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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS Equação de Bernoulli e suas aplicações na mecânica dos fluidos IAGO BOSE VETTORAZZI INGRID CARVALHO MARIANA MANZO PEDRO HENRIQUE ALVES MARTINS Alegre-ES 2020 2 IAGO BOSE VETTORAZZI INGRID CARVALHO MARIANA MANZO PEDRO HENRIQUE ALVES MARTINS EQUAÇÃO DE BERNOULLI E SUAS APLICAÇÕES NA MECÂNICA DOS FLUIDOS Trabalho apresentado ao Programa de Graduação em Engenharia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES. Profa Dra. Fernanda Machado Baptestini Departamento de Engenharia Rural, UFES – Campus Alegre/ES 3 Sumário 1. Introdução 4 2. Metodologia 4 3. Desenvolvimento 4 4. Equação de Bernoulli 5 5. Aplicações 5.1 Sustentação da asa 7 5.2 Lei de Torricelli 9 5.3 Tubo de Venturi 10 5.4 Pressão de estagnação 11 5.5 A bomba spray 12 6. Considerações Finais 13 7. Referências 14 https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.f1jks66phqok https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.z09rp8j8edab https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.j0neme3sfr6r https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.322dj1piqfsd https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.78uu244wv48w https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.bcja7zlc64jt https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.4k694cpoy6h6 https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.qs6gbat1sq71 https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.gl3526qdvunj https://docs.google.com/document/d/1CkklBhwQtlermuyCv5miANas9xEdVKc9DzUER96AFZU/edit#heading=h.cu0u1vl89p 4 1 INTRODUÇÃO A equação de Bernoulli recebeu este nome em homenagem ao matemático suíço Daniel Bernoulli que publicou sobre o tema em 1738, com o objetivo de descrever o comportamento dos fluidos em movimento no interior de um tubo. A equação de Bernoulli foi deduzida a partir das considerações de quantidade de movimento descritas na segunda lei de Newton é obtida por integração da equação de Euler, que possui larga aplicação em Mecânica dos Fluídos e Hidráulica. É preciso tomar cuidado ao aplicar a equação de Bernoulli, uma vez que ela é uma aproximação que se aplica apenas às regiões não viscosas do escoamento. A equação de Bernoulli é provavelmente a equação mais famosa e utilizada nos estudos da mecânica dos fluidos, sendo utilizada em várias aplicações como, por exemplo, para explicar a sustentação de uma asa. Diante do exposto, objetivou-se com esta revisão aborda as aplicações da equação de Bernoulli. 2 METODOLOGIA Trata- se de um estudo de abordagem do tipo revisão bibliográfica. A busca bibliográfica foi realizada entre setembro e novembro de 2020, incluindo artigos, teses, monografias, livros e diversos trabalhos publicados que abordam o tema de equação de Bernoulli e suas aplicações. Para a elaboração deste trabalho foram coletadas informações dos documentos selecionados e como finalidade revisar de forma sistêmica as referências disponíveis, sendo apresentados na sequência. 3 DESENVOLVIMENTO A equação de Bernoulli é uma relação aproximada entre pressão, velocidade e elevação, pode ser considerada uma afirmação do princípio de conservação de energia apropriado para fluidos e é válida em regiões de escoamento incompressível e em regime permanente, cujas forças de atrito resultantes são desprezíveis. Apesar de sua simplicidade, essa provou ser uma ferramenta muito útil e importante na mecânica dos fluidos. 5 4 EQUAÇÃO DE BERNOULLI A equação de Bernoulli é um caso particular da equação de Euler, ou seja, é obtida pela integração da equação ao longo de uma linha de corrente para o caso de um escoamento permanente. Possui larga aplicação em Mecânica dos Fluídos e Hidráulica. Para se chegar à dedução desta equação, deve-se considerar um volume de controle sob a hipótese de propriedades uniformes nas seções de entrada e saída. Estabeleceram-se então algumas considerações: ● Regime permanente (invariância no tempo): ; ρ dV∂∂t ∫ e = 0 ● Escoamento incompressível (densidade constante): ;ρ1 = ρ2 = ρ ● Escoamento invíscido (viscosidade nula): ;W visc = 0 ● Ausência de interações de calor e de trabalho: e Qc = W visc = 0 eint,1 = eint,2 = eint Fazendo-se todas as considerações acima, pode-se escrever a equação: 0 = e z( int1 + g 1 + 2v 2 1 + ρ1 ρ1 ) (ρ v A )1 1 1 + e z( int2 + g 2 + 2v 2 2 + ρ2 ρ2 ) (ρ v A )2 2 2 A lei da conservação de massa implica em: = .v Aρ1 1 1 v Aρ2 2 2 Cancelando-se os termos envolvendo a vazão mássica e a energia interna, tem-se: gz1 + 2 v21 + ρ1 p1 = gz2 + 2 v22 + ρ2 p2 ⇔ v21 2g + p1 ρg = z2 + v22 2g + p2 ρg As relações apresentadas na equação são conhecidas como equação de Bernoulli. E pode-se expressá-la considerando que ao longo do escoamento a soma das parcelas é igual a um valor constante. onstantez + 2g V 2 + pρg = c Em que: ● V- velocidade ● P- pressão, ● ρ- massa específica do fluido ● g- gravidade local ● z- altura. Cada parcela dessa equação pode ser associada a uma forma de energia: 6 ● P: pressão estática, que representa a pressão termodinâmica real do fluido; ● : pressão dinâmica, que representa o aumento de pressão quando o ρ 2 v2 fluido em movimento é parado de forma isoentrópica; ● ρgz: pressão hidrostática, que não é pressão no sentido real. Portanto, a equação de Bernoulli descreve a relação entre pressão, velocidade e altura ao longo de uma linha decorrente de um fluido incompressível, sem viscosidade e sem turbulência. Tal princípio pode ser enunciado da seguinte forma: “Se a velocidade de uma partícula de um fluido estiver aumentando enquanto a mesma escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão desse fluido deve diminuir e se sua pressão aumenta, sua velocidade deverá diminuir”. 7 5 APLICAÇÕES 5.1 Sustentação da asa Existem várias maneiras de explicar como um aerofólio gera sustentação, algumas teorias são mais complicadas ou matematicamente rigorosas do que outras. Algumas teorias demonstraram estar incorretas. Existem teorias baseadas no princípio de Bernoulli e há teorias baseadas diretamente na terceira lei de Newton. A explicação convencional da sustentação da asa, baseada na lei de Bernoulli, diz que a pressão menor acima da asa é a consequência de uma maior velocidade do ar acima dela. Este raciocínio tem defeitos fundamentais, pois não dá uma causa para a maior velocidade do ar acima da asa. Nesse raciocínio diz que oprincípio de Bernoulli exige que o aerofólio tenha uma forma assimétrica. Sua área de superfície deve ser maior na parte superior do que na parte inferior. À medida que o ar flui sobre o aerofólio, ele é deslocado mais pela superfície superior do que por baixo. De acordo com o princípio da continuidade, esse deslocamento deve levar a um aumento na velocidade do fluxo (resultando em uma diminuição na pressão). A velocidade do fluxo é aumentada um pouco pela superfície inferior do aerofólio, mas consideravelmente menor do que o fluxo na superfície superior (Fig 1). A força de sustentação de um aerofólio, caracterizada pelo coeficiente de sustentação, pode ser alterada durante o vôo por alterações na forma de um aerofólio. O coeficiente de elevação pode, portanto, ser duplicado com dispositivos relativamente simples (flaps e slats) se usado em toda a extensão da asa. O uso do princípio de Bernoulli é incompleto. Falta explicar como a asa causa estas diferenças nas velocidades. Esta falta é fundamental. Figura 1. Escoamento do ar em torno da asa. Desse modo fazendo uma abordagem crítica, onde diz que a velocidade do ar é maior na parte superior da asa do que na inferior (o ar tem uma distância maior a percorrer por cima). Pela equação de Bernoulli a velocidade maior do escoamento reduz a pressão na parte superior, e o empuxo dinâmico E resultante sustenta o avião. https://www.thermal-engineering.org/pt-br/o-que-e-equacao-de-continuidade-definicao/ https://www.thermal-engineering.org/pt-br/o-que-e-equacao-de-continuidade-definicao/ 8 Este raciocínio se baseia na hipótese de que as partículas do ar que estavam juntas à frente da asa se juntem novamente atrás dela. Smith (1972) destacou que esta hipótese não tem nenhuma justificativa na teoria e é errada. A Figura 2 mostra que as partículas do ar que estavam juntas à frente da asa nunca mais se juntarão atrás dela. Figura 2. Linhas de escoamento em torno da asa. A diferença das distâncias percorridas não pode estar relacionada com as diferenças geométricas existentes acima e abaixo da asa. O raciocínio é totalmente equivocado e deve ser evitado, pois as partículas do ar não podem saber, a priori, que a distância a ser percorrida acima da asa é maior do que abaixo dela e por isso devem ter maior velocidade acima do que abaixo para não se separem no final dos dois percursos. Portanto, partindo do fato já explicado de que a pressão na superior é menor, podemos agora entender porque na superfície superior da asa a velocidade é maior. Ao entrar em uma região de menor pressão o ar é acelerado paralelamente ao deslocamento, ganhando maior velocidade. Vale a lei de Bernoulli. Mas desta vez é claro que a pressão menor é a causa da velocidade maior. Então a lei de Bernoulli é válida, mas a interpretação correta é diferente da usada nos livros-textos. As diferenças de pressão são causadas pelo desvio do escoamento. Só em função dessas pressões as velocidades se modificam. 9 5.2 Lei de Torricelli Uma superfície livre de um líquido em um reservatório e a superfície de um orifício circular na lateral (Figura 3) estão expostos à mesma pressão atmosférica, pressão manométrica nula, na superfície livre do reservatório a velocidade V1 é nula pois o nível do reservatório baixa muito lentamente, a velocidade do jato V2 é finita. Figura 3. Experimento de Torricelli Pela figura sabemos que o tipo do escoamento é irrotacional, podemos aplicar a equação de Bernoulli, entre dois pontos de quaisquer seções. v22g + P pg + h = H portanto; h1 = v22 2g + h2 como h1 – h2 = h é a altura em que o líquido desde entre a superfície livre e o orifício obtemos: v 2 = √2gh que descreve a equação do teorema de Torricelli. Tal equação possui uma boa precisão quando aplicada em instantes de um escoamento transiente, onde a variação do nível da superfície livre do reservatório é lenta. 10 5.3 Tubo de Venturi O tubo de Venturi (Figura 4) é um tubo horizontal, é um aparato que pode ser usado para obter a velocidade do escoamento e a vazão de um líquido incompressível através da variação da pressão. O líquido atravessa uma região com maior seção transversal e em seguida pela seção de menor seção transversal. Figura 4. Tubo de Venturi Como observado na Figura 2, através dos tubos verticais laterais podemos observar a variação de pressão nas seções. A pressão na seção mais larga é maior do que na seção mais estreita, o oposto da velocidade. Através da equação de continuidade, tem-se: · v A · v A1 1 = 2 2 como , temos que . AA1 > 2 vv1 < 2 Pela equação de Bernoulli, aplicada em dois pontos diferentes a mesma altura, temos: ρv ρv2 1 2 1 + p1 = 2 1 2 2 + p2 Podemos concluir que: ., pois v p1 > p2 1 < v2 Resumindo a equação, em condutores onde há seções variáveis, na seção mais estreita a pressão é menor e a velocidade de escoamento é maior. 11 5.4 Pressão de estagnação Quando aplicamos a equação de Bernoulli entre pontos 1 e 2 em uma linha de corrente central de um jato contra parede plana (Figura 5), obtemos: P ∆ = P 2 − P 1 = 2 ρv21 O aumento da pressão é decorrente a uma transformação taquicarga P 2 − P 1 volumétrica. No ponto 2, considerado ponto de estagnação, a velocidade é nula. O termo é nomeado de pressão dinâmica; é chamado de pressão estática v /2ρ 21 P 1 pois seria uma pressão indicada por um manômetro que fosse levado com o escoamento; resulta na soma da pressão estática com a pressão dinâmica, P 2 nomeada pressão de estagnação. Figura 5. Jato de água contra a parede A força hidrostática de flutuação que proporciona o equilíbrio para o peso dos volumes de controle nos pontos 1 e 2, portanto a equação (3) pode ser analisada na seguinte forma; P P∆ = ∆ * = 2 ρv21 com isso observamos que a soma de pressão estática para na equação 3 é P 1 imprópria, pois inclui a pressão devida ao escoamento.P 1 12 5.5 A bomba de spray Em um vaporizador de perfume (Figura 6), faz com que o ar seja empurrado paralelamente ao extremo de um tubo que está imerso em um líquido. A pressão nesse ponto diminui, e a diferença de pressão com o outro extremo do tubo empurra o fluido para cima e pulverizar-se. O ar rápido também divide o fluido em pequenas gotas, que são empurradas para frente. Figura 6.Vaporizador. Nas chaminés o princípio de Bernoulli desempenha igualmente o papel. O movimento de ar do lado de fora de uma casa, que é inferior que a pressão no interior da casa, ajuda a criar uma diferença de pressão que expulsa o ar quente da lareira para cima, através da chaminé. Além disso, acresce o fato do ar quente sermenos denso que o ar frio, fato que também contribui para a saída da fumaça. 13 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A equação de Bernoulli demonstra os conceitos empregados nas aplicações dessa equação no dia a dia, como no exemplo mais famoso da aplicação dessa equação, o sustentamento da asa de um avião, que tem como explicação a maior velocidade do ar acima da asa não é a causa, mas sim a consequência de uma pressão menor nesta região. Apesar de ser uma equação bastante útil e utilizada em problemas físicos, a equação de Bernoulli apresenta uma série de restrições em sua aplicação, sendo assim, não pode ser utilizada em escoamentos em regime permanente, incompressível, sem atritos e ao longo de uma linha de corrente. A equação de Bernoulli é uma obtida a partir da integração da equação de Euler ao longo de uma linha de corrente em um escoamento permanente, relacionando a pressão, a velocidade e a elevação entre pontos ao longo de uma linha de corrente e, obviamente, seguindo as suas restrições de aplicações delimitadas por um volume de controle e, para escoamento irrotacional, em regime permanente e incompressível, a equação de Bernoulli pode ser aplicada entre dois pontos quaisquer do escoamento. A equação de Bernoulli é a principal equação dos estudos da mecânica dos fluidos. 14 7 REFERÊNCIAS FOX, Robert W. et al. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8 ed.: LTC/Gen, 2016. p.312-331. LANGE, Cátia Rosana; DOLZAN, Neseli. Fenômenos de transporte. Uniasselvi, 2009. WELTNER, Klaus et al. A dinâmica dos fluidos complementada e a sustentação da asa. Rev. Bras. Ensino Fís. , São Paulo, v. 23, n. 4, pág. 429-443, dezembro de 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172001000400009&lng=en&nrm=iso >. acesso em 12 de novembro de 2020. GOMES, Ronaldo Araújo. As aplicações da equação de Bernoulli na dinâmica dos fluidos. Monografia (Licenciatura em física)- Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, p.33. 2005. PENTEADO, Paulo Cesar M. Física Conceitos e Aplicações: Noções de Hidrodinâmica para o Ensino médio, 2003. NUSSENZVEIG, H. MOYSES, Curso de Física básica: Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor, v. 2, São Paulo, Ed. Edgard Blucher, 2002. Peduzzi, Luiz O. Q, Atividades experimentais no ensino de física. Edição especial, Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 2002. A. Máximo, B. Alvarenga e C. Guimarães, Física: Contexto e Aplicações, (Scipione, Rio de Janeiro, 2016), 2ªed. CID, A. S.; CORREA, T. Venturino: análise da variação de pressão em um tubo de Venturi utilizando Arduino e sensor de pressão. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 41, nº 3, e20180333, p. 1-7, 7 jan. 2019.
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