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artigo. O trabalhador venezuelano e o direito ambiental do trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
DISCIPLINA DIREITO DO TRABALHO II 
 
 
 
 
Kevin Wilton Souza Moura1 
Pablo Leonardo Sapara Bento 2 
 
 
 
 
 
 
O trabalhador Venezuelano e o Direito ambiental do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao Curso de Direito da 
Universidade Federal de Roraima, como parte 
dos requisitos para obtenção de nota parcial 
alusiva à disciplina Direito do Trabalho II. 
 
Prof. Orientador: Prof. Me. Raimundo Paulino 
Cavalcante Filho. 
 
 
 
 
Boa Vista (RR) 
2020 
 
 
1
 Acadêmico do curso de Bacharelado em Direito da UFRR. e-mail: kevinwilm2@gmail.com 
2
 Licenciado em letras pelo IFRR e acadêmico do curso de Bacharelado em Direito da UFRR. e-mail: 
pablosapara@gmail.com 
mailto:kevinwilm2@gmail.com
mailto:pablosapara@gmail.com
 
 
Kevin Wilton Souza Moura3 
Pablo Leonardo Sapara Bento 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O trabalhador Venezuelano e o Direito ambiental do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao Curso de Direito da 
Universidade Federal de Roraima, como parte 
dos requisitos para obtenção de nota parcial 
alusiva à disciplina Direito do Trabalho II. 
 
Prof. Orientador: Prof. Me. Raimundo Paulino 
Cavalcante Filho. 
 
 
 
 
 
Boa Vista (RR) 
2020 
 
 
3
 Acadêmico do curso de Bacharelado em Direito da UFRR. e-mail: kevinwilm2@gmail.com 
4
 Licenciado em letras pelo IFRR e acadêmico do curso de Bacharelado em Direito da UFRR. e-mail: 
pablosapara@gmail.com 
mailto:kevinwilm2@gmail.com
mailto:pablosapara@gmail.com
 
 
RESUMO. 
 
 
Este artigo tem por finalidade conhecer e analisar o perfil do imigrante de 
nacionalidade Venezuelana em paralelo com a legislação trabalhista brasileira, tendo em 
vista a situação de vulnerabilidade destas pessoas residentes no Brasil; como foco o 
estado de Roraima, sendo que esta tem servido como porta de entrada por estes, tendo 
como problema principal o ambiente laboral em que estes desenvolvem suas atividades, 
que devido sua situação aceitam trabalhar em espaços sub-humanos, fazendo com que 
muitos sobrevivam na marginalidade e afetando diretamente sua saúde física e mental. Para 
esta investigação, fez-se uso da pesquisa bibliográfica, recorri à legislação brasileira que 
tutela esses direitos, assim como dados do Conselho Nacional de Imigração, evidenciou-
se que a Constituição Federal de 1988, que, no caput do artigo 225, buscou tutelar todos 
os aspectos do meio ambiente (natural, artificial, cultural e do trabalho), afirmando que 
―todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida‖ e que a proteção da saúde do homem 
trabalhador inicia-se pela garantia de um meio ambiente que lhe proporcione bem-estar, 
com o máximo de redução ou anulação dos riscos a sua saúde, e este local baseia-se na 
salubridade do meio e na ausência de fatores nocivos a incolumidade físico-psíquica dos 
trabalhadores, independentemente da condição que ostentem. 
 
 
Palavras-chave: trabalhador; direitos; ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This article aims to know and analyze the profile of the immigrant of Venezuelan 
nationality in parallel with the Brazilian labor legislation, considering the situation of 
vulnerability of these people residing in Brazil; as a focus the state of Roraima, which has 
served as a gateway for them, having as main problem the working environment in which 
they develop their activities, which due to their situation they accept to work in subhuman 
spaces, causing many to survive marginality and directly affecting their physical and 
mental health. For this investigation, bibliographic research was used, I resorted to 
Brazilian legislation that protects these rights, as well as data from the National 
Immigration Council, it became evident that the 1988 Federal Constitution, which, in the 
caput of Article 225, sought to protect all aspects of the environment (natural, artificial, 
cultural and work), stating that ―everyone has the right to an ecologically balanced 
environment, a common use of the people and essential to a healthy quality of life‖ and 
that the protection of the health of the a working man begins with the guarantee of an 
environment that provides him with well-being, with the maximum reduction or 
cancellation of the risks to his health, and this place is based on the healthiness of the 
environment and the absence of harmful factors to physical safety -psychic health of 
workers, regardless of their condition. 
 
Keywords: worker; rights; environment 
 
 
O trabalhador Venezuelano e o Direito ambiental do trabalho. 
 
1 Introdução 
 Atualmente muitos venezuelanos têm procurado o Brasil para se refugiar, e 
como Roraima faz fronteira com este país, tem se tornado a porta de entrada dessas 
pessoas, este fato é noticiado nos principais jornais do estado. 
 Mais de dois milhões de pessoas decidiram fugir da Venezuela devido às 
consequências da crise política e econômica, principalmente relacionadas à falta de 
alimentos e remédios, segundo a OIM (Organização Internacional para as 
Migrações). 
Segundo Debora Draghi, Com pouco mais de 300 mil habitantes, Roraima tem 
oportunidades de trabalho limitadas, o que dificulta a plena integração dos 
imigrantes venezuelanos. 
Na capital, Boa Vista, levantamento da prefeitura identificou 25 mil 
venezuelanos, o que corresponde a 7% do total de habitantes da cidade. Visto que 
a primeira acolhida tem sido priorizada – de modo que não faltem alimentos, 
atendimento médico e abrigo –, a integração tem sido deixada para um segundo 
plano, já que ainda faltam vagas para crianças nas escolas e também vagas de 
emprego. 
O mercado de trabalho no estado é incapaz de lidar com a quantidade de 
migrantes, levando a uma severa exploração do trabalho. Os migrantes menos 
qualificados competem diretamente com os brasileiros, levando ao preconceito e à 
xenofobia, além de se submetem a condições degradantes no ambiente de trabalho, 
que será abordado neste artigo. 
 
2 Histórico 
 
Ganhando o mínimo para sobreviver, os venezuelanos querem trabalhar e saem 
em busca de emprego. Com um mercado repleto e pouca absorção, a situação se 
complica. 
https://migramundo.com/em-numeros-e-graficos-veja-raio-x-dos-venezuelanos-em-boa-vista/
https://migramundo.com/em-numeros-e-graficos-veja-raio-x-dos-venezuelanos-em-boa-vista/
https://migramundo.com/veja-como-e-um-dos-abrigos-criados-para-migrantes-venezuelanos-em-roraima/
https://migramundo.com/venezuelanos-sao-usados-como-bode-expiatorio-aponta-professor/
https://migramundo.com/venezuelanos-sao-usados-como-bode-expiatorio-aponta-professor/
 
 
Segundo relatos informal de venezuelanos, é comum escutar casos que 
mulheres ganham R$ 15 ou R$ 20 por trabalharem 12 horas como diaristas, ou no 
máximo R$ 50 depois de fazerem uma faxina completa. 
Ou o caso de vários homens que fazem uma diária como pedreiro, carpinteiro e 
ganham em média R$ 60, tendo ainda o almoço descontado, geralmente 10 reais. 
Além disso, o transporte até o local de trabalho nunca é pago pelo patrão, e no caso 
de trabalho em obras, as condições são inseguras e insalubres. 
Por conta desse mercado de trabalho incapaz de assimilar a quantidade de 
pessoas que chegam e que ali estão, muitos querem ser interiorizados, 
principalmente se tiverem trabalho. 
É corriqueiro ver pessoas que tem décadas de experiência, graduados, altamente 
qualificados, realizando trabalhos que exigem pouco expertise e claramente 
desperdiçando um potencial que poderia ser melhor aproveitado pelo Brasil. Como é 
o caso de Javier, que é engenheiro de manutenção industrial, e na Venezuela 
trabalhava como chefe de departamentode infraestrutura. No Brasil desde abril de 
2018, Javier encontrou um trabalho informal em um lava-car, onde ganha em média 
25 reais por dia, trabalhando cerca de 11 horas. 
No próximo tópico conheceremos melhor o perfil do imigrante Venezuelano. 
 
2.1 O perfil do trabalhador venezuelano 
 
Segundo Conselho Nacional de Imigração Cerca de 1/3 dos migrantes possui 
apenas o protocolo de refúgio, 23% possuem carteira de trabalho, 29% CPF e 4% 
não possuem nenhum documento; 
A maioria reside em moradia alugada (71%), compartilhando o imóvel com outras 
pessoas, com o preço do aluguel que ronda até R$300,00 (56%); 
Com relação ao emprego, 60% possui alguma atividade remunerada, sendo 28% 
formalmente empregados; A maioria atua nos seguintes ramos de atividades: 
 
Comércio (37%), serviço de alimentação (21%) e construção civil (13%); 
 
 
 
51% dos trabalhadores recebem menos de um salário mínimo, 44% recebem 
entre 1 e 2 salários mínimos e apenas 5% indicaram receber mais de 2 salários 
mínimos; 
Mais da metade (54,2%) utilizam seus rendimentos para enviar remessas 
monetárias (de R$ 100,00 a R$ 500,00) para cônjuge e filhos na Venezuela, com a 
finalidade de ajudar no sustento desses familiares; 
Um pouco mais da metade já acessa os serviços públicos em Roraima, 
destacadamente na área da saúde (39%). 
No entanto, é importante frisar que quase a metade do total (48,4%) não 
utilizou nenhum serviço público; 
Em relação a escolaridade 78% possuem nível médio completo e 32% têm 
superior completo ou pós-graduação). Segundo dados do OBMigra, 60% desses 
indivíduos estavam, em 2017, empregados em alguma atividade remunerada e 
enviaram remessas para cônjuges e filhos na Venezuela. Ou seja, apesar de 
subvalorizada profissionalmente, é uma imigração que traz benefícios para o Brasil. 
Em níveis gerais, os venezuelanos não indígenas que migram para Boa Vista 
possuem nível de escolaridade superior à média da população local, e o percentual 
dos venezuelanos inseridos no mercado formal de emprego, 28%, não é muito 
diferente do percentual de brasileiros, 29,3%, em 2015, segundo IBGE (2015). 
Até maio de 2019 o número de solicitações de refúgio realizadas por 
venezuelanos no estado de Roraima foi de 92.544, sendo a carteira de trabalho um 
dos documentos que o migrante/refugiado tem direito, por este motivo, a procura por 
sua emissão aumentou. Já a quantidade de carteiras de trabalho emitidas para 
migrantes venezuelanos no período de janeiro de 2017 a junho de 2019, somente no 
estado de Roraima foi de 59.930. 
Segundo Lima (2019)5, O número de carteiras de trabalho emitidas para 
migrantes no Brasil entre 2010 e 2018, de acordo com os principais países de 
 
5 LIMA, Franknauria Guilherme da Silva. O reflexo da migração de venezuelanos no mercado de 
trabalho formal e informal no estado de Roraima (2019). Disponivel in> 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/migracao-de-venezuelanos > acesso. 
27/11/2020. 
 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/author/franknauria-guilherme-da-silva-lima
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/author/franknauria-guilherme-da-silva-lima
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/migracao-de-venezuelanos
 
 
origem do solicitante, demonstra um crescimento em razão da intensificação da 
entrada de trabalhadores migrantes venezuelanos, como afirma 6Cavalcanti, Oliveira 
e Macedo ―os trabalhadores venezuelanos verificaram mudanças no padrão de 
emissão de carteiras de trabalho, que teve significativa elevação a partir de 2016, 
chegando, em 2018, a quase 54% do total de carteiras de trabalho emitidas no país‖. 
Entre os anos de 2017 e 2018 a emissão de carteira de trabalho para 
migrantes teve um crescimento de 93.2% em todo o Brasil, este crescimento fica 
evidente quando é feita a distribuição destas carteiras emitidas pelo território 
nacional, ou seja, a emissão de acordo com cada estado, mostrando o crescimento 
expressivo no estado de Roraima 
Seguindo analisaremos o direito do trabalhador imigrante ao ambiente laboral. 
 
2.2 O Direito Ambiental do Trabalho 
 
 Para José Afonso da Silva o conceito de meio ambiente deve ser globalizante 
com abrangência de toda a natureza original e artificial, que compreende solo, água, 
ar, flora, patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico. 
O mesmo autor conceitua o meio ambiente como sendo ―interação do 
conjunto de elementos naturais e culturais que propiciem o desenvolvimento 
equilibrado da vida em todas as suas formas‖. 
Raimundo Simão de Melo aponta como sendo dois os objetivos da tutela 
ambiental: um imediato, a qualidade do meio ambiente em todos seus aspectos; e o 
outro, mediato, a saúde, segurança e bem estar do cidadão. 
E define que o meio ambiente do trabalho é o local onde o homem exerce 
suas atividades laborais, remuneradas ou não, cujo equilíbrio baseia-se na 
salubridade do meio e na ausência de fatores nocivos a incolumidade físico-psíquica 
 
6
 CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T.; MACEDO, M., Imigração e Refúgio no Brasil. Relatório Anual 
2019. Série Migrações. Observatório das Migrações Internacionais; Ministério da Justiça e Segurança 
Pública/ Conselho Nacional de Imigração e Coordenação Geral de Imigração Laboral. Brasília, DF: 
OBMigra, 2019. ISSN: 2448-1076. Disponível em 
<https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/publicacoes-
obmigra/RESUMO%20EXECUTIVO%20_%202019.pdf>. Acessado 27/11/2020. 
 
 
dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou 
mulheres, maiores ou menores, celetistas, ou servidores públicos, entre outras). 
Conforme José Afonso da Silva, o meio ambiente do trabalho merece 
consideração específica, sendo este o local em que se desenvolve boa parte da vida 
do trabalhador, cuja qualidade dessa vida depende da qualidade do ambiente. 
Temos uma definição de trabalhador abrangente, que vai além da relação de 
emprego regida pela CLT, evidenciando um contexto amplo que assegura um meio 
ambiente equilibrado para todo trabalhador que desempenha alguma atividade, pois 
todos recebem a tutela constitucional de um ambiente de trabalho adequado e 
seguro, necessário a uma sadia qualidade de vida. 
A proteção da saúde do homem trabalhador inicia-se pela garantia de um 
meio ambiente que lhe proporcione bem-estar, com o máximo de redução ou 
anulação dos riscos a sua saúde. 
A saúde como direito de todos e dever do Estado é assegurado por meio do 
artigo 196 da Constituição Federal de 1988. Mais adiante, em seu artigo 200, inciso 
VIII, a mesma Carta Magna, dispõe que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve 
colaborar na proteção ao meio ambiente, estando nele inserido o meio ambiente do 
trabalho. Podemos vislumbrar então, que está consolidado o direito ambiental do 
trabalho como um direito constitucional de todos os trabalhadores. 
Meio ambiente, conforme a lei é o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas (Lei 6.938/81, artigo 3º, inciso I). 
Essa definição é ampla, devendo-se observar que o legislador optou por 
trazer conceito jurídico aberto, a fim de criar um espaço positivo de incidência da 
norma legal, o qual está em harmonia com a Constituição Federal de 1988, que, 
no caput do artigo 225, buscou tutelar todos os aspectos do meio ambiente (natural, 
artificial, cultural e do trabalho), afirmando que ―todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida‖. 
O ―meio ambiente do trabalho‖ pode ser definido como o local onde os 
trabalhadores desempenham suas atividades cujo equilíbrio está baseado na 
salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a 
 
 
incolumidadefísico-psíquica. O aspecto protetor deve, contudo, permear o 
ambiente e as condições de trabalho culminando nas regras de proteção à 
segurança, higiene e saúde física, mental e psicológica do trabalhador contra 
qualquer ato atentatório à sua dignidade. 
Neste contexto, os princípios da prevenção e a precaução passam a orientar 
as normas de proteção do ambiente de trabalho, priorizando a eliminação e redução 
dos riscos ambientais. Tais princípios fortalecem a efetividade da proteção do meio 
ambiente de trabalho, assegurando os direitos fundamental à vida e saúde no 
exercício da atividade laboral. 
 
2.3 Tutela Jurídica ao Meio Ambiente de Trabalho. 
 
Vejamos de que forma a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho, pioneira para 
a época, em matéria de salubridade e segurança, trata o assunto: 
A CLT estabeleceu, no art. 154, do título reservado às Normas Gerais de Tutela, 
que em todos os locais de trabalho deveria ser respeitado o que se dispusesse 
relativamente à higiene e segurança. 
No dispositivo seguinte fixava a obrigação, por parte dos empregadores, do 
respeito a outros preceitos que, relativamente à higiene e segurança, levando em 
conta as circunstâncias regionais, viessem a ser incluídos nos códigos de obra ou 
regulamentos sanitários dos municípios e Estados. 
Retornando à CLT, cabe assinalar que, certamente por se tratar de legislação 
reguladora de relações individuais e coletivas de trabalho, descuidou-se do meio 
ambiente, limitando-se a fixar normas de segurança e medicina aplicáveis a 
trabalhadores e patrões. 
Observa-se ainda a previsão de pagamento de parcela adicional dos salários 
pela prestação de serviço em condições insalubres, variável entre 10, 20 e 40% do 
salário mínimo, desobrigando o empregador de medidas gerais de saneamento 
ambiental. Nesse sentido dispõe o art. 192: 
 
 
 
 
"O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de 
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de 
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) 
e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem 
nos graus máximo, médio e mínimo." 
 
Se o trabalho não é insalubre, mas classificado pela lei como perigoso — 
trabalho com inflamáveis, explosivos ou em linhas elétricas — ao empregado é 
assegurado adicional salarial de 30% (trinta por cento), na forma do art. 193 da CLT, 
cessando o pagamento com a eliminação do risco a sua saúde ou integridade física. 
 
 O meio ambiente do trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do 
trabalhador (CF, arts. 1º , 7º – XXII, 196, 200 – II e VIII e 225). Portanto, o Direito 
Ambiental do Trabalho não pretende tutelar um bem jurídico ainda não tutelado, vez 
que em tratando-se de direito fundamental constitucionalmente garantido o meio 
ambiente do trabalho obrigatoriamente deve ser seguro. 
No entanto, a Carta Magna não conceitua o então chamado "meio ambiente de 
trabalho seguro". Certamente, tal função, restou ao legislador infraconstitucional e 
atualmente ao Direito Ambiental do Trabalho. 
Percebe-se, portanto, que partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo 
para proteger o trabalhador dos mais variados elementos que ameacem 
comprometer o seu meio ambiente do trabalho e por conseguinte, sua saúde. 
O meio ambiente do trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do 
trabalhador (CF, arts. 1º, 7º – XXII, 196, 200 – II e VIII e 225). Ante o seu 
descumprimento, responde o empregador por danos material, moral e estético, cujas 
indenizações podem atingir altas somas. O mais importante não são as 
indenizações em si, mas a sua finalidade: compensar as vítimas, punir os infratores 
da lei e alertá-los para prevenirem os riscos à saúde do trabalhador. 
 
 
3 Considerações Finais. 
 
A proposta de executar a pesquisa aqui apresentada surgiu de minha vivência 
como estudante do curso de direito da UFRR e por observar em loco tal problema. 
 
 
Umas das soluções utilizadas pelo estado é a política migratória de suporte 
ao emprego e ajuda na interiorização. 
Entre as pessoas que não aceitariam realizar o deslocamento, a maioria não 
tem emprego ou possui menor escolaridade, ou seja, os segmentos mais 
vulneráveis. 
Que segundo dados do Conselho Nacional de Imigração, os principais 
motivos para não aceitar o deslocamento interno é a proximidade da fronteira e por 
se considerarem integrados em Boa Vista. 
Somente 25% afirmam pretender retornar à Venezuela. A maioria não 
pretende retornar tão cedo ou não sabe; e entre os que pretendem retornar, a 
maioria estima um prazo superior a 2 anos, mas condicionam o retorno à melhoria 
das condições econômicas que como é evidente não será em breve, pois aquele 
país passa por profunda crise politica e econômica. 
Nesse sentido, é fundamental que tais políticas sejam devidamente 
planejadas com entes federativos, empresariado e sociedade civil; 
Deste modo a Constituição Federal de 1988 ao afirmar a proteção ao meio 
ambiente, objetivou a proteção de toda vida cotidiana do cidadão, inclusive do 
trabalhador. 
Estamos diante de um direito fundamental que não seria considerado assim 
se não fosse possível a sua efetividade. 
Nesse contexto, no caput do artigo 225 da Constituição Federal , tutela todos 
os aspectos do meio ambiente (natural, artificial, cultural e do trabalho), afirmando 
que ―todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida‖ e que a proteção da saúde 
do homem trabalhador inicia-se pela garantia de um meio ambiente que lhe 
proporcione bem-estar, com o máximo de redução ou anulação dos riscos a sua 
saúde, e este local baseia-se na salubridade do meio e na ausência de fatores 
nocivos a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da 
condição imigrante ou nacional. 
 
 
Percebe-se, portanto, que partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo 
para proteger o trabalhador dos mais variados elementos que ameacem 
comprometer o seu meio ambiente do trabalho e, por conseguinte, sua saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Referências 
 
 
BRASIL. Decreto – lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT) 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. Brasília, DF: 1988. 
 
CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T.; MACEDO, M., Imigração e Refúgio no Brasil. 
Relatório Anual 2019. Série Migrações. Observatório das Migrações Internacionais; 
Ministério da Justiça e Segurança Pública/ Conselho Nacional de Imigração e 
Coordenação Geral de Imigração Laboral. Brasília, DF: OBMigra, 2019. ISSN: 2448-
1076. Disponível em <https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/publicacoes-
obmigra/RESUMO%20EXECUTIVO%20_%202019.pdf>. Acessado 27/11/2020. 
 
https://www.conjur.com.br/2017-out-20/reflexoes-trabalhistas-direito-trabalho-bem-
ambiental-envolve-vida-trabalhador >. Acesso em. 21 de novembro de 2020. 
 
Http://dapp.fgv.br/entenda-qual-o-perfil-dos-imigrantes-venezuelanos-que-chegam-
ao-brasil/ >. Acesso em: 21 de novembro de 2020; 
 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1941/Direito-ambiental-do-trabalho. > 
acesso em. 21 de novembro de 2020. 
 
https://migramundo.com/o-mercado-de-trabalho-informal-em-roraima-e-as-
dificuldades-vividas-pelos-venezuelanos/> acesso em. 21 de novembro de 2010. 
 
LIMA, Franknauria Guilherme da Silva. O reflexo da migração de venezuelanos no 
mercado de trabalho formal e informal no estado de Roraima (2019). Disponivel in> 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1941/Direito-ambiental-do-trabalho
https://migramundo.com/o-mercado-de-trabalho-informal-em-roraima-e-as-dificuldades-vividas-pelos-venezuelanos/
https://migramundo.com/o-mercado-de-trabalho-informal-em-roraima-e-as-dificuldades-vividas-pelos-venezuelanos/https://www.nucleodoconhecimento.com.br/author/franknauria-guilherme-da-silva-lima
 
 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/migracao-de-
venezuelanos > acesso. 27/11/2020. 
 
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do 
trabalhador. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008. 
 
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 8. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2010. 
 
Simões, G. (org.). Resumo executivo. Perfil socidemográfico e laboral da imigração 
venezuelana no Brasil. Conselho Nacional de Imigração. Brasília, DF: CNIg, 2017. 
 
ZACARIAS, Fabiana, VOLTOLINI, Gustavo Henrique Mattos - Direito Ambiental do 
Trabalho: análise sob a perspectiva princípio da dignidade da pessoa humana e dos 
direitos coletivos. 
 
 
 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/migracao-de-venezuelanos
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/migracao-de-venezuelanos

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