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O DIREITO NA TEORIA DURKHEIMIANA
01-O QUE SIGINIFICA DIZER QUE O DIREITO E UM FATO SOCIAL, SEGUNDO DURKHEIM?
 Émile Durkheim define fato social como os agentes reais ou o conjunto de maneira que estão no centro focal de uma sociedade. São três suas características: a generalidade, a exterioridade e coercitividade. O direito é um fato social, pois é uma criação social, tem uma finalidade social e é na própria vida social que encontra sua fundamentação, sua justificativa, é uma realidade observável na sociedade e é o maior instrumento institucional de controle e organização das sociedades. A norma jurídica é um exemplo disso, por ser uma realidade. Por se originar na sociedade, a norma jurídica, através dos meios e mecanismos que formulam o direito, reflete objetivos, as crenças e os valores, conceitos éticos e finalidades da sociedade.
02- NÃO SENDO A JUSTIÇA A RAZÃO DE SER DO DIREITO, SEGUNDO O AUTOR, QUAL SERIA ENTÃO? EXPLIQUE.
A razão de ser do direito não e a justiça, mas a continuidade da existência da vida coletiva. Evidentemente, ajustiça não é um elemento desprezado, mas algo que só tem sentido enquanto um ideal social nuclear, com encarnações particulares variáveis e que consagra as consequências individuais em torno de um dever ser comum. É justamente por isso que qualquer ato que pareça ferir nossa concepção de justiça aparece a nós como algo tão grave, pois, para o autor, os ideais são sagrados, e o sagrado é aquilo que possui um valor indiscutível, acima de qualquer outra coisa, cuja transgressão provoca uma forte reação por parte da sociedade.
03-EXPLIQUE A RELAÇÃO ESTABELECIDA POR DURKHEIM ENTRE O DIREITO E MORAL, COMENTANDO A IMPORTANCIA DA ADESÃO A UM IDEAL SOCIAL A PARTIR DE REGRAS, E DIGA POR QUE ELE CONSIDERA O DIREITO E A MORAL COMO SENDO “UM MESMO FENÔMENO”.
A principal diferença entre moral e direito, é que a moral e um domínio mais difuso, cujas sanções não são tão bem definidas e podem ser aplicadas por qualquer membro da sociedade. Por sua vez, o direito é caracterizado por regras muito especificas estabelecida mediante processo maior de deliberação entre aqueles encarregados de institui-las, e cuja desobediência implicará uma punição estabelecida a priori e será imputada por um corpo de especialistas que possuem autoridade para julgar sua ação e determinar sua punição. A importância da adesão a um ideal social a partir de regras e aderir a certo ideal social, é acreditar que determinado conjunto de valores são bons e desejáveis. Em determinado aspecto, a moral e o direito são um mesmo fenômeno, pois ambos consistem em regras de conduta que servem para garantir a continuidade da existência da sociedade, não apenas seu corpo, mas também a sua alma.
04-EXPLICITE A NOÇÃO DE SANÇÃO, COMO O NÚCLEO DIFERENCIADOR ENTRE O DIREITO E A MORAL, SEGUNDO O AUTOR, E COMO ELA PODE SER POSITIVA OU NEGATIVA.
A sanção é definida com características que mais facilmente permite identificar um fato moral ou jurídico, na medida em que consiste no efeito, positivo ou negativo, provocado por uma regra moral ou jurídica. Enquanto no mundo da natureza as consequências são sempre resultados imediatos da ação, no mundo da moral e do direito a consequências é sempre imediata e a sanção consiste nessa mediação; afinal “essa sanção predeterminada, exercida pela sociedade sobre o agente que infringiu a regra, constitui o que chamamos de sanção”. A diferença que separa esses dois tipos de penas não diz respeito as suas características intrínsecas, mais a maneira como são admitidas. Uma é aplicada por cada um e por todos, a outra por um corpo definido e bem constituído; uma é difusa, a outra organizada. A sanção é uma reação predeterminada a uma ação, que pode ser tanto positiva quanto negativa. A reação positiva é sempre uma reação de aprovação, que muitas vezes implica alguma forma de recompensa. Porém sua forma mais evidente é geralmente negativa, na medida em que consiste uma reação mais ostensiva do que positiva. Tal sanção negativa, isto é uma reação de desaprovação do ato que infringiu a regra, é chamada de punição, ou, em termos mais técnicos, pena.
05-QUAL O PAPEL DO DIREITO PENAL NAS SOCIEDADES? POR QUE O AUTOR DEFINE A PENA COMO “REAÇÃO PASSIONAL”? E POR QUE EM SOCIEDADES MAIS EVOLUÍDAS O DIREITO PENAL PERDE SUA IMPORTANCIA FACE AS SOCIEDADES MENOS ILUSTRADAS?
O papel do Direito Penal é de “guardião” dos valores sociais mais importantes, dotados ate mesmo de certa sacralidade, porque expressão da própria consciência coletiva. O autor caracteriza a pena como uma reação passional, pois hoje a necessidade de vingança esta bem mais dirigida do que ontem. O espírito de previdência que se despertou não deixa mais o campo tão livre á ação cega da paixão; ele a contem em certos limites opõe-se as violências absurdas, aos estragos sem razão de ser. Mais esclarecida, ela se difunde menos casualmente; já não vemos voltar-se contra inocentes. Nas sociedades evoluídas o Direito Penal perde sua importância face às sociedades menos ilustradas porque, nas sociedades mais ilustradas, o que se verifica são tentativas de dissimular essa motivação básica. 
06- QUAL VERDADEIRO SENTIDO DA PENA, SEGUNDO DURKHEIM? OU SEJA, POR QUE É NECESSARIO PUNIR?
Em suma, no que se refere a sua função, o sentido da pena é o de restituir o respeito a lei, é lembrar aos indivíduos que aquele ideal no qual acreditam continua valendo, que aquele sistema não foi ameaçado e que a regra continua a ter autoridade. Serve de exemplo, como afirmação de que a Constituição que regulamenta e protege a vida dos indivíduos no contexto de um Estado de Direito não foi descartada. A pena é o que garante que os crimes não abalem a Constituição. Em contrapartida, quando as violações não são punidas, a regra no caso do nosso exemplo, a própria Constituição perde sua credibilidade, implicando um enfraquecimento dos ideais sociais que ela expressa. Portanto, esse deveria ser o fundamento real da pena, e não uma expiação ou uma forma de vingança.
07-EXPLIQUE POR QUE O CRIME É CONCEBIDO COMO UM FATO SOCIAL, NA TEORIA DURKHEMIANA, E ALÉM DISSO, UM FATO SOCIAL “NORMAL”? QUAL SUA FINÇÃO?
O crime e concebido como fato social, pois a essência do crime não reside no ato em si, mais no fato de que constitui uma ofensa grave a consciência coletiva, ou seja, “não se deve dizer que um ato ofende a consciência comum por ser criminoso, mas que é criminoso por que ofende a consciência comum”. O crime e entendido como um fato social “norma” quando ele é o que deveria ser e é considerado patológico quando deveria ser de outro modo. Ao afirmar que se trata de um fenômeno normal, não quer dizer que o crime seja uma pratica generalizada em todas as sociedades, mas quer dizer antes que se trata de um fato presente em todas as sociedades, isto é, generalizada em uma “espécie” determinada para não dizer em todas. Desta forma o crime dentro de determinadas taxas, faz parte do funcionamento “normal” da sociedade, o que torna um fato social normal. Durkheim descreve essa função transformadora e desejável do crime: “Não é mais possível hoje constatar que não apenas a moral e o direito variam de um tipo social a outro, como também mudam em relação a um mesmo tipo, se as condições da existência coletiva modificam. Mais para que essas transformações sejam possíveis, é preciso que os sentimentos coletivos que estão na base da moral não sejam refratários á mudança, que tenham, portanto, apenas uma energia moderada. Se fossem demasiado fortes, deixariam de ser plásticos. Todo arranjo, com efeito, é um obstáculo para um novo arranjo, e isso tanto mais quanto mais sólido. [...] Ora, se não houvesse crimes, essa condição não seria preenchida; pois tal hipótese supõe que os sentimentos coletivos teriam chegado a um grau de intensidade sem exemplo na historia. Nada é om indefinidamente e sem medidas. É preciso que a autoridade que a consciência moral possui não seja excessiva; caso contrário, ninguém ousaria contestá-la, e muito facilmente ela se cristaliza numa forma imutável. Para que elapossa evoluir, é preciso que a originalidade individual possa vir á luz; ora para que a do idealista que sonha superar seu século possa se manifestar, é preciso que o criminoso, que esta abaixo do seu século, seja possível. Uma não existe sem a outra”.
08- PORQUE UMA SOCIEDADE SEM CRIMES, SEM DESVIOS DE CONDUTA, OU SEJA, UMA “SOCIEDADE DE ANJOS” É IMPOSSIVEL?
Porque a existência de alguns crimes inevitáveis, esta ligada as condições fundamentais de toda e qualquer vida social e representa o elemento que torna possível à dinâmica, ou melhor, a própria evolução moral e do direito que devem mesmo ser dinâmicos.

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