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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR
Sistema de Ensino A DISTÂNCIA
CIÊNCIAS BIOLÓGICASJACIARA FEHLBERG CALVI
implantação de jardim didático na escola
PROJETO DE ENSINO
EM CIÊNCIAS bIOLÓGICAS
Cidade
2020
Cidade
2020
Altamira-PA
2020
jaciara fehlberg calvi
implantação de jardim didático na escola
PROJETO DE ENSINO
EM ciências biológicas
Projeto de Ensino apresentado à Unopar, como requisito parcial à conclusão do Curso de Ciências Biológicas.
Docente supervisor: Prof. Mirela Ramos Moimaz Helbel.
Altamira-PA
2020
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
1	TEMA	4
2	JUSTIFICATIVA	6
3	PARTICIPANTES	8
4	OBJETIVOS	9
5	PROBLEMATIZAÇÃO	10
6	REFERENCIAL TEÓRICO	12
7	METODOLOGIA	17
8	CRONOGRAMA	18
9	RECURSOS	19
10	AVALIAÇÃO	20
CONSIDERAÇÕES FINAIS	21
REFERÊNCIAS	22
INTRODUÇÃO
As modalidades didáticas se constituem em estratégias de ensino-aprendizagem. A escolha de uma modalidade didática depende de alguns fatores tais como: objetivos selecionados, conteúdos, recursos disponíveis, tempo e convicção do professor.
Tendo em vista a atual dificuldade para ministrar o conteúdo de Botânica no ensino médio de forma que os alunos o absorvam satisfatoriamente, diversos autores recomendam que sejam utilizadas propostas didáticas diferenciadas como forma de aprendizado e fixação do conteúdo. Neste sentido, a implantação de um jardim didático, por exemplo, constitui-se como um importante recurso para despertar o interesse do aluno. Este trabalho revelou que as propostas didáticas diferenciadas desempenham papel importante no desenvolvimento e na construção do conhecimento dos alunos e, sobretudo, destacou-se a necessidade de uma escolha criteriosa da metodologia empregada nas aulas de Botânica.
O Projeto Jardim Didático é uma abordagem inovadora que transforma o pátio escolar numa sala de aula interativa, ao ar livre, possibilitando aos professores e alunos o contato direto e prazeroso com a natureza, preparando jovens para uma vida sustentável e formando educadores pioneiros em práticas eco educadoras.
7
TEMA 
 Os jardins didáticos, como espaço não formal, tornam o ensino de Botânica mais interessante, especialmente para os alunos com deficiência visual, devido ao seu caráter sensorial. Pensando nisso, foi criado este projeto para implantação do Jardim Didático no Colégio Estadual de Ensino Médio Brasil Novo.
O tema escolhido está enquadrado na segunda competência específica da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias no Ensino Médio, apresentado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Seguindo a habilidade EM13CNT206 que impõe discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta.
 Jardins didáticos, saídas de campo, visitação a museus, a parques etc. contribuem de maneira significativa para o ensino em geral e a formação do indivíduo. Considerando “Jardins Didáticos” e “Ensino de Biologia”, a relevância se dá na oportunidade que os alunos têm de se aproximar do mundo vivo, representado pelas plantas e microrganismos do solo e da água e por permitir uma troca de conhecimentos e experiências entre todos os participantes, o que envolve os docentes, os alunos e os monitores do local visitado. Dessa forma, o uso de espaços não formais para o ensino, como os jardins, promove o desenvolvimento das potencialidades dos educandos, incluindo alunos que apresentam necessidades educacionais especiais relacionadas à deficiência visual ou qualquer outra necessidade. Os conteúdos de Biologia relacionados à Botânica, Zoologia, Ecologia, Física e Química da Educação Básica podem ser trabalhados de forma integrada e prática durante uma visitação a um jardim didático, onde é possível aos alunos conhecerem ou reconhecerem algumas espécies com as quais já tiveram contato prévio por algum motivo. Além disso, podem ser enfatizados alguns aspectos da estrutura e especializações das plantas que as relacionam com o ambiente, como por exemplo, as diferentes formas e odores das flores e sua atração aos diferentes polinizadores; o uso de algumas plantas na alimentação e a extração de óleos vegetais para, por exemplo, a fabricação de perfumes. É importante mencionar que uma visita a um jardim didático para ensino de Biologia é relevante para qualquer educando e educador. 
 A construção de um jardim didático pode ser muito simples ou muito complexa, dependendo das condições locais de infraestrutura e dos objetivos deste jardim. O envolvimento de diferentes pessoas e ideias, fez com que elaborássemos atividades com diferentes temas e também com adaptações necessárias para visitantes com deficiência visual. Voltando aos procedimentos necessários para a criação do jardim, o primeiro deles é a definição do local e o tamanho deste jardim. É importante, primeiramente, ao vislumbrar uma área dentro de uma escola, universidade ou qualquer outra instituição, que seja solicitada autorização para uso da área às pessoas que administram o espaço. Além disso, o acesso a essa área deve ser fácil e seguro. O segundo procedimento é averiguar a profundidade da área ou dos canteiros, já que as raízes das plantas terão que ter espaço para se desenvolverem. Em seguida, preparar a terra. É recomendável pensar nessa atividade concomitantemente com a seleção das espécies de plantas que irão compor o jardim, porque há diferentes requerimentos por tipo de substrato. Em todos os canteiros do nosso jardim, colocaremos uma camada de pedra no fundo para a drenagem e completaremos com uma mistura de areia e terra de compostagem, finalizando com uma fina camada de húmus e minhocas. Na seleção das espécies de plantas deve-se levar em consideração o porte das mesmas, dando preferência para as plantas de pequeno porte (ervas e pequenos arbustos) e adaptadas às condições de luz do local. Outro aspecto importante é ter um local próximo ao jardim com água para facilitar a irrigação. Preparados os canteiros e realizado o plantio, deve-se acompanhar a adaptação das plantas e efetuar as podas sempre que necessário, controlando o crescimento e eliminando folhas velhas, que podem ser incorporadas ao próprio canteiro para decomposição. Além destas questões estruturais, um dos procedimentos mais importantes na criação de jardins didáticos é recrutar pessoas que se identificam com o projeto, gostam de plantas e se dispõem a manter o jardim e a participar de suas atividades de visitação. 
JUSTIFICATIVA
O ensino de Botânica é marcado por diversos problemas, dentre eles, a maneira como é ministrado o conteúdo, muitas vezes de forma teórica e seguindo um ensino técnico utilizando apenas o livro didático, sem alcançar outras dimensões.
Dessa forma o trabalho escolar na maioria das vezes, acontece dissociado do cotidiano do aluno e se apresenta ineficiente no objetivo de promover uma educação científica.
O surgimento de novos paradigmas nas áreas biológicas exige também um repensar na construção de conceitos inovadores, onde o aluno, longe de ser um agente passivo do processo de aprendizagem, tem hoje um espaço onde pode ser crítico, e principalmente atuante no meio em que vive.
Partindo desse pressuposto torna-se de extrema relevância ações que despertem o conhecimento acerca de espécies vegetais tornando-se imprescindível a aplicação de metodologias que favoreçam e enriqueçam o processo de ensino- aprendizagem.
Neste contexto, apesar da botânica está bem próxima do cotidiano das pessoas porque as plantas estão presentes na alimentação e medicamentos, por exemplo, é possível perceber o distanciamento entre o que é ensinado e a realidade dos estudantes, devido ao enfoque descritivo e sistemático.
A Botânica exige atividades práticas que permitam aos alunos vivenciar os conteúdos teóricos previamente trabalhados de forma contextualizada. A teoria só adquire significado quando vinculada a uma problemática originadada prática e esta só pode ser transformada quando compreendida nas suas múltiplas determinações, nas suas raízes profundas, com o auxílio do saber sistematizado.
É necessário dispor de ferramentas alternativas que vislumbrem o escape da rotinização. Nesta perspectiva, por se tratar de uma forma de ensino não formal, um jardim didático, por exemplo, pode ser usado como recurso pedagógico que irá auxiliar nas eventuais deficiências do ensino formal, exercendo tal aproximação, uma vez que apresenta o mundo vivo diretamente ao observador, instigando sua curiosidade.
Compreendendo assim a importância e a necessidade das práticas didáticas para o ensino e aprendizagem no conteúdo de Botânica, esse trabalho objetivou atrelar aulas teóricas e práticas por meio da implantação de um jardim didático, com vistas a despertar um maior interesse dos alunos através da análise e observação, em material concreto e vivo, das características de todas as plantas a serem cultivadas neste, visando, em última instância, um processo de aprendizagem sobre plantas muito mais efetivo.
O Jardim Didático possibilitará atender à demanda de material para aulas práticas dos alunos do 2º ano, servirá como um laboratório vivo para observações e experimentações nas diversas subáreas da Biologia e poderá ser adotado como uma das múltiplas estratégias em Educação Ambiental.
A organização e a manutenção do Jardim didático possibilitarão o aprofundamento de conceitos da área da Botânica, podendo ser utilizado em conjunto com outras disciplinas, como a geografia, por exemplo. A construção, a manutenção e o acompanhamento da composteira possibilitarão aos estudantes a atuação como agentes essenciais no processo de transformação do “lixo” em adubo, despertando valores importantes de cidadania e redução do desperdício.
Por fim, visamos incluir alunos com necessidades específicas e promover uma conscientização de todos os funcionários e alunos da escola sobre a importância da inclusão.
Adicionalmente, será um meio para produção de conhecimento na área de ensino de Biologia e futuramente poderá fomentar temas de pesquisa para alunos de iniciação científica e de especialização.
PARTICIPANTES
O presente projeto será desenvolvido em uma escola de ensino médio na cidade de Brasil Novo, Pará, tendo como público alvo alunos das turmas do 2º ano do ensino médio de acordo com as indicações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O projeto irá contribuir no processo de ensino aprendizagem e poderá influenciar na qualidade de aprendizagem dos alunos, visto que a implantação de um jardim didático na escola traz benefícios para o ensino de Biologia e para o ecossistema.
OBJETIVOS
	Objetivo Geral
	Promover o uso do jardim didático como ferramenta para o ensino de botânica na educação básica, de forma prática e lúdica.
	Objetivos Específicos
	Desenvolver ações profissionais que permitam o aluno identificar os tipos de solo, tipos de plantas, o preparo da terra, dos canteiros, o revolvimento e adubação da terra, o regar, a conservação, etc.;
Produzir um guia prático da diversidade biológica e morfológica das plantas;
Desenvolver estratégias para o uso do jardim didático em aulas de ciências e botânica.
PROBLEMATIZAÇÃO
A Botânica, muitas vezes é oferecida no modelo convencional de ensino, de forma totalmente desvinculada da realidade da escola e da comunidade. Muitas vezes resumindo-se em aulas expositivas onde são usadas receitas prontas encontradas nos livros didáticos. Às vezes aborda-se o assunto em datas comemorativas, de forma pontual, como por exemplo, o dia da árvore ou semana do meio ambiente ou ainda feira de ciências. Nesse aspecto não há uma preocupação em se conhecer a Botânica de forma significativa ou ainda relacionar as plantas do ambiente sob uma visão holística, a sua importância econômica e talvez ecológica parece se constituir em uma meta bem mais difícil de se alcançar. Considerando que falta um comprometimento de cidadãos preocupados com a situação ambiental de forma crítica e responsável, que possam assumir atitudes mais coerentes com a qualidade de vida que se pretende ter.
A educação não tem considerado o pátio da escola como sendo ambiente com excelente potencial para o desenvolvimento pedagógico, colocando os alunos em espaços abertos, para que compreendam como se organizam as redes vivas que dão suporte à vida em todo o planeta. Um ambiente como o jardim didático é um laboratório vivo, onde se pode estudar as espécies e suas interações com o ambiente e com o homem. No presente trabalho se procurou mostrar que um local como o Jardim Didático, é um local de aprendizado, como se fosse uma extensão da sala de aula. Onde, além de disseminar a ideia da necessidade de serem mantidas relações harmônicas e equilibradas entre sociedade e natureza, evidenciou quanto à botânica pode fazer parte do cotidiano das pessoas de uma forma prazerosa e estimulante, o que quase nunca ocorre no ambiente de sala de aula de forma adequada.
As atividades práticas aplicadas ao ensino de botânica são indispensáveis. A assimilação do tópico estudado se faz muito mais fácil quando o indivíduo leva para a sala de aula objetos do seu cotidiano e vice-versa. É preciso que o aluno tenha um contato indivíduo-objeto, e que enxergue um uso real para seu estudo, ou seja, aprender sem desviar do mundo real e de seu cotidiano (Piaget, 1988). Um jardim pode exercer tal aproximação, uma vez que apresenta o mundo vivo diretamente ao observador, instigando sua curiosidade.
O ensino de botânica meramente descritivo não atende aos interesses de uma classe estudantil que esbarra em contínuas mudanças e avanços tecnológicos, chegando a causar aversão e total desinteresse por grande parte dos alunos (Garcia, 2000). Apesar do conteúdo bem próximo da realidade dos alunos, pois as plantas estão presentes na alimentação e medicamentos, por exemplo, a metodologia do ensino muitas vezes baseia-se apenas em livros didáticos e verbalização dos conteúdos (KINOSHITA, 2005). Dessa maneira, o conhecimento prescritivo e descritivo junto ao prático e cotidiano, melhora os níveis de aprendizado dos alunos na presente matéria e forma cidadãos capazes de utilizar conhecimentos adquiridos, que se encontram na sua realidade cotidiana (Oliveira, Albuquerque e Silva, 2012).
Na cidade de Brasil Novo, onde o Colégio Estadual de Ensino Médio Brasil Novo se situa, há poucas áreas de vegetação preservadas, grande parte devido ao desenvolvimento da pecuária e monocultura, ao desmatamento e a urbanização acelerada, problemas típicos ocasionados pelo sistema de exploração existente na sociedade capitalista. Além disso, a dependência de coleta de material vegetal em locais diversificados, onde não há uma certeza de que os materiais estejam disponíveis dificulta o bom andamento das atividades práticas que são realizadas em sala de aula. A presença das plantas dentro da escola facilita o contato, podendo despertar o interesse dos alunos, docentes, funcionários e visitantes. Além disso, ressalta-se o aspecto da valorização das flores e das plantas ornamentais como expoentes de qualidade de vida.
REFERENCIAL TEÓRICO
“A pedagogia de projetos ou trabalhar com projetos na escola não é uma ideia nova; ela surgiu no início do século XX, nos Estados Unidos, concebida pelo filósofo e educador John Dewey e desenvolvida por seu discípulo Kilpatrick” (MARTINS, 2003, p. 32).
Com os estudos realizados percebi que a preocupação em favorecer a relação entre teoria e prática até bem pouco tempo não era comum, pois o importante era que os conteúdos fossem “trabalhados” para serem memorizados, na verdade, “decorados”, e que o aluno atingisse a nota para aprovação. Somente a partir da década de 90, começou, no Brasil, uma mobilização das escolas no sentido de implantar uma série de experiências inovadoras. Martins (2003, p. 18) diz que “os projetos são formas de organizar o trabalho escolar, pela busca de conhecimentos por meio de atividades desenvolvidas pelos alunos, estabelecendo, dessa maneira, a relaçãoentre teoria e prática de aprendizagem”.
Baseando na proposta de trabalhar com projetos, acredito que esta garante uma autonomia para o aluno no sentido de escolhas, na forma de buscar os dados e trabalhar com eles, a apropriação do conhecimento se faz principalmente por uma seleção realizada pelo próprio aluno.
Ainda hoje encontramos escolas que funcionam de forma tradicional, porque muitos acreditam que é o professor o detentor maior do conhecimento, não levam em consideração os saberes e vivência dos alunos.
Fonte (2011) destaca que a função do projeto é a de tornar a aprendizagem real e atrativa, transformando a escola em um espaço agradável, sem impor autoritariamente os conteúdos programáticos. Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário e, por fim, converte tudo isso em ponto de partida para a construção e ampliação de novas estruturas cognitivas. Para Fonte (2011), a metodologia baseada em projetos atrai os alunos e estimula os professores, movimentando-os, levando-os a romper a rotina mecânica de livros didáticos e a buscar novas ideias, soluções alternativas, criativas e inovadoras, motivando-os a pesquisar novas fontes, ler diferentes gêneros, manter o olhar atento ao que pode ser útil em sua empreitada.
Com base nessas considerações, observa-se que o professor que trabalha por projeto deve atualizar-se, tornando-se um pesquisador permanente, pois, no decorrer da pesquisa, novos assuntos são incorporados. As aulas tendem a ser mais dinâmicas, pois o conhecimento não fica restrito ao professor. Um dos primeiros questionamentos feitos ao aluno é sobre o tema a ser estudado. Definido o tema com o aluno, ele se envolve em todas as ações a serem cumpridas no transcorrer dos trabalhos.
A transmissão dos resultados da ciência é uma parcela do trabalho efetuado pelo professor, mediatizada pelos métodos de sua transmissão, pelos afetos, pelos valores políticos e sociais do professor. Mas é também uma forma de introduzir jovens em formas específicas de raciocínio, que têm sua origem nos diferentes campos de produção do conhecimento e preparam o jovem para aquisições futuras. Nesse sentido, o vínculo com a ciência se estabelece mais fortemente pela aprendizagem de formas de pensar e encaminhar soluções próprias de cada área, do que pelo acúmulo de informações sobre a área (VADEMARIN, 1998, p.7).
Para Carvalho, (2008), é necessário propor aos alunos uma mudança na forma de ver o conhecimento escolar e os elementos que compõem os ambientes naturais. Para alcançar esses objetivos, devem-se utilizar metodologias que desenvolvam o raciocínio disciplinado do aluno, estando estas permanentemente ligadas ao conhecimento (HAYDT, 1997).
De acordo com Krasilchik, (2005) “a Botânica exige atividades práticas que permitam aos alunos vivenciar os conteúdos teóricos previamente trabalhados de forma contextualizada”.
Para Martins, (1993) “A teoria só adquire significado quando vinculada a uma problemática originada da prática e está só pode ser transformada quando compreendida nas suas múltiplas determinações, nas suas raízes profundas, com o auxílio do saber sistematizado”.
Neste âmbito, Pereira e Gouveia (2004) destacam a necessidade de se utilizar material botânico vivo e real, pois isto motiva e entusiasma o aluno, permitindo-o relacionar diretamente a teoria vista em sala de aula com material do seu cotidiano e de suas vivências.
Geralmente, os professores costumam fugir das aulas de Botânica por medo e insegurança, afirmando a dificuldade de utilizar práticas que mostrem ao aluno a utilidade daquele conhecimento no seu dia-a-dia e que despertem a sua curiosidade (SANDRE et al., 2008). Campos e Oliveira (2005) demonstraram que a maioria dos alunos mostra interesse na vivência prática dos conteúdos, buscando um tipo de aula diferente, fora do ambiente formal da sala de aula.
Foi possível perceber, através da observação em sala de aula, as dificuldades dos alunos de se aprender características morfológicas das espécies botânicas sem nenhuma forma de visualização real e sem a visualização dos espécimes vegetais que apresentam estruturas morfológicas típicas do estudo da Botânica. De acordo com Seniciato, (2002), o ensino pautado somente no abstrato e, sobretudo, na fragmentação dos conteúdos, tem contribuído para um desânimo, uma indiferença e um desprezo em relação ao conhecimento.
Deste modo, cabe à escola desempenhar o papel de instigar os estudantes a buscarem informações e intervirem positivamente sobre os diversos aspectos presentes em seu cotidiano, como por exemplo, as plantas (HIGUCHI, 2003), sendo responsável pela formação de novos atores sociais. Neste aspecto, o jardim didático estabelece-se na escola adaptando assim a teoria vista em sala de aula à pratica, através do plantio de mudas de Angiospermas considerando suas características morfológicas.
Segundo Ausebel, (1980) “o aprendizado de forma significativa acontece quando uma informação nova é adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes”. O papel do professor é de mediador do conhecimento, pois, a aprendizagem é influenciada pelo que o aprendiz já sabe (MOREIRA, 2001).
A utilização de diferentes procedimentos de ensino pode fomentar também uma atitude reflexiva por parte do aluno, na medida em que oferecem oportunidades de participação, vivência de uma variedade de experiências, tomada de decisões, julgamentos e conclusões (BENETTI; CARVALHO, 2002).
Nessa linha de pensamento, assegura-se que a função do educador é o de construir, junto aos educandos, essa ponte entre o saber cotidiano e o saber científico, por meio da investigação e do próprio questionamento acerca dos fenômenos (AZEVEDO, 2004). 
Segundo Martins, (2006) a reflexão do professor acerca das suas próprias ideias sobre a ciência e sobre como se produz o conhecimento científico influenciam as opções que fazem a nível pedagógico.
Os alunos, de maneira geral, têm preferência por outras áreas, como Zoologia, por exemplo, sendo a Botânica considerada menos empolgante. Portanto muitos problemas enfrentados no conteúdo de Botânica advêm da relação que os seres humanos têm com as plantas, ou melhor, com a falta de relação (MENESES et al., 2008). Isto é resultante do fato das plantas não interagirem diretamente com o homem tornando-se estáticas, ao contrário dos animais que geralmente possuem uma relação mais próxima.
É real a necessidade de apresentar o conhecimento em Botânica mediante estratégias mais dinâmicas e interativas e assim permitir que o aluno relacione o assunto abordado com o seu cotidiano, construindo, de forma lógica e coerente, o seu entendimento (COSTA, 2011).
Deste modo, ao utilizar amostras de plantas verdadeiras, percebe-se o quanto é válido um contato direto com o objeto de estudo, anulando a abstração e permitindo que o aluno consiga interpretar as informações que estão inseridas no livro didático passadas pelo educador (MENEZES et al., 2008).
Mediante a construção do jardim, percebeu-se que grande parte da apatia dos alunos pelo estudo dos vegetais está associada aos procedimentos metodológicos utilizados pelo professor devido ao seu distanciamento e dificuldade de transpor os conhecimentos botânicos para a realidade escolar (SILVA, 2008). O professor deve introduzir didáticas favoráveis para aprendizagem. Nenhuma mudança educativa poderá acontecer sem que haja a vontade do docente para aceitar, deliberar e aplicar novas propostas de ensino (CARVALHO, 2004).
Somado a isso, o jardim é embasado no construtivismo, onde o estudante constrói seus conceitos principalmente a partir de suas concepções prévias associadas às suas observações realizadas durante uma atividade prática (BIANCONI; CARUSO, 2005). Ainda como afirma
É possível assim, compreender a importância que atividades como esta representam no ambiente escolar e efetivar uma prática pedagógica diferenciada, promovendo o atendimentoàs diferentes necessidades dos alunos, utilizar técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem que deem mais liberdade aos alunos para revelarem seus avanços e suas dificuldades (PEREIRA; SOUZA, 2004).
Sobre a temática ensino-aprendizagem, Bordenave, (2001) entende ser necessário fazer uso de um esquema pedagógico que permita selecionar e utilizar os meios multissensoriais mais adequados para cada etapa do processo de ensino. Pereira e Souza (2004) também concordam que efetivar uma prática pedagógica diferenciada promove o atendimento às diferentes necessidades dos alunos e proporcionam mais liberdade para estes revelarem seus avanços e suas dificuldades.
Ficou bem visível que as aulas práticas podem ajudar neste processo de interação e no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos, como já defendidos por Luneta, (1991).
No ensino de Botânica, as aulas práticas podem aproximar os alunos dos conhecimentos relacionados à nossa flora, despertando o interesse deles para questões vitais como a manutenção e conservação da biodiversidade. Dessa maneira, o conhecimento prescritivo e descritivo junto ao prático e ao cotidiano melhora os níveis de aprendizado dos alunos na presente matéria, contribuindo para formar cidadãos capazes de utilizar conhecimentos adquiridos os quais se encontram na sua vida cotidiana (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; SILVA, 2012).
Paulo Freire (apud APLEE & NÓVOA, 1998) afirma que “A escola está aumentando a distância entre as palavras que lemos e o mundo em que vivemos. Nessa dicotomia, o mundo da leitura é só o mundo do processo de escolarização, um mundo fechado, isolado do mundo onde vivemos experiências sobre as quais não lemos”, esse distanciamento da realidade citado por Freire é algo que norteia a educação brasileira, e uma forma de reverter essa realidade seria a utilização de ferramentas educacionais para aproximar cada vez mais as palavras que lemos do mundo que vivemos.
METODOLOGIA
O presente projeto será desenvolvido em uma escola de ensino médio na cidade tendo como público alvo alunos das turmas do 2º ano. Para implantação do jardim na escola foram desenvolvidas quatro fases específicas levando em consideração as características morfológicas de plantas do grupo das Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas.
Diante disto, na primeira fase será ministrada uma aula introdutória abordando a finalidade do jardim didático para os alunos. Posteriormente, na segunda fase, será realizado um levantamento bibliográfico da diversidade das Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas, vislumbrando observar características morfológicas de espécies vegetais da região.
De acordo com Delizoicov et al. (2002) ressalta que ainda hoje, mantém-se o desafio de incorporar a prática docente ao ensino, isto é, os conhecimentos de ciência relevantes para a formação cultural dos alunos.
Em outro momento, será realizada uma seleção das plantas que irão compor o jardim didático, resultando em uma lista de espécies. Esta seleção priorizará a presença de características morfológicas trazidas nos principais livros didáticos do ensino médio (inclusive no livro adotado pela própria escola trabalhada), bem como, nas plantas que se adequem melhor as condições ambientais relativas ao solo e clima da escola. Estas plantas terão seus nomes científicos e populares pesquisados com intuito de facilitar a aprendizagem dos alunos.
Após a elaboração da lista, terá início a terceira fase, na qual ocorrerá a busca das referidas espécies já escolhidas, bem como a preparação dos canteiros onde serão plantadas as mudas.
Por fim, na quarta fase, será realizado o plantio propriamente dito, evidenciando aos alunos as diferenças morfológicas entre as Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas.
Vale ressaltar que as mudas serão plantadas em setores separados dentro do jardim, a fim de obter um cunho efetivamente didático. Todo o procedimento será realizado com a presença e a participação dos alunos, já atrelando a informação teórica que terá sido apresentada previamente em sala de aula com o material vivo trabalhado na construção do jardim didático.
Após a elaboração do jardim didático será elaborada a seguinte experiência prática:
ABSORVENDO O CO²
Materiais:
· 2 velas;
· Folhas de árvores ou arbustos recém-coletadas;
· Fósforos ou isqueiro;
· 1 massa de modelar;
· Água;
· 2 recipientes de vidro com tampa.
Procedimentos:
· Use pedaços de massa de modelar para afixar as velas em pé no fundo dos dois recipientes de vidro. Coloque os dois recipientes ao ar livre, expostos ao Sol, lado a lado. Coloque água nos dois recipientes até cobrir parte das velas;
Fonte: http://www.tiberiogeo.com.br/texto/ExperimentosGeografiaAmbientalAbsorvendoCo2.pdf. 
· Em um dos recipientes, coloque as folhas recém-colhidas até que cubram toda a superfície da água. Quanto mais folhas você conseguir;
· Colocar na água, melhor será. Cuidado para não esmagar as folhas, pois elas devem estar inteiras;
Fonte: http://www.tiberiogeo.com.br/texto/ExperimentosGeografiaAmbientalAbsorvendoCo2.pdf. 
· Acenda as duas velas. Feche os recipientes de vidro com as tampas, de maneira que nenhum ar possa entrar ou sair dos recipientes de vidro.
Fonte: http://www.tiberiogeo.com.br/texto/ExperimentosGeografiaAmbientalAbsorvendoCo2.pdf. 
O que acontece após os recipientes de vidro serem fechados com as velas acesas?
Após alguns instantes, as duas velas irão se apagar. No entanto, a vela do recipiente de vidro com folhas deve ter demorado mais para apagar. Isso acontece porque as duas velas liberam dióxido de carbono e consomem oxigênio.
Depois de algum tempo, o oxigênio vai acabar dentro dos dois recipientes de vidro, pois eles estão fechados. Entretanto, as folhas irão absorver parte do dióxido de carbono e liberar oxigênio, fazendo com que o oxigênio dure mais tempo no recipiente de vidro com as folhas.
CRONOGRAMA
O projeto poderá ser aplicado durante o 3º bimestre do ano letivo, sendo esse o bimestre em que se aplica o assunto de Botânica.
Terá duração de 8 aulas de 45 minutos, sendo três aulas por semana.
	Atividades
	Aula 1
	Aula 2
	Aula 3
	Aula 4
	Aula 5
	Aula 6
	Aula 7
	Aula 8
	Delimitação do tema
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Levantamento bibliográfico
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Problematização 
	
	X
	
	
	
	
	
	
	Metodologia
	
	X
	X
	X
	
	
	
	
	Execução do Projeto
	
	
	
	X
	X
	X
	X
	
	Avaliação
	
	
	
	
	
	
	
	X
RECURSOS 
Humanos: 
· Professores;
· Alunos;
· Responsável pelo jardim.
Materiais:
· Livro didático;
· Pesquisas;
· Textos;
· Caneta;
· Caderno;
· Terra;
· Pedras;
· Areia
· Humus;
· Adubo;
· Água;
· Minhocas;
· Mudas de algumas espécies de plantas;
AVALIAÇÃO
A avaliação será feita conforme o empenho e a participação da turma durante todo o desenvolvimento do projeto, seguido de um relatório da experiência obtida pela interação na implantação do Jardim Didático na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância deste trabalho para o contexto educacional está no fato de tratar- se de uma pesquisa que propõe uma metodologia de trabalho diferenciado, que incentiva a busca do conhecimento pelo aluno através das etapas de realização do trabalho e oportuniza a aquisição de conhecimentos além do que está programado para o ano letivo. No levantamento bibliográfico sobre o conteúdo da botânica foi possível notar a dificuldade de se aprender características morfofisiológicas das espécies vegetais sem nenhuma forma de visualização real e sem exemplos cotidianos das mesmas.
O jardim didático será utilizado como um fator de associação com o dia-a-dia e como uma forma de visualização real das características morfológicas das espécies botânicas, tornando-o uma verdadeira ferramenta didática. O jardim didático como ferramenta pedagógica apresenta-se como uma eficaz forma de resolver esses problemas apresentados, pois além de tornar os professores mais seguros tornam os mais motivados e aptos de entendere também utilizar esse conhecimento no seu dia-a-dia.
Gadotti, (2005) afirma que só podemos gostar daquilo que conhecemos, e o conhecer implica o contato direto com o objeto de conhecimento. Por fim, esta pesquisa mostrou que com as aulas práticas é possível ensinar um conteúdo técnico com qualidade, tendo um resultado bastante positivo na aquisição de conhecimentos.
Por fim, verificou-se nitidamente que este trabalho contribuiu para a ampliação da produção de conhecimentos dos alunos desta escola na área de Botânica, pois foram fornecidos subsídios para tal através de uma nova proposta de ensino elaborada e desenvolvida com o propósito de se melhorar, de forma significativa, o processo ensino-aprendizagem em diferentes aspectos do ensino de Botânica.
REFERÊNCIAS
A Botânica além da sala de aula. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/893-4.pdf. Acesso em 23 de outubro de 2020.
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em 11 de outubro de 2020.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Implantação de horta e jardim suspensos no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Prof.ª Linda Eiko Akagi Miyadi (CEEBJA) de Apucarana (PR). Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_uel_geo_artigo_elisabete_vieira_da_silva.pdf. Acesso em 21 de outubro de 2020.
ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS: JARDIM SENSORIAL COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_pdp_gestao_ufpr_marciocesarcristovao.pdf. Acesso em 19 de outubro de 2020.
Implantação de um jardim didático em uma escola de Ensino Médio em Parnaíba, norte do Piauí. Disponível em file:///C:/Users/ACER/Downloads/4620-15748-1-PB.pdf. Acesso em 22 de outubro de 2020.
Jardim Didático. Disponível em https://ibem.bio.br/jardim-didatico/. Acesso em 13 de outubro de 2020.
Jardim didático como ferramenta educacional para aulas de botânica no IFRN. Disponível em https://core.ac.uk/download/pdf/186918475.pdf. Acesso em 18 de outubro de 2020.
Jardim didático: uma ferramenta para o ensino de botânica na educação básica, de forma prática e lúdica. Disponível em https://www.ufpe.br/documents/38978/1841024/Jardim+did%C3%A1tico+-+uma+ferramenta+para+o+ensino+de+bot%C3%A2nica+na+educa%C3%A7%C3%A3o+b%C3%A1sica%2C+de+forma+pr%C3%A1tica+e+l%C3%BAdica.pdf/4dde8da8-8066-42d1-bc26-56b53bf25b0b. Acesso em 16 de outubro de 2020.
Jardins didáticos: experiência e prática para o ensino inclusivo de ciências. Disponível em http://www.unirio.br/ccbs/ibio/herbariohuni/pdfs/IBC.pdf. Acesso em 15 de outubro de 2020.
Mostra de projetos 2011. Disponível em http://www.fiepr.org.br/nospodemosparana/uploadAddress/projeto_educar%5B29240%5D.pdf. Acesso em 17 de outubro de 2020.
OLIVEIRA, Maria Bernadete Barbosa Lima. Projetos pedagógicos avulsos. Disponível em http://www.cp2.g12.br/blog/propgpec/files/2017/05/PROJETOS-PEDAG%C3%93GICOS-avulsos.pdf. Acesso em 20 de outubro de 2020.
Portal de Projetos. Disponível em https://portal.ufsm.br/projetos/publico/projetos/view.html?idProjeto=56304. Acesso em 16 de outubro de 2020.
Projetos Educativos no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Uma Prática de Sensibilização para Conscientização Ambiental. Disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/teses_geografia2008/dissertacaouffmilenarodrigues.pdf. Acesso em 18 de outubro de 2020.
Projeto Jardim Didático. Disponível em https://www.escolacarolinapatricio.com.br/projetos-pedagogicos/jardim-didatico. 
Acesso em 12 de outubro de 2020.
PROJETOS NA ESCOLA: UMA METODOLOGIA PARA APRENDER NO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/978/1/2015MariaBernadeteBarbosaLimaOliveira.pdf. Acesso em 25 de outubro de 2020.

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