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Ciência Política Responsável pelo Conteúdo: Prof. Rodrigo Medina Zagni O Marxismo e a Política como Práxis Material teórico O Marxismo e a Política como Práxis Nessa unidade, vamos tratar do tema “O marxismo e a política como práxis”. Trata-se não só de uma das mais expressivas correntes teóricas dentro das Ciências Humanas, não apenas da Sociologia; mas indubitavelmente da mais significativa força política que ascendeu da nova ordem industrial da primeira para a segunda metade do século XIX, configurando-se no século seguinte como um riquíssimo e criativo campo de debates sobre os mais variados aspectos da vida social. Sendo assim, este é um conteúdo fundamental para entender uma das mais influentes correntes teóricas na Sociologia e que repercutiu em praticamente todas as áreas do saber, buscando a transformação da realidade social na perspectiva daqueles que, até então, não eram considerados agentes da própria história: os oprimidos. Para realizar a unidade, primeiro acesse o item Documentos da Disciplina, onde você encontrará o Referencial Teórico, ou seja, o texto que servirá de base para todas as demais atividades da unidade. Leia então o texto que trata do marxismo. Em seguida, para verificar se houve uma suficiente compreensão do conteúdo, responda as perguntas das Atividades de Aplicação, que tratam de categorias fundamentais sobre o assunto abordado. Foram disponibilizados ainda Materiais Complementares, para o caso de você desejar se aprofundar em algumas questões trabalhadas no conteúdo. Finalmente, realize a Atividade de Reflexão da unidade. Nela você deverá produzir um texto analítico a partir da análise de um trecho do capítulo: “Marx... Um fantasma ronda a Europa”, extraído do livro “O mundo de Sofia”, de Joisten Gaader. Bom estudo! Lembro que estou a sua inteira disposição e que pode me contatar a qualquer tempo neste ambiente web-class. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. O marxismo é, como corrente política, como campo teórico e como ferramenta conceitual, tanto para as Ciências Humanas como para a prática social, uma das mais expressivas colaborações intelectuais já dadas para a compreensão e transformação da realidade social. O impacto que o pensamento marxista tem nas ciências sociais é equiparável, em importância e significados, a uma revolução. Pode-se dizer então, segundo afirma o Prof. Osvaldo Coggiola, que o séc. XIX não foi apenas o século da dupla revolução: política e econômica, como disse Eric Hobsbawn; houve também uma revolução intelectual operada a partir da Alemanha, e cujo nome era o Marxismo. Revolução tem aqui o sentido de transformação. Isso porque, nas ciências em geral, Marx não demonstrava estar preocupado apenas em compreender as dinâmicas desenvolvidas pelas sociedades; mas dava a essa compreensão uma função: transformar a própria realidade. Com isso, a Sociologia ganhava uma nova função e seus artífices uma tarefa, segundo a práxis definida por Marx: compreender as sociedades seria o primeiro passo para o que de fato importava, transformá-las! Sendo assim, embrenhemo-nos pelo denso universo conceitual do marxismo, pois há muito para ser transformado! Contextualização As Origens do Marxismo Pode-se dizer que no final da primeira metade do séc. XIX, particularmente no ano de 1848, com a publicação do “Manifesto do Partido Comunista”, dos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), desenvolveu-se o que, posteriormente, seria nominado como marxismo. A obra é uma espécie de divisor de águas no pensamento de Marx, marcando o fim de um longo período de reflexões filosóficas (desde a elaboração de sua tese de doutoramento: "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro", defendida em 1841 na Universidade de Berlim); para uma etapa de estudos políticos. Nesta segunda fase, Marx resolveu um antigo problema na cisão entre idealistas (que pensavam modelos ideais de sociedade, por exemplo), e materialistas (alicerçados nas condições materiais de transformação das sociedades), propondo aquilo que definiu como práxis: a ação transformadora da realidade, rumo à concretização da idealidade. Obviamente, o ideal vicejado por Marx só se constituiria, em sua teoria, diante das possibilidades materiais de tornar- se real. Material Teórico Portrait of Karl Marx Karl Marx (1818-1883), German political philosopher, author of Das Kapital. IMAGEM: © Bettmann/CORBIS DATA DA FOTOGRAFIA ca. 19th century COLEÇÃO Bettmann Friedrich Engels Working in His Office Título original: Illustration of Friedrich Engels (1820-1895), German socialist philosopher. Undated. IMAGEM: © Bettmann/CORBIS DATA DE CRIAÇÃO ca. 1880's COLEÇÃO Bettmann Com base nisso, Marx, nesta fase, centrou seus esforços na crítica política ao modelo de sociedade vigente ao seu tempo, perscrutando suas raízes mais longínquas na História da humanidade para defender um modelo de sociedade que superaria os antagonismos de suas precedentes, levando o Homem ao desenvolvimento máximo de suas potencialidades. Dessa forma, lançou as bases do marxismo, que constituiu um dos mais significativos cabedais teóricos da contemporaneidade. Serviu tanto como instrumento para organização da classe trabalhadora e para o surgimento dos partidos políticos de esquerda em todo o mundo, como para influenciar revoluções sociais como a Revolução Chinesa e a Russa, por exemplo; e, ainda, para conformar uma intelectualidade engajada com a transformação da realidade social em nome dos menos favorecidos, aquela que se denomina: marxista. A europa do séc. Xix O chamado renascimento histórico na Europa se deu após um longo período sob o domínio da Igreja Católica na Idade Média, quando as artes, as ciências e o conhecimento em geral foram libertados da autoridade religiosa e dos dogmas que impregnavam toda espécie de conhecimento. A Revolução de 1949 implantou um sistema comunista autônomo na nação chinesa. 300 × 213 - 19k - jpg - www.algosobre.com.br/.../revolucao_russa_01.jpg Veja abaixo a imagem em: www.algosobre.com.br/index.php Martín Lutero http://www.algosobre.com.br/index.php A “reforma”, introduzida por Martin Lutero na Alemanha no século XVI e por Calvino na Suíça naquele mesmo conturbado século, tomava a Europa inteira no XVII com a expansão do Calvinismo a partir da Inglaterra e da Holanda e, já no século XIX, encontrava-se bem difundida em toda a Europa, ruindo as bases de sustentação da Igreja Católica que já havia perdido sua dimensão de dominação política. O homem deixava de perceber-se como uma criatura apática, temerosa e insignificante diante do Deus cristão e sujeito a inevitabilidades do destino, que até ali lhe exercera coerção de tal forma que pensava não poder mudar seu próprio destino. Alcançou-se um estágio de profundo antropocentrismo – o homem passava a se perceber como o centro do universo, com tudo orbitando em torno de sua existência -, desprendendo-se dos dogmas religiosos, anticientifistas, característicos do homem teocentrista – para quem o Deus cristão seria o centro de tudo. Este novo estágio alcançado pelo homem, apesar de representar seu distanciamento das crenças e manifestações lúdico-religiosas, corroborou para um avanço significativo do espírito crítico, do qual derivam as ciências em geral. Esse é o passo que leva ao cientificismo, cuja expressão máxima é a teoria “positivista”, postulada por Augusto Comte, que deu às ciências objetividade e direção rumo ao humano, não deuma forma subjetiva, mas científica, apesar de todos os seus antagonismos. O novo modelo racional, obra deste novo estágio alcançado pelo pensamento crítico, baseava-se não mais nos dogmas religiosos; mas, neste novo estágio, a teorização seria resultado da prova, ou seja, toda tese deveria ser submetida a uma experimentação na qual a observação e a tangibilidade seriam fundamentais, sendo, somente a partir daí, edificado o “conceito científico”. Isso foi responsável pelo surgimento de diversas ciências como a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia e a História, dentre outras. A política como ciência, depois de sistematizada por Maquiavel, ganha seu grau epistemológico a partir deste século. Augusto Comte (1798-1857). AS MENTALIDADES E A PERCEPÇÃO DO HOMEM SOBRE O CONHECIMENTO Período medieval (476 a 1453 segundo a periodização tradicional) TEOCENTRISMO Deus é a medida de todas as coisas Renascimento e período moderno (séc. XVI ao XVIII) ANTROPOCENTRISMO O Homem é a medida de todas as coisas Séc. XIX CIENTIFICISMO A ciência é a medida de todas as coisas Contudo, os mais significativos antecedentes para que se compreenda, contextualizadamente, o desenvolvimento do marxismo são as revoluções liberais do final do séc. XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Ambas as revoluções consolidar-se-iam ao tempo de Marx. As transformações decorrentes da Revolução Francesa de 1789, decorrentes do agigantamento da burguesia, fariam varrer a Europa. Também o vendaval revolucionário de 1848, desencadeado na França, a partir das universidades, convulsionaria as principais capitais europeias. Ainda, a Revolução Industrial já consolidara um novo espaço urbano em torno das fábricas, dos bairros operários, do surgimento do proletariado org ani zado em torno do movimento operário, dos sindicatos e das ligas e partidos políticos para os oprimidos. Das fileiras do movimento operário organizado, em torno de suas reivindicações, surgiria o marxismo. 460 × 364 - 54k - jpg - twilighthatersbrasil.files.wordpress.com/2009... 285 × 216 - 38k - jpg - www.tijolaco.com/wp- content/uploads/2009/12/r... Veja abaixo a imagem em: www.tijolaco.com/?p=7019 http://www.tijolaco.com/?p=7019 A Reflexão sobre 1848 em Marx O ano de 1848 foi extremamente significativo por conta das revoluções que se operaram na Europa, por meio das quais se expressaram aspirações nacionalistas e democráticas ainda decorrentes da consolidação de uma nova burguesia, fruto da riqueza provinda da industrialização. Trata-se do mesmo ano de publicação do “Manifesto do Partido Comunista”, registro histórico de sua época e testemunha da organização do movimento operário, dos sindicatos à criação de projetos políticos para os explorados nessa nova ordem econômica: o capitalismo industrial. Teoria e Doutrina As principais obras escritas por Marx foram: “A ideologia alemã” (1846); “O manifesto comunista” (1848), junto de Engels; “O 18 Brumário de Luis Bonaparte” (1851) e “O Capital” (1867). Do conjunto da obra, é fundamental disponibilizarmos de início algumas definições que, no conjunto da teoria marxista, permitem a compreensão de conceitos importantes. Definições no Marxismo Clássico: Trabalho ação do Homem sobre a natureza para garantir os meios de sobrevivência Cultura produto do trabalho Força de trabalho capacidade do Homem para o trabalho Meios de produção matérias-primas e ferramentas para o trabalho (terra, fábrica, minas etc.) Força produtiva meios de produção + força de trabalho No dia 21 de fevereiro de 1848 foi publicado pela primeira vez o Manifesto do Partido Relações sociais de produção se dão entre os donos dos meios de produção e os donos da força de trabalho Modo de produção de bens de consumo forma de organizar o processo produtivo; é a estrutura econômica da sociedade Modo de produção totalidade da vida social gerada por essa organização: econômica + jurídico-política + ideológica Colocando essas categorias num esquema explicativo, podemos entender as relações que as definições do marxismo clássico mantêm entre si. HOMEM > Necessidade de sobrevivência NATUREZA < Meios naturais disponíveis RELAÇÃO DESIGUAL Força produtiva (meios de produção + força de trabalho) HOMEM NATUREZA INTERVENÇÃO / TRABALHO / CULTURA Relações Sociais de Produção Modo de Produção de Bens de Consumo Modo de produção Novo Homem O Materialismo em Marx O princípio fundamental do marxismo é o materialismo, ou seja, a única realidade é a matéria e suas forças, em transformação contínua. Sendo assim, a matéria, para Marx, não consiste em uma composição estática, inerte, mas em constante movimento e transformação. De fato, o princípio já estava na filosofia pré-socrática (estudada pelo “jovem Marx”), no materialista Heráclito de Éfeso (540 a.C. - 470 a.C.) e seu célebre exemplo de que um homem nunca se banha no mesmo rio duas vezes, pois, na segunda vez, nem as águas do rio são as mesmas, nem o homem permanece o mesmo. Para ele, tudo flui. Materialismo Econômico Para Marx, a base econômica é determinante para o desenvolvimento das sociedades. Sua visão contrapõe-se à de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831, foi professor e reitor da Universidade de Berlim, onde Marx estudou), para quem “as ideias determinam todas as condições da sociedade”; para Marx e Engels “a economia determina inclusive as ideias”, sendo assim, para o marxismo “a economia molda a sociedade”. Marx entendia que as relações econômicas de produção de determinada sociedade permitiriam compreender todos os seus demais aspectos. Para isso, focou sua análise nos modos de produção, a partir dos quais se conformariam os demais aspectos da vida social, de forma adaptativa ao sistema econômico vigente. O estudo dos processos tecnológicos empreendidos nas atividades produtivas, a divisão do trabalho decorrente da organização da produção, a estratificação social resultante da divisão do trabalho, a distribuição dos bens e G.W.F. Hegel. Heráclito de Éfeso ( Johannes Moreelse) produtos, seu consumo, a própria organização social, a remuneração da mão-de- obra, o regime de propriedade e as leis que legitimam essas relações, são elementos fundamentais para a compreensão das sociedades. Segundo esta visão, a estrutura econômica exerceria um papel determinante no processo de transformação das sociedades humanas. Dela adviriam mudanças no cotidiano dessas sociedades, moldando seus aspectos político- ideológicos e culturais, pois se constituiria, fundamentalmente, das próprias formas de relação de produção que as regeriam. A transformação das sociedades estaria, portanto, intrinsecamente relacionada com o movimento de suas estruturas econômicas, ou seja, com a forma como o Homem interfere na natureza para atender a suas necessidades de sobrevivência. Materialismo Histórico Para Marx, as sociedades, ao longo da História, também estariam em perene transformação, conforme vimos, determinadas pelas mudanças em sua base econômica. Essas transformações se dariam por meio de uma marcha triática, ou seja, a partir de três elementos: tese, antítese e síntese. Essa formulação advém de uma reapropriação que Marx fez da dialética proposta por Hegel, daí dizer-se: da dialética hegeliana. O movimento se daria da seguinte forma: tudo o que existe na natureza constitui tese; porque tudo está em movimento (como vimos), tudo o que existe em natureza se transforma, em especial, em direção ao seu oposto (exemplo: a madeira se transforma naturalmente de forma a deixar de ser madeira, quando começa a se decompor), a esse contrário, que nega a tese, chamamos de antítese (anti+tese); o choque da tese com seu contrário (ou suas contradições, como no exemplo dado, de a madeira naturalmentese decompor), teria como resultado a Revolução Industrial. síntese, ou seja, algo novo (uma matéria nova, no exemplo dado, produto da decomposição da madeira). Essa mesma lógica verifica-se, segundo Marx, na mudança das sociedades, que também se decompõem e se transformam em algo novo. Essas transformações seriam determinadas, como vimos, pela base econômica. Sendo assim, uma base econômica determinada, como o sistema capitalista, (ao tempo de Marx, que era o tempo da industrialização), seria a tese dessa sociedade: o chamado modo de produção capitalista. Seus antagonismos ou contradições, ou seja, sua antítese, seriam exatamente as condições de penúria e extrema exploração vivida pelo proletariado, a classe trabalhadora nas fábricas. No momento em que o proletariado não suportasse mais sua condição de exploração e se voltasse contra o explorador - a burguesia -, ocorreria o choque que produziria um novo modo de produção, ou seja, a síntese. Sendo assim, a expressão do materialismo histórico seria a luta de classes: o momento de choque entre uma classe dominante (cuja ordem seria a tese) e as classes dominadas (cuja condição de exploração seria antítese). Com base na dialética hegeliana (tese + antítese = síntese), Marx elaborou sua teoria explicativa sobre a sucessão dos modos de produção da vida social: “Todo modo de produção já traz em si o germe que provocará sua deterioração e o surgimento de um modo de produção novo”, tendo como motor dessas transformações a “luta de classes”. Marx encontrou então uma explicação lógica, com base na dialética, para a sucessão dos diferentes modos de produção ao longo da História: TESE X ANTÍTESE = SÍNTESE ( o que existe) (suas contradições) o novo Modos de produção ao longo da história: Dinâmica do capitalismo: COMUNISMO PRIMITIVO Durante o passado pré-histórico, baseava- se na ausência da propriedade privada dos meios de produção, sendo assim, da exploração do homem pelo homem. MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO Durante o auge das civilizações do Crescente Fértil ou Oriente Próximo (Egito e Mesopotâmia), aproximadamente em 3 mil a.C., baseava-se na propriedade privada por parte de governantes como autoridade religiosa (Estados Teocráticos), a quem todos serviam por temerem sua condenação tanto em vida quanto no pós-morte. ESCRAVISMO Verifica-se no auge das civilizações clássicas (Grécia e Roma), até 476, baseava-se na mão-de-obra escrava, ou seja, o senhor detinha direito de propriedade sobre o escravo, assim sendo, de vida e morte sobre ele, podendo negociá-lo, deixá-lo de herança ou matá-lo. FEUDALISMO Verifica-se na Europa Medieval (de 476 a 1453) e está baseado em relações de interdependência entre senhores e servos. Enquanto os senhores concediam-lhes temporariamente: proteção, moradia e uso da terra; os servos davam-lhes seu trabalho, pagavam-lhes taxas e serviam- lhes militarmente, se preciso. CAPITALISMO Tem origem com o declínio do sistema feudal e está baseado na mão-de-obra livre e assalariada. CAPITALISMO MERCANTIL Ou, para Marx, PRÉ-CAPITALISMO Baseado nas manufaturas (ver unidade II), verifica-se sua existência desde a Baixa Idade Média, mas se expande durante as navegações e a colonização do Novo Mundo (do séc. XVI ao XVIII). CAPITALISMO INDUSTRIAL Advém da consolidação da Revolução Industrial na primeira metade do séc. XIX (ver unidade II). Tem como núcleo as relações entre burgueses e proletários no âmbito da produção fabril. CAPITALISMO FINANCEIRO Trata-se de uma fase rentista do capital, originada pela crise do capitalismo industrial, cujo epicentro foi a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Consolida- se em 1945 com o término da Segunda Guerra Mundial, portanto, obviamente, esta fase não foi assistida por Marx. Advém da forte crise vivida pelas indústrias que tiveram seu capital absorvido por instituições financeiras. Modos vindouros segundo o marxismo: É importante ressaltar que a ideia de Socialismo não foi criada por Marx, ela já era defendida antes de sua obra; contudo, por teóricos filiados a uma visão idealista de sociedade. Essa corrente foi caracterizada por Marx como Socialismo Utópico: pré Marx e Engels. Esta nova visão criaria então o Socialismo científico: pós Marx e Engels; dando-lhe uma explicação sistêmica e apontando estratégias claras para ultimá-la como projeto político. Estratificação Social Para Marx, a luta de classes seria então o motor da História, da transformação das bases econômicas das sociedades e, assim sendo, das próprias sociedades. A origem da divisão da sociedade em classes sociais estaria na propriedade privada dos meios de produção. No momento em que um indivíduo se outorga proprietário de um determinado meio de produção, como a terra, por exemplo, ele se distingue de todos os demais que não são proprietários. Decorre daí a divisão social do trabalho, entre os proprietários dos meios de produção e aqueles que são SOCIALISMO Propriedade privada dos meios de produção centralizadas no Estado, responsável por distribuir a riqueza social decorrente das relações de produção de forma igualitária. COMUNISMO Ausência total da propriedade privada. Fase na qual o indivíduo internalizaria o papel do Estado Socialista, findando com qualquer tipo de relação de exploração. MEIOS DE PRODUÇÃO: São os meios necessários para garantir a existência material do Homem, como a terra e os instrumentos/ferramentas para a transformação da natureza naquilo que possa saciar as necessidades humanas (uma enxada, um arado, uma máquina numa indústria, por exemplo). O meio de produção mais importante, no marxismo, é a terra. proprietários apenas de sua força de trabalho. Trata-se, para Marx, de uma relação, fundamentalmente, de exploração, na qual há exploradores e explorados. Percebemos então que, segundo essa perspectiva, a divisão do trabalho social determina papéis e identidades sociais e, segundo o marxismo, estão na base das desigualdades, por parte daqueles que são proprietários dos meios de produção e expropriam a força de trabalho alheia. Em determinado momento, então, essa condição de exploração se tornaria de tal forma insuportável que adviria daí a consciência dessa condição, chamada por Marx de “consciência de classe”: o combustível necessário para ativar a luta de classes, o motor das transformações sociais subsequentes. Revolução A luta de classes encontra expressão máxima na forma da revolução social, que cria a nova ordem de produção, síntese do velho e do novo. Trata-se da síntese dialética que vimos em Hegel e depois em Marx: a nova ordem já traz em si o germe de sua ruína, suas contradições internas, que provocarão a antítese, que em choque com a tese, geram a síntese (o novo). A história da humanidade é, assim, a história da luta de classes, e a luta de classes depende por sua vez da consciência de classe. Desta forma, compreende-se porque para Marx “a violência é a parteira das novas sociedades”. A revolução como expressão da luta de classes, dada pelas contradições do CAPITALISMO (expressão máxima da exploração a que teriam chegado às relações entre proprietários dos meios de produção e proprietários de sua força de trabalho), levaria ao SOCIALISMO (propriedade dos meios de produção centrados no Estado), fase transitória para o COMUNISMO (ausência de propriedade privada dos meios de produção e, com isso, ausência de relações de exploração). 300 × 309 - 4k - gif - 4.bp.blogspot.com/.../s400/socialismo.gif Imagem em: cienciassociaisbrasil.blogspot.com/200 9/11/so... http://cienciassociaisbrasil.blogspot.com/2009/11/socialismo-macroeconomico_06.html http://cienciassociaisbrasil.blogspot.com/2009/11/socialismo-macroeconomico_06.htmlEstrutura Social A estrutura social, no marxismo, é formada pelas relações de produção: o fator econômico é, portanto, o determinante fundamental na configuração das sociedades, pois o papel do indivíduo na sociedade advém do papel que desempenha na divisão social do trabalho. As relações de produção determinariam as formas de consciência, organizações políticas, religião, lei, filosofia, ciência, arte, literatura e até mesmo a moralidade. Nessa perspectiva, o Estado (que não fosse o Socialista) seria a superestrutura criada a serviço da classe dominante, proprietária dos meios de produção, para manter essas relações inalteradas em favor dos dominadores. O Projeto Político para Transformação da Realidade Social Da vasta obra legada por Marx, o livro “Manifesto do Partido Comunista” (Manifest der Kommunistischen Partei), escrito em coautoria com Engels e publicado em 21 de Fevereiro de 1848, é o que melhor delineia o projeto político do marxismo. Isso porque estava dirigido, em essência, para a classe trabalhadora. Tratava-se do programa da Liga Comunista e apresentava o socialismo científico daqueles que seriam considerados como seus fundadores: Marx e Engels. A obra dava curso claro de ação para uma revolução socialista, que consistiria na tomada do poder pelos proletários. O materialismo histórico é ali apresentado na forma de uma análise que demonstra, em termos históricos, que as formas de opressão social mudam, assim como mudam seus atores, e que o opressor àquele tempo seria a burguesia moderna, que trataria o operário como uma descartável peça de trabalho. A condição de miséria à qual estaria submetido, para o maior lucro de seus patrões, aliaria-se, ainda, a sua mais completa coisificação. Para romper com essas relações, a luta socialista deveria ser dada como luta de classes, sendo assim, o inimigo comum aos proletários de todo o mundo seria a burguesia. Para isso, o programa dava as etapas a serem cumpridas pelo proletariado: • tomar consciência de sua situação; • tomar conhecimento do contexto social e histórico no qual estava inserido; • organizar e lutar contra a opressão. O objetivo da luta, no socialismo preconizado por Marx, teria uma organização de caráter transnacional, uma vez que a consolidação da industrialização em termos internacionais tornaria necessária uma luta travada nesse mesmo âmbito, por isso o caráter internacionalista do marxismo. O livro faz uma sistemática crítica ao modo de produção capitalista, propondo, para sua superação, os princípios do socialismo científico: proletários conscientes de sua condição, organizados como comunistas, lutariam pela abolição da propriedade privada. Marx e Engels, no terceiro capítulo, fazem uma análise crítica da conjuntura socialista ao seu tempo. Para os autores, havaria três tipos de socialismo: • socialismo reacionário, uma forma da classe dominante assumir parte do discurso dos explorados, sob um ponto de vista burguês, com a finalidade de manter as relações de produção e de troca nas quais estavam em condição de privilégio. • socialismo conservador, que não almejaria a revolução social, expressão maior da luta de classes, mas sim uma reforma dada por dentro das estruturas sociais vigentes, o que para Marx e Engels seria notadamente antirevolucionário e, assim sendo, contrário aos interesses da classe trabalhadora. • socialismo utópico, que apesar de acertar na crítica que fazia sobre a situação do operariado, não apoiava sua luta política, tornando o projeto de sociedade comunista inatingível, uma vez que não criava planos para sua realização. Author: Liberdade & Revolução No quarto capítulo é apresentado, então, o novo socialismo, que superaria suas correntes contemporâneas e predecessoras. Neste capítulo, estão condensadas as principais ideias do Manifesto, com foco privilegiado na questão da propriedade privada, da qual derivariam as principais formas de exploração em distintos modos de produção. A luta proposta passaria primeiro pela motivação da união transnacional entre os operários, ultrapassando as barreiras do nacionalismos para fazer com que os explorados do mundo almejassem um novo papel como atores transformadores de sua própria história. Ainda sobre o tema "o marxismo e a política como práxis", indico os textos abaixo, disponíveis na internet, a título de leitura complementar: • No site da Biblioteca Virtual de História do Marxismo no Brasil, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Pontífice Universidade Católica de Minas Geraos, é possível acessar os clássicos do marxismo, em formato digital, no link: http://www.fafich.ufmg.br/marxismo/. • O Centro de Estudos Marxistas (CEMARX) da Universidade Estadual de Campinas mantém uma publicação intitulada "Revista Crítica Marxista", no site:http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/. Indico ainda os filmes, disponíveis no Youtube: A teoria marxista • http://www.youtube.com/watch?v=bjIuO1EMR7E&feature=related Alienação • http://www.youtube.com/watch?v=n2vFecjCNWs&feature=related Material Complementar http://www.fafich.ufmg.br/marxismo/ http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/ http://www.youtube.com/watch?v=bjIuO1EMR7E&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=n2vFecjCNWs&feature=related ALTHUSSER, Louis. Análise crítica da teoria marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. BAAS, Emile. Introdução crítica ao marxismo. Rio de Janeiro: Livraria AGIR, 1958. BOBBIO, Norberto. Marxismo e o estado. Rio de Janeiro: Graal, 1979. __________. Teoria Geral da Política. A Filosofia Política e as lições dos clássicos. São Paulo: Campos, 2000. DRACHKOVITCH, Milorad M. O marxismo no mundo moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 1966. FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo: Brasiliense, 1997. FROMM, Erich. Conceito Marxista do Homem. Rio De Janeiro: Zahar, 1975. GAADER, Jostein. O mundo de Sofia: Romance da história da Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997. MARX, Karl. Trabalho Assalariado e Capital. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. __________. O Capital: Crítica da Economia Política. Vol. I. São Paulo: Abril Cultural, 1984. __________. Manifesto do Partido Comunista. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. __________. O 18 de Brumário de Louis Bonaparte. São Paulo: Centauro, 2003. Referências _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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