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Economia Internacional

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Economia Internacional
W
B
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0
5
3
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.1
2/229
Economia Internacional
Autoria: Nicholas Magnus Deleuse Blikstad
Como citar este documento: Blikstad, Nicholas Magnus Deleuse. Economia Internacional. Valinhos: 
2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Teorias do Comércio Internacional 04
Unidade 2: A Globalização produtiva 31
Unidade 3: A Globalização Financeira 56
Unidade 4: Barreiras Comerciais e Financeiras 82
Unidade 5: Acordos Comerciais Preferenciais 107
Unidade 6: O Projeto de Integração Europeu e o Mercosul 134
Unidade 7: Os Estados Unidos na Economia Internacional 161
Unidade 8: A China na Economia Internacional 191
2/229
3/229
Apresentação da Disciplina
A disciplina discorrerá sobre os fundamentos 
e a dinâmica da economia internacional. Pri-
meiramente, serão estudadas as principais 
teorias de comércio internacional, passando 
pelas teorias das vantagens comparativas e 
das economias de escala. Nos temas 2 e 3, o 
foco recairá sobre a dinâmica da economia 
internacional contemporânea marcada pela 
globalização, enfatizando o processo de glo-
balização produtiva — com o acirramento 
da concorrência internacional, a internacio-
nalização da produção e as cadeias globais 
de valor — e o da globalização financeira 
— com as características do sistema mone-
tário e financeiro internacional contempo-
râneo, por meio da abertura financeira e da 
intensificação dos fluxos internacionais de 
capitais. Os temas 4 e 5 discorrerão sobre as 
diferentes estratégias de incorporação das 
economias nacionais na economia interna-
cional. Um das estratégias é a inserção por 
meio da imposição de barreiras comerciais 
e/ou de fluxos de capitais. Outra estratégia é 
a integração econômica com outros países, 
por meio do estabelecimento de Acordos 
Comerciais Preferenciais. O tema 6, por sua 
vez, tem o objetivo de discutir os principais 
blocos econômicos, enfatizando o histórico 
recente e o grau de integração, com foco no 
bloco europeu e no Mercado Comum do Sul 
(Mercosul). Por fim, nos blocos 7 e 8, preten-
de-se discutir sobre a importância econô-
mica dos Estados Unidos e da China no pla-
no internacional, enfatizando o histórico de 
evolução e a forma de inserção desses países 
no comércio externo.
4/229
Unidade 1
Teorias do Comércio Internacional
Objetivos
1. Compreender os aspectos teóricos centrais 
da dinâmica do comércio internacional.
2. Entender as duas principais abordagens 
teóricas sobre o comércio internacional: a 
teoria das vantagens comparativas e a te-
oria das economias de escala.
3. Analisar os benefícios teóricos advindos 
do comércio internacional.
4. Refletir sobre como a dinâmica do comér-
cio internacional impacta a inserção exter-
na de diferentes países.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional5/229
Introdução 
Neste tema você estudará os aspectos teó-
ricos relacionados à dinâmica do comércio 
internacional. Os dois aspectos teóricos 
mais importantes são: 1) a teoria das van-
tagens comparativas e 2) a teoria das eco-
nomias de escala. A primeira parte do tema 
discorrerá sobre os modelos teóricos asso-
ciados às vantagens comparativas — por 
meio do modelo ricardiano e do modelo de 
Heckscher-Ohlin —, ressaltando como es-
ses modelos contribuem para a compreen-
são da determinação do padrão de produ-
ção de um país e de como ele se inserirá no 
comércio internacional. A segunda parte 
analisará o modelo teórico das economias 
de escala, tanto externas quanto internas, 
discutindo como essa teoria contribui para 
o formato da inserção de um país no comér-
cio internacional. Ao final do tema, deverá 
ficar claro que o formato da inserção dos 
países no comércio internacional depende 
tanto da abundância relativa diferenciada 
dos fatores de produção como das econo-
mias de escala. Além disso, deve ficar evi-
dente que os países se beneficiam do co-
mércio internacional.
Para se compreender os efeitos distintos 
das vantagens comparativas e das econo-
mias de escala na dinâmica do comércio 
internacional, é importante a compreensão 
de que a análise do comércio internacional 
pode ser dividida em duas dimensões. 
A primeira dimensão é o comércio interin-
dústria, definido pelas trocas internacio-
nais entre diferentes setores industriais. 
Por exemplo, imagine que o comércio entre 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional6/229
dois países ocorra da seguinte forma: o país 
C exporta produtos do setor industrial de 
máquinas e equipamentos eletrônicos para 
o país D, enquanto o país D exporta produtos 
do setor industrial de alimentos para o país 
C. A definição desse comércio não depende 
das economias de escala, mas sim das van-
tagens comparativas, o que será analisado 
no item 1.1.
A segunda é o comércio intraindústria, res-
ponsável pelas trocas internacionais dentro 
de um mesmo setor industrial. Por exemplo, 
idealize que o setor industrial de máquinas 
e aparelhos eletrônicos esteja presente em 
dois países (A e B). Se tanto o país A quan-
to o país B exportarem produtos desse setor 
industrial um para o outro, diz-se que estão 
realizando um comércio intraindústria. A 
definição do formato desse tipo de comér-
cio não depende das vantagens compara-
tivas, mas sim das economias de escala, o 
que será analisado no item 1.2.
1.1 A Teoria das Vantagens 
Comparativas
Para a discussão da teoria das vantagens 
comparativas e do impacto na dinâmica do 
comércio internacional, serão analisados 
os modelos teóricos ricardiano e de Hecks-
cher-Ohlim. Antes de iniciar essa análise, 
torna-se necessário discorrer sobre a teoria 
das vantagens comparativas, que embasa 
os dois modelos teóricos.
Essa teoria foi formulada por David Ricardo, 
no início do século XIX. Até hoje, a teoria das 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional7/229
vantagens comparativas consiste em uma 
importante ferramenta para a compreen-
são da dinâmica do comércio internacional. 
A melhor forma de se compreender a teo-
ria das vantagens comparativas é por meio 
de um exemplo numérico, com a utilização 
do modelo teórico ricardiano. Esse modelo 
pressupõe que a definição da dinâmica do 
comércio internacional ocorre baseada nas 
diferentes produtividades do trabalho, de 
acordo com as vantagens comparativas de 
cada país. Ou seja, nesse modelo teórico só 
existirá um fator de produção: o trabalho.
Imagine que dois países (A e B) produzem 
apenas duas mercadorias: leite (medido em 
litros) e pano (medido em metros). Além dis-
so, suponha que os preços de 1 litro de leite 
e de 1 metro de pano sejam os mesmos. O 
país A tem a seguinte produtividade (medi-
da em horas unitárias de trabalho): neces-
sita de 1 hora para produzir 1 litro de leite e 
Para saber mais
David Ricardo foi um economista e político britâ-
nico que viveu na Inglaterra entre 1772 e 1823. 
O autor foi um dos economistas mais importan-
tes e influentes de sua época, destacando-se pela 
crítica às “corn laws” (“leis do cereal”), que impu-
nham uma taxação para a importação de cereais 
para a Inglaterra.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional8/229
de 3 horas para produzir 1 metro de pano. O país B tem a seguinte produtividade: necessita de 8 
horas para produzir 1 litro de leite e de 4 horas para produzir 1 metro de pano. Esse exemplo pode 
ser visualizado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1 – Exemplo de produção no modelo ricardiano
País Leite (produtividade) Pano (produtividade)
A 1h/litro 3h/metro
B 8h/litro 4h/metro
Fonte: elaborado pelo autor.
Caso não exista comércio internacional, o país A despenderá 3 horas de trabalho para obter 1 
metro de pano. Entretanto, se existir comércio internacional — e pressupondo que o preço dos 
dois produtos é igual —, o país A poderá vender 1 litro de leite para o país B em troca de 1 metro 
de pano. Com a existência do comércio internacional, o país A terá gasto apenas 1 hora de tra-
balho para adquirir 1 metro de pano, em vez de 3 horas.
O mesmo raciocínio vale para o país B. Sem o comércio internacional,ele gastará 8 horas de tra-
balho para produzir 1 litro de leite. Com a existência do comércio internacional, o país B trocará 
1 metro de pano — que ele leva 4 horas para produzir — por 1 litro de leite. Dessa forma, o país 
B terá acesso a 1 litro de leite “pagando” com 4 horas de trabalho em vez de 8 horas. 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional9/229
Assim percebe-se como o comércio inter-
nacional foi benéfico para os dois países. 
Com ele, cada país se especializará na mer-
cadoria em que possui uma vantagem com-
parativa. Ou seja, a melhor situação será se 
o país A se especializar na produção de leite 
e o país B na produção de pano.
Outra forma de você compreender isso é por 
meio do custo de oportunidade da produ-
ção dessas mercadorias. Por exemplo, para 
o país A o custo de oportunidades do pano 
em termos de leite é igual ao número de li-
tros de leite que poderiam ser produzidos 
com o trabalho gasto para a produção de 1 
metro de pano. No caso do país A, seria de 3 
litros de leite para cada 1 metro de pano. É 
muito mais eficiente para o país A produzir 
apenas leite, comprando pano no comércio 
internacional. 
Você pode perceber que, ao participar do co-
mércio internacional, uma economia pode 
manter o produto gerado com uma quantia 
menor de trabalho, como se o comércio fos-
se um método indireto de produção. Supo-
nha que o país A possua uma necessidade 
anual de 5 mil litros de leite e mil metros de 
pano. Sem o comércio internacional, essa 
economia necessitará de 5 mil horas de tra-
balho para a produção de leite e mais 3 mil 
horas para a produção de pano, totalizan-
do 8 mil horas de trabalho. Se participar do 
comércio internacional, o país necessitará 
de 5 mil horas de trabalho para a produção 
de leite que será consumida internamente e 
mais mil horas de trabalho para a produção 
de leite para exportação, que será trocada 
pela necessidade de mil metros de pano 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional10/229
dessa economia. Nesse caso, serão neces-
sárias 6 mil horas de trabalho. Portanto, na 
presença do comércio internacional, o país 
A economizará 2 mil horas de trabalho para 
satisfazer a mesma necessidade de consu-
mo interno.
Você deve ter notado que, apesar da con-
clusão ser a de que o país B se especializará 
na produção de pano, ele tem uma produ-
tividade de trabalho menor do que a pro-
dução dessa mesma mercadoria no país A 
(enquanto o país A produz 1 metro de pano 
em 3 horas, o país B o produz em 4 horas). 
Entretanto, o país B possui apenas duas op-
ções de produção: leite e pano. Ele produ-
zirá internamente o bem que possuir maior 
vantagem comparativa, especializando-
-se nesse bem e importando o restante. Ou 
seja, um país se especializará na produção 
do bem em que possui a maior produtivida-
de comparativamente à produção dos ou-
tros bens nesse mesmo país.
O modelo ricardiano foi importante para 
você entender, de uma forma simplificada, o 
conceito de vantagens comparativas. Entre-
tanto, a forma como as vantagens compa-
rativas influenciam a dinâmica do comércio 
internacional não se resume apenas às dife-
renças na produtividade do trabalho, como 
pressupunha o modelo ricardiano. Torna-se 
necessária uma análise mais aprofundada 
e realista. E é essa análise que deverá pau-
tar suas reflexões sobre como as vantagens 
comparativas influenciam a dinâmica do 
comércio internacional. Isso será realizado 
por meio da discussão do modelo teórico de 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional11/229
Heckscher-Ohlin, introduzido na primeira 
metade do século XX, que inclui na análise 
outros fatores de produção, não apenas o 
trabalho.
O modelo de Heckscher-Ohlin evidencia 
que as vantagens comparativas dos países 
se manifestam de acordo com a abundân-
cia relativa dos fatores de produção. Isso 
determinará como será efetuada a produ-
ção de mercadorias, na existência de trocas 
internacionais. Nesse modelo você apren-
derá que a dinâmica do comércio interna-
cional é afetada pela disponibilidade inter-
na dos fatores de produção e como eles se 
inter-relacionam para a concretização da 
produção. Por isso, a teoria de Heckscher-
-Ohlin também pode ser chamada de teoria 
das proporções de fatores.
Vamos supor o comércio internacional entre 
dois países (C e D). Eles produzem apenas 
dois produtos (celular e mochila) e isso exi-
ge a utilização de dois fatores de produção 
(trabalho e capital). Pressupõe-se, também, 
que a produção de celular sempre utilizará 
uma razão maior de capital em relação ao 
trabalho. Por sua vez, a produção de mochi-
Para saber mais
É importante ter em mente a distinção entre 
“abundância relativa” e “abundância absoluta”. 
Enquanto a “abundância relativa” refere-se à 
quantidade de um fator de produção em relação 
a outro, a “abundância absoluta” refere-se a uma 
alta quantidade de um fator de produção, sem a 
comparação com outro.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional12/229
las utilizará uma razão maior de trabalho em relação ao capital. Diz-se, portanto, que a produção 
de celular é capital-intensiva e que a produção de mochilas é trabalho-intensiva. Mas por que 
isso é importante?
Isso é importante porque, se no modelo teórico ricardiano as vantagens comparativas eram de-
terminadas pelas diferenças da produtividade do trabalho, no modelo teórico de Heckscher-Ohlin 
essas vantagens comparativas serão determinadas pela abundância relativa da existência de de-
terminado fator de produção em relação ao outro fator de produção (por exemplo, entre capital e 
trabalho) em um país. Suponha que o país C possua uma abundância de capital em relação ao tra-
balho e o país D possua uma abundância de trabalho em relação ao capital. Dessa forma, o país C 
se especializará na produção de celular (capital-intensiva) e o país D se especializará na produção 
de mochilas (trabalho-intensiva). Esse exemplo do modelo de Heckscher-Ohlin pode ser visualiza-
do na Tabela 1.2.
Tabela 1.2 – Exemplo de especialização da produção no modelo de Heckscher-Ohlin
País Celular (capital-intensivo) Mochila (trabalho-intensivo)
C X
D X
Fonte: elaborado pelo autor.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional13/229
De acordo com o modelo teórico de Hecks-
cher-Ohlin, um país será mais eficiente na 
produção de mercadorias que sejam inten-
sivas em fatores de produção nos quais ele 
possua uma abundância relativa, especiali-
zando-se nesse bem. 
Como esse modelo define em qual setor in-
dustrial o país se especializará no comércio 
internacional, este é responsável pela di-
nâmica do comércio interindústria, ou seja, 
entre setores industriais diferentes. Por 
exemplo, o Brasil é um país com forte abun-
dância relativa de terra. Com isso, torna-se 
um grande exportador de commodities. Por 
outro lado, os EUA detêm uma abundância 
relativa de capitais e tecnologia, por isso, 
exportam produtos com conteúdo de alta 
intensidade tecnológica. É mais eficiente 
para esses países se especializarem na pro-
dução dos respectivos bens e adquirirem os 
demais por meio do comércio internacional.
Link
Uma análise um pouco mais aprofundada sobre 
a participação de commodities na pauta expor-
tadora brasileira pode ser vista no Valor Econô-
mico. Disponível em: <http://www.valor.com.
br/brasil/4742393/cinco-produtos-concen-
tram-41-das-exportacoes>. Acesso em: 5 jun. 
2017.
1.2 As Economias de Escala
Enquanto os dois modelos previamente dis-
cutidos — o modelo ricardiano e o de He-
http://www.valor.com.br/brasil/4742393/cinco-produtos-concentram-41-das-exportacoes
http://www.valor.com.br/brasil/4742393/cinco-produtos-concentram-41-das-exportacoes
http://www.valor.com.br/brasil/4742393/cinco-produtos-concentram-41-das-exportacoes
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional14/229
ckscher-Ohlin — consideravam a teoria das 
vantagens comparativas, agora você estu-
dará como a teoria das economias de es-
cala contribuiu para moldar a dinâmica do 
comércio internacional. É importante res-
saltar que,enquanto a teoria das vantagens 
comparativas define o comércio internacio-
nal interindústria, a teoria das economias 
de escala define o comércio internacional 
intraindústria. Isso ocorrerá por meio da di-
nâmica competitiva, na busca de maior efi-
ciência, de um mesmo setor industrial pre-
sente em diferentes países. 
A teoria das economias de escala reitera que 
a firma tornar-se-á mais eficiente quan-
to maior for sua dimensão e quanto mais 
próxima estiver de um complexo industrial 
do mesmo setor. Antes de você analisar os 
efeitos das economias de escala sobre a di-
nâmica do comércio internacional, é neces-
sário inserir a distinção entre economias de 
escala internas e externas.
Entende-se por ganhos de economias de 
escala internas uma situação em que de-
terminada firma aumenta a produção ao 
mesmo tempo em que ocorre uma queda 
no custo unitário de fabricação. Diz-se que 
essa empresa possui um retorno de escala 
crescente na produção.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional15/229
Imagine uma situação em que determinada 
firma do setor industrial alimentício desem-
bolse R$ 100 para a produção de 50 paco-
tes de bolacha e R$ 190 para a produção de 
100 pacotes de bolacha. Nessa situação, 
houve economias de escala. Enquanto o 
custo unitário para a produção de 50 bo-
lachas era de R$ 2,00 (100/50), para a pro-
dução de 100 bolachas o custo unitário foi 
de R$ 1,90 (190/100). Quanto menor for o 
custo unitário de produção, mais eficiente 
a firma será e estará mais preparada para a 
competição internacional intraindústria. O 
exemplo pode ser visto na tabela 1.3.
Tabe-
Para saber mais
Os retornos de escala da produção podem ser de-
crescentes, constantes ou crescentes. Existem re-
tornos decrescentes de escala quando o aumen-
to da produção resulta em um aumento do custo 
unitário. Retornos constantes de escala ocorrem 
quando o custo unitário não se altera com a quan-
tidade produzida. Por fim, uma firma possui retor-
nos crescentes de escala quando o custo unitário 
diminui conforme a produção aumenta.
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional16/229
la 1.3 – Exemplo de produção com retornos crescentes de escala
Produção Custo total Unidades produzidas Custo unitário
Situação 1 R$ 100 50 R$ 2,00
Situação 2 R$ 190 100 R$ 1,90
Fonte: elaborado pelo autor.
Entende-se por economias de escala externas situações que dependem de um setor industrial 
como um todo. Essas estão associadas ao estabelecimento de uma firma em um local em que já 
exista um complexo industrial estabelecido do mesmo setor. As três principais fontes de econo-
mias de escala externas são: 1) existência de fornecedores especializados, por meio de acesso 
da empresa aos insumos em situações de preços mais vantajosas do que se se estabelecesse em 
um local isolado; 2) mercado comum de trabalho, ao se estabelecer em uma região que já exis-
ta uma demanda pelo tipo de trabalho qualificado que essa firma necessitará; e 3) vazamento 
de conhecimentos, principalmente para setores industriais mais inovadores, em que a troca de 
informação dos funcionários de diversas empresas, que residem em locais próximos, pode bene-
ficiar determinada firma. 
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional17/229
A análise realizada mostra que uma firma 
será mais eficiente quanto maior forem suas 
economias de escala internas e externas. 
Mas de que forma é possível refletir sobre 
isso no comércio internacional? Pode-se 
argumentar que quanto maior a dimensão 
da empresa (economia de escala interna) e 
mais próxima ela se estabelecer de comple-
xos do mesmo setor industrial, maior será 
Link
Um exemplo de sucesso para o caso das econo-
mias de escala externas é o Vale do Silício, nos EUA, 
sendo um grande polo inovador e de alta tecno-
logia. Disponível em: <http://ois.sebrae.com.
br/boaspraticas/inovacao-e-redes-do-vale-
-do-silicio-eua/>. Acesso em: 5 jun. 2017. 
sua eficiência e, consequentemente, maior 
será sua capacidade de conquistar merca-
dos. 
As economias de escala são fatores impor-
tantes para se explicar a dinâmica do co-
mércio internacional. Por sua vez, o comér-
cio internacional também aumenta o tama-
nho dos mercados disponíveis. A interação 
entre as economias de escala e o comércio 
internacional permite que, a partir da espe-
cialização de um país na produção de de-
terminados tipos de bens — como analisa-
do pela teoria das vantagens comparativas 
—,esse país aumente sua eficiência e possa 
competir no comércio internacional intrain-
dústria. Isso resulta em ganhos tanto para 
as firmas quanto para os consumidores. No 
caso das empresas, o acesso ao mercado 
http://ois.sebrae.com.br/boaspraticas/inovacao-e-redes-do-vale-do-silicio-eua/
http://ois.sebrae.com.br/boaspraticas/inovacao-e-redes-do-vale-do-silicio-eua/
http://ois.sebrae.com.br/boaspraticas/inovacao-e-redes-do-vale-do-silicio-eua/
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional18/229
internacional torna possível um aumento 
da produção, beneficiando-se das econo-
mias de escala e maximizando os ganhos. 
No caso dos consumidores, essa dinâmica 
permite uma redução dos preços dos bens, 
tanto dos produzidos internamente quan-
to dos importados, estes últimos que foram 
produzidos por firmas de outros países que 
também se beneficiaram das economias de 
escala. 
O comércio internacional pode ser benéfi-
co para todos os países, ao aumentar tanto 
o tamanho dos mercados disponíveis como 
a eficiência da produção. Dessa forma, os 
países estarão numa situação melhor do 
que se não participassem do comércio in-
ternacional. 
Link
Para o aprofundamento da discussão sobre a te-
oria do comércio internacional e uma análise crí-
tica dessas teorias. MOREIRA, U. Teorias do co-
mércio internacional: um debate sobre a relação 
entre crescimento econômico e inserção externa. 
Revista de Economia Política, v. 32, nº 2 (127), p. 
213–228, abr./jun. 2012. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rep/v32n2/v32n2a04.
pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.
http://www.scielo.br/pdf/rep/v32n2/v32n2a04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rep/v32n2/v32n2a04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rep/v32n2/v32n2a04.pdf
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional19/229
Glossário
Fatores de produção: são os elementos necessários para a efetuação do processo produtivo, 
como trabalho, terra, capital e recursos naturais.
Modelo teórico: generalização e simplificação da realidade, de forma a buscar padrões de 
comportamento do objeto analisado.
Setor industrial: engloba as firmas que estão em um mesmo ramo de atividade. Por exemplo: 
setor industrial alimentício, setor industrial de máquinas eletrônicas.
Questão
reflexão
?
para
20/229
Como você viu, as dimensões teóricas que definem a 
dinâmica do comércio internacional são as vantagens 
comparativas e as economias de escala. Reflita sobre 
como isso pode impactar a inserção externa de algumas 
grandes empresas — seja do Brasil ou de outros países 
— ao longo do tempo.
21/229
Considerações Finais (1/2)
• No modelo ricardiano, cada país se especializará na exportação do bem em 
que possui maior vantagem comparativa, determinada pela produtividade 
do trabalho.
• No modelo de Heckscher-Ohlin, cada país se especializará na exportação do 
bem em que possui maior vantagem comparativa, determinada pela abun-
dância relativa dos fatores de produção.
• As economias de escala, ao resultarem em retornos crescentes, aumentam 
a eficiência das firmas, tornando-as mais competitivas no comércio interna-
cional.
• A teoria das vantagens comparativas mostra como uma economia se espe-
cializará na produção e exportação de determinados tipos de bens (dimen-
são interindústria). 
• A teoria das economias de escala tornará possível um aumento da eficiência, 
propiciando a competição internacional intraindústria.
22/229
• Ao participar do comércio internacional, um país pode manter o produto ge-
rado com um dispêndio menor dos fatores de produção.
• De forma geral, o comércio internacional ébenéfico para todos os países, 
tanto para os produtores quanto para os consumidores.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 1 • Teorias do Comércio Internacional23/229
Referências
KRUGMAN, P.; OBSTFELD M. Economia Internacional: Teoria e Política. 6. ed. São Paulo: Pear-
son Addison Wesley, 2005. Capítulos 2 (Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o 
modelo ricardianao), 4 (Recursos e comércio: o modelo de Heckscher-Ohlin) e 6 (Economias de 
escala, concorrência imperfeita e comércio internacional)..
24/229
1. Em relação ao modelo ricardiano, pode-se afirmar que:
a) Quanto maior for a dimensão de uma firma, maior será sua eficiência.
b) É recente, criado na segunda metade do século XX devido a maior complexidade do comér-
cio internacional.
c) A dinâmica do comércio internacional é determinada pelas diferentes produtividades do 
trabalho, de acordo com as vantagens comparativas de cada país.
d) É um modelo teórico que utiliza as vantagens comparativas, discorrendo sobre como a inte-
ração dos diferentes fatores de produção determina a dinâmica do comércio internacional.
e) Se um país não tiver a maior produtividade em determinado bem, comparada à produtivida-
de da produção desse bem em outros países, ele não se especializará nesse bem.
Questão 1
25/229
2. No que concerne ao modelo de Heckscher-Ohlin, é correto afirmar que:
a) Considera apenas um fator de produção: o trabalho.
b) A dinâmica do comércio internacional será determinada pelas economias de escala internas 
de um país.
c) O comércio internacional entre dois países sempre resultará em uma diminuição do bem-
estar em um desses.
d) O país se especializará, no comércio internacional, no bem em que possuir maior abundân-
cia relativa de determinado fator de produção.
e) É o único modelo teórico existente que considera a teoria das vantagens comparativas.
Questão 2
26/229
3. Sobre o comércio interindústria, o intraindústria e os modelos teóricos 
de comércio internacional, assinale a afirmação correta:
a) O comércio interindústria refere-se ao comércio internacional entre firmas dentro de um 
mesmo setor industrial.
b) As vantagens comparativas são determinadas tanto pelo comércio interindústria como pelo 
comércio intraindústria.
c) O comércio intraindústria é influenciado tanto pelas economias de escala quanto pelas van-
tagens comparativas.
d) A análise da dinâmica do comércio intraindústria está associada ao estudo das vantagens 
comparativas.
e) O comércio interindústria é determinado pelas vantagens comparativas.
Questão 3
27/229
4. Sobre o conceito de economias de escala, pode-se afirmar que:
a) Não é importante para explicar a dinâmica do comércio internacional.
b) Pode ser dividido em dois modelos teóricos: o modelo ricardiano e o modelo de Heckscher-
-Ohlin.
c) Está associado apenas aos ganhos de escala que uma firma obtém ao aumentar a capacida-
de de produção.
d) É dividido em economias de escala internas (ao nível da firma) e externas (ao nível do setor 
industrial).
e) Para obter ganhos de escala externos, uma firma deve se estabelecer em um local distante 
das empresas de um mesmo setor industrial.
Questão 4
28/229
5. De acordo com a teoria das economias de escala, qual a alternativa cor-
reta em relação a como essa teoria pode contribuir para explicar a inser-
ção dos países no comércio internacional:
a) O país se especializará na produção do bem em que possuir maior abundância relativa de 
determinado fator de produção.
b) Ao aumentar o tamanho dos mercados, o comércio internacional contribui para o aumento 
da escala da produção, possibilitando a diminuição dos custos unitários. 
c) O único fator de produção que importa para se analisar a inserção de um país no comércio 
internacional é o trabalho.
d) Ao isolar uma firma do restante do setor industrial, aumenta-se a produtividade dessa, pos-
sibilitando sua inserção no comércio internacional.
e) Devido aos retornos decrescentes de escala, a firma de um país estará mais apta a ingressar 
no comércio internacional.
Questão 5
29/229
Gabarito
1. Resposta: C.
O modelo ricardiano é um modelo teórico 
que considera as vantagens comparativas 
utilizando apenas um fator de produção: o 
trabalho. A determinação do comércio in-
ternacional se dará pelos diferenciais da 
produtividade do trabalho, dentro do con-
ceito de vantagens comparativas. O país se 
especializará na produção do bem que pos-
sua, internamente, a maior produtividade 
do trabalho.
2. Resposta: D
O modelo de Heckscher-Ohlin conside-
ra os diversos fatores de produção de um 
país. Dessa forma, levando em considera-
ção a teoria das vantagens comparativas, 
o país será mais eficiente na produção de 
uma mercadoria que seja intensiva em fa-
tores de produção com abundância relativa 
no país. Ao ser mais eficiente na produção 
dessa mercadoria, ele se especializará nela, 
importando o restante.
3. Resposta: E.
O comércio interindústria é definido pelas 
trocas internacionais entre diferentes se-
tores industriais. Por sua vez, o conceito de 
vantagens comparativas está associado à 
produção de um bem, em determinado se-
tor industrial, em que o país possua maior 
eficiência, de acordo com a produtividade 
dos fatores de produção. Dessa forma, o co-
30/229
Gabarito
mércio entre diferentes setores industriais é 
determinado pela dinâmica dos fatores de 
produção, ou seja, pelas vantagens compa-
rativas.
4. Resposta: D.
O conceito de economias de escala é divi-
dido em economias de escala internas e 
externas. As economias de escala internas 
ocorrem ao nível da firma, relacionadas à 
diminuição do custo unitário de produção, 
devido ao aumento da dimensão da empre-
sa. As economias de escala externas ocor-
rem ao nível do setor industrial, associadas 
à existência de fornecedores especializa-
dos, a um mercado comum de trabalho e ao 
vazamento de conhecimentos.
5. Resposta: B.
O item B discorre sobre as economias de es-
cala internas. Ao ter a possibilidade de ex-
plorar um mercado maior, as firmas poderão 
aumentar sua produção, beneficiando-se 
dos ganhos de escala, por meio da queda 
do custo unitário. Isso facilita a inserção de 
determinada empresa no comércio interna-
cional, ao torná-la mais competitiva.
31/229
Unidade 2
A Globalização produtiva
Objetivos
1. Entender que a globalização produti-
va é determinada pelo acirramento da 
concorrência internacional, pela inter-
nacionalização produtiva e pelas ca-
deias globais de valor.
2. Aprender sobre as motivações associa-
das à internacionalização produtiva.
3. Compreender a dinâmica de funciona-
mento da cadeia global de valor e como 
ela emerge na economia internacional 
contemporânea.
Unidade 2 • A Globalização produtiva32/229
Introdução
Nas últimas três décadas, a economia mun-
dial tem passado por um intenso processo 
de globalização produtiva, com uma inter-
conexão cada vez maior entre os países. 
Segundo Gonçalves (1998), a globalização 
produtiva possui três dimensões principais:
1) O acirramento da concorrência inter-
nacional, com a busca incessante por 
maior competitividade por parte das 
empresas transnacionais, com os ob-
jetivos de conquistar mercados e de 
garantir a própria sobrevivência.
2) A evolução da internacionalização 
produtiva, por meio do investimento 
direto no exterior.
3) A intensificação das interconexões 
das estruturas produtivas por meio do 
avanço das cadeias globais de valor.
Parte-se do pressuposto de que o acirra-
mento da concorrência internacional, com 
a busca de maior competitividade, é um fa-
tor central para se explicar tanto a evolução 
da internacionalização das empresas quan-
to o avanço das cadeias globais de valor. Na 
subseção 1.1 você estudará as motivações 
associadas à internacionalização da produ-
ção, enquanto na subseção 1.2 você estu-
dará o avanço das cadeias globais de valor.
1.1 As Motivações Associadas à 
Internacionalização da Produ-
ção
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, 
a tendência à internacionalizaçãodas em-
presas tem aumentado, com destaque para 
Unidade 2 • A Globalização produtiva33/229
a aceleração desse processo nas últimas 
três décadas. A magnitude desse processo 
pode ser analisada por meio do investimen-
to direto no exterior realizado pelas empre-
sas transnacionais. Se no início do perío-
do destacava-se a internacionalização das 
empresas europeias e norte-americanas em 
todo o mundo, nas últimas décadas os paí-
ses emergentes — principalmente a China 
— também têm se inserido nesse processo. 
O objetivo principal para a internacionali-
zação das empresas é a busca pela maximi-
zação do lucro a longo prazo. É importante 
compreender que a busca desse objetivo 
pode ocorrer de duas formas. A primeira 
é pela obtenção de lucros por meio da ex-
ploração de um novo empreendimento; por 
exemplo, os ganhos adquiridos por uma 
nova subsidiária da empresa no exterior. A 
segunda é pelas possibilidades de siner-
gias criadas com o estabelecimento de uma 
nova subsidiária no exterior, aumentando a 
lucratividade e a competitividade da em-
presa transnacional como um todo.
De acordo com Dunning e Lundan (2008), 
existem quatro motivações principais as-
sociadas à internacionalização produtiva 
das empresas transnacionais: 1) busca por 
recursos naturais; 2) busca por mercados; 
3) busca por eficiência e 4) busca por ativos 
estratégicos. Analisemos cada uma dessas 
motivações.
A busca por recursos naturais ocorre quan-
do uma empresa transnacional visa à aqui-
sição de recursos naturais em outros países 
Unidade 2 • A Globalização produtiva34/229
por um preço inferior e/ou uma qualidade 
superior ao que ela consegue no seu país de 
residência. Entre os produtos que podem es-
tar incluídos nesse quesito, estão: combus-
tíveis minerais, metais, produtos agrícolas 
etc. Nesse processo, a empresa tende a se 
tornar mais competitiva e lucrativa no pla-
no mundial, questões imprescindíveis para 
a sobrevivência na globalização produtiva. 
Na primeira motivação para a internacio-
nalização das empresas, destaca-se o mo-
vimento de empresas de países desenvolvi-
dos — como os EUA e os países da Europa 
— para a exploração de recursos naturais 
de países emergentes, principalmente na 
América Latina e na África. Mais recente-
mente, desde o início do século XXI, a China 
também tem se destacado nesse proces-
so, com uma política externa agressiva de 
aquisições tanto na América Latina quan-
to na África. A grande maioria da produção 
das empresas transnacionais relacionadas 
à exploração de recursos naturais em de-
terminado país destina-se a utilização em 
outro país, ou seja, a maioria da produção 
tende a ser exportada. 
Unidade 2 • A Globalização produtiva35/229
A segunda motivação está relacionada à 
busca por mercados, seja para manter os 
já conquistados ou para a aquisição de no-
vos mercados. No que diz respeito à manu-
Link
Para você aprofundar seu conhecimento sobre a 
postura agressiva da China em relação à Améri-
ca Latina e à África: BBC. Depois da África, China 
avança sobre economia da América Latina: país 
deve ultrapassar a União Europeia e se tornar o 
2º maior parceiro comercial da região até 2016, 
segundo a ONU.. Disponível em: <http://g1.glo-
bo.com/economia/noticia/2014/07/depois-
-da-africa-china-avanca-sobre-economia-
-da-america-latina.html>. Acesso em: 16 jun. 
2017. 
tenção dos já conquistados, determinada 
empresa transnacional pode estabelecer 
subsidiárias em um país estrangeiro visan-
do produzir diretamente nesse país em vez 
de exportar os produtos para ele. Isso pode 
contribuir tanto para a diminuição dos cus-
tos quanto para adaptar a produção à cul-
tura e aos gostos locais. 
Um exemplo desse tipo de motivação, com 
a manutenção de mercados já conquista-
dos, foi a vinda das empresas automobilís-
ticas da Europa e dos Estados Unidos para o 
Brasil, na segunda metade do século XX. Es-
sas empresas, antes de abrirem subsidiárias 
no Brasil, já exportavam carros para o país. 
Esse processo contribuiu para o baratea-
mento da produção de carros, assim como 
para a adequação aos gostos locais.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/07/depois-da-africa-china-avanca-sobre-economia-da-america-latina.html
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/07/depois-da-africa-china-avanca-sobre-economia-da-america-latina.html
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/07/depois-da-africa-china-avanca-sobre-economia-da-america-latina.html
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/07/depois-da-africa-china-avanca-sobre-economia-da-america-latina.html
Unidade 2 • A Globalização produtiva36/229
A busca por mercados também pode estar 
associada à aquisição de novos mercados, 
visando o aumento da produção global de 
determinada empresa transnacional, resul-
tado do acirramento da competição inter-
nacional. Um exemplo da aquisição e das 
disputas por novos mercados ocorreu na 
China, no último quarto do século XX, a par-
tir da evolução do processo de abertura eco-
nômica do país. Com o processo de abertura 
econômica da China, as grandes empresas 
transnacionais — dos EUA e da Europa — 
passaram a abrir subsidiárias nesse país, vi-
sando conquistar novos mercados que an-
teriormente estavam fechados. O caso da 
China, que ainda será discutido em outro 
tema, deve ser ressaltado, já que, devido ao 
tamanho da população, dispõe de um mer-
cado em potencial gigantesco. 
Ao contrário da motivação por buscas de 
recursos naturais, a maioria da produção 
associada à busca de mercados tende a se 
manter no país em que as empresas trans-
nacionais estão instaladas, não sendo ex-
portada. Além disso, nos exemplos do Brasil 
e da China, é importante ressaltar que esses 
próprios países criaram políticas para enco-
rajar a entrada e a abertura de subsidiárias 
Para saber mais
Um caso clássico no Brasil da vinda de empresas 
transnacionais para a busca de novos mercados 
ocorreu na segunda metade da década de 1990, 
com o processo de privatização das empresas de 
telecomunicação brasileiras. Destaca-se a compra 
da Telesp pela empresa espanhola “Telefónica”. 
Unidade 2 • A Globalização produtiva37/229
das empresas transnacionais estrangeiras. 
Devido ao acirramento da competição in-
ternacional, é importante para as empre-
sas transacionais estarem espalhadas pelo 
mundo, focadas na manutenção e na con-
quista de novos mercados.
A terceira motivação para a internacionali-
zação das empresas está relacionada à bus-
ca por maior eficiência, racionalizando a es-
trutura estabelecida das outras estratégias 
de internacionalização. A forma como essa 
motivação se mostra na estratégia das em-
presas transnacionais está relacionada às 
teorias de comércio internacional que você 
estudou no Tema 1. As empresas transna-
cionais também são motivadas a interna-
cionalizar a produção na busca de países em 
que a abertura de uma subsidiária se bene-
ficie das economias de escala, assim como 
das vantagens relacionadas aos custos re-
lativos dos fatores de produção (vantagens 
comparativas).
A quarta e última motivação para a inter-
nacionalização das empresas é a busca por 
ativos estratégicos. Essa motivação consis-
te na aquisição, por parte das grandes em-
presas transnacionais, de empresas locali-
zadas em outros países que possam ser im-
portantes, estrategicamente, para ganhos 
de competitividade e de objetivos de longo 
prazo da empresa transnacional.
1.2 As Cadeias Globais de Valor 
Quando você pensa na estrutura dos fluxos 
do comércio internacional, é importante ter 
Unidade 2 • A Globalização produtiva38/229
em mente que esses fluxos não se restringem mais somente à venda de produtos finais. De fato, 
não só não se restringem mais à venda de produtos finais como 80% do comércio internacional 
estão relacionados às cadeias globais de valor, liderados pelas grandes empresas transnacio-
nais. Isso é o resultado de um processo que já dura mais de três décadas, com transformações 
estruturais na composição e estruturação do comércio internacional.Para saber mais
O conceito de cadeia global de valor pode ser definido como a somatória das atividades que as empre-
sas e os trabalhadores efetuam desde o início da produção de determinado produto até o seu uso final, 
incluindo sua distribuição. O conceito inclui a tendência das últimas três décadas de fragmentação e de 
dispersão geográfica das atividades. 
Nas últimas três décadas, a queda nos custos de transporte, a tendência de diminuição das bar-
reiras comerciais, as novas formas de organização das empresas e os avanços na tecnologia de 
informação — em um contexto de acirramento da concorrência internacional — propiciaram 
mudanças na dinâmica do comércio internacional. Todo esse processo contribuiu diretamente 
para a formação das cadeias globais de valor. 
Unidade 2 • A Globalização produtiva39/229
Com as cadeias globais de valor, o proces-
so produtivo de determinado bem não se 
restringe mais nem a apenas uma empre-
sa e nem está concentrado em um só país. 
Com a globalização produtiva — em que 
está inserido o avanço das cadeias globais 
de valor —, ocorre tanto a fragmentação 
da produção em diversas empresas como 
a dispersão geográfica em diversas regi-
ões e países. Se anteriormente toda a ca-
deia produtiva de um bem ocorria dentro 
de uma mesma empresa e situada em um 
mesmo país, com o processo de evolução 
das cadeias globais de valor essa produção 
se tornou fragmentada e dispersa geografi-
camente. 
Atualmente, a fragmentação do processo 
produtivo é tão intensa que as empresas 
têm se especializado em determinada eta-
pa da produção, tornando-se fornecedoras 
para diversas cadeias globais de valor, si-
multaneamente. Dessa forma, ela se torna 
Link
Um caso clássico para evidenciar as diversas eta-
pas das cadeias globais de valor é o processo pro-
dutivo do iPod. Ver: MORAIS, I. N. Cadeias produ-
tivas globais e agregação de valor: a posição da 
China na indústria eletroeletrônica de consumo. 
Tempo do Mundo, v. 4, nº 3, p. 5-46, dez. 2012. 
Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.
br/bitstream/11058/6305/1/RTM_v4_n3_
Cadeias.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2017. 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6305/1/RTM_v4_n3_Cadeias.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6305/1/RTM_v4_n3_Cadeias.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6305/1/RTM_v4_n3_Cadeias.pdf
Unidade 2 • A Globalização produtiva40/229
fornecedora de determinado componente 
para diversas firmas, que podem até con-
correr (e geralmente concorrem) entre si. 
Entretanto, a fragmentação e a dispersão da 
produção não implicam que todas as empre-
sas e todos os países inseridos nessa cadeia 
global de valor detêm o mesmo poder sobre 
esse processo. As grandes empresas trans-
nacionais — majoritariamente dos países 
ricos situados na América do Norte e na Eu-
ropa — ainda detêm a liderança desse pro-
cesso. A posição de uma empresa dentro da 
cadeia produtiva é de extrema importância, 
com a clara existência de uma hierarquia. 
Em geral, a empresa líder detém atribuições 
que a tornam importante e insubstituível no 
processo produtivo. Entre essas atribuições, 
estão: conhecimentos específicos, ativos 
estratégicos, acesso à tecnologia etc. Além 
dessas empresas não deixarem essas atri-
buições disponíveis, elas são difíceis de se-
rem copiadas. Em todo esse processo, essas 
empresas deterão uma parcela maior do va-
lor agregado da produção total. 
Para saber mais
Valor agregado também pode ser chamado de 
valor adicionado. Dentro das cadeias globais de 
valor, o valor agregado refere-se a quanto foi adi-
cionado em cada etapa da produção. Ou seja, é a 
contribuição adicional de cada etapa para o valor 
final do produto. Em cada etapa, ele pode ser cal-
culado pelo valor do bem produzido subtraindo os 
insumos, componentes e serviços incluídos ante-
riormente.
Unidade 2 • A Globalização produtiva41/229
Por outro lado, existem empresas dentro 
das cadeias globais de valor que estão numa 
posição hierarquicamente inferior. Elas são 
responsáveis pelo fornecimento de insumos 
e componentes, tornando-as mais suscetí-
veis a serem substituídas. Além disso, essas 
firmas adquirem uma parcela muito menor 
do valor agregado da produção total. As 
empresas líderes detêm um claro controle e 
poder em relação a essas firmas hierarqui-
camente inferiores. As empresas transna-
cionais líderes conseguem impor condições 
aos seus fornecedores, como os prazos, as 
características dos produtos e a qualidade.
Como você viu, as cadeias globais de valor 
levaram a uma mudança estrutural na di-
nâmica da produção e do comércio interna-
cional nas últimas três décadas. Além disso, 
foi analisado que essa nova estruturação é 
marcada pela existência de uma hierarquia 
entre as empresas. Torna-se necessário, 
portanto, você analisar como essa hierar-
quia se impõe geograficamente.
Atualmente, as cadeias globais de valor es-
tão concentradas em três regiões: 1) Amé-
rica do Norte; 2) Europa e 3) Leste Asiático. 
Destaca-se a inserção limitada da Améri-
ca Latina, da África e da Oceania. Seguin-
do essa dinâmica, Oliveira (2015) descreve 
a distribuição das cadeias globais de valor, 
considerando a localização e a hierarquia 
na efetuação do processo produtivo. Ana-
lisaremos agora a classificação dos países 
nas cadeias globais de valor, de acordo com 
a etapa que a empresa participa no proces-
so produtivo. 
Unidade 2 • A Globalização produtiva42/229
Em primeiro lugar, no topo dessa hierarquia, 
encontram-se as grandes empresas trans-
nacionais que estão situadas nos países 
industrializados mais ricos, como Estados 
Unidos, Alemanha, Japão e outros. As em-
presas transnacionais desses países estão 
inseridas nos processos com maior agre-
gação nas cadeias globais de valor, espe-
cializadas em serviços e em setores de alta 
tecnologia, tornando-as difíceis de serem 
substituídas.
Em segundo lugar, encontram-se as empre-
sas situadas na China — incluindo empre-
sas transnacionais dos países desenvolvi-
dos que levam sua produção para esse país 
—, com uma inserção nas cadeias globais 
de valor marcada pela incorporação dos in-
sumos e dos componentes da produção, vi-
sando à constituição do produto final. Essa 
dinâmica torna a China o maior importador 
de matérias-primas e o maior exportador de 
produtos manufaturados. Devido à impor-
tância da China na economia internacional, 
o país será tratado de forma mais detalhada 
no último tema do curso. 
Em terceiro lugar, encontram-se as empre-
sas transnacionais que estão situadas nos 
países que produzem os insumos e os com-
ponentes da produção (peças, partes etc.). 
Existem três polos principais nessa inser-
ção: 1) a “Fábrica América do Norte”, com o 
Canadá e o México; 2) a “Fábrica Ásia”, com 
a Índia, a Tailândia, a Malásia e outros paí-
ses do Leste Asiático e 3) a “Fábrica Europa”, 
com os países da Europa Oriental. 
Unidade 2 • A Globalização produtiva43/229
O segundo e o terceiro grupo — em que se 
incluem a China, o México e a Europa Orien-
tal, entre outros —, apesar de existirem di-
versas situações heterogêneas internas, de-
têm uma parcela inferior do valor agregado 
da produção se comparado com a situação 
das empresas transnacionais inseridas no 
primeiro grupo discutido.
Após essas três primeiras posições, seguem 
os países com baixa inserção nas cadeias 
globais de valor. Destacam-se nesse grupo 
os países exportadores de matérias-primas 
e alimentos, como o Brasil e a Austrália, 
além de outros países da América Latina e 
da África. Somado a isso, também existem 
os países responsáveis pela exportação de 
petróleo, com destaque para os países do 
Oriente Médio.
Essa conformação da estrutura do comér-
cio internacional, como resultado da dinâ-
mica da globalização produtiva, tem ense-
jado a discussão de políticas nacionais que 
tornem possível que um país crie as condi-
ções necessárias para que empresas trans-
nacionais (e mesmo as grandes empresas 
nacionais) possam se instalar nesse paíse 
se inserir nas cadeias globais de valor. Esse 
é o caso do Brasil, por exemplo, que está 
pouco inserido nesse processo. Além dis-
so, uma vez inserido, é importante refletir 
sobre como progredir dentro dessas cadeias 
globais de valor, buscando aumentar a par-
cela do valor agregado total da produção.
Unidade 2 • A Globalização produtiva44/229
O processo de globalização produtiva en-
sejou a construção de uma estrutura em 
que a dinâmica do comércio internacion-
al, a internacionalização das empresas e 
a evolução das cadeias globais de valor — 
impulsionadas pela concorrência interna-
cional — tornaram-se inseparáveis. 
Link
Para aprofundar o conhecimento sobre a baixa 
inserção do Brasil nas cadeias globais de valor e 
os desafios a serem superados, ver o seguinte ar-
tigo. Disponível em: <http://ois.sebrae.com.br/
publicacoes/a-insercao-do-brasil-nas-ca-
deias-globais-de-valor/>. Acesso em: 5 jun. 
2017.
http://ois.sebrae.com.br/publicacoes/a-insercao-do-brasil-nas-cadeias-globais-de-valor
http://ois.sebrae.com.br/publicacoes/a-insercao-do-brasil-nas-cadeias-globais-de-valor
http://ois.sebrae.com.br/publicacoes/a-insercao-do-brasil-nas-cadeias-globais-de-valor
Unidade 2 • A Globalização produtiva45/229
Glossário
Globalização: processo que se acelerou no início da década de 1990 e é caracterizado pela in-
tensificação das relações entre os países em diversas dimensões. 
Fragmentação da produção: situação em que o processo de produção não ocorre em um úni-
co local e nem é comandado por uma única empresa. As diversas etapas do processo produtivo 
serão realizadas por empresas diferentes e em diversos países. 
Investimento direto no exterior: quando uma empresa decide fazer um investimento produti-
vo em outro país. Pode ocorrer por meio da construção de uma nova subsidiária ou pela compra 
de uma empresa desse outro país.
Questão
reflexão
?
para
46/229
Como foi analisado, podem ser realizadas políticas vi-
sando à inserção e maior absorção do valor agregado 
total da produção. Reflita sobre a posição do Brasil nes-
se sistema e como se poderia atuar para modificá-la.
47/229
Considerações Finais
• As motivações associadas à internacionalização produtiva são: 1) 
busca por recursos naturais; 2) busca por mercados; 3) busca por efi-
ciência e 4) busca por ativos estratégicos.
• As cadeias globais de valor são marcadas pela fragmentação e pela 
dispersão da produção.
• A fragmentação da produção em diversas empresas criou uma situa-
ção em que existe uma hierarquia de poder entre elas.
• A dispersão geográfica das cadeias globais de valor não é aleatória.
• As três dimensões do processo de globalização produtiva não são 
independentes; com o acirramento da concorrência internacional, a 
internacionalização produtiva e as cadeias globais de valor estão se 
retroalimentando.
Unidade 2 • A Globalização produtiva48/229
Referências 
CARNEIRO, F. Fragmentação internacional da produção e cadeias globais de valor: texto para 
discussão 2097. Brasília: Ipea, 2015. 
DUNNING, J. H.; LUNDAN, S. M. Multinational Enterprises and the Global Economy. 2. ed. Chel-
tenham: Edward Elgar, 2008. 
GONÇALVES, R. A. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: 
Campus, 1998. 
OLIVEIRA, Susan E. M. C de. Cadeias globais de valor e os novos padrões de comércio inter-
nacional: estratégias de inserção de Brasil e Canadá. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 
2015. (Relações Internacionais)
49/229
1. Assinale a afirmação correta em relação ao processo de globalização pro-
dutiva:
a) Refere-se a um processo simétrico, em que os países e as empresas envolvidos possuem um 
mesmo poder dentro desse sistema.
b) É marcado pela tendência de uma mesma empresa transnacional, situada em outro país, 
realizar internamente todo o processo produtivo, desde o fornecimento de insumos e com-
ponentes até o produto final.
c) A maior interconexão entre as empresas transnacionais, por meio da criação das cadeias 
globais de valor, resultou em um aumento sem precedentes da coordenação da produção 
entre elas, com cada uma se especializando em determinada etapa da produção. Isso, por 
sua vez, levou a uma queda da concorrência internacional.
d) O processo de globalização produtiva possui três dimensões principais, sendo que uma de-
las é a intensificação das interconexões entre as estruturas produtivas, com o avanço das 
cadeias globais de valor.
e) É um processo não tão recente, que se acelerou no início do século XX, após a Primeira Guer-
ra Mundial.
Questão 1
50/229
2. No que concerne às motivações para a internacionalização produtiva por 
parte das empresas transnacionais, assinale a alternativa correta:
Questão 2
a) Uma das principais motivações para a internacionalização produtiva é a busca por recursos 
naturais. O objetivo principal dessa motivação é vender a produção no próprio país em que 
se está explorando esses recursos naturais. Ou seja, não ocorre visando à exportação.
b) Se uma empresa abriu uma subsidiária em outro país com o intuito de criar sinergias para 
a empresa como um todo, pode-se dizer que a motivação associada a esse movimento é a 
busca por eficiência.
c) A motivação associada à busca de mercados pode ocorrer de duas formas principais. Uma 
é para manter mercados já conquistados, substituindo a exportação pela própria produção 
nesse país. A outra é pela conquista de novos mercados.
d) A busca por ativos estratégicos ocorre, predominantemente, por objetivos políticos. Nesse 
sentido, a maioria dos casos ocorre por meio de empresas transnacionais em que algum go-
verno nacional possua o controle.
e) Após uma forte aceleração da internacionalização das empresas nas últimas décadas, atu-
almente ocorre o oposto. Ou seja, as empresas transnacionais estão regredindo para dentro 
de seu país de origem.
51/229
3. Sobre as cadeias globais de valor e a importância desta dimensão para o 
processo de globalização produtiva, pode-se afirmar que:
Questão 3
a) As cadeias globais de valor, apesar de fragmentarem a produção em diversas empresas, fi-
cam concentradas geograficamente em um país. A forma como elas contribuem para o pro-
cesso de globalização produtiva é por meio das exportações desses produtos.
b) Apesar da diferença de apropriação do valor agregado entre as diversas empresas que parti-
cipam de determinada cadeia produtiva, elas possuem um mesmo poder, com a inexistência 
de uma hierarquia.
c) Apesar de uma baixa apropriação do valor agregado nas cadeias produtivas, as empresas 
situadas na América Latina estão fortemente integradas às cadeias globais de valor.
d) Como a China ainda é uma economia muito fechada em relação ao resto do mundo, a parti-
cipação desse país nas cadeias globais de valor é muito baixa.
e) O avanço das cadeias globais de valor refere-se a um processo marcado pela fragmentação 
do processo produtivo em diversas empresas e pela dispersão geográfica da produção entre 
vários países.
52/229
4. Refletindo sobre a distribuição geográfica e a agregação de valor dentro 
das cadeias produtivas globais, é correto afirmar que:
Questão 4
a) Devido à proximidade geográfica, os países da América do Sul estão fortemente integrados 
com os EUA e com o Canadá nas cadeias globais de valor.
b) A forma como a China se insere nas cadeias globais de valor, por meio da incorporação dos 
insumos e dos componentes necessários para a produção, faz com que o país seja o maior 
importador de matérias-primas e o maior exportador de produtos manufaturados do mundo.
c) Apesar de as empresas transnacionais americanas, alemãs e japonesas serem líderes das ca-
deias globais de valor, elas não absorvem uma parcela maior do valor agregado total do que as 
empresas subordinadas, que estão especializadas em outras etapas.
d) Os países exportadores de petróleo, situados predominantemente no Oriente Médio, estão 
entre os grandes participantes nas cadeias globais de valor. Isso ocorre devido à importância 
do petróleotanto como fonte de energia quanto para a fabricação de determinados insumos.
e) As empresas inseridas nas cadeias globais de valor responsáveis pela produção de insumos e 
de componentes estão localizadas, predominantemente, nos países mais ricos e industrializa-
dos, como os Estados Unidos.
53/229
5. Sobre o processo geral de globalização produtiva, a afirmação correta é:
Questão 5
a) A motivação de internacionalização produtiva associada à busca por mercados geralmente 
ocorre com o intuito de voltar essa produção para as exportações.
b) A globalização produtiva, ao mesmo tempo em que levou a uma internacionalização produ-
tiva, contribuiu para diminuir o comércio internacional. Isso ocorreu devido à substituição 
de exportações para a própria produção no país em que antes o produto era exportado.
c) Apesar de serem duas dimensões importantes para se explicar o processo de globalização 
produtiva, a internacionalização produtiva e as cadeias globais de valor são processos inde-
pendentes.
d) A motivação para a internacionalização produtiva visando à busca por recursos naturais re-
sultou em um forte movimento das empresas norte-americanas para a Europa Ocidental.
e) Dentro das cadeias globais de valor, há uma hierarquia de poder entre as diversas empresas 
participantes do processo produtivo. Quanto maior a posição de uma empresa nessa hierar-
quia, maior tende a ser a parcela de absorção do valor agregado dessa empresa do total da 
produção.
54/229
Gabarito
1. Resposta: D.
O processo de globalização produtiva possui 
três dimensões principais: 1) acirramento 
da concorrência internacional; 2) evolução 
da internacionalização produtiva e 3) avan-
ço das cadeias globais de valor. A alternativa 
D afirma que existem 3 dimensões, além de 
discutir, de forma mais aprofundada, a últi-
ma dimensão, da evolução da interconexão 
das cadeias produtivas, com o avanço das 
cadeias globais de valor.
2. Resposta: C.
Realmente a busca por novos mercados 
pode ocorrer tanto para manter mercados 
já conquistados, substituindo a exportação 
pela produção local, se adequando à cultu-
ra e aos gostos locais, como também para 
conquistar novos mercados, como o caso 
discutido das empresas de telecomunica-
ções estrangeiras que entraram no Brasil ao 
longo da década de 1990.
3. Resposta: E.
De fato, as cadeias globais de valor refe-
rem-se a uma situação em que as empresas 
se especializam em determinada etapa do 
processo produtivo, fragmentando a pro-
dução. Ao mesmo tempo, essa produção foi 
dispersa geograficamente, com as diversas 
etapas do processo produtivo ocorrendo em 
diferentes países.
55/229
Gabarito
4. Resposta: A.
A China possui uma inserção nas cadeias 
globais de valor marcada pela importa-
ção dos componentes e insumos, visando à 
montagem desses produtos. Após esse pro-
cesso, grande parte será exportada. Dessa 
forma, a China tornou-se o maior importa-
dor de matérias-primas e o maior exporta-
dor de produtos manufaturados.
5. Resposta: E.
A especialização das empresas em determi-
nada etapa do processo produtivo faz com 
que as firmas, que possuem atribuições que 
sejam mais difíceis de se copiar, sejam pra-
ticamente insubstituíveis. Elas estarão em 
uma posição hierarquicamente superior, 
além de absorver uma parcela maior do va-
lor agregado total se comparado com as de-
mais empresas.
56/229
Unidade 3
A Globalização Financeira
Objetivos
1. Compreender a dinâmica e as dimensões 
do processo de globalização financeira.
2. Entender como a globalização financei-
ra contribui para moldar o sistema mo-
netário e financeiro internacional con-
temporâneo.
3. Aprender a reconhecer os principais 
agentes, mercados e instrumentos pre-
sentes no sistema monetário e financei-
ro internacional, marcado pela globali-
zação financeira.
Unidade 3 • A Globalização Financeira57/229
Introdução
Paralelamente ao processo de globaliza-
ção produtiva das últimas três décadas, que 
você estudou no Tema 2, também tem ocor-
rido um forte avanço do processo de globa-
lização financeira. Entretanto, esses dois 
processos não são independentes, com um 
contribuindo para o avanço do outro.
De acordo com Gonçalves (1998), o proces-
so de globalização financeira é explicitado 
pela interação de três processos, que ocor-
rem paralelamente:
1) Aumento dos fluxos brutos de capitais 
entre os países, incluindo emprésti-
mos, títulos, ações, investimento di-
reto, investimento de portfólio etc.
2) Intensificação da concorrência no 
sistema financeiro internacional, por 
meio da emergência de novas insti-
tuições, que resultaram em novas es-
tratégias, como a da diversificação de 
portfólios entre os países.
3) Maior interconexão entre os sistemas 
financeiros nacionais. Ou seja, cada 
vez mais os ativos financeiros de um 
país estão em posse de não residen-
tes.
Para você ter uma boa compreensão sobre 
a evolução do processo de globalização fi-
nanceira, torna-se necessário realizar uma 
análise dividida em duas etapas. Em um pri-
meiro momento — na Subseção 1.1 —, você 
estudará sobre como o processo de globa-
lização financeira contribui para moldar o 
sistema monetário e financeiro internacio-
nal contemporâneo. Após isso, na Subseção 
Unidade 3 • A Globalização Financeira58/229
1.2, você estudará os principais agentes do 
processo de globalização financeira, além 
dos mercados em que os principais instru-
mentos são utilizados.
1.1 A Dinâmica do Sistema Mo-
netário e Financeiro Internacio-
nal (SMFI)
 Para você compreender como o pro-
cesso de globalização financeira impacta 
na dinâmica do sistema monetário e finan-
ceiro internacional (SMFI), é necessário evi-
denciar quais são os pilares básicos para a 
constituição de um SMFI. De acordo com 
Prates (2002), são três os pilares básicos 
para se analisar a constituição de um SMFI: 
1) o regime da taxa de câmbio; 2) o grau de 
mobilidade de capitais e 3) a forma da moe-
da usada internacionalmente.
Atualmente, o sistema monetário e finan-
ceiro internacional é marcado por um re-
gime de câmbio flutuante, por um alto grau 
de mobilidade de capitais internacionais e 
pela proeminência da utilização do dólar, 
moeda norte-americana, nas relações eco-
nômicas internacionais. Pode-se afirmar 
que o processo de globalização financeira 
— marcado pelo aumento dos fluxos inter-
nacionais de capitais, pela concorrência en-
tre as instituições financeiras e pela maior 
interconexão entre os sistemas financeiros 
nacionais dos países — foi essencial para 
que o SMFI assumisse determinada forma.
Unidade 3 • A Globalização Financeira59/229
Analisemos agora cada um desses três pi-
lares e suas implicações para o funciona-
mento e a dinâmica do sistema monetário e 
financeiro internacional.
Em primeiro lugar analisa-se o regime cam-
bial existente no sistema. Atualmente, as 
taxas de câmbio são flutuantes, ou seja, o 
Para saber mais
Em cada período da história, o SMFI é marcado 
por uma constituição diferente dos três pilares. O 
SMFI do padrão-ouro, no século XIX, era marcado 
por taxas de câmbio fixas, alto grau de mobilidade 
de capitais e o ouro como moeda internacional. O 
SMFI, entre 1945 e 1973, foi marcado por taxas de 
câmbio fixas, baixo grau de mobilidade de capital 
e pelo dólar atrelado ao ouro.
preço de uma moeda nacional em relação 
à outra moeda nacional poderá variar dia-
riamente. Rossi (2016, p. 18) define taxa 
de câmbio como: “[...] a taxa de câmbio é o 
preço de uma moeda em relação à outra mo-
eda”. Imagine uma situação hipotética em 
que determinado dia você decida comprar 
US$ 1, e que essa compra custe R$ 3,30. No 
dia seguinte, entretanto, esse preço pode 
variar, com a necessidade de uma quantia 
menor ou maior, em reais, para adquirir um 
dólar. 
Isso pode soar natural para você, já que os 
preços das moedas nacionais, ao redor do 
mundo, variam entre si há mais de 40 anos. 
Entretanto, entre 1945 e 1973, ao longo do 
Sistema de Bretton Woods, os preços da 
maioria das moedas nacionaisse mantive-
Unidade 3 • A Globalização Financeira60/229
ram fixos entre si. É importante entender 
que a dinâmica de um sistema monetário 
e financeiro internacional é historicamente 
determinada, com a importância, no perío-
do atual do processo de globalização finan-
ceira.
Taxas de câmbio flutuantes possuem fortes 
implicações para o comércio internacional 
e para o resultado do setor financeiro como 
um todo. Variações no preço de uma moeda 
nacional em relação à outra podem dificul-
tar a racionalização dos custos da produ-
ção e do valor da exportação de mercado-
rias. Isso se torna ainda mais importante no 
contexto da globalização produtiva, em que 
você viu a importância das cadeias globais 
de valor. No caso das instituições financei-
ras, o aumento dos fluxos internacionais de 
capitais torna mais difícil o cálculo econô-
mico dessas empresas, já que elas podem 
perder muito (ou ganhar) de acordo com 
a variação da taxa de câmbio entre alguns 
países. Uma forma de se proteger contra as 
variações cambiais é pela utilização de ins-
Link
Para se aprender sobre o Sistema de Bretton 
Woods e os efeitos no sistema monetário e finan-
ceiro da época, ver OLIVEIRA, G. C. de; MAIA, G.; 
MARIANO, J. O sistema de Bretton Woods e a di-
nâmica do sistema monetário internacional con-
temporâneo. Pesquisa e Debate, São Paulo, v. 19, 
nº 2 (34), p. 195-219, 2008. Disponível em: <ht-
tps://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/arti-
cle/view/7570>. Acesso em: 5 jun. 2017.
https://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/7570
https://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/7570
https://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/7570
Unidade 3 • A Globalização Financeira61/229
trumentos de derivativos, como será dis-
corrido na Subseção 1.2.
O segundo pilar para a constituição de um 
SMFI é o grau de mobilidade internacional 
de capital. No sistema atual, existe um alto 
grau de mobilidade de capitais, como já 
adiantado. Esse ponto é essencial para se 
compreender como o processo de evolução 
da globalização financeira contribui para 
moldar um SMFI. Nas últimas décadas, hou-
ve um forte aumento dos fluxos brutos de 
capitais entre os países, tornando o sistema 
mais interconectado. Esse aumento é uma 
marca central do processo de globalização 
financeira, já que contribui para uma maior 
interconexão entre os sistemas financeiros 
dos países. Ou seja, o aumento dos fluxos 
brutos de capitais resulta em um aumento 
da posse, por parte de não residentes, de 
ativos dentro do sistema financeiro de de-
terminado país.
Para saber mais
Os fluxos de capitais podem ser líquidos ou bru-
tos. Os fluxos líquidos de capitais referem-se à di-
ferença entre a entrada e a saída de capitais de 
um país. Os fluxos brutos de capitais referem-se 
ao total de entrada e ao total de saída. A análise 
dos fluxos brutos é melhor para se captar a maior 
interconectividade do sistema. 
Por um lado, a maior interconexão dos sis-
temas financeiros nacionais contribuiu para 
tornar possível o direcionamento de inves-
timentos e financiamentos para outros pa-
íses, com destaque para os fluxos de capi-
Unidade 3 • A Globalização Financeira62/229
tais internacionais dos países desenvolvi-
dos para os países emergentes e entre os 
próprios países desenvolvidos. Isso elevou 
a possibilidade de rentabilidade das empre-
sas e de desenvolvimento de novas regiões. 
Por outro lado, ao criar maior conexão entre 
os sistemas financeiros dos países, essa di-
nâmica contribuiu para que instabilidades 
financeiras em uma economia nacional se 
espalhassem rapidamente para o restante 
do mundo. Esse foi o caso, por exemplo, da 
crise financeira de 2008, iniciada nos EUA, 
mas que se espalhou rapidamente para o 
restante do mundo.
Em relação ao terceiro pilar de um SMFI, é 
importante compreender o que se quer di-
zer com a existência de uma moeda inter-
nacional. No sentido estrito, isso não existe. 
O que seria uma verdadeira moeda interna-
cional? Seria uma moeda criada conjunta-
mente, por todos os países, para ser utiliza-
da nas relações internacionais entre as di-
versas economias do globo. Entretanto, isso 
não ocorre.
O que acontece no sistema monetário e fi-
nanceiro internacional (SMFI) é a existência 
da possibilidade de utilização de determi-
nada moeda nacional de um país para a efe-
tuação das transações econômicas interna-
cionais. É importante compreender que a 
utilização das moedas nacionais no plano 
internacional ocorre de forma assimétrica. 
Quanto maior o poder econômico, geopolí-
tico e militar de um país, maior será a proba-
bilidade de que a moeda nacional desse país 
seja utilizada internacionalmente. A moeda 
Unidade 3 • A Globalização Financeira63/229
nacional mais utilizada na economia in-
ternacional é o dólar norte-americano.
Isso fica bem claro quando se reflete de for-
ma concreta sobre as relações econômicas 
da economia internacional. Se analisarmos 
os mercados internacionais de commodities, 
seja de agrícolas, minerais ou mesmo de 
petróleo, rapidamente você descobrirá que 
os preços dessas mercadorias, na economia 
internacional, são denominados em dóla-
res. A maioria dos balanços de pagamentos 
— incluindo o do Brasil — é denominada 
em dólares. As relações comerciais entre 
dois países, por exemplo, entre Uruguai e 
Argentina, são denominadas em dólares. A 
rentabilidade dos ativos, no plano interna-
cional, é dada em dólar. São poucas as tran-
sações internacionais ou os cálculos econô-
micos que não são denominados na moeda 
americana. 
Link
Para uma análise das diversas moedas que são 
utilizadas em âmbito internacional e a proemi-
nência do dólar, ver DE CONTI, B. M.; PRATES, D. 
M.; PLIHON, D. O sistema monetário internacional 
e seu caráter hierarquizado. In: CINTRA, M. A. M.; 
MARTINS, A. R. A. (Org.). As transformações no 
sistema monetário internacional. Brasília: Ipea, 
2013. p. 23-84. Disponível em: <http://www.
ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_
content&view=article&id=20668>. Acesso 
em: 5 jun. 2017. 
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20668
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20668
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20668
Unidade 3 • A Globalização Financeira64/229
Outras moedas nacionais que, historica-
mente, possuem certa importância para a 
denominação das transações econômicas 
internacionais são: o euro (moeda única do 
bloco europeu, como será visto no Tema 6), 
o iene japonês e a libra inglesa. Vale res-
saltar que a importância dessas moedas, 
no plano internacional, é muito inferior à 
do dólar americano. Normalmente, a utili-
zação dessas últimas moedas está restrita 
a uma importância regional, mais localiza-
da. Além delas, o yuan renminbi chinês tem 
conquistado cada vez mais uma importân-
cia maior para as transações internacionais, 
desde o início do século XXI, principalmente 
entre seus parceiros asiáticos. Entretanto, o 
caso específico chinês será tratado de for-
ma mais aprofundada no Tema 8. Por fim, a 
moeda brasileira, o real, tem uma utilização 
muito baixa no plano internacional, mesmo 
nas relações econômicas com os países vi-
zinhos da América do Sul.
1.2 Principais Agentes, Merca-
dos e Instrumentos na Globali-
zação Financeira
Após a análise da dinâmica do sistema mo-
netário e financeiro contemporâneo, no 
contexto da globalização financeira, torna-
-se necessário pontuar os principais agen-
tes, mercados e instrumentos financeiros 
envolvidos nesse processo. Vale ressaltar 
que a compreensão da forma como O SMFI 
é organizado é de extrema importância 
para compreender essa seção. Além disso, 
Unidade 3 • A Globalização Financeira65/229
o aumento da concorrência no sistema fi-
nanceiro internacional foi essencial para o 
surgimento de novos agentes, assim como 
o desenvolvimento dos novos mercados e 
instrumentos.
Como analisado, uma das dimensões da 
globalização financeira— e que está inse-
rida na dinâmica do SMFI — é a intercone-
xão entre os sistemas financeiros nacionais. 
Mas como ela ocorre na economia interna-
cional? Quem são os principais agentes par-
ticipantes no sistema monetário e financei-
ro internacional? E em quais mercados eles 
atuam? Com quais instrumentos? 
Os principais agentes participantes no SMFI 
são os grandes bancos comerciais, os inves-
tidores institucionais e as empresas trans-
nacionais. Quanto aos bancos comerciais, 
eles são definidos como instituições finan-
ceiras que detêm a permissão de captar de-
pósitos à vista, disponibilizando recursos 
para o financiamento de empreendimentos. 
Destaca-se, no plano internacional, a pre-
sença dos grandes bancos comerciais dos 
países desenvolvidos, principalmente dos 
Estados Unidos e da Europa. 
Para a compreensão dos investidores insti-
tucionais, é necessário primeiro defini-los. 
Carneiro (1999, p 71) define investidores 
institucionais como: “gerenciamento pro-
fissional das pequenas poupanças individuais 
através de um número restrito de instituições, 
que recentemente buscaram diversificar seus 
porta-fólios nos mercados internacionais”. 
Entre os principais investidores institucio-
nais, estão fundos de investimentos, fun-
Unidade 3 • A Globalização Financeira66/229
dos de pensão, fundos mútuos, segurado-
res etc.
De forma geral, no plano internacional, os 
diversos investidores institucionais capta-
rão recursos e investirão ao redor do mun-
do, contribuindo para criar uma maior in-
terconexão entre os sistemas financeiros 
nacionais. Esses agentes têm aumentado 
cada vez mais sua importância no sistema 
Link
Para saber quais os fundos de investimentos re-
gistrados no Brasil, ver a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM). Disponível em: <http://www.
cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/con-
sultas/fundos.html>. Acesso em: 5 jun. 2017.
monetário e financeiro internacional. Mui-
tas dessas instituições possuem um balan-
ço patrimonial superior ao Produto Interno 
Bruto (PIB) de muitos países.
Por fim, no que diz respeito aos principais 
agentes, também estão as empresas trans-
nacionais. Como visto no Tema 2, sobre 
a globalização produtiva, essas grandes 
empresas têm se espalhado pelo mundo, 
abrindo subsidiárias em diversos países. A 
movimentação de investimentos diretos no 
exterior tem contribuído para a intensifica-
ção dos fluxos brutos de capitais internacio-
nais. Somado a isso, essas transnacionais 
necessitam, recorrentemente, de finan-
ciamento para manutenção de suas ativi-
dades. Muitas vezes, isso ocorre por meio 
de operações internacionais, seja com os 
http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/consultas/fundos.html
http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/consultas/fundos.html
http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/consultas/fundos.html
Unidade 3 • A Globalização Financeira67/229
bancos comerciais, seja com os bancos de 
investimentos. 
No que diz respeito aos fluxos brutos de 
capitais internacionais, o principal merca-
do de atuação, no plano internacional, é o 
mercado de câmbio.
A proeminência do mercado de câmbio, na 
economia internacional, se deve ao fato 
desse mercado lidar com a variação dos 
Link
Para mais informações sobre as definições acerca 
do mercado de câmbio, ver Banco Central do Bra-
sil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/
pre/bc_atende/port/mercCam.asp>. Acesso 
em: 5 jun. 2017.
preços das moedas nacionais. Como visto, 
na inexistência de uma moeda internacio-
nal efetiva, o sistema monetário interna-
cional é formado pela existência das várias 
moedas nacionais. Dessa forma, a variação 
dos preços dessas moedas, via mercado de 
câmbio, torna-se essencial para a rentabili-
dade dos agentes econômicos.
As principais motivações por detrás dos 
agentes econômicos, para atuarem nos 
mercados de câmbio, são: 1) busca de pro-
teção e 2) busca por especulação. A bus-
ca de proteção normalmente é demandada 
por empresas exportadoras e importadoras 
de bens, conectadas aos mercados reais. 
Mas por que essas empresas buscam prote-
ção no mercado de câmbio?
http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/mercCam.asp
http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/mercCam.asp
Unidade 3 • A Globalização Financeira68/229
As empresas exportadoras e importadoras 
buscam o mercado de câmbio para se pro-
tegerem de oscilações nas taxas de câmbio, 
o que poderia comprometer a rentabilidade 
de determinada operação. Por exemplo, va-
mos imaginar a seguinte situação. Um pro-
dutor de soja brasileiro, que exporta grande 
parte de sua produção para os Estados Uni-
dos, tem que fazer os cálculos econômicos 
de sua produção, colocando os custos des-
se processo e uma expectativa das receitas, 
com essas últimas se concretizando ao final 
da produção. O problema é que, como o pre-
ço das moedas nacionais entre os Estados 
Unidos e o Brasil varia, esse produtor não 
tem como saber qual será sua receita com a 
venda futura de soja para os EUA. Se o câm-
bio brasileiro valorizar, sua receita, em reais, 
será menor. Se o câmbio brasileiro desvalo-
rizar, sua receita será maior. No mercado de 
câmbio, ele pode atuar com instrumentos 
financeiros que acabam com esses riscos de 
variação cambial. Mas como isso ocorre?
Link
Para se aprofundar um pouco mais na temática 
de derivativos e compreender o caso Sadia, veja 
NOVAES, Ana. Derivativos e governança corpo-
rativa: o caso Sadia. Corrigindo o que não fun-
cionou.  [S.l.: s.n.], 2009. Disponível em: <http://
www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Semi-
nario/textos_preliminares/101705 Derivati-
vos e Governança Corporativa.pdf>. Acesso 
em: 16 jun. 2017.
http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705 Derivativos e Governança Corporativa.pdf
http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705 Derivativos e Governança Corporativa.pdf
http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705 Derivativos e Governança Corporativa.pdf
http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705 Derivativos e Governança Corporativa.pdf
Unidade 3 • A Globalização Financeira69/229
Nos mercados de câmbio, ocorrem as ne-
gociações de instrumentos financeiros. Os 
instrumentos financeiros mais importantes 
para a proteção — e também para a espe-
culação — são os derivativos, com os mer-
cados futuros, de opções e outros (HULL, 
2009). Nas últimas três décadas, no mundo 
e principalmente no Brasil, houve um for-
te aumento da utilização dos instrumentos 
derivativos, já que não eram muito utiliza-
dos antes disso. Por meio da aquisição de 
um desses instrumentos nos mercados de 
câmbio, o produtor de soja pode suprimir o 
risco da variação cambial de suas exporta-
ções. 
Caso o câmbio brasileiro valorize, sua re-
ceita com a venda de soja, em reais, será 
menor, como analisado. Entretanto, com a 
aquisição desses instrumentos, ele terá um 
ganho compensatório nesses mercados. Ou 
seja, tudo que ele perdeu com a venda da 
soja, ele ganhará nos mercados financeiros, 
Para saber mais
Derivativos. Apesar dos derivativos serem bons 
instrumentos para proteção das empresas, eles 
podem ser utilizados para especulação, com pos-
síveis resultados catastróficos. Um bom exemplo 
no Brasil foi o da Sadia, em 2008. A empresa as-
sumiu posições em derivativos de câmbio que re-
sultaram em perdas bilionárias ao longo da crise.
Unidade 3 • A Globalização Financeira70/229
com essas operações se anulando. Por ou-
tro lado, caso o câmbio desvalorize e ele au-
mente as receitas com a venda de soja, ele 
perderá no mercado de câmbio, com essas 
operações também se anulando.
Mas esses mercados também podem ser 
utilizados para a especulação. As empre-
sas podem querer apostar em determina-
do comportamento do câmbio, tentando 
obter ganhos com a variação cambial. Essa 
forma de atuação pode ser muito instável, 
levando a grandes ganhos, mas também a 
grandes perdas. A forma de funcionamento 
desses instrumentos de derivativos

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