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O MAU USO DA MÍDIA ELETRÔNICA E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS NA ADOLESCÊNCIA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 ADOLESCÊNCIA ........................................................................................ 5 
3 FAMÍLIA, ADOLESCÊNCIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS ........................ 12 
3.1 Bem-estar psicológico na adolescência ............................................. 16 
4 AS RELAÇÕES ENTRE TECNOLOGIA E SOCIEDADE .......................... 19 
4.1 Vício tecnológico: contextualizando nomofobia .................................. 20 
4.2 Adolescência e o espaço virtual ......................................................... 24 
4.3 Os comportamentos sociais específicos do uso continuado do aparelho 
celular na fase da adolescência ............................................................................. 27 
5 A INTERNET SEGUNDO A PSICOPATOLOGIA ..................................... 29 
6 PSICOTERAPIA ....................................................................................... 32 
6.1 A contribuição da psicologia para possíveis intervenções no 
comportamento social dos jovens a partir do uso do telefone celular .................... 33 
6.2 Implicações humanas do uso da internet, jogos eletrônicos e celulares
 35 
7 DEPENDÊNCIA DA INTERNET ............................................................... 38 
7.1 Classificação e tipologia ..................................................................... 45 
7.2 Atividades sexuais na internet ............................................................ 46 
7.3 Comunicação via internet ................................................................... 48 
7.4 Compulsão à navegação .................................................................... 51 
7.5 Jogos eletrônicos ............................................................................... 51 
7.6 Jogos de azar ..................................................................................... 53 
7.7 Fatores de risco da dependência da internet ..................................... 54 
7.8 Consequências e benefícios da dependência da internet .................. 55 
7.9 Dependência das redes sociais .......................................................... 57 
7.10 Etiologia da dependência da internet .............................................. 61 
 
3 
 
7.11 Dependência de internet e jogos eletrônicos .................................. 62 
7.12 Dependência de internet em adolescentes ..................................... 64 
7.13 Dependência de internet e habilidades sociais na adolescência .... 66 
7.14 Os transtornos causados pelo uso excessivo da internet ............... 67 
8 INTERVENÇÃO E TRATAMENTO EM DEPENDÊNCIA DE INTERNET . 70 
8.1 Técnicas sugeridas ............................................................................ 80 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 85 
10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 91 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 ADOLESCÊNCIA 
 
Fonte: metrojornal.com 
A adolescência possui algumas ambivalências quanto à definição de sua 
extensão, por isso, a maioria dos teóricos a descrevem como fase intermediária entre 
a infância e a fase adulta, ou como etapa de desenvolvimento, desencadeada pelo 
surgimento das transformações orgânicas da puberdade que é encerrada através do 
amadurecimento psicossocial. 
Esta fase do desenvolvimento é bastante caracterizada por fatores como: as 
chamadas crises de identidade pela transição da infância à maturidade juvenil; o início 
da escolha profissional; a constante busca por autonomia; pelo ingresso na vida 
sexual; pelos comuns conflitos familiares e de caráter emocional, as famosas 
transformações orgânicas e inconstâncias hormonais, associadas a uma nova 
compressão de mundo que se alia à necessidade da representação de novos papéis 
e responsabilidades do jovem na sociedade, como sujeito desejante e portador de 
conceitos próprios da realidade e ainda, principalmente pela reconstrução e 
formatação da identidade. 
Parece que a duração da adolescência pode ser razoavelmente definida em 
termos de processos psicológicos, em face das limitações no emprego de 
outros elementos. Segundo esta estrutura de referência, a adolescência 
começa com as reações psicológicas do jovem a suas mudanças físicas da 
puberdade e se prolonga até razoável resolução de sua identidade pessoal. 
Para alguns, o processo de maturação sexual pode começar na primeira 
década da vida e, para outros, jamais se conseguirá um firme senso de 
identidade pessoal. Entretanto, para a maioria das pessoas jovens, estes 
 
6 
 
eventos ocorrerão principalmente entre as idades de 11 e 20 anos, que 
limitam a fase da adolescência. (CAMPOS, 1998; apud ALVES G; 2008). 
Segundo Tiba (2005; apud ALVES G; 2008) as crianças hoje estão 
adolescendo, cada vez mais cedo, e entrando na fase jovem - adulto ainda mais tarde. 
Essas expansões para menos idade e mais idade são novidades psicológicas, 
familiares, culturais, sociais. A maioria dessas crianças emancipadas para 
adolescência, ainda nem passaram pela puberdade encontrando-se na faixa de 08 a 
12 anos. 
Estas “crianças” são bastante independentes e precoces para sua idade e 
costumam imitar os adolescentes, consomem produtos usados por eles, acham as 
outras crianças de sua idade “chatas” e se envolvem em pequenos grupos de 
semelhantes com quem se comunicam intensamente via internet e celular, 
argumentam com propriedade e possuem certo ar de dominador devido aos 
constantes estímulos que vivenciam. (TIBA, 2005; apud ALVES G; 2008). 
Para Papalia, Olds & Feldman (2006; apud ALVES G; 2008) a adolescência 
dura aproximadamente 10 anos, dos 11 (onze) até pouco antes até depois dos 20 
anos, considerando o fato de que seu início e término não podem ser claramente 
definidos atualmente. No entanto, considera-se que o início do adolescer se dá com a 
entrada na puberdade, processo que conduz a maturidade sexual ou fertilidade, ou 
seja, a capacidade de reprodução. 
O cuidado com um delinear do início e término da adolescência, pode ser 
bastante relevante, e até o século XX, as crianças das culturas ocidentais se 
deparavam com o mundo adulto, quando amadureciam fisicamente ou apenas quando 
iniciavam um aprendizado vocacional, e hoje, o ingresso na idade adulta leva mais 
tempo. E em virtude disso, devem-se levar em consideração o contexto que envolve 
o amadurecimento do adolescente sempre que se fizer menção a sua durabilidade. 
(TIBA, 2005; apud ALVES G; 2008). 
Papalia, Olds & Feldman (2006; apud ALVES G; 2008) enfatizam que uma das 
razões da puberdade começar mais cedo do que antes, pode estar ligada a entrada 
na vida profissional que tende a ocorrer mais tarde, por causa da sociedadeque 
atualmente exige períodos mais longos de educação ou treinamento profissional para 
que o jovem possa assumir responsabilidades adultas. 
 
7 
 
Dá-se o nome de adolescência ou juventude à fase caracterizada pela 
aquisição de conhecimentos necessários para o ingresso do jovem no mundo 
do trabalho e de conhecimentos e valores para que ele constitua sua própria 
família. A flexibilidade do critério, que nos pode levar a categorizar alguém 
com vinte e cinco anos como adolescente e alguém com quinze como adulto 
[...]. (BOCK; FURTADO & TEIXEIRA, 1999; apud ALVES G; 2008). 
Campos (1998; apud ALVES G; 2008) esclarece que delimitar a adolescência 
não é uma tarefa muito fácil, em razão dos fatores biológicos específicos, atuantes na 
faixa etária, se somarem as determinantes sócio - culturais, advindas do ambiente em 
que o fenômeno da adolescência ocorre. 
Ou seja, o adolescente não apenas está vulnerável aos efeitos das 
transformações biológicas corporais, mas, também as mudanças vividas no mundo 
moderno, do progresso científico, da tecnologia, das comunicações, das novas 
aspirações humanas e rápida evolução social, que se estabelecem em seu dia a dia 
e compõem sua construção como sujeito. 
E são estes aspectos que virão a determinar grande parte da identidade deste 
jovem, e a maneira dele se posicionar diante da vida, de uma forma muito pessoal, e 
indicarão o momento em que ele estará apto ou não para adentrar no estágio de jovem 
adulto ou adulto. 
Tiba (2005; apud ALVES G; 2008) menciona que assim como a infância 
constitui-se por etapas, a adolescência possui as suas, tanto no sentido psicossocial 
do adolescer, como no que se refere às mudanças biológicas, destacando-se entre 
elas; a confusão pubertária, o estirão, menarca, mudança de voz e onipotência juvenil. 
Para Campos (1998; apud ALVES G; 2008) o termo puberdade como derivado 
de púbis, que diz respeito a cabelo. Assim, pubescente significa criar cabelos ou 
tornar-se cabeludo. Entretanto, usualmente não é esta a qualificação que se deseja 
empregar a este termo, mas sim, o simples fato do início do processo de maturação 
sexual. 
E esta maturação sexual caracteriza-se por fatores como: a ovulação nas 
garotas, a espermatogênese no rapaz, as modificações no funcionamento das 
glândulas endócrinas, o aparecimento das características secundárias nas jovens 
como, o desenvolvimento dos seios que aparecem antes dos pêlos do púbis e pela 
voz delas que se aprofunda um pouco durante o adolescer. 
 
 
8 
 
Ao passo que, para os rapazes o primeiro indício de maturação sexual é notado 
através do acelerado crescimento dos órgãos sexuais e também por características 
secundárias como, a aparição de pêlos pubianos, a barba e a típica transformação da 
voz, bem como o aumento da estatura. (CAMPOS, 1998; apud ALVES G; 2008). 
As diferenças físicas e o início das possibilidades (através da menstruação e 
da ejaculação) de uma vida sexual, absorvem metade do tempo das atenções 
dos adolescentes. A estranheza de ver seu corpo dia a dia se modificando, 
ora com novos pêlos, ora com espinhas, alongamento dos braços e pernas, 
nariz e boca mais carnudos e sensuais, perdendo passo a passo todas as 
características infantis para portar desajeitadamente um físico semi adulto, 
além das expressões internas hormonais e sexuais bastante intensas, é difícil 
inibitória para o jovem. (ZEKCER - org, 1985; apud ALVES G; 2008). 
De acordo com Berger (2003; apud ALVES G; 2008) além de a adolescência 
começar em meio as alterações físicas da puberdade, ela capacita o jovem a 
transcender do pensamento concreto para o pensar abstrato e hipotético. Havendo 
em paralelo, mudanças psicossociais voltadas aos pais, à nova independência com 
amigos, nova intimidade com a compreensão de si. Sendo estas transformações 
precursoras da vida adulta, no qual o tornar-se adulto, não é uma questão de 
proporção de intelectualidade, mas sim, de maturidade social. 
Mudanças cognitivas levam os adolescentes ao pensamento abstrato, a 
refletir mais sobre “o que deveria ser”, “o que poderia ser”, do que sobre “o 
que é”. Refletir sobre algo e fazer conjecturas a respeito do futuro deixam de 
ser atitudes estranhas para eles, que se sentem cada vez mais inclinados a 
especular e imaginar. Na medida em que fazem, suas emoções se 
conectarem mais intimamente a seus pensamentos. (ELIAS; TOBIAS & 
FRIEDLANDER, 2001; apud ALVES G; 2008). 
Zagury (1996; apud ALVES G; 2008) pontua que em ambos os sexos ocorrem 
um avanço no desenvolvimento intelectual em que se torna evidente o raciocínio 
hipotético – dedutivo, que auxilia em generalizações mais rápidas e no entendimento 
de conceitos abstratos. E em razão desta independência intelectual, surge certa 
rebeldia, relativa a autoridades em geral, que pode ser facilmente justificada pela nova 
habilidade de reflexão questionadora e formadora de opiniões. 
Tiba (2005; apud ALVES G; 2008) afirma que, as características psicossociais, 
não são como as biológicas que tem a época de emergir, mas, vão se determinando 
à medida que o adolescente se depara com a resolução de conflitos. Sendo este, um 
momento em que há o típico afastamento do jovem de sua família, devido ao seu 
engajamento em inserir-se em grupos sociais. 
 
9 
 
Fenwick & Smith (1996; apud ALVES G; 2008) vêm ao encontro desta ideia de 
que os adolescentes à medida que amadurecem, vão se desinteressando pelas 
atividades da família, dos programas de final de semana e querem ficar, cada vez 
mais, com os amigos, ressaltam que esta fase pode ser bastante conflituosa. Pois, 
apesar de haver pais que compreendem este processo, como uma atitude que marca 
o fim da infância, o que de fato é real, existem aqueles que veem isso, como uma 
ameaça a estrutura familiar, apesar de não haver nada de pessoal nesta “rejeição”, e 
o adolescente estar simplesmente afrouxando os laços familiares, para ampliar à sua 
maneira de interagir com o outro. 
Essa desvinculação não é uma rejeição da família, mas uma resposta as 
necessidades de desenvolvimento. Adolescentes jovens costumam-se 
retirar-se para seus aposentos; parecem precisar ficar sozinhos para fugir das 
demandas dos relacionamentos sociais, para recuperar a estabilidade 
emocional e para refletir sobre questões de identidade (LARSON, 1997 apud 
PAPALIA, OLDS & FELDMAN, 2006 ; apud ALVES G; 2008). 
Esta postura do adolescente significa apenas, a busca por ascender na 
aquisição e no andamento das inter-relações, pois, inicialmente na fase infantil seus 
laços afetivos, amizades e sua forma de se relacionar eram basicamente 
intermediadas e até mesmo definidas pelos pais. 
Nesta etapa é chegada à hora da própria tomada de decisões, de conquistar 
espaço e vínculos próprios, de selecionar e buscar integrar-se a grupos condizentes 
com os novos ideais e expectativas que se fazem presentes. E é por isso, que neste 
período há esse movimento de buscar tornar-se, ou até mesmo, “transformar-se” em 
apto para compartilhar de determinados grupos escolhidos como ideais. O que torna 
perfeitamente compreensível o porquê, das constantes mudanças radicais de 
vestimentas, linguagem, gosto musical e de posturas diversas no dia-a-dia. 
(FENWICK & SMITH, 1996; apud ALVES G; 2008). 
Ao passo que, para Zagury (1996; apud ALVES G; 2008) o andamento do 
desenvolvimento físico e externo dos adolescentes, segue em conjunto com as 
modificações de nível social que os envolve, em que se estabelece a típica tendência 
de imitação de vestimentas e atitudes por parte dos jovens, motivada pela busca de 
pertencer a um determinado grupo social, ou se identificar com uma determinada 
classe de pessoas. 
No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do adulto, 
mas, ainda depende dele. Deseja ser aceito pelos amigos e pelos adultos. O 
 
10 
 
grupo de 15 amigos é um importante referencial para o jovem, determinando 
o vocabulário, as vestimentase outros aspectos de seu comportamento. 
Começa a estabelecer sua moral individual, que é referenciada à moral do 
grupo. Os interesses do adolescente são diversos e mutáveis, sendo que a 
estabilidade chega com a proximidade da idade adulta. (BOCK, FURTADO & 
TEIXEIRA, 1999; apud ALVES G; 2008). 
Carvalho, Salles & Guimarães (2003; apud ALVES G; 2008) evidenciam que 
neste período de maturação psicológica, biológica e social, se estabelece a aquisição 
de novas capacidades cognitivas, responsabilidades e a inserção do jovem em novos 
papéis sociais, que se tornam mais evidentes. 
 E em função disso são afloradas exigências e expectativas de familiares, 
amigos e da própria comunidade sobre o adolescente, que se exercidas sob 
condições positivas e apropriadas, podem instigar o desenvolvimento gradual de 
autonomia, que poderá vir a facilitar a apropriação da fase adulta deste jovem. 
Hall (2001; apud ALVES G; 2008) descreve que atualmente a imagem de 
cidadão vem se definindo por comportamentos mais conectados ao consumo, tendo 
como alvo principal o público adolescente, os quais são intensamente instigados ao 
consumismo e ao distanciamento dos reais apelos e desejos comunitários e a era 
digital. 
E em torno desta condição atual, os adolescentes vêm aderindo um 
posicionamento mais reivindicatório e narcisista, que se dirige apenas a busca de 
autossatisfação cuja extensão social não vai além de suas amizades. 
Segundo Carvalho, Salles & Guimarães (2003; apud ALVES G; 2008) a 
adolescência não se define apenas como transição entre a infância e a fase adulta, 
mas, como uma das etapas de desenvolvimento. 
Suas transformações corporais são causadoras de grande impacto na 
formatação da compreensão da autoimagem corporal do adolescente, e podem ser 
influenciadas por experiências anteriores, que o levaram a se compreender, como 
uma pessoa atrativa ou não, forte ou fraca, masculina ou feminina, e a aderir uma 
percepção de si mesmo em alguns casos contraditória a existente. 
Portanto faz-se necessário advertir aos adultos, que estes possuem enorme 
influência na construção de autoimagem e apropriação de identidade do adolescente. 
E que muitas vezes aqueles que se intitulam adultos, é que acabam julgando os 
adolescentes sem capacidade de autonomia ou de desenvolver orientações a partir 
 
11 
 
de si mesmos, impedindo-os de deslanchar e apresentar suas próprias construções e 
subjetividade. (CARVALHO, SALLES & GUIMARÃES, 2003; apud ALVES G; 2008). 
Aborrecência é a adolescência tumultuada, que incomoda os pais. 
Acostumados a lidar com filhos crianças, os pais agora têm que se 
reorganizar perante os adolescentes, os pais também podem ser os 
“aborrecentes” dos filhos. É necessário que os pais adolesçam 
(rejuvenesçam) junto com seus filhos adolescentes (crescentes). (TIBA 2005 
apud ALVES G; 2008). 
Isto ocorre quando se cria antecipadamente estereótipos, negando-os o direito 
de fala e pouco se levando em consideração o que eles têm a dizer, por entendê-los 
como imaturos demais para a compreensão de algo, que muitas vezes, já está ao 
alcance do seu entendimento, e acabam por inúmeras vezes, criando possivelmente 
inconscientemente, caricaturas que são incorporadas por eles e passam a ser 
aderidas como uma marca de auto reconhecimento, traduzidas em estigmas que 
formam ou deformam sua identidade. (CARVALHO, SALLES & GUIMARÃES, 2003; 
apud ALVES G; 2008). 
Ao proporcionar ao jovem a capacidade de expressar seu ponto de vista, seja 
de concordância ou desacordo, lhe é concedida à possibilidade do desenvolvimento 
de sua autoconfiança, autoestima, responsabilidade, o que o ajuda a se descobrir por 
meio do ato de defender suas ideias, seus próprios posicionamentos, pois, tais 
escolhas e suposições exigirão deste, escolhas, reflexão, evidenciando suas crenças 
e ideologias pessoais, de maneira que este jovem venha a diferenciar-se do coletivo 
e venha a se definir como tal. (CARVALHO, SALLES & GUIMARÃES, 2003; apud 
ALVES G; 2008). 
“[...] O jovem estabelece sua identidade como um indivíduo enquanto mantém 
suas antigas conexões com elementos significativos do passado, formando 
novas ligações com os valores de um determinado grupo (O grupo pode ser 
um grupo de colegas, um grupo étnico, um time, um culto, uma turma ou 
algum grupo. O aspecto crucial é que todo adolescente de certo modo se 
identifica com um grande número de indivíduos) ”. (BERGER, 2003, ; apud 
ALVES G; 2008). 
Portanto, pode-se concluir que os adolescentes possuem como referências, 
adultos, colegas, pai, mãe, educador, irmãos mais velhos ou mais novos, que o 
ajudam a se auto organizar, reconhecer e por fim localizar-se no contexto social, 
psicológico e até mesmo biológico. 
 
12 
 
 Eles passam por inúmeras inconstâncias e desafios, que não se restringem 
simplesmente ao abandono de atributos infantis, mas, dizem respeito a toda uma nova 
posição existencial, ao experimentar das desconhecidas emoções, capacidades de 
reflexão, interação social e sobretudo de reestruturação da concepção que possuem 
de si, pautada em suas novas habilidades, as quais virão a definir sua autoimagem e 
noção de identidade própria. 
3 FAMÍLIA, ADOLESCÊNCIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS 
O ser humano, ao longo de toda a sua vida, é influenciado e influencia o seu 
meio, cria laços familiares, profissionais e amistáveis, assim gerando a sua identidade, 
buscando distinguir o que é certo ou errado. Porém, suas escolhas são feitas, 
principalmente, sobre o embasamento familiar. Na adolescência, é que suas escolhas 
são desenvolvidas, buscando seu espaço diante do mundo. 
O atual conceito de família está ligado à afetividade como elemento principal; 
através das relações de afeto, desenvolvemos as melhores capacidades, reativamos 
habilidades natas, transformamos nossa personalidade e retificamos nossos traços 
de caráter que precisam ser realinhados. Os pais têm o dever de educar e criar os 
filhos sem negar-lhes a atenção necessária para a formação da personalidade 
(CHALITA, 2001 apud SILVA T; SILVA L; 2017). 
[...] a família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os 
desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Os filhos se 
espelhando nos pais e os pais desenvolvendo a cumplicidade com os filhos. 
[...] A preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser são 
responsabilidades da família. É essa a célula mãe da sociedade, em que os 
conflitos necessários não destroem o ambiente saudável. (CHALITA, 2001, 
apud MESCHIAL R; SIMONETTO K; 2015). 
Os filhos, por muitas vezes, utilizam os exemplos familiares como espelho. O 
ambiente familiar é de extrema influência na formação da identidade de cada ser, 
portanto, os valores, os objetivos, os ensinamentos são adquiridos a partir do meio 
em que a criança está inserida. 
Segundo Lev Vygotsky (1986 apud SILVA T; SILVA L; 2017), na ausência do 
outro, o homem não se constrói homem, pois, para ele, apenas as funções biológicas 
e psicológicas elementares, não são suficientes para promover um ambiente de 
aprendizado completo; necessitando assim do meio. Desse modo, a cognição superior 
 
13 
 
do homem surge, ou é potencializada, apenas através da interposição de um elemento 
intermediário, mediador, entre estímulos e respostas que são captadas e produzidas 
por uma pessoa (OLIVEIRA, 1997 apud SILVA T; SILVA L; 2017). 
Neste contexto, a família é um fator que determina o desenvolvimento do 
indivíduo, operando uma forte influência desde a sua vida infantil para a adulta, sendo 
também, responsável pelos primeiros contatos afetuosos. É na família que se 
encontra todo o referencial de costumes, crenças e valores. 
É nela que a criança inicia sua jornada de vida, desenvolve seus estágios de 
aprendizagem piagetianos, dando continuidade na fase da adolescência, período este 
que marca um estado de transição do indivíduo, evoluindo de um estado de intensa 
dependênciapara uma condição de autonomia pessoal. 
A adolescência pode se dizer que é um evento previsível, que apresenta grande 
impacto na vida familiar, além de ser considerada como uma crise importante no 
contexto da família. (KALINA, 1999, TALLÓN; cols, 1999 apud SILVA T; SILVA L; 
2017). É uma fase marcada por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas 
biológicos, psicológicos e sociais. (MARTURANO, ELIAS; CAMPOS, 2004 apud 
SILVA T; SILVA L; 2017). 
[...] esse ciclo corresponde a um período de descobertas dos próprios limites, 
de questionamentos dos valores, das normas familiares e de intensa adesão 
aos valores e normas do grupo de amigos. Nessa medida, é um tempo de 
rupturas e aprendizados, uma etapa caracterizada pela necessidade de 
integração social, pela busca da autoafirmação e da independência individual 
e pela definição da identidade sexual (SILVA; MATTOS, 2004, apud SILVA 
T; SILVA L; 2017). 
Sendo assim, a adolescência é uma fase em que o sujeito se encontra na busca 
da identidade. Surge à necessidade de responder a diversas dúvidas, que levam os 
adolescentes a agirem e pensarem com intuito de traçar planos e tomar decisões a 
fim de encontrar o seu lugar na sociedade. 
 Entretanto, muitas vezes, devido a essas necessidades, o adolescente 
apresenta reações impactantes em relação às autoridades em geral, principalmente 
dos pais ou responsáveis, sendo uma etapa, na qual as regras costumam ser 
questionadas ou negadas. 
Nessa etapa do desenvolvimento, o indivíduo passa por momentos de 
desequilíbrios e instabilidades extremas, sentindo-se muitas vezes inseguro, 
confuso, angustiado, injustiçado, incompreendido por pais e professores, o 
que pode acarretar problemas para os relacionamentos do adolescente com 
 
14 
 
as pessoas mais próximas do seu convívio social. Entretanto, essa crise 
desencadeada pela vivência da adolescência é de fundamental importância 
para o desenvolvimento psicológico dos indivíduos. (DRUMMOND, 1998 
apud PRATTA, 2007, apud SILVA T; SILVA L; 2017). 
Dessa maneira, esse é um processo no qual o adolescente passa por grandes 
transformações, principalmente no que se refere à comunicação no contexto familiar. 
Por isso, é de grande importância à comunicação entre os pais e os filhos. A criação 
de um ambiente onde possa existir uma partilha de emoções e opiniões de forma livre, 
segura e respeitosa é de fundamental. 
Para um adolescente, é importante que o seu ponto de vista seja valorizado, 
pois ele está nesse conflito interno e na transição da fase infantil para a adulta. 
Por esse motivo, o diálogo nessa etapa do desenvolvimento assume um papel 
ainda mais importante, apesar de muitas vezes os adolescentes buscarem se fechar 
em seu mundo próprio. 
Devido a essa tendência à reclusão e à busca de refúgio na fantasia e no 
devaneio, o diálogo com os membros da família, nessa etapa da vida, é essencial, 
pois é justamente nesse período que eles mais necessitam da orientação e da 
compreensão dos pais, sendo que todo o legado que a família transmitiu aos mesmos 
desde a infância continua sendo relevante (DRUMMOND, 1998, apud SILVA T; SILVA 
L; 2017). 
A busca do adolescente por refúgio pode ser um indicativo de problemas, 
vindos tanto, do meio extrafamiliar como do meio intrafamiliar. A família se enquadra 
em um papel que auxilia a geração dos adolescentes nas diversas questões nas quais 
estão inseridos, como por exemplo, a experiência vivida no mundo virtual, a partir do 
uso de tecnologias digitais. 
 A família deve ficar atenta aos novos meios de comunicação, que alteram a 
forma como a comunicação intrafamiliar vem sendo tratada. A literatura ressalta ainda 
que o aumento desses conflitos geralmente está acompanhado de uma diminuição na 
proximidade do convívio, principalmente em relação ao tempo que adolescentes e 
pais passam juntos (STEINBERG; MORRIS, 2001, apud SILVA T; SILVA L; 2017). 
[...] é importante que pais e mães atentem-se ao mundo frequentado por seus 
filhos, seja ele real ou virtual. Acompanhar e encontrar, desde os primeiros 
passos digitais dos filhos, oportunidades de tornar a tecnologia uma aliada no 
estreitamento das relações familiares é mandatório para pais e mães que não 
desejam viver em mundos totalmente diferentes dos seus filhos no futuro. 
(Alves 2011 apud SILVA T; SILVA L; 2017). 
 
15 
 
As tecnologias digitais usadas de forma inadequada e excessiva entram como 
catalisação para alterar a forma como o convívio familiar é tratado. Elas abrem uma 
lacuna nas relações familiares, deixando pais e filhos em mundos totalmente 
diferentes. Para Velloso (2014 apud SILVA T; SILVA L; 2017), chamam-se de Novas 
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação às tecnologias e métodos para 
comunicar surgidas no contexto da Revolução Informacional, considera-se que o 
advento destas novas tecnologias (e a forma como foram utilizadas por governos, 
empresas, indivíduos e setores sociais), possibilitou o surgimento da sociedade da 
informação. 
A forma de como essas tecnologias digitais foram inseridas no contexto familiar, 
vem alterando o formato que a família se reúne, evidenciando que o diálogo e a 
participação na vida dos adolescentes é bastante importante. 
Segundo Dumazedier (1994 apud SILVA T; SILVA L; 2017), a conversação não 
morreu, mas mudou, incluindo então um terceiro grupo, o dos atores, apresentadores 
e estrelas da televisão, novos convidados da noite. 
O rádio e, posteriormente, a televisão foram os primeiros meios de 
comunicação a invadirem e alterarem o cotidiano e os hábitos familiares. Antes, as 
famílias sentavam-se envolta da mesa e discutiam as atividades diárias. Após a 
popularização desses meios, houve uma alteração do ambiente para as diárias 
reuniões familiares, passando a se reunir ao redor da televisão, na sala de estar. 
Com a entrada do Século XXI, houve grandes avanços nos meios de 
comunicação e entretenimento. Inovações tecnológicas como smartphones, tablets, 
aparelhos de MP3, ipods, netbooks etc, avanços nos meios televisivos como, por 
exemplo, a TV digital aberta e a TV por assinatura também tiveram um enorme 
crescimento. Entretanto, o principal avanço foi no ramo da internet de banda larga e 
no acesso sem fio. Atualmente, nos grandes centros urbanos, pode-se ter acesso fácil 
e ilimitado à rede mundial de computadores. 
Nos lares, cada integrante tem dentro do seu aposento, inúmeros recursos 
tecnológicos como televisores, notebooks, acesso fácil à internet, gadgets (dispositivo 
aparelho portátil de vários segmentos, como celular, smartphone, MP3, MP4, tablet 
etc.). Desse modo, cada membro da família passa mais tempo dentro do quarto, 
permanecendo “conectado” com o mundo virtual. Principalmente, em se tratando dos 
adolescentes, estes que são os mais propícios ao uso das tecnologias digitais. 
 
16 
 
De acordo com uma entrevista concedida pelo jornal americano New York 
Times, Steven Paul Jobs, criador da Apple, entre outros, declarou não permitir que os 
filhos usassem aparelhos tecnológicos, mesmo sendo máquinas de sua própria 
invenção, surpreendendo o entrevistador Nick Bilton (Jornalista britânico, especialista 
na área da tecnologia). 
Bilton (2010 apud SILVA T; SILVA L; 2017) relata que em várias entrevistas 
feitas com os renomados líderes de potências mundiais na área da tecnologia digital, 
eles apresentaram opiniões semelhantes à de Jobs. 
 Exemplos como Chris Anderson, Alex Constantinople e Evan Williams, que 
mencionaram em entrevistas, os limites de tempo, o controle de todos os aparelhos 
digitais, além das restrições impostas, compartilhando assim da mesma ideia, sob a 
alegação dos riscos das tecnologias digitais, dentre os quais incluem exposição a 
conteúdo prejudicial, como pornografia, bullying, vício nos aparelhos, problemas 
sociais, cognitivos e afetivos. 
Dessa maneira, podemos enfatizar a importância de negociar regras e limites 
com os adolescentes.Porém, é fácil nos depararmos com o fato de que a maioria dos 
responsáveis faz exatamente o contrário, permitindo que os adolescentes, 
ultrapassem o tempo limite de uso das tecnologias digitais. 
Hanaver (2005 apud SILVA T; SILVA L; 2017) afirma que as pessoas estão 
deixando de sair de casa para se divertir com amigos e ficar em frente ao computador 
teclando com outras pessoas. Portanto, atualmente, a tecnologia mais uma vez está 
modificando o convívio familiar e social. Ela está sendo incluída como um fator 
indispensável, participando de qualquer situação ou contexto em que as pessoas 
estejam. 
 O mundo virtual vai progredindo e confundindo os seus limites com o mundo 
real. As tecnologias digitais vão transformando os comportamentos e hábitos sociais 
de todos que fazem o seu uso, sobretudo, dos adolescentes. 
3.1 Bem-estar psicológico na adolescência 
O conceito de bem-estar tem sido estudado pela Psicologia Positiva, que é uma 
abordagem da psicologia que dá especial relevância às variáveis positivas do 
comportamento humano (Cabral, 2011 apud MACHADO M; 2015). 
 
17 
 
Esta abordagem privilegia o estudo das emoções, valores e experiências 
positivas do comportamento do ser humano, nomeadamente as experiências 
subjetivas positivas (e.g. felicidade, optimismo, bem-estar, esperança); os traços 
individuais positivos (e.g. coragem, perseverança, originalidade) e as virtudes cívicas 
(e.g. civismo, altruísmo, responsabilidade) (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; 
Araújo, Cruz & Almeida, 2007 apud MACHADO M; 2015). 
O início da investigação deste construto, a esta abordagem da psicologia se 
deve. Na literatura existente o conceito de bem-estar é muitas vezes aplicado como 
sinônimo de “satisfação com a vida‟, “felicidade‟, no entanto estes construtos são 
diferentes entre si. Segundo Ryan e Deci (2001 apud MACHADO M; 2015), o construto 
de “bem-estar‟ vincula-se a duas abordagens distintas: hedônica (ausência de dor, 
sofrimento, obtenção máxima de prazer, felicidade) e eudaimónica (bem-estar ao nível 
de um funcionamento psicológico positivo realização pessoal). 
Enquanto a primeira se pauta pela ausência de afeto negativo, a segunda 
passa por uma vivência humana completa (Ryan & Deci, 2001 apud MACHADO M; 
2015). Schmutte e Ryff (1997; Fernandes, 2007) concluíram, no seu estudo, que a 
personalidade é uma determinante para o bem-estar. 
Enquanto a primeira se pauta pela ausência de afeto negativo, a segunda 
passa por uma vivência humana completa (Ryan & Deci, 2001 apud MACHADO M; 
2015). Schmutte e Ryff (1997; Fernandes, 2007 apud MACHADO M; 2015) 
concluíram, no seu estudo, que a personalidade é uma determinante para o bem-
estar. Assim, o bem-estar tem sido estudado em duas linhas, por um lado o BES, por 
outro o BEP. 
 A grande diferença entras as duas linhas é que o modelo de BES é 
conceitualizado a partir da ideia de felicidade, que combina a satisfação geral com a 
vida e o afeto positivo; e o modelo do BEP (bem-estar psicológico) considera a 
felicidade, contudo contempla também dimensões psicológicas importantes para um 
funcionamento psicológico positivo (Galinha & Pais-Ribeiro, 2005; Cabral, 2011 apud 
MACHADO M; 2015). 
Para Keys, Shmotkin & Ryff (2002 apud MACHADO M; 2015), o modelo de BES 
apenas permite avaliar a felicidade sentida pelo indivíduo, enquanto que o BEP 
permite analisar o sentimento de felicidade em vários domínios psicológicos e 
 
18 
 
identificar os recursos psicológicos que o indivíduo tem, ao nível das relações 
interpessoais, aceitação de si, entre outros. 
 Modelo de Carol Ryff: o desenvolvimento do atual modelo desenvolvido 
do BEP, comporta seis dimensões: 
 Autonomia (capacidade de auto regulação e sentimento de 
autodeterminação); 
 Crescimento pessoal (sentimento de desenvolvimento contínuo e 
abertura a experiências que tenham em vista a maximização do seu 
potencial); 
 Objetivos na vida (definição de propósitos de vida e auto-realização); 
 Domínio sobre o meio (capacidade de gestão da sua vida e de situações 
e exigências extrínsecas a si; 
 Relações positivas com os outros (estabelecimento de relações 
positivas com os outros); 
 Aceitação de si (percepção e aceitação de aspectos do próprio 
relacionados com características boas e menos boas) (Ryff, 1989; Ryff 
& Keyes, 1995 apud MACHADO M; 2015). 
Estas seis dimensões definem um funcionamento psicológico positivo, no 
entanto não conduzem ao bem-estar, mas compreendem em si o bem-estar (Ryff, 
1989). Ryff (1989 apud MACHADO M; 2015), através do modelo pretendeu 
desenvolver o conceito de bem-estar psicológico numa perspectiva mais psicológica 
atendendo aos indicadores de maturidade e equilíbrio psíquico. Neste modelo, o BEP 
é definido como um construto multidimensional que abarca dimensões do 
funcionamento psicológico positivo, na idade adulta e velhice (Fernandes, 2007 apud 
MACHADO M; 2015). 
Poucos são os estudos que investigam o BEP em adolescentes tendo em conta 
o modelo de Carol Ryff, debruçando-se mais numa abordagem hedónica. Apesar do 
modelo ter sido desenvolvido para a idade adulta, considera-se que as dimensões do 
funcionamento psicológico positivo, como objetivos de vida, crescimento pessoal, 
autonomia, sejam importantes para a compreensão do bem-estar na adolescência, 
uma vez que se relacionam fortemente com a formação da identidade pessoal, tarefa 
desenvolvimental considerada na fase da adolescência (Erikson, 1995 apud 
 
19 
 
MACHADO M; 2015), devendo assim ser consideradas em investigações com 
adolescentes (Fernandes, 2007 apud MACHADO M; 2015). 
Com esta lacuna existente na literatura, Fernandes (2007 apud MACHADO M; 
2015) debruça-se sobre o BEP na adolescência através da validação da escala e 
modelo de Carol Ryff. 
4 AS RELAÇÕES ENTRE TECNOLOGIA E SOCIEDADE 
Tecnologia e sociedade estão relacionadas reciprocamente. Enquanto que a 
tecnologia modifica as relações sociais, as próprias relações sociais demandam de 
novas tecnologias. Dentro dessa percepção, pode-se relacionar a diversas áreas de 
mudanças sociais com relação à tecnologia. 
Para Winner (2004 apud CARR, 2011 apud ZANCAN C; TONO C; 2018) “a 
experiência da sociedade moderna mostrou que as tecnologias, não são meramente 
auxílios, à atividade humana, mas também forças poderosas agindo para remodelar 
essa atividade e seu significado”. 
Karl Marx corroborou com a ideia de determinismo tecnológico quando disse 
que: “O moinho de vento nos dá a sociedade com o senhor feudal; a máquina a vapor, 
a sociedade com o capitalista industrial” (CARR, 2011 apud ZANCAN C; TONO C; 
2018). Em oposição a essa ideia, Carr (2011 apud ZANCAN C; TONO C; 2018) 
menciona os grupos que diminuem o poder da tecnologia crendo que os instrumentos 
são componentes neutros, completamente servis aos anseios conscientes dos seus 
usuários. 
É essencial considerar sobre até que ponto a tecnologia está sendo utilizada 
como instrumento para promover e elevar ao máximo os potenciais humanos e, em 
que momento e sob que circunstâncias o homem torna-se escravizado pelo uso da 
tecnologia, tornando-o alienado, submisso e com sua maneira de refletir e agir 
transformada? 
Para Sancho (1998 apud ZANCAN C; TONO C; 2018), “a interação do indivíduo 
com as tecnologias tem transformado o mundo e o próprio indivíduo. Assim, pode-se 
identificar que a relação entre ciência e tecnologia vai aos poucos modificando o 
indivíduo e as sociedades; esta mudança ocorre independente da utilização que se 
faça da tecnologia. Portanto, toda e qualquer tecnologia vai materializando um espaço 
 
20 
 
humano novo. A assimilação da tecnologia pela cultura acontece a partir de princípios 
pré-fixados pelas sociedades. 
Seguindo ainda com Sancho (1998 apud ZANCAN C; TONO C; 2018) pode-se 
dizer que “a tecnologia constitui um novo tipo de sistema cultural que reestrutura o 
mundo social e ao escolhermos as nossas tecnologiasnos tornamos o que somos e 
desta forma fazemos uma configuração do nosso futuro”. 
Sendo assim, a tecnologia confere à ciência exatidão e domínio nos resultados 
de seus descobrimentos, promovendo não só o relacionamento do indivíduo com o 
mundo, como deixando que domine, controle e mude esse mundo. 
Caso os gestores educacionais, responsáveis pelos processos de inclusão 
digital dos espaços escolares fossem informados dos riscos do uso das 
tecnologias nas diversas dimensões humanas, poderiam contribuir para que 
não ficassem inertes a este fenômeno e promoveriam um processo de 
mudança física, estrutural e de orientação para o uso da tecnologia por 
crianças e adolescentes, de modo a prevenir efeitos prejudiciais (TONO, 
2015). 
4.1 Vício tecnológico: contextualizando nomofobia 
O crescimento da inovação tecnológica demandou uma alteração no 
comportamento e hábito da sociedade, considerando o ato de “estar conectado” a uma 
condição fundamental para se incorporar a um mundo cada vez mais interativo, onde 
a informação é uma significativa moeda de poder e troca (BORGES; JOIA, 2013 apud 
OLIVEIRA T; 2018). Nesse sentido, computadores, internet e telefones celulares se 
tornaram indispensáveis no dia a dia das pessoas, proporcionando uma comunicação 
imediata e ágil para quem busca praticidade e autonomia (KING; NARDI; CARDOSO, 
2014 apud OLIVEIRA T; 2018). 
As tecnologias móveis podem modificar as dinâmicas sociais através de novas 
formas de comunicação e participação (LYYTINEN; YOO, 2002 apud OLIVEIRA T; 
2018). Nesse sentido, levando-se em consideração os constantes avanços 
tecnológicos, os smartphones se tornaram indispensáveis, sendo crescente, segundo 
Szpakow, Stryzhak e Prokopowicz (2011 apud OLIVEIRA T; 2018) e Krajewska-Kułak 
et al. (2012 apud OLIVEIRA T; 2018), o aumento do seu uso na última década, 
especialmente em crianças e adolescentes. 
 
 
21 
 
Assim, diante das suas inúmeras capacidades, os celulares facilitam a 
comunicação instantânea, ajudam as pessoas a permanecerem conectadas em 
qualquer lugar e a qualquer hora, além de proporcionar constante acesso à 
informação (PARK et al., 2013 apud OLIVEIRA T; 2018). 
A introdução de telefones celulares e novas tecnologias têm moldado a vida 
diária, com aspectos positivos e negativos. Não só na vida pessoal e social, mas 
também no âmbito profissional, o uso de smarthphones funcionam como ferramentas 
facilitadoras e de fundamental importância para a realização das atividades, estando 
cada vez mais incorporadas ao ambiente de trabalho. 
 Entretanto, apesar dos seus benefícios, o uso em excesso de smartphones 
pode causar dependência, provocando alterações emocionais, bem como sintomas 
físicos e psicológicos, tais como: aumento da ansiedade, taquicardia, alterações 
respiratórias, tremores, transpiração, pânico, medo e depressão (KING et al., 2014 
apud OLIVEIRA T; 2018). 
A dependência do uso de computadores, internet e telefone celular pode ser 
caracterizada, segundo King et al. (2014 apud OLIVEIRA T; 2018), como nomofobia, 
que significa o medo moderno de ser incapaz de se comunicar através do smartphone 
ou da internet. Nomofobia é, portando, a angústia ou medo do indivíduo ficar 
impossibilitado de se comunicar pelas novas tecnologias, ou seja, a fobia de estar sem 
o telefone celular, computador e/ou internet. 
Nessa perspectiva, Yildirim e Correia (2015 apud OLIVEIRA T; 2018), também 
definem nomofobia como sendo: O medo de não ser capaz de utilizar um aparelho ou 
um telefone móvel e/ou os serviços oferecidos. Refere-se ao medo de não ser capaz 
de se comunicar, perdendo a conexão que os smartphones permitem, não ser capaz 
de acessar informações através dos smartphones, e a conveniência que os 
smartphones oferecem. 
O termo foi utilizado pela primeira vez na Inglaterra em 2008, referente a 
abreviação das palavras inglesas “no mobile phone phobia”, que significa 
“fobia de ficar sem telefone”. Originado de um estudo que investigava o nível 
de ansiedade dos usuários de telefone celular, a pesquisa detectou que cerca 
de 53% dos usuários sofriam de dependência crônica pelo uso do aparelho 
(YILDIRIM; CORREIA, 2015; KING et al., apud OLIVEIRA T; 2018). 
O estudo também revelou que os homens eram mais propensos a ter 
nomofobia do que as mulheres, indicando sentimentos de ansiedade quando não era 
possível usar o telefone. 
 
22 
 
Não obstante, após quatro anos, uma nova pesquisa realizada no mesmo país 
identificou que o número de pessoas que sofriam de nomofobia havia aumentado de 
53% para 66% (SECURENVOY, 2012 apud OLIVEIRA T; 2018). 
Além disso, ao contrário da pesquisa anterior, o novo estudo descobriu que as 
mulheres eram mais suscetíveis a nomofobia. Em relação à faixa etária, constatou-se 
que jovens com idades entre 18-24 anos foram mais propensos a nomofobia, seguido 
por usuários com idade entre 25-34 anos (BRAGAZZI; PUENTE, 2014; YILDIRIM; 
CORREIA, 2015; KING et al., 2014 apud OLIVEIRA T; 2018). 
 Nessa perspectiva, Rosen et al. (2012 apud CHEEVER et al., 2014 apud 
OLIVEIRA T; 2018) também detectaram que as pessoas mais jovens utilizam os 
smartphones com maior frequência do que os indivíduos com maior idade. 
Caracterizada pela ausência de uma comunicação face a face, o uso constante 
dessas novas tecnologias também pode interferir nas interações sociais, causando 
comportamentos confusos e sentimentos ruins, o que pode levar ao isolamento social, 
um certo grau de alienação, problemas econômicos/financeiros e patologias físicas e 
psicológicas, tais como: danos relacionados à radiação do campo eletromagnético, 
acidentes de carro e a angústia ligada ao medo de não ser capaz de usar novos 
dispositivos tecnológicos (BRAGAZZI; PUENTE, 2014 apud OLIVEIRA T; 2018). 
Esse transtorno ou fobia social é descrito por Bragazzi e Puente (2014 apud 
OLIVEIRA T; 2018) como um transtorno de ansiedade de evolução crônica, marcada 
pelo alto nível de ansiedade em situações sociais que envolvem o contato interpessoal 
e interações, que pode causar extrema ansiedade ou grande interferência na vida 
diária de um indivíduo. 
Conflitos familiares, perda do sono, problemas no trabalho, baixo desempenho 
acadêmico e refeições ignoradas são algumas das principais consequências que 
também estão associadas ao vício na internet (KARDEFELT-WINTHER, 2014 apud 
OLIVEIRA T; 2018). 
Diante disso, com base na Teoria Compensatória de Uso da Internet (CIUT) – 
Compensatory Internet Use Theory -, Kardefelt-Winther (2014 apud OLIVEIRA T; 
2018) argumenta que o uso em excesso da internet pode ser decorrente das pessoas 
procurarem aliviar suas emoções negativas durante a sua utilização. 
 
 
23 
 
Conforme o autor, o uso demasiado da tecnologia pode ser visto como 
resultado de um comportamento compensatório, que visa regular uma emoção 
negativa, uma vez que tal vício geralmente ocorre porque as pessoas procuram 
escapar dos problemas da vida real. 
Nesse aspecto, Peres e King (2014) destacam: 
A extensão desses problemas fica mais clara ao se perceber notícias dos casos ao 
redor do mundo todo como, por exemplo, China, Espanha, Estados Unidos e Brasil. 
Em um caso extremo na Tailândia, houve relato do suicídio de um menino de 12 anos 
após ter sido proibido de utilizar a internet. Na China, uma pesquisa mostrou que 42% 
das pessoas que utilizam a internet são dependentes dela, o que está levando à 
elaboração de um manual de tratamento. 
Diante disso, ao influenciar intensamente os comportamentos interpessoais e 
sociais, Bragazzi e Puente (2014 apud OLIVEIRA T; 2018) apontam as principais 
características relacionadas à nomofobia, especificamente voltado ao uso excessivo 
do aparelho celular, tais como: usar regularmente o smartphone e gastar um tempo 
considerável na sua utilização, sempre levar o carregador consigo devido ao medo de 
ficar sem bateria, sentir-se ansioso ou nervoso quando o telefone não está próximoou sem conexão com a internet; manter o celular sempre ligado (24 horas por dia) e 
dormir com o aparelho próximo a cama, olhar constantemente a tela do aparelho para 
verificar se mensagens ou chamadas foram recebidas; preferir se comunicar usando 
as novas tecnologias; e contrair dívidas e grande despesas devido ao uso do aparelho. 
 Yildirim e Correia (2015) encontraram quatro dimensões da nomofobia 
em jovens universitários dos Estados Unidos, sendo elas: 
 Incapacidade de se comunicar; 
 Perda de conexão; 
 Não ser capaz de acessar informações; 
 Conveniência. 
A primeira dimensão – incapacidade de se comunicar – está relacionada ao 
sentimento de perda de comunicação rápida, não sendo capaz de contatar e também 
ser encontrado pelas pessoas. 
Por sua vez, a segunda dimensão – perda de conexão – refere-se à sensação 
de perder a conectividade proporcionada pela onipresença do smartphone, sendo 
“desconectado de uma identidade online”. 
 
24 
 
Em seguida, a terceira dimensão – não ser capaz de acessar informações – 
reflete o incômodo decorrente da incapacidade de ter o acesso generalizado as 
informações por meio dos celulares, não sendo possível recuperar e procurar 
informações. Por fim, a quarta dimensão – conveniência – aborda o sentimento de 
praticidade e comodidade proporcionada pelo aparelho aos usuários, o que garantia 
uma maior usabilidade das ferramentas no cotidiano. 
Em relação as consequências físicas que a nomofobia pode acarretar, Lee et 
al. (2012 apud OLIVEIRA T; 2018) acreditam que devido ao uso repetitivo do punho 
com a utilização excessiva do celular, lesões no pulso podem ser frequentes, fazendo-
se necessário, portanto, precauções ao usar esses aparelhos. 
Por sua vez, Krajewska-Kułak et al. (2012 apud OLIVEIRA T; 2018) também 
alertam que o uso exagerado do celular tem sido associado a fatores de risco para o 
pescoço, ombro e dores lombar em adolescentes, além de problemas relacionados à 
audição e visão. 
Em tempos de conectividade, a mobilidade proporcionada pelo celular se torna 
uma condição indispensável para o mundo moderno. Com base na crescente 
quantidade de indícios que colocam em discussão os efeitos negativos do uso em 
excesso do smartphone, diversos estudos passaram a analisar as causas e 
consequências da utilização demasiada desses aparelhos, colocando em questão os 
efeitos nocivos, que até então eram timidamente abordados na literatura. 
 Sendo assim, diante das particularidades voltadas às diferentes tecnologias 
existentes, observa-se a necessidade de explorar os estudos específicos que 
abordam o uso dos celulares e seus impactos no cotidiano dos seres humanos, bem 
como seus desafios e perspectivas. 
4.2 Adolescência e o espaço virtual 
Nardon (2006 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) explica que é na 
adolescência, que o convívio social se amplia, com a participação nos diferentes 
grupos, aos quais os adolescentes pertencem, como: escola, esportes, cursinhos, 
lazer, entre outros. Porém, nem sempre é assim, o que deveria ser uma relação de 
afetividade e encontro com grupos do mesmo interesse, fica em alguns casos à mercê 
da era digital. 
 
25 
 
De acordo com Fonte (2008 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012), 
quando o adolescente faz o acesso à internet não supervisionado, pode tornar-se mais 
do que um meio de informações a conteúdos culturais, ou seja, pode vir a tornar-se 
um fator desestruturante no processo sócio emocional deste adolescente. 
Lévy (2000 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) reconhece que há 
dependentes na internet que passam horas em frente ao computador, participando de 
salas de bate-papo, de jogos on-line ou até mesmo, “surfando interminavelmente de 
página em página”. 
Fonte (2008 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) orienta que a 
utilização da internet, faz com que o adolescente consiga fazer contatos pessoais que 
fora deste meio não consegue, assim formando contatos “superficiais” e de “falsa 
intimidade”, facilitando para o afastamento social. 
Nardon (2006 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) expõe que os 
adolescentes, que estabelecem um bom relacionamento social, têm mais 
possibilidades de construírem um bom desenvolvimento psicossocial. Sendo assim, o 
uso contínuo da internet faz com que os adolescentes não se desenvolvam com 
plenitude, podendo ter dificuldades relacionais na vida adulta. 
Lévy diz que: “as potencialidades positivas da cibercultura em nada garantem 
a paz ou a felicidade. Para, que se tornem mais humanos é preciso suscitar 
a vigilância, pois o homem sozinho é inumano, na mesma medida de sua 
humanidade”. Desta forma, um movimento de cautela em relação à internet 
é importante para a segurança dos adolescentes, evitando assim a sua 
dependência. (Lévy 2000 Gonçalves B. apud; 2002 apud GONÇALVES B; 
NUERNBERG D; 2012). 
De acordo com Fonte (2008 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012), 
são vários os indícios que mostram a dependência do adolescente. Os principais são: 
preocupação com a internet quando está off-line; necessidade contínua de usar a 
internet; necessidade de usar a internet para fugir dos problemas, como insegurança, 
culpa e ansiedade. 
Mentir para as pessoas como forma de encobrir o uso da internet; 
comprometimento social e motor; sensação de estar vivendo um sonho ao utilizar a 
internet; duração de tempo maior que seis meses. 
 
 
 
26 
 
Leitão e Costa (2005 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) orientam 
que a internet faz gerar a sensação de poder tudo, até ignorar limites do mundo real, 
já que os usuários podem manter o anonimato, o acesso fácil às informações e a 
realização de diferentes atividades. 
Além disso, as autoras descrevem três tipos de excesso no uso da internet: o 
grande número de informações, a quantidade de horas que permanecem conectados 
e a exposição excessiva da intimidade. São processos que o adolescente passa, e 
em alguns casos, sem o contato com a família, pode levar a dependência. 
Os benefícios encontrados na rede social são vários como: aumento do número 
de informações, para utilização no meio escolar e em grupos de amigos, favorece o 
contato indireto com pessoas com assuntos de seu interesse, aumenta o número de 
amigos conforme (FONTE, 2008 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012). 
A autora também descreve os malefícios encontrados na internet, como: 
pornografias, conteúdos violentos, a possibilidade de encontrar pessoas pouco 
convenientes. 
Para Caetano e Colaboradores (2010 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 
2012), os malefícios encontrados na internet são: o cyberbulliyng; que pode durar todo 
o tempo, já que envolve a tecnologia e esta pode ser executada, através de 
mensagens; perda da privacidade e o risco de ser encontrado; pois nos perfis estão 
dados pessoais, recebimento de material pornográfico e/ou violento, ser vítima de 
fraude, além dos vírus. 
A internet é um meio de comunicação e por isso há a possibilidade de serem 
encontradas informações com conteúdo como no mundo real, sejam eles positivos ou 
negativos. 
Nardon (2006 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) salienta que 
através do ciberespaço, o processo natural do adolescente ao convívio social, um dos 
mais importantes para o desenvolvimento psicológico e social do adolescente, torna-
se virtual. É a partir disso, que profissionais da área devem estudar os aspectos da 
dependência pelo espaço democrático que é a internet, e todos os meios que ela traz. 
Leandro (2007 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) explica que os 
adolescentes adictos na internet vão necessitar de ajuda terapêutica. E o tratamento 
em alguns casos, inclui o uso de medicamentos, parecido aos casos de vícios de 
álcool e drogas, em que o paciente deve aceitar a dependência. 
 
27 
 
Ao uso contínuo da internet podem-se encontrar diversos tipos de problemas 
psicológicos, como: timidez, pânico e fobia social, isolamento social, transtorno 
afetivo, depressão.Nessa etapa do desenvolvimento, se inicia o processo de relacionamentos 
afetivos. (NARDON, 2006 apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012). Assim como 
a sociedade contemporânea, os relacionamentos sociais entre os adolescentes estão 
sempre passando por mudanças. Com tantas modificações, os adolescentes ficam 
inseguros no momento da escolha de um relacionamento interpessoal. E é assim, que 
se percebem sentimentos, como: timidez e vergonha. 
Leitão e Costa (2005; apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012) ressaltam 
um ponto em comum em sua pesquisa com psicoterapeutas que já atenderam ou 
atendem pacientes com dependência na internet: “no atendimento de usuários da 
internet, os psicoterapeutas depararam-se com uma descoberta: a Rede é, para 
muitos pacientes, uma nova fonte de prazer e um agradável espaço de vida, no qual 
se relacionam com outras pessoas”. 
Porém, o comportamento dessas pessoas fica limitado ao uso excessivo da 
internet, e sendo assim, como que se procede ao lado familiar, profissional, de lazer, 
hobbies, entre outros, onde o convívio, o olhar nos olhos, os toques ficam? Eis uma 
questão que deve ser levada em consideração pelo fato de o ser humano, como já 
dizia Lévy (2000; apud GONÇALVES B; NUERNBERG D; 2012), “sozinho ser 
inumano”. 
4.3 Os comportamentos sociais específicos do uso continuado do aparelho 
celular na fase da adolescência 
Como resultados do crescimento incessante do dispêndio do aparelho celular, 
existem no planeta, nos dias de hoje, mais de sete bilhões de aparelhos celulares, 
sendo utilizados, quase se igualando ao número de seres humanos do mundo, de 
acordo com estudo da União Internacional de Telecomunicações (UIT). 
 Outro fato importante é a atribuição que países emergentes como o Brasil 
executam, neste contexto, conforme a União Internacional de Telecomunicações, 
nestes países estão a grande maioria dos aparelhos celulares em uso por todo o 
mundo. 
 
 
28 
 
Conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o Brasil 
compilou em julho do ano de 2015, 281,45 milhões de aparelhos celulares com linhas 
operantes na telefonia móvel e tele densidade de 137,65 admissões por 100 
habitantes (ANATEL, 2015; apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
Percebe-se, pois, que a comunicação tem tomado uma grande proporção na 
população, ocasionando grandes influências nas relações pessoais, como 
característica incontestável dos novos padrões comportamentais da 
contemporaneidade. É preciso entender as vantagens que a tecnologia e a 
informatização trazem, mas também é importante problematizar seu uso quando este 
ocasiona perdas de interesse das relações do mundo real. 
Alterando o tempo para realização das atividades do cotidiano das pessoas, o 
que colabora para uma grande tendência à desordem. Frente a esses achados, é 
possível observar que o uso do aparelho celular é maior pelos adolescentes do que 
pelos adultos, além disso, a necessidade e os motivos da utilização também são 
diferentes. Enquanto as relações com os pais sofrem consideráveis consequências; 
entre os grupos de iguais de adolescentes, se intensificam. 
Eles vivem um momento de separação e diferenciação dos pais, buscam por 
independência e privacidade, desse modo, o aparelho celular oferece subsídios 
fundamentais para essa conquista - que é de um ambiente não mais tão familiar 
(WEIGELT, 2014; apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
Depois que o telefone celular estabeleceu-se como um utensílio substancial 
para descomplicar as premências habituais das pessoas, pesquisas sobre a interação 
com o aparelho celular despertaram-se em diversos campos de estudos. 
Investigações buscaram entender como a referida tecnologia vem introduzindo-se na 
sociedade e evidenciando vertentes de comportamento (KING; NARDI, 2014; apud 
PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
Diante destas questões, verifica-se que a dimensão do aparelho celular na vida 
dos adolescentes não é correspondente ao uso de uma pessoa adulta, ou seja, é bem 
maior a constância do uso do telefone celular. 
 Além disso, são diversas as causas e razões dos adolescentes para fazer uso 
do celular. Nesse caso, percebe-se que durante o tempo em que as associações se 
acentuam entre o grupo análogo, o relacionamento com os pais e familiares sofre 
sequelas significantes. 
 
29 
 
Nesta fase da adolescência, prevalece, entre os jovens, uma premência de 
apartação e distinção em correspondência aos seus pais e familiares, e, nesse caso, 
por emancipação e por uma vida privada, o telefone celular apresenta-se como 
apetrecho essencial para a “supervivência” desses adolescentes nessa atmosfera não 
mais familiar (CARDOSO; AMOROSINO; NARDI, 2014; apud PRESSI R; CARVALHO 
T; 2015). 
Os cenários mais visíveis e polêmicos para o uso do celular são no meio familiar 
e na escola. Por um lado, os adolescentes não conseguem mais viver sem o aparelho 
celular e, por outro lado, pais e professores não sabem como lidar com essa relação. 
Os pais compreendem que o aparelho celular pode ser um meio de controle sobre o 
dia dos filhos, assim como, uma alternativa de cuidado e proteção. 
Nesse sentido, é indubitável uma atenção mais apurada nesse contexto, já 
que o telefone celular tem se tornado uma grande importância na vida dos 
adolescentes que gastam maior parte do seu tempo usando o dispositivo 
(SOARES; CÂMARA, 2016 apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
Essa é a nova realidade, sendo invadida pelas tecnologias de comunicação 
grande parte dos adolescentes não sabem comportar-se quanto ao seu uso. O 
aparelho celular implica na afinidade entre pessoas, mas também serve para afastá-
las. Para tudo na vida é preciso uma medida e é a partir da ausência do celular que a 
utilização excessiva apresenta-se, podendo causar danos em vários campos 
pessoais, sociais, familiares, profissionais, ambientais, escolares e acadêmicos. 
A sociedade encontra-se no período das incertezas e alterações. A relação 
humana poderia ser perdurável, seja em relacionamentos fraternos ou técnicos, mas 
são irrelevantes como determinados objetos de uso. É o que verificamos na esfera 
virtual: tudo é usado e descartado com simplicidade (SPEAR, 2016 apud PRESSI R; 
CARVALHO T; 2015). É possível notar que o telefone celular toma grande parte da 
vida dos jovens, o que interfere em seus vínculos familiares e sociais (SOARES; 
CÂMARA, 2016 apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
5 A INTERNET SEGUNDO A PSICOPATOLOGIA 
Dependência de internet (DI) pode ser compreendida como a incapacidade de 
controlar o uso impulsivo da internet, trazendo prejuízos na vida do indivíduo e dos 
 
30 
 
outros que o cercam. É incluso no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais, 5ª edição (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, APA, 2013) como um 
transtorno, visto como uma psicopatologia no DSM, pois a internet é uma tecnologia 
recente e que está se alastrando rapidamente em todas as classes sociais e seus 
respectivos efeitos ainda estão para surgir com maiores ou menores consequências 
na vida dos indivíduos (YOUNG; ABREU, 2011; apud BERGMANN E; WAGNER M; 
2015). 
A DI pode causar um sofrimento intenso na vida pessoal e profissional do 
indivíduo, quando o uso da internet se torna um vício. Tal uso descontrolado, de 
acordo com Sá (2012 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015), pode trazer prejuízos 
à vida afetiva do sujeito, pois faz com que não consiga se desligar do mundo virtual, 
estimulando o isolamento social e possíveis dificuldades no estabelecimento de um 
relacionamento. 
A dependência de internet pode trazer prejuízos na vida do indivíduo em 
diversas esferas de sua vida, seja em casa ou no trabalho, quando se torna 
um comportamento compulsivo (SILVA ET AL., 2011 apud BERGMANN E; 
WAGNER M; 2015). 
 Um dos tratamentos que vem apresentando bons resultados no tratamento de 
dependências deste tipo vem a ser a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a qual 
enfoca o que o fator central dadependência de internet são as cognições mal 
adaptativas e destaca a importância do gerenciamento do tempo on-line, 
estabelecimento de objetivos pessoais, ampliação da rede social, além do 
desenvolvimento das habilidades sociais e da assertividade (ABREU; GOES; VIEIRA; 
CHWARTZMANN, 2008 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015). 
 Embora ainda seja escassa a literatura acerca da eficácia das psicoterapias 
no tratamento da dependência de internet, a TCC vem sendo considerada por muitos 
profissionais da área da saúde mental como a primeira escolha (PUJOL; 
ALEXANDRE; SOKOLOVSKY; KARAM; SPRITZER, 2009 apud BERGMANN E; 
WAGNER M; 2015). 
Segundo Young e Abreu (2011 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015), a DI 
pode estar relacionada a jogos on-line e a sites pornográficos. O sexo virtual está 
relacionado a acessar cenas de sexo via computador, produzindo um orgasmo e 
sensação de estar fazendo sexo, com a busca de prazer. 
 
31 
 
 O ato de fazer sexo virtual não implica em ser uma alternativa para satisfazer 
seus desejos, pois a grande maioria dos adeptos possui parceiros e até uma união 
estável. Entretanto, o sexo com o parceiro pode não ser suficiente, ou até mesmo não 
ser tão prazeroso como o sexo virtual. 
Diante destas questões, homens ou mulheres dependentes desse 
relacionamento virtual podem apresentar sérios problemas com seus cônjuges, 
provocando ciúmes e, muitas vezes, desencadeando separações, visto que não 
possuem mais controle sobre o vício e não conseguem abrir mão deste 
comportamento patológico. O sexo via internet envolve muitas pessoas no mundo 
inteiro e o mercado movimenta cifras grandiosas com os sites e vídeos pornográficos 
acessados (PIROCCA, 2012 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015). 
Os viciados em jogos via internet ficam incontáveis horas jogando, podendo se 
privar de necessidades vitais como comer ou dormir para ficar jogando online. O vício 
é mais forte que o indivíduo e, mesmo não querendo mais jogar, não consegue parar 
e cria-se um estado de ansiedade, no qual o jogo pode ser comparado a uma droga; 
o prazer do jogo não é igual ao da droga, mas também há uma necessidade de ter o 
comportamento de jogar para aliviar o estado de ansiedade. 
A dependência dos jogos é mais mental, enquanto para o dependente 
químico, apresenta também uma dependência física (HENRIQUES; 
CORREA, 2011 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015). 
Os dependentes de internet precisam de tratamento psicológico para conseguir 
livrar-se do vício e, um dos métodos utilizados pelos pais de dependentes, é proibir 
ou limitar o uso da internet. Tal conduta não soluciona o problema, pois o indivíduo 
vai buscar outra forma de utilizar a internet; ficar privado do vício gera uma grande 
fonte de ansiedade (BALLONE; MOURA, 2008 apud BERGMANN E; WAGNER M; 
2015). Um dos graves problemas constatados frente ao uso patológico da internet é a 
compulsão diante de uma infinidade de produtos ou mercadorias via online. 
Pessoas com alguns quadros clínicos podem apresentar tal comportamento, 
como no transtorno bipolar de humor, patologia na qual o indivíduo oscila de humor e 
tem picos de humor elevado, no qual pode existir a presença de algum tipo de 
compulsão, como por exemplo, por compras, na qual é difícil resistir ao impulso de 
fazer compras na internet, estimulado por promoções que acionam o comportamento 
 
32 
 
compulsivo (ABREU; KARAM.; GOES; SPRITZER, 2008 apud BERGMANN E; 
WAGNER M; 2015). 
Os prejuízos causados pela DI são psicológicos, emocionais e físicos, afetando 
o desempenho acadêmico, os relacionamentos, a forma de pensar. De acordo com 
Young e Abreu (2011 apud BERGMANN E; WAGNER M; 2015), como o usuário passa 
por muitas horas a mais do que desejaria “navegando”, muitas vezes pode perder 
compromissos acadêmicos, profissionais, sociais e/ou familiares. O prejuízo na área 
social tem sido visto frequentemente, visto que o tempo gasto em frente à internet 
pode desencadear problemas nas comunicações sociais, tendo por consequência, 
conflitos em diversas área da vida. 
É possível referir que problemas na convivência social, tais como o isolamento, 
dificuldades em fazer amizades ou manter vínculos amorosos, sentimentos de 
inferioridade e baixa autoestima, podem estar relacionados à busca de resolução 
destas questões em frente a um computador. Dependência e compulsão por estar 
conectados vêm a ser condutas que afetam todas as faixas etárias, tanto em adultos, 
crianças, como em adolescentes, e merecem uma atenção especial por serem 
comportamentos que trazem muito prejuízos e que, com o tratamento adequado, 
podem ser reduzidos e suprimidos. 
6 PSICOTERAPIA 
A teoria psicológica mais utilizada para tratar o UPI (O uso patológico da 
internet) é, segundo revisão realizada por Huang, Li e Tao (2010 apud FORTIM I; 
2013), é a Comportamental Cognitiva. O objetivo é descobrir as cognições 
distorcidas, permitindo ao indivíduo reestruturar suas cognições. 
 A segunda é a Terapia Motivacional, que permite a dependentes e seus 
terapeutas definir metas para eliciar a mudança de comportamentos. Trata-se de um 
estilo de aconselhamento diretivo que auxilia o paciente a compreender e resolver a 
ambivalência com relação aos processos da dependência. 
Também são apontadas a Terapia da Realidade, que é baseada em uma 
teoria que acredita que as pessoas são responsáveis por suas vidas e pelo que fazem; 
acreditando que os pacientes escolheram ser dependentes. Também é relatado o uso 
da Psicoterapia Cognitiva Naikan, um método psicoterapêutico japonês que 
 
33 
 
combina meditação com a recuperação de memórias e reconstrução da vida trazendo 
as noções de cura e mudanças no self. 
Os autores ainda apontam que a modalidade de terapia em grupo parece ser a 
predominante no tratamento de dependências. O processo de grupo parece favorecer 
a identificação entre os membros. No UPI, diversos estudos relatam se utilizar desta 
modalidade muitas vezes aos moldes dos programas de recuperação em 12 passos. 
A terapia familiar é outra modalidade utilizada, uma vez que entre os fatores 
etiológicos do UPI estão fatores familiares. 
As terapias multimodais também aparecem nas pesquisas, onde os indivíduos 
são submetidos a tratamentos que mesclam diversos formatos: terapia individual, de 
grupo, terapia familiar; e também a técnicas diversas, como psicodrama, terapia 
comportamental cognitiva, terapia motivacional e prontidão para mudança. 
6.1 A contribuição da psicologia para possíveis intervenções no 
comportamento social dos jovens a partir do uso do telefone celular 
As inovações tecnológicas de comunicações, como o telefone celular, geram 
transformações psicológicas na vida dos jovens, as quais proporcionam a nova 
organização subjetiva. A constante ligação do sujeito com o telefone celular vem 
revelando respostas boas e ruins, as quais precisam de avaliações constantes. 
 É possível observar uma contínua situação de conforto, segurança e bem-
estar de indivíduos que fazem uso do aparelho celular; em contrapartida, nota-se uma 
dependência exagerada, ocasionando medo e angústia e outros sentimentos 
relacionados quando esse indivíduo fica na ausência do uso do telefone celular 
(CARDOSO; AMOROSINO; NARDI, 2014 apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
No momento em que a sujeição decorre de forma comum é consentido 
aproveitar as novidades tecnológicas de forma que o sujeito tenha o discernimento de 
usá-la para o seu desenvolvimento profissional, nas relações pessoais, nos 
relacionamentos sociais e outros. 
 A dependência ocorre a partir do comprometimento da vida laboral, coletiva e 
pessoal deste sujeito; na qual se verifica a implicação indesejável, inicia-se com uma 
definição de algo perigoso e nocivo (SPEAR, 2016 apud PRESSI R; CARVALHO T; 
2015). 
 
34 
 
As indicações que podem decorrer num adolescente como algo positivo: 
segurança, independência e conveniência, mas também pode fortaleceratos 
disfuncionais: ansiedade, medo, dependência, angústia e sentimento de recusa, 
causados quando da impossibilidade de estar conectado à internet móvel ou quando 
não consegue falar pelo aparelho celular (RIBEIRO, 2017 apud PRESSI R; 
CARVALHO T; 2015). 
A atuação do psicólogo é de suma importância, principalmente na contribuição 
da prevenção, mas não é uma situação fácil, pois o psicólogo deverá buscar 
conhecimento e qualificação para esse tipo de demanda. O profissional poderá ajudar 
o sujeito a ver seus problemas de outra forma, na intenção de promover mudanças, 
auxiliando a família na questão de informações, como identificar os riscos, como agir 
com adolescente neste ambiente. 
É necessário que o psicólogo compreenda toda esta conjuntura em que os 
adolescentes estão apegados, para entender de que jeito os jovens estão designados 
pela semântica das intercorrências psicossociais no uso do telefone celular e com que 
medida isso pode afetar cada um desses adolescentes (FUKUMITSU, 2014 apud 
PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
A atuação do psicólogo diante desse contexto é muito importante, 
principalmente na contribuição aos atos disfuncionais do adolescente. Uma das 
abordagens psicoterapêuticas que tem desenvolvido trabalhos na área é a Terapia 
Cognitiva, derivada dos trabalhos de Aaron T. Beck. 
Essa abordagem estuda a cognição que se refere aos pensamentos, 
lembranças e emoções do paciente. Isso significa que o modo como a pessoa 
interpreta as coisas é que determinará como ela irá agir e pensar. 
 A terapia cognitiva trabalha com pensamentos distorcidos, buscando uma 
solução para esse problema. Ela se utiliza de técnicas para auxiliar o adolescente a 
identificar seus pensamentos, desejos, carências, dificuldades, necessidades e 
entender seu comportamento. O psicólogo auxilia o seu paciente a enxergar seus 
sintomas alvo para, então, trabalhá-los, promovendo mudanças junto ao adolescente 
(FUKUMITSU, 2014 apud PRESSI R; CARVALHO T; 2015). 
 
 
 
35 
 
O psicólogo poderá servir de ligação para dar oportunidade de diálogo entre as 
gerações, contribuindo para evitar obstáculos e dificuldade provocados pelo silêncio 
entre as famílias. O profissional se posicionará no empenho para que o adolescente 
aproveite os resultados positivos do aparelho celular sem prejudicar seu 
comportamento social (EISENSTEIN; ESTEFENON, 2011 apud PRESSI R; 
CARVALHO T; 2015). 
6.2 Implicações humanas do uso da internet, jogos eletrônicos e celulares 
Com o advento da inclusão digital, esse bem-estar humano pode se tornar frágil 
e vulnerável na medida em que acontece o mau uso do tempo livre, levando ao 
sedentarismo e ao isolamento, à distorção de hábitos de sono, de alimentação e de 
convívio familiar e social, agravando os danos ao usuário, cujas consequências 
podem se a longo prazo. 
Há argumentos de que, se bem orientado, este uso pode contribuir com a 
aprendizagem, desenvolvendo capacidades como: concentração, memória, atenção, 
visão espacial e raciocínio lógico, dentre outros benefícios. Entretanto, atualmente o 
uso da internet, decorrente da dependência tecnológica e da compulsividade em 
relação à utilização aparecem como questões que desafiam famílias, educadores, 
pesquisadores, enfim, a sociedade. 
Surge a necessidade de recorrer a estudos sobre as consequências do uso 
excessivo da internet, especialmente do uso abusivo/compulsivo de jogos eletrônicos 
e de celulares, por considerar pertinente a afirmação de Bianchetti (2001 apud 
ZANCAN C; TONO C; 2018) de que “é necessário retomar e submeter a uma análise 
crítica o equívoco que permeia a relação entre informação e conhecimento, a forma 
como são concebidos os meios, a capacidade de apreendê-los/construí-los e a 
destinação dada a eles”. 
Desta forma é possível explicitar a contradição que subjaz e permeia a 
apologizada sociedade do conhecimento. Os autores que defendem a existência e a 
necessidade de se constituir esta sociedade ignoram ou procuram encobrir problemas 
de diversas ordens. 
 
 
36 
 
Será necessário buscar, descobrir e analisar a existência de problemas 
cognitivos e sociais/relacionais dos usuários excessivos de jogos eletrônicos on-line, 
para que, a posteriori, as propostas para a prevenção deste fenômeno sejam 
inteligíveis e consistentes, quando os usuários destes jogos são crianças e 
adolescentes, em peculiar fase de desenvolvimento. 
E quando o assunto é direitos fundamentais de proteção à criança e ao 
adolescente, a legislação brasileira constitucional estabeleceu em seu Art. 227: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e 
ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988). 
Em consonância ao artigo supracitado, está também o Art. 4º do Estatuto 
da Criança e do Adolescente – ECA, que prevê: 
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. 
A garantia de prioridade compreende: 
 Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
 Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
 Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
 Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas 
com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990 apud ZANCAN 
C; TONO C; 2018). 
No Código Civil do Brasil, Lei Nº 10.406 fica estabelecido que, as crianças e os 
adolescentes devem ser instruídos, assistidos, orientados, monitorados no que tange 
ao uso da internet, que a utilizem em casa, na escola, na casa de amigos, em lan 
houses, ou em outros lugares, para qualquer finalidade, até que atinjam minimamente 
a maioridade civil aos 18 anos de vida (BRASIL, 2002 apud ZANCAN C; TONO C; 
2018). 
 
37 
 
Ainda, o Marco Civil da Internet no Brasil, em seu inciso XII do Art. 7º, adverte 
que o usuário pode ter sua integridade afetada em todos estes aspectos, quando o 
conteúdo e o tempo de uso da internet não forem equilibrados, responsáveis, 
conscientes e seguros, e sem considerar as características físico-motoras, 
perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais. 
 Segundo Tono (2015 apud ZANCAN C; TONO C; 2018), quando o modo de 
acesso à internet está em desarmonia com outras atividades humanas, restringindo-
se à atividade sedentária e virtual, riscos e efeitos nocivos podem ocorrer danos para 
os seus usuários, sobretudo quando existe descompasso do grau de maturidade e 
discernimento desses em se tratando de crianças e adolescentes, pessoas em fase 
especial de desenvolvimento biopsicossocial. 
Nicholas Carr (2011 apud ZANCAN C; TONO C; 2018), autor da obra “O que a 
internet está fazendo com os nossos cérebros: a geração superficial”, em suas 
pesquisas científicas, comprovadas através de dados neurológicos, enfatiza os 
prejuízos na capacidade de atenção, concentração e memória, causados pelo uso da 
internet, as funções mentais que estão perdendo a batalha das células cerebrais da 
“sobrevivência do mais ocupado” são aquelas que amparam o pensamento calmo, 
linear – aquelas que usamos para percorrer uma narrativa extensa ou um argumento 
elaborado, aquelas com as quais contamos para refletirmos sobre nossas 
experiências ou contemplarmos um fenômeno externo ou interno (CARR, 2011 apud 
ZANCAN C; TONO C; 2018). 
Com isso, vale aqui o seguinte questionamento: Quanto aos efeitos produzidos

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