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+ fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Antonio Tadeu Lyrio de Almeida Leonardo Bolzan Giacchetta + MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES fupai ÍNDICE CAPÍTULO 1: CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................... 1 CAPÍTULO 2: TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS ................................................. 10 CAPÍTULO 3: TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS ....................................................... 15 CAPÍTULO 4: TIPOS E APLICAÇÕES ............................................................................. 19 ""'~ CAPÍTULO 5: COMPONENTES E ACESSÓRIOS ........................................................... 22 r"\ CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO ........................................... 35 " CAPÍTULO 7: ANORMALIDADES EM TRANSFORMADORES ...................................... 39 CAPÍTULO 8: MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE TRANSFORMADORES ..................... 44 CAPÍTULO 9: MEDIÇÃO DE RESISTÊNCIAS ................................................................. 53 .CAPÍTULO 10: POLARIDADE E DEFASAMENTO ANGULAR ....................................... 60 CAPÍTULO 11: MEDIÇÃO DA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO ............................... 65 " CAPÍTULO 12: PERDAS, CORRENTES DE EXCITAÇÃO E TENSÃO DE CURTO- ,.....,. CIRCUITO ..................... ......... .. ......................................................................................... 7 4 CAPÍTULO 13: ASPECTOS GERAIS SOBRE O SISTEMA DE ISOLAMENT0 .............. 80 CAPÍTULO 14: RESISTÊNCIA DE ISOLAMENT0 ........................................................... 88 CAPÍTULO 15: FATOR DE POTÊNCIA DO ISOLAMENTO ............................................ 95 CAPÍTULO 16: ENSAIOS EM BUCHAS ......................................................................... 108 + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES CAPÍTULO 17: TIPOS DE FLUÍDOS O/ELÉTRICOS E REFRIGERANTES .................. 110 CAPÍTULO 18: MANUTENÇÃO DE FLUÍDOS O/ELÉTRICOS E REFRIGERANTES ... 114 CAPÍTULO 19: ENSAIO DE RIGIDEZ DIELÉTRICA ...................................................... 120 CAPÍTULO 20: COLETA DE AMOSTRAS DE ÓLEOS ISOLANTES PARA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA ............................................................................................................ 124 CAPÍTULO 21: ANÁLISE DOS GASES DISSOLVI DOS (C ROMA TROGRAFIA) .......... 130 CAPÍTULO 22: COLETA DE AMOSTRAS DE ÓLEOS ISOLANTES PARA ANÁLISE C ROMA TROGRÁFICA .... ............................................................................................... 137 CAPÍTULO 23: TRATAMENTO DE FLUÍDOS O/ELÉTRICOS E REFRIGERANTES .... 142 CAPÍTULO 24: SISTEMA PARA DIAGNÓSTICO DE TRANSFORMADORES ............. 149 CAPÍTULO 25: MEDIÇÃO DE RESISTÊNCIAS COM CPC100 ..................................... 155 CAPÍTULO 26: FATOR DE DISSIPAÇÃO/POTÊNCIA E CAPACITÂNCIAS DO ISOLAMENTO ................................................................................................................. 160 CAPÍTULO 27: ANÁLISE DE RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA ..... ................................. 173 CAPÍTULO 28: PROCEDIMENTOS DE TESTE PARA ANÁLISE DE RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA ................................................................................................................. 179 ANEXO: CASO PJUTICO DE DESCARGAS PARCIAJS .................................................... 188 + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES CAPÍTULO 1: CONCEITOS BÁSICOS RESUMO Este capítulo apresenta os conceitos básicos e os aspectos fundamentais relativos ao princípio de funcionamento e utilização das máquinas elétricas. 1.0 - INTRODUÇÃO Dá-se o nome de magnetismo à propriedade de que certos corpos possuem de atrair pedaços de materiais ferrosos. No passado, os antigos gregos descobriram que um certo tipo de rocha, encontrada na cidade de Magnésia, na Ásia Menor, a qual tinha o poder de atrair pequenos pedaços de fen·o. A rocha era construída por um tipo de minério de ferro chamado magnetita e por isso o seu poder de atração foi chamado magnetismo. No século 19, por outro lado, grandes cientistas conseguiram relacionar o magnetismo e a eletricidade, criando o que se denomina eletromagnetismo. Na realidade, o eletromagnetismo tornou viável a produção de eletricidade, propiciando as aplicações atuais e grande de envolvimento tecnológico . Há muitos poucos dispositivos elétricos ou eletrônicos (industriais ou de ·uso cotidiano das pessoas) na atualidade que não o empregam de alguma forma. Nesse sentido, observa-se que todas as máquinas elétricas, incluindo, naturalmente, os motores de indução trifásicos, apresentam seu princípio de funcionamento baseado nas leis da indução c conjugado eletromagnético. 2.0 - IMÃS Os imãs ou magnetos são peças de metal que possuem a habilidade de atrair outros metais. Cada una apresenta duas regiões bem distintas, as quais as ações de atração são mais intensas . A figura I ilustra este fato, após o espalhamento de limalha de ferro nas proximidades de um desses pontos. Tais pontos são os pólos, os quais são denominados de norte e sul. Ambos, portanto, formam um dipo/o magnético. Figura I - Pólos atraindo lima lha de ferro . Um fato importante em relação aos imãs é que é impossível separar os seus pólos. Portanto, no caso da divisão ao meio, seriam obtidos dois novos imãs menores (com pólos norte e sul) e assim sucessivamente caso fossem realizadas novas divisões . _.N _____ sj _N ___ sl Figura 2 - Tnseparabilidade dos pólos. C"pítulo I: Conceitos Básicos - I + fupai A inseparabilidade dos pólos ocorre porque a estrutura magnética mais simples que existe na natureza é o dipolo magnético elementar. Em outras palavras, os ímãs, ou os materiais de uma forma geral , possuem uma infinidade de dipolos magnéticos elementares, como àqueles apresentados esquematicamente à figura 3 a seguir. Figura 3- lmã com os dipolos elementares. Ainda em relação aos pólos, tem-se um fenômeno interessante, ou, em outras palavras, observa-se que dois pó los norte ou dois sul se repelem, enquanto que o norte e sul se atraem, como ilustra a figura 4. (a) (b) (c) (d) Figura 4- Atração e repulsão dos pólos. 3.0 -CAMPO MAGNÉTICO Através da figura 1, verifica-se que o ímã influência toda uma região do espaço em torno de si, a qual é chamada de campo magnético. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES De ta forma, um pedaço de metal co locado nesta região será atraído com maior ou menor intensidade. Em outras palavras, a intensidade de campo (norma lmente representada pela letra H) será maior ou menor conforme a distância de um determinado ponto e os pólos. Se, por outro lado, a intensidade de campo (H) é a mesma em qualquer ponto, o campo magnético é uniforme. O campo magnético pode ser representado através de linhas denominadas de força ou de campo, sempre no sentido do pólo norte para o sul, como ilustrado na figura 5. Figura 5 -Representação do campo magnético através de linhas. A quantidade de linhas que saem do norte e se dirigem ao su l é chamada de fluxo magnético(~). Por outro lado , considerando-se uma superficie que esteja no caminho do fluxo entre os pólos norte e su l, é possível conhecer a quantidade de linhas que atravessam a sua área A. Essa grandeza é chamada de densidade de fluxo ou indução magnética (B), ou seja: B =~IA (I) Figura 6- Linhas de campo magnético através de uma superficie. O fluxo magnético no sistema internacional de unidades é expresso em weber ( Wb ). Porém, além dessa unidade, emprega-se o maxwell (Mx), segundo a relação: 1 Wb = lrf Mx. Observe-se que 1 maxwell é igual a uma linha de campo e, assim: 1 Wb =I ri linhas. Capítulo I: Conceitos Básicos - 2 + fupai No sistema internacional a indução magnética (B) é dada em tesla (T), mas também é utilizado o gauss (G), sendo: A intensidade de campo (H) é dada em ampere por metro (Ai m), ou, maiscomumente, em ampere-espira por metro (A-esp/m). Também pode ser empregada a unidade oersted (O e), sendo 1 Oe = 79,577 A-esplm 4.0 - CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS QUANTO A IMANTAÇÃO Os corpos podem ser classificados de acordo com o grau de orientação de seus dipolos magnéticos elementares, ou seja, eles podem ser classificados quanto a sua imantação (magnetização), como mostrado a seguir: Corpo Fortemente Imantado A figura 3 mostrada anteriormente, apresenta uma disposição típica de um corpo fortemente imantado (ou magnetizado). Como se observa, o corpo fortemente imantado é aquele que apresenta uma orientação da maioria, ou todos, dipolos magnéticos elementares no mesmo sentido e direção. Corpo Fracamente Imantado Um corpo fracamente imantado é aque le que apenas alguns dos dipolos magnéticos elementares com uma certa orientação, como pode se observa na figura 7. Figura 7- Corpo Fracamente Imantado Corpo Não-Imantado Diferentemente dos dois casos anteriores, pode-se dizer que em um cmpo não-imantado (ou desmagnetizado) a disposição dos dipolos magnéticos elementares é aleatória, ou seja, não há uma orientação definida. A figura 8, a seguir, ilustra esta condição. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Figura 8- Corpo desmagnetizado (não-imantado). 5.0 - PERMEABILIDADE MAGNÉTICA A permeabilidade magnética é definida como sendo a facilidade com que um material pode ser magnetizado (imantado), e é representado pela letra )l. É importante salientar que a permeabilidade magnética de um material não é constante, pois quanto mais imantado estiver um material, mais dificil será aumentar a sua magnetização. Muitas vezes, ao invés de seu va lor real, utiliza-se a permeabilidade relativa (f..LR), ou seja, ela é fornecida em relação a um valor básico correspondente à do vácuo ou do ar (f..L 0), ou seja: (2) A permeabilidade relativa, portanto, é um número adimensional, exprimindo o quanto é ma is fáci l magnetizar um determinado meio que o vácuo. Observe-se que, a permeabilidade magnética (f..L) de um material , a densidade de fluxo (B) e a intensidade de campo (H) são grandezas que se re lacionam entre si, ou seja: B = f..LH (3) 6.0-TENSÃO INDUZIDA Em 1831, o inglês Michael Faraday constru iu um experimento semelhante ao mostrado na figura 9, onde se tem um anel de aço, duas bobinas sem contato fisico, uma chave para ligar e des ligar o circuito, uma bateria e uma bússo la. Figura 9 - Experimento de Faraday. Capítulo I: Conceitos Básicos - 3 + fupai Observa-se que, no momento em que a bateria era ligada ou desligada através da chave, instantaneamente flui uma corrente pela primeira bobina, a qual magnetiza o anel. Ao mesmo tempo, verifica-se que a agulha da bússola dá um "sa lto", mudando de posição, como ilustrado na figura I O. Figura 1 O- Deslocamento da agulha da bússola. Logo em seguida, a agulha volta a sua posição original, como na figura 11. Figura 11 - Retorno da agulha da bússola à posição original. Faraday concluiu que a deflexão da agulha da bússola ocorria devido à indução de uma tenscio elétrica (mais propriamente, uma força eletromotriz) que causava o surgimento instantâneo de uma corrente na segunda bobina . Uma segunda expenencia realizada por Faraday, foi inserir e retirar um imã dentro de uma bobina, cujos terminais estavam conectados a um galvanômetro. Ao fazer isso, percebeu que a agulha do galvanômetro se movia, como ilustra a figura 12. Figura 12- Indução de tensão em bobina. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Com tais experimentos, Faraday verificou que, sempre que houver uma variação entre o fluxo magnético e um circuito elétrico, nele será induzido uma força eletromotriz (tensão induzida). Se ele estiver fechado, ocorrerá a circulação de corrente. Portanto, em linhas gerais, pode-se escrever a lei de Faraday como: "A fàrça eletromotriz induzida em um circuito fechado é determinada pela taxa de variação do fluxo magnético que atravessa o circuito". Na última experiência descrita, verifica-se que quando o ímã se aproxima do circuito o galvanômetro deflete em um determinado sentido e quando ele se afasta, a deflexão ocorre no sentido contrário. Figura 13- Deflexão do galvanômetro. O cientista russo Heinrich Friedrich Emil Lenz, em 1834, enunciou a chamada Lei de Lenz, que justifica o fenômeno, ou seja: "A fàrça eletromotriz induzida em um circuito elétrico fechado produz uma corrente, a qual cria um campo magnético cujo sentido se opõe à variação do fluxo magnético que a originou", ou em outras palavras, "o sentido da corrente elétrica induzida é tal que o campo magnético criado por ela se opõe à variação do campo magnético que a produziu". Empregando-se as duas leis em conjunto, pode-se escrever, de modo simplificado, uma terceira, denominada lei de Faraday-Lenz, ou seja: E=- N d$/dt (4) Onde: E é afàrça eletromotriz induzida; N é o número de condutores ou espiras do circuito atravessado pelo fluxo magnético variável; d $/dt é a taxa de variação do fluxo magnético; O sinal"-" corresponde à lei de Lenz. É interessante observar que a lei de Faraday- Lenz é uma aplicação direta da lei da ação e reação de Newton, isto é: Capítulo 1: Conceitos Básicos - 4 ·"'"" + fupai "Ao se variar o fluxo sobre os N condutores ou espiras de um circuito (ação), elas induzem uma força eletromotriz, cujo sentido se opõe a essa variação (reação)". Note-se que, pe lo exposto, Faraday determinou como se obter eletricidade a partir do magnetismo, o que, até então, somente era possível através de reações químicas. 7.0- CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE Em 1820, o físico dinamarquês Hans Christian Oersted divulgou que hav ia descoberto que uma corrente elétrica circulando por um condutor produz um campo magnético. Tal descoberta foi revolucionária , pois associou a eletricidade e o magnetismo que se supunha fenômenos distintos e sem relação. O francês André Marie Ampere, depois de conhecer os resultados experimentais de Oersted, verificou que o campo magnético envo lve o condutor como mostrado na figura 14. \ OitêÇãO docam,po· Figura 14 - Campo magnético em um condutor. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Portanto, o sentido do campo magnético criado pela corrente pode ser determinado pela regra de Ampere (também conhecida como regra da mão direita), conforme ilustra a figura 15. Figura 15 -Regra de Ampere ou da mão direita. 8.0 - ELETROÍMÃS Observe-se que, ao fazer circular uma determinada corrente por um condutor enrolado em torno de um material magnético (espiras), é possível imantá-lo, obtendo-se um imã artificial (eletroímã ou solenóide). Figura 16 - Eletroímã ou solenóide. A corrente que circula pelas espiras recebe o nome de corrente de excitação ou de magnetização. Capítulo I: Couceitos Básicos - 5 + fupai Ampere observou que o produto do número total de espiras (N) e da intensidade da corrente de excitação (I), o qual é denominada de força magnetomotriz (jmm), é igual ao produto da intensidade do campo magnético (H) e do comprimento do eletroímã([), ou seja: fmm =N I =H l (5) Substituindo-se as expressões (I) e (3) em (5) e após alguma manipulação, resulta: fmm = N I = 1 /Jl i 4> A (6) Por outro lado, chama-se de relutância (Re) do circuito magnético a: . I Re =l!t.LA Dessa forma, tem-se: fmm = N I = R. 4> = H l 9.0 - CURVA DE SATURAÇÃO (7) (8) Assim, aumentando-se gradualmente o va lor da corrente, haverá uma elevação também gradual do fluxo. Na verdade, o que está ocorrendo, é uma orientação lenta dos dipolos do material. Quando praticamente todos estes dipo los estiverem orientados, mais dificil ficará o aumento do campo magnético. Neste ponto, diz-se que o material está chegando à saturação. Portanto, a saturação de um material corresponde à condição de quase totalidade de orientação dos dipolos, como, por exemplo, ilustrado na figura 3.A relação gráfica entre o fluxo e a corrente de excitação é conhecida por curva de saturação (ou de magnetização). Figura 17 -Exemplo de curva de saturação. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Esta curva, a menos de uma escala e devido à proporcionalidade entre as várias grandezas, ser traçada como nas figuras 18 e 19. B Figura 18 - Exemplo de curva de saturação. B H Figura 19- Exemplo de curva de saturação. Como pode se observar na figura 19, e considerando-se a expressão (3), até a saturação do material, a permeabilidade magnética permanece praticamente constante. A partir daí seu comportamento passa a ser variável, caracterizando uma não-linearidade entre B e H. Assim sendo, pode-se dizer que, nos matena1s ferromagnét icos, a permeabilidade magnética é var iáve l na região de saturação . 10.0- HlSTERESE Ao se aplicar uma corrente alternada senoidal em um eletroímã como o da figura 16, a sua circulação pelas espiras dará origem a um campo magnético variáve l. Capítulo I : Conceitos Básicos - 6 - + fupai Corrente 2 Figura 20- Corrente alternada. Como se sabe, a corrente é proporcional à intensidade de campo magnético H e, desta forma, à medida que ela varia, a intensidade de campo magnético também varia. Tal variação irá ocasionar uma a lteração no campo magnético total do dispositivo. A figura 21 mostra como e comporta a indução magnética B em função da intensidade de campo H, para um ciclo completo da corrente alternada senoidal representada na figura 20 . B 2 H Figura 21 - Curva B x H (ciclo de histerese). O ponto I COITesponde à condição inicial, a corrente é nula e o material não apre enta qualquer imantação. O ponto 2 está associado à condição de máxima corrente no sentido positivo. Para este valor de corrente tem-se o valor máximo positivo da densidade de campo magnético (B,ax). No ponto 3, a corrente se anula e o material mantém um magneti mo residual ou remanescente (B,.) positivo, ou seja, permanece uma determinada orientação dos dipolos magnético .elementares. A partir deste último ponto, até 4, a corrente cresce negativamente até atingir seu máximo valor. No ponto 4 tem-se a correspondente densidade de campo magnético máxima em sentido contrário (ou negativa). Finalmente em 5, a corrente se anula novamente, restando no material um magnetismo residual (B,.) negativo. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Ao percurso fechado da figura 21 (curva B x H) dá-se o nome de ciclo de histerese. Portanto, a cada ciclo da corrente alternada corresponde um ciclo da curva B x H. a mesma figura podem ser observados os segu intes va lores: Br- Magnetismo Residual ou Remanescente Densidade de campo magnético que permanece no material após a retirada do campo magnético externo, ou seja, quando a corrente se anula. Corresponde a orientação remanescente dos dipolos magnéticos elementares do material; Bmáx - Densidade de Campo Magnético Máxima C01Tesponde ao máximo va lor de campo magnético no material. É produzido pelo valor máximo da corrente; Hc - Forca Coercitiva ou Coerciva É a intensidade de campo necessária para eliminar o magnetismo remanescente do material. magnético residual ou Figura 22 -Ciclo de histerese em osciloscópio. A área interna do laço de histerese reflete diretamente a dificuldade que uma dada intensidade de campo H encontrará em orientar os dipolos de um material ferromagnético. Reflete, portanto, o trabalho realizado por H para obter B. Assim sendo, tal laço apresenta uma re lação íntima com o trabalho magnético efetuado, o qua l é consumido pelos dipolos. Não é, portanto, um trabalho úti l do próprio processo de magnetização, mas, sim, uma perda de energia. Desta forma, tem-se uma nova grandeza, que é a potência de perda por histerese (medida em watts), de um material magnético, a qua l se repete em cada ciclo de magnetização. A expressão (9) fornece as perdas em função das grandezas que a influenciam. PH =KH. G. B" .f. 10-8 (9) Capítulo I: Conceitos Básicos- 7 + fupai Onde: PH -potência perdida por histerese, em W; n -expoente de Steinmetz variável entre I ,6 e 2; B - indução magnética máxima (antes da saturação da chapa), dada em Gauss ou Mx/cm2; f - freqüência da rede, em Hz; G - peso do material magnético, em kg; KH - coeficiente de Steinmetz, sendo alguns de seus valores dados na tabela 2, conforme o material magnético. Material Magnético KH Ferro doce 2,5 Aço doce 2,7 Aço doce para máquinas 10,0 Aço fundido 15,0 Aço doce, 2% de silício I ,5 Aço doce, 3% de silício 1,25 Aço doce, 4% de silício 1,00 Tabela 2 - Coeficiente de Steinmetz, para diversos materiais magnéticos. Naturalmente, quaisquer tipos de perdas devem ser as menores possíveis. Analisando os coeficientes de Steinmetz, nota-se a influência do silício em chapas de aço para o núcleo . Desta forma, é conveniente utilizar a chapa com 4% de silício. Estas, por outro lado, ainda podem ter grãos de silício orientados e grãos não orientados, sendo que as primeiras citadas possuem relutância e perdas menores devido à disposição dos grãos. Outro fator importante é o tipo de laminação, o qual pode ser a quente ou a frio. Atua lmente, utilizam-se mais as chapas laminadas a frio do que as a quente, pois possuem maior permeabilidade e menores perdas. Mas, adverte-se que, suas altas propriedades magnéticas só se manifestam na direção transversa l da laminação. 13.0- CORRENTES PARASITAS (FOUCAULT) O material que forma o circuito magnético da máquina é condutor elétrico, embora sua condutividade seja pequena quando comparada com a do cobre o alumínio. Sabe-se que, pela lei de Faraday, o fluxo magnético variável no tempo ao atravessar um circuito induzirá tensões em seus terminais; estas, por sua vez, originarão circulação de corrente se o circuito estiver fechado. Considerando o circuito magnético como elétrico atravessado pelo fluxo principal, surgem as chamadas correntes parasitas ou de Foucault. Estas percorrem os caminhos mais variados, cobrindo em sua trajetória toda a peça do material magnético. Como MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES este possui uma resistên"cia elétrica, há energia dissipada sob a forma de calor. A maneira utilizada para minimizar os efeitos das correntes parasitas é diminuir a sua trajetória, empregando a laminação do aço silício em finas camadas. A figura 23 mostra as correntes de Foucault em bloco maciço, a figura 24 em chapas laminadas e a figura 25 a di sposição do fluxo em relação às chapas. Observe-se que as chapas são isoladas entre si com certos esmaltes ou, raramente, pela própria oxidação. Figura 22 -Correntes de Foucault- Bloco maciço. Figura 23 -Corrente de Foucault- Material Iaminado. Figura 24 - Fluxo magnético em relação às chapas. Capítulo 1: Conceitos Básicos - 8 + fupai Após a laminação, as correntes parasitas ficam confiadas às chapas reduzindo-se as perdas. Este fato torna-se claro através a expressão (7). G I 2 2 o-'2 PF = KF. . . B . X . 1 (I O) onde: PF- potência perdida por correntes de Foucault, em W; KF- coeficiente de Foucault, que depende da densidade e quantidade magnética do material e obtido experimentalmente; f- freqüência da rede, em Hz; B - indução magnética máxima (antes da saturação da chapa), em Gauss ou Mx/cm2; x- espessura da chapa, em mm; G- peso do material magnético, em kg. Nota-se, claramente, a influência da espessura da chapa e, portanto, deve-se utilizar núcleos laminados ao invés de maciços. Mantendo-se todas as grandezas constantes, vê-se que se o núcleo for dividido em n chapas, as perdas individuais serão I In! vezes menores. Desta forma , a perda total será reduzida de I In àquelas que ocorrem com o núcleo sólido. 14.0 - FORÇA DE LORENTZ O holandês Hendrik Antoon Lorentz, premiO Nobel de Física de 1902, verificou que "toda carga elétrica imersa num campo e dotada de velocidade, de MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORESdireção não coincidente com a direção do campo, fica sujeita a uma força de origem eletromagnética". Desta forma, se um condutor imerso em um campo com densidade (ou indução) magnética B e percorrido por uma corrente I fica submetido a uma força F de origem eletromagnética, cujo valor máximo é: F=B.l.l (I!) Onde: I é o comprimento da parte do condutor imersa no campo. O sentido dessa força pode ser obtido pela conhecida regra da mão esquerda, onde o dedo indicador representa o campo, o dedo médio a corrente e o polegar a força de origem eletromagnética, como mostrado a figura 25. Dlreçllo da corrente Figura 25 -Força agindo sobre um condutor. Capítulo I: Couceitos Básicos - 9 + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES CAPÍTULO 2: TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS Este funcionamento apresentando operação. RESUMO capítulo trata do princípio de do transformador monofásico e várias grandezas e aspectos de sua 1.0 - INTRODUÇÃO Chama-se tramformador a um equipamento elétrico, sem partes necessariamente em movimento, que transfere energia elétrica de um ou mais circuitos (primário) para outro(s) circuito(s) (secundário , terciário) através da indução eletromagnética. Nesta transferência, poderá ocorrer uma alteração dos valores das tensões e das correntes em cada circuito, porém as suasfreqiiências são sempre as mesmas. De uma maneira geral, existem múltiplas aplicações e, para cada uma, tem-se um tipo diferente de transformador. O princípio de funcionamento , porém, mantêm-se o mesmo em todos os casos. Os transformadores, considerando-se o número de fases, podem ser monofásicos ou po lifásicos (em geral, trifásicos). Esse texto analisa os monofásicos. 2.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO O transformador monofásico, em sua forma mais elementar, constitui-se de um núcleo de material magnético e enrolamentos, como ilustrado na figura I. Enrolamento primário ~ Núcleo / magnético Seç.io tranavers.al Figura 1 - Transformador monofásico elementar. O funcionamento do transformador monofásico (assim como de qualquer outro) baseia-se no principio de que a energia elétrica pode ser transferida entre dois circuitos devido ao fe nômeno da indução magnética. Aplicando-se a tensão U1, no primário do transformador, circulará uma pequena corrente denominada corrente em vazio , representada neste texto por 10. Esta, por sua vez, dá origem a um fluxo magnético alternado que fica confinado ao núc leo em sua maio r parte. Como este fluxo atravessa ambos os emolamentos e é variável, induz em cada um deles as forças eletromotrizes E1 e E2. i o ----... Figura 2 - Representação esquemática da parte ativa de um transformador monofásico operando em vazio. 2.0 - RELACÃO DE TRANSFORMACÃO Considerando a lei de Faraday, as forças eletromotrizes E1 e E2 são proporcionais ao número de espi ras N1 e N2, conforme a re lação: onde: E1 - força eletromotriz induzida no pri mário; E2 - força eletromotriz induzida no secundário, N1 - número de espiras do primário; N2 - número de espiras do secundário; KN- relação do número de espiras. (I) Por outro lado, define-se como relação de tensões (k): ui k= - u2 (2) Capítulo 2: Transformadores Monojiísicos- l O - - + fupai Ressalta-se que a tensão aplicada (primária) U1 difere pouco de E1, pois a queda de tensão é pequena devido aos baixos valores da corrente em vazio. Por outro lado, como não há carga, as tensões de saída (secundária) U2 e E2 são iguais. Desta forma , para fins práticos, pode-se considerar nos transformadores monofásicos que: (3) ou seja: (4) Ou: (5) A expressão (5) é importante, pois U1 e U2 são medidos facilmente. Portanto, se ao utilizar um voltímetro no primário, obtêm-se, aproximadamente, E1 e, no secundário, E1. Assim, a relação do número de espiras é determinada com pequeno erro. Observe-se que, se a) k > 1, o transformador é abaixador; e, b) k < 1, o transformador é elevador. 3.0 · O TRANSFORMADOR EM CA~GA Considere-se a figura 3 . . lo __..... Figura 3 - Representação esquemática da parte ativa de um transformador monofásico operando em vazio. Com o transformador operando em vazio, ou sem carga, a corrente 10 magnetiza o transformador e induz as tensões E, e E2. Fechando-se a chave "ch" do circuito secundário do transformador, ocorrerá a circulação da corrente 12 em seu enrolamento, cujo valor depende exclusivamente da carga. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Figura 4- Surgimento de corrente no secundário de um transformador monofásico em carga. Entretanto, de acordo com a lei de Ampere, h ao circular pelas espiras do secundário, cria um fluxo adicional (ou seja, de reação) ~2, o qual, conforme Lenz, tende a anu l ar~. lo· __.... Ú; É1t Figura 5 - Corrente no secundário resu ltando em um fluxo adicional. Para que o transformador continue magnetizado, um fluxo de mesma intensidade, mas de sentido oposto ao de reação do secundário, deve ser criado no enrolamento primário. Em outras palavras, é necessário que haja uma compensação de fluxo. U1 Figura 6- Compensação de fluxo. Novamente, considerando a lei de Ampere, para a criação desse novo fluxo para manter a magnetização, o primário do transformador absorverá da rede uma corrente sup lementar a 10, a qual será denominada 1'2. Pelo exposto, a corrente primária 11 é: (6) Capíwlo 2: Transformadores Monofásicos - 11 + fupai Figura 7 -Representação esquemática da parte ativa de um transformador monofásico operando em carga. Analisando-se a expressão (6) é possível concluir que, em qualquer condição de operação do transformador, sempre existirá a corrente ! 0 e que somente ela é responsável pela indução de E1 e E2• Em outras palavras, E1 e E2 independem do regime de carga. 4.0 - POTÊNCIA E RELACÃO ENTRE CORRENTES Considerando-se o exposto no item anterior, verifica-se que aforça magnetomotriz (jmm), originada no secundário pela circulação de corrente pela imposição de carga é: (7) Onde R e é a relutância do núcleo magnético. Mas, como visto, deve haver a compensação pelo primário e, portanto, nele, deverá ser originada a mesma força magnetomotriz. Assim: (8) Portanto, como a re lutância é a mesma para ambos os casos: (9) De onde se verifica que: (I O) Por outro lado, em condições normais de carga, tem-se que: ( ll ) E, então: (12) MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Observa-se que essa aproximação para transformadores para instrumentos (TC's, por exemplo) é um dos fatores que afetam a sua classe de precisão. Para os de potência, entretanto, ela não é sign ificati va. De qua lquer modo, utilizando-se a expressão ( 12) em (I 0), tem-se : i 2 -:::: .!!.J.. il N2 (13) O que leva a: k= UI ,..., EI Nl ~12 ~kN - = -=-- u2 E2 N2 il (14) Na expressão (14) verifica-se um fato de interesse, ou seja, que: (15) O resultado de (15) implica em dizer que a potência aparente recebida da rede pelo primário é, praticamente, a mesma que se entrega para a carga no secundário. Nesses termos, a potência total ou aparente do transformador (S) para uma determinada situação é: (16) 5.0 - GRANDEZAS REFERIDAS Como visto nos tópicos anteriores, as grandezas secundárias se refletem no primário do transformador. Por exemplo, se há uma corrente h circulando, há um valor correspondente no primário (ou seja, 1'2) que resu lta na mesma força magnetomotriz. A rede de alimentação, portanto, as percebem como valores equivalentes que produzem os mesmos efeitos se estivessem presentes no primário. Em outras palavras, tais grandezas estão "refletidas" (ou "referidas") a esse circuito . No caso das correntes citadas, tem-se que, a partir de (I O) e (14), o valor referido (ou reflet ido) é: i '= N2 i i 2 2 N 2 k I (17) Utilizando-se a mesma notação, ou seja, o apóstrofo ( , ) sobrescrito sobre a grandeza para designar que ela está referida ao primário, tem-se: Capítulo 2: Transformadores Monofiísicos- 12 + fupai Tensões no secundário referidas ao primário N E '=-1 E =kE 2 N 2 2 2 ( 18) u '= .!!J...u = kU 2 N 2 2 2 ( 19) lmpedância da carga referida ao primário (20) Portanto: Zc' = Zck! (21) aturalmente, a res istência e reatância referidas são calculadas de maneira análoga, ou seja: R '= Rk! (22) X' =Xk! (23) Observe-se que o fato de referir grandezas secundárias ao primário, não altera o ângu lo de fase e potência fornecida à carga. 6.0 - CIRCUITO EQUIVALENTE O transformador pode ser representado através de um ci rcuito equiva lente, o qua l permita analisar seus efe itos sobre o sis tema. A análi se física do equ ipamen to permite concluir que o primário e secundário possuem resistênc ia e reatância. Assim, é possível representá- lo através de parâmetros concentrados como mostra a figura 8. u.( R r x, x, ~. ·r11W ,,.,.;: u, Figura 8- Transformador com parâmetros concentrados ~· Com as grandezas secu ndárias referidas ao primário tem-se o circuito da figura 9. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Figura 9 - Transformador com as grandezas secundárias referidas ao primário . O circuito anterior pode ser representado pelo da figura I O. X r R'r . I'• u, E u. Figura I O- Transformador com ramo magnetizante substituindo o núcleo . z·~ a figura I O, o núcleo é representado por uma reatância fictícia (X,,) responsável pelo fluxo magnético e uma resistênc ia fictíci a (R,) responsável pelas perdas no núcleo. Por outro lado, a representação do ramo é desprezada devido aos baixos valores da corrente da corrente de magnetização, como mostra a figura 11 . u, x, AI x·. R\ t~ 1'~ ú. 1 E. Figura li -Circuito equ ivalente sem o ramo magnetizante. ·~ Esse circuito ainda pode ser reduzido ao equivalente mostrado na figura 12. X.,. Ru: . u, Z'e Figura 12 - Circuito equivalente do transformador. Capítulo 2: Transformadores Mouofásicos- 13 + fupai Onde: (24) (25) Como se observa, a corrente de carga (no caso, 12') é limitada apenas por Rcc e Xcc quando há um curto-circuito no secundário do transformador. Assim, Rcc e Xcc são chamados, respectivamente, de resistência e reatância de curto-circuito e, portanto, define-se impedância de curto-circuito como: z c c = ~ Rcc 2 + X c c 2 (26) 7.0 - PARÂMETROS PORCENTUAIS A impedância de curto-circuito normalmente é fornecida em porcentagem de uma impedância base, ou seja: onde: sendo: SN- potência nominal do transformador; UN- tensão nominal do transformador. (27) (28) É possível demonstrar que a impedância percentual possui o mesmo valor se calculada pelo lado primário ou secundário . MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Por outro lado, define-se tensão de curto- circuito (Ucc) à tensão que é necessário aplicar a um transformador, de modo que circule a corrente nominal no secundário, quando este está curto-circuitado. Figura 13 - Curto-circuito em transformadores. Na prática, as tensões de curto-circuito são expressas por seus valores percentuais em relação a UN. Desta maneira, a tensão de curto-circuito percentual é expressa por: (29) Pode-se mostrar que: Ucc% =Z% (30) Da mesma forma , é possível definir a resistência e reatância percentual como segue: R%= Rcc 100 = PJT 100 ZB SN (31) onde PJr são as perdas em carga e, (32) Capítulo 2: Tramformadores Mouofásicos- 14 . .-., ,,-..,. r"'\ + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES CAPÍTULO 3: TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS RESUMO Este capítulo trata do princípio de funcionamento do transfo rmador trifás ico e apresentando várias grandezas e aspectos de sua operação . 1.0 - INTRODUÇÃO A transformação trifásica pode ser realizada com um transformador específico, destinado a este fim. Neste caso, o custo ·inicial é mais baixo que os dos bancos, pois existirá apenas uma unidade. Entretanto, exige um outro transformador de mesma potência como reserva. 2.0 - NÚCLEO Partindo do principio que o transformador trifásico agrupa três monofásicos em um, a composição entre os núcleos mais evidente é a mostrada na figura 1. Figura I - Núc leos monofásicos compondo o trifásico. Um sistema trifásico simétri co e equilibrado possui três correntes com mesmo módulo, porém defasadas de 120° elétricos uma das outras. Pela lei de Ampere, elas originam fluxos nos núcleos monofásicos, também defasados de 120°. Analogamente às correntes trifásicas, quando os fluxos juntarem-se em um ponto, sua soma será nula, o que ocorre no local de união dos três núcleos. Sendo assim, não há necess idade de sua utilização é, po rtanto, é conveniente retirá-lo do circuito como medida de economia de material. Figura 2 -Núcleo trifás ico ideal. O núcleo trifásico da figura 2 é o ideal, mas apresenta uma forma inconveniente. Além disso, há uma utilização excessiva de material em sua construção, o que se reflete nos custos e inviabiliza a sua utilização. A so lução que se adota, em termos práticos, é bastante simples, ou seja: retira-se um dos núcleos, inserindo entre as colunas (ou pernas) laterais, outra com as mesmas dimensões. Culatra (ou jugo) ................ /. .. Figura 3 -Núcleo trifás ico . Com a inserção dos enrolamentos primário e secundário, tem-se a disposição esquemática da figura 4. Capítulo 3: Priuclpio de Funciouamento dos Transformadores Trifásicos - 15 + fupai Primário Secundário Figura 4- Representação esquemática de um transformador trifásico. N1 N2 O circuito magnético das três fases, neste caso, resulta desequilibrado. A relutância da coluna central é menor que as outras, o que origina uma pequena diferença nas correntes de magnetização de cada fase. Existem diversos tipos de núcleo, entretanto o mostrado na figura 4 é o mais comum devido à sua facilidade construtiva e de transporte. Este tipo de construção, relativamente a três monofásicos, apresenta como vantagem o fato de que, quaisquer desequi líbrios magnéticos causado pelas diferentes condições elétricas das três fases, tendem a desaparecer graças à interconexão magnética existente entre elas. Assim, o fluxo de cada perna distribui-se obrigatoriamente pelas outras duas. Também ocorre uma economia de material e conseqüente diminuição das perdas em vazio. Como desvantagem, tem-se que as unidades reservas são mais caras, pois deverão ter a potência total do transformador a ser substituído. O monofásico de reserva, por outro lado, apresenta apenas um terço da potência do conjunto. 3.0 - ENROLAMENTOS Os enrolamentos de um transformador trifásico podem ser conectados em estrela, delta ou zig- zag, conforme mostram as figuras 5 a7 . • I i I .. ..._ ____ . ----- Figura 5 - Conexão estrela dos enrolamentos de um transformador trifásico . MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES L. • ' • f ai I I a) Delta ou triângulo (possibi lidade I) . ' • • • l • J b) Delta ou triângulo (possibi lidade 2) . Figura 6- Conexões triângulo (ou delta) dos enrolamentos de um transformador trifásico. a) Zig-zag (possibil idade I). • b) Zig-zag (possib ilidade 2). Figura 7 - Conexões zig-zag dos enrolamentos de um transformador trifásico . As I igações delta e estrela são as mais comuns. Capítulo 3: Priucípio de Fuuciouameuto tios Tmusformadores Trifásicos- 16 - + fupai A ligação zig-zag, por sua vez, é secundária típica . A sua característica principal é sempre afetar igual e simultaneamente duas fases primárias, pois os seus enrolamentos são montados em pernas distintas seguindo uma ordem de permutação circu lar. Naturalmente, este fato a torna mais adequada para ser utilizada em presença de ca rgas desequilibradas. Adotando-se a notação de designar-se a ligação primária por letras maiúsculas e a secundária através de minúsculas, tem-se: D, d - Delta ou triângulo, Y, y- Estrela; z - Zig-zag Tabela I -Conexões dos enro lamentos. 4.0- PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO O princípio de func ionamento é basicamente o mesmo do monofásico, tanto em vazio como em carga. A figura 8 apresenta esquematicamente um núcleo de um transformador trifásico, cujos enrolamentos utilizam a co nexão Dy. A ·--------· B c--~--------~------------~----- Use loc ~ I· Uab Ubc , Uca a •-----!--------,.~·"·="-"" b-------------+-------------4-------- c-- ... Figura 8 - Transformador trifásico em vazio. Ao aplicar as tensões UA8 , U8c e UcA ao primário, as correntes de magnetização de cada fase (!oAo, foec e Ioc"A ) circu larão pelos respectivos enro lamentos. O efeito resu ltante será o surgimento de três fluxos magnéticos a lternados e defasados de 120° e létricos entre si . Dessa fo rma, pela lei de Fa raday, serão induzidas tensões nos enro lamentos primários (EAe, E8 c e EcA) e secundári os (Ea"' E&, e Ec11). MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Observe-se que, nos pontos X e Y do núcleo, a soma dos fluxos é nula. Isto significa que cada trecho entre e les, age como um transformador monofásico. Naturalmente, ao acoplar cargas ao secundário, surgirão correntes opondo-se à variação do fluxo ~ e, em conseqüência, tentam desmagnetizar o núcleo. Assim, essas correntes são compensadas por parcelas adicionais de corrente absorvidas junto à rede, mantendo-se 4> constante e as tensões induzidas nos enro lamentos. 5.0 - RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO Como se sabe, a relação de transformação é definida como a relação entre as tensões primárias (U1) e secundárias (U2), ou seja : u K=-~ u2 (1) No transformador trifásico a relação de transformação tem a mesma definição, considerando-se as tensões entre fases, entretanto. Observa-se, porém, que devido à conexão dos enrolamentos (E1 e E2 são tensões induzidas entre os tem1inais dos enrolamentos), e la não será, em todos os casos, igual à de espiras, como nos monofásicos. Na figura 9, por exemplo, mostra-se duas conexões de transformadores trifás icos. U1 U2 a) Conexão estrela- estrela (Yy). U1 Uz b) Conexão delta- estrela (Dy). Figura 9 - Conexões dos transformadores trifásicos. Capítulo 3: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Trifásicos - 17 + fupai Sendo assim, as relações de transformação K e KN para cada caso seriam para a: a) Conexão Yy da figura 9a: (2) e (3) e, estando o transformador em vazio, tem-se: então, U J3E E K=-1 = ---~ = -I=K u 2 J3 E2 E2 N (4) b) Conexão Dy da figura 9b: então, U E K=-~ = --~- U2 J3 E2 (5) Como os enrolamentos podem estar conectados de diversas maneiras, nota-se que para cada modo de ligação haverá uma diferença entre a relação de transformação e de espiras. Considerando-se os exemplos e as várias conexões, elaborou-se a tabela 2 relacionando-se os valores de K e KN para cada uma delas. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Ligação Dd Dy Dz Yy Yd Yz 2 K= KN K N 2 f3KN J3 -K KN [3K,. 3 N Tabela 2 -Valores de K em função de KN para as diversas conexões. 6.0- CORRENTE EM VAZIO os transformadores trifásicos, com a montagem de núcleo mostrada, as correntes de magnetização devem ser iguais entre si nas fases laterais e ligeiramente superiores a da central. Isto se deve ao fato de que as relutâncias das pernas correspondentes são maiores. Desta forma , adota-se um va lor médio para a corrente em vazio, ou seja: (6) 7.0- CIRCUITO EQUIVALENTE E PARÂMETROS De uma forma gera l, os sistemas de potência são representados por apenas uma fase e um neutro, considerando as . restantes como simétricas; evidentemente, consegue-se isto com a ligação Y. o caso dos parâmetros porcentuais, ta l fato é irrelevante, pois independem das conexões dos enrol amentos; enquanto que nos magnetizantes, ocorre exatamente o contrário. Assim no caso do primário em ligação delta, utiliza-se transformá-la na estrela equivalente. Desta forma , o transformador trifásico será representado pelos parâmetros de uma fase, supondo as conexões primárias em estrela e carga tr ifásica simétrica e equ ilibrada. Capítulo 3: Priucípio de Fuuciouameuto dos Tmusformcu/ores Trifásicos- 18 + MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES fupai CAPÍTULO 4: TIPOS E APLICAÇÕES RESUMO O objetivo deste texto é o de ap resentar os van os tipos de transformadores e algumas de suas aplicações. 1.0 - INTRODUÇÃO De uma maneira gera l, ex istem múltiplas aplicações e, para cada uma, tem-se um tipo diferente de transformador. O princípio de func ionamento, porém, mantêm-se o mesmo em todos os casos. Os principais tipos e ap licações são : 2.0 -TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA São classificados como transformadores de potência os de: a) Força, o qual é utilizado, normalmente, em subestaçõe.s abaixadoras e elevadoras de tensão. Podem ser consideradas como transformadores de força, aqueles com potência nominal superi or a 500KV A; e, de b) Distribuição, cuja função é a de abaixar a tensão para a distribuição a centros de consumo. São aqueles com potência nominal inferior a 500 KV A. Os quais, considerando-se o número de fases, podem ser monofásicos ou polifásicos (em gera l, trifásicos). Figura I - Transformador de distribuição monofásico. Figura 2- Transformador de distribuição trifásico . Figura 3 -Transformador de força trifásico . Esses transformadores também podem ser do tipo a seco, alternativamente aos imersos em óleo iso lante, como aqueles mostrados nas fi guras I a 3. Capítulo 4: Tipos e Aplicações- 19 + fupai Figura 4 -Transformador de distribuição a seco. 3.0 - TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTOS Os transformadores de instrumentos são os de Potencial (TP) e os de Corrente (TC), os quais são empregados para iso lar circuitos de altas tensões e/ou altas correntes, reduzindo-os a valores compatíve is com a segurança de operadores e tornando viáve l a instalação de aparelhos de medida e proteção. Figura 6 -Transformador de potencial (TP). MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES 4.0 - TRANSFORMADORES DE COMANDO E SINALIZAÇÃO São empregados para alimentar ci rcu itos de controle e proteção de máqu inas e létr icas, como, por exemplo, bobinas de contatares, re lês e outros equipamentos. Figura 7- Transformador de comando. 5.0 -TRANSFORMADORES DE ISOLAMENTO Ap licado para a proteção contra contatos à massa em máqu inas· elétricas como fornos e máqu inas de solda. Figura 8 - Transformador de iso lamento. 6.0- TRANSFORMADOR DE ATERRAMENTO São uti lizados transformadores de aterramento em a lguns sistemas para os quais é desejável possu ir ponto de terra acessível em local onde não existe transformador que possa ser aterrado . Somente no caso de desba lanceamentos, tais como curtos fase-terra, ci rcu la corrente por este tipo de transformador e, portanto, destinam-se a li mitar a corrente nos casos de falta à terra e a manter o des locamento do potencial de neutro dentro de li mites pré-fixados. Capítulo 4: Tipos e Aplicações- 20 . .--... . .-.._ + fupai Figura 9 - Transformador de aterramento. 7.0 - OUTROS TIPOS DE TRANSFORMADORES Existem outros tipos para aplicações específicas tais como os autotransformadores, transformadores de três circuitos, transformadores para fornos e subterrâneos, entre outros . Figura I O- Autotransformador (Chave co mpensado ra). Figura li - Transformador para fornos a arco. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Figura 12 - Transformador para instalações subterrâneas. Figura 13 - Transformador enc lausurado. Figura 14 - Transformadores de pequena potência. Capítulo 4: Tipos e Aplicações- 21 + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES CAPÍTULO 5: COMPONENTES E ACESSÓRIOS RESUMO Apresentam-se a seguir as partes componentes dos transformadores imersos em óleo isolante e vários de seus acessórios. 1.0 - INTRODUÇÃO A figura I apresenta uma vista explodida de um transformador de distribuição trifásico . Suporte d fixação Os componentes fundamenta is do tran formadorlocalizam-se na chamada ''parte ativa", ou seja, núcleo e enrolamentos. Existem diversos acessórios, tais como: radiadores, conservadores, comutador de tap's, termostatos e muitos outros, os quais dependem da potência e nível de isolamento do transformador para erem utilizados. Neste sentido a NBR 5356 estabe leceu os que devem ser utilizados com transformadores imersos em óleo. Figura I -Vista explodida de um transformador de distribuição trifásico . Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 22 - + fupai MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES A titulo ilustrativo a tabela I fo rnece um transformadores de até I 000 kV A e a tabela 2 para transformadores de maior porte. resumo das informações da norma para Acessórios Potência (em kVA) 15 30 45 75 11 2,5 150 225 300 500 750 1000 Indicador Ex temo de I de Coluna o o N N N Líquido Isolante. I Magnético o o o Bujão de Drenagem. o o N N N Meios de Ligação para Filtro. N N N N N Dispositivo para a retirada de amostra de N N N N N óleo. Meios de Aterramento do Tanque. N N N N N N N N N N N Meios p/ levantamento do Transformador N N N N N N N Completamente Montado e da Parte Ativa. Abertura para Inspeção. N N N N N N N N N N N Apoios para Macaco. N N N N N Provisão para Instalação do Termômetro do o o N N N óleo. DiSj)ositivo para Alívio de Pressão. o o o Meios para Locomoção. N N N N N Conservador de Oleo (em Transformadores o o o Não - Selados). Indicador de Temperatura do Oleo. o o o Caixa com Blocos Terminais. o o o Relé Detetor de Gás Tipo Buchholz (quando o o o houver conservador). Respirador com Secador de Ar (quando o o o Houver conservador). - Acessórios armais; O - Opcional. Tabela I -Acessórios para transformadore trifásicos com potência de até I 000 kV A. Acessório Localização Funç{iO Relé Detetor de Gás (Gás Relay) Tampa do Tanque. Coletar gases provenientes de falhas internas. Relé J (Fault Pressure Relay). Parede Lateral do Tanque. Indicar sobrepressões bmscas no interior do tanque. Relé Bulchholz (Bulchholz Relay). Condutor de Oleo entre Tanque e o Sintetiza a função dos dois relés anteriores. Conservador. Se usado, dispensa os mesmos. Válvula de Alívio de Pressão (Pressure Tampa do Tanque. Aliviar sobrepressões bntscas, protegendo o ReliefDevice). tanque contra deformações ou rupturas. Tubo de Segurança (Safety Type). Tampa do Tanque. Idem anterior, não sendo utilizados conjuntamente. Termômetro de Oleo (Liquid Temperature Par1e Superior do Tanque (Lateral ou Indicar por medição direta a temperatura do Indicator). Tampa). óleo do topo. Termômetro de Enrolamento - Imagem Parte Superior do Tanque (Lateral ou Indicar a temperatura do ponto mais quente Térmica (Winding Temperature Indicator). Tampa). do enrolamento através de medição indireta. Indicador de Nível de Oleo (Líquid Levei Lateral da Superficie do Tanque Lateral do Indicar nível de óleo isolante. Indicator). Conservador. Topo da Bucha. Indicador de Fluxo de Óleo (Líquid Tubulação Infer ior do Banco de Flowgage). ~adiadores entre o Tanque e a Bomba de Indicar o funcionamento da bomba de óleo. Oleo. Tabela 2 - Acessórios para transformadores de força. Capítulo 5: Compoueutes e Acessórios- 23 + fupai 2.0- NÚCLEO O núcleo é utilizado como circuito magnético para a circulação do fluxo criado nas bobinas pnmanas. Compõe-se por chapas de aço-si lício laminado com espessuras variáveis, sendo estas agrupadas de tal modo que resultem em pernas e culatras Uugo). Essas chapas são isoladas entre si por verniz isolante. Existem dois tipos básicos, ou seja. Núcleo envolvido (Core tvpe ou tipo núcleo) Utilizado para altas tensões, as quais requerem muitas espiras e boa isolação. Caracterizaram-se e por correntes relativamente baixas e pequeno fluxo magnético Este tipo é ilustrado na figura 2. Figura 2 -Núcleo de transformador trifásico Núcleo envolvente (Shcll type ou encouracado) Usados em transformadores com tensões baixas, onde há poucas espiras, baixa isolação. elevadas correntes, altas freqüências e fluxos magnéticos. O corte das capas pode se feito a 90° ou 45°, dependendo da montagem do núcleo e da potência do transformador. Observa-se que o corte a 45° permite que o fluxo circule com menor relutância. Figura 3 - Corte da chapa a 45°. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES 3.0 -ENROLAMENTOS As bobinas são montadas sobre tubos isolantes de papel baquelitizado ou envernizados, como ilustra a figura 4. Figura 4 - Montagem do Enrolamento Existem diversos tipos de enrolamentos que podem ser utilizados em transformadores, porém pertencem a três grandes grupos básicos, ou seja: helicoidais, discoidais e camadas. Helicoidal Usados nas tensões inferiores (a ltas correntes). ormalmente, constituídos por condutores retangulares e se desenvolvem em hélice continua. Entre as espiras existem canais de tran posição onde os condutores são invertidos; sendo assim, cada um deles ocupa todas as posições possíveis, conseguindo-se uma repartição equilibrada de correntes (mesma resistência ôhmica) e reduzindo- se as perdas no cobre e por correntes parasitas. Com dois condutores haverá pelo menos uma transposição. Figura 5 -Enrolamento helicoidal com três condutores. Capítulo 5: Componemes e Acessórios- 24 + fupai Figura 6 - Enro lamento he licoida l. Discoidal (vanqueca) Usados na tensão superior. O enrolamento completo consiste de um númew de discos superpostos uns aos outros. Na realidade, compõe-se de espi ras circulares dispostas paralelamente uma a outra no sentido radial , podendo, ou não, possuírem canais para refrigeração. Os condutores a cada vo lta entrelaçam- e, pois, desta forma, o comprimento méd io de cada esp ira, e, consequentemente, sua res istência ôhmica é igual. Os discos são separados por calços isolantes e são dispostos concentricamente com o secundário ocupando, normalmente, a parte externa por fac ilidade de isolamento e retirada das derivações. Figura 7 - Enrolamento discoidal. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Camadas Dividem-se em diversas camadas concêntricas largas, cilíndricas e de pequena espessura conectadas em série. Possuem excelente comportamento às obretensões. 4.0 - DISPOSITIVOS DE PRENSAGEM E CALÇOS Para dar consistência mecânica à parte ativa utiliza-se vigas dispostas horizontalmente, fixadas por tirantes. Por outro lado, emprega-se calços em muitos pontos da parte ativa, os quais têm por finalidade: a) Dar rigidez às bobinas, b) Isolar as bobinas do núcleo, c) Constituir vias para a circulação óleo e, d) Nivelar as janelas entre outras. Com freqüê ncia utiliza-se do fenolite, presspan ou madeira na sua confecção. 5.0 - ISOLAMENTO O isolamento existente nos transformadores é fe ito, basicamente, entre camadas de espiras, bobinas, enrolamentos e em relação à carcaça (massa) . O iso lamento entre enrolamentos e o isolamento em re lação à massa denominam-se isolamento principal. Ele é constituído por um ou mais ci lindros isolantes de papelão, de papel impregnado com resinas sintéticas e outros materiais, colado(s) entre ambos os enro lamentos e entre os enro lamentos e culatra . O iso lamento entre camadas é formado por duas camadas de papel. Por outro lado, o isolamento entre esp iras emprega várias camadas de papel enrol ados sobre os condutores. O papel normalmente utilizado é o Kraft. Os condutores ainda podem ser esmaltados . O isolamento entre bobinas no sentido axial é fe ito empregando-se madeira impregnada (madeirite) e/ou camadas de presspan ou baquelite. No sentido radial , quando as espiras dividem-se em mu itos grupos, uti liza-se tubos isolantes. De um modo geral, existem espaçadores de presspan com vários milímetros entre elas, de modo a permitir a livre circulação de óleo. 6.0- TAP'S OU DERIVAÇÕES Por diversos motivos, as tensões das redes variam. Sendo ass im, necess ita-se que o transformador possua condições de alterara sua tensão de entrada, por exemplo, para que a tensão secundária fique constante. Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 25 + fupai Desta forma, é possível a variação da relação de transformação, comutando-se espiras de um dos enrolamentos (ou de ambos) . Os pontos para a comutação de espiras denomina-se "tap " ou 'derivação ". Observe-se que as derivações em enrolamentos de tensão superior são mais econômicas, pois possuem condutores com bitola menor que os de tensão inferior. A troca de tap's pode ser executada em carga ou em vazio. No primeiro caso necessita-se de um comutador sob carga (LTC - "Load Tap Changer"), equipamento motorizado e com câmara de extinção, (devido ao caráter altamente indutivo dos transformadores) e a mudança deve ser a mais discreta possível. Figura 9 - Comutador sob carga (L TC) . No segundo, há uma tala de bornes interna ao tanque (tipo painel) ou um comutador externo. Figura lO- Comutador de tap's sem carga. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES 7.0 - BUCHAS 7.1 - Generalidades As buchas possuem a função básica de acop lar os terminais dos enrolamentos ao circuito externo, bem como, manter iso lado eletricamente estes enrolamentos e cabos do tanque. Figura li -Buchas e enro lamentos. Entre elas há certo espaçamento, devido à necessidade de se isolar as entradas e saídas uma das outras, onde o meio ambiente age como dielétrico. Este fato caracteriza a eficiência da bucha ou se há o melhor uso possível do poder dielétrico do ar a fim de assegurar iso lamento adequado. São constituídas basicamente por: a) Corpo isolante de porcelana vitrificada; b) Condutor passante de cobre eletrolítico ou latão; c) Terminal de latão ou bronze; d) Vedações de borracha e papelão higroscópico . As formas e as dimensões variam com a tensão e a corrente de operação. Os tipos mais comuns são as buchas a óleo e as condensivas. 7.2 - Buchas a óleo Consiste numa haste condutora envolvida por um determinado número de finos cilindros concêntricos de material iso lante, separados por calços de madeira tratada, onde a haste e os cilindros isolantes são fixados dentro de dois cones ocos de porcelana. Completa-se os espaços vazios com óleo iso lante. Capítulo 5: Compouemes e Acessórios- 26 + fupai 7.3- Buchas Condensivas Compõe-se de um corpo i olante de papel baquelitizado enrolado sobre um tubo de cobre (ou estanho). o isolamento são colocadas armaduras semicondutoras de forma a con tituírem capacitares cilíndricos e coaxiais. São usadas a partir de 25 KV. 8.0 - TANQUE Destinado a servir de invólucro da parte ativa e de recipiente do liquido isolante. Ele pode conter radiadores constituídos por tubos ou elementos em chapa de aço, visando a aumentar a área de dissipação do calor gerado pelas perdas. Figura 12- Transformador com radiador de tubos. Figura 13 - Transformador com radiador de chapas de aço. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Os transformadores de grande porte também podem estar providos de ventiladores insta lados sobre os radiadores, efetuando a ventilação forçada e, em conseqüência, aumentado a disponibilidade de potência. Figura 14- Transformador com radiadores e ventilação forçada. O tanque dos transformadores está sujeito a processos acelerados de corrosão, principalmente quando são instalados no interior de ambientes agressivo e na proximidades da orla marít ima . Dessa forma , são utilizadas chapas de aço com características apropriadas a esses ambientes. a uti lização destes tanques, é necessário precaver-se quanto à expansão c contração do óleo com as variações de temperatura. Assim, nos transformadores de distribu ição é usual utilizá-lo completamente selado, contendo apenas um espaço livre entre a tampa e o óleo. Em grandes transformadores, devido ao fato de que a pressão interna pode assumir altos valores, utiliza-se o conservador de óleo. Esse acessório possui uma bolsa de borracha instalada em seu interior, cuja finalidade é permitir o contato do óleo iso lante com o meio ambiente. O ar no interior dessa bolsa comunica-se com o meio externo através do secador de ar tipo silica-gel que retém a umidade. O óleo isolante ocupa a parte inferior do conservador. Um pequeno espaço restante, compreendido entre a bolsa de borracha e as paredes internas do conservador, é preenchido com nitrogênio, em substituição ao ar, para evitar oxidação do óleo. Capítulo 5: Componentes e Acessârios- 2 7 + fupai Considerando-se a temperatura ambiente e o regime de carga do transformador, três níveis de óleo podem ocorrer no conservador: a) nível mínimo : corresponde ao menor volume de óleo decorrente da mínima temperatura ambiente e com o transformador desenergizado. b) nível 25°C: nível normal de montagem com temperatura aproximada do óleo em 25°C. c) nível max1mo: corresponde ao maior volume de óleo decorrente da máxima temperatura ambiente e com o transformador operando a plena carga. Figura 15- Tanque com conservador de óleo . 9.0 - RELÉ BUCHHOLZ (TRAFOSCÓPlO) 9.1 - Considerações gerais O relé Buchholz, tem como finalidade proteger transformadores equipados com tanque de expansão (conservador de óleo). Esse tipo de relé somente detecta problemas originados no interior do transformador e, portanto, há sempre a necessidade de se complementar a proteção contra problemas externos, utilizando-se de outros dispositivos. O funcionamento deste relé baseia-se no fato de que qualquer acidente que ocorra no transformador, estará procedido de uma série de fenômenos, às vezes imperceptíveis e sem gravidade, mas que conduzem à distribuição progressiva do isolamento dos enrolamentos. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Assim sendo, es e tipo de equipamento toma- se importante devido a sua sensib il idade a gases de decomposição , que norma lmente acompanham este tipo de fenômeno. A figura 16 mostra uma vista do relé. a) Vista frontal. b) Detalhe. Figura 16- Relé Buchholz. Observe-se que o Buchholz substitu i o relé de gás e o de fa lha de pressão tipo "J", os quais serão analisados à frente 9 .2 - Caracteristicas Físicas O relé Buchholz é um equipamento compacto, de pouco volume é de fáci l montagem, provido normalmente de flanges de entrada e saída, que permitem instalá-lo em série com a tubulação que une o tanque do transformador com o de expansão do óleo i olante, conforme mostra a figura 17 . Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 28 + fupai Figura 17 - Relé Buchholz instalado. Ele é composto de dois elementos, sendo que deles é uma bóia colocada na câmara coletora de gás, enquanto o outro contém uma lâmina que é operada pela rápida circulação do óleo no tubo . O primeiro elemento detecta as faltas incipientes, por acumulação de gás, enquanto o segundo detecta curto-circuito que provoca rápida expansão do óleo entre o tanque e o conservador. Figura 18 -Terminais do relé Buchholz. 9.3 - Principais Problemas - Identifi cação Os principais problemas que um relé Buchholz identifica são: MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES a) Em caso de ruptura de uma conexão, se produzirá um arco, o qua l aumentará rapidamente por fusão dos condutores. Posteriormente, poderá alcançar o outro enrolamento provocando um curto circuito, e consequentemente, a volatização do óleo; b) Em caso de defeito de isolamento, causado por contato com a massa, entre o enrolamento e o tanque. O surgimento do arco irá volatizar e decompor o óleo no local em questão. Freqüentemente, este problema é causado por sobretensões; c) Em caso de curto-circuito ou de sobrecarga brusca, se produzirá, antes de mais nada, um forte aumento da temperatura, principalmente nas partes mais internas do enrolamento; d) Em consequenc ia de modificações nas propriedades químicas do óleo que reduzem sua rigidez dielétrica, facilitando a ocorrência de precipitações eletrostáticas particularmente elevadas. Nestes casos, acontinua produção de descargas poderá afetar o transformador. Evidentemente, elas irão acarretar a decomposição do óleo, provocando a formação de gases; e) No caso em que as juntas dos núcleos e os extremos estão mal executados, ou se o isolamento dos parafusos que seguram as chapas de ferro estiverem deteriorados, poderão produzir intensas correntes de Foucault. Esta situação irá provocar um aumento da temperatura no local, vaporizando o óleo e provocando a formação de gases. Note-se que, observando-se a quantidade e o aspecto dos gases desprendidos, pode-se localizar a natureza e a gravidade de defeitos. A co loração destes gases fornece uma boa indicação sobre a origem do problema, como por exemplo: Gás Esbranquiçado Derivado da decomposição de algodão ou papel. Indica a queima da cobertura isolante das espiras devido a um sobreaquecimento por curto circuito; Gás Cinzento Derivado da queima de madeira ou papéis. Indica a soltura ou mau contato de junção nos suportes de madeira. A causa poderá ser uma solda ma l feita ou auto-so ltura dos parafusos de junção; Gás Amarelo Derivado da queima do ferro. Denuncia defeitos no núcleo magnético; Gás Amarelo com Flocos Pretos Caracteriza a formação de arcos voltaicos no óleo . Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 29 + fupai Ainda, com relação ao gás desprendido, pode- se observar se o mesmo for combustível é indicativo de problemas com a parte elétrica; em caso contrário, o transformador poderá ser ligado sem problemas. 10.0 - INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO O indicador é empregado para assina lar o nível de óleo no transformador, sendo instalado numa das extremidades do tanque de expansão, conforme ilustrado na figura 19. Figura 19 - Indicador do nível de óleo no conservador. Esse acessório é composto por um sistema de bóia e um mostrador (e componentes eletromecânicos), ambos separados hermeticamente. Sua carcaça é feita de alumínio fundido sob pressão e as partes móveis são de latão O sistema de bóia com compartimento de haste variável aciona um imã permanente de grande sensibilidade e transmite a altura do nível de óleo do interior do tanque de expansão para o ponteiro . O mostrador, por outro lado, possui três indicações, ou seja : a) MIN, que corresponde ao nível mínimo; b) 25 °C, que corresponde à temperatura ambiente assinalada, e; c) MAX, que corresponde ao nível máximo. Há modelos em que o indicador possu i contatos para alarme ou desligamento, quando de uma eventual ultrapassagem do nível do ponto máximo ou mínimo. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Figura 20 - Indicador de nível de óleo. 11.0- INDICADOR DE TEMPERATURA DO ÓLEO- TERMÔMETRO ormalmente, os transformadores de força dispõem de termômetro loca lizado na sua parte superior. O termômetro em si, consiste em um bulbo cilíndrico com tlange, uma extensão de tubo capilar e um compartimento com mostrador, ponteiros e dispositivos de contatos. Esses termômetros possuem dois ponteiros de ligação e um de indicação de temperatura máxima atingida em um período, os quais são controláveis externamente. Dois deles movimentam-se apenas por ação externa, enquanto o último é impulsionado pe la agu lha de temperatura (ponteiro de arraste) . O termômetro possui na extremidade um bu lbo que é colocado no ponto mais quente do óleo, logo abaixo da tampa. Figura 21 -Termômetro indicador de temperatura do óleo. A caixa do termômetro é metálica, de construção venti la da e a prova de jatos de água. Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 30 ~ '""\ 1\ "' ,......,_ '""\ '""""' ,....._ 1\ "'""" """" 1\ ; + fupai Figura 22 -Termômetro indicador de temperatura do óleo. 12.0 -IMAGEM TÉRMICA- TERMÔMETRO A constante de tempo de aquecimento do óleo é muito maior que as dos enrolamentos e, a im, dificilmente a temperatura do primeiro é um indicativo daquela correspondente ao segundo . Por outro lado, a temperatura que eles atingem estão diretamente relacionado com a vida do isolamento e, em conseqüência, com a do próprio transformador. Desta forma, em transformadores de maior porte, é conveniente que se tenha um dispositi vo que permita avaliar a temperatura do ponto mais quente dos seus enrolamentos, visando um controle mais efetivo do aquecimento. Por outro lado, a medição da temperatura do enrolamento só é possível através de métodos indiretos, empregando-se sensores e, portanto, obtendo- e a chamada "imagem térmica". O sistema é composto de uma res istência de aquecimento e um sensor de temperatura simples ou duplo , ambos encapsulados e montados em um poço protetor imerso em uma câmara de óleo. O conjunto é instalado na tampa do transformador, equalizando-se com a temperatura do MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES topo do óleo, indicando assim a temperatura do ponto mais quente do enrolamento. A resistência de aquecimento é alimentada por um transformador de corrente associado ao enrolamento secundário do transformador principal. Figura 23 -Dispositivos de imagem térmica .. 13.0 - SECADOR DE AR DE SÍLICA - GEL O tanque de expansão mantém sob a tampa do transformador uma pressão constante no óleo isolante, o que impede a formação de ar úmido entre ela e a superfície do óleo. O ar úmido e frio oxida as moléculas superficia is do óleo, acarretando em aumento do seu peso. Sendo assim, estas se precipitam para o fundo , atraídas pelos isolantes devido à ação eletrostática, formando a chamada borra. Com o passar do tempo, a barra forma um revestimento que se torna isolante térmico e impede a troca de calor entre os condutores e Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 31 + fupai o óleo, até provocar a interrupção das espiras por fusão do metal. Paralelamente, o ar úmido provoca oxidação sobre o lado inferior da tampa pela qual , depois de algum tempo, se destacam partículas metá licas que se depositarão sobre os enrolamentos, diminuindo a distância de iso lação até provocar curto-circuitos que colocam o equipamento fora de funcionamento. Portanto, emprega-se o secador (ou desumidificador) de ar com a finalidade reter a umidade existente no ar e aspirada pelo transformador ou reservatório nele instalado, através de sílica gel. Figura 24- Filtros de silica-gel. Figura 25 -Exemplos de aplicação. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES A sí lica -gel é um material higroscópico, ou eja, retira a umidade do ar que o atravessa em direção ao interior do tanque de expansão. A sua ação absorvente evita a oxidação das molécu las superficiais do óleo que, como visto, possui uma ação negativa sobre o transformador e impede ações de condensação no interior do tanque de expansão. Ela possui forma cristalina, inodoro , s~m sabor, não dissipa gases, não é venenosa, nem solúvel em água, mesmo quando fragmentada. O interessante da sí lica-gel é que ela muda de cor conforme a absorção de umidade, por exemplo, no seu estado seco, apresenta uma coloração azulada, e, quando úmido, adquire uma tonalidade cor de rosa. Figura 26 - Grãos de sílica-ge l azul -rosa. Existem outros tipos de sí lica com co lorações diferentes da citada, tais como: laranja (seco) - verde (úmido) e branca (seco) - amare la (úmido). '1:": :J:t''~-.,·~:r: ..,._~ '"""'~~~"i;~ ?"Vi" . ~Wtl ~ . . '<~; . .. . -- . "• . a) Seco b) Saturado Figura 27 - Grãos de sílica-ge l laranja- verde. No caso de saturação do sil ica-gel é conveniente a sua troca ou secagem para renovar as propriedades higroscópicas. 14.0- TUBO DE EXPLOSÃO O tubo de explosão se destina á proteção do transformador contra sobre-pressões súbitas, Consiste, basicamente, de um tubo que de um lado é conectado ao tanque do transformador, e no outro lado, possui um disco de ruptura. Em caso de un ia súb ita elevação de pressão que ultrapasse o valor de ruptura do disco, haverá o seu rompimento, com abertura total da seção de passagem, fazendo a pressão cair rapidamente.Capítulo 5: Compo11e11tes e Acessórios- 32 + fupai Figura 28 -Tubo de Exp losão. 15.0 - VÁLVULA DE ALÍVIO DE PRESSÃO A vá lvula de alivio de pressão de fechamento automático é insta lada em transformadores imersos em liquido isolante com a finalidade de protegê-los contra possível deformação ou ruptura do tanque. Em caso de defeito interno com aparecimento de pres ões elevadas . A válvula é extremamente sensíve l e rápida (opera em menos de 2 milésimos de segundos), e fec ha-se auto maticamente após a operação, imped indo ass im a entrada de qua lquer agente externo no interior do transformador. Figura 29- Válvula de alivio de pressão 16.0 - RELÉ DE SÚBITA PRESSÃO O relé de súbita pressão é um equipamento de proteção para transformadores do tipo selado, sendo instalado acima do nível máx imo do liquido iso lante, no espaço de gás compreendido entre este e a tampa do transformador. MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES O relé é projetado para atuar quando ocorrem defeitos no transformador que produzem elevação anormal da pressão interna, sendo sua operação ocasionada somente pelas mudanças rápidas da pressão independentemente da pressão de operação do transfo rmador. Para aumento de pressão de 0.4 atm/s o relé opera em cerca de 3 ciclos, e para aumentos de pressão mais rápidos (I atrn/s a 2 atm/s) a operação se dá em menos de um ciclo. Por outro lado, o relé não opera devido as mudanças lentas de pressão próprias do func ionamento normal do transformador, bem como durante perturbações do sistema (raios, sobretensões de manobra ou curto-circu itos) a menos que tais perturbações produza danos no transformador. Figura 30 - Relé de súbita pressão. 17.0- RELÉ DETETOR DE GÁS O relé detetar de gás protege a aproximação de fa lhas no transformador que são procedidas por um período gradua l de deteriorização e evo lução de gás. Figura 3 I - Aspecto do relé de gás. O ponteiro desse re lé gás é movimentado por meio de dois magnéticos (imãs) permanentes, que são C(lpÍtu/o 5: Componentes e Acessórios- 33 + fupai acoplados a um flutuador (bóia). O movimento é efetuado pela bóia, de acordo com o vo lume do gás, que transmite indicações precisas ao ponteiro, devido à grande sensibilidade dos magnéticos. O acúmulo de gás força o nível do óleo abaixar. O nível do líquido (graduado em cm3) é indicado no volume de gás. Um dispositivo de alarme, com contatos normalmente abertos e fechados opera quando 200cc de gás acumula-se na câmara. O contato normalmente aberto pode ser usado para fechar o circuito de alarme no ponto 200cc. As lâmpadas são conectadas a um receptáculo. A válvula teste está localizada no lado da caixa de controle do transformador. O coletor de gás pode ser testado em ordem de determinar quando ou não a falha está se desenvolvendo no interior do transformador. 18.0 · DISPOSITIVOS DIVERSOS Conforme a NBR 5356, ainda podem estar presentes outros acessórios, os quais são relacionados a seguir (transcrito da citada norma). Abertura de visita As dimensões da abertura de visita devem permitir a passagem normal de uma pessoa adulta. Sempre que possível, deve ser localizada na tampa do transformador e, no caso de transformador dotado de comutador de derivações em carga, próxima ao mesmo; Bujão para verificação do nível de óleo Os transformadores subterrâneos devem possuir, pelo menos, um bujão para verificação do nível de óleo, o qual deve permitir a verificação do nivel mtmmo para funcionamento seguro. Nos transformadores providos de indicador de nível do óleo, dispensa-se a colocação desses bujões; Válvulas de retenção do óleo Os transformadores imersos em óleo, providos de radiadores ou trocadores de calor destacáveis, devem possuir válvulas que impeçam o escoamento do óleo do tanque, quando da remoção total ou parcial dos mesmos. Estas vá lvulas devem possuir indicação da posições aberta e fechada; Bujão de drenagem do óleo Deve ser colocado na parte inferior do tanque; MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES Válvula de drenagem do óleo Deve ser colocada na parte inferior da parede do tanque. Todas as válvulas de drenagem do óleo devem ser providas de bujão; Meios de ligação para filtro A ligação superior, para transformadores com tensão máxima do equipamento igua l ou inferior a 25.8 K V e potência nominal igual ou inferior a 500 KV A. exceto os subterrâneos, deve ser feita por meio de um tubo, provido de bujão. localizado na parte superior da parede do tanque ou na tampa. Dispositivo para retirada de amostra do óleo Deve ser colocado na parte inferior do tanque. em transformadores imersos em óleo, e na parte superior prox tmo à superficie do líquido, em transformadores a askarel; Meios de aterramento do tanque Os transformadores de potência nomina l igual ou inferior a I 000 kV A devem ter, na parte exterior do tanque, sempre que possíve l perto do fi.mdo, um dispositivo de material não ferroso ou inoxidável que permita fácil ligação á terra. Os transformadores de potência nominal süperior a I 000 kV A devem ter dois dispositivos de aterramento, localizados diagonalmente opostos; Meios para suspensão da parte ativa do transformador completamente montado. das tampas. do conversor de óleo e dos radiadores Os transformadores devem dispor de meios (a lças, o lhais, ganchos, etc.), para seu levantamento completamente montado, inclusive com óleo; devem. dispor de meios para o levantamento de sua parte ativa, do conservador de óleo e dos radiadores. Toda tampa cuja massa seja superior a 15 kg deve dispor de meio para seu levantamento; Abertura vara inspeção Os transformadores devem ter, quando necessário, uma ou mais tampas auxiliares na tampa principal, para permitir o desligamento dos terminais internos para as buchas. mudanças de derivações e inspeção; Apoio para macacos Podem ser feitos sob a forma de ressaltos ou de aloj amentos, devendo ser adequados tanto para a colocação como para o ac ionamento de macacos. Capítulo 5: Componentes e Acessórios- 34 , + MANUTENÇÃO EM TRANSFORMADORES fupai CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO RESUMO O objetivo deste texto é o de apresentar os vanos aspectos relacionados com a manutenção de equipamentos e instalações. 1.0 -INTRODUÇÃO A atual escassez de recursos, bem como o envelhecimento das plantas industriais, leva à procura de processos mais eficientes, confiáveis e que diminuam o custo do produto final, tornando-o mais competitivo. Assim, a realidade do presente passa, de forma obrigatória, pela produtividade e qualidade. Neste sentido, a manutenção assume grande importância já que deve-se inspecionar, comiss ionar, verificar indisponibilidades e causas de ocorrências visando evitar o seu agravamento ou repetição e acompanhar o desempenho dos equipamentos durante sua vida útil, entre outros fatores. Em face do exposto, verifica-se que o sentido do termo "manutenção" é muito mais amp lo que a simples atividade de reparar ou consertar um sistema ou equipamento que se encontra fora de operação. Segundo o dicionário Aurélio [I], manutenção é definida como "as medidas necessárias para a conservação ou permanência de alguma coisa ou de uma situação" ou ainda como "os cuidados técnicos indispensáveis ao fimcionamento regular e permanente de motores e máquinas". Por outro lado, a NBR 5462/94 [2] define a manutenção como "a combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida". Nestes termos, "manter" significa "fazer tudo o que for preciso para assegurar que um equipamento continue a desempenhar as funções para as quais foi projetado, num nível de desempenho exigido". Pelo exposto, tem-se que a manutenção deve ser encarada como um conjunto de atividades onde deve-se estabelecer todas as ações necessárias para manter um item em
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