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PCPA POLÍCIA CIVIL DO PARÁ INVESTIGADOR E ESCRIVÃO Língua Portuguesa Noções de Informática Noções de Direito Administrativo Noções de Direito Constitucional Noções de Direito Civil Noções de Direito Penal Noções de Direito Processual Penal Legislação Especial GG EDUCACIONAL EIRELI SIA TRECHO 3 LOTE 990, 3º ANDAR, EDIFÍCIO ITAÚ – BRASÍLIA-DF CEP: 71.200-032 TEL: (61) 3209-9500 faleconosco@editoragrancursos.com.br Bruno Pilastre / Viviane Faria Henrique Sodré J.W. Granjeiro / Rodrigo Cardoso Ivan Lucas Eraldo Barbosa Rodrigo Larizzatti Deusdedy Solano Wilson Garcia / Leonardo de Medeiros PRESIDÊNCIA: Gabriel Granjeiro DIRETORIA EXECUTIVA: Rodrigo Teles Calado CONSELHO EDITORIAL: Bruno Pilastre e João Dino DIRETORIA COMERCIAL: Ana Camila Oliveira SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO: Marilene Otaviano DIAGRAMAÇÃO: Charles Maia, Oziel Candido da Rosa e Washington Nunes Chaves REVISÃO: Carolina Fernandes, Emanuelle Alves Melo, Hudson Maciel, Luciana Silva e Sabrina Soares CAPA: Pedro Wgilson TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – De acordo com a Lei n. 9.610, de 19/02/1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor. 10/2015 – Editora Gran Cursos GS1: 789 862 062 0 745 4 BRUNO PILASTRE Mestre em Linguística pela Universidade de Bra- sília. Professor de Redação Discursiva e Interpre- tação de Textos. Autor dos livros: Guia Prático de Língua Portuguesa e Guia de Redação Discursiva para Concursos pela editora Gran Cursos. DEUSDEDY SOLANO Servidora efetiva da Polícia Civil do DF, exercendo a função de Escrivã, formada em Direito pela UNIDF (1997) e pós graduada em Processo Penal pela Universidade Gama Filho. Professora em diversos cursos preparatórios para concursos há mais de 15 anos. Autora, pela editora Gran Cursos, do livro Direito Processual Penal – Exercícios Gabaritados. ERALDO BARBOSA Doutorando em Direito do Trabalho na UBA - Univer- sidade de Buenos Aires-AR. Graduado em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal - AEUDF (1992). Pós-Graduado em Direito Civil e Processo pela Universi- dade Cândido Mendes-RJ (2005). Pós-Graduado em Direito Eletrônico e Tecnologia da Informação pela Unigran-MS. Pós-Graduado em Direito Material e Processual do Traba- lho e Direito Previdenciário pela ATAME (2010). Advogado e professor das Faculdades Projeção e do Centro Universi- tário IESB. HENRIQUE SODRÉ Servidor efetivo do Governo do Distrito Federal desde 2005. Atualmente, é Gerente de Tecnologias de Transportes da Secretaria de Estado de Transportes do Distrito Federal. Atuou como Diretor de Tecnologia da Informação no perí- odo de 2012 a 2013. Graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e pós-graduado em Gestão Pública. Ministra aulas de informática para concursos desde 2003. Leciona nos principais cursos preparatórios do Distrito Federal. Autor do livro Noções de Informática pela editora Gran Cursos. IVAN LUCAS Pós-graduando em Direito de Estado pela Universidade Católica de Brasília, Ivan Lucas leciona a Lei n. 8.112/90, Direito Administrativo e Direito do Trabalho. Ex-servidor do Superior Tribunal de Justiça, o professor atualmente é analista do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região. Possui grande experiência na preparação de candidatos a concursos públicos. É autor, pela Editora Gran Cursos, das obras: Direito do Trabalho para concursos – Teoria e Exercí- cios; Lei n. 8.112/90 comentada – 850 exercícios com gaba- rito comentado; Lei n. 8.666/1993 – Teoria e Exercícios com gabarito comentado; Atos Administrativos – Teoria e Exercí- cios com gabarito comentado; 1.500 Exercícios de Direito Administrativo; 1.000 Exercícios de Direito Constitucional; Legislação Administrativa Compilada, dentre outras. J. W. GRANJEIRO Reconhecido por suas obras, cursos e palestras sobre temas relativos à Administração Pública, é professor de Direito Administrativo e Administração Pública. Possui experiência de mais de 26 anos de regência, sendo mais de 23 anos preparando candidatos para concursos públicos e 17 de Serviço Público Federal, no qual desempenhou atri- buições em cargos técnicos, de assessoramento e direção superior. Ex-professor da ENAP, ISC/TCU, FEDF e FGV/DF. Autor de 21 livros, entre eles: Direito Administrativo Sim- plificado, Administração Pública - Ideias para um Governo Empreendedor e Lei n. 8.112/1990 comentada. Recebeu diversos títulos, medalhas e honrarias. Destacam-se os seguintes: Colar José Bonifácio de Andrada, patriarca da Independência do Brasil (SP/2005), Professor Nota 10 (Comunidade/2005), Comendador (ABACH/2003), Colar Libertadores da América (ABACH/2003), Gente que Faz (Tribuna 2003), Profissional de Sucesso (Correio Brazi- liense/2003), Medalha do Mérito D. João VI (Iberg/Ibem/ Fenai-Fibra/Aidf/Abi-DF/2006), Cidadão Honorário de Bra- sília (Câmara Legislativa do DF/2007), Empresário do Cora- ção 2006, 2007, 2008, 2010, 2011 e 2012, Master in Busi- ness Leadership 2006, 2007 e 2009 conferido pela World Confederation of Business. RODRIGO CARDOSO Servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, o professor Rodrigo Cardoso é graduado em Direito pela Universidade Católica de Brasília e especialista em Direito Administrativo e Direito Constitucional. Professor de Direito Administrativo, Lei n. 8.112/90 e palestrante, possui grande experiência na preparação de candidatos a concursos públicos. É coautor do livro Direito Administrativo Simplificado com o professor J. W. Granjeiro. AUTORES ÉT IC A N O S ER V IÇ O P Ú B LI C O 5 RODRIGO LARIZZATTI Bacharel em Direito e Ciências Sociais pela Universi- dade Paulista/SP (1996). Pós-graduado em MBA/Metodolo- gia do Ensino Superior pela Universidade Católica de Brasí- lia – UCB (2001) e MBA/Gestão de Polícia Judiciária pelas Faculdades Fortium (2008). É Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal, professor de cursos preparatórios com larga experiência e ex-professor universitário, lecionando as dis- ciplinas de Direito Penal, Legislação Penal Extravagante e Direito Processual Penal. Ingressou na Polícia Civil do Estado de São Paulo no ano de 1991, no cargo de Agente Policial, tendo em 1992 sido novamente aprovado em cer- tame para a função de Investigador de Polícia, que exer- ceu até 1996. Aprovado em 1997 para o cargo de Agente de Polícia Federal, optou pela carreira jurídica de Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal, ingressando nos quadros da PCDF em 1999, onde permanece até hoje. Atuou na advo- cacia, nas áreas Criminal, Administrativa e Constitucional. Autor do livro Compêndio de Direito Penal pela editora Gran Cursos. TALLITA RAMINE LUCAS GONTIJO Advogada e pós-graduada em Direito e Jurisdição pela Escola da Magistratura do Distrito Federal (ESMA/DF). Foi professora de Direito Administrativo. É autora, pela edi- tora Gran Cursos, dos livros Direito Processual Civil, Ques- tões de Direito Processual do Trabalho, Casadinha - Direito Administrativo e Direito Constitucional - 500 Questões Comentadas, e coautora, em parceria com o professor Ivan Lucas de Souza Júnior, do livro Questões de Direito do Con- sumidor. WILSON GARCIA Bacharel em Direito pela UCDB, Pós-Graduado em Direito Público pela UCDB, Curso da Escola Superior do Ministério Públicos/MS. Ministra aulas de Direito Administrativo, LODF e Código de Defesa do Consumidor, das Leis 8.112/90, 8.429/92, 8.666/93, 9.784/99, 8.987/95, LC 840/11-DF, e outras legis- lações. Professor em diversos cursos preparatórios para con- cursos e preparatório paraa OAB. Diretor do site: sites.google.com/site/professorwilson- garcia; Grupo do facebook: Alunos do Prof. Wilson Garcia. Autor das obras: Série – A Prova – LODF pela Editora Gran Cursos, Direito Civil e Processual Civil. Volume 13, da Apostila Digital: “Resumão do Wilsão” - Direito Administra- tivo, do Artigo “Prescrição e Decadência no Direito Civil” - Revista Síntese, Autor dos livros digitais, pela Editora Saraiva, Principais Pontos – Volume I – Lei 8.429/92 – Improbidade Administra- tiva – 2º edição; Principais Pontos – Volume II – LODF –2º edição; Principais Pontos – Volume IV – LC 840 em Exercí- cios. LÍNGUA PORTUGUESA ..................................................................................................................................7 NOÇÕES DE INFORMÁTICA .........................................................................................................................91 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................................169 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................................321 NOÇÕES DE DIREITO CIVIL ........................................................................................................................439 NOÇÕES DE DIREITO PENAL ......................................................................................................................501 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL ...............................................................................................627 LEGISLAÇÃO ESPECIAL ...............................................................................................................................695 ÍNDICE GERAL SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ..................................................................................... 40 TIPOLOGIA TEXTUAL .............................................................................................................................. 41 ORTOGRAFIA OFICIAL .............................................................................................................................. 8 ACENTUAÇÃO GRÁFICA ......................................................................................................................... 11 EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS ................................................................................................... 23 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ......................................................................................... 30 SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ................................................................................................... 25 PONTUAÇÃO .......................................................................................................................................... 37 CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL .................................................................................................. 26 REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL .............................................................................................................. 28 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ............................................................................................................... 34 REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS ....................................................................................... 71 COEXISTÊNCIA DAS REGRAS ORTOGRÁFICAS ATUAIS COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO ........ 11 B R U N O P ILA STR E 8 PARTE 1 – GRAMÁTICA CAPÍTULO 1 – FONOLOGIA ORTOGRAFIA OFICIAL Iniciamos nossos trabalhos com o tema Ortografia Oficial. Sabemos que a correção ortográfica é requisito ele- mentar de qualquer texto. Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. Em sede de concurso público, temos de estar atentos para evitar descuidos. Nesta seção, procuraremos sanar principalmente um tipo de erro de grafia: o que decorre do emprego inade- quado de determinada letra por desconhecimento da grafia da palavra. Antes, porém, vejamos a distinção entre o plano sonoro da língua (seus sons, fonemas e sílabas) e a representação gráfica (escrita/grafia), a qual inclui sinais gráficos diversos, como letras e diacríticos. É importante não confundir o plano sonoro da língua com sua representação escrita. Você deve observar que a representação gráfica das palavras é realizada pelo sis- tema ortográfico, o qual apresenta características especí- ficas. Essas peculiaridades do sistema ortográfico são res- ponsáveis por frequentes divergências entre a forma oral (sonora) e a forma escrita (gráfica) da língua. Vejamos três casos importantes: I – Os dígrafos: são combinações de letras que repre- sentam um só fonema. II – Letras diferentes para representar o mesmo fone- ma. III – Mesma letra para representar fonemas distintos. Para ilustrar, selecionamos uma lista de palavras para representar cada um dos casos. O quadro a seguir apre- senta, na coluna da esquerda, a lista de palavras; na coluna da direita, a explicação do caso. Exemplos Explicação do caso Achar Quilo Carro Santo Temos, nessa lista de palavras, exemplos de dígra- fos. Em achar, as duas letras (ch) representam um único som (fricativa pós-alveolar surda). O mesmo vale para a palavra quilo, em que o as duas letras (qu) representam o som (oclusiva velar surda). Exato Rezar Pesar Nessa lista de palavras, encontramos três letras diferentes (x, z e s) para representar o mesmo fonema (som): fricativa alveolar sonora. Xadrez Fixo Hexacanto Exame Próximo Mesma letra para representar fonemas distintos. A letra x pode representar cinco sons distintos: (i) con- soante fricativa palatal surda; (ii) grupo consonantal [cs]; (iii) grupo consonantal [gz]; (iv) consoante frica- tiva linguodental sonora [z]; e consoante fricativa côncava dental surda. Há, também, letras que não representam nenhum fonema, como nas palavras hoje, humilde, hotel. DICA PARA A PROVA! Os certames costumam avaliar esse conteúdo da se- guinte forma: 1. O vocábulo cujo número de letras é igual ao de fone- mas está em: a. casa. b. hotel. c. achar. d. senha. e. grande. Resposta: item (a). Palavras-chave! Fonema: unidade mínima das línguas naturais no nível fonê- mico, com valor distintivo (distingue morfemas ou palavras com significados diferentes, como faca e vaca). Sílaba: vogal ou grupo de fonemas que se pronunciam numa só emissão de voz, e que, sós ou reunidos a outros, formam pala- vras. Unidade fonética fundamental, acima do som. Toda sílaba é constituída por uma vogal. Escrita: representação da linguagem falada por meio de signos gráficos. Grafia: (i) representação escrita de uma palavra; escrita, trans- crição; (ii) cada uma das possíveis maneiras de representar por escrito uma palavra (inclusive as consideradas incorretas); por exemplo, Ivan e Ivã; atrás (grafia correta) e atraz (grafia incor- reta); farmácia (grafia atual) e pharmacia (grafia antiga); (iii) transcrição fonética da fala, por meio de um alfabeto fonético ('sistema convencional'). Letra: cada um dos sinais gráficos que representam, na transcri- ção de uma língua, um fonema ou grupo de fonemas. Diacrítico: sinal gráfico que se acrescenta a uma letra para conferir-lhe novo valor fonético e/ou fonológico. Na ortografia do português, são diacríticos os acentos gráficos, a cedilha, o trema e o til. EMPREGO DAS LETRAS EMPREGO DE VOGAIS As vogais na língua portuguesa admitem certa varie- dade de pronúncia, dependendo de sua intensidade (isto é, se são tônicas ou átonas), de sua posição na sílaba etc. Por haver essa variação na pronúncia, nem sempre a memó-ria, baseada na oralidade, retém a forma correta da grafia, a qual pode ser divergente do som. Como podemos solucionar esses equívocos? Temos de decorar todas as palavras (e sua grafia)? Não. A leitura e a prática da escrita são atividades fundamentais para evitar erros. Encontros consonantais Por encontro consonantal consideramos o agrupa- mento de consoantes numa palavra. O encontro consonan- tal pode ocorrer na mesma sílaba (denominado encontro consonantal real) ou em sílabas diferentes (denominado encontro consonantal puro e simples). Vejamos exemplos de encontros consonantais: br – braço bm – submeter LÍ N G U A P O R TU G U ES A 9 cr – escravo bj – objeto gn – digno pt – réptil Dígrafos Denominamos dígrafos o grupo de duas letras usadas para representar um único fonema. No português, são dígra- fos: ch, lh, nh, rr, ss, sc, sç, xc; incluem-se também am, an, em, en, im, in, om, on, um, un (que representam vogais nasais), gu e qu antes de e e de i, e também ha, he, hi, ho, hu e, em palavras estrangeiras, th, ph, nn, dd, ck, oo etc. É importante observar a distinção entre encontro con- sonantal e dígrafo: (i) o encontro consonantal equivale a dois fonemas; o dígrafo equivale a um só fonema. (ii) o encontro consonantal é formado sempre por duas consoantes; o dígrafo não precisa ser formado necessaria- mente por duas consoantes. Palavra-chave! Consoante: som da fala que só é pronunciável se forma sílaba com vogal (tirante certas onomatopeias, à margem do sistema fonológico de nossa língua: brrr!, cht!, pst!). Esta definição fun- cional é válida para o português, mas não para outras línguas, em que há sons passíveis de pertencer à categoria das conso- antes ou à das vogais. Diz-se de ou letra que representa fonema dessa classe. Do ponto de vista articulatório, há consoante quando a corrente de ar encontra, na cavidade bucal, algum tipo de empecilho, seja total (oclusão), seja parcial (estreitamento). Separação silábica O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa afirma que a Separação Silábica (Base XX – Da divisão silábica) faz- se, em regra, pela soletração, como nos exemplos a seguir: abade: a-ba-de bruma: bru-ma cacho: ca-cho malha: ma-lha manha: ma-nha máximo: má-xi-mo óxido: ó-xi-do roxo: ro-xo tmese: tme-se Assim, a separação não tem de atender: (i) aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia: a-ba-li-e-nar bi-sa-vô de-sa-pa-re-cer di-sú-ri-co e-xâ-ni-me hi-pe-ra-cú-sti-co i-ná-bil o-bo-val su-bo-cu-lar su-pe-rá-ci-do (ii) ou à estruturação morfológica da palavra: in-fe-liz-men-te A separação silábica ocorre quando se tem de fazer, em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra. Vejamos alguns preceitos par- ticulares em relação à separação (segundo a Base XX do Acordo Ortográfico de 1990): 1º. São indivisíveis no interior da palavra, tal como ini- cialmente, e formam, portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos, ou seja, aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou um r: a-blução, cele-brar, du-plicação, re-primir, a-clamar, de-creto, de-glutição, re- -grado; a-tlético, cáte-dra, períme-tro; a-fluir, a-fricano, ne-vrose. Com exceção apenas de vários compostos cujos prefixos terminam em b, ou d: → ab- legação → ad- ligar → sub- lunar → em vez de → a-blegação → a-dligar → su-blunar 2º. São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igual- mente as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: → ab-dicar → Ed-gardo → op-tar → sub-por → ab-soluto → ad-jetivo → af-ta → bet-samita → íp-silon → ob-viar → des-cer → dis-ciplina → flores-cer → nas-cer → res-cisão → ac-ne → ad-mirável → Daf-ne → diafrag-ma → drac-ma → man-chu → ét-nico → rit-mo → sub-meter → am-nésico → interam-nense → bir-reme → cor-roer → pror-rogar → as-segurar → bis-secular → sos-segar → bissex-to → contex-to → ex-citar → atroz-mente → capaz-mente → infeliz-mente → am-bição → desen-ganar → en-xame → Mân-lio B R U N O P ILA STR E 10 3º. As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito (1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a con- soante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da última consoante. Exem- plos dos dois casos: → cam-braia → ec-tlipse → em-blema → ex-plicar → in-cluir → ins-crição → subs-crever → trans-gredir → abs-tenção → disp-neia → inters-telar → lamb-dacismo → sols-ticial → Terp-sícore → tungs-tênio 4º. As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui, ora-ção, sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: → ala-úde → áre-as → ca-apeba → co-ordenar → do-er → flu-idez → perdo-as → vo-os O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de diton- gos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e vogais: → cai-ais → cai-eis → ensai-os → flu-iu 5º. Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei), do mesmo modo que as com- binações gu e qu em que o u se pronuncia: → á-gua → ambí-guo → averi-gueis → longín-quos → lo-quaz → quais-quer 6º. Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: → ex- -alferes → serená- -los-emos ou serená-los- -emos → vice- -almirante Apesar de relativamente complexas, as regras enume- radas na Base XX do Novo Acordo Ortográfico possuem um elemento em comum, a saber: → Toda sílaba é nucleada por uma vogal. Tradicionalmente, observamos essas regras, as quais são simplificadas: Regra Exemplo Não se separam os ditongos e tri- tongos. foi-ce, a-ve-ri-guou. Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. cha-ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa Não se separam os encontros con- sonantais que iniciam sílaba. psi-có-lo-go, re-fres-co Separam-se as vogais dos hiatos. ca-a-tin-ga, fi-el, sa-ú-de Separam-se as letras dos dígra- fos rr, ss, sc, sç e xc. car-ro, pas-sa-re-la, des- -cer, nas-ço, ex-ce-len-te Separam-se os encontros con- sonantais das sílabas internas, excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r. ap-to, bis-ne-to, con-vic- -ção, a-brir, a-pli-car PROSÓDIA (BOA PRONÚNCIA) A prosódia é a parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entonação. Observe algumas orientações em relação à posição da sílaba tônica: (i) São oxítonas (última sílaba tônica): → cateter → faz-se mister (= necessário) → Nobel → ruim → ureter (ii) São paroxítonas (penúltima sílaba tônica): → âmbar → caracteres → recorde → filantropo → gratuito (ui ditongo) → misantropo (iii) São palavras que admitem dupla prosódia: → acróbata ou acrobata → Oceânia ou Oceania → ortoépia ou ortoepia → projétil ou projetil → réptil ou reptil LÍ N G U A P O R TU G U ES A 11 USO DA LETRA MAIÚSCULA INICIAL (i) nos antropônimos, reais ou fictícios: → Pedro Marques → Brancade Neve (ii) nos topônimos, reais ou fictícios: → Lisboa → Atlântida (iii) nos nomes de seres antropomorfizados ou mitoló- gicos: → Adamastor → Netuno (iv) nos nomes que designam instituições: → Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previ- dência Social (v) nos nomes de festas e festividades: → Natal → Páscoa → Ramadão (vi) nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: → O Estado de São Paulo (vii) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúscula: → FAO → ONU → Sr. → V. Exª. USO DA LETRA MINÚSCULA INICIAL (i) ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes; (ii) nos nomes dos dias, meses, estações do ano: → segunda-feira → outubro → primavera (iii) nos bibliônimos (nome, título designativo ou intitula- tivo de livro impresso ou obra que lhe seja equiparada) (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocá- bulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): → O senhor do Paço de Ninães ou O senhor do paço de Ninães. → Menino de Engenho ou Menino de engenho. (iv) nos usos de fulano, sicrano, beltrano. (v) nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): → norte, sul (mas SW = sudoeste) (vi) nos axiônimos (nome ou locução com que se presta reverência a determinada pessoa do discurso) e hagiônimos (designação comum às palavras ligadas à religião) (opcio- nalmente, nesse caso, também com maiúscula): → senhor doutor Joaquim da Silva → bacharel Mário Abrantes → o cardeal Bembo → santa Filomena (ou Santa Filomena) (vii) nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): → português (ou Português). COMO ABREVIAR (i) Comumente, as abreviaturas são encerradas por consoante seguida de ponto final: → Dr. (Doutor) → Prof. (Professor) (ii) Mas os símbolos científicos e as medidas são abre- viados sem ponto; no plural, não há s final: → m (metro ou metros) → h (8h = oito horas. Quando houver minutos: 8h30min ou 8h30) → P (Fósforo – símbolo químico) (iii) São mantidos os acentos gráficos, quando existirem: → pág. (página) → séc. (século) (iv) É aconselhável não abreviar nomes geográficos: → Santa Catarina (e não S. Catarina) → São Paulo (e não S. Paulo) → Porto Alegre (e não P. Alegre) ACENTUAÇÃO GRÁFICA Quatro diacríticos (sinal gráfico que se acrescenta a uma letra para conferir-lhe novo valor fonético e/ou fono- lógico) compõem a acentuação gráfica: o acento agudo, o acento grave, o acento circunflexo e, acessoriamente, o til. Vejamos, em síntese, as características de cada um. (i) o agudo (´), para marcar a tonicidade das vogais a (paráfrase, táxi, já), i (xícara, cível, aí) e u (cúpula, júri, miúdo); e a tonicidade das vogais abertas e (exército, série, fé) e o (incólume, dólar, só); (ii) o grave (`), utilizada sobretudo para indicar a ocor- rência de crase, isto é, a ocorrência da preposição a com o artigo feminino a ou os demonstrativos a, aquele(s), aquela(s), aquilo; (iii) o circunflexo (^), para marcar a tonicidade da vogal a nasal ou nasalada (lâmpada, câncer, espontâneo), e das vogais fechadas e (gênero, tênue, português) e o (trôpego, bônus, robô); (iv) e acessoriamente o til (~), para indicar a nasalidade (e em geral a simultânea tonicidade) em a e o (cristã, cristão, pães, cãibra; corações, põe(s), põem). A seguir há as principais regras apresentadas pelo Novo Acordo de 1990. É uma tabela muito importante, a qual deve ser estudada cuidadosamente. B R U N O P ILA STR E 12 Assunto O acordo de 1990 Alfabeto O alfabeto é formado por vinte e seis (26) letras: → a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z Sequências con- sonânticas O acordo de 1990 afirma que, nos países de língua portuguesa oficial, a ortografia de palavras com consoantes “mudas” passa a respeitar as diferentes pronúncias cultas da língua, ocasionando um aumento da quantidade de palavras com dupla grafia. Pode-se grafar: → fato e facto (em que há dupla grafia e dupla pronúncia) → aspecto e aspeto (dupla pronúncia e dupla grafia) Acentuação grá- fica – Oxítonas Primeiramente, observa-se que as regras de acentuação dos monossílabos tônicos são as mesmas das oxíto- nas. São assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas que terminam nas vogais tônicas abertas a, e, o, e com acento circunflexo as que acabam nas vogais tônicas fechadas e, o, seguidas ou não de s: → fubá → cafés → bobó → mercês → babalaô As palavras oxítonas cuja vogal tônica, nas pronúncias cultas da língua, possui variantes (ê, é, ó, ô) admitem dupla grafia: → matinê ou matiné → cocô ou cocó São assinaladas com acento gráfico as formas verbais que se tornam oxítonas terminadas em a, e, o, em virtude da conjugação com os pronomes lo(s): → dá-la → amá-la-ás → sabê-lo → dispô-lo É assinalado com acento agudo o e das terminações em, ens das palavras oxítonas com mais de uma sílaba (exceto as formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vir e seus derivados, que são marcadas com acento circunflexo): → também → parabéns → (eles) contêm → (elas) vêm Acentuação grá- fica – Paroxítonas São assinalados com acento agudo os ditongos tônicos éi, éu, ói, sendo os dois últimos (éu, ói) seguidos ou não de s: → fiéis → réus → heróis Não se usa acento gráfico para distinguir oxítonas homógrafas: → colher (verbo) → colher (substantivo) A exceção é a distinção entre pôr (verbo) e por (preposição) São assinaladas com acento gráfico as paroxítonas terminadas em: a) l, n, r, x, ps (e seus plurais, alguns dos quais passam a proparoxítonas): → lavável → plânctons → açúcar → ônix → bíceps As exceções são as formas terminadas em ens (hifens e liquens), as quais não são acentuadas graficamente. b) ã(s), ão(s), ei(s), i(s) um, uns, us: → órfã(s) → sótão(s) → jóquei(s) → fórum → álbum → vírus → bílis O acento será agudo se na sílaba tônica houver as vogais abertas a, e, o, ou ainda i, u e será circunflexo se houver as vogais fechadas a, e, o. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 13 Observa-se que as paroxítonas cuja vogal tônica, nas pronúncias cultas da língua, possui variantes (ê, é, ô, ó) admitem dupla grafia: → fêmur ou fémur → ônix ou ónix → pônei ou pónei → Vênus ou Vénus Não são assinalados com acento gráfico os ditongos ei e oi de palavras paroxítonas: → estreia → ideia → paranoico → jiboia Não são assinaladas com acento gráfico as formas verbais creem, deem, leem, veem e seus derivados: des- creem, desdeem, releem, reveem etc. Não é assinalado com acento gráfico o penúltimo o do hiato oo(s): → voo → enjoos Não são assinaladas com acento gráfico as palavras homógrafas: → para (verbo) para (preposição) → pela(s) (substantivo) pela (verbo) pela (per + la(s)) → pelo(s) (substantivo) pelo (verbo) pelo (per + lo(s)) → polo(s) substantivo polo (por + lo(s)) A exceção é a distinção entre as formas pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) e pode (3ª pessoa do singular do presente do indicativo). Observação 1: assinalam-se com acento circunflexo, facultativamente, as formas: → dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) → demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo) → fôrma (substantivo) → forma (substantivo; verbo) Observação 2: assinalam-se com acento agudo, facultativamente, as formas verbais do tipo: → amámos (pretérito perfeito do indicativo) → amamos (presente do indicativo) → louvámos (pretérito perfeito do indicativo) → louvamos (presente do indicativo) Oxítonas e Paroxí- tonas São assinaladas com acento agudo as vogais tônicasi e u das palavras oxítonas e paroxítonas que constituem o 2º elemento de um hiato e não são seguidas de l, m, n, nh, r, z: → país → ruins → saúde → rainha Observações: 1) Incluem-se nessa regra as formas oxítonas dos verbos em air e uir em virtude de sua conjugação com os pronomes lo(s), la(s): → atraí-las → possuí-lo-ás 2) Não são assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas de ditongo crescente: → baiuca → boiuna → feiura 3) São assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas de ditongo crescente: → Piauí → tuiuiús 4) Não são assinalados com acento agudo os ditongos tônicos iu, ui precedidos de vogal: → distraiu → pauis B R U N O P ILA STR E 14 Não se assinala com acento agudo o u tônico de formas rizotônicas de arguir e redarguir: → arguis → argui → redarguam Observações: 1) Verbos como aguar, apaziguar, apropinquar, delinquir possuem dois paradigmas: a) com o u tônico em formas rizotônicas sem acento gráfico: → averiguo → ague b) com o a ou o i dos radicais tônicos acentuados graficamente: → averíguo → águe 2) Verbos terminados em -ingir e -inguir cujo u não é pronunciado possuem grafias regulares. → atingir; distinguir → atinjo; distinguimos Acentuação grá- fica – Proparoxí- tonas Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas com acento gráfico: → rápido → cênico → místico → meândrico → cômodo Trema O trema (¨) é totalmente eliminado das palavras portuguesas ou aportuguesadas: → delinquir → cinquenta → tranquilo → linguiça O trema é usado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema: → mülleriano, de Müller Hífen O hífen é usado em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. O Acordo de 1990 observa que são escritas aglutinadamente palavras em que o falante contemporâneo perdeu a noção de composição: → paraquedas → mandachuva Emprega-se o hífen nos seguintes topônimos: - iniciados por grã e grão: Grão-Pará - iniciados por verbo: Passa-Quatro - cujos elementos estejam ligados por artigo: Baía de todos-os-Santos Os demais topônimos compostos são escritos separados e sem hífen: Cabo Verde. As exceções são: Guiné- -Bissau e Timor-Leste. Emprega-se o hífen em palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: → couve-flor → bem-te-vi Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando encadeamen- tos vocabulares: → ponte Rio-Niterói Hífen – síntese das regras do uso do hífen no caso de prefixos e falsos prefixos Primeiro elemento Segundo elemento aero agro (‘terra’) alfa ante anti arqui auto beta bi bio contra di eletro entre extra foto gama geo giga hetero hidro hipo homo ili/ilio infra intra iso lacto lipo macro maxi mega meso micro mini mono morfo multi nefro neo neuro paleo peri pluri poli proto pseudo psico retro semi sobre supra lete tetra tri ultra a) iniciado por vogal igual à vogal final do 1º elemento b) iniciado por h LÍ N G U A P O R TU G U ES A 15 ab ob sob sub iniciado por b, h, r co (‘com’) iniciado por h (a ABL sugere eliminar essa letra, passando-se a grafar, assim, coerdar, coerdeiro, coipônimo etc.) ciber inter super nuper hiper iniciado por h, r ad iniciado por d, h, r pan a) iniciado por vogal b) iniciado por h, m, n [diante de b e p passa a pam] circum a) iniciado por vogal b) iniciado por h, m, n [aceita formas aglutinadas como circu e circum] além aquém ex (“cessamento ou “estado anterior”) recém sem sota soto vice qualquer (sempre) pós pré pró sempre que conservem autonomia vocabular DISTINÇÕES Distinção entre a, à, há e á (I) a. A palavra a pode ser: (i) artigo feminino singular: Eu comprei a roupa ontem. A menina mais bonita da rua. (ii) pronome: Mara é muito próxima da família, mas não a vejo há meses. (iii) preposição: Andar a cavalo é sempre prazeroso. (II) à. A palavra à (com o acento grave) é utilizada quando ocorre a contração da preposição a com o artigo feminino a: João assistiu à cena estarrecido. [assistir a (preposição) + a cena (artigo feminino)]. (III) há. A palavra há é uma forma do verbo haver: Há três meses não chove no interior do Pará. [Há = faz] Não há mais violência no centro da cidade. [Há = existe] Na BR040 há muitos acidentes fatais. [Há = acontecem] (IV) á. A palavra á é um substantivo e designa a letra a: Está provado por á mais bê que o vereador estava errado. Distinção entre porque, porquê, por que e por quê Estes são os usos das formas porque, porquê, por que e por quê: (I) porque: a forma porque pode ser uma conjunção (causal ou explicativa) ou uma pergunta que propõe uma causa possível, limitando a resposta a sim ou não: Ela reclama porque é carente. [conjunção causal] Ela devia estar com fome, porque estava branca. [conjunção explicativa – equivale a pois] O preso fugiu porque dopou o guarda? [pergunta que propõe uma causa possível, limitando a resposta a sim ou não] (II) porquê: a forma porquê é substantivo e equivale (é sinônimo) a causa, motivo, razão. É acentuada por ser uma palavra tônica: Não sabemos o porquê da demissão de José. [equivale a: Não sabemos o motivo/a causa/a razão da demissão de José] (III) por que: a forma por que (com duas palavras) é utilizada quando: (i) significa pelo qual (e flexões pela qual, pelas quais, pelos quais). Nesse significado, a palavra que é pronome relativo. Não revelou o motivo por que não compareceu à aula. [Não revelou o motivo pelo qual não compareceu à aula] (ii) equivale a por qual, por quais. Nessas formas, a forma que é pronome indefinido. Ela sempre quis saber por que motivo raspei o cabelo. (iii) a forma por que é advérbio interrogativo. Nessa estrutura, é possível subentender uma das palavras motivo, causa, razão. Por que [motivo] faltou à aula? (iv) a forma por que faz parte de um título. Por que o ser humano chora. (IV) por quê: a forma por quê (com duas palavras e acentuada) é usada após pausa acentuada ou em final de frase. Estavam no meio daquela bagunça sem saber por quê. B R U N O P ILA STR E 16 Distinção entre acerca de e cerca de (I) A locução acerca de equivale a a respeito de, sobre. Por exemplo: Nós, linguistas, pouco conhecemos acerca da origem da linguagem. [= sobre a origem da linguagem – a respeito da origem da linguagem] (II) A locução cerca de tem valor de aproximada- mente, quase: Cerca de duas horas depois da missa o pároco faleceu. [= aproximadamente duas horas depois – quase duas horas depois]. Distinção entre ao encontro de e de encontro a (I) A locução ao encontro de possui o significado equi- valente às expressões em direção a, a favor de. Veja os exemplos: Os vândalos saíram ao encontro dos policiais, que fechavam a avenida. [= em direção a] Com a decisão da Presidente Dilma, o governo vai ao encontro das reivindicações da população. [= a favor de] (II) A locução de encontro a é antônima à locução ao encontro de. De encontro a significa choque, oposição, sendo equivalente à forma contra. Observe a frase a seguir: O caminhão perdeu os freios e foi de encontro ao carro do deputado. [= contra] A decisão do governo foi de encontro aos desejos do Movimento Passe Livre. [= contrariou] Distinção entre aonde e onde (I) A forma aonde é a contração da preposição a com do advérbio onde. Emprega-se com verbos que denotam movi- mento e regem a preposição a (verbos ir, chegar, levar): Aonde os manifestantes querem chegar?[verbo chegar]. Os investigadores descobriram aonde as crianças eram levadas. [verbo levar]. (II) O advérbio onde é utilizado com verbos que não denotam movimento e não regem a preposição a: Onde mora o presidente da Colômbia? [verbo morar] Os investigadores descobriram onde o dinheiro era lavado. [verbo lavar] Distinção entre eminente e iminente Os adjetivos eminente e iminente são parônimos (são quase homônimos, diferenciando-se ligeiramente na grafia e na pronúncia). (I) O adjetivo eminente tem os seguintes significados: (i) muito acima do que o que está em volta; proemi- nente, alto, elevado: A torre eminente é a mais fotografada. (ii) que se destaca por sua qualidade ou importância; excelente, superior: O mestre eminente era seguido por todos. (II) O adjetivo iminente, por sua vez, tem o seguinte significado: Iminente: o que ameaça se concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, imediato: O desabamento iminente é o que mais preocupa as autoridades. O edital iminente deixa os candidatos ansiosos. Distinção entre mas e mais Na escrita, é muito comum haver a troca da forma mas pela forma mais. Os estudantes produzem frases como: O país é rico, mais a gestão pública é ineficiente. Na oralidade, o fenômeno é comum em formas seme- lhantes à palavra mas: faz/fa(i)z; paz/pa(i)z; nós/nó(i)s. É preciso, porém, distinguir as duas formas, pois na frase O país é rico, mais a gestão pública é ineficiente há inadequação, uma vez que se deve utilizar a forma mas: O país é rico, mas a gestão pública é ineficiente. A distinção das duas formas é a seguinte: (I) A palavra mas é conjunção que exprime principal- mente oposição, ressalva, restrição: O carro não é meu, mas de um amigo. (II) A palavra mais é advérbio e traduz a ideia de aumento, superioridade, intensidade: Ele sempre pensa em ganhar mais dinheiro. Ele queria ser mais alto que os outros. Distinção entre se não e senão (I) A forma se não (separado) é usada quando o se pode ser substituído por caso ou na hipótese de que: Se não perdoar, não será perdoado. [se não = caso não. É conjunção condicional] Se não chover, viajarei amanhã. [se não = na hipótese de que não] Também há o uso da forma se não como conjunção condicional, equivalendo a quando não: A grande maioria, se não a totalidade dos acidentes de trabalho, ocorre com operários sem equipamentos de segu- rança. [se não = quando não] (II) A palavra senão (uma única palavra) possui as seguintes realizações: (i) É conjunção e significa: (a) de outro modo; do contrário: Coma, senão ficará de castigo. (b) mas, mas sim, porém: LÍ N G U A P O R TU G U ES A 17 Não obteve aplausos, senão vaias. (ii) É preposição quando equivale a com exceção de, salvo, exceto: Todos, senão você, gostam de bolo. (iii) É substantivo masculino e significa pequena imper- feição; falha, defeito, mácula: Não há qualquer senão em sua prova. Para concluir nossos estudos sobre Fonologia, vamos ler uma reportagem sobre o Acordo Ortográfico, a qual foi publicada no dia 28 de dezembro de 2012, no jornal Folha de São Paulo. GOVERNO ADIA PARA 2016 INÍCIO DO ACORDO ORTO- GRÁFICO O governo federal adiou para 2016 a obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico. A decisão foi publicada nesta sexta-feira no "Diário Oficial da União". A implantação das novas regras, adotadas pelos seto- res público e privado desde 2009, estavam previstas para o próximo dia 1º de janeiro. A reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em português. Até a data da obrigatoriedade, tanto a nova norma como a atual poderão ser usadas. O adiamento de três anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa que, embora jor- nais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham ado- tado o novo acordo, novas alterações podem ser implemen- tadas ou até mesmo suspensas. Diplomacia A decisão é encarada como um movimento diplomático, uma vez que o governo, diz o Itamaraty, quer sincronizar as mudanças com Portugal. O país europeu concordou oficialmente com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la. Assim como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um período de transição maior. Não há sanções para quem desrespeitar a regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar a grafia no Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor-Leste. A intenção era facilitar o intercâmbio de obras escritas no idioma entre esses oito países, além de fortalecer o peso do idioma em organismos internacionais. "É muito difícil querer que o português seja língua oficial nas Nações Unidas se vão perguntar: Qual é o português que vocês querem?", afirma o embaixador Pedro Motta, represen- tante brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). (Folha de São Paulo) (Folha de São Paulo) B R U N O P ILA STR E 18 CAPÍTULO 2 – MORFOLOGIA ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Neste capítulo estudaremos, de modo esquemático, o assunto morfologia/morfossintaxe. É um assunto importante, o qual é recorrentemente cobrado em concursos. Observamos que a abordagem a seguir é predominantemente linguística. Iniciamos a exposição com a noção de morfema. Nas línguas humanas, um morfema é a menor unidade linguís- tica que possui significado, abarcando raízes e afixos, formas livres (por exemplo: mar) e formas presas (por exemplo: sapat-, -o-, -s) e vocábulos gramaticais (preposições, conjun- ções). Observe que, em algumas palavras, pode-se identificar duas posições de realização dos sufixos: Prefixo (antes da raiz) Raiz Sufixo (depois da raiz) in- feliz -mente infelizmente Há técnicas para identificação da estrutura mórfica das palavras. Vejamos duas: Teste de comutação: método comparativo buscando a detecção das unidades significativas que compõem a estru- tura das palavras. música – músicas amavam – amaram Segmentação mórfica: possibilidade ou não de divisão de palavras em unidades menores significativas. Sol Mar deslealdade → des- leal -dade Palavras-chave! Morfema: a menor parte significativa que compõe as palavras. É um signo mínimo. Radical e afixos: o radical é o morfema básico que constitui uma palavra de categoria lexical (substantivo, adjetivo, verbo e advérbio); os afixos são morfemas presos anexados a um radical (prefixos e sufixos). Em morfologia, dois processos são importantes: a flexão e a derivação. Flexão: processo morfológico que consiste no emprego de diferentes afixos acrescentados aos radicais ou aos temas (nominais, verbais etc.) das palavras variáveis para exprimir as categorias gramaticais (número, gênero, pessoa, caso, tempo etc.). Derivação: processo pelo qual se originam vocábulos uns de outros, mediante a inserção ou extração de afixos. Kehdi (1993) classifica os seguintes tipos de morfemas em português: Classificação de caráter formal (destaque para o significante) Classificação de base funcio- nal (destaque para a função dos morfemas) aditivo: fazer – refazer. subtrativo: órfão – órfã. alternativo: ovo – ovos. reduplicativo: pai – papai. de posição: grande homem – homem grande. zero: casa – casas. cumulativo: amamos (-mos = desinência número-pessoa). vazio: cafeZal. radical afixos desinências vogais temáticas vogais e consoantes de liga- ção A fórmula geral da estrutura do vocábulo verbal portu- guês é a seguinte (Camara Jr., 1977): T (R + VT) + SF (SMT + SNP) [em que T (tema), R (radical), VT (vogal temática), SF (sufixo flexional ou desinência), SMT (sufixo modo-tempo- ral), SNP (sufixo número-pessoal)] A flexão verbal caracteriza-se na língua portuguesa pelas desinências indicadorasdas seguintes categorias gra- maticais: (a) modo, (b) tempo – em um morfema cumulativo –, (c) número, (d) pessoa – em um morfema cumulativo. (Folha de São Paulo) LÍ N G U A P O R TU G U ES A 19 Modo: refere-se a um julgamento implícito do falante a respeito da natureza, subjetiva ou não, da comunicação que faz. Indicativo, subjuntivo e imperativo. Tempo: refere-se ao momento da ocorrência do pro- cesso, visto do momento da comunicação. Presente, preté- rito (perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito), futuro (do pre- sente, do pretérito). Tempos compostos: auxiliar (ter e haver) + particípio. As formas nominais do verbo são: infinitivo (-r), gerún- dio (-ndo) e particípio (-do). Sobre as formas nominais, Camara Jr. (1977) pronun- cia-se da seguinte maneira: Resta uma apreciação semântica, nas mesmas linhas, das cha- madas formas nominais, cujos nomes tradicionais são – infinitivo, gerúndio e particípio. Aqui a oposição é aspectual e não tempo- ral. O infinitivo é a forma mais indefinida do verbo. A tal ponto, que costuma ser citado como o nome do verbo, a forma que de maneira mais ampla e mais vaga resume a sua significação, sem implicações das noções gramaticais de tempo, aspecto ou modo. Entre o gerúndio e o particípio há essencialmente uma oposição de aspecto: o gerúndio é <imperfeito> (processo inconcluso), ao passo que o particípio é de aspecto concluso ou perfeito. O valor do pretérito ou de voz passiva (com verbos transitivos) que às vezes assume, não é mais que um subproduto do seu valor de aspecto perfeito ou concluso. Entretanto, o particípio foge até certo ponto, do ponto de vista mórfico, da natureza verbal. É no fundo um adjetivo com as marcas nominais de feminino e de número plural em /S/. Ou em outros termos: é um nome adjetivo, que semanticamente expressa, em vez da qualidade de um ser, um processo que nele se passa. O estudo morfológico do sistema verbal portu- guês pode deixá-lo de lado, porque morfologicamente ele per- tence aos adjetivos, embora tenha valor verbal no âmbito semân- tico e sintático. O gerúndio, ao contrário, é morfologicamente uma forma verbal. Depreensão morfológica (como identificar morfemas) A técnica de depreensão é simples: se tivermos uma forma verbal a ser analisada, procedemos à comutação ao mesmo tempo com o infinitivo impessoal e com a primeira pessoa do plural do tempo em que se encontra o verbo. O infinitivo sem o /r/ apresenta o radical e a vogal temática. A primeira pessoa do plural exibe a desinência [-mos] (SNP ou DNP). O que sobrar será a desinência modo-temporal. Exercício: indique nos quadros em branco a VT, os SMT e os SNP. Ind i ca t i vo Presente VT SMT SNP P r e t é r i t o imperfeito VT SMT SNP Sub jun t i vo Presente VT SMT SNP Amo Amas Ama Amamos Amais Amam Amava Amavas Amava Amávamos Amáveis Amavam Cante Cantes Cante Cantemos Canteis Cantem As categorias verbais A categoria de tempo A categoria de tempo constitui uma relação entre dois momentos: momento da comunicação e momento do pro- cesso. Em português: passado x presente x futuro. Tempos simples: I – Presente: simultaneidade entre momento da comu- nicação e momento de ocorrência do processo. II – Passado ou pretérito: anterioridade entre o mo- mento da ocorrência do processo e o momento da comunicação (o processo que se está enunciando ocorreu antes do momento da fala). III – Futuro: indica relação de posterioridade. O proces- so ainda vai ocorrer, é posterior à fala. Tempos complexos: ocorrem quando há dois proces- sos. Além de estabelecer relação entre os dois processos e o momento da comunicação, deve-se estabelecer relação entre os dois processos entre si. Verbos notáveis Antes de estudar alguns verbos notáveis da língua por- tuguesa, é importante que o estudante saiba da existência de duas características dos verbos: ser rizotônico ou arrizotônico. Rizotônicos: são as estruturas verbais com a sílaba tônica dentro do radical. Arrizotônicos: são as estruturas verbais com a sílaba tônica fora do radical. Arrear Verbo irregular da 1ª conjugação. Significa pôr arreio. Como ele, conjugam-se todos os verbos terminados em -ear. Variam no radical, que recebe um i nas formas rizotônicas. Presente do Indicativo: arreio, arreias, arreia, arrea- mos, arreais, arreiam. Presente do Subjuntivo: arreie, arreies, arreie, arree- mos, arreeis, arreiem. Imperativo Afirmativo: arreia, arreie, arreemos, arreai, arreiem. Imperativo Negativo: não arreies, não arreie, não arree- mos, não arreeis, não arreiem. B R U N O P ILA STR E 20 Pretérito Perfeito do Indicativo: arreei, arreaste, arreou, arreamos, arreastes, arrearam. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: arreara, arre- aras, arreara, arreáramos, arreáreis, arrearam. Futuro do Subjuntivo: arrear, arreares, arrear, arrear- mos, arreardes, arrearem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: arreasse, arreas- ses, arreasse, arreássemos, arreásseis, arreassem. Futuro do Presente: arrearei, arrearás, arreará, arrea- remos, arreareis, arrearão. Futuro do Pretérito: arrearia, arrearias, arrearia, arre- aríamos, arrearíeis, arreariam. Infinitivo Pessoal: arrear, arreares, arrear, arrearmos, arreardes, arrearem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: arreava, arreavas, arreava, arreávamos, arreáveis, arreavam. Formas Nominais: arrear, arreando, arreado. Arriar Verbo regular da 1ª conjugação. Significa fazer descer. Como ele, conjugam-se todos os verbos terminados em -iar, menos mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar. Presente do Indicativo: arrio, arrias, arria, arriamos, arriais, arriam. Presente do Subjuntivo: arrie, arries, arrie, arriemos, arrieis, arriem. Imperativo Afirmativo: arria, arrie, arriemos, arriai, arriem. Imperativo Negativo: não arries, não arrie, não arrie- mos, não arrieis, não arriem. Pretérito Perfeito do Indicativo: arriei, arriaste, arriou, arriamos, arriastes, arriaram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: arriara, arria- ras, arriara, arriáramos, arriáreis, arriaram. Futuro do Subjuntivo: arriar, arriares, arriar, arriar- mos, arriardes, arriarem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: arriasse, arriasses, arriasse, arriássemos, arriásseis, arriassem. Futuro do Presente: arriarei, arriarás, arriará, arriare- mos, arriareis, arriarão. Futuro do Pretérito: arriaria, arriarias, arriaria, arriarí- amos, arriaríeis, arriariam. Infinitivo Pessoal: arriar, arriares, arriar, arriarmos, arriardes, arriarem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: arriava, arriavas, arriava, arriávamos, arriáveis, arriavam. Formas Nominais: arriar, arriando, arriado. Ansiar Verbo irregular da 1ª conjugação. Como ele, conjugam- -se mediar, remediar, incendiar e odiar. Variam no radical, que recebe um e nas formas rizotônicas. Presente do Indicativo: anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam. Presente do Subjuntivo: anseie, anseies, anseie, ansiemos, ansieis, anseiem. Imperativo Afirmativo: anseia, anseie, ansiemos, ansiai, anseiem. Imperativo Negativo: não anseies, não anseie, não ansiemos, não ansieis, não anseiem. Pretérito Perfeito do Indicativo: ansiei, ansiaste, ansiou, ansiamos, ansiastes, ansiaram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: ansiara, ansiaras, ansiara, ansiáramos, ansiáreis, ansiaram. Futuro do Subjuntivo: ansiar, ansiares, ansiar, ansiar- mos, ansiardes, ansiarem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: ansiasse, ansias- ses, ansiasse, ansiássemos, ansiásseis, ansiassem. Futuro do Presente: ansiarei, ansiarás, ansiará, ansiaremos, ansiareis, ansiarão. Futuro do Pretérito: ansiaria, ansiarias, ansiaria, ansiaríamos, ansiaríeis, ansiariam. Infinitivo Pessoal:ansiar, ansiares, ansiar, ansiar- mos, ansiardes, ansiarem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: ansiava, ansiavas, ansiava, ansiávamos, ansiáveis, ansiavam. Formas Nominais: ansiar, ansiando, ansiado. Haver Verbo irregular da 2ª conjugação. Varia no radical e nas desinências. Presente do Indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão. Presente do Subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam. Imperativo Afirmativo: há, haja, hajamos, havei, hajam. Imperativo Negativo: não hajas, não haja, não haja- mos, não hajais, não hajam. Pretérito Perfeito do Indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis, houveram. Futuro do Subjuntivo: houver, houveres, houver, hou- vermos, houverdes, houverem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: houvesse, houves- ses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem. Futuro do Presente: haverei, haverás, haverá, have- remos, havereis, haverão. Futuro do Pretérito: haveria, haverias, haveria, have- ríamos, haveríeis, haveriam. Infinitivo Pessoal: haver, haveres, haver, havermos, haverdes, haverem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: havia, havias, havia, havíamos, havíeis, haviam. Formas Nominais: haver, havendo, havido. Reaver Verbo defectivo da 2ª conjugação. Faltam-lhe as formas rizotônicas e derivadas. As formas não existentes devem ser substituídas pelas do verbo recuperar. Presente do Indicativo: ///, ///, ///, reavemos, reaveis, ///. Presente do Subjuntivo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo: ///, ///, ///, reavei vós, ///. Imperativo Negativo: ///, ///, ///, ///, ///. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 21 Pretérito Perfeito do Indicativo: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis, reouve- ram. Futuro do Subjuntivo: reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: reouvesse, reou- vesses, reouvesse, reouvéssemos, reouvésseis, reou- vessem. Futuro do Presente: reaverei, reaverás, reaverá, rea- veremos, reavereis, reaverão. Futuro do Pretérito: reaveria, reaverias, reaveria, rea- veríamos, reaveríeis, reaveriam. Infinitivo Pessoal: reaver, reaveres, reaver, reaver- mos, reaverdes, reaverem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: reavia, reavias, reavia, reavíamos, reavíeis, reaviam. Formas Nominais: reaver, reavendo, reavido. Precaver Verbo defectivo da 2ª conjugação, quase sempre usado pronominalmente (precaver-se). Faltam-lhe as formas rizo- tônicas e derivadas. As formas não existentes devem ser substituídas pelas dos verbos acautelar-se, prevenir-se. As formas existentes são conjugadas regularmente, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever. Presente do Indicativo: ///, ///, ///, precavemos, preca- veis, ///. Presente do Subjuntivo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo: ///, ///, ///, prevavei vós, ///. Imperativo Negativo: ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Indicativo: precavi, precaveste, precaveu, precavemos, precavestes, precaveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: precavera, precavera, precavera, precavêramos, precavêreis, pre- caveram. Futuro do Subjuntivo: precaver, precaveres, preca- ver, precavermos, precaverdes, precaverem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: precavesse, preca- vesses, precavesse, precavêssemos, precavêsseis, pre- cavessem. Futuro do Presente: precaverei, precaverás, preca- verá, precaveremos, precavereis, precaverão. Futuro do Pretérito: precaveria, precaverias, precave- ria, precaveríamos, precaveríeis, precaveriam. Infinitivo Pessoal: precaver, precaveres, precaver, precavermos, precaverdes, precaverem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: precavia, precavias, precavia, precavíamos, precavíeis, precaviam. Formas Nominais: precaver, precavendo, precavido. Prover Verbo irregular da 2ª conjugação que significa abas- tecer. Varia nas desinências. No presente do indicativo, no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo e no impe- rativo negativo tem conjugação idêntica à do verbo ver; no restante dos tempos, tem conjugação regular, ou seja, segue a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever. Presente do Indicativo: provejo, provês, provê, pro- vemos, provedes, provêem. Presente do Subjuntivo: proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais, provejam. Imperativo Afirmativo: provê, proveja, provejamos, provede, provejam. Imperativo Negativo: não provejas, não proveja, não provejamos, não provejais, não provejam. Pretérito Perfeito do Indicativo: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram. Futuro do Subjuntivo: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: provesse, pro- vesses, provesse, provêssemos, provêsseis, proves- sem. Futuro do Presente: proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão. Futuro do Pretérito: proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, proveriam. Infinitivo Pessoal: prover, proveres, prover, prover- mos, proverdes, proverem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam. Formas Nominais: prover, provendo, provido. Requerer Verbo irregular da 2ª conjugação que significa pedir, solicitar, por meio de requerimento. Varia no radical. No presente do indicativo, no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo e no imperativo negativo tem con- jugação idêntica à do verbo querer, com exceção da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (eu requeiro); no restante dos tempos, tem conjugação regular, ou seja, segue a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever. Presente do Indicativo: requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem. Presente do Subjuntivo: requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, requeiram. Imperativo Afirmativo: requere, requeira, requeira- mos, requerei, requeiram. Imperativo Negativo: não requeiras, não requeira, não requeiramos, não requeirais, não requeiram. Pretérito Perfeito do Indicativo: requeri, requereste, requereu, requeremos, requerestes, requereram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: requerera, requereras, requerera, requerêramos, requerêreis, requereram. Futuro do Subjuntivo: requerer, requereres, reque- rer, requerermos, requererdes, requererem. B R U N O P ILA STR E 22 Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos, requerês- seis, requeressem. Futuro do Presente: requererei, requererás, reque- rerá, requereremos, requerereis, requererão. Futuro do Pretérito: requereria, requererias, reque- reria, requereríamos, requereríeis, requereriam. Infinitivo Pessoal: requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, requererem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: requeria, reque- rias, requeria, requeríamos, requeríeis, requeriam. Formas Nominais: requerer, requerendo, reque- rido. Verbos defectivos 1 Colorir Verbo defectivo, da 3ª conjugação. Faltam-lhe a 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo e as formas derivadas dela. Como ele, conjugam-se os verbos: abolir aturdir (atordoar) brandir (acenar, agitar a mão) banir carpir delir (apagar) demolir exaurir (esgotar, ressecar) explodir fremir (gemer) haurir (beber, sorver) delinquir extorquir puir (desgastar, polir) ruir retorquir (replicar, contrapor)latir urgir (ser urgente) tinir (soar) pascer (pastar) Colorir Presente do Indicativo: ///, colores, colore, colori- mos, coloris, colorem. Presente do Subjuntivo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo: colore, ///, ///, colori, ///. Imperativo Negativo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Indicativo: colori, coloriste, coloriu, colorimos, coloris, coloriram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: colorira, coloriras, colorira, coloríramos, coloríreis, coloriram. 1 Diz-se do verbo que não apresenta todas as formas do paradigma a que pertence. Futuro do Subjuntivo: colorir, colorires, colorir, colorirmos, colorirdes, colorirem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: colorisse, colo- risses, colorisse, coloríssemos, colorísseis, coloris- sem. Futuro do Presente: colorirei, colorirás, colorirá, coloriremos, colorireis, colorirão. Futuro do Pretérito: coloriria, coloririas, coloriria, coloriríamos, coloriríeis, coloririam. Infinitivo Pessoal: colorir, colorires, colorir, colo- rirmos, colorirdes, colorirem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: coloria, colorias, coloria, coloríamos, coloríeis, coloriam. Formas Nominais: colorir, colorindo, colorido. Falir Verbo defectivo, da 3ª conjugação. Faltam-lhe as formas rizotônicas do Presente do Indicativo e as formas delas derivadas. Como ele, conjugam-se: aguerrir (tornar valoroso) adequar combalir (tornar debilitado) embair (enganar) empedernir (petrificar, endurecer) esbaforir-se espavorir foragir-se remir (adquirir de novo, salvar, reparar, indenizar, recuperar-se de uma falha), renhir (disputar) transir (trespassar, penetrar) Falir Presente do Indicativo: ///, ///, ///, falimos, falis, ///. Presente do Subjuntivo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo: ///, ///, ///, fali, ///. Imperativo Negativo: ///, ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Indicativo: fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram. Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: falira, fali- ras, falira, falíramos, falíreis, faliram. Futuro do Subjuntivo: falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem. Futuro do Presente: falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão. Futuro do Pretérito: faliria, falirias, faliria, faliría- mos, faliríeis, faliriam. Infinitivo Pessoal: falir, falires, falir, falirmos, falir- des, falirem. Pretérito Imperfeito do Indicativo: falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam. Formas Nominais: falir, falindo, falido. LÍ N G U A P O R TU G U ES A 23 Processo de criação de palavras (derivação) A derivação é o processo pelo qual se originam vocá- bulos uns de outros, mediante a inserção ou extração de afixos. Pode ocorrer por: Processo Exemplificação Prefixação ou sufixação: Infeliz (prefixação: in- + feliz) Felizmente (sufixação: feliz + -mente) Prefixação e sufixação: Infelizmente (prefixação e sufi- xação). Derivação imprópria: forma- ção de palavras por meio da mudança da categoria gra- matical sem a modificação da forma. Passagem do substantivo pró- prio para o comum (barnabé, benjamim, cristo), de substan- tivo comum a próprio (Oliveira, Leão), de adjetivo a substan- tivo (barroco, tônica), de subs- tantivo a adjetivo ou apositivo (burro, rosa, padrão, D. João V), de verbo a substantivo (o fazer, o dizer). Derivação parassintética: for- mação de palavras em que se verifica prefixação e sufixação simultaneamente. aclarar < claro entardecer < tarde Derivação regressiva: criação de um substantivo pela elimi- nação de sufixo da palavra derivante, e acréscimo de uma vogal temática. abalo, de abalar saque, de sacar Derivação própria: forma- ção de palavras por meio da adição de sufixos derivacio- nais a um radical. livraria, livreiro < livro infeliz < feliz Aglutinação: reunião em um só vocábulo, com significado independente, de dois ou mais vocábulos distintos; ocorre perda de fonemas e especial- mente de acento de um dos vocábulos aglutinados. aguardente por água + ardente pernalta por perna + alta Justaposição: reunião, em uma só palavra com signifi- cado independente, de pala- vras distintas que conservam, cada uma, sua integridade fonética. laranja-pera porta-malas madrepérola cantochão As classes de palavras Há dez classes de palavras em português: 1) Substantivo 2) Adjetivo 3) Verbo 4) Advérbio 5) Pronome 6) Preposição 7) Artigo 8) Numeral 9) Conjunção 10) Interjeição Vejamos a definição de cada uma delas: Substantivo Classe de palavras com que se denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abstratos, os estados, as qualidades, as ações. Qualquer morfema susceptível de ser antecedido por outro da classe dos determinantes, compondo com ele um sintagma nominal. Adjetivo Que serve para modificar um substantivo, acrescentando uma qualidade, uma extensão ou uma quantidade àquilo que ele nomeia (diz-se de palavra, locução, oração, pronome). Palavra que se junta ao substantivo para modificar o seu significado, acrescentando-lhe noções de qualidade, natu- reza, estado etc. Verbo Classe de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a função de núcleo do predicado das sentenças. Nas línguas flexionais e aglutinantes, palavra perten- cente a um paradigma cujas flexões indicam algumas cate- gorias, como o tempo (que localiza ação, processo ou estado em relação ao momento da fala), a pessoa (indica o emis- sor, o destinatário ou o ser sobre o qual se fala), o número (indica se o sujeito gramatical é singular ou plural), o modo (indica a atitude do emissor quanto ao fato por ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, temor, desejo, ordem etc.), a voz (indica se o sujeito gramatical é agente, paciente ou, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação), o aspecto (for- nece detalhes a respeito do modo de ser da ação, se é unitá- ria, momentânea, prolongada, habitual etc.). Advérbio Palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo (dormir pouco), um adjetivo (muito bom), um outro advérbio (deveras astuciosamente), uma frase (feliz- mente ele chegou), exprimindo circunstância de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, afirma- ção, negação, dúvida, aprovação etc. Pronome Palavra que representa um nome, um termo usado com a função de um nome, um adjetivo ou toda uma oração que a segue ou antecede. Preposição Palavra gramatical, invariável, que liga dois elementos de uma frase, estabelecendo uma relação entre eles. Artigo Subcategoria de determinantes do nome. Em português, é sempre anteposto ao substantivo. Numeral Diz-se de ou classe de palavras que indica quantidade numérica. B R U N O P ILA STR E 24 Conjunção Vocábulo ou sintagma invariável, usado para ligar uma oração subordinada à sua principal, ou para coordenar perí- odos ou sintagmas do mesmo tipo ou função. Interjeição Palavra invariável ou sintagma que formam, por si sós, frases que exprimem uma emoção, uma sensação, uma ordem, um apelo ou descrevem um ruído (por exemplo: psiu!, oh!, coragem!, meu Deus!). A seção a seguir tem por objetivo proporcionar a você, estudante, uma técnica eficaz de identificação das classes gramaticais mais importantes. Identificação das classes gramaticais Iniciemos pela forma como as palavras são classifica- das morfologicamente: Forma: define-se segundo os elementos estruturais que vierem a compor ou a decompor paradigmaticamente as palavras. Função: conforme a posição ocupada no eixo sintag- mático.Sentido: depreende-se da relação entre ambas as coisas, associado quase sempre a fatores de ordem extra- linguística. → Substantivo → Adjetivo → Verbo → Advérbio Palavra-chave! Sintagmático: diz-se da relação entre unidades da língua que se encontram contíguas na cadeia da fala e não podem se substituir mutuamente, pois têm funções diferentes (por exemplo, em céu azul e eles chegaram, a relação entre céu e azul, e entre eles e chegaram). Paradigmático: relativo a ou que pertence a uma série de unida- des que possuem traço(s) em comum e que podem se substituir mutuamente num determinado ponto da cadeia da fala; asso- ciativo. IMPORTANTE: A língua não funciona em relação a um único eixo (paradigmático ou sintagmático). Fator sintático (posição horizontal) → homem grande/grande homem → funcionário novo/novo funcionário Mudança no eixo paradigmático também altera a cons- trução de sentido, ainda que a classificação permaneça inal- terada. → Este é o romance mais bonito de Jorge Amado. → Este é o barco mais bonito de Jorge Amado. A definição semântica não é suficientemente adequada para definir substantivo, adjetivo e verbo. Caminho teórico mais coerente: explicações de cará- ter formal e sintático (e morfossintático). Os critérios mórfico (ou formal) e sintático para classificação morfológica Tais ocorrências envolvem “cortes verticais” no eixo paradigmático? Envolve elementos estruturais das palavras (gramemas dependentes, como desinências, afixos etc.)? Explicação mórfica: flexão e derivação. → gato/gata → moral/imoral/amoral → Explicação sintática: → Personagem esquisita – um bonito personagem → Este pires – muitos pires. Quais palavras (independentemente de serem seres ou não) se deixam anteceder pelos determinantes? Não é função popular impedir reajustes de preço na próxima temporada. → função → (os) reajustes → (o) preço → temporada A força substantivadora dos determinantes é tão grande que pode transformar qualquer palavra de qualquer outra categoria em substantivos. Adjetivo Somente as palavras que são adjetivos aceitam o sufixo –mente (originando, dessa forma, um advérbio). IMPORTANTE: Todo adjetivo é palavra variável em gênero e/ou número e deixa-se articular (ou modificar) por outra que seja advérbio. ou É adjetivo toda palavra variável em gênero e/ou número que se deixar anteceder por “tão” (ou por qualquer intensificador como bem ou muito, dependendo do contexto). LÍ N G U A P O R TU G U ES A 25 Como exercício, encontre os adjetivos nestas sentenças: → Não é função _____ popular___ impedir reajustes de preço na _____ próxima___ temporada. → Ele não é _____ homem para isso. A resolução está organizada a seguir: Não é função (tão) popular(es) impedir reajustes de preço na (tão) próxima(s) temporada. Ele não é (tão) homem para isso. IMPORTANTE: Constatar a flexão e a articulação com o substantivo são procedimentos fundamentais para distinguir o adjetivo do advérbio. Verbo O verbo, na língua portuguesa, constitui a classe de maior riqueza formal e, por esse critério, torna-se facilmente identificável. Apenas os verbos articulam-se com os pronomes pes- soais do caso reto (Eu, Tu, Ele/Ela, Nós, Vós, Eles/Elas). Advérbio No eixo sintagmático: articula-se com verbos, adjetivos e advérbios. → Ela fala bem. → Ela parece extremamente cansada. → Ela fala muito bem. IMPORTANTE: É advérbio toda palavra invariável em gênero e/ou número que se deixa anteceder por TÃO (ou por bem, ou por muito, dependendo do contexto). CAPÍTULO 3 – SINTAXE SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Frase, período e oração Frase é a construção que encerra um sentido com- pleto, podendo ser formada por uma ou mais palavras, com ou sem verbo, ou por uma ou mais orações; pode ser afirma- tiva, negativa, interrogativa, exclamativa ou imperativa. Vejamos alguns exemplos: → Pare! → Fogo! → Parada de ônibus. → Vendem-se casas. → A Maria disse que o João voltará amanhã. → O governo não dará continuidade à política de sane- amento básico. → Os dirigentes chegaram? → Isso é um absurdo! → Adicione duas xícaras de leite. Oração é uma frase, ou membro de frase, que contém um verbo (ou locução verbal 2). A oração pode ser coorde- nada ou subordinada: O João chegou e já se sentou. O governo afirmou que as políticas públicas serão mais eficazes. O período é uma frase que contém uma ou mais ora- ções. Inicia-se por letra maiúscula e encerra-se por ponto final (ou equivalente). A ordem dos termos Em português, as sentenças são organizadas na ordem (direta): Sujeito – Verbo – Objeto (complemento) – Adjuntos O governo investiu R$ 100 milhões em educação no ano passado. Vozes do verbo Vozes são a forma em que se apresenta o verbo para indicar a relação que há entre ele e o seu sujeito. Em língua portuguesa, há três tipos de voz: ativa, passiva e refle- xiva. Vejamos a definição de cada uma: 1. Voz ativa Voz do verbo em que o sujeito pratica a ação (por exem- plo, João cortou a árvore) 2. Voz passiva Voz do verbo na qual o sujeito da oração recebe a inter- pretação de paciente, em lugar da de agente da ação verbal (por exemplo, Pedro foi demitido) 2.1. Voz passiva analítica Voz passiva com o verbo principal na forma de particípio e com verbo auxiliar (ser, estar, andar etc.) recebendo as indicações de tempo, modo e concordância. O sujeito equivale ao objeto direto da ativa correspon- dente, e o sintagma agentivo, opcional, vem precedido de por: O cocheiro foi mordido (pelo cavalo). 2.2. Voz passiva sintética Voz passiva com o verbo na terceira pessoa construído com o pronome apassivador se, sem indicação do agente. Por exemplo: Não se encontrou nenhum vestígio de vinho no copo. Vendem-se livros usados. 3. Voz reflexiva Voz com verbo na forma ativa tendo como complemento um pronome reflexivo, indicando a identidade entre quem pro- voca e quem sofre a ação verbal: 2 Conjunto de palavras que equivalem a um só vocá- bulo, por terem significado, conjunto próprio e função grama- tical única. O João vai chegar cedo. B R U N O P ILA STR E 26 Feri-me. Eles se prejudicaram. O sujeito Sujeito é termo da oração sobre o qual recai a predi- cação da oração e com o qual o verbo concorda. Pode ser: I – Indeterminado: → Pedro, disseram-me que você falou mal de mim. → Precisa-se de empregados (índice de indetermina- ção do sujeito). → Vive-se bem aqui (índice de indeterminação do sujeito). II – Impessoal: Há bons livros na livraria. Faz frio. Chove. III – Explicitado lexicalmente: → O sol é um astro luminoso. IV – Explicitado pronominalmente: → Eu estudo no colégio Dom Pedro II. V – Desinencial: → Brincamos todos os dias na praça. As formas pronominais retas (as quais ocupam a posi- ção de sujeito) são as seguintes: → 1ª pessoa (singular ou plural): eu – nós. → 2ª pessoa (singular ou plural): tu – vós. → 3ª pessoa (singular ou plural): ele – eles. Paralelismo sintático Paralelismo sintático é a identidade de estrutura numa sucessão de frases. Vejamos a frase a seguir: O esforço é grande e o homem é pequeno. Nessa frase, há uma simetria estrutural entre as duas orações. Ambas são estruturadas por um verbo de ligação e um predicativo do sujeito. Segundo Azeredo (2008), paralelismo sintático é a perfeita correlação na estrutura sintática da frase. Como a coordenação é um processo que encadeia valores sintáticos idênticos, presume-se que os elementos sintáticos coorde- nados entre si devam apresentar, em princípio, estruturas gramaticais similares. Portanto, a coordenação sintática deve comportar constituintes do mesmo tipo. É muito importante observar que
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