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AULA 1 IMPACTOS LEGAIS DA GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 02 CONVERSA INICIAL Vamos pensar por um instante: quantos países existem hoje? São em torno de 196 países, mais alguns territórios como o Vaticano e a Palestina. Arredondemos para 200. Agora, imagine quantas línguas diferentes não são faladas em cada um desses 200 países! Ok, alguns países podem falar a mesma língua, com algumas diferenças, como Brasil, Portugal e Angola, ou Estados Unidos, Austrália, Canadá e Inglaterra. Outros, por outro lado, possuem vários idiomas e dialetos oficiais, como a África do Sul. Cada um desses países, com um ou com vários idiomas e dialetos, pode ser berço de diversas culturas diferentes. Cada uma dessas culturas com seus hábitos, costumes e padrões do que é ou não é “normal” de acordo com sua própria lógica (Nyegray, 2017). Por entre esses diversos países, berços de diversas culturas, estão as maiores empresas de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, outras apenas dominam os mercados nacionais. Essas empresas obedecem às regras e leis de seus países, com as quais já estão bem familiarizadas. Quando buscam se internacionalizar, por outro lado, precisam se adaptar a culturas, idiomas, leis e regulamentos dos países hospedeiros. Permeando todo esse cenário complexo, existem organizações e leis internacionais que buscam normatizar um pouco o sistema internacional. Você percebe como esse pequeno mundo onde vivemos é complexo? (Nyegray, 2017). CONTEXTUALIZANDO Estima-se que, quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York, em 1929, a notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos negociadores paulistas de café, em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras décadas do século XX, a informação não viajava como viaja hoje, de forma instantânea. Levava-se tempo para ficar sabendo o que havia ocorrido em outros lugares e ainda mais tempo para medir o impacto de tais acontecimentos nos negócios. (Nyegray, 2017) E hoje em dia? Quanto tempo depois dos fatos nós ficamos sabendo de sua ocorrência? Ficamos sabendo imediatamente. As tecnologias da informação, que evoluíram a passos largos no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras da distância. E você, já parou para pensar qual é o impacto desse fato para o mundo dos negócios? É imenso! A sua 03 empresa deixa de concorrer apenas com seus rivais locais e passa a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a concorrência aumentou, aumentaram também as possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade, para as empresas e profissionais bem preparados, quanto uma ameaça, para aqueles que não têm conhecimentos na área (Nyegray, 2017). Hoje, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós compramos tanto de sites no exterior quanto de sites nacionais. Além disso, os produtos que muitas grandes empresas oferecem aqui são exatamente os mesmos oferecidos fora. Nike, Ford, Fiat, Toyota, Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin Klein, Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft e tantas outras empresas de vários outros segmentos estão absolutamente difundidas pelo mundo (Nyegray, 2017). As fotos a seguir retratam eventos de impacto internacional transmitidos ao vivo para todo o mundo, de forma instantânea. Figura 1 – Queda do muro de Berlim, em 1989 Fonte: Wikicommons. Figura 2 – Invasão do Afeganistão, em 2001 04 Fonte: Conselho de Segurança UNAMA Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, plenamente globalizadas e internacionalizadas. E as pequenas e médias empresas, como podem entrar no ciclo do comércio e das relações internacionais? De várias maneiras, e uma delas é através dos projetos internacionais, que você verá a partir daqui! (Nyegray, 2017). TEMA 1 – GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco entendidos realmente. Existem aqueles que acham que a globalização é algo novo, recente, ligado ao avanço da internet. E não é. A globalização é um fenômeno antigo: o próprio Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, buscou expandir ao mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e da cultura helênica da época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e culturas para fora de sua bela cidade e expandiram as fronteiras do império romano pela Europa de então (Nyegray, 2017). Viu só? Não é de hoje que a globalização existe. Justamente por isso é tão difícil traçar sua história. O que podemos perceber com alguma clareza é que a globalização como a conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, tem seu início com as Grandes Navegações dos séculos XV e XVI, que acabam por alterar a balança comercial da época. Mais tarde ainda, é com a primeira revolução industrial, e com a nova tecnologia do motor à vapor, que se aprimoram os transportes, especialmente o marítimo e o ferroviário (Nyegray, 2017). 05 A partir desse momento, uma série de tecnologias vão aprimorando não só os transportes, mas os processos de produção e de manufatura. A partir do momento em que as Revoluções Industriais alteram os paradigmas produtivos – de um modo de produção artesanal para um modo de produção em escala industrial –, passa a haver maior oferta de uma série de produtos. Com isso, além de uma redução geral de preços motivada pela maior oferta de produtos, passa a haver um excedente exportável. É em torno do início do século XX que a eletricidade e o aço passam a se difundir, colaborando ainda mais para a globalização (Nyegray, 2017). Concomitantemente, a humanidade passa a desenvolver tecnologias mais e mais novas, como o telefone, o avião, o telégrafo e tantos outros facilitadores da vida. Após 1945, surgem organizações internacionais interessadas em regular o ambiente internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos financeiros e de comércio. Por fim, as telecomunicações se revolucionam a partir da década de 1980, e as tecnologias bancárias tornam-se mais e mais modernas (Nyegray, 2017). Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo através do processo de globalização. E quais são os impactos disso? Os impactos são vários: os transportes mais eficientes de navios e aviões maiores e mais rápidos, as comunicações, as transferências financeiras, os acordos internacionais e tantos outros aspectos acabam por industrializar, integrar e desenvolver o mundo cada vez mais. Por conta disso, as economias tornam-se mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no Ocidente – convergem para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso colabora para que muitas empresas se tornem globais. Basta que vejamos um símbolo, um logotipo, em qualquer lugar do mundo, para sabermos a qual empresa e a qual produto tal marca se refere (Nyegray, 2017). TEMA 2 – ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS Anteriormente, vimos como algumas grandes empresas estão presentes no mundo todo. Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de estilos de vida em muitos lugares – principalmente no Ocidente –, o que gerou uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Mas e os países, os Estados, ficam como nesse cenário? Como entes passivos? (Nyegray, 2017). 06 Não! Os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença é que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Hoje em dia, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. Essa alteração ocorre,principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. É a partir daí que se consolidam organizações internacionais como a ONU. Ademais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 dá ao indivíduo proteção internacional e alguns direitos fundamentais, independentemente de onde essa pessoa tenha nascido (Nyegray, 2017). Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes internacionais ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os Estados hoje sejam apenas entes passivos, pelo contrário. Numa tentativa de gerar segurança e ordem internacional, aos Estados cabe participar dos fóruns e reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos e normas, firmar tratados e estabelecer alianças (Nyegray, 2017). É de se lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional ao qual nosso país tenha se comprometido deve ser submetido à aprovação do Congresso Nacional para que passe a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. Esse ponto é mais uma mostra do papel que o Estado desempenha nas relações internacionais da atualidade. Existem, obviamente, outros fatores que merecem atenção (Nyegray, 2017). Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países hospedeiros. Nesse caso, pode haver leis e normas no destino que não existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de relações internacionais devem estar atentos também às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras: Muitas nações impõem restrições à entrada de investimento direto estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo atacadista como Walmart (...), restringindo as operações de gigantes varejistas (...). Na Malásia, as empresas que desejam investir em negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial Development Authority, que examina as propostas para garantir que se adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on Investments. (Cavusgil, Knight, Riesenberger, 2010) Perceba como os Estados desempenham um papel importante não só no sistema internacional, mas também na normatização de uma série de atividades. 07 É de extrema importância que, para o sucesso dos empreendimentos internacionais e de seus profissionais, haja atenção detalhada às mais variadas regulamentações. Obviamente você não precisa tornar-se extenso conhecedor das leis de todos os países, mas apenas daquelas leis que podem afetar o seu projeto no país que você pretende abordar (Nyegray, 2017). TEMA 3 – ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS No decorrer do século XIX, os Estados europeus digladiaram-se para dividir a África e aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma complicada política de alianças, somada aos conflitos do imperialismo, acabou levando à Primeira Guerra Mundial. No decorrer desse primeiro conflito, enquanto os Estados europeus estavam envoltos nas hostilidades, os Estados Unidos tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de bens (Nyegray, 2017). Com o fim da guerra, em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado ritmo de produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a deflagração da crise, os países afetados adotaram políticas protecionistas, discursos nacionalistas e de ódio. Os ânimos ferveram, e, em 1939, os alemães invadem a Polônia dando início à Segunda Guerra Mundial (Nyegray, 2017). Figura 3 – Desempregados fazem fila para uma xícara gratuita de café em Nova York Fonte: MiniWeb Educação. 08 Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas que poderia ter sido, vamos imaginar por um minuto: e se, na época da Primeira e da Segunda Guerras, houvesse organizações internacionais capazes de utilizar do diálogo como fonte de resolução de controvérsias? Nesse momento, os mais atentos dirão: mas havia a Sociedade das Nações, fundada em 1919! De fato, havia, mas a SdN não contava com a participação dos Estados Unidos e de vários outros países (Nyegray, 2017). Se, à época dos conflitos mundiais, houvesse organizações internacionais mais fortes, talvez os acontecimentos do século XX fossem diferentes. Hoje, no entanto, existem várias dessas organizações, caracterizadas por possuir personalidade jurídica própria, “constituídas através de um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação entre seus membros” (Seitenfus, 2005, citado por Nyegray, 2017). A partir do final da Segunda Guerra, em 1945, e com a fundação da Organização das Nações Unidas, esse tipo de iniciativa internacional “populariza- se”, e criam-se OIs especializadas – como a agência internacional da energia atômica – e também regionais – como a OEA, Organização dos Estados Americanos. Na década de 1940, junto com a ONU, surge o Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregado de prestar socorro financeiro aos países em crise e monitorar o sistema financeiro e monetário; e o Banco Mundial, encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa (Nyegray, 2017). Figura 4 – Assinatura da Carta de São Francisco, na fundação da ONU, em 1945 Fonte: ONU Brasil. 09 Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo para temas mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos hídricos, alimentação e mudanças climáticas; mas também como organismos fomentadores de pesquisas e entendimento de áreas relevantes e complexas, que necessitam de pareceres e estudos de especialistas. A cooperação internacional encontra nas organizações internacionais uma forte aliada na busca por normas comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços sincronizados (Nyegray, 2017). TEMA 4 – EMPRESAS MULTINACIONAIS Por diversas vezes no decorrer desta aula, você já se deparou com nomes e exemplos de grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de empresas que atuam em diversas áreas. Logística, navegação, finanças e tantas outras podem servir de exemplo. Um tipo específico de empresas com forte atuação internacional são as empresas multinacionais. Essas organizações caracterizam-se por seu tamanho, sua capacidade financeira e seus recursos e por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo (Nyegray, 2017). A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do planeta. Em edição recente, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British Petroleum, Volkswagen, Toyota e várias outras empresas e marcas altamente conhecidas. Muitas vezes, essas grandes empresas possuem um faturamento anual maior do que o PIB de diversas nações, o que dá a elas grande poder de barganha. Por essa razão, é possível afirmar que “atividade da Empresa Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer trinta anos atrás. A globalização impulsionou os processos de internacionalização e, hoje, estas corporações cada vez mais se parecem com Estados independentes” (Sarfati, 2007, citado por Nyegray, 2017). Essa semelhança das empresas multinacionais com países deve-se ao seu porte, ao número de pessoas que empregam e aos recursos que movimentam. Multinacionais como “Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma parcela significativa de suas vendas e lucros totais, geralmente mais da metade, de operações transnacionais” (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010). Além disso, outras tantas grandes empresas acabam por desempenhar atividades diferentes em países diferentes: pesquisa e desenvolvimento no Japão e nos Estados Unidos, 010 suprimentos vindos da China e da Índia, manufatura no Leste Europeu ou no México e assim por diante. Isso é o que se chama de internacionalização da cadeiaprodutiva ou da cadeia de valor (Nyegray, 2017). Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão dessas grandes empresas, alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, remissão de lucros ao exterior ou flexibilização de normas ambientais. Ainda com esses aspectos negativos, é igualmente frequente que empresas sejam responsabilizadas em seu país de origem por malfeitos em outras nações (Nyegray, 2017). Assim como a globalização não é um processo recente, a multinacionalização de empresas também não é: O processo de internacionalização (na verdade, multinacionalização das empresas) passou a tomar um grande impulso a partir daí aceleração do processo de globalização, conforme discutido no capítulo passado. Segundo o World Investment Report 2002 produzido pela UNCTAD, o crescimento das EMNs é bastante significativo: em 1992 havia cerca de 35.000 EMNs com 150.000 empresas afiliadas. Já em 2001, havia 65.000 EMNs com 850.000 empresas afiliadas, empregando 54 milhões de pessoas (contra 24 milhões em 1990). (Sarfati, 2007) Atualmente, com a difusão e a melhoria das tecnologias da informação, as empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Trata-se de empresas jovens que, num curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa porcentagem de suas vendas do exterior – 25 ou 30% –, de dois ou três continentes diferentes. Essas empresas são normalmente criadas por profissionais de espírito empreendedor com alguma experiência internacional. Tem sido frequente o surgimento de empresas nascidas globais no segmento de tecnologia, que criam ou difundem algum tipo de inovação (Nyegray, 2017). TEMA 5 – CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL Em relações internacionais, é comum que o profissional ingresse em diferentes ambientes, em diferentes países, caracterizados por diferentes culturas e hábitos. Consequentemente, cada um desses ambientes traz diversos padrões de comportamento considerados normais. Com esses comportamentos, vêm os hábitos do consumidor, as leis e diretrizes e uma série de outras dimensões que devem chamar a atenção dos profissionais de relações internacionais (Nyegray, 2017). 011 O próprio termo cultura pode ter uma acepção ampla: frequentemente se diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos conhecimentos e comportamento da pessoa. No entanto, para as relações e os projetos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos” (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010, citados por Nyegray, 2017). Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em um ambiente que não seja o seu pode ser um grande insulto! A figa, por exemplo, que para alguns significa sorte, na Itália representa uma ofensa. Quando elevamos essa lógica ao mundo dos negócios, temos que tomar muito cuidado na hora de prospectar um produto ou elaborar um projeto: A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem como operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto e serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar produtos e embalagens levando em conta os aspectos culturais, inclusive em relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul. (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010) Já imaginou se você lança um produto embalado em vermelho na África do Sul? A chance de sucesso diminui à medida que a cultura é desconsiderada e, consequentemente, aumenta à medida que a empresa se preocupa com o fator cultural. Essas questões chegam a manifestar um risco: o risco da gestão intercultural, que quando ignorado pode trazer sérias consequências aos envolvidos (Nyegray, 2017). Da mesma forma que não precisa tornar-se amplamente versado nas questões legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa tornar-se um grande antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. Basta que, ao elaborar um projeto, ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire dos hábitos, gostos e o que pode ser considerado ou não uma ofensa (Nyegray, 2017). É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, mas é um comportamento aprendido. Ou seja: se você precisar ir morar noutro país, poderá aprender a comportar-se como seus nacionais. Todo profissional de relações internacionais deve também saber que nenhuma cultura é melhor ou pior do que a outra, mesmo porque esse tipo de comparação e afirmação não faz sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que considera sua cultura melhor do que as demais (Nyegray, 2017). 012 Pense, por um instante, nas questões gastronômicas para te auxiliar a entender as questões culturais: aquilo que para nós é comum, como comer carne de porco, para os israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam insetos e ovos fecundados em sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer tanto... (Nyegray, 2017). FINALIZANDO As tecnologias da informação, que evoluíram a passos largos no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras da distância. A sua empresa deixa de concorrer apenas com seus rivais locais e passa a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a concorrência aumentou, aumentaram também as possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade, para as empresas e profissionais bem preparados, quanto uma ameaça, para aqueles que não têm conhecimentos na área. É por conta de todos esses fatores que podemos dizer: A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades de negócios às empresas que se internacionalizaram. Ao mesmo tempo, ela implica a adaptação das empresas a novos riscos e uma acirrada concorrência de competidores estrangeiros. A globalização resulta em compradores mais exigentes, que buscam as melhores ofertas de fornecedores mundiais. (...) Os gestores das empresariais devem, cada vez mais, adotar uma orientação global em vez de um foco local. (Cavusgil, Knight, Riesenberger, 2010) A globalização agiu, então, como padronizadora de estilos de vida em muitos lugares, gerando convergência de gostos e preferências semelhantes. Enquanto isso, os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença é que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Hoje em dia, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países hospedeiros. Nesse caso, pode haver leis e normas no destino que não existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de relações internacionais devem estar atentos também às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras. Além das leis sobre investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. Por fim, existe uma série de riscos que os Estados podem 013 apresentar aos empreendimentos internacionais. O risco-país, por exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. A partir do final da Segunda Guerra, em 1945, e com a fundação da Organização das Nações Unidas, outro tipo de participante ator das relações internacionais surge: as organizações internacionais. A partir de então, esse tipo de iniciativa internacional “populariza-se”, e criam-se OIs especializadas – como a agência internacional da energia atômica – e também regionais– como a OEA, Organização dos Estados Americanos, participantes ativos do cenário internacional de negócios. Além das organizações internacionais, há tipo específico de empresas com forte atuação internacional: as empresas multinacionais. Essas organizações caracterizam-se por seu tamanho, sua capacidade financeira e seus recursos e por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo. Além da existência de diversos países, empresas e organizações internacionais, o cenário internacional de negócios tem como um de seus principais panos de fundo uma série de culturas nacionais, às quais os profissionais que atuam internacionalmente devem prestar atenção para garantir o sucesso de seus empreendimentos no exterior (Nyegray, 2017). 014 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In: Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais – estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. CONSELHO DE SEGURANÇA – UNAMA. Disponível em: <https://csunama.wordpress.com/>. Acesso em: 12 fev. 2018. DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Org.). Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. HOBSBAWM, E. A era dos extremos – o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. MINIWEB EDUCAÇÃO. A crise de 1929 e a grande depressão. Disponível em: <www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_contemporanea/crise_29.html?codigo=3 1>. Acesso em: 12 fev. 2018. NYEGRAY, J. A. Projetos internacionais – elaboração, análise e a construção das relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720853>. Acesso em: 12 fev. 2018. NYEGRAY, J. A. Negócios internacionais. Curitiba: Uninter, 2017. ONU BRASIL. Disponível em: <nacoesunidas.org>. Acesso em: 12 fev. 2018. SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria e Editora do Advogado, 2005. AULA 2 IMPACTOS LEGAIS DA GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 02 CONVERSA INICIAL Você já se perguntou de onde vem a riqueza das nações? Países prósperos como da América do Norte ou Europa, ou ainda países que têm crescido fortemente como China e Índia, qual será o motor de crescimento desses países todos? Obviamente que essa não é uma resposta fácil. Educação de qualidade, facilidade para empreender e fazer negócios e capacidade das empresas em inovar e gerar novos produtos e oportunidades sem dúvida pesam bastante na resposta a essa questão. No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de rua ou dos grandes shoppings, mas o comércio internacional, que é, sem dúvida, um dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países como China e Índia. Nesses locais, fabricam-se diversos bens, alguns com matéria-prima importada, os quais depois são exportados para todo o mundo. Ao se analisar essa questão, percebe-se que o crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. No entanto, não só mercadorias podem ser comercializadas: os serviços também! Todas essas trocas são compreendidas pelas relações econômicas internacionais, as quais veremos adiante! CONTEXTUALIZANDO Se as relações econômicas internacionais são parte importante do desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e governos – participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através de operações de comércio seja através de incentivo – têm papel fundamental. Mas, afinal, por qual motivo as nações comercializam? Será que é apenas para vender e lucrar? Veja o trecho a seguir: O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite a indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é praticamente impossível sem ele (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 03 E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem a seguir: Figura 1 – Xangai em1990 (à esquerda) e em 2010 (à direita) Fonte: Helm (2012). Essa imagem mostra a cidade chinesa de Xangai em 1990 (á esquerda) e depois em 2010 (à direita). Que mudança radical, não é mesmo? O que houve nesse curto espaço de tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas exportações de produtos ou serviços, mas também nos serviços financeiros e na atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é? TEMA 1 – COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e empresas mais eficientes, será que isso tudo acontece apenas por meio das exportações? Não! Existe uma série de outras atividades que podem ser desempenhadas pelas empresas além das exportações. A cada uma dessas atividades ou operações corresponde um risco, que pode ser maior ou menor. É por essa questão do risco que as exportações são consideradas um primeiro passo na caminhada internacional das empresas. Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a empresa exportadora, além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os mercados nos quais essa empresa está entrando. Aos poucos a empresa exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito das preferências e hábitos de consumidores de uma determinada localidade, o que permite que ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo vale para as importações: aos poucos, uma determinada organização pode importar produtos para comercializar em seu país. Se o produto for aprovado pelo 04 mercado interno, as importações podem ser aumentadas tanto em sua frequência quanto na quantidade de produtos. Por permitirem um envolvimento gradual, consideram-se as exportações ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E há vida além das exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas em mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o licenciamento da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo. Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer outro estúdio pode licenciar a produçãode itens de seus personagens a empresas fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da empresa licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a fabricação de seus itens para empresas de outros países. Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por exemplo: a Portugal Telecom uniu-se à empresa espanhola Telefónica para atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba como a cada uma dessas transações corresponde um risco: os riscos das exportações e importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e joint ventures. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado investimento estrangeiro direto ou investimento direto estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente o iniciar operações no destino. Um exemplo possível é o das montadoras de automóveis: essas organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir um terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e contratar pessoas aqui no Brasil. É por isso que essa modalidade se chama investimento estrangeiro direto. 05 TEMA 2 – NEGÓCIOS INTERNACIONAIS E COMPETITIVIDADE Anteriormente, vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre vários fatores, à sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas, então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? Qualquer nação exportadora trará oportunidades para os estudantes de relações internacionais? Infelizmente não! Vamos utilizar um país do Oriente Médio qualquer: esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de vida. Normalmente, isso acontece, pois essa nação pode exportar muito petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmente pequena, para atender sua pequena população. Nesse caso, apenas alguns poucos se beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. É por isso que precisamos falar sobre competitividade!! Competitividade liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir e vender de forma melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” (Sensagent, S.d). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento de uma forma geral. Tabela 1 – Países mais exportadores e países mais competitivos Maiores exportadores Mais competitivos China Suíça Estados Unidos Estados Unidos Alemanha Cingapura Japão Alemanha Holanda Holanda França Japão Coréia do Sul Hong Kong Reino Unido Finlândia Hong Kong Suécia Itália Reino Unido 06 Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições e atualmente está atrás até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC) dos maiores exportadores. Quando consideramos a posição brasileira, no 25º lugar, percebemos em nossa frente muitos países territorialmente menores e com menores parques industriais, como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, essas nações estão na nossa frente. Veja a Tabela 1 e compare os maiores exportadores com os países mais competitivos. Você consegue perceber como as coisas se relacionam? Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quanto mais o governo travar as importações e criar empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajarão em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças à sua dedicação às relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Através de incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura hoje tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e União Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização de suas empresas, com impostos baixos e zero tributos sobre as operações de importação ou exportação. Será que o Brasil poderia seguir esse exemplo? TEMA 3 – COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS Até aqui entendemos como o comércio e as transações econômicas internacionais são parte importante da riqueza das nações. Vimos também que muitas das nações mais competitivas são também grandes exportadoras. Essa semelhança é natural, uma vez que, ao comprometer-se com o comércio exterior e com as transações internacionais, uma determinada nação deve sempre 07 preocupar-se com inovação e aprimoramento, para sempre estar um passo à frente de seus concorrentes. Surge aqui a necessidade de um questionamento: as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Vamos pensar nos transportes, que carregam cargas por todo o mundo. O transporte, em si, é um bem? Não, é um serviço! O mesmo vale para as transações financeiras. São serviços, e não bens que podem ser encaixotados, colocados num container, depois num navio, e depois enviados ao exterior. E não são só os serviços financeiros ou de transporte que importam aqui: Serviços como hospedagem e varejo tornam-se cada vez mais internacionais. Nas economias mais avançadas, as empresas prestadoras de serviços respondem por uma participação maior do investimento direto estrangeiro (IDE) do que as manufatureiras. Os serviços face a face colocam seus fornecedores em contato direto com clientes estrangeiros por meio de transações além das fronteiras nacionais. Entre esses provedores estão arquitetos, consultores e advogados. Os serviços baseados em ativos são aqueles em que alguém se oferece para estabelecer uma instalação física no exterior, tais como bancos, restaurantes e lojas (Cavustil; Knight; Riesenberger, 2010) Temos, então, dois tipos de serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado atendimento. E qual é a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso, muitas vezes é difícil quantificá-los. E existe ainda outra questão crítica em relação aos serviços: muitas vezes um produtor do país consumidor pode produzi-lo: Há, ainda, a situação em que o produtor internacional do serviço permite que algum produtor do país consumidor produza o serviço em questão. Para que isso ocorra é necessário que o produtor nacional adquira ativos específicos à propriedade do produtor internacional, ativos estes que são necessários para a produção do serviço. Um exemploevidente é o caso das franquias (por exemplo, fastfood, vestuário). Neste caso, a transferência de ativos ocorre por meio de relações contratuais (Gonçalves, 2016). Você sem dúvida já consumiu algo que se originou numa transferência internacional de serviços, em qualquer uma das franquias existentes. É importante que os profissionais de relações internacionais tenham em mente que o comércio internacional de serviços pode ser uma fonte de oportunidades. O 08 fato de o serviço ser imaterial facilita sua transação e prestação, uma vez que não é preciso se preocupar com trâmites aduaneiros ou logísticos. Sabendo dessas possibilidades, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior criou o Siscoserv, o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços e Intangíveis, que permite registrar as operações internacionais desses tipos. TEMA 4 – COMÉRCIO EXTERIOR E PROJETOS INTERNACIONAIS Anteriormente vimos algumas formas de transações internacionais, que variam conforme seu risco e recursos comprometidos. A mais simples das transações internacionais são as exportações. Por outro lado, a transação mais arriscada e de maior comprometimento de recursos é o investimento estrangeiro direto ou investimento direto no exterior. Independentemente de qual seja a forma escolhida por uma determinada empresa, essa organização dificilmente começará a transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser: obter um percentual do faturamento do exterior, tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-se menos dependente do mercado interno em “xis por cento”. A partir do momento em que uma determinada empresa tem uma visão de futuro, pode-se traçar uma estratégia para alcançar essa visão. É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os projetos internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu uma determinada estratégia. Ainda que a empresa esteja iniciando suas atividades internacionais pela forma mais básica, na exportação, esse início de atividade parte de um projeto. Ou seja, a definição do que fazer primeiro: 09 Figura 2 – Definição do que fazer primeiro Mas, afinal, como uma empresa inicia sua atuação internacional? Depende de uma série de fatores!! Às vezes a empresa busca importar algum insumo para baratear o custo do produto final. Outras vezes, a empresa quer exportar para, por exemplo, depender menos do mercado interno. Tudo depende da empresa e do produto ou serviço. Apenas depois de entender a motivação da empresa é que se pode partir para a seleção do mercado de atuação: A seleção dos mercados para onde expandir as operações é determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível interno, são aspectos como a capacidade de adaptar o produto (se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência de contatos com clientes ou distribuidores locais e mesmo eventuais vantagens competitivas de que a empresa dispõe e lhe permitem competir melhor, quer com as empresas locais quer com outras empresas estrangeiras já instaladas. No plano dos fatores externos, é indispensável analisar questões como a dimensão atual (e potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas governamentais, as barreiras ao comércio e ao investimento, as evoluções socioculturais, as políticas de incentivos governamentais ao investimento estrangeiro, entre outras” (Ferreira; Reis; Serra, 2011) É o entendimento desses fatores todos que permite o delineamento da estratégia para o início do projeto internacional. Digamos que uma determinada empresa queira efetuar sua primeira exportação. Nesse caso, o indicado é buscar onde há demanda para o produto fabricado ou serviço prestado. Pode-se também buscar feiras internacionais que os diretores e gerentes possam visitar. Outra possibilidade é participar de rodadas de negócio promovidas pelas federações da indústria de cada um dos estados. E se a empresa quiser, por outro lado, importar algum insumo para baratear o produto final? Nesse caso, deve-se buscar fornecedores desse insumo. Novamente, existe a possibilidade de buscar feiras internacionais ou, então, contatar diretamente fábricas no exterior. • Buscar clientes? • Buscar fornecedores? • Participar de eventos internacionais? Atuação Internacional 010 Perceba: não há uma resposta pronta sobre como as organizações iniciam suas atividades internacionais: as respostas variam caso a caso. Os projetos servem para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada. TEMA 5 - VISÃO ESTRATÉGICA O crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. O comércio internacional, uma das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e trabalhadores, o que causa uma redução de preços de produtos de uso diário, visto que se aumenta a oferta. Com isso, nós, consumidores, saímos ganhando, pois aumenta o nosso acesso a uma série de bens. Por permitirem um envolvimento gradual, consideram-se as exportações ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. O licenciamento de propriedade intelectual é outra possibilidade de envolvimento internacional, mas, nesse caso, com maior risco. Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado investimento estrangeiro direto ou investimento direto estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente ou iniciar operações no destino. Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quanto mais o governo travar as importações, cria empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes –, menos as empresas se engajarão em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Existem dois tipos de 011 serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado atendimento. E qual é a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso muitas vezes é difícil quantificá-los. Independentemente de qual seja a forma escolhida pela empresa para iniciar seu envolvimento internacional, essa organização dificilmente começará a transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser obter um percentual do faturamento do exterior, tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-se menos dependente do mercado interno em “xis por cento”. A partir do momento em que uma determinada empresa tem uma visão de futuro, pode- se traçar uma estratégiapara alcançar essa visão. É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os empreendimentos internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu uma determinada estratégia. Os projetos servem, nesse caso, para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada. 012 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais – estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010. COMPETITIVIDADE. Sensagent. Disponível em: <http://dicionario.sensagent.co m/competitividade/pt-pt/>. Acesso em: 5 mar. 2018. DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs.). Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel: 2011. GONÇALVES, R. Economia política internacional – fundamentos teóricos e as relações internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. HELM, J. A vertiginosa transformação de Xangai. Archdaily, 22 jan. 2012. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-24275/a-vertiginosa- transformacao-de-xangai>. Acesso em: 5 mar. 2018. HOBSBAWM, E. Era dos extremos – O breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. NYEGRAY, J. A. Projetos internacionais – elaboração, análise e construção das relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: Intersaberes, 2016. SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria e Editora do Advogado, 2005. AULA 3 IMPACTOS LEGAIS DA GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 02 CONVERSA INICIAL “Pare por um momento e olhe à sua volta. Quantos dos produtos que te cercam vieram de fora do país? Você faz ideia? Possivelmente, muitos deles! Agora, pense por um momento na sua última ida a um shopping center. Quantas das lojas que você viu, ou até mesmo nas quais comprou, são do exterior, e não aqui do Brasil? Novamente: muitas! Empresas de todos os tipos, comercializando vários tipos de bens, vêm dos mais diversos locais. E sabe o que essas organizações buscam? Nós, consumidores! “Em algum momento de sua trajetória, essas várias lojas ou marcas do exterior olharam para o mercado brasileiro e viram em nosso país uma oportunidade de negócios. A partir de então, essas redes organizaram suas estratégias para abrir filiais em nosso país. Muitas delas, como o McDonalds, chegaram ao país há algumas décadas. Outras, por outro lado, chegaram recentemente. “Na aula anterior, você viu as diversas formas possíveis de envolvimento econômico internacional: importação, exportação, franquias, joint ventures e outras. Nesta aula, você verá de forma mais detalhada como a internacionalização de empresas acontece, para que nós, consumidores, tenhamos acesso a tantas marcas e produtos diferentes” (Nyegray, 2017). CONTEXTUALIZANDO “Anteriormente, você aprendeu a respeito da composição do ambiente internacional de negócios, e também sobre as relações econômicas internacionais. Vimos que boa parte da riqueza das nações provém de sua inserção ativa no cenário internacional de comércio. Na primeira aula, vimos também sobre as empresas multinacionais, que são aquelas que contam com a matriz em um país e suas filiais espalhadas pelo mundo. “Agora, pensemos por um instante: Você tem uma loja ou uma indústria que vende seus produtos aqui no Brasil. Como fazer para vender também em outros países? Como escolher um mercado para iniciar as atividades internacionais? As respostas a essas e a outras perguntas são dadas pelas teorias de internacionalização de empresas, sendo que cada uma delas adota uma abordagem diferente, por basear-se em casos diferentes. 03 “Obviamente existem no mundo centenas de milhares de empresas diferentes, com características diferentes, funcionários diferentes, forças e fraquezas diferentes. Ainda assim, ao estudarmos a internacionalização, podemos perceber que existem alguns traços comuns aplicáveis a uma imensa gama de organizações. É isso o que veremos a partir daqui!” (Nyegray, 2017). TEMA 1 – INTERNACIONALIZAÇÃO “Na aula anterior, você viu diversos modos de entrada e operação em mercados internacionais, desde exportação até investimento estrangeiro direto. Essas e as demais modalidades de envolvimento internacional são formas pelas quais a internacionalização acontece. Cada uma dessas formas de internacionalizar pode corresponder a uma determinada necessidade ou a um interesse específico da empresa que está buscando mercados estrangeiros” (Nyegray, 2017). Figura 1 – Como as várias formas de envolvimento internacional da empresa são também formas de internacionalização Fonte: Nyegray (2017). Mas, afinal, se exportações, joint ventures e investimento estrangeiro direto são formas de internacionalização, o que é a internacionalização em si? A internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. Uma primeira definição pode ser: “O movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais” (Welch, Loustarinen, 1988). Outra definição possível é: “A INTERNACIONALIZAÇÃO Investimento Estrangeiro Exportações Joint Ventures 04 transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando métodos diretos e indiretos” (Leonidou, Katsikeas, 1996). Uma terceira definição seria: “O processo através do qual as empresas aumentam sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das transações internacionais em seu futuro e, por isso, passam a estabelecer e a conduzir operações e transações com empresas de outros países” (Beamish, Morisson, 2002). Essa definição é interessante, pois trata da internacionalização como algo natural para o futuro e para o crescimento das empresas. A essas três definições podem somar-se várias outras que, de alguma maneira, descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo por meio do qual as empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases. Existem também outros autores que percebem na internacionalização um processo empreendedor: com essa visão, a busca por mercados internacionais viria de uma característica comportamental do empresário, e não de motivações econômicas ou políticas. As motivações que levam empresas e empresários a buscarem o mercado internacional são alvo das teorias da internacionalização, vistas no próximo tema. TEMA 2 – TEORIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO “Agora que você já entendeu o que é a internacionalização, resta outra pergunta: Como e por que as empresas internacionalizam? Essa pergunta busca ser respondida pelas teorias de internacionalização, que estudam casos e empresas diversas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita pelo estadunidense Raymond Vernon, em 1966. Observando os Estados Unidos da época, Vernon percebeu que, em seu país, abundavam produtos tecnologicamente inovadores, assim como mão de obra qualificada. Essa mão de obra qualificada e bem remunerada seria capaz de desenvolver cada vez mais produtos inovadores. Como as pessoas são bem remuneradas, têm condições de comprar os produtos novos. Assim, as empresasque produzissem produtos inovadores e de maior valor deveriam estar próximas de seus consumidores. Ou seja, para Vernon, apenas empresas em países desenvolvidos produziriam 05 produtos inovadores, e sua internacionalização se daria com vistas a que essas empresas estivessem próximas de seus consumidores. “Depois de Vernon, Buckley e Casson também se debruçam sobre a internacionalização em 1976 e em 1992. Os autores percebem que muitas empresas produzem bens únicos e inovadores, possuindo uma vantagem competitiva sobre os demais concorrentes. Se tal empresa quiser internacionalizar, ela não deverá optar por licenciar sua produção ou por efetuar algum tipo de parceria, pois, se o fizesse, seria obrigada a compartilhar sua vantagem com outra empresa que, no futuro, pode tornar-se concorrente. Por outro lado, produtos ou serviços mais simples, como redes de fast-food ou lavanderias, podem-se internacionalizar via franquias ou licenciamento, visto que seus produtos ou serviços não são altamente complexos e podem ser transferidos. “Mais tarde, são os professores Bruce Kogut e Udo Zander que propõem uma Teoria de Internacionalização. Esses autores também se pautam no conhecimento necessário para produzir um determinado bem como condicionante da internacionalização: ‘Assim, se o conhecimento a ser explorado é complexo demais para um licenciado ou um franqueado dominarem e explorarem a baixo custo num país estrangeiro, a firma tenderá a optar pela propriedade’ (Amatucci, 2009). “Ainda que todas essas teorias apliquem-se em determinados contextos, a teoria que ganhou maior aceitação foi criada na Suécia, na Universidade de Uppsala, em 1977. Seus autores, Johansson e Vahlne, perceberam que, muitas vezes, as empresas iniciam suas atividades internacionais pelas exportações. Caso tenham sucesso, essas exportações, que eram esparsas, tendem a se tornar mais e mais frequentes, até que surge a necessidade de contratar um representante comercial ou um agente de vendas no país de destino. Esse representante ou agente se encarrega de organizar pedidos, prospectar clientes e impulsionar o crescimento das vendas. Se esta pessoa tiver sucesso, logo a empresa precisará de uma subsidiária de vendas no exterior, onde possa manter um pequeno estoque dos produtos mais vendidos. Por fim, chega um momento no qual nem mesmo a subsidiária de vendas dá conta da quantidade de pedidos, e essa empresa decide por instalar uma subsidiária de produção. “Para Johansson e Vahlne, essa lógica demonstra o envolvimento gradual da empresa nos negócios internacionais; conforme aumentam as vendas, aumenta também o conhecimento de mercado e a experiência dessa organização 06 no trato com clientes de outros países. De forma gráfica, a proposição da Teoria de Uppsala fica assim: Figura 2 – Teoria de Uppsala E você? De qual das teorias gostou mais?” (Nyegray, 2017). TEMA 3 – PORQUE INTERNACIONALIZAR? “Circula, nos noticiários, dados e fatos sobre a complexidade do sistema aduaneiro brasileiro. Nosso comércio exterior é pautado por mais de 3.500 normas diferentes. Sendo assim, um cenário tão complexo, muitos se questionam: Afinal, por que internacionalizar? Não é bem mais prático ficar como estou, focado no meu mercado doméstico? “Sem dúvida é mais prático. E é mais cômodo também. No entanto, não é da praticidade e da comodidade que vem o sucesso, não é mesmo? Justamente por isso é que, a partir desse raciocínio, começam a surgir diversas explicações gerenciais para a busca das empresas pela internacionalização. A mais comum refere-se à sazonalidade de um determinado mercado ou às crises econômicas nacionais. É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, de reduzir a produção e de cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter os empregos e a produção é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o mercado argentino pode não estar. Assim, vender meus produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante. “Outra motivação frequente refere-se à sazonalidade nas vendas de determinados produtos. Por exemplo: brinquedos são mais vendidos em datas próximas ao Dia das Crianças e ao Natal. E chocolates e sorvetes? Chocolates têm seu ponto alto na Páscoa, enquanto sorvetes têm seu ponto alto nas estações mais quentes, como primavera e verão. Apesar de alguns de nós comerem chocolates e sorvetes durante todo o ano, esses produtos têm venda sazonal, ou seja, venda maior em certas épocas. Agora, imagine que você fabrica sorvetes. O que você pode fazer no outono e no inverno? Bem, nessas épocas você pode, 07 quem sabe, vender seus sorvetes para o Hemisfério Norte, onde será primavera e verão, enquanto, no Brasil e no Hemisfério Sul, for outono e inverno. “E quais outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas! Vamos imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. Trata-se de um público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a incrementar sua produção e melhorar o resultado do produto final. Nesses locais – Europa e América do Norte – é comum que, pelo alto nível de exigência dos consumidores, as empresas ofereçam produtos diferenciados. Surge, então, outra resposta para a pergunta “Por que internacionalizar?”: algumas organizações buscam realizar parcerias com empresas europeias ou estadunidenses para trocar tecnologias e melhorar o seu resultado. “Dessa forma, ao realizar uma parceria com uma empresa do exterior, a empresa brasileira pode ter acesso à tecnologia, mão de obra e design diferenciados, o que melhorará suas chances de sucesso não só no exterior, mas também no Brasil. Perceba que existem diversas razões para que as empresas internacionalizem, e a cada qual corresponde um projeto diferente que permitirá que a empresa chegue aonde quer da melhor maneira. E no seu trabalho? Quais dessas razões justificaria melhor a internacionalização?” (Nyegray, 2017). TEMA 4 – MODOS DE ENTRADA E OPERAÇÃO EM MERCADOS INTERNACIONAIS “Na aula anterior, você aprendeu que existem vários possíveis modos de entrada num mercado estrangeiro, que vão desde exportações até investimentos diretos estrangeiros, passando por joint ventures, franquias e licenciamentos. A cada uma dessas formas corresponde um projeto diferente que deverá ser elaborado e executado pela empresa interessada. “Aqui, então, defrontamo-nos com outra questão: Agora que você já sabe quais são os modos de entrada no exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, por qual modo de entrada optar? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, varia de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. Deve-se ter em mente também o seguinte: 08 Cada estratégia de entrada possui vantagens e desvantagens, apresentando demandas específicas sobre os recursos gerenciais e financeiros da empresa. De modo geral, as exportações, o licenciamento e a franquia exigem um nível relativamente baixo de comprometimento gerencial e de alocação de recursos. Por outro lado, o IDE e as iniciativas colaborativas com participação acionária necessitam de um nível mais elevado de comprometimento e recursos. (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010) “Além disso, é necessário que você cogite também outro ponto: a necessidade por mudanças ou adaptações no seu produto ou serviço. Essasmudanças vão desde o idioma da embalagem ou do manual do usuário até questões relativas à legislação do local para onde esse produto ou serviço está sendo exportado. Por exemplo: no Brasil, não se pode oferecer às crianças produtos pintados com tintas que tenham metais pesados em sua composição. Assim como nós, brasileiros, devemos respeitar essa regulamentação, as empresas estrangeiras que quiserem vender brinquedos aqui também precisarão respeitá-la. “Outros produtos, por outro lado, são padronizados, como peças para automóveis ou computadores. Tudo depende, como dito anteriormente, do produto ou serviço e do cliente. O seu projeto internacional deverá levar todos esses fatores em consideração e efetuar as mudanças necessárias com o mínimo dispêndio de recursos. Tenha em mente que a cada modo de entrada e operação corresponde uma estratégia e, consequentemente, um projeto: [...] as características específicas de um produto ou serviço, tais como sua composição, fragilidade, perecibilidade e razão entre seu valor e peso, podem afetar de modo significativo o tipo de estratégia de internacionalização a ser adotada. (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010) “É entendendo bem a sua empresa e as expectativas do cliente que seu projeto tem maiores chances de sucesso. Não se esqueça de que, ao buscar clientes no exterior, você concorre com rivais locais, aquelas empresas do país de destino já bem ambientadas e acostumadas com os gostos e costumes locais. Por mais difíceis e trabalhosos que pareçam os projetos internacionais, quando conduzidos corretamente, são altamente rentáveis e nos ensinam muito” (Nyegray, 2017). 09 TEMA 5 – BUSCA DE OPORTUNIDADES PARA INTERNACIONALIZAR E GESTÃO DE PESSOAS “Depois de você se familiarizar com os conteúdos tratados aqui, deve estar se perguntando: Mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a minha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às oportunidades, e que nos possibilitam percebê-las ou criá-las com maior facilidade. “Mas, afinal de contas, o que é uma oportunidade? ‘É uma situação na qual mudanças na tecnologia ou nas condições políticas, sociais e demográficas geram potencial para criar algo novo’ (Baron, Shane, 2013). Esse ‘algo novo’ pode ser um produto, um serviço ou uma nova maneira de fazer algo. Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Por exemplo: o novo presidente da Argentina retirou a proibição que impedia os meios de comunicação estrangeiros de atuarem no país. Isso abre uma oportunidade para meios de comunicação brasileiros. Outro exemplo: é proibido remanufaturar pneus no Brasil. No Paraguai, por outro lado, é permitido. Assim, uma empresa que remanufaturava no Brasil pode fazê-lo no Paraguai. “Outra fonte de oportunidades são novos conhecimentos. Antigamente, não conhecíamos os benefícios à saúde trazidos pelo goji berry. Hoje, por outro lado, esses benefícios são amplamente conhecidos. Assim, as empresas podem oferecer produtos com goji berry para vários mercados, como iogurtes, pães ou barras de cereais. O mesmo vale para o crescimento de uma determinada classe social. Hoje, em alguns lugares do mundo, a classe C está crescendo rapidamente, o que gera oportunidades para oferecer produtos e serviços destinados a esse público, conhecido como o público da ‘base da pirâmide’: O preço é uma parte importante da base para crescimento em mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram vendidos por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente, era limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00, as vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma provedora de telefones celulares, lançou sua promoção “Monsoon Hungama” (ou “Batalha das Monções”), que oferecia 100 minutos de ligações gratuitas na compra de um telefone móvel multimídia, com entrada de US$ 10,00 e prestações mensais de US$ 9,25, a empresa recebeu 1 milhão de pedidos em dez dias. (Prahalad, 2010). 010 Figura 3 – O goji berry Fonte: <http://goo.gl/5PMCOe>. “Da mesma forma que o crescimento da classe C constitui uma oportunidade para negócios, o crescimento das demais classes também. Pode-se oferecer produtos e serviços mais caros e de maior valor agregado para as classes mais abastadas, por exemplo. Ser capaz de perceber essas particularidades de crescimento social e econômico, regulamentações políticas e novos conhecimentos é essencial para o profissional de relações internacionais. “Nesse caso, muitos ficam em dúvida: Mas eu tenho de ler todos os jornais do mundo para saber de todas as novidades? Claro que não! Mas você precisa estar atento ao mundo à sua volta para encontrar oportunidades para internacionalizar a sua empresa. Olhe, por exemplo, os países que mais importam aquilo que sua empresa fabrica ou os países mais carentes do serviço que sua empresa presta. Você pode começar, a partir daí, um projeto de internacionalização” (Nyegray, 2017). FINALIZANDO “A internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. Uma primeira definição pode ser: ‘O movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais’ (Welch, Loustarinen, 1988). Outra definição possível é: ‘A transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando métodos diretos e indiretos’ (Leonidou, Katsikeas, 1996). É interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases. 011 “E por que as empresas internacionalizam? Essa pergunta busca ser respondida pelas teorias de internacionalização, que estudam casos e empresas diversas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita pelo estadunidense Raymond Vernon, em 1966. Depois de Vernon, os autores Buckley e Casson também se debruçaram sobre a internacionalização, em 1976 e 1992. Mais tarde, foram os professores Bruce Kogut e Udo Zander que propuseram uma teoria de internacionalização. Ainda que todas essas teorias se apliquem a determinados contextos, a teoria que ganhou maior aceitação foi criada na Suécia, na Universidade de Uppsala, em 1977. “E por que internacionalizar? É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, de reduzir a produção e de cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter os empregos e a produção é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o mercado argentino pode não estar. Assim, vender meus produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante. “E quais outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas! Vamos imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. Trata-se de um público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a incrementar sua produção e a melhorar o resultado do produto final. “Agora que você já sabe quais são os modos de entrada no exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, por qual modo de entrada optar? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, varia de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. “Depois de se familiarizar com os conteúdos tratados aqui, você deve estar se perguntando: Mas como encontrar oportunidades para internacionalizar aminha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às oportunidades, e que nos permitem percebê-las ou criá-las com maior facilidade. Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Outra fonte de oportunidades são novos conhecimentos” (Nyegray, 2017). 012 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In: Internacionalização de empresas. São Paulo: Editora Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais – estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010. DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs.). Gestão Internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lidel: Lisboa, 2011. HOBSBAWM, E. Era dos extremos – o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. NYEGRAY, J. A. Projetos Internacionais – elaboração, análise e construção das relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/978855 9720853>. Acesso: 2 fev. 2018. SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria e Editora do Advogado, 2005. AULA 4 IMPACTOS LEGAIS DA GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DEPESSOAS Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 02 CONVERSA INICIAL “O mundo já foi dividido em dois blocos: o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco comunista, capitaneado pela União Soviética. Depois, veio o G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo; mais recentemente, o G20, ou grupo dos 20 países mais industrializados. Essas diferentes divisões nos mostram como, num curto espaço de tempo, a complexidade do cenário internacional aumentou, e as classificações passaram a durar pouco tempo. “Em torno de 2003, surgiu o termo ‘Brics’ para designar o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; depois, veio o termo ‘países emergentes’. Desde então, tem-se tentado, através de uma sigla ou de um acrônimo, adivinhar quais serão os próximos motores globais de crescimento econômico para os quais grandes investidores apontarão suas fortunas e apostas. Essa análise, contudo, não é fácil, pois o mundo tem se mostrado cada vez mais complexo e intrincado. Se antes apenas sete países respondiam pela maior parte da industrialização mundial, hoje esses sete dependem diretamente de pelo menos outros treze, numa economia global cada vez mais interdependente” (Nyegray, 2017). CONTEXTUALIZANDO “Em 1929, estima-se que a notícia sobre a quebra da Bolsa de Nova York levou cerca de uma semana até chegar ao Brasil. No entanto, pouco menos de 80 anos depois, aquela cidade foi novamente palco de um acontecimento que chocou o mundo: os ataques terroristas de 11 de setembro. Em quanto tempo você ficou sabendo do atentado? Quanto tempo levou para que você soubesse daqueles atos estarrecedores que chocaram o mundo? Dois dias? Cinco dias? Não! Soubemos todos de imediato! “Tendo em mente tais informações, pense por um instante: Será que hoje as distâncias ainda importam? Veja as crises econômicas: Quanto tempo leva até que elas se alastrem globalmente? Em 2008, o mundo viveu uma nova crise. Iniciada nos Estados Unidos, a bolha imobiliária afetou o mundo todo. Consequentemente, oportunidades de negócio foram perdidas. 03 Figura 1 – Os gráficos mostram o desempenho da Bolsa de Valores de Nova York e de São Paulo antes e depois da crise de 2008. Como algo que se inicia nos Estados Unidos afeta tanto o Brasil? Fonte: <goo.gl/VgV86j> e <goo.gl/HMg8lE>. “Você consegue imaginar como tais crises econômicas originadas no exterior alastram-se tão facilmente? Esse é um dos temas dessa aula” (Nyegray, 2017). TEMA 1 – PAÍSES EMERGENTES “Sem dúvida, nos últimos tempos, os chamados ‘países emergentes’ têm estado muito presentes nos noticiários internacionais. Após o fim da Guerra Fria, a antiga nomenclatura de 1º, 2º e 3º mundos deixa de ser utilizada. Em seu lugar, surgem outras formas de dividir os países; no entanto, nenhuma fez tanto sentido quanto ‘países emergentes’ ou ‘países em desenvolvimento’, termo que abrange um grupo de nações que tem se destacado pela sua capacidade de reorganização política, econômica, legal e industrial, e que tem conquistado mercados com empresas cada vez mais competitivas. Com o final da União Soviética, falava-se em G7, grupo que concentrava os sete países mais industrializados do mundo. Depois, passou-se a falar em G8, que era o G7 mais a Rússia. Atualmente, esses países não são mais os únicos industrializados, ainda que sejam muito importantes. A industrialização, mesmo que de forma tardia, passa a acontecer de forma rápida em várias nações, hoje conhecidas como ‘emergentes’. “Esses países foram aqueles que, em boa parte do século XX, estiveram ou sob ditaduras militares – como Brasil, Argentina e Chile – ou flertaram com o comunismo, e – com o final dessa ilusão – foram obrigados a se reorganizar. Vejamos o caso russo: com o final da União Soviética, todo o sistema legislativo 04 estava defasado: não havia garantia de propriedade de nada, o papel do Estado era gigante e não se podia empreender. Para que esse país pudesse crescer, suas instituições precisavam ser adaptadas à nova realidade. Assim, a Rússia buscou se reorganizar. Foram criados marcos regulatórios para diversos setores, o sistema tributário foi reformado e se garantiu não só a propriedade privada como também a possibilidade de criar empresas e contratar pessoas. O resultado foi que, num período de menos de 10 anos, a classe média pulou de 5 para 55 milhões de pessoas, enquanto o salário mínimo saiu de 60 para 540 dólares (Agtmael, 2008). “E hoje, quem são os países emergentes? São vários, e existem várias siglas disponíveis. Uma das siglas mais famosas é a dos Brics – Brasil, Rússia, China e Índia, que, mais tarde, recebeu o ‘S’ de África do Sul. Embora esses países sejam de fato muito importantes no cenário internacional, dentro dos Brics, a China e a Índia se destacam. Ambos os países possuem culturas milenares e populações bilionárias. A quantidade de habitantes fomenta um mercado interno muito grande e, ao mesmo tempo, recheado de desafios: sistemas de saúde, previdência e educação nem sempre podem ser universais atendendo a todos. Figura 2 – Alguns países emergentes destacados em azul Fonte: goo.gl/wfJ6I9. Figura 3 – Distribuição geográfica das 100 multinacionais emergentes Fonte: <goo.gl/IEgKFt>. 05 “Estima-se que, até 2050, a China tome a dianteira mundial em termos de PIB, tendo seu somatório de riquezas em torno do dobro do PIB estadunidense. Para aqueles que se espantam com os dados do crescimento chinês, basta olhar para a história desse país: ‘Em 18 dos últimos 20 séculos, a China foi a nação mais rica do mundo. Até o século XVIII, os chineses eram responsáveis por cerca de 30% do PIB mundial’ (Kissinger, 2014). “Além dessas nações, existem várias outras com as quais você tem grandes chances de negociar: Argentina, Chile, Peru, Polônia, Hungria, Vietnã, Malásia, Filipinas, Camboja, Tailândia, Nigéria, Turquia e Coreia do Sul são apenas algumas. Basta que você dê uma olhada nas chamadas ‘Reuniões do G20’, que envolvem o grupo das 20 nações mais industrializadas do mundo. Você
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