, deve ser mencionado que, não obstante o teor do art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94 — Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil — conferindo-lhe irrestrita imunidade profissional, têm o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça entendido que o disposto no art. 133 da Constituição Federal deve harmonizar-se com a regra do art. 142, I, do Código Penal.
ART. 143 - RETRATAÇÃO
	Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Retratação: o ofensor que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. A injúria não admite retratação, pois se trata de ofensa à honra subjetiva (auto-estima).
Causa de extinção de punibilidade: a retratação é causa de extinção da punibilidade prevista no art. 107, VI, do Código Penal.
Cabimento: somente nos crimes que se apurem mediante ação penal privada
Ex.: não é cabível na injuria qualificada ou racial (art. 140 § 3º. c.c 145)
Retratação antes da sentença: a retratação deve ocorrer antes da sentença, entendida esta como a de primeiro grau, não se exigindo o trânsito em julgado.
Aceitação do ofendido: constitui a retratação ato unilateral, que prescinde de aceitação do ofendido.
 
	Art. 140§ 1º.	Art. 142	Art. 143
	Perdão judicial 
causa extinção da punibilidade	Causas de exclusão da ilicitude	Retratação
causa unilateral de extinção da punibilidade
	Aplicável somente ao crime de injúria	Aplicável aos crimes de difamação e injúria
NÃO se aplica à calúnia	Aplicável à calúnia e difamação
NÃO se aplica à injúria
ART. 144 - PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
	Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Pedido de explicações: tem lugar antes do oferecimento da queixa, visando a esclarecer a efetiva existência do animus diffamandi vel injuriandi do agente. 
Ofendido pode pedir ao ofensor que se explique em juízo. Tal pedido ocorre quando houver duplo sentido nas expressões proferidas, como exemplifica Fernando Capez “o maior ladrão ocupa importante cargo na diretoria”; 
Natureza jurídica - medida cautelar preparatória de futura ação penal 
 
Súmula 714 STF é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções
Art. 145 – AÇÃO PENAL
REGRA: APPrivada
EXCEÇÕES
APPIncondicionada
Injuria real resultar lesão corporal leve
APPública condicionada
Requisição do MJ – art. 141 I
Representação do ofendido – art. 140 § 3º.
Súmula 714 STF
Art. 141 
CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO
MÓDULO IV 
FURTO SIMPLES
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Objetividade jurídica: é a tutela do direito ao patrimônio, protegendo diretamente a posse e indiretamente a propriedade.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa natural.
Princípio da especialidade: Art. 312, § 1o; Art. 156 (crime próprio) 
Sujeito passivo: pode ser tanto o possuidor quanto o proprietário, sejam pessoas naturais ou jurídicas.
Consentimento do ofendido = fato atípico
FURTO
OBJETO MATERIAL: é a coisa alheia móvel 
1 Bens imateriais - Art. 184 CP
2 Bens comuns - Art. 156 CP
3 Coisas de uso comum. 
Desde que individualizadas. Ex.: água encanada, ar comprimido, terra – 155 CP
Desvio ou represamento de água corrente alheia - Art. 161, § 1o., I CP
4 Ser humano - Art. 133, 148, 159, 
5 Cadáver
Art. 155 –se houver posterior venda ou se pertencente a universidade, museus
Art. 211
6 Animais e semoventes – Art. 155 CP (furto abigeato)
7 Bens imóveis
Em regra: Não é furto – art. 161. Exceções: navios e aeronaves que são imóveis para o CC (conceito civil = irrelevante)
8 Res nullius: não há furto. Exs.: peixes do mar, conchas de praia, aves silvestres etc.
9 Res derelictae: não há furto. Exs.: objetos colocados no lixo, móveis jogados na rua ou em terrenos baldios etc.
10 Res deperdita: apropriação indébita (art. 169, II, do CP).
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Princípio da insignificância: em situações excepcionais, pode ser admitido. Esse princípio deita suas raízes no Direito Romano, onde se aplicava a máxima civilista de minimis non curat praetor, sustentando a desnecessidade de se tutelar bens jurídicos insignificantes. Assim, restaria ao Direito Penal a tutela de bens jurídicos de maior monta, deixando ao desabrigo os titulares de bens jurídicos alvo de lesões consideradas insignificantes. Esse princípio é bastante debatido na atualidade, principalmente ante à ausência de definição do que seria irrelevante penalmente (bagatela), ficando essa valoração, muitas vezes, ao puro arbítrio do julgador.
Nossos Tribunais superiores fixaram as diretrizes a serem analisadas para a incidência deste princípio (STF, 1.ª T., HC n. 94439/RS, rel. Min. Menezes Direito, j. em 3.3.2009):
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) a nenhuma periculosidade social da ação, 
(c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento 
(d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada 
	“É aplicável ao caso o princípio da insignificância, visto que o valor furtado (R$ 13,00) é ínfimo, justificando o trancamento da ação penal intentada. Precedente citado: HC 11.542-DF, j. 10.04.2000” (STJ, HC 27.218-MA, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 10-6-2003).
FURTO DE ENERGIA
	§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto de energia: a lei equiparou, para efeito de subtração criminosa, à coisa móvel, qualquer energia que tenha valor econômico (eletricidade, energia mecânica, energia térmica etc.).
	
	“Comete o delito de furto de energia, o agente que, mediante ligação direta de luz na rede elétrica da rua, sem medição de consumo, subtrai eletricidade, sendo irrelevante que a mesma tenha sido feita por preposto ou por pessoa especialmente contratada para isso, pois o crime não está na ligação clandestina, mas na subtração de energia que essa propicia” (TACrim, RJD, 26/115).
 
	Conduta: vem expressa pelo verbo subtrair, que significa assenhorear-se da coisa retirando-a de quem a possua, sem violência ou grave ameaça.			
	Art. 155 – furto	Art. 157 – roubo	Art. 168 – apropriação indébita	Art. 171 – estelionato
	Subtração sem violência ou grave ameaça
Agente NÃO tem a posse do bem, assim, tem que subtraí-lo	Subtração com violência ou grave ameaça contra a pessoa
Agente NÃO tem a posse do bem, assim, tem que subtraí-lo	Em um primeiro momento o agente tem a posse legítima do bem, no entanto, posteriormente converte a posse em propriedade indevida agindo como se fosse o dono da coisa
1º. Tem a posse legítima
2º. Propriedade indevida	O agente não subtrai o bem fazendo com que a própria vítima ludibriada o entregue. Para tanto usa de fraude a qual induz a vítima em erro culminando na entrega do bem ao sujeito ativo
FURTO
Elemento subjetivo: é o dolo (animus rem sibi habendi, animus domini ou animus furandi).
“furto famélico” = art. 24 CP
O erro acidental sobre o objeto é irrelevante
“furto de uso” = fato atípico desde que a devolução seja célere, nas proximidades do local da tirada do bem e que este se encontre nas mesmas condições de conservação
Consumação: ocorre com a retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima, não se exigindo, contudo, que a posse do sujeito ativo seja definitiva ou prolongada.
“Para que o furto seja tido como consumado, não é preciso posse definitiva ou prolongada da ‘res’ subtraída, bastando, pois, mero estado tranqüilo, ainda que transitório, de detenção da coisa. Assim, quem, exaurindo o ato delituoso, vem a ser preso em decorrência de buscas promovidas para a sua localização, tendo ainda consigo o produto do crime, responde por crime consumado e não apenas tentado” (TJSC, RT, 517/379).
Tentativa: admite-se.
STJ “o sujeito ativo é incontinenti perseguido e enquanto a vítima ou outrem, estiver em seu alcance, acompanhando-o visivelmente, ter-se-á tentativa. Enquanto perseguido notadamente a poucos passos, e logo após a conduta típica não se perfaz a subtração”.
QUESTÃO: E se o agente é impedido de consumar a subtração pois se vê impedido pelo sistema de alarme e pela fiscalização de seguranças? Neste caso haverá crime tentado ou incidirá o crime impossível?
FURTO DE USO
Furto de uso: não tipificou o legislador o chamado furto de uso, que ocorre quando o agente se apossa temporária e indevidamente de coisa alheia, sem a intenção de fazê-la sua. A jurisprudência se divide em relação à admissibilidade do furto de uso, havendo julgados que condicionam sua ocorrência à devolução da coisa no mesmo local de onde foi retirada e nas mesmas condições em que foi subtraída, sendo curto o tempo de uso.
 “O furto de uso exige para sua caracterização que a ‘res furtiva’ seja devolvida ao mesmo local de onde foi retirada, que as condições da ‘res’ sejam as mesmas na subtração e na devolução e que o tempo de uso seja curto” (TACrim, RJD, 21/170).
FURTO NOTURNO
	§ 1º A pena aumenta-se de um terço,

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