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Resenha "O Estado na Amazônia e a Política de Modernização Forçada" - Capítulo do livro "BRITO, D C

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
WENDELL DA COSTA MAGALHÃES
Resenha de: BRITO, D. C. A Modernização da Superfície: Estado e desenvolvimento na Amazônia. Belém: UFPA/NAEA, 2001. (Capítulo 3 – O Estado na Amazônia e a política da modernização forçada, p. 113-146).
Belém – 2013
BRITO, D. C. A Modernização da Superfície: Estado e desenvolvimento na Amazônia. Belém: UFPA/NAEA, 2001. (Capítulo 3 – O Estado na Amazônia e a política da modernização forçada, p. 113-146).
As instituições estatais tem um objetivo definido: regular e coordenar o processo de aceleração do desenvolvimento econômico. Segundo Brito (2001), no capítulo aqui resenhado, estas instituições foram necessárias para o desenvolvimento de políticas públicas que deram um novo enquadramento ao sistema de acumulação do capitalismo industrial. Para o autor, Keynes é quem dá a contribuição teórica à ciência econômica que irá redimensionar o papel do Estado na economia, afim de reverter a crise do capitalismo industrial em uma sociedade com alto desenvolvimento no campo tecnológico, econômico – produtivo e financeiro – e organizacional. Nesse contexto, há países que não implantaram de todo uma sociedade industrial moderna: são os não industrializados, entre eles, estão os países da América Latina. Em vista de participarem do processo de desenvolvimento em todas as suas dimensões, estes países buscam integralizar-se na economia mundial por meio de políticas públicas que refletem o maior grau de racionalização, feito pelo estado, nas economias na busca pelo desenvolvimento econômico.
É no sentido da modernização que a partir daqui a análise do autor se volta, indicando a funcionalidade de certas estruturas do capitalismo industrial moderno interagindo com estruturas sócio-políticas e econômicas tradicionais. O Estado então cumpre o papel na estratégia de desenvolvimento de impor um processo de modernização acelerado. No caso da Amazônia, o autor destaca a década de 1950 como marco inicial da modernização forçada. Esta veio por meio da valorização da região através de um conjunto de órgãos estatais intervindo planejadamente. Assim, o desenvolvimento regional seria fruto das políticas públicas sistematicamente coordenadas e articuladas pelo Estado. 
Ao traçar a trajetória do desenvolvimento da região amazônica, principalmente a partir da política iniciada com o Plano de Valorização Econômica da Amazônia (PVEA), é que o autor então pretende evidenciar os parâmetros – no nível regional – formadores da modernização de superfície. Aponta ele que a história da Amazônia, desde a sua colonização até a tentativa do governo de integração nacional da região, foi pautada pelo constante desejo de colocar essa região com grande potencial econômico a serviço do mercado. Entretanto o grande atraso da região com relação ao seu grau de desenvolvimento organizacional em sociedade e o próprio desconhecimento da conformação social e natural impossibilitava uma empreitada maior que trouxesse a modernização pra essa região.
O autor ressalta a inicial visão religiosa de um mundo paradisíaco, edênico figurando no imaginário dos que voltavam os olhos pra Amazônia. Logo essa visão começa a ser abandonada pra dar lugar a pesquisas científicas estabelecidas de modo empírico que dariam viés pra construção de dois tipos de visões: dos otimistas e dos pessimistas. Os primeiros acreditando na região como celeiro do mundo, espaço pra grandes oportunidades produtivas. Os segundos vendo-a como “inferno verde”, espaço de calor excessivo, péssima alimentação, qualidade inferior do solo tropical, etc.
Apesar de tudo, a ideia de “celeiro do mundo” continuou sendo aceita em vista de desenvolver a região através da técnica produtiva e organizacional moderna. Isso no intuito de usá-la pra resolver os principais problemas mundiais. Entretanto, o autor entabula uma crítica dizendo que as questões mais importantes ainda não foram respondidas: Qual deveria ser o modelo de desenvolvimento? E qual o ator social que poderia estar a sua frente? A partir daqui se investiga a atividade extrativa da borracha na esperança de indicar o início e os consequentes desdobramentos do sistema mercantil como o portador dos princípios modernizadores.
Apoiando-se na exploração da força de trabalho da população cabocla e nordestina é que o extrativismo da borracha se consolida tendo bem definido seu auge e sua derrocada entremeado de diversas fases de crescimento e recuo. Fortalece-se durante o Império e fale quando da ascensão da República, tendo somente uma política de apoio quando a falência do setor já estava encaminhada. Sendo a economia da borracha essencialmente extrativista, o desejo de seus representantes se mostra centrado em somente aumentar o espaço de comercialização e deter o controle dos mercados. Caracterizada, sobretudo, por mão de obra livre, seus trabalhadores eram o índio, o mameluco o caboclo nativo ou o nordestino.
O autor do texto resenhado cita diversos autores indicando que uma das causas do fracasso da economia extrativa da borracha foi a falta de apoio do poder público coordenando políticas de racionalização pra essa economia, principalmente pela crescente corrupção infiltrada em seus postos de comando, e pelo não desenvolvimento da técnica produtiva por conta de também terem surgidos enormes conflitos no sistema de aviamento entre os interesses de aviadores e exportadores. Estes, na sua maioria, estrangeiros e aqueles, nacionais. Medidas insuficientes tomadas pelo Estado como a construção de ferrovias, que não dinamizaram o setor, também não foram capazes de evitar a derrocada da atividade extrativa da borracha.
A queda das exportações da borracha anuncia a crise da economia extrativista. Nela, o governo arrecadava na região muito mais do que gastava e gastava o mínimo necessário, sendo os saldos da arrecadação dos impostos drenados para fora da região. O autor mostra então a deficiência do setor extrativista como sendo a primeira participação efetiva do Estado nacional brasileiro na Amazônia. Essa crise da borracha ensejou várias ações no governo federal: projetos de parlamentares, pronunciamentos em defesa da atividade, investigações das plantações, etc. Um esquema de valorização com a criação de linhas de financiamento subsidiados surgiram, então, desse quadro, entretanto, o que os donos dessa proposta queriam eram a simples manutenção da atividade extrativa e, portanto, não se importavam em produzir borracha de cultivo, nem de atender as necessidades da população regional através de uma diversificação das atividades econômicas.
Um conjunto de propostas então é feito, a partir da década de 1940, de intervenção do Estado na Região, entre eles o anúncio, pelo Presidente Getúlio Vargas, de redividir geograficamente a região, da criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). No entanto essas medidas não evitaram que mais tarde se encerrasse o segundo ciclo econômico mais importante da história da Amazônia, sendo o primeiro as drogas do sertão. O autor ressalta que, após essa fase, até os dias atuais, dois grandes ciclos econômicos ainda iriam desenrolar-se na região: o do avanço das frentes pioneiras agropecuárias e o das frentes pioneiras minerais (os Grandes Projetos).
Com a acentuação do debate em torno da valorização, foi instituído um fundo financeiro que deveria ser aplicado através de um programa de desenvolvimento durante um período de vinte anos. Assim abriu-se a perspectiva de implantar um sistema, com força para reunir recursos e estabelecer estratégias de aplicação de uma forma centralizada pelo governo federal. Na tentativa de impedir a concentração industrial totalmente no sudeste brasileiro, tomaram-se medidas como assegurar a ocupação territorial da Amazônia em sentido brasileiro. Isso por haver uma preocupação crescente com segurança nacional e com a possível entrega da região para o total interesse internacional. Tentava-se fazer da Amazônia provedora de seus própriosrecursos e desenvolvê-la num sentido paralelo e complementar ao desenvolvimento da economia brasileira.
Com tudo isso, o autor pontua a pretensão do governo em, através de um conjunto de normatizações, fixar os métodos de planejamento e concentrar a execução das políticas públicas. A partir daí funda-se a SPVEA, que seria um dos meios de seguir uma política estrategicamente formulada a partir de estudos aprofundados, considerando as várias perspectivas e aptidões econômicas da região.
Porém, a SPVEA é extinguida por diversos motivos apontados pelo autor. Dentre estes podemos citar como principal o descompasso entre as ações técnicas e políticas na instituição. Brito (2001) ressalta que o planejamento para alcançar os objetivos das políticas públicas, desenvolvidas pela SPVEA, acaba sendo deixado de lado em vista de atender os interesses de uma elite regional e nacional. A situação de um quadro de funcionários não qualificados tecnicamente, por exemplo, é um dos principais fatores internos e de causas políticas que causam a falência da instituição.

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