Buscar

8- evicção

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EVICÇÃO
 	1. CONCEITO 
	 Evicção vem do latim evincere ou evictio, que significa algo como “ser vencido”. Na língua portuguesa existe o verbo “evencer”, que significa “promover a evicção de alguém”.
	O que é a evicção? 
	A evicção ocorre quando: 
	- a pessoa que adquiriu um bem 
	- perde a posse ou a propriedade desta coisa 
	- em razão de uma decisão judicial ou de um ato administrativo 
	- que reconhece que um terceiro possuía direitos anteriores sobre este bem 
	- de modo que ele não poderia ter sido alienado. 
	Obs.: "O direito de propriedade é um direito complexo, que congrega as faculdades de usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar a coisa". 
	2. PERSONAGENS 
	Na evicção, temos os seguintes personagens: 
	* Evictor: é o terceiro reivindicante do bem. 
	* Evicto: é o adquirente do bem, que perdeu na ação movida pelo evictor. 
	*Alienante: é o que transferiu o bem ao evicto, e, por isso, deve responder pela evicção, indenizando-o. 
 	Após perder a posse ou a propriedade do bem para terceiro, que provou seu legítimo e anterior direito à propriedade da coisa, o adquirente (evicto) deverá ser indenizado pelo alienante por conta deste prejuízo.
 	O fundamento desta indenização está no princípio da garantia, visa resguardar o adquirente de uma eventual alienação a non dominio, ou seja, alienação de coisa não pertencente ao alienante. Logo, não interessa discutir se o alienante estava ou não de boa-fé quando vendeu o bem. Mesmo de boa-fé, ele terá a obrigação de indenizar o evicto.
	O evictor fórmula, na ação reivindicatória, sua pretensão de direito real em face do evicto, mostrando seu direito legítimo, e anterior à alienação, sobre o bem.
	
	3. REQUISITOS	
 	A doutrina majoritária aponta os seguintes requisitos para que se configure a responsabilidade do alienante pela evicção:	
	 a) Aquisição onerosa do bem (art. 447 do CC)
	Se a pessoa recebeu o bem por conta de um contrato gratuito (ex: doação), ela não terá direito de ser indenizada se ocorrer a evicção, salvo se as partes tiverem estipulado expressamente esta garantia no pacto. 
	Se a doação for onerosa (também denominada de doação com encargo ou modal), o doador se responsabiliza pela evicção até o limite do encargo.
	b) Perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa alienada.
	Ex: Pedro adquire um prédio de apartamentos, mas 70% das unidades não pertenciam ao alienante.
	c) Direito anterior do evictor sobre a coisa (vício na alienação)
	A perda da propriedade ou da posse, para que haja a evicção, deve ter decorrido do fato de se reconhecer que o evictor tinha direito sobre a coisa antes mesmo de ela ter sido alienada ao evicto. 
	Assim, deve ficar demonstrado que houve um vício na alienação por conta de um direito anterior do evictor. 
	Deve-se analisar o momento em que o terceiro/evictor passou a ter direito sobre o bem. Se foi antes da alienação, o alienante responderá pela perda da coisa. Se foi depois, o alienante não deverá pagar indenização ao adquirente. 
	Ex1: João vendeu um imóvel para Rui. Após a aquisição, Rui, que não estava na posse direta do terreno, é citado para responder uma ação de usucapião proposta por Francisco. Ao final, a ação é julgada procedente, Francisco é reconhecido como proprietário e Rui perde o imóvel. João indenizará Rui pela evicção se os requisitos para a usucapião se completaram antes da venda. Se o tempo necessário para a usucapião somente se concretizou após a alienação, não há que se falar em evicção. 
	Ex2: João vendeu um imóvel para Rui. Após a aquisição, Rui perde o bem para o Estado por conta de uma desapropriação. Responde o alienante pela evicção somente se o decreto expropriatório tiver sido expedido e publicado antes da realização do negócio. Se foi publicado após a alienação, não há que se falar em evicção. 
	d) Por meio de decisão judicial ou ato administrativo
	Em regra, a perda do bem ocorre por meio de decisão judicial.
	No entanto, apesar de não ser tão comum, é possível que a evicção se dê por força de um ato administrativo (ex: comprador de veículo importado perde a propriedade do bem por conta de pendência administrativa junto à Receita Federal, que existia antes da alienação. REsp 1.047.882-RJ).
	
	No caso de evicção por decisão judicial, para que o alienante indenize o evicto é necessário que tenha havido o trânsito em julgado da sentença que fez com que ele perdesse a propriedade ou a posse do bem? 
	NÃO. Segundo decidiu o STJ, para que o evicto possa exercer os direitos resultantes da evicção (ou seja, para que possa cobrar a indenização), NÃO é necessário o trânsito em julgado da decisão (STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.112-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/3/2013).
	O ideal seria que tivesse havido o trânsito em julgado da decisão, considerando que haveria maior segurança jurídica. No entanto, o aplicador do direito não pode ignorar a realidade comum do trâmite processual nos tribunais que, muitas vezes, faz com que o processo permaneça ativo por longos anos, ocasionando prejuízos consideráveis advindos da constrição imediata dos bens do evicto, que aguarda impotente, o trânsito em julgado da decisão que já lhe assegurava o direito. 
	Assim, como não há no Código Civil nem em outro diploma a exigência expressa do trânsito para conceder a indenização ao evicto, a jurisprudência e a doutrina passaram a admitir que ela seja conferida ao lesado antes da decisão judicial se tornar definitiva.
	
	4. DENUNCIAÇÃO A LIDE	
	A evicção ocorre da seguinte forma: o evictor propõe uma ação contra o adquirente reivindicando o bem para si. 
	Nesta hipótese, o CC determinam que o evicto (réu), no prazo da resposta, convoque o alienante para que este compareça ao processo. Esta convocação deverá ser feita mediante o instituto da “denunciação à lide”. Assim, o evicto (réu) denuncia à lide o alienante do bem.
	O alienante é convocado ao processo, pelo réu, com dois objetivos: 
	* para refutar o direito alegado pelo autor; 
	* para ser condenado, neste mesmo processo, a indenizar o adquirente, caso a ação do evictor seja julgada procedente. 
	Para que o evicto seja indenizado pelo alienante, é indispensável que ele, ao ser demandado pelo evictor, faça a denunciação da lide ao alienante do bem? Em outras palavras, é obrigatória a denunciação à lide para que o evicto seja indenizado pela perda do bem?
	NÃO. Prevalece no STJ que o direito que o evicto tem de cobrar indenização pela perda do bem NÃO depende, para ser exercitado, de ele ter denunciado a lide ao alienante na ação em que terceiro reivindicou a coisa (STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.112-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/3/2013).
	Dessa feita, a falta da denunciação à lide fará apenas com que o réu perca a possibilidade de obter a indenização regressiva do alienante no mesmo processo em que perdeu o bem (no mesmo processo o juiz determinará a perda do bem em favor do terceiro te condenará o alienante a indenizar o evicto). No entanto, nada impede que, mesmo sem ter feito a denunciação da lide, o evicto ajuíze uma demanda autônoma contra o vendedor.
	ATENÇÃO- Réu/evicto, em ação reivindicatória, pode contestar e denunciar à lide alienante, que, por sua vez pode apresentar defesa ou não.
	Ex: Flávio, réu em uma ação reivindicatória de um terreno, ajuizada por Ricardo, para exercer o seu direito de garantia contra a evicção nos mesmos autos, denuncia à lide Roberto, de quem adquiriu o bem. Caso Roberto se mantenha silente, operar-se-ão os efeitos da revelia, pelo que, na hipótese de se consumar a perda da posse ou propriedade (o que será verificável na sentença que julgar as duas relações processuais), este será condenado na pretensão correspondente de Flávio, e não, obviamente, na de Ricardo (este, o evictor, somente quer o bem, que está com o evicto Flávio). Por óbvio, a declaração da revelia de Roberto não implica necessariamente em sua condenação, pois isso dependerá da relação processual principal entre evicto e evictor.
	ATENÇÃO - A relação jurídica incidental regressiva (do denunciante, em face do denunciado)pode gerar efeitos na demanda principal (do adquirente/evicto, em face do terceiro/evictor). Réu/evicto, em ação reivindicatória, pode não contestar e somente denunciar à lide o alienante, que formulará defesa contra o pretenso direito do autor/evictor.
	Ex: Utilizando do mesmo exemplo acima - Flávio (denunciante/ evicto) não contestou a ação reivindicatória (pretensão principal) e faz a denunciação da lide ao alienante, Roberto. Flávio é revel, embora denunciante da lide. Isso não quer dizer, porém, que fatalmente perderá o bem. Roberto pode negar os fatos alegados pelo autor (que o bem vendido era seu mesmo, não reconhecendo os fatos alegados ensejadores da evicção) e os prova. Trata-se de uma situação em que uma solução integral da lide impõe o reconhecimento da produção de efeitos da demanda acessória na demanda principal. Por isso, temos que o denunciado, em situações como esta, será um litisconsorte unitário do denunciante. 
Obs.: Desse modo, NÃO são requisitos indispensáveis à indenização por evicção: 
	*O trânsito em julgado da sentença que determina a perda do bem; 
	* A denunciação da lide pelo evicto. 
	
	5. DENUNCIAÇAO PER SALTUM
	Imagine a seguinte situação: 
	João comprou um terreno de Maria, que o havia comprado de Bartolomeu, que o havia comprado de Josefina, que o havia comprado de Manoel. (5 pessoas)
	De repente, aparece Gilberto ajuizando uma ação reivindicatória contra João e afirmando que Manoel não poderia ter vendido o terreno porque não lhe pertencia. 
	João decide fazer a denunciação da lide a fim de garantir que seja indenizado caso a ação seja julgada procedente. Não há nenhuma dúvida de que João pode denunciar a lide a Maria, considerando que foi ela quem lhe vendeu o bem, ou seja, eles possuem uma relação jurídica entre si. 
	Sendo Maria denunciada, ela poderia fazer a denunciação a Bartolomeu, que poderia fazer a denunciação a Josefina e esta poderia fazer a denunciação a Manoel. Trata-se da chamada “denunciação sucessiva”. 
	
Poderá, no entanto, João denunciar a lide a Manoel mesmo sem que eles tenham qualquer relação jurídica? O réu poderá fazer a denunciação da lide “pulando, saltando” todas as demais pessoas da cadeia de transmissão? Em outras palavras, o réu poderá fazer a denunciação da lide por salto (per saltum)?
	Houve a revogação do art. 456 do Código Civil, que permitia a denunciação à lide per saltum, pela lei 13.105, de 16-3-1015, ficando tal possibilidade vedada pelo ordenamento jurídico, constante no art.125, §2º do CPC.
	A doutrina repudiava a denunciação per saltum, afirmando não possuir sentido, já que não haveria correlação de valores do que se pagou pelo bem entre o que o primeiro e o último de sua cadeia sucessória, tornando bastante dificultosa ou quase impossível a atividade do juiz em resolver feitos dessa natureza.
	Convém atentar que, além da impossibilidade da denunciação per saltum, houve uma limitação na utilização da denunciação sucessiva, que somente poderá ser realizada duas vezes.
	O inciso I do art. 125 e seu §2º utilizam a palavra, respectivamente “alienante imediato” e “sucessiva”(além de ‘antecessor imediato’), que denota somente a possibilidade de o evicto utilizar a denunciação sucessiva.
	O denunciado sucessivo (2 denunciado, dentro do limite legal estabelecido) não poderá promover nova denunciação à lide, caso em que terá que fazer uso de ação regressiva autônoma contra outro integrante da cadeia dominial do bem, na esteira do §2º do art. 125, CPC. 
	
	5. RESPONSABILIDADE PELA EVICÇÃO E COISA ADQUIRIDA POR HASTA PÚBLICA.
	A obrigação do alienante de pagar indenização ao evicto, em caso de evicção, persiste ainda que o bem tenha sido adquirido por meio de hasta pública.
 	Isso está previsto no CC: "Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública". 
	A hasta pública é a oferta do bem penhorado aos interessados em adquiri-lo em um evento organizado pelo Estado-juiz. A hasta pública pode ocorrer por meio de praça (no caso de bem imóvel) ou leilão (bem móvel). 
	Caso o adquirente da coisa em hasta pública venha a perdê-la em virtude de evicção, a responsabilidade direta pelo pagamento da indenização é do executado. 
	Subsidiariamente, caso o evicto (arrematante) não consiga receber deste, poderá demandar o credor/exequente que se beneficiou com a arrematação (responsável indireto, subsidiário). Esta é a solução apresentada por Alexandre de Freitas Câmara, citada por Flávio Tartuce (Direito Civil. São Paulo: Método, 2011, p. 229). 
	Caberia pretensão regressiva em face do devedor/executado, que se enriqueceu indevidamente; sendo ele insolvente, poderia o arrematante voltar-se contra o credor/exequente, que, muito embora tivesse o direito ao pagamento, não o tinha a ser pago pela alienação de bem de terceiro.
	Ex1: Quando Carlos arrematou o bem, o fez em sede de execução, para viabilizar que os credores do devedor/executado fossem satisfeitos. Ora, se o arrematante/evicto vier a perder a coisa, concluímos que o devedor/executado locupletou-se indevidamente, por haver propiciado a hasta de um bem aparentemente seu, mas que, de fato, não lhe pertencia. Em tal caso, o valor pago por Carlos caracteriza pagamento indevido, cabendo ao mesmo, por força da segunda parte do art. 447, voltar-se contra o executado/devedor para exercer o direito que da evicção lhe resulta.
	Ex2: João estava sendo executado por Pedro. 
	Para adimplir o débito, uma sala comercial de João foi vendida em hasta pública e, com os recursos obtidos, Pedro foi pago. 
	Quem adquiriu o imóvel foi Carlos. 
	Ocorre que esta sala pertencia, na verdade, a Marcos, que entrou com uma ação reivindicatória. 
	Por conta disso, Carlos (arrematante/evicto) perdeu o imóvel que havia adquirido. 
	De quem Carlos poderá cobrar a indenização pela evicção? 
	Em primeiro lugar, de João. Somente se este não tiver como pagar a indenização (for insolvente), a demanda será proposta contra Pedro.
	IMPORTANTE- A postulação que se faz, quando ocorre a evicção, não é de desfazimento do negócio- postulação constitutiva negativa, que atrai um prazo de natureza decadencial- mas sim da sua dissolução por fato posterior, decorrente de uma pretensão de reparação civil, pois o alienante acabou por gerar um dano no patrimônio do adquirente evicto, por submeter um bem, que não era seu, mas sim do terceiro/evictor.
	6. INDENIZAÇÃO DEVIDA EM CASO DE EVICÇÃO
	Após perder a posse ou a propriedade do bem, o adquirente (evicto) deverá ser indenizado pelo alienante por conta deste prejuízo. 
	O valor da indenização englobará o preço pago pelo evicto na compra do bem e mais as outras despesas que ele comprove ter realizado, conforme previsto nos incisos do art. 450 do CC (LER).
	Obs.:Valor do preço do bem é calculado segundo a data da evicção (da perda, e não o dia da aquisição), conforme parágrafo único do art. 450 do CC 
	Assim, por exemplo, se a pessoa comprou o bem por 200 mil reais, mas na data da evicção (anos mais tarde), a coisa valia 300 mil reais, este último valor é que deverá ser devolvido ao evicto.
	Obs.: Indenização em caso de coisa deteriorada 
	Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. (LER)
	Ex: Eduardo vendeu um carro a Paulo. Este veículo foi abalroado e ficou avariado e sem uso. Após este acidente, Paulo perde o carro por conta de uma evicção. Mesmo estando deteriorado o automóvel, o evicto terá direito de ser indenizado, a não ser que o alienante prove que a coisa está deteriorada por dolo de Paulo. 
	Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. (LER)
	Utilizando o mesmo exemplo: o carro que foi objeto da evicção já estava todo avariado e sem uso. No entanto, o evicto havia conseguido vender algumas peças do motor para uma oficina mecânica. Logo, a quantiaque ele conseguiu com isso será descontada do valor da indenização que lhe será paga pelo alienante. 
Indenização no caso de benfeitorias
	Em princípio, as benfeitorias devem ser pagar pelo evictor (responsabilidade original). Caso este não pague, o evicto poderá cobrar o valor do alienante. 
	O evictor ajuíza a ação reivindicando o bem que está com o evicto. Este, na própria contestação, já deverá pedir que o evictor o reembolse pelas benfeitorias úteis e necessárias que fez na coisa. 
	Se, por algum motivo, o evictor não abonar (reembolsar) o evicto, ele poderá cobrar o valor do alienante, conforme preceitua o art. 453 do CC
	Interpretando o art. 454 do CC: 
	"Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida".
	O que este dispositivo está dizendo é o seguinte: o evictor pagou ao evicto o valor das benfeitorias que foram realizadas no bem. Ocorre que tais benfeitorias foram feitas ainda pelo alienante (e não pelo evicto). Logo, neste caso, o evicto recebeu indevidamente o reembolso das benfeitorias, já que não foi ele quem as custeou. Em se verificando esta situação, o alienante, quando for pagar ao evicto a indenização pela evicção, poderá descontar do valor a quantia recebida pelas benfeitorias.
	
	7. PERDA PARCIAL DO BEM
	Prevista no art. 455 do CC. (LER)
	Se a evicção for parcial, em regra, o evicto será indenizado pela parte da coisa que perdeu e a aquisição da parte que restou continua em vigor. 
	Pode acontecer que a perda parcial seja muito grande, que atinja quase toda a coisa, de forma que se torna economicamente desvantajoso que o evicto permaneça somente com aquela diminuta fração do bem. 
	Em tais hipóteses, a lei entendeu que seria justo conferir ao evicto a escolha entre continuar com esta pequena parte do bem e ser indenizado pelo restante ou, então, ser indenizado pela coisa em sua inteireza, devolvendo a pequena fração que sobrar ao alienante. 	
	Ex: Renan vendeu um terreno de 300m2 a Eduardo, que sofreu evicção parcial e perdeu 250m2 da área para um terceiro. Eduardo poderá pleitear a indenização pelos 250m2 perdidos e ficar com os 50m2 que restaram. A lei, porém, confere uma outra alternativa a Eduardo: devolver os 50m2 que lhe sobraram, desfazendo a compra e venda, e pedindo indenização pelos 300m2.
	8. O CONTRATO PODERÁ TRAZER UMA CLÁUSULA DISPONDO SOBRE A EVICÇÃO.
	Como visto no art. 448 do CC, as partes podem estipular uma cláusula no contrato segundo a qual o alienante expressamente afirma que não irá se responsabilizar caso o adquirente sofra uma evicção, ou seja, perca a coisa alienada (exclusão convencional da garantia). 
	Para evitar que houvesse um prejuízo muito grande ao adquirente, o CC, no art. 449, estabelece algumas exigências para que esta cláusula de irresponsabilidade pela evicção tenha plena eficácia. 
	Assim, para que o alienante fique totalmente isento de responsabilidade, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos cumulativos: 
	* Deverá haver cláusula expressa excluindo a responsabilidade do alienante pela evicção; 
	* O adquirente deverá ser informado que existe risco concreto de evicção (descrição pormenorizada desse perigo no contrato); 
	* O adquirente deverá declarar expressamente que aceita correr o risco da evicção que lhe foi informado. 
	Obs.: não abrangerá todas as parcelas previstas no art. 450, mas tão somente a restituição do valor pago pelo bem
	9. ADQUIRENTE SABIA QUE O BEM ERA ALHEIO OU LITIGIOSO
	Se o adquirente (evicto) sabia que a coisa era alheia ou litigiosa não poderá pedir indenização em caso de evicção, conforme previsto no art.457 do CC.
	10. VISÃO ESQUEMÁTICA
	Para melhor compreensão e visualização do tema, esquematizaremos possíveis posturas do adquirente evicto, como réu em uma ação reivindicatória, em que se verifica uma hipótese de evicção:
	O réu pode se comportar da seguinte maneira:
	a) Contestar a ação e não denunciar à lide - Neste caso, seu direito de regresso deve ser exercido em ação própria, não se podendo condenar o alienante, por não integrar à demanda.
	b) Contestar e denunciar à lide:
	b.1) Denunciado apresenta defesa- O processo prossegue, com a prolação de sentença para as duas relações jurídicas autor/evictor x réu/evicto; e réu/evicto/denunciante x alienante/denunciado)
	b.2) Denunciado não apresenta defesa- O processo prossegue, com a revelia (situação fática de ausência de defesa) do denunciado e, caso seja reconhecida ao final a evicção, o denunciado será condenado, não na relação jurídica principal (autor/evictor x réu/evicto), mas sim na relação jurídica acessória de regresso (réu/evicto/denunciante x alienante/denunciado)
	c) Réu não contesta, mas denuncia à lide: Declarada a revelia do réu/evicto, isso obviamente não acarretará a procedência da pretensão. Dependerá, por certo, da postura do denunciado, que poderá contestar:
	c.1) Denunciado apresenta defesa- Os fatos poderão ser negados pelo denunciado, gerando, por consequência, efeitos possíveis na relação processual principal, se os fatos ensejadores da evicção não forem reconhecidos como verdadeiros por conta dessa resposta do denunciado. 
	c.2) Denunciado não apresenta defesa- Operar-se-ão os efeitos da revelia, nas duas relações processuais.
	d) Réu não contesta, nem denuncia à lide: Operar-se-ão os efeitos da revelia, limitados, obviamente, ao autor/evictor e ao réu/evicto.

Outros materiais