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Instalações Elétricas Aterramento Aplicação dos esquemas de aterramento Parte 9 A escolha do esquema de aterramento a utilizar em uma instalação deve ser feita pelo projetista logo no início do projeto, tendo em vista a influência que isso terá em diversas etapas de trabalho (escolha de dispositivos de proteção, dimensionamento de circuitos, dentre outros). Em princípio, os três esquemas oferecem o mesmo grau de segurança no tocante à proteção de pessoas. Porém, os três esquemas apresentam características de aplicação diferentes, que se traduzem em vantagens e desvantagens, fundamentais na escolha para uma dada instalação. Introdução Quanto à alimentação: →Em instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão, devido à exigência de aterramento do neutro na origem, só podem ser utilizados os esquemas TN ou TT. →Em instalações alimentadas por transformador (ou gerador) próprio, em princípio, qualquer esquema pode ser utilizado, entretanto, é preferível utilizar o esquema TN (ponto de aterramento único, na alimentação) salvo quando existirem restrições ao seccionamento automático da alimentação de circuitos no caso de faltas fase-massa, como em certos setores industriais, hospitalares e de mineração, o esquema IT torna-se a melhor opção. Aspectos fundamentais para escolha do esquema de aterramento Quanto ao equipamentos de utilização: →Quando existirem na instalação equipamentos de utilização com elevadas correntes de fuga, como fornos e certos tipos de filtros, não é conveniente se utilizar o esquema TT, em virtude de disparos intempestivos dos dispositivos DR. →No caso de equipamentos com elevada vibração, mecânica, não é recomendável o uso do esquema TN, devido à possibilidade de rompimento do condutor de proteção (contido na mesma linha dos condutores vivos). Aspectos fundamentais para escolha do esquema de aterramento Quanto à natureza dos locais: →Em locais com risco de incêndio (BE2) ou de explosão (BE3), pode não ser conveniente o uso do esquema TN, devido ao valor elevado das correntes de falta fase-massa. Aspectos fundamentais para escolha do esquema de aterramento Quanto ao funcionamento: →Em instalações onde seja fundamental e indispensável a continuidade no serviço, como em certos setores de hospitais e indústrias, deve-se optar pelo esquema IT. Aspectos fundamentais para escolha do esquema de aterramento A análise de aterramento de subestações de transformação (ou de “postos primários”, na terminologia de algumas concessionárias) envolve as seguintes considerações: • Aterramento de proteção da subestação, ou seja, o aterramento das massas, dos elementos condutores estranhos à instalação e de proteção contra descargas atmosféricas. • Aterramento (funcional) do neutro do(s) transformador(es) • Aterramento de proteção da instalação de baixa tensão. Aterramento de subestações de transformação As posições relativas de subestações e do prédio, cuja instalação é alimentada, conduzem a duas soluções possíveis: a) Interligação dos aterramentos de proteção da subestação e da instalação de baixa tensão. Indicada quando houver proximidade (distâncias menores que 15 metros) entre subestação e edificação, tendo-se em vista que a não impedância (dependência) de aterramento. Torna-se mais indicada a adoção do esquema TN. Outra indicação, mesmo para distâncias maiores, é quando houver interligação por cabos ou condutos metálicos entre as edificações. b) Separação dos aterramentos de proteção da subestação e da instalação de baixa tensão. Somente deve ser adotada quando houver garantia de independência dos sistemas de aterramento das duas edificações, Neste caso, o neutro da subestação deve ser aterrado juntamente com as massas e elementos condutores da subestação e a instalação de baixa tensão do prédio pode seguir o esquema TT. Aterramento de subestações de transformação Uma rede de distribuição pública em baixa tensão é aterrada em vários pontos ao longo de toda sua extensão. Segundo as concessionárias, para que seja atingido o grau de efetividade mínimo no aterramento do neutro, é necessário que o condutor neutro de cada ramal de ligação seja aterrado na origem da respectiva instalação consumidora. Nessas condições somente podem ser utilizados os esquemas TN-C-S ou TT. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão No caso do esquema TN-C-S existem dois aterramentos: o do secundário do transformador, com resistência RB, e o do neutro na origem da instalação do consumidor, com resistência R’B, não sendo necessária a independência elétrica entre ambos. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão VARIÁVEL DESCRIÇÃO 𝑹𝑬 Resistência do secundário do transformador 𝑹′𝑳 Resistência do condutor de fase da rede, desde o transformador até o ponto de derivação 𝑹′′𝑳 Resistência do condutor de fase desde o ponto de derivação até a origem da instalação 𝑹𝑳 Resistência do condutor de fase desde a origem da instalação até a massa sob falta 𝑹𝑷𝑬 Resistividade dos condutores de proteção, desde a massa sob falta até o terminal de aterramento principal 𝑹′′𝑵 Resistência do condutor neutro (na realidade PEN) desde o terminal de aterramento principal até o ponto de derivação 𝑹′𝑵 Resistência do condutor neutro (na realidade PEN) desde o ponto de derivação da rede até o secundário do transformador 𝒁𝑺 = 𝑹𝑬 + 𝑹′𝑳 + 𝑹′′𝑳 + 𝑹𝑳 + 𝑹𝑷𝑬 + 𝑹′′𝑵 + 𝑹′𝑵 Deve-se ressaltar que os valores de 𝑹𝑬, 𝑹′𝑳 𝒆 𝑹′𝑵 devem ser fornecidos pela concessionária e, em geral, são inacessíveis na fase de projeto da instalação e, assim, a verificação da impedância do circuito de falta é impossível de ser avaliada. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão VARIÁVEL DESCRIÇÃO 𝑹𝑬 Resistência do secundário do transformador 𝑹′𝑳 Resistência do condutor de fase da rede, desde o transformador até o ponto de derivação 𝑹′′𝑳 Resistência do condutor de fase desde o ponto de derivação até a origem da instalação 𝑹𝑳 Resistência do condutor de fase desde a origem da instalação até a massa sob falta 𝑹𝑷𝑬 Resistividade dos condutores de proteção, desde a massa sob falta até o terminal de aterramento principal 𝑹′′𝑵 Resistência do condutor neutro (na realidade PEN) desde o terminal de aterramento principal até o ponto de derivação 𝑹′𝑵 Resistência do condutor neutro (na realidade PEN) desde o ponto de derivação da rede até o secundário do transformador O problema pode ser resolvido se for previsto um ponto de referência no nível do quadro de terminal, isto é, se for prevista uma interligação entre o terminal de aterramento do quadro e um elemento condutor estranho à instalação. Assim, a impedância do percurso da corrente de falta poderá ser calculada, aproximadamente, por: 𝑍𝑆 = 1 𝐶 ത𝑅𝐿 + ത𝑅𝑃𝐸 Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão VARIÁVE L DESCRIÇÃO ത𝑅𝐿 Resistência do condutor fase do circuito terminal ത𝑅𝑃𝐸 Resistência do respectivo condutor de proteção C Fator com valor no intervalo 0,6 ≤ C ≤ 1(valor típico: 0,8) Outra possibilidade é proteger a instalação como se o esquema utilizado fosse o TT, isto é, utilizando dispositivos DR. Esta, por sinal, é a solução mais adequada para o caso de a rede de distribuição pública ser aérea, em que existe maior possibilidade de rompimento do condutor neutro. Caso em que o percurso de falta envolve a terra e, por consequência, tem-se algo similar ao esquema TT. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão No caso do uso do esquema TT pressupõe, em princípio, a existência de trêsaterramentos: • O do secundário do transformador com resistência RB, • O do neutro, com resistência R’B, • O das massas, com resistência RA. Esses dois últimos eletrodos deverão ser eletricamente independentes, o que nem sempre é possível em centros urbanos, devido não só às distâncias, mas, também, devido à existência, em muitos casos, de elementos metálicos no subsolo que acabam interligando os eletrodos. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão A impedância do percurso da corrente de falta será: 𝒁𝑺 = 𝑹𝑨 + 𝑹′𝑩 // 𝑹𝑩 Se houver o rompimento do condutor neutro da rede, o esquema permanece TT e a nova impedância de falta se torna: 𝒁𝑺 = 𝑹𝑨 + 𝑹𝑩 Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão Na prática, não é necessário que o eletrodo de aterramento do neutro (na origem da instalação) e das massas sejam eletricamente independentes para que a instalação seja considerada TT. Basta que o percurso de uma corrente de falta fase-massa inclua a terra, o que, geralmente, lhe confere uma impedância razoavelmente elevada. É o que ocorre quando a concessionária exige, além do eletrodo de aterramento do neutro exige outro para aterramento das massas. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão No Brasil, a opção pelo esquema TN- C-S é, em geral, a solução mais conveniente do ponto de vista da segurança porque: • É utilizado um único sistema de aterramento na origem da instalação do consumidor. • As correntes de curto circuito são elevadas e a proteção atua eficazmente. • A rápida atuação da proteção diminui o tempo de choque elétrico, proporcionando proteção contra contato indireto. Aterramento de instalações alimentadas por rede de distribuição pública em baixa tensão Instalações Elétricas Aplicação de dispositivos DR Os dispositivos DR são utilizados contra contatos indiretos qualquer que seja o esquema de aterramento utilizado (TN, TT ou IT) e podem, em princípio, ser utilizados dispositivos com alta ou baixa sensibilidade. Importante frisar que os dispositivos DR de alta sensibilidade constituem uma proteção adicional obrigatória contra contatos diretos, conforme a NBR 5410. Introdução Nas instalações com esquema TT, como enfatiza a NBR 5410, o DR é, atualmente o único meio adequado para proteção contra contatos indiretos, o mesmo ocorrendo com as instalações alimentadas por redes públicas em baixa tensão com esquema TN-C-S. A norma admite neste esquema o uso de um único dispositivo DR, instalado na origem da instalação, proporcionando uma proteção geral contra contatos indiretos. Assim, nas unidades de consumo alimentadas por rede pública em baixa tensão, o dispositivo poderia ser localizado junto ao medidor, isto é: • Na caixa de entrada de unidades isoladas (como nas residências e em pequenos estabelecimentos comerciais). • No centro de medição de prédios com várias unidades (por exemplo, em prédios residenciais ou comerciais e em shopping centers). Dispositivos DR – Esquema TT Instalações de pequeno e médio portes Um disjuntor DR de alta sensibilidade na caixa de entrada de uma unidade isolada, o que permite reunir, em um único dispositivo, “a chave geral da instalação” de proteções contra sobrecorrentes e contra choques elétricos. Dispositivos DR – Esquema TT Instalações de pequeno e médio portes Um interruptor ou um disjuntor DR de alta sensibilidade no quadro de distribuição de cada unidade, em prédios com várias unidades (observadas as condições relacionadas à possibilidade de deslocamento dos DRs), com uma proteção de retaguarda adequada no centro de medição (disjuntor ou dispositivo fusível). Dispositivos DR – Esquema TT Dispositivos DR – Esquema TT No caso de um único DR, a norma admite seu deslocamento, por exemplo, para o quadro de distribuição (geral) da instalação, desde que o trecho compreendido entre a origem e o dispositivo não possua qualquer massa e satisfaça a medida de proteção pelo emprego de componentes Classe II ou pela aplicação de isolamento suplementar. Na prática, essa condição pode ser atendida se, entre a origem e o dispositivo, existirem apenas condutores isolados em eletroduto isolante ou cabos uni ou multipolares contidos ou não em eletroduto isolante. É importante observar que: • O DR único deverá ser, na maioria dos casos, de alta sensibilidade, tendo em vista as necessidades de proteção adicional contra contatos diretos. • Para que seja viável a utilização de um único DR de alta sensibilidade (na caixa de entrada ou no quadro de distribuição geral), é fundamental que ele não atue com a corrente de fuga total normal da instalação; assim, no caso de um DR de 30 mA, a corrente de fuga em condições normais não deve exceder a 15 mA. • O surgimento de uma falta fase-massa que provoque o aparecimento de uma tensão de contato perigosa deverá fazer o dispositivo atuar, desligando toda a instalação. Dispositivos DR – Esquema TT Quando não for possível ou recomendável utilizar um único DR, duas são as soluções mais adequadas: • Instalar um disjuntor DR de baixa sensibilidade como proteção geral (na origem ou no quadro de distribuição quando possível) e disjuntores DR de alta sensibilidade nos circuitos terminais onde se faça necessário, obtendo-se uma coordenação entre os DRs. Dispositivos DR – Esquema TT Quando não for possível ou recomendável utilizar um único DR, duas são as soluções mais adequadas: • Instalar um interruptor DR em cada derivação da instalação, isto é, em cada um dos circuitos de distribuição, se existir mais de um, ou em cada subdivisão feita no quadro de distribuição. Observe que os dispositivos só poderão ser instalados no quadro de distribuição se, entre a origem e o quadro, forem observadas as condições normativas já mencionadas. A corrente nominal de cada DR não deverá ser inferior à soma de correntes de projetos dos circuitos derivados. Dispositivos DR – Esquema TT No caso de uma instalação com várias derivações, cada uma protegida por um DR e com um aterramento comum, a resistência de aterramento (RA) deve ser obtida pela expressão: 𝑅𝐴 ≤ 𝑈𝐿 𝐼∆𝑚𝑎𝑥 Em que 𝐼∆𝑚𝑎𝑥 é o maior dos valores de corrente diferencial residual nominal de atuação dos DRs utilizados nas derivações. Dispositivos DR – Esquema TT Por exemplo, considerarmos na figura que temos um DR de 30 mA e outro de 300 mA, assumindo que a tensão limite de contato seja de 50 Volts, temos: 𝑅𝐴 ≤ 𝑈𝐿 𝐼∆𝑚𝑎𝑥 𝑅𝐴 ≤ 50 300 𝑥 10−3 = 167 Ω Dispositivos DR – Esquema TT Existe a possibilidade de que correntes diferenciais (de fuga ou de falta) nas derivações e que sejam um pouco inferiores aos valores de disparos dos respectivos dispositivos DR e que, assim, não irão provocar as atuações dos mesmos. Estas correntes somadas colocarão sob tensão as diversas massas. Considere a figura e uma situação em que tem-se correntes de 200 mA nos dois dispositivos de 300 mA e no terceiro dispositivo, tem-se uma corrente de 19 mA. Assim, sob a resistência de aterramento 𝑅𝐴, que suporemos de 167 Ohms, teremos uma corrente total de 419 mA, suficiente para que as massas sejam colocadas em um potencial de 70 Volts (acima do valor permitido por norma). Dispositivos DR – Esquema TT Para evitar esse problema e reduzir a tensão de contato, a resistência de aterramento deverá ser dimensionada com base na soma das correntes diferenciais residuais nominais de atuação dos diversos DRs instalados nas derivações cujo aterramento é comum. Assim, tem-se, no caso do exemplo: 𝑅𝐴 ≤ 50 0,630 = 79,4 Ω Dispositivos DR – Esquema TT Embora a situação descrita no exemplo anterior seja possível, ela é bastante remota, porque a atuação dos dispositivos DR, por norma, deve ser garantida para valores na faixa: 𝐼∆𝑁 2 ≤ 𝐼𝐹 ≤ 𝐼∆𝑁 Dispositivos DR – Esquema TT Ao se dimensionar a resistênciade aterramento com base na máxima corrente diferencial residual, é necessário considerar as fases que alimentam cada derivação. Assim, não necessariamente pode-se usar soma algébrica dos módulos das correntes (que pode fornecer resultado muito diferente da corrente total efetivamente em circulação). Se as cargas forem alimentadas por fases diferentes ou se tratam de cargas trifásicas, torna-se conveniente fazer as soma fasorial das correntes diferenciais residuais. Dispositivos DR – Esquema TT • Uso de equipamentos com elevado nível de corrente de fuga (por exemplo, chuveiros elétricos metálicos com resistência nua). • Faltas em aparelhos de iluminação ou de utilização. • Umidade em eletrodutos (ou eletrocalhas) metálicos, sendo esta umidade geralmente resultante de inundações, de lavagem de pisos ou de condensações. • Introdução de agulhas, clipes ou objetos análogos em tomadas de corrente. • Falhas nas isolações de condutores, provenientes de problemas na instalação (puxamento de condutores isolados em eletrodutos metálicos com rebarbas ou com estreitamento de seção nas curvas). • Contato direto de uma pessoa com um condutor “desencapado” de um cabo flexível de alimentação de um equipamento de utilização (aparelho de utilização ou iluminação móvel ou portátil). Dispositivos DR – causas de disparos O emprego de dispositivo DR permite um bom diagnóstico para detecção de instalações mal executadas em em estado de conservação ruim. A corrente diferencial funciona como um instrumento de controle do nível de isolamento de uma instalação ou de um setor de uma instalação e, portanto, de seu nível de segurança e/ou conforto. Dispositivos DR – considerações Item 9.1 NBR 5410 Locais contendo banheira ou chuveiro Exercícios
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