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Aula 1 a 6 - Impactos legais globalização-mesclado

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPACTOS LEGAIS DA 
GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DE 
PESSOAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Vamos pensar por um instante: quantos países existem hoje? São em torno 
de 196 países, mais alguns territórios como o Vaticano e a Palestina. 
Arredondemos para 200. Agora, imagine quantas línguas diferentes não são 
faladas em cada um desses 200 países! Ok, alguns países podem falar a mesma 
língua, com algumas diferenças, como Brasil, Portugal e Angola, ou Estados 
Unidos, Austrália, Canadá e Inglaterra. Outros, por outro lado, possuem vários 
idiomas e dialetos oficiais, como a África do Sul. Cada um desses países, com um 
ou com vários idiomas e dialetos, pode ser berço de diversas culturas diferentes. 
Cada uma dessas culturas com seus hábitos, costumes e padrões do que é ou 
não é “normal” de acordo com sua própria lógica (Nyegray, 2017). 
Por entre esses diversos países, berços de diversas culturas, estão as 
maiores empresas de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, outras 
apenas dominam os mercados nacionais. Essas empresas obedecem às regras 
e leis de seus países, com as quais já estão bem familiarizadas. Quando buscam 
se internacionalizar, por outro lado, precisam se adaptar a culturas, idiomas, leis 
e regulamentos dos países hospedeiros. Permeando todo esse cenário complexo, 
existem organizações e leis internacionais que buscam normatizar um pouco o 
sistema internacional. Você percebe como esse pequeno mundo onde vivemos é 
complexo? (Nyegray, 2017). 
CONTEXTUALIZANDO 
Estima-se que, quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York, 
em 1929, a notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos negociadores 
paulistas de café, em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras décadas do século 
XX, a informação não viajava como viaja hoje, de forma instantânea. Levava-se 
tempo para ficar sabendo o que havia ocorrido em outros lugares e ainda mais 
tempo para medir o impacto de tais acontecimentos nos negócios. (Nyegray, 
2017) 
E hoje em dia? Quanto tempo depois dos fatos nós ficamos sabendo de 
sua ocorrência? Ficamos sabendo imediatamente. As tecnologias da informação, 
que evoluíram a passos largos no decorrer do século XX, aproximaram os países 
e, de certa forma, removeram as fronteiras da distância. E você, já parou para 
pensar qual é o impacto desse fato para o mundo dos negócios? É imenso! A sua 
 
 
03 
empresa deixa de concorrer apenas com seus rivais locais e passa a concorrer 
com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a 
concorrência aumentou, aumentaram também as possibilidades de escolhas dos 
consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto 
uma oportunidade, para as empresas e profissionais bem preparados, quanto uma 
ameaça, para aqueles que não têm conhecimentos na área (Nyegray, 2017). 
Hoje, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós compramos tanto 
de sites no exterior quanto de sites nacionais. Além disso, os produtos que muitas 
grandes empresas oferecem aqui são exatamente os mesmos oferecidos fora. 
Nike, Ford, Fiat, Toyota, Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin Klein, 
Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft e tantas outras empresas de vários 
outros segmentos estão absolutamente difundidas pelo mundo (Nyegray, 2017). 
As fotos a seguir retratam eventos de impacto internacional transmitidos ao 
vivo para todo o mundo, de forma instantânea. 
Figura 1 – Queda do muro de Berlim, em 1989 
 
Fonte: Wikicommons. 
Figura 2 – Invasão do Afeganistão, em 2001 
 
 
04 
 
Fonte: Conselho de Segurança UNAMA 
Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, 
plenamente globalizadas e internacionalizadas. E as pequenas e médias 
empresas, como podem entrar no ciclo do comércio e das relações 
internacionais? De várias maneiras, e uma delas é através dos projetos 
internacionais, que você verá a partir daqui! (Nyegray, 2017). 
TEMA 1 – GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS 
Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco 
entendidos realmente. Existem aqueles que acham que a globalização é algo 
novo, recente, ligado ao avanço da internet. E não é. A globalização é um 
fenômeno antigo: o próprio Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, buscou 
expandir ao mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e da cultura 
helênica da época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e 
culturas para fora de sua bela cidade e expandiram as fronteiras do império 
romano pela Europa de então (Nyegray, 2017). 
Viu só? Não é de hoje que a globalização existe. Justamente por isso é tão 
difícil traçar sua história. O que podemos perceber com alguma clareza é que a 
globalização como a conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, tem 
seu início com as Grandes Navegações dos séculos XV e XVI, que acabam por 
alterar a balança comercial da época. Mais tarde ainda, é com a primeira 
revolução industrial, e com a nova tecnologia do motor à vapor, que se aprimoram 
os transportes, especialmente o marítimo e o ferroviário (Nyegray, 2017). 
 
 
05 
A partir desse momento, uma série de tecnologias vão aprimorando não só 
os transportes, mas os processos de produção e de manufatura. A partir do 
momento em que as Revoluções Industriais alteram os paradigmas produtivos – 
de um modo de produção artesanal para um modo de produção em escala 
industrial –, passa a haver maior oferta de uma série de produtos. Com isso, além 
de uma redução geral de preços motivada pela maior oferta de produtos, passa a 
haver um excedente exportável. É em torno do início do século XX que a 
eletricidade e o aço passam a se difundir, colaborando ainda mais para a 
globalização (Nyegray, 2017). 
Concomitantemente, a humanidade passa a desenvolver tecnologias mais 
e mais novas, como o telefone, o avião, o telégrafo e tantos outros facilitadores 
da vida. Após 1945, surgem organizações internacionais interessadas em regular 
o ambiente internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos 
financeiros e de comércio. Por fim, as telecomunicações se revolucionam a partir 
da década de 1980, e as tecnologias bancárias tornam-se mais e mais modernas 
(Nyegray, 2017). 
Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo 
através do processo de globalização. E quais são os impactos disso? Os impactos 
são vários: os transportes mais eficientes de navios e aviões maiores e mais 
rápidos, as comunicações, as transferências financeiras, os acordos 
internacionais e tantos outros aspectos acabam por industrializar, integrar e 
desenvolver o mundo cada vez mais. Por conta disso, as economias tornam-se 
mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no 
Ocidente – convergem para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso 
colabora para que muitas empresas se tornem globais. Basta que vejamos um 
símbolo, um logotipo, em qualquer lugar do mundo, para sabermos a qual 
empresa e a qual produto tal marca se refere (Nyegray, 2017). 
TEMA 2 – ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS 
 Anteriormente, vimos como algumas grandes empresas estão presentes no 
mundo todo. Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de 
estilos de vida em muitos lugares – principalmente no Ocidente –, o que gerou 
uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Mas e os países, os 
Estados, ficam como nesse cenário? Como entes passivos? (Nyegray, 2017). 
 
 
06 
 Não! Os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença é 
que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, 
os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Hoje em dia, as 
empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. 
Essa alteração ocorre,principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. É a partir 
daí que se consolidam organizações internacionais como a ONU. Ademais, a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 dá ao indivíduo proteção 
internacional e alguns direitos fundamentais, independentemente de onde essa 
pessoa tenha nascido (Nyegray, 2017). 
 Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes 
internacionais ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os 
Estados hoje sejam apenas entes passivos, pelo contrário. Numa tentativa de 
gerar segurança e ordem internacional, aos Estados cabe participar dos fóruns e 
reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos e normas, firmar tratados e 
estabelecer alianças (Nyegray, 2017). 
 É de se lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional ao 
qual nosso país tenha se comprometido deve ser submetido à aprovação do 
Congresso Nacional para que passe a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. 
Esse ponto é mais uma mostra do papel que o Estado desempenha nas relações 
internacionais da atualidade. Existem, obviamente, outros fatores que merecem 
atenção (Nyegray, 2017). 
 Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos 
países hospedeiros. Nesse caso, pode haver leis e normas no destino que não 
existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de relações 
internacionais devem estar atentos também às condições legais impostas pelos 
Estados às empresas estrangeiras: 
Muitas nações impõem restrições à entrada de investimento direto 
estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de 
varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo 
atacadista como Walmart (...), restringindo as operações de gigantes 
varejistas (...). Na Malásia, as empresas que desejam investir em 
negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial 
Development Authority, que examina as propostas para garantir que se 
adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem 
investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os 
de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on 
Investments. (Cavusgil, Knight, Riesenberger, 2010) 
 Perceba como os Estados desempenham um papel importante não só no 
sistema internacional, mas também na normatização de uma série de atividades. 
 
 
07 
É de extrema importância que, para o sucesso dos empreendimentos 
internacionais e de seus profissionais, haja atenção detalhada às mais variadas 
regulamentações. Obviamente você não precisa tornar-se extenso conhecedor 
das leis de todos os países, mas apenas daquelas leis que podem afetar o seu 
projeto no país que você pretende abordar (Nyegray, 2017). 
TEMA 3 – ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 No decorrer do século XIX, os Estados europeus digladiaram-se para dividir 
a África e aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma complicada 
política de alianças, somada aos conflitos do imperialismo, acabou levando à 
Primeira Guerra Mundial. No decorrer desse primeiro conflito, enquanto os 
Estados europeus estavam envoltos nas hostilidades, os Estados Unidos 
tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de bens (Nyegray, 2017). 
Com o fim da guerra, em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado 
ritmo de produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a 
deflagração da crise, os países afetados adotaram políticas protecionistas, 
discursos nacionalistas e de ódio. Os ânimos ferveram, e, em 1939, os alemães 
invadem a Polônia dando início à Segunda Guerra Mundial (Nyegray, 2017). 
Figura 3 – Desempregados fazem fila para uma xícara gratuita de café em Nova 
York 
 
Fonte: MiniWeb Educação. 
 
 
08 
Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas que poderia ter sido, 
vamos imaginar por um minuto: e se, na época da Primeira e da Segunda Guerras, 
houvesse organizações internacionais capazes de utilizar do diálogo como fonte 
de resolução de controvérsias? Nesse momento, os mais atentos dirão: mas havia 
a Sociedade das Nações, fundada em 1919! De fato, havia, mas a SdN não 
contava com a participação dos Estados Unidos e de vários outros países 
(Nyegray, 2017). 
Se, à época dos conflitos mundiais, houvesse organizações internacionais 
mais fortes, talvez os acontecimentos do século XX fossem diferentes. Hoje, no 
entanto, existem várias dessas organizações, caracterizadas por possuir 
personalidade jurídica própria, “constituídas através de um Tratado, com a 
finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação 
entre seus membros” (Seitenfus, 2005, citado por Nyegray, 2017). 
A partir do final da Segunda Guerra, em 1945, e com a fundação da 
Organização das Nações Unidas, esse tipo de iniciativa internacional “populariza-
se”, e criam-se OIs especializadas – como a agência internacional da energia 
atômica – e também regionais – como a OEA, Organização dos Estados 
Americanos. Na década de 1940, junto com a ONU, surge o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), encarregado de prestar socorro financeiro aos países em 
crise e monitorar o sistema financeiro e monetário; e o Banco Mundial, 
encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa (Nyegray, 
2017). 
Figura 4 – Assinatura da Carta de São Francisco, na fundação da ONU, em 1945 
 
Fonte: ONU Brasil. 
 
 
09 
Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo 
para temas mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos 
hídricos, alimentação e mudanças climáticas; mas também como organismos 
fomentadores de pesquisas e entendimento de áreas relevantes e complexas, que 
necessitam de pareceres e estudos de especialistas. A cooperação internacional 
encontra nas organizações internacionais uma forte aliada na busca por normas 
comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços sincronizados (Nyegray, 
2017). 
TEMA 4 – EMPRESAS MULTINACIONAIS 
 Por diversas vezes no decorrer desta aula, você já se deparou com nomes 
e exemplos de grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de 
empresas que atuam em diversas áreas. Logística, navegação, finanças e tantas 
outras podem servir de exemplo. Um tipo específico de empresas com forte 
atuação internacional são as empresas multinacionais. Essas organizações 
caracterizam-se por seu tamanho, sua capacidade financeira e seus recursos e 
por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo 
(Nyegray, 2017). 
 A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do planeta. Em 
edição recente, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British 
Petroleum, Volkswagen, Toyota e várias outras empresas e marcas altamente 
conhecidas. Muitas vezes, essas grandes empresas possuem um faturamento 
anual maior do que o PIB de diversas nações, o que dá a elas grande poder de 
barganha. Por essa razão, é possível afirmar que “atividade da Empresa 
Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer trinta anos atrás. 
A globalização impulsionou os processos de internacionalização e, hoje, estas 
corporações cada vez mais se parecem com Estados independentes” (Sarfati, 
2007, citado por Nyegray, 2017). 
 Essa semelhança das empresas multinacionais com países deve-se ao seu 
porte, ao número de pessoas que empregam e aos recursos que movimentam. 
Multinacionais como “Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma parcela significativa 
de suas vendas e lucros totais, geralmente mais da metade, de operações 
transnacionais” (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 2010). Além disso, outras tantas 
grandes empresas acabam por desempenhar atividades diferentes em países 
diferentes: pesquisa e desenvolvimento no Japão e nos Estados Unidos, 
 
 
010 
suprimentos vindos da China e da Índia, manufatura no Leste Europeu ou no 
México e assim por diante. Isso é o que se chama de internacionalização da 
cadeiaprodutiva ou da cadeia de valor (Nyegray, 2017). 
 Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão dessas grandes 
empresas, alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, 
remissão de lucros ao exterior ou flexibilização de normas ambientais. Ainda com 
esses aspectos negativos, é igualmente frequente que empresas sejam 
responsabilizadas em seu país de origem por malfeitos em outras nações 
(Nyegray, 2017). 
 Assim como a globalização não é um processo recente, a 
multinacionalização de empresas também não é: 
O processo de internacionalização (na verdade, multinacionalização das 
empresas) passou a tomar um grande impulso a partir daí aceleração do 
processo de globalização, conforme discutido no capítulo passado. 
Segundo o World Investment Report 2002 produzido pela UNCTAD, o 
crescimento das EMNs é bastante significativo: em 1992 havia cerca de 
35.000 EMNs com 150.000 empresas afiliadas. Já em 2001, havia 
65.000 EMNs com 850.000 empresas afiliadas, empregando 54 milhões 
de pessoas (contra 24 milhões em 1990). (Sarfati, 2007) 
 Atualmente, com a difusão e a melhoria das tecnologias da informação, as 
empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um 
exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Trata-se de empresas 
jovens que, num curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa porcentagem 
de suas vendas do exterior – 25 ou 30% –, de dois ou três continentes diferentes. 
Essas empresas são normalmente criadas por profissionais de espírito 
empreendedor com alguma experiência internacional. Tem sido frequente o 
surgimento de empresas nascidas globais no segmento de tecnologia, que criam 
ou difundem algum tipo de inovação (Nyegray, 2017). 
TEMA 5 – CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL 
 Em relações internacionais, é comum que o profissional ingresse em 
diferentes ambientes, em diferentes países, caracterizados por diferentes culturas 
e hábitos. Consequentemente, cada um desses ambientes traz diversos padrões 
de comportamento considerados normais. Com esses comportamentos, vêm os 
hábitos do consumidor, as leis e diretrizes e uma série de outras dimensões que 
devem chamar a atenção dos profissionais de relações internacionais (Nyegray, 
2017). 
 
 
011 
 O próprio termo cultura pode ter uma acepção ampla: frequentemente se 
diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos 
conhecimentos e comportamento da pessoa. No entanto, para as relações e os 
projetos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de orientação aprendidos, 
compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua 
cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos” (Knight, 
Cavusgil, Riesenberger, 2010, citados por Nyegray, 2017). 
 Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em 
um ambiente que não seja o seu pode ser um grande insulto! A figa, por exemplo, 
que para alguns significa sorte, na Itália representa uma ofensa. Quando 
elevamos essa lógica ao mundo dos negócios, temos que tomar muito cuidado na 
hora de prospectar um produto ou elaborar um projeto: 
A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem como 
operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto e 
serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar produtos e 
embalagens levando em conta os aspectos culturais, inclusive em 
relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os 
russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul. (Knight, Cavusgil, 
Riesenberger, 2010) 
 Já imaginou se você lança um produto embalado em vermelho na África do 
Sul? A chance de sucesso diminui à medida que a cultura é desconsiderada e, 
consequentemente, aumenta à medida que a empresa se preocupa com o fator 
cultural. Essas questões chegam a manifestar um risco: o risco da gestão 
intercultural, que quando ignorado pode trazer sérias consequências aos 
envolvidos (Nyegray, 2017). 
 Da mesma forma que não precisa tornar-se amplamente versado nas 
questões legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa tornar-se 
um grande antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. Basta que, 
ao elaborar um projeto, ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire 
dos hábitos, gostos e o que pode ser considerado ou não uma ofensa (Nyegray, 
2017). 
 É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, mas 
é um comportamento aprendido. Ou seja: se você precisar ir morar noutro país, 
poderá aprender a comportar-se como seus nacionais. Todo profissional de 
relações internacionais deve também saber que nenhuma cultura é melhor ou pior 
do que a outra, mesmo porque esse tipo de comparação e afirmação não faz 
sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que considera sua cultura melhor do 
que as demais (Nyegray, 2017). 
 
 
012 
 Pense, por um instante, nas questões gastronômicas para te auxiliar a 
entender as questões culturais: aquilo que para nós é comum, como comer carne 
de porco, para os israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam 
insetos e ovos fecundados em sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer 
tanto... (Nyegray, 2017). 
FINALIZANDO 
As tecnologias da informação, que evoluíram a passos largos no decorrer 
do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras 
da distância. A sua empresa deixa de concorrer apenas com seus rivais locais e 
passa a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os 
mesmos bens. Se a concorrência aumentou, aumentaram também as 
possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como 
antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade, para as empresas e 
profissionais bem preparados, quanto uma ameaça, para aqueles que não têm 
conhecimentos na área. É por conta de todos esses fatores que podemos dizer: 
A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades de negócios 
às empresas que se internacionalizaram. Ao mesmo tempo, ela implica 
a adaptação das empresas a novos riscos e uma acirrada concorrência 
de competidores estrangeiros. A globalização resulta em compradores 
mais exigentes, que buscam as melhores ofertas de fornecedores 
mundiais. (...) Os gestores das empresariais devem, cada vez mais, 
adotar uma orientação global em vez de um foco local. (Cavusgil, Knight, 
Riesenberger, 2010) 
A globalização agiu, então, como padronizadora de estilos de vida em 
muitos lugares, gerando convergência de gostos e preferências semelhantes. 
Enquanto isso, os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença 
é que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações 
internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Hoje 
em dia, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também 
ganharam voz. 
Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos 
países hospedeiros. Nesse caso, pode haver leis e normas no destino que não 
existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de relações 
internacionais devem estar atentos também às condições legais impostas pelos 
Estados às empresas estrangeiras. Além das leis sobre investimento estrangeiro 
direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio 
ambiente e contratos. Por fim, existe uma série de riscos que os Estados podem 
 
 
013 
apresentar aos empreendimentos internacionais. O risco-país, por exemplo, tenta 
alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. 
A partir do final da Segunda Guerra, em 1945, e com a fundação da 
Organização das Nações Unidas, outro tipo de participante ator das relações 
internacionais surge: as organizações internacionais. A partir de então, esse tipo 
de iniciativa internacional “populariza-se”, e criam-se OIs especializadas – como 
a agência internacional da energia atômica – e também regionais– como a OEA, 
Organização dos Estados Americanos, participantes ativos do cenário 
internacional de negócios. 
Além das organizações internacionais, há tipo específico de empresas com 
forte atuação internacional: as empresas multinacionais. Essas organizações 
caracterizam-se por seu tamanho, sua capacidade financeira e seus recursos e 
por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo. 
Além da existência de diversos países, empresas e organizações internacionais, 
o cenário internacional de negócios tem como um de seus principais panos de 
fundo uma série de culturas nacionais, às quais os profissionais que atuam 
internacionalmente devem prestar atenção para garantir o sucesso de seus 
empreendimentos no exterior (Nyegray, 2017). 
 
 
 
014 
REFERÊNCIAS 
AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 
1850 a 2007. In: Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais – 
estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. 
CONSELHO DE SEGURANÇA – UNAMA. Disponível em: 
<https://csunama.wordpress.com/>. Acesso em: 12 fev. 2018. 
DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão 
internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Org.). Gestão internacional. São 
Paulo: Saraiva, 2006. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. 
HOBSBAWM, E. A era dos extremos – o breve século XX. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2005. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
MINIWEB EDUCAÇÃO. A crise de 1929 e a grande depressão. Disponível em: 
<www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_contemporanea/crise_29.html?codigo=3
1>. Acesso em: 12 fev. 2018. 
NYEGRAY, J. A. Projetos internacionais – elaboração, análise e a construção 
das relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: InterSaberes, 
2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720853>. 
Acesso em: 12 fev. 2018. 
NYEGRAY, J. A. Negócios internacionais. Curitiba: Uninter, 2017. 
ONU BRASIL. Disponível em: <nacoesunidas.org>. Acesso em: 12 fev. 2018. 
SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações 
internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. 
SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: 
Livraria e Editora do Advogado, 2005. 
 
 
 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPACTOS LEGAIS DA 
GLOBALIZAÇÃO NA GESTÃO DE 
PESSOAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Você já se perguntou de onde vem a riqueza das nações? Países 
prósperos como da América do Norte ou Europa, ou ainda países que têm 
crescido fortemente como China e Índia, qual será o motor de crescimento 
desses países todos? Obviamente que essa não é uma resposta fácil. Educação 
de qualidade, facilidade para empreender e fazer negócios e capacidade das 
empresas em inovar e gerar novos produtos e oportunidades sem dúvida pesam 
bastante na resposta a essa questão. 
No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de rua 
ou dos grandes shoppings, mas o comércio internacional, que é, sem dúvida, um 
dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países como China e 
Índia. Nesses locais, fabricam-se diversos bens, alguns com matéria-prima 
importada, os quais depois são exportados para todo o mundo. 
Ao se analisar essa questão, percebe-se que o crescimento do comércio 
internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das 
nações. No entanto, não só mercadorias podem ser comercializadas: os serviços 
também! Todas essas trocas são compreendidas pelas relações econômicas 
internacionais, as quais veremos adiante! 
CONTEXTUALIZANDO 
 Se as relações econômicas internacionais são parte importante do 
desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e 
governos – participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através 
de operações de comércio seja através de incentivo – têm papel fundamental. 
Mas, afinal, por qual motivo as nações comercializam? Será que é apenas para 
vender e lucrar? Veja o trecho a seguir: 
O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais 
eficiente por meio da especialização. O comércio permite a indústrias e operários 
serem mais produtivos. O comércio também permite às nações atingirem 
padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de muitos produtos de 
uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a maioria delas ficaria 
impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até 
as economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem 
comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só poderiam ser 
obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As 
fontes de energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos parariam de 
rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as pessoas não poderiam 
aquecer seus lares no inverno. Em suma, não se trata somente de nações, 
empresas e cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna 
é praticamente impossível sem ele (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 
 
 
03 
 E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem a 
seguir: 
Figura 1 – Xangai em1990 (à esquerda) e em 2010 (à direita) 
 
Fonte: Helm (2012). 
Essa imagem mostra a cidade chinesa de Xangai em 1990 (á esquerda) e 
depois em 2010 (à direita). Que mudança radical, não é mesmo? O que houve 
nesse curto espaço de tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do 
empreendedor e dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas 
exportações de produtos ou serviços, mas também nos serviços financeiros e na 
atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é? 
TEMA 1 – COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS 
 Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e empresas 
mais eficientes, será que isso tudo acontece apenas por meio das exportações? 
Não! Existe uma série de outras atividades que podem ser desempenhadas 
pelas empresas além das exportações. A cada uma dessas atividades ou 
operações corresponde um risco, que pode ser maior ou menor. É por essa 
questão do risco que as exportações são consideradas um primeiro passo na 
caminhada internacional das empresas. 
 Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a 
empresa exportadora, além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os 
mercados nos quais essa empresa está entrando. Aos poucos a empresa 
exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito das preferências e hábitos 
de consumidores de uma determinada localidade, o que permite que ela passe a 
oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo vale 
para as importações: aos poucos, uma determinada organização pode importar 
produtos para comercializar em seu país. Se o produto for aprovado pelo 
 
 
04 
mercado interno, as importações podem ser aumentadas tanto em sua 
frequência quanto na quantidade de produtos. 
 Por permitirem um envolvimento gradual, consideram-se as exportações 
ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E 
há vida além das exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade 
intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de 
produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas em 
mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o licenciamento 
da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo. 
Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer outro 
estúdio pode licenciar a produçãode itens de seus personagens a empresas 
fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam 
mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da empresa 
licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale também 
para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a fabricação de 
seus itens para empresas de outros países. 
 Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como 
alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem 
para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por 
exemplo: a Portugal Telecom uniu-se à empresa espanhola Telefónica para 
atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba como a cada uma 
dessas transações corresponde um risco: os riscos das exportações e 
importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e joint 
ventures. 
 No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado investimento 
estrangeiro direto ou investimento direto estrangeiro. É o caso de uma empresa 
que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma 
fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente o iniciar operações 
no destino. Um exemplo possível é o das montadoras de automóveis: essas 
organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir um 
terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e contratar pessoas aqui no 
Brasil. É por isso que essa modalidade se chama investimento estrangeiro 
direto. 
 
 
 
05 
TEMA 2 – NEGÓCIOS INTERNACIONAIS E COMPETITIVIDADE 
 Anteriormente, vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre 
vários fatores, à sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas, 
então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? 
Qualquer nação exportadora trará oportunidades para os estudantes de relações 
internacionais? Infelizmente não! Vamos utilizar um país do Oriente Médio 
qualquer: esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, 
importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de 
vida. Normalmente, isso acontece, pois essa nação pode exportar muito 
petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmente pequena, para 
atender sua pequena população. Nesse caso, apenas alguns poucos se 
beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. 
 É por isso que precisamos falar sobre competitividade!! Competitividade 
liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir e 
vender de forma melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é 
um país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que 
produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” 
(Sensagent, S.d). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a 
população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e 
desenvolvimento de uma forma geral. 
Tabela 1 – Países mais exportadores e países mais competitivos 
Maiores exportadores Mais competitivos 
China Suíça 
Estados Unidos Estados Unidos 
Alemanha Cingapura 
Japão Alemanha 
Holanda Holanda 
França Japão 
Coréia do Sul Hong Kong 
Reino Unido Finlândia 
Hong Kong Suécia 
Itália Reino Unido 
 
 
 
 
 
 
06 
Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. 
Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições e atualmente está atrás 
até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da 
Organização Mundial do Comércio (OMC) dos maiores exportadores. Quando 
consideramos a posição brasileira, no 25º lugar, percebemos em nossa frente 
muitos países territorialmente menores e com menores parques industriais, 
como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, essas nações estão na nossa 
frente. Veja a Tabela 1 e compare os maiores exportadores com os países mais 
competitivos. Você consegue perceber como as coisas se relacionam? 
 Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas 
importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como 
consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais 
inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro 
lado, quanto mais o governo travar as importações e criar empecilhos ao 
comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem 
sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajarão 
em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde 
oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. 
 Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças à sua dedicação às 
relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década 
de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Através de 
incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade 
privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura hoje 
tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e União Europeia. 
Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização de 
suas empresas, com impostos baixos e zero tributos sobre as operações de 
importação ou exportação. Será que o Brasil poderia seguir esse exemplo? 
TEMA 3 – COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS 
 Até aqui entendemos como o comércio e as transações econômicas 
internacionais são parte importante da riqueza das nações. Vimos também que 
muitas das nações mais competitivas são também grandes exportadoras. Essa 
semelhança é natural, uma vez que, ao comprometer-se com o comércio exterior 
e com as transações internacionais, uma determinada nação deve sempre 
 
 
07 
preocupar-se com inovação e aprimoramento, para sempre estar um passo à 
frente de seus concorrentes. 
 Surge aqui a necessidade de um questionamento: as transações 
internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de 
serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas 
internacionais! Vamos pensar nos transportes, que carregam cargas por todo o 
mundo. O transporte, em si, é um bem? Não, é um serviço! O mesmo vale para 
as transações financeiras. São serviços, e não bens que podem ser 
encaixotados, colocados num container, depois num navio, e depois enviados ao 
exterior. E não são só os serviços financeiros ou de transporte que importam 
aqui: 
Serviços como hospedagem e varejo tornam-se cada vez mais 
internacionais. Nas economias mais avançadas, as empresas 
prestadoras de serviços respondem por uma participação maior do 
investimento direto estrangeiro (IDE) do que as manufatureiras. Os 
serviços face a face colocam seus fornecedores em contato direto com 
clientes estrangeiros por meio de transações além das fronteiras 
nacionais. Entre esses provedores estão arquitetos, consultores e 
advogados. Os serviços baseados em ativos são aqueles em que 
alguém se oferece para estabelecer uma instalação física no exterior, 
tais como bancos, restaurantes e lojas (Cavustil; Knight; Riesenberger, 
2010) 
 Temos, então, dois tipos de serviços: aqueles com base em ativos e 
aqueles com base em um determinado atendimento. E qual é a principal 
diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos 
serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no 
momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso, muitas vezes é 
difícil quantificá-los. E existe ainda outra questão crítica em relação aos serviços: 
muitas vezes um produtor do país consumidor pode produzi-lo: 
Há, ainda, a situação em que o produtor internacional do serviço permite 
que algum produtor do país consumidor produza o serviço em questão. 
Para que isso ocorra é necessário que o produtor nacional adquira ativos 
específicos à propriedade do produtor internacional, ativos estes que são 
necessários para a produção do serviço. Um exemploevidente é o caso 
das franquias (por exemplo, fastfood, vestuário). Neste caso, a 
transferência de ativos ocorre por meio de relações contratuais 
(Gonçalves, 2016). 
 Você sem dúvida já consumiu algo que se originou numa transferência 
internacional de serviços, em qualquer uma das franquias existentes. É 
importante que os profissionais de relações internacionais tenham em mente que 
o comércio internacional de serviços pode ser uma fonte de oportunidades. O 
 
 
08 
fato de o serviço ser imaterial facilita sua transação e prestação, uma vez que 
não é preciso se preocupar com trâmites aduaneiros ou logísticos. 
 Sabendo dessas possibilidades, o Ministério do Desenvolvimento, 
Indústria e Comércio exterior criou o Siscoserv, o Sistema Integrado de 
Comércio Exterior de Serviços e Intangíveis, que permite registrar as operações 
internacionais desses tipos. 
TEMA 4 – COMÉRCIO EXTERIOR E PROJETOS INTERNACIONAIS 
 Anteriormente vimos algumas formas de transações internacionais, que 
variam conforme seu risco e recursos comprometidos. A mais simples das 
transações internacionais são as exportações. Por outro lado, a transação mais 
arriscada e de maior comprometimento de recursos é o investimento estrangeiro 
direto ou investimento direto no exterior. 
 Independentemente de qual seja a forma escolhida por uma determinada 
empresa, essa organização dificilmente começará a transação sem um plano de 
ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades 
internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas 
desejam chegar. A visão pode ser: obter um percentual do faturamento do 
exterior, tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-se menos 
dependente do mercado interno em “xis por cento”. A partir do momento em que 
uma determinada empresa tem uma visão de futuro, pode-se traçar uma 
estratégia para alcançar essa visão. 
 É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os 
projetos internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu uma 
determinada estratégia. Ainda que a empresa esteja iniciando suas atividades 
internacionais pela forma mais básica, na exportação, esse início de atividade 
parte de um projeto. Ou seja, a definição do que fazer primeiro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
09 
Figura 2 – Definição do que fazer primeiro 
 
 Mas, afinal, como uma empresa inicia sua atuação internacional? 
Depende de uma série de fatores!! Às vezes a empresa busca importar algum 
insumo para baratear o custo do produto final. Outras vezes, a empresa quer 
exportar para, por exemplo, depender menos do mercado interno. Tudo depende 
da empresa e do produto ou serviço. Apenas depois de entender a motivação da 
empresa é que se pode partir para a seleção do mercado de atuação: 
A seleção dos mercados para onde expandir as operações é 
determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível interno, 
são aspectos como a capacidade de adaptar o produto (se necessário), 
a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos, a experiência prévia 
nesses mercados, a existência de contatos com clientes ou distribuidores 
locais e mesmo eventuais vantagens competitivas de que a empresa 
dispõe e lhe permitem competir melhor, quer com as empresas locais 
quer com outras empresas estrangeiras já instaladas. No plano dos 
fatores externos, é indispensável analisar questões como a dimensão 
atual (e potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas 
governamentais, as barreiras ao comércio e ao investimento, as 
evoluções socioculturais, as políticas de incentivos governamentais ao 
investimento estrangeiro, entre outras” (Ferreira; Reis; Serra, 2011) 
 É o entendimento desses fatores todos que permite o delineamento da 
estratégia para o início do projeto internacional. Digamos que uma determinada 
empresa queira efetuar sua primeira exportação. Nesse caso, o indicado é 
buscar onde há demanda para o produto fabricado ou serviço prestado. Pode-se 
também buscar feiras internacionais que os diretores e gerentes possam visitar. 
Outra possibilidade é participar de rodadas de negócio promovidas pelas 
federações da indústria de cada um dos estados. E se a empresa quiser, por 
outro lado, importar algum insumo para baratear o produto final? Nesse caso, 
deve-se buscar fornecedores desse insumo. Novamente, existe a possibilidade 
de buscar feiras internacionais ou, então, contatar diretamente fábricas no 
exterior. 
• Buscar clientes?
• Buscar fornecedores?
• Participar de eventos 
internacionais?
Atuação 
Internacional
010 
Perceba: não há uma resposta pronta sobre como as organizações 
iniciam suas atividades internacionais: as respostas variam caso a caso. Os 
projetos servem para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma 
de entrada. 
TEMA 5 - VISÃO ESTRATÉGICA
O crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do 
crescimento e do desenvolvimento das nações. O comércio internacional, uma 
das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e 
trabalhadores, o que causa uma redução de preços de produtos de uso diário, 
visto que se aumenta a oferta. Com isso, nós, consumidores, saímos ganhando, 
pois aumenta o nosso acesso a uma série de bens. 
Por permitirem um envolvimento gradual, consideram-se as exportações 
ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. O 
licenciamento de propriedade intelectual é outra possibilidade de envolvimento 
internacional, mas, nesse caso, com maior risco. Uma outra forma de 
envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São 
casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos 
de entrar num mercado diferente do seu. No entanto, o maior risco manifesta-se 
através do chamado investimento estrangeiro direto ou investimento direto 
estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro 
para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, 
adquirir um concorrente ou iniciar operações no destino. 
Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas 
importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como 
consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais 
inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro 
lado, quanto mais o governo travar as importações, cria empecilhos ao comércio 
exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com 
muitos órgãos intervenientes –, menos as empresas se engajarão em atividades 
internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de 
crescimento, desenvolvimento e exportação. 
Mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de 
bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das 
economias, mas também das trocas internacionais! Existem dois tipos de 
 
 
011 
serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado 
atendimento. E qual é a principal diferença entre o comércio de serviços e o de 
bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os 
serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são 
imateriais. Por isso muitas vezes é difícil quantificá-los. 
 Independentemente de qual seja a forma escolhida pela empresa para 
iniciar seu envolvimento internacional, essa organização dificilmente começará a 
transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente 
iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, 
buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser obter um 
percentual do faturamento do exterior, tornar-se líder de mercado num outro país 
ou tornar-se menos dependente do mercado interno em “xis por cento”. A partir 
do momento em que uma determinada empresa tem uma visão de futuro, pode-
se traçar uma estratégiapara alcançar essa visão. 
 É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os 
empreendimentos internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu 
uma determinada estratégia. Os projetos servem, nesse caso, para ajudar as 
empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada. 
 
 
 
 
 
012 
REFERÊNCIAS 
AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 
1850 a 2007. In: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 
2009. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais 
– estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010. 
COMPETITIVIDADE. Sensagent. Disponível em: <http://dicionario.sensagent.co
m/competitividade/pt-pt/>. Acesso em: 5 mar. 2018. 
DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão 
internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs.). Gestão internacional. 
São Paulo: Saraiva, 2006. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel: 2011. 
GONÇALVES, R. Economia política internacional – fundamentos teóricos e as 
relações internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
HELM, J. A vertiginosa transformação de Xangai. Archdaily, 22 jan. 2012. 
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-24275/a-vertiginosa-
transformacao-de-xangai>. Acesso em: 5 mar. 2018. 
HOBSBAWM, E. Era dos extremos – O breve século XX. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2005. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
NYEGRAY, J. A. Projetos internacionais – elaboração, análise e construção 
das relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: Intersaberes, 
2016. 
SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações 
internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. 
SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: 
Livraria e Editora do Advogado, 2005. 
 
AULA 3 
IMPACTOS LEGAIS DA 
GLOBALIZAÇÃO NA 
GESTÃO DE PESSOAS
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
“Pare por um momento e olhe à sua volta. Quantos dos produtos que te 
cercam vieram de fora do país? Você faz ideia? Possivelmente, muitos deles! 
Agora, pense por um momento na sua última ida a um shopping center. Quantas 
das lojas que você viu, ou até mesmo nas quais comprou, são do exterior, e não 
aqui do Brasil? Novamente: muitas! Empresas de todos os tipos, comercializando 
vários tipos de bens, vêm dos mais diversos locais. E sabe o que essas 
organizações buscam? Nós, consumidores! 
“Em algum momento de sua trajetória, essas várias lojas ou marcas do 
exterior olharam para o mercado brasileiro e viram em nosso país uma 
oportunidade de negócios. A partir de então, essas redes organizaram suas 
estratégias para abrir filiais em nosso país. Muitas delas, como o McDonalds, 
chegaram ao país há algumas décadas. Outras, por outro lado, chegaram 
recentemente. 
“Na aula anterior, você viu as diversas formas possíveis de envolvimento 
econômico internacional: importação, exportação, franquias, joint ventures e 
outras. Nesta aula, você verá de forma mais detalhada como a internacionalização 
de empresas acontece, para que nós, consumidores, tenhamos acesso a tantas 
marcas e produtos diferentes” (Nyegray, 2017). 
CONTEXTUALIZANDO 
“Anteriormente, você aprendeu a respeito da composição do ambiente 
internacional de negócios, e também sobre as relações econômicas internacionais. 
Vimos que boa parte da riqueza das nações provém de sua inserção ativa no 
cenário internacional de comércio. Na primeira aula, vimos também sobre as 
empresas multinacionais, que são aquelas que contam com a matriz em um país e 
suas filiais espalhadas pelo mundo. 
“Agora, pensemos por um instante: Você tem uma loja ou uma indústria que 
vende seus produtos aqui no Brasil. Como fazer para vender também em outros 
países? Como escolher um mercado para iniciar as atividades internacionais? As 
respostas a essas e a outras perguntas são dadas pelas teorias de 
internacionalização de empresas, sendo que cada uma delas adota uma 
abordagem diferente, por basear-se em casos diferentes. 
 
 
03 
“Obviamente existem no mundo centenas de milhares de empresas 
diferentes, com características diferentes, funcionários diferentes, forças e 
fraquezas diferentes. Ainda assim, ao estudarmos a internacionalização, podemos 
perceber que existem alguns traços comuns aplicáveis a uma imensa gama de 
organizações. É isso o que veremos a partir daqui!” (Nyegray, 2017). 
TEMA 1 – INTERNACIONALIZAÇÃO 
“Na aula anterior, você viu diversos modos de entrada e operação em 
mercados internacionais, desde exportação até investimento estrangeiro direto. 
Essas e as demais modalidades de envolvimento internacional são formas pelas 
quais a internacionalização acontece. Cada uma dessas formas de 
internacionalizar pode corresponder a uma determinada necessidade ou a um 
interesse específico da empresa que está buscando mercados estrangeiros” 
(Nyegray, 2017). 
Figura 1 – Como as várias formas de envolvimento internacional da empresa são 
também formas de internacionalização 
 
Fonte: Nyegray (2017). 
Mas, afinal, se exportações, joint ventures e investimento estrangeiro direto 
são formas de internacionalização, o que é a internacionalização em si? A 
internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. Uma primeira 
definição pode ser: “O movimento de indivíduos e empresas para operações 
internacionais” (Welch, Loustarinen, 1988). Outra definição possível é: “A 
INTERNACIONALIZAÇÃO
Investimento 
Estrangeiro
Exportações
Joint Ventures
 
 
04 
transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando 
métodos diretos e indiretos” (Leonidou, Katsikeas, 1996). 
Uma terceira definição seria: “O processo através do qual as empresas 
aumentam sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das 
transações internacionais em seu futuro e, por isso, passam a estabelecer e a 
conduzir operações e transações com empresas de outros países” (Beamish, 
Morisson, 2002). Essa definição é interessante, pois trata da internacionalização 
como algo natural para o futuro e para o crescimento das empresas. 
A essas três definições podem somar-se várias outras que, de alguma 
maneira, descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo por 
meio do qual as empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É 
interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, 
uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, 
mas abrange diversas fases. 
Existem também outros autores que percebem na internacionalização um 
processo empreendedor: com essa visão, a busca por mercados internacionais 
viria de uma característica comportamental do empresário, e não de motivações 
econômicas ou políticas. As motivações que levam empresas e empresários a 
buscarem o mercado internacional são alvo das teorias da internacionalização, 
vistas no próximo tema. 
TEMA 2 – TEORIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO 
“Agora que você já entendeu o que é a internacionalização, resta outra 
pergunta: Como e por que as empresas internacionalizam? Essa pergunta busca 
ser respondida pelas teorias de internacionalização, que estudam casos e 
empresas diversas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita 
pelo estadunidense Raymond Vernon, em 1966. Observando os Estados Unidos 
da época, Vernon percebeu que, em seu país, abundavam produtos 
tecnologicamente inovadores, assim como mão de obra qualificada. Essa mão de 
obra qualificada e bem remunerada seria capaz de desenvolver cada vez mais 
produtos inovadores. Como as pessoas são bem remuneradas, têm condições de 
comprar os produtos novos. Assim, as empresasque produzissem produtos 
inovadores e de maior valor deveriam estar próximas de seus consumidores. Ou 
seja, para Vernon, apenas empresas em países desenvolvidos produziriam 
 
 
05 
produtos inovadores, e sua internacionalização se daria com vistas a que essas 
empresas estivessem próximas de seus consumidores. 
“Depois de Vernon, Buckley e Casson também se debruçam sobre a 
internacionalização em 1976 e em 1992. Os autores percebem que muitas 
empresas produzem bens únicos e inovadores, possuindo uma vantagem 
competitiva sobre os demais concorrentes. Se tal empresa quiser 
internacionalizar, ela não deverá optar por licenciar sua produção ou por efetuar 
algum tipo de parceria, pois, se o fizesse, seria obrigada a compartilhar sua 
vantagem com outra empresa que, no futuro, pode tornar-se concorrente. Por 
outro lado, produtos ou serviços mais simples, como redes de fast-food ou 
lavanderias, podem-se internacionalizar via franquias ou licenciamento, visto que 
seus produtos ou serviços não são altamente complexos e podem ser 
transferidos. 
“Mais tarde, são os professores Bruce Kogut e Udo Zander que propõem 
uma Teoria de Internacionalização. Esses autores também se pautam no 
conhecimento necessário para produzir um determinado bem como condicionante 
da internacionalização: ‘Assim, se o conhecimento a ser explorado é complexo 
demais para um licenciado ou um franqueado dominarem e explorarem a baixo 
custo num país estrangeiro, a firma tenderá a optar pela propriedade’ (Amatucci, 
2009). 
“Ainda que todas essas teorias apliquem-se em determinados contextos, a 
teoria que ganhou maior aceitação foi criada na Suécia, na Universidade de 
Uppsala, em 1977. Seus autores, Johansson e Vahlne, perceberam que, muitas 
vezes, as empresas iniciam suas atividades internacionais pelas exportações. 
Caso tenham sucesso, essas exportações, que eram esparsas, tendem a se 
tornar mais e mais frequentes, até que surge a necessidade de contratar um 
representante comercial ou um agente de vendas no país de destino. Esse 
representante ou agente se encarrega de organizar pedidos, prospectar clientes 
e impulsionar o crescimento das vendas. Se esta pessoa tiver sucesso, logo a 
empresa precisará de uma subsidiária de vendas no exterior, onde possa manter 
um pequeno estoque dos produtos mais vendidos. Por fim, chega um momento 
no qual nem mesmo a subsidiária de vendas dá conta da quantidade de pedidos, 
e essa empresa decide por instalar uma subsidiária de produção. 
“Para Johansson e Vahlne, essa lógica demonstra o envolvimento gradual 
da empresa nos negócios internacionais; conforme aumentam as vendas, 
aumenta também o conhecimento de mercado e a experiência dessa organização 
 
 
06 
no trato com clientes de outros países. De forma gráfica, a proposição da Teoria 
de Uppsala fica assim: 
Figura 2 – Teoria de Uppsala 
 
E você? De qual das teorias gostou mais?” (Nyegray, 2017). 
TEMA 3 – PORQUE INTERNACIONALIZAR? 
“Circula, nos noticiários, dados e fatos sobre a complexidade do sistema 
aduaneiro brasileiro. Nosso comércio exterior é pautado por mais de 3.500 normas 
diferentes. Sendo assim, um cenário tão complexo, muitos se questionam: Afinal, 
por que internacionalizar? Não é bem mais prático ficar como estou, focado no 
meu mercado doméstico? 
“Sem dúvida é mais prático. E é mais cômodo também. No entanto, não é 
da praticidade e da comodidade que vem o sucesso, não é mesmo? Justamente 
por isso é que, a partir desse raciocínio, começam a surgir diversas explicações 
gerenciais para a busca das empresas pela internacionalização. A mais comum 
refere-se à sazonalidade de um determinado mercado ou às crises econômicas 
nacionais. É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de 
um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores 
confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, de reduzir 
a produção e de cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter os 
empregos e a produção é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o 
mercado brasileiro está em crise, o mercado argentino pode não estar. Assim, 
vender meus produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída 
interessante. 
“Outra motivação frequente refere-se à sazonalidade nas vendas de 
determinados produtos. Por exemplo: brinquedos são mais vendidos em datas 
próximas ao Dia das Crianças e ao Natal. E chocolates e sorvetes? Chocolates 
têm seu ponto alto na Páscoa, enquanto sorvetes têm seu ponto alto nas estações 
mais quentes, como primavera e verão. Apesar de alguns de nós comerem 
chocolates e sorvetes durante todo o ano, esses produtos têm venda sazonal, ou 
seja, venda maior em certas épocas. Agora, imagine que você fabrica sorvetes. O 
que você pode fazer no outono e no inverno? Bem, nessas épocas você pode, 
 
 
07 
quem sabe, vender seus sorvetes para o Hemisfério Norte, onde será primavera 
e verão, enquanto, no Brasil e no Hemisfério Sul, for outono e inverno. 
“E quais outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas! 
Vamos imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. 
Trata-se de um público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas 
empresas brasileiras buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a 
incrementar sua produção e melhorar o resultado do produto final. Nesses locais 
– Europa e América do Norte – é comum que, pelo alto nível de exigência dos 
consumidores, as empresas ofereçam produtos diferenciados. Surge, então, outra 
resposta para a pergunta “Por que internacionalizar?”: algumas organizações 
buscam realizar parcerias com empresas europeias ou estadunidenses para 
trocar tecnologias e melhorar o seu resultado. 
“Dessa forma, ao realizar uma parceria com uma empresa do exterior, a 
empresa brasileira pode ter acesso à tecnologia, mão de obra e design 
diferenciados, o que melhorará suas chances de sucesso não só no exterior, mas 
também no Brasil. Perceba que existem diversas razões para que as empresas 
internacionalizem, e a cada qual corresponde um projeto diferente que permitirá 
que a empresa chegue aonde quer da melhor maneira. E no seu trabalho? Quais 
dessas razões justificaria melhor a internacionalização?” (Nyegray, 2017). 
TEMA 4 – MODOS DE ENTRADA E OPERAÇÃO EM MERCADOS 
INTERNACIONAIS 
“Na aula anterior, você aprendeu que existem vários possíveis modos de 
entrada num mercado estrangeiro, que vão desde exportações até investimentos 
diretos estrangeiros, passando por joint ventures, franquias e licenciamentos. A 
cada uma dessas formas corresponde um projeto diferente que deverá ser 
elaborado e executado pela empresa interessada. 
“Aqui, então, defrontamo-nos com outra questão: Agora que você já sabe 
quais são os modos de entrada no exterior, assim como já sabe o que é 
internacionalização, por qual modo de entrada optar? Essa é uma pergunta difícil 
de ser respondida. Em primeiro lugar, varia de empresa para empresa, de produto 
para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender 
a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas do cliente. Atento 
a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. 
Deve-se ter em mente também o seguinte: 
 
 
08 
Cada estratégia de entrada possui vantagens e desvantagens, 
apresentando demandas específicas sobre os recursos gerenciais 
e financeiros da empresa. De modo geral, as exportações, o 
licenciamento e a franquia exigem um nível relativamente baixo de 
comprometimento gerencial e de alocação de recursos. Por outro 
lado, o IDE e as iniciativas colaborativas com participação 
acionária necessitam de um nível mais elevado de 
comprometimento e recursos. (Knight, Cavusgil, Riesenberger, 
2010) 
“Além disso, é necessário que você cogite também outro ponto: a 
necessidade por mudanças ou adaptações no seu produto ou serviço. Essasmudanças vão desde o idioma da embalagem ou do manual do usuário até 
questões relativas à legislação do local para onde esse produto ou serviço está 
sendo exportado. Por exemplo: no Brasil, não se pode oferecer às crianças 
produtos pintados com tintas que tenham metais pesados em sua composição. 
Assim como nós, brasileiros, devemos respeitar essa regulamentação, as 
empresas estrangeiras que quiserem vender brinquedos aqui também precisarão 
respeitá-la. 
“Outros produtos, por outro lado, são padronizados, como peças para 
automóveis ou computadores. Tudo depende, como dito anteriormente, do 
produto ou serviço e do cliente. O seu projeto internacional deverá levar todos 
esses fatores em consideração e efetuar as mudanças necessárias com o mínimo 
dispêndio de recursos. Tenha em mente que a cada modo de entrada e operação 
corresponde uma estratégia e, consequentemente, um projeto: 
[...] as características específicas de um produto ou serviço, tais 
como sua composição, fragilidade, perecibilidade e razão entre 
seu valor e peso, podem afetar de modo significativo o tipo de 
estratégia de internacionalização a ser adotada. (Knight, Cavusgil, 
Riesenberger, 2010) 
“É entendendo bem a sua empresa e as expectativas do cliente que seu 
projeto tem maiores chances de sucesso. Não se esqueça de que, ao buscar 
clientes no exterior, você concorre com rivais locais, aquelas empresas do país 
de destino já bem ambientadas e acostumadas com os gostos e costumes locais. 
Por mais difíceis e trabalhosos que pareçam os projetos internacionais, quando 
conduzidos corretamente, são altamente rentáveis e nos ensinam muito” 
(Nyegray, 2017). 
 
 
 
09 
TEMA 5 – BUSCA DE OPORTUNIDADES PARA INTERNACIONALIZAR E 
GESTÃO DE PESSOAS 
“Depois de você se familiarizar com os conteúdos tratados aqui, deve estar 
se perguntando: Mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a 
minha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda 
assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às 
oportunidades, e que nos possibilitam percebê-las ou criá-las com maior 
facilidade. 
“Mas, afinal de contas, o que é uma oportunidade? ‘É uma situação na qual 
mudanças na tecnologia ou nas condições políticas, sociais e demográficas geram 
potencial para criar algo novo’ (Baron, Shane, 2013). Esse ‘algo novo’ pode ser 
um produto, um serviço ou uma nova maneira de fazer algo. Um fato gerador de 
oportunidades são as leis e mudanças políticas. Por exemplo: o novo presidente 
da Argentina retirou a proibição que impedia os meios de comunicação 
estrangeiros de atuarem no país. Isso abre uma oportunidade para meios de 
comunicação brasileiros. Outro exemplo: é proibido remanufaturar pneus no 
Brasil. No Paraguai, por outro lado, é permitido. Assim, uma empresa que 
remanufaturava no Brasil pode fazê-lo no Paraguai. 
“Outra fonte de oportunidades são novos conhecimentos. Antigamente, não 
conhecíamos os benefícios à saúde trazidos pelo goji berry. Hoje, por outro lado, 
esses benefícios são amplamente conhecidos. Assim, as empresas podem 
oferecer produtos com goji berry para vários mercados, como iogurtes, pães ou 
barras de cereais. O mesmo vale para o crescimento de uma determinada classe 
social. Hoje, em alguns lugares do mundo, a classe C está crescendo 
rapidamente, o que gera oportunidades para oferecer produtos e serviços 
destinados a esse público, conhecido como o público da ‘base da pirâmide’: 
O preço é uma parte importante da base para crescimento em 
mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram vendidos 
por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente, era 
limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00, as 
vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma 
provedora de telefones celulares, lançou sua promoção “Monsoon 
Hungama” (ou “Batalha das Monções”), que oferecia 100 minutos 
de ligações gratuitas na compra de um telefone móvel multimídia, 
com entrada de US$ 10,00 e prestações mensais de US$ 9,25, a 
empresa recebeu 1 milhão de pedidos em dez dias. (Prahalad, 
2010). 
 
 
 
010 
Figura 3 – O goji berry 
 
Fonte: <http://goo.gl/5PMCOe>. 
 
“Da mesma forma que o crescimento da classe C constitui uma 
oportunidade para negócios, o crescimento das demais classes também. Pode-se 
oferecer produtos e serviços mais caros e de maior valor agregado para as classes 
mais abastadas, por exemplo. Ser capaz de perceber essas particularidades de 
crescimento social e econômico, regulamentações políticas e novos 
conhecimentos é essencial para o profissional de relações internacionais. 
“Nesse caso, muitos ficam em dúvida: Mas eu tenho de ler todos os jornais 
do mundo para saber de todas as novidades? Claro que não! Mas você precisa 
estar atento ao mundo à sua volta para encontrar oportunidades para 
internacionalizar a sua empresa. Olhe, por exemplo, os países que mais importam 
aquilo que sua empresa fabrica ou os países mais carentes do serviço que sua 
empresa presta. Você pode começar, a partir daí, um projeto de 
internacionalização” (Nyegray, 2017). 
FINALIZANDO 
“A internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. Uma 
primeira definição pode ser: ‘O movimento de indivíduos e empresas para 
operações internacionais’ (Welch, Loustarinen, 1988). Outra definição possível é: 
‘A transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando 
métodos diretos e indiretos’ (Leonidou, Katsikeas, 1996). É interessante notar que 
a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de 
atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas 
fases. 
 
 
011 
“E por que as empresas internacionalizam? Essa pergunta busca ser 
respondida pelas teorias de internacionalização, que estudam casos e empresas 
diversas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita pelo 
estadunidense Raymond Vernon, em 1966. Depois de Vernon, os autores Buckley 
e Casson também se debruçaram sobre a internacionalização, em 1976 e 1992. 
Mais tarde, foram os professores Bruce Kogut e Udo Zander que propuseram uma 
teoria de internacionalização. Ainda que todas essas teorias se apliquem a 
determinados contextos, a teoria que ganhou maior aceitação foi criada na Suécia, 
na Universidade de Uppsala, em 1977. 
“E por que internacionalizar? É frequente que crises econômicas afetem 
diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de 
crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a 
necessidade de demitir, de reduzir a produção e de cortar gastos. No entanto, uma 
alternativa viável para manter os empregos e a produção é a busca por outros 
mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o mercado 
argentino pode não estar. Assim, vender meus produtos ou serviços em outros 
países pode ser uma saída interessante. 
“E quais outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas! Vamos 
imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. Trata-se 
de um público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas 
brasileiras buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a incrementar 
sua produção e a melhorar o resultado do produto final. 
“Agora que você já sabe quais são os modos de entrada no exterior, assim 
como já sabe o que é internacionalização, por qual modo de entrada optar? Essa é 
uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, varia de empresa para 
empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, 
você deve entender a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas 
do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à 
sua situação. 
“Depois de se familiarizar com os conteúdos tratados aqui, você deve estar 
se perguntando: Mas como encontrar oportunidades para internacionalizar aminha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda 
assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às 
oportunidades, e que nos permitem percebê-las ou criá-las com maior facilidade. 
Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Outra fonte 
de oportunidades são novos conhecimentos” (Nyegray, 2017). 
 
 
012 
REFERÊNCIAS 
AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – 
de 1850 a 2007. In: Internacionalização de empresas. São Paulo: Editora Atlas, 
2009. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais – 
estratégia, gestão e novas realidades. Pearson: São Paulo, 2010. 
DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão 
internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs.). Gestão Internacional. 
São Paulo: Saraiva, 2006. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lidel: Lisboa, 2011. 
HOBSBAWM, E. Era dos extremos – o breve século XX. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2005. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
NYEGRAY, J. A. Projetos Internacionais – elaboração, análise e construção das 
relações econômicas internacionais da empresa. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/978855
9720853>. Acesso: 2 fev. 2018. 
SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações 
internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. 
SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: 
Livraria e Editora do Advogado, 2005. 
AULA 4 
IMPACTOS LEGAIS DA 
GLOBALIZAÇÃO NA 
GESTÃO DEPESSOAS
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
“O mundo já foi dividido em dois blocos: o bloco capitalista, liderado pelos 
Estados Unidos, e o bloco comunista, capitaneado pela União Soviética. Depois, 
veio o G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo; mais 
recentemente, o G20, ou grupo dos 20 países mais industrializados. Essas 
diferentes divisões nos mostram como, num curto espaço de tempo, a 
complexidade do cenário internacional aumentou, e as classificações passaram a 
durar pouco tempo. 
“Em torno de 2003, surgiu o termo ‘Brics’ para designar o grupo formado 
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; depois, veio o termo ‘países 
emergentes’. Desde então, tem-se tentado, através de uma sigla ou de um 
acrônimo, adivinhar quais serão os próximos motores globais de crescimento 
econômico para os quais grandes investidores apontarão suas fortunas e apostas. 
Essa análise, contudo, não é fácil, pois o mundo tem se mostrado cada vez mais 
complexo e intrincado. 
Se antes apenas sete países respondiam pela maior parte da 
industrialização mundial, hoje esses sete dependem diretamente de pelo menos 
outros treze, numa economia global cada vez mais interdependente” (Nyegray, 
2017). 
CONTEXTUALIZANDO 
“Em 1929, estima-se que a notícia sobre a quebra da Bolsa de Nova York 
levou cerca de uma semana até chegar ao Brasil. No entanto, pouco menos de 
80 anos depois, aquela cidade foi novamente palco de um acontecimento que 
chocou o mundo: os ataques terroristas de 11 de setembro. Em quanto tempo 
você ficou sabendo do atentado? Quanto tempo levou para que você soubesse 
daqueles atos estarrecedores que chocaram o mundo? Dois dias? Cinco dias? 
Não! Soubemos todos de imediato! 
“Tendo em mente tais informações, pense por um instante: Será que hoje 
as distâncias ainda importam? Veja as crises econômicas: Quanto tempo leva até 
que elas se alastrem globalmente? Em 2008, o mundo viveu uma nova crise. 
Iniciada nos Estados Unidos, a bolha imobiliária afetou o mundo todo. 
Consequentemente, oportunidades de negócio foram perdidas. 
 
 
03 
Figura 1 – Os gráficos mostram o desempenho da Bolsa de Valores de Nova York 
e de São Paulo antes e depois da crise de 2008. Como algo que se inicia nos 
Estados Unidos afeta tanto o Brasil? 
 
Fonte: <goo.gl/VgV86j> e <goo.gl/HMg8lE>. 
“Você consegue imaginar como tais crises econômicas originadas no 
exterior alastram-se tão facilmente? Esse é um dos temas dessa aula” (Nyegray, 
2017). 
TEMA 1 – PAÍSES EMERGENTES 
“Sem dúvida, nos últimos tempos, os chamados ‘países emergentes’ têm 
estado muito presentes nos noticiários internacionais. Após o fim da Guerra Fria, 
a antiga nomenclatura de 1º, 2º e 3º mundos deixa de ser utilizada. Em seu lugar, 
surgem outras formas de dividir os países; no entanto, nenhuma fez tanto sentido 
quanto ‘países emergentes’ ou ‘países em desenvolvimento’, termo que abrange 
um grupo de nações que tem se destacado pela sua capacidade de reorganização 
política, econômica, legal e industrial, e que tem conquistado mercados com 
empresas cada vez mais competitivas. Com o final da União Soviética, falava-se 
em G7, grupo que concentrava os sete países mais industrializados do mundo. 
Depois, passou-se a falar em G8, que era o G7 mais a Rússia. Atualmente, esses 
países não são mais os únicos industrializados, ainda que sejam muito 
importantes. A industrialização, mesmo que de forma tardia, passa a acontecer 
de forma rápida em várias nações, hoje conhecidas como ‘emergentes’. 
“Esses países foram aqueles que, em boa parte do século XX, estiveram 
ou sob ditaduras militares – como Brasil, Argentina e Chile – ou flertaram com o 
comunismo, e – com o final dessa ilusão – foram obrigados a se reorganizar. 
Vejamos o caso russo: com o final da União Soviética, todo o sistema legislativo 
 
 
04 
estava defasado: não havia garantia de propriedade de nada, o papel do Estado 
era gigante e não se podia empreender. Para que esse país pudesse crescer, 
suas instituições precisavam ser adaptadas à nova realidade. Assim, a Rússia 
buscou se reorganizar. Foram criados marcos regulatórios para diversos setores, 
o sistema tributário foi reformado e se garantiu não só a propriedade privada como 
também a possibilidade de criar empresas e contratar pessoas. O resultado foi 
que, num período de menos de 10 anos, a classe média pulou de 5 para 55 
milhões de pessoas, enquanto o salário mínimo saiu de 60 para 540 dólares 
(Agtmael, 2008). 
“E hoje, quem são os países emergentes? São vários, e existem várias 
siglas disponíveis. Uma das siglas mais famosas é a dos Brics – Brasil, Rússia, 
China e Índia, que, mais tarde, recebeu o ‘S’ de África do Sul. Embora esses 
países sejam de fato muito importantes no cenário internacional, dentro dos Brics, 
a China e a Índia se destacam. Ambos os países possuem culturas milenares e 
populações bilionárias. A quantidade de habitantes fomenta um mercado interno 
muito grande e, ao mesmo tempo, recheado de desafios: sistemas de saúde, 
previdência e educação nem sempre podem ser universais atendendo a todos. 
Figura 2 – Alguns países emergentes destacados em azul 
 
Fonte: goo.gl/wfJ6I9. 
Figura 3 – Distribuição geográfica das 100 multinacionais emergentes 
 
Fonte: <goo.gl/IEgKFt>. 
 
 
05 
 “Estima-se que, até 2050, a China tome a dianteira mundial em termos de 
PIB, tendo seu somatório de riquezas em torno do dobro do PIB estadunidense. 
Para aqueles que se espantam com os dados do crescimento chinês, basta olhar 
para a história desse país: ‘Em 18 dos últimos 20 séculos, a China foi a nação 
mais rica do mundo. Até o século XVIII, os chineses eram responsáveis por cerca 
de 30% do PIB mundial’ (Kissinger, 2014). 
“Além dessas nações, existem várias outras com as quais você tem 
grandes chances de negociar: Argentina, Chile, Peru, Polônia, Hungria, Vietnã, 
Malásia, Filipinas, Camboja, Tailândia, Nigéria, Turquia e Coreia do Sul são 
apenas algumas. Basta que você dê uma olhada nas chamadas ‘Reuniões do 
G20’, que envolvem o grupo das 20 nações mais industrializadas do mundo. Você

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