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20200709 1 Moeda

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13 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 
Faculdade de Ciências Econômicas - FCE 
Departamento de Economia e Relações Internacionais – DERI 
Disciplina de Economia Monetária I - A – ECO 02002 – Turma B 
2020 – Textos Selecionados, Resumidos e/ou Adaptados. 
 
1 A Moeda 
1.1 A Economia de Escambo e a Economia Monetária 
1.2 As Funções e o Conceito de Moeda 
1.3 As Características e a Importância da Moeda 
1.4 A Evolução Histórica da Moeda 
1.5 As Criptomoedas 
Anexo 1: A Evolução da Moeda no Brasil 
Anexo 2: Tabelas 
 
1 A Moeda 
É impossível imaginar uma economia moderna operando sem o uso da moeda. Em uma 
economia em que não há moeda, toda transação deve envolver uma troca de bens (e/ou serviços), 
alimentada por dupla e mútua coincidência de desejos. Como a operação desta dupla coincidência de 
desejos é precária, assim o são as trocas, o que determina o caráter primitivo desse tipo de economia. 
 
1.1 A Economia de Escambo e a Economia Monetária 
(Texto selecionado, resumido e adaptado de: Lopes, João do Carmo e Rossetti, José P. Economia Monetária. Editora Atlas, 
6.ed., 1992). 
Os primeiros agrupamentos humanos, em geral nômades, sobreviveram sob padrões primitivos 
de atividade econômica. Eram grupos que não conheciam a moeda, que precisavam ser autosuficientes 
e, quando recorriam a atividades de troca, realizavam trocas diretas em espécie, sob o regime de 
escambo. Esta forma rudimentar de relacionamento econômico seria alterada a partir da fixação de 
certos grupos humanos em determinadas áreas, como os deltas dos rios Nilo, Tigre e Eufrates. Assim, o 
nomadismo foi cedendo lugar a uma forma sedentária de vida, com base econômica agrícola. 
Em decorrência, a vida social e econômica nesses grupos tornou-se mais complexa, mediante o 
advento de funções especializadas, tais como guerreiros, agricultores, pastores, artesãos e sacerdotes, 
desaparecendo, gradativamente, os casos de autossuficiência. Este processo de divisão do trabalho e de 
maior complexidade econômica transformou a vida daqueles povos, pois: 
a) aumentou o número de bens e serviços exigidos à satisfação individual e/ou coletiva; 
b) a dupla coincidência de desejos, dada a maior diversificação de bens e serviços, ficou mais difícil; 
c) a troca tornou-se fundamental para o desenvolvimento e a própria sobrevivência do grupo social, de 
forma que a divisão do trabalho determina que a autossuficiência ceda lugar à interdependência; 
d) assim, o corolário da divisão do trabalho é o estabelecimento das trocas. 
Historicamente, portanto, as trocas evoluiram em duas etapas: a das trocas diretas, mercadorias 
por mercadorias; e a das trocas indiretas, por intermédio da moeda. 
A generalizada aceitação de determinados produtos com alto valor agregado (ou alto valor de 
uso), recebidos em pagamento das transações econômicas que, dia a dia, tornam-se mais intensas, 
configura a origem da moeda. Isto porque esses produtos com alto valor de uso passam a ter alto valor 
de troca e, assim, transformam-se em moeda. Surge a economia monetária.1 
 
1 Observa-se que esta acepção simples de uma economia monetária como aquela que usa uma moeda como meio de troca é 
muito diferente da acepção keynesiana de economia monetária, na qual a moeda influencia o comportamento da economia 
14 
 
 
1.2 As Funções e o Conceito da Moeda 
A moeda exerce as funções tradicionais de: 
a) intermediária de trocas; 
b) medida de valor ou unidade de conta; e 
c) reserva de valor. 
Observa-se ainda que o exercício dessas funções pressupõe a ampla aceitação da moeda como 
tal. Alguns autores acrescentam uma quarta função, a de padrão de pagamento diferido, função esta 
que valoriza o papel da moeda no tempo, ligando passado, presente e futuro, mediante fluxos 
monetários e financeiros. 
A moeda pode ser conceituada, então, como um bem econômico qualquer, que exerce as 
funções de intermediário de trocas, de medida de valor e de reserva de valor, que opera como um 
padrão temporal de valor e que tem aceitação geral2. 
A Moeda como intermediária de trocas, como se viu, permitiu a superação da economia de 
escambo e a passagem à economia monetária. Os principais benefícios resultantes dessa função da 
moeda foram: o maior grau de especialização e de divisäo social do trabalho; a sensível redução do 
tempo empregado em transações; e a eliminação dos inconvenientes da dupla coincidência de desejos 
exigida nas economias de escambo. 
A Moeda como medida de valor ou como unidade padrão de conta, significa que os bens e 
serviços passam a ter, como denominador comum nos seus mercados, valores expressos na unidade 
monetária em uso, o que traz vantagens, tais como: eleva o nível de informações econômicas, via 
sistema de preços, ampliando a eficiência da economia; possibilita a contabilidade da atividade 
econômica e a gestão racional das unidades produtivas; permite a construção de sistemas de 
contabilidade social, para o cálculo dos agregados da oferta (produção de bens e serviços) e demanda 
(consumo, investimento e transações com o exterior) e de outros fluxos e estoques econômicos3. 
A Moeda como reserva de valor traduz uma forma de guardar riqueza. Esta função não é 
exercida apenas pela moeda, existindo outras formas de ativos, financeiros e não financeiros, que 
podem exercer o mesmo papel, inclusive dominando os ativos monetários. Mas, por sua liquidez e pela 
incerteza quanto às possiblidades de conversão em moeda de outros ativos não monetários, a moeda é 
um reservatório de poder de compra em momentos de incerteza econômica ou financeira. 
A Moeda como padrão temporal de valor ou de pagamentos diferidos resulta de sua capacidade 
de facilitar o crédito e a distribuiçäo de pagamentos ao longo do tempo, viabilizando os fluxos de 
crédito, de produção, de renda e de despesa, que se desenvolvem no tempo, exigindo que, ao longo 
deste, sejam antecipados ou postecipados diferentes tipos de pagamentos. 
 
1.3 As Características e a Importância da Moeda 
Para o bom desempenho das suas funções, a moeda deve reunir uma série de características: 
a) indestrutibilidade e inalterabilidade; 
b) homogeneidade; 
c) divisibilidade; 
d) transferibilidade; 
e) facilidade de manuseio e transporte (Lopes & Rossetti, p.16). 
 
tanto no curto como no médio prazo. Mas isto é outra história e os interessados em conhecê-la ou revisá-la poderão fazê-lo 
mediante a disciplina de Economia Monetária II, opcionalmente. 
2 A eficiência dessas funções da moeda e, portanto, a validação desse seu conceito, está diretamente associada com a 
eficiência da gestão da moeda pela autoridade monetária. 
33 Na medida em que a função da moeda de intermediação nas trocas é desmaterializada pela tecnologia eletrônica e que a 
função da moeda como reserva de valor é suplantada pelas aplicações financeiras remuneradas de liquidez imediata, 
aumenta sobremaneira a função da moeda como medida de valor (e também como padrão temporal de valor, mesmo que 
igualmente desmaterializado pela tecnologia). 
15 
 
Quanto à importância da moeda e, por extensão, dos sistemas monetários, viu-se que a moeda 
torna a troca de bens muito mais simples, ao eliminar o problema e o custo do escambo. Se o sistema 
monetário experimentar um colapso, aconteceria o mesmo com o sistema de trocas e, sem um eficiente 
mecanismo de troca, a capacidade produtiva ficaria prejudicada em alto grau. Uma visão ainda mais 
sintética da importância do sistema monetário pode ser feita mediante o brutal aumento de 
produtividade geral do sistema econômico baseado na moeda, em relação ao sistema econômico 
baseado no escambo. 
Em termos agregados nacionais, estuda-se o sistema monetário devido, principalmente, ao 
impacto da moeda e da sua gestão sobre a taxa de variação da renda, a taxa de desemprego e, em 
especial, a taxa de inflação, e também para entender sobre como funcionam os bancos e outras 
instituições financeiras dedicadas ao financiamento da economia e para saberporque as taxas de juros 
se alteram e como as taxas de câmbio afetam os fluxos de bens e serviços internacionais. 
No nível individual, a compreensão do sistema monetário também ajuda os agentes econômicos 
em suas decisões sobre como poupar, consumir, investir e produzir. Isto porque os comportamentos 
econômicos individuais podem ser influenciados pelo comportamento de fatores monetários, agregados 
ou não, pois, por exemplo, a compra de um carro pode depender da taxa de juro do crédito necessário a 
sua aquisição e do valor do bem, fatores estes que poderão ser influenciados pela política monetária do 
banco central, pela política fiscal do governo, pela taxa cambial e pela taxa de inflação4. 
 
1.4 A Evolução Histórica da Moeda 
Sabe-se que a cunhagem de moedas metálicas5 surgiu por volta de 800 a.C., na Lídia, mas antes e 
depois do surgimento das moedas cunhadas em metal muitas outras mercadorias, metálicas e não-
metálicas, foram usadas como moeda. Veja-se a seguir a evolução histórica dos tipos de moeda. 
 
1.4.1 As Moedas-Mercadorias 
Os primeiros bens econômicos usados como moeda foram mercadorias que deveriam ser 
suficientemente raras (para que assim tivessem valor de troca) e deveriam atender a uma necessidade 
comum e geral (isto é, tivessem valor de uso), para que pudessem ser aceitas em operações de trocas 
indiretas. Desta forma, os primeiros tipos de moeda tinham, essencialmente, valor de uso e, sendo este 
comum e geral, passavam a ter, também, valor de troca. Com o decorrer do tempo e com a passagem 
de um tipo de moeda para outro, os instrumentos monetários foram submetidos a processo gradual de 
evolução, que foi convergindo para a crescente desmaterialização da moeda, em decorrência do que o 
atributo de valor de uso foi paulatinamente abandonado, em favor do valor de troca. 
Seguem-se exemplos de mercadorias utilizadas como moeda, em diferentes épocas: 
a) na Antiguidade: cobre, anéis de cobre; prata, cevada, gado, barras de ferro, espadas de ferro, 
escravos, animais domésticos, arroz, ouro, conchas, seda, instrumentos agrícolas, sal; 
b) na Idade-Média: moedas de couro (precursoras das cédulas de papel), gado, ouro e prata em 
unidades-peso, cereais (arroz, aveia e centeio), mel, tecidos, peixes secos, escravos, manteiga, peles, 
chá, sal, peças de ferro, estanho, prata, anéis de cobre cobertos com ouro e prata, pérolas, ágatas; 
c) na Idade Moderna: fumo, cereais, carnes-secas, madeira, gado, rum, trigo, carne, peles, metais 
preciosos, arroz (warrants, emitidos por depósitos desse cereal, até o Século XVII foram usados como 
moeda) (Lopes, Rossetti, p.28). 
Há relativamente pouco tempo atrás, as pessoas ainda usavam como moeda conchas coloridas 
na Índia, cigarros nos campos de prisioneiros na Segunda Guerra Mundial, dentes de baleia nas ilhas Fiji 
e grandes discos de pedra na ilha de Yap (Sachs, Larrain, p.250). 
 
4 As relações entre taxa de juros, taxa de inflação, taxa de câmbio, taxa de variação da renda e taxa de desemprego poderão 
ser vistas ou revistas em Economia Monetária II, como antes já enfatizado. 
5 A cunhagem de uma moeda corresponde a um processo de certificação do seu valor de troca, seja com base no peso do 
metal precioso que lhe é intrínseco, seja com base em certificação ou convenção oficial. 
16 
 
Mas, embora tenham chegado até a Idade Moderna, as moedas-mercadorias foram sendo 
progressivamente descartadas. A principal razão para a sua substituição por outras formas de moeda foi 
que a maior parte das moedas-mercadorias não preenchia as características essenciais que se exigem da 
moeda para o desempenho de suas funções, o que comprometia sua aceitação geral. 
Moedas de pedra na ilha de Yap. 
 
1.4.2 As Moedas Metálicas 
Os metais foram as mercadorias que mais se ajustaram à função de moeda, principalmente 
porque suas características intrínsecas mais se aproximam das características essenciais que se exigem 
dos instrumentos monetários. Cabe ainda assinalar que a utilização de metais viabilizou o processo de 
cunhagem, por meio do qual se certificava o peso da moeda e, logo, seu valor em termos do metal 
monetário e se garantia sua circulação, quando esse processo era administrado por chefes de estado. 
Os metais ferrosos e não ferrosos foram inicialmente usados como moeda, ainda que, em sua 
essência, fossem mercadorias que, pelo seu valor de uso, passaram a ter a função de intermediação nas 
trocas. Com o passar do tempo e com o aumento na oferta desses metais genéricos, estes perdem a sua 
função monetária em favor da prata e, principalmente, do ouro, relativamente mais escassos, mais 
demandados e cada vez mais usados como meio de troca. O passo seguinte foi o uso desses dois metais 
para a cunhagem de moedas. 
Conforme já antes citado, os lídios, no século VIII a.C., teriam sido os primeiros a cunhar moedas, 
atestando o seu peso e valor. No Império Romano, os imperadores usaram a moeda cunhada como 
meio de integração das regiões conquistadas e como veículo de propaganda, pela cunhagem da própria 
efígie, junto às diferentes populações subjugadas a Roma ou integradas ao império. Seguem-se imagens 
de moedas lídias encontradas e datadas do século VIII a.C. 
 
Moedas da Lídia do século VIII a.C. (Leão Lídio) 
No início, as formas metálicas de dinheiro não eram padronizadas nem certificadas e, por isso, 
era necessário pesar os metais monetários (ouro e prata) e verificar sua autenticidade antes da maioria 
das transações. A cunhagem, iniciada pelos lídios, como visto, e também adotada por volta do século VII 
a.C. na Grécia, amenizou este problema e foi rapidamente difundida. 
O uso de moedas reduziu substancialmente a necessidade de pesagem e certificação, facilitando 
as transações. Durante quase quatrocentos anos, até o século III a.C., o dracma de Atenas manteve seu 
conteúdo de prata praticamente inalterado e foi a moeda mais usada no mundo antigo. 
Dracma da Grécia antiga 
17 
 
Na época do Império Romano, foi introduzido um esquema bimetálico, baseado no denarius de 
prata, que coexistia com o aureus de ouro. No século I a.C., na época do Imperador Nero, o conteúdo de 
metal precioso das moedas começou a diminuir e foi sendo utilizada uma quantidade cada vez maior de 
metais comuns. Logo em seguida, os preços expressos nessas unidades aumentaram. Por trás desse 
processo inflacionário havia déficits governamentais crescentes, que o governo romano não eliminou 
por meio de controle de gastos e aumento de impostos. Historiadores afirmam que a inflação foi um 
fator importante para o declínio do Império Romano6. 
 
 
Na Idade Média, os senhores feudais assumiram o poder de cunhar moedas e também valeram-
se, em alguns momentos, da prática de alterar seu valor nominal, apropriando-se de substanciais 
parcelas da base metálica, impondo valores nominais mais altos para iguais quantidades de metal ou 
reduzindo essas quantidades em relação à unidade expressa de valor nominal. É a esse processo de 
apropriação (caracterizado como uma cobrança de tributo) que se dá a denominação de senhoriagem. 
Inicialmente apresentados sob forma mercantil (isto é, como mercadoria monetária, geralmente 
como lingotes ou barras) ou submetidos a processos de cunhagem (moeda), os primeiros metais 
empregados como instrumentos monetários foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro. No 
entanto, pelo fato desses metais apresentarem-se cada vez mais disponíveis na natureza (em especial o 
ferro), pela descoberta de novas jazidas e pelo aperfeiçoamento do processo industrial de fundição, 
instabilizavam-se de forma acentuada os seus preços, que apresentavam tendência à baixa persistente, 
comprometendo a aceitação geral e o valor como moeda daqueles metais. A progressiva substituição de 
metais comuns pelo ouro e pela prata (definidos como metais monetários por excelência) decorreu 
dessas razões, como antes já referido no início deste tópico. Mas deve-se observar que, mesmo nos dias 
 
6 A inflação na Roma Antiga chegou a suscitar,no início do século IV, uma determinação (na forma de édito) do imperador 
Diocleciano, que estabeleceu preços máximos para centenas de produtos e que também limitou os salários e as 
remunerações de dezenas de serviços. 
18 
 
atuais, os metais ferrosos e não ferrosos em geral ainda detém valor econômico, como bem mostra o 
quadro que se segue, que mostra os preços desses metais, na forma de sucata, no Brasil. 
 
Quadro – Preços de referência para sucata ferrosa e não ferrosa (jan/2020). 
Material Preço em R$ Qtde 
Cobre Mel 19,00 Kg 
Cobre Misto 17,50 Kg 
Aluminio Latinha 3,00 Kg 
Alumínio Panela 4,00 Kg 
Alumínio Perfil (Limpo) 4,50 Kg 
Alumínio Bloco (Limpo) 2,00 Kg 
Aço Inox 2,00 Kg 
Metal 9,00 Kg 
Bronze 9,00 Kg 
Ferro 0,18 Kg 
Chumbo 3,00 Kg 
 Fonte: consulta à internet, em janeiro de 2020. 
Ademais, em todos os países e em todas as épocas, os metais ditos preciosos (o ouro e a prata) 
sempre foram muito procurados e desejados, em razão de seus usos materiais e de seu valor mítico de 
expressão de poder e de riqueza. O ouro e a prata eram suficientemente escassos e novas quantidades 
descobertas eram pequenas em relação ao estoque existente, de forma que seu valor se mantinha mais 
ou menos estável ao longo do tempo, confirmando a confiança do público e a sua aceitação geral. 
Ouro em barras 
Pelo menos até a segunda metade do século XIX, o crescimento da produção desses metais 
acompanhou de forma adequada o crescimento dos negócios, não obstante tenham sido registradas 
dificuldades de suprimento monetário a partir dos séculos XI e XII, com o gradual crescimento dos fluxos 
de comércio na Europa.7 Mas, no final do século XV, exatamente quando o desenvolvimento comercial 
pós-renascentista, no século XVI, poderia ser sufocado pela escassez de lastro monetário, a América foi 
descoberta e, do altiplano andino, os espanhóis enviaram para as cortes dos Reis Católicos, por meio do 
porto de Sevilha, grandes quantidades de ouro e de prata. Posteriormente, a exploração das minas (de 
prata) do Potosi (Departamento de Alto Peru, atual Bolívia) também serviu para incrementar o fluxo de 
metais preciosos necessários ao desenvolvimento dos negócios e ao surgimento do processo de 
acumulação inicial do sistema capitalista. Mais tarde, quando a Revolução Industrial impulsionou a 
economia européia, no final do Século XVIII e primeira metade do século XIX, a escassez de moeda foi 
superada pelas descobertas das minas de ouro da Austrália e da Califórnia. Por fim, como a produção e 
os negócios não paravam de crescer, a necessidade de expansão da oferta monetária foi satisfeita por 
inovações tecnológicas (como o uso de cianeto para separar o ouro), que permitiram a exploração 
intensiva de minas de ouro na África do Sul (Lopes, Rossetti, p.30). 
Enfim, durante muito tempo, o ouro e a prata foram os metais mais usados como moeda, apesar 
de outros metais terem sido usados ocasionalmente. Por exemplo, a Suécia adotou moedas de cobre no 
início do século XVII, porque tinha a maior mina mundial desse metal. Na batalha entre o ouro e a prata, 
esta esteve na liderança na segunda metade do século XVI. O recém-descoberto Novo Mundo era muito 
 
7 O ouro (amoedado ou em lingotes), em razão do seu alto valor (de uso e de troca), era usado em transações também 
elevadas. Para transações de pequena monta, moedas de cobre, por exemplo, e, depois, as notas bancárias, eram utilizadas. 
Entre estes dois extremos situava-se a prata. 
19 
 
mais rico em prata do que em ouro, principalmente depois da descoberta e exploração de ricas minas 
no México, no Peru e na Bolívia (Sachs, Larrain, p.251). Entretanto, esta maior abundância relativa da 
prata também terminou por conduzir, no final do século XIX, ao seu paulatino abandono como metal 
monetário. 
 
1.4.3 A Moeda-Papel 
Com a multiplicação das trocas entre regiões e países diferentes, manifestaram-se alguns 
inconvenientes da moeda metálica como meio de pagamento. O transporte de metais (em especial na 
forma de lingotes de ouro) a longas distâncias tornou-se difícil (em função do peso) e sujeito a riscos 
(devido a roubos ou desastres). 
 Particularmente após o Renascimento, os comerciantes, dadas essas circunstâncias, passaram a 
recorrer a instituições que, por força de suas funções, estavam equipadas para guardar, sob garantia, 
metais monetários e outros valores. Tratavam-se de casas de custódia8, que floresceram paralelamente 
ao desenvolvimento das relações comerciais entre as cidades italianas e a região de Flandres. Os judeus, 
os ourives, as abadias9 e as casas bancárias italianas passaram a custodiar ouro e prata, fornecendo aos 
depositantes certificados de depósito, os quais, por comodidade e segurança, passaram a circular em 
lugar dos metais monetários. 
Assim, estava criada uma nova modalidade de moeda, denominada de moeda-papel, com lastro 
de 100% e com garantia de plena conversibilidade, já que seus detentores podiam, a qualquer momento 
e sem prévio aviso, trocá-la pelos metais depositados que deram origem a sua emissão. Essa garantia, 
regularmente confirmada pela tradição de honradez das principais casas de custódia, acabou por 
transformar essa nova moeda em instrumento preferencial de troca e de reserva de valor, 
generalizando-se seu uso com o passar do tempo. 
 
1.4.4 O Papel-Moeda (Moeda Fiduciária) 
O uso generalizado da moeda-papel abriu campo para o desenvolvimento de uma nova 
modalidade de moeda, não integralmente lastreada. A experiência da custódia e da conversibilidade 
mostrou que o lastro metálico integral (100%) em relação aos certificados em circulação não era 
necessário para a operacionalizaçäo desse novo sistema monetário. A confiança (fiducia) dos 
comerciantes e, de forma geral, da comunidade, nos fiéis depositários do ouro e da prata (agora já 
banqueiros), ensejou a criação da moeda fiduciária, ou papel-moeda. 
Portanto, a denominação de moeda fiduciária advém do fator confiança da sociedade nos 
agentes responsáveis pela guarda das suas reservas monetárias metálicas, o que implica confiança na 
solidez da função de intermediação exercida por esses agentes. Neste primeiro estágio, as 
características do papel-moeda eram as seguintes: 
a) lastro inferior a 100%; 
b) menor garantia de conversibilidade, já que todos os depositantes, ao mesmo tempo, não podiam 
transformar papéis em metal10; 
c) emissão feita por particulares. 
Só após a ruína do sistema é que o estado passou a controlar o mecanismo das emissões ou, 
mesmo, a exercer seu monopólio. Esta ruína decorreu das emissões audaciosas de papel-moeda, as 
 
8 As instituições renascentistas precursoras dos bancos modernos prestavam, em especial, serviços de câmbio e de 
certificação monetária, dada a grande diversidade de moedas em circulação. 
9 Uma ordem religiosa militar em particular, os templários, exerceu a função de fiel depositária de metais preciosos, em 
especial na idade média, até a sua destruição, em 1307, pelo Rei Felipe IV, da França, e sua extinção como ordem religiosa, 
em 1312, pelo Papa Clemente V. 
10 Quando todos resolviam fazer valer seu direito, simultaneamente, verificava-se a quebra da instituição objeto da corrida e 
também, frequentemente, uma quebra geral do sistema, como ocorreu na França, nos anos logo posteriores à morte de Luiz 
XIV, com o Banco de Law (depois Banque Royale). Mesmo na Inglaterra, a despeito da prudência característica das mais 
tradicionais casas bancárias inglesas, mais de cem bancos provinciais foram à falência no pânico de 1793. Entre 1810 e 1817, 
calcula-se que cerca de seiscentos estabelecimentos emissores de moeda fiduciária fecharam as portas. 
20 
 
quais, em épocas críticas, resultaram na perda de confiança11 e na resultante falência das instituições 
monetárias, levando o estado a intervir e a regulamentar as emissões12. Esta regulamentação, por sua 
vez, foi estabelecida conforme três sistemas básicos: 
a) sistema de cobertura integral: tornaas emissões iguais ao montante de encaixe metálico13; 
b) sistema de reserva proporcional: consiste em estabelecer uma relação legal entre a emissão e o 
encaixe metálico14; 
c) sistema de teto máximo: consiste na fixação de um teto máximo de emissão, sem relação com o 
encaixe metálico15. 
 
1.4.5 O Papel-Moeda de Curso Forçado16 
A inflexibilidade desses sistemas (particularmente dos dois primeiros) levou, progressivamente, 
no século XX, à instituiçäo e emissão de notas inconversíveis (em ouro). Com a Primeira Guerra Mundial 
(1914-18), todos os países recorreram a este expediente. Após essa guerra, foram feitos esforços para 
restabelecer a conversibilidade em ouro das notas. Com a crise de 1929-33 (Grande Depressão), esses 
esforços resultaram inúteis, tendo sido abandonada a idéia. Desde então, exceção feita ao dólar, que 
manteve, desde 1946 até 1971 a tradição e a garantia de um simulacro de lastro metálico (mediante 
uma paridade cambial fixa com o ouro), as moedas desvincularam-se por completo de qualquer lastro. 
Hoje, os sistemas monetários são estabelecidos e aceitos em geral por lei, portanto 
denominados de curso forçado, sob as seguintes características: 
a) inexistência de lastro metálico; 
b) inconversibilidade absoluta (inexistência de garantia de conversibilidade em ouro ou outro ativo 
monetário, salvo a regulação de mercado); 
c) monopólio estatal das emissões. 
Portanto, o papel-moeda (que ganhou força no final do século XVIII) teve, primeiro, uma forma 
fiduciária, quando consistia em certificado de papel que prometia pagar certa quantia de ouro ou prata. 
Essas obrigações iniciais foram emitidas por bancos privados e, depois, o governo foi tendo papel cada 
vez maior (até assumir a regulação plena da moeda). Com o tempo, apareceu outra forma de moeda, de 
curso forçado, que tinha um valor definido em unidades da moeda nacional, mas não tinha obrigação 
de pagar uma quantidade de ouro, prata ou outra mercadoria. O valor residia simplesmente na sua 
aceitação pelos outros agentes como forma de pagamento. 
A moeda de curso forçado foi usada, por exemplo, pelos revolucionários, na época da Revolução 
Francesa, e também pelas colônias norte-americanas na Guerra da Independência dos Estados Unidos 
da América, assim como na sua Guerra Civil.17 Houve grandes transições para moedas de curso forçado 
 
11 A confiança, junto com expectativas positivas estáveis, são fatores fundamentais (necessários, ainda que não suficientes) 
para o bom funcionamento, seja da economia como um todo, seja de uma de suas partes, como o sistema financeiro, uma 
instituição financeira ou um agente econômico individual. 
12 Esta transição das emissões monetárias particulares para o controle do estado também significou a hegemonia do sistema 
de banco central (central banking system), em relação aos sistema de bancos livres (free banking system). 
13 Foi adotado na Inglaterra, em 1844 (Pell’s Act), tendo sido o Banco da Inglaterra autorizado a emitir notas até o limite de 
seu encaixe-ouro, mais um montante fixo, de 18 milhões de libras, inexpressivos em relação ao capital do banco. O mesmo 
sistema foi adotado pelos Estados Unidos, em 1874, quando as emissões passaram a ser limitadas pelo montante dos 
depósitos dos bancos no Tesouro Nacional. 
14 Esta relação variou muito entre os países, dentro de uma faixa de 30% (Alemanha e Bélgica) até 40% (Estados Unidos, 
Itália, Suiça e Holanda). 
15 Foi praticado pela França, de 1870 a 1928. Esse sistema apresentou a vantagem de ser mais flexível que os de cobertura 
integral e de reserva proporcional, ensejando mais fácil regulação da oferta monetária quanto às exigências da economia. 
16 Também denominado, em muitas análises monetárias, pela expressão anglo-latina Fiat Money, que significa o papel-
moeda emitido sem nenhuma vinculação com metais preciosos ou obrigação de convertê-lo em moedas metálicas 
compostas desses metais. Diferencia-se a rigor da moeda fiduciária, papel-moeda que contém uma promessa de conversão 
em moeda metálica composta de metais preciosos (ouro e prata) (Sandroni, 2005). 
17 Não por acaso, esses períodos e acontecimentos também foram marcados por inflação, devido à excessiva emissão sem 
lastro metálico. 
21 
 
quando os governos suspenderam a conversibilidade das notas lastreadas em ouro e prata. Em geral, o 
governo suspendia a conversibilidade quando precisava aumentar muito seus gastos, como numa 
guerra ou revolução. 
 
Na segunda metade do século XIX houve uma mudança maciça ao padrão-ouro. Neste padrão, as 
moedas metálicas e as notas fiduciárias podiam ser convertidas em ouro numa paridade definida. No 
final do século XIX, a prata praticamente deixou de ser usada como moeda. 
Em consequência da Primeira Guerra Mundial, a maioria das nações suspendeu a 
conversibilidade de suas moedas em ouro e o padrão-ouro entrou em colapso. Houve tentativas de 
restaurá-lo depois daquela Grande Guerra e depois da Segunda Guerra Mundial. 
Algumas economias adotaram (após a Primeira Guerra Mundial) o padrão câmbio-ouro (variação 
do padrão-ouro, em que a moeda nacional pode ser convertida numa moeda estrangeira a dada taxa 
fixa e esta moeda estrangeira pode ser convertida em ouro, também a dada taxa fixa)18. 
Na fase final da Segunda Guerra Mundial, em 1944, foi feito o acordo de Bretton-Woods, que 
trouxe a aceitação geral de um padrão-ouro baseado no dólar dos Estados Unidos, mediante o qual 
todas as principais moedas tinham um valor em dólar e este era conversível em ouro. Esse acordo 
acabou em 1971, quando o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, primeiro desvalorizou o dólar 
em relação ao ouro e, depois, encerrou a conversibilidade do dólar em ouro, com a moeda norte-
americana passando a flutuar perante o ouro. Desde então, há um sistema de moedas de curso forçado, 
com taxas de câmbio flexíveis, em grande parte das economias mundiais. 
 
1.4.6 A Moeda Bancária 
Ao lado da moeda de emissão não lastreada e monopolizada pelo estado, de curso forçado e de 
poder liberatório garantido por disposições legais, desenvolveu-se outra modalidade de moeda: a 
moeda bancária, escritural ou invisível. O desenvolvimento desta moeda foi precipitado pela 
independência decisória dos departamentos bancário e monetário do Banco da Inglaterra, no século 
XIX, em 1844, mediante o Peel’s Act. A falta de compreensão de que os depósitos bancários, 
movimentados por cheques19, eram uma forma de moeda, ajudou a expansão dos meios de pagamento, 
pelo efeito multiplicador daqueles depósitos. 
Atualmente, a moeda bancária representa parcela importante, quando não a maior, dos meios 
de pagamento, segundo o conceito convencional de moeda, praticamente em todos os países. Essa 
forma de moeda é criada pelas instituições bancárias detentoras de depósitos a vista e a prazo e 
corresponde ao total desses depósitos nesses estabelecimentos. A moeda bancária é também chamada 
moeda invisível, por não ter existência física, ou moeda escritural, por corresponder a lançamentos a 
débito e a crédito, registrados na contabilidade e nas contas correntes dos bancos. 
 
1.4.7 A Moeda Eletrônica (Digital) 
 
18 Em 1925 Winston Churchill, então Ministro da Fazenda (Exchequer) da Grã-Bretanha, autorizou a restauração do padrão-
ouro no Reino Unido ao seu nível anterior à Grande Guerra (paridade de $4,86 libras esterlinas por onça de ouro), apesar do 
aumento dos preços produzida pela guerra no UK e nos seus parceiros comerciais. Isso tornou a libra valorizada em relação a 
outras moedas e dificultou as exportações britânicas (em especial de carvão), resultado em recessão e greves. Este 
experimento encerrou-se em 1931. 
19 Hoje, com a evolução da tecnologia bancária, a movimentação dos depósitos à vista é feita também e principalmente 
mediante cartões de débito, cartões de crédito, aplicativos de aparelhos celulares e comandos eletrônicos remotos, o que 
nos conduz à moeda eletrônica (ou digital). 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Fsescap-pr.org.br%2Fnoticia%2Fbovespa-sobe-16-e-dolar-tem-a-maior-queda-em-2-meses&ei=oPTYVJ23Be3asASbs4GwBw&bvm=bv.85464276,d.cWc&psig=AFQjCNEJyq45b1_Cmu9VFhH3t9ljeLbsSg&ust=1423590949221500http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Fbr.freepik.com%2Fvetores-gratis%2Fum-euro-clip-art-coin_379548.htm&ei=oPXYVKanGeOwsAScqoHIAg&bvm=bv.85464276,d.cWc&psig=AFQjCNHMApbEm1YIsfoRjKq0EVwytTk1Bg&ust=1423591155393082
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Fwww.chinatoday.com%2Ffin%2Fmon%2F&ei=C_bYVKSqD47lsATy04HQBg&bvm=bv.85464276,d.cWc&psig=AFQjCNGpTgPP32xTmILRHmsc1tJ2C56HOQ&ust=1423591292981718
22 
 
Nos últimos anos, experimenta-se mais uma evolução do sistema monetário, com a 
disseminação do comércio na internet e das transferências eletrônicas de fundos. Os bancos têm caixas 
automáticos e os varejistas têm terminais de pontos-de-venda, de modo que os clientes podem efetuar 
pagamentos tendo suas contas debitadas automaticamente, para liquidação a vista ou a prazo. Outra 
manifestação da ascensão da moeda digital é a tendência na direção de sistemas de pagamentos 
totalmente automatizados, com uma importante redução no uso de cheques e de moeda manual, 
potencializando o fenômeno de desmaterialização da moeda. 
 
1.5 As Criptomoedas 
 O desenvolvimento da tecnologia digital aplicada no campo monetário vem desaguando na 
criação das chamadas criptomoedas, ou moedas criptografadas, que são obtidas seja mediante o uso do 
poder de processamento dos computadores para a sua “mineração”, seja mediante transferências e 
pagamentos pela internet. 
 Essas moedas virtuais (ao contrário das transferências eletrônicas da moeda corrente) não estão 
associadas a nenhuma autoridade monetária que sancione a sua criação, sendo que as suas transações 
são efetuadas a partir de uma carteira digital e, em muitos casos, registradas em um blockchain. 
 A tecnologia blockchain é uma estrutura (arquivo) de dados que registra e valida, uma por uma, 
as transações com moedas virtuais, sendo a mais conhecida destas a Bitcoin, dentre muitas que existem. 
Representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação. Cada transação é 
digitalmente assinada com o objetivo de garantir a sua autenticidade e garantir que ninguém a adultere, 
de forma que o próprio registro e as transações existentes dentro dele sejam considerados de alta 
integridade. 
 
Bitcoin 
Moeda virtual criada em 2008 por um programador – ou grupo de programadores – que usou o 
pseudônimo de Satoshi Nakamoto. O bitcoin é emitido pelos próprios usuários, que utilizam seus 
computadores para “minerar” bitcoins. No início da sua existência era possível minerar bitcoins com 
máquinas simples, mas, com o tempo (conforme previsto no algoritmo de criação da moeda), os 
computadores necessários à geração de um bitcoin passaram a ser mais poderosos e caros. 
Como a emissão de bitcoins é livre (emissão esta sujeita a um teto global), ela é descentralizada 
e não há um órgão que a centralize. Todas as transações com bitcoins, seja emissão, sejam 
transferências, são registradas em um banco de dados público, o blockchain. 
 
Ether 
 A Ether está ligada a uma plataforma chamada Ethereum e só pode ser usada no âmbito desta 
plataforma. Foi lançada em 2014 e também usa a tecnologia blockchain, por razões de segurança. 
Segue-se um quadro que mostra a capitalização de mercado (em fevereiro de 2020) das 10 
principais criptomoedas em circulação. 
Name Symbol Market Cap Price Circulating Supply 
Bitcoin BTC $157.867.591.888 $8.652,64 18.245.012 BTC 
Ethereum ETH $24.567.945.467 $223,53 109.908.644 ETH 
XRP XRP $10.295.929.077 $0,235177 43.779.512.655 XRP * 
Bitcoin Cash BCH $5.848.141.542 $319,47 18.305.875 BCH 
Tether USDT $4.647.246.415 $1,00 4.642.367.414 USDT * 
Bitcoin SV BSV $4.126.568.233 $225,45 18.303.352 BSV 
Litecoin LTC $3.818.097.807 $59,48 64.193.487 LTC 
EOS EOS $3.322.686.678 $3,61 920.545.049 EOS * 
Binance Coin BNB $3.085.536.166 $19,84 155.536.713 BNB * 
Tezos XTZ $1.975.826.184 $2,81 702.390.631 XTZ * 
Fonte: https:\\coinmarketcap.com, acessado em 29/02/2020. 
https://coinmarketcap.com/currencies/bitcoin/
https://coinmarketcap.com/currencies/bitcoin/markets/
https://coinmarketcap.com/currencies/ethereum/
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https://coinmarketcap.com/currencies/binance-coin/
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https://coinmarketcap.com/currencies/tezos/
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23 
 
 
ANEXO 1 – A Evolução da Moeda no Brasil20 
1 Do Descobrimento ao Reino Unido 
(Fonte: O Dinheiro no Brasil - do Descobrimento ao Reino Unido. Banco Central do Brasil, 
www.bc.gov.br, acessado em 27/08/2004). 
As Primeiras Moedas 
No início do período colonial, o meio circulante brasileiro foi sendo formado com as moedas 
trazidas pelos colonizadores (real português), invasores e piratas que comercializavam na costa 
brasileira. A partir de 1580, com a formação da União Ibérica21, verificou-se uma grande afluência de 
moedas de prata espanholas (real espanhol ou reales), provenientes do Peru, graças ao comércio que se 
desenvolveu através do Rio da Prata. Até o final do século XVII, os reales (reais ou reaes e, depois, réis) 
espanhóis constituíram a parcela mais expressiva do dinheiro em circulação no Brasil.22 
As moedas portuguesas que aqui circulavam eram as mesmas da Metrópole, oriundas de 
diversos reinados. Cunhadas em ouro, prata e cobre, essas moedas tinham seus valores estabelecidos 
em réis e possuíam às vezes denominações próprias, como Português, Cruzado, Tostão, Vintém. 
Reales espanhóis 
Reales espanhóis 
Marcas para Evitar o Cerceio 
A adulteração das moedas de ouro e prata, pela prática ilegal de raspagem dos bordos para 
retirada do metal (cerceio), assumira proporções calamitosas em Portugal e nos seus domínios, levando 
o rei português D. Pedro II (1667-1706) a adotar várias medidas para impedir a sua continuidade. Dentre 
essas medidas encontram-se a colocação de cordão (espécie de serrilha em forma de cordão) e de 
marca (esfera armilar coroada, aplicada junto à orla) e a cunhagem de novas orlas nas moedas de 
cunhos antigos. 
Moedas-Mercadorias 
Nos dois primeiros séculos após o descobrimento, face à inexistência de uma política monetária 
especial para a Colônia, a quantidade de moedas em circulação era insuficiente para atender às 
 
20 O Brasil já teve como padrões monetários as seguintes denominações: real ou réis e mil-réis (R e R1$000); cruzeiro (Cr$); 
cruzeiro novo (NCr$); cruzado (Cz$); cruzado novo (NCz$), cruzeiro real (CR$); e real (R$). À exceção do mil-réis, que tinha 
como moeda divisionária o réis (real), os demais tinham como divisionário o centavo (Sandroni, 2005). O mil-réis foi o padrão 
monetário mais longevo, desde o período colonial até 1942, quando foi substituído pelo cruzeiro. O mil-réis, como unidade 
monetária padrão, tinha o réis como moeda divisível, a partir da divisão do mil-réis por mil. 
21 União Ibérica foi a unidade política da peninsula ibérica de 1580 a 1640, resultado da união dinástica entre as monarquias 
de Portugal e da Espanha, após a guerra da sucessão portuguesa. 
22 Com a progressividade da inflação, o real passou a perder poder de compra, sendo substituído, na prática, pelos seus 
múltiplos, os reais, que o povo, por facilidade de pronúncia, passou a denominar réis (Sandroni, 2005). 
http://www.bc.gov.br/24 
 
necessidades locais. Por esse motivo, diversas mercadorias foram utilizadas como dinheiro, inclusive 
pelo próprio governo, sendo comuns os pagamentos realizados em açúcar, algodão, fumo, ferro, cacau e 
cravo, entre outros. 
Os escravos africanos chegados ao Brasil utilizaram em suas trocas o zimbo, concha de um 
molusco encontrada nas praias brasileiras e que circulava como dinheiro no Congo e em Angola. 
As Moedas Holandesas 
Cercados pelos portugueses no litoral de Pernambuco e não dispondo de dinheiro para pagar 
seus soldados e fornecedores, os holandeses realizaram a primeira cunhagem de moedas (o florim) em 
território brasileiro. Conhecidas ainda como moedas obsidionais ou moedas de cerco, estas foram 
também as primeiras moedas a trazerem o nome do Brasil. 
Moedas de cerco nerlandesas 
As Primeiras Casas da Moeda 
Em 1694, finalmente, D. Pedro II (1667-1706) resolveu criar uma casa da moeda na Bahia, para a 
cunhagem de moeda provincial para o Brasil. A Casa da Moeda da Bahia foi transferida em 1699 para o 
Rio de Janeiro e no ano seguinte para Pernambuco, onde funcionou até 1702. Em 1703, por ordem de D. 
Pedro II, foi instalada novamente no Rio de Janeiro, não mais com a finalidade de cunhar moedas 
provinciais, mas para transformar o ouro em moedas para o reino. Em 1714 foi reaberta a Casa da 
Moeda da Bahia, em Salvador, onde funcionou por mais de um século, até 1830. 
Foram cunhadas moedas de ouro, nos valores de 4.000, 2.000 e 1.000 réis, e de prata, nos 
valores de 640, 320, 160, 80, 40 e 20 réis. O conjunto de moedas de prata é conhecido como série das 
patacas, em função da denominação "pataca", atribuída ao valor de 320 réis. 
Pataca 
Moedas de Cobre Angolanas 
Como as casas da moeda não cunharam moedas de cobre, foi autorizada a circulação no Brasil 
de moedas destinadas a Angola, fabricadas na cidade do Porto, nos valores de 10 e 20 réis. Essas 
moedas eram necessárias para as transações de pequeno valor. 
O Ouro se Transforma em Moeda 
O estabelecimento de uma casa da moeda em Minas Gerais foi determinado em 1720 (além das 
existentes na Bahia e no Rio de Janeiro), quando da proibição da circulação do ouro em pó dentro da 
capitania. Além de moedas iguais às cunhadas no Reino, no Rio e na Bahia, a nova casa da moeda 
deveria fabricar peças com valores nominais de 20.000 e 10.000 réis, as quais circulariam com os valores 
efetivos de 24.000 e 12.000 réis23. Instalada em Vila Rica, a casa da moeda de Minas funcionou no 
período de 1724 a 1734. 
 
23 O dobrão foi uma moeda cunhada também no Ciclo do Ouro brasileiro (século XVIII). Esta moeda de 20.000 réis pesava 
53,87 g, sendo uma das moedas de maior peso em ouro que circularam no mundo (BCB, acessado em 27.02.2013). 
25 
 
Em 1722 D. João V alterou a forma e o valor das moedas de ouro portuguesas, criando a série 
dos escudos, com os valores de 12.800 réis (dobra de 8 escudos)24, 6.400 réis (dobra de 4 escudos), 
3.200 réis (dobra de 2 escudos), 1.600 réis (escudo) e 800 réis (1/2 escudo). Cunhadas no Brasil a partir 
de 1727, essas moedas trazem no anverso a efígie do rei. Dentro dessa série foi introduzida, em 1730, a 
peça de 400 réis (cruzadinho). 
Barras de Ouro e Certificados 
Com o fito de garantir a cobrança do imposto do quinto, foram estabelecidas casas de fundição 
nas principais regiões auríferas do país, para as quais deveria ser levado todo o ouro extraído. Depois de 
deduzida a quinta parte, o ouro era fundido e transformado em barras, nas quais eram registrados o 
ano, a marca oficial da casa de fundição, o número de ordem, o título e o peso do ouro. Assim 
legalizado, o ouro era devolvido a seu proprietário, acompanhado de um certificado. Essas barras 
tiveram ampla circulação no Brasil, desempenhando a função de moeda, particularmente nas capitanias 
do interior. 
Bilhetes da Extração - Primeira Moeda-Papel 
A partir de 1772, a extração de diamantes na região do Tejuco do Serro Frio (atual Diamantina) 
passou a ser feita diretamente pela Coroa Portuguesa, que para isso criou a Real Extração dos 
Diamantes. Quando havia insuficiência de recursos para o custeio das despesas, a Administração dos 
Diamantes emitia bilhetes que eram resgatados quando chegavam os suprimentos em moeda remetidos 
pela Fazenda Real. No início esses bilhetes tinham grande credibilidade, sendo aceitos em todas as 
transações comerciais da região. 
Bilhete de extração 
D. João, Príncipe Regente e Rei 
D. João assumiu a regência em 1799, mas durante alguns anos as moedas continuaram sendo 
cunhadas com o nome de D. Maria I. As primeiras moedas de ouro cunhadas com a legenda "João 
Príncipe Regente" foram produzidas em 1805, antes de sua chegada ao Brasil. A elevação do Brasil à 
condição de Reino Unido foi registrada nas peças em ouro, prata e cobre cunhadas em 1816 com a 
legenda "João, por Graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves". Com a aclamação de 
D. João como D. João VI, em 1818, as moedas passaram a ter as armas do Reino Unido e a legenda "João 
VI, por Graça de Deus, Rei de Portugal, Brasil e Algarves". 
Notas do Banco do Brasil 
A criação do Banco do Brasil, por meio de Alvará de 12 de outubro de 1808, teve por objetivo 
dotar a Coroa de um instrumento para captação dos recursos necessários à manutenção da corte. De 
acordo com seus estatutos, o banco deveria emitir bilhetes pagáveis ao portador, com valores a partir 
de 30 mil réis. As emissões do Banco tiveram início em 1810 e a partir de 1813 foram emitidos bilhetes 
com valores abaixo do limite mínimo inicialmente estabelecido. 
 
24 Com a imagem do Rei em uma face e as Armas da Coroa portuguesa na outra face, esta moeda deu origem à expressão 
“cara ou coroa”. 
26 
 
A esse Banco foi facultado o privilégio de emitir notas representativas, com garantia de 
conversibilidade de 100%. Mas, para atender a exigências da Corte, notadamente as decorrentes do 
financiamento de gastos militares (para sufocar movimentos revolucionários em Pernanbuco, em 1817, 
depois na Bahia e, por fim, para sustentar as lutas contra as Províncias do Rio da Prata), o regente D. 
João recorreu às facilidades de empréstimo junto ao Banco do Brasil, de tal forma que as emissöes se 
tornaram preponderantemente fiduciárias. 
Em abril de 1821, antes de regressar a Portugal, o rei e toda a sua corte resgataram todas as 
notas em seu poder, trocando-as por moedas, metais e jóias depositados no Banco, obrigando a 
instituição a suspender, a partir de julho, a conversibilidade dos bilhetes. 
Nota do Banco do Brasil 
 
2 Do Reino Unido e do Brasil Império ao Plano Real 
Moedas de Cobre 
Com a volta de D. João VI a Portugal, o príncipe regente D. Pedro deparou-se com uma situaçäo 
crítica: o Tesouro achava-se em bancarrota e o Banco do Brasil encontrava-se à beira de uma crise, que 
levaria posteriormente à perda do seu direito de emissão. E não havia outras fontes de recursos para 
financiar as despesas governamentais. Uma das medidas tomadas pelo regente foi a cunhagem de 
moedas de cobre pela Casa da Moeda, que então se transfomaram, juntamente com notas bancárias 
ainda em circulação, nas únicas formas de moeda no Brasil. Mas crescentes exigências de recursos pelo 
Tesouro, somadas às flexíveis regras que regulavam o processo de cunhagem, conduziram à 
deterioração dessa segunda tentativa de implantação de um sistema monetário sólido no País. 
 
Notas do Tesouro Nacional 
Em 1827, cinco anos após a independência do Brasil, era falsa a maior parte das moedas de 
cobre em circulação, o que motivou um decreto imperial, de 27 de novembro, ordenando a troca de 
moedas de cobre por notas emitidas pelo Tesouro. O decreto foi de extraordinária importância, sendo a 
primeira autorização legal para a emissão de papel-moeda pelo governo. Posteriormente, o papel-
moeda do Tesouro Nacional substituiria completamente as notas do Banco do Brasil. Em 1829 foi 
decretada a liquidaçäo do primeiro Banco do Brasil e criado um novo sistema monetário, com notasassinadas pelo Governo, sendo proibidos todos os tipos de emissäo. 
 
Bancos de Emissão e Padrão-Ouro 
O passo seguintes foi, a partir de 1836, a criação de bancos de emissão em vários Estados, 
sujeitos a sistema misto definido em lei: teto máximo e cobertura integral. A partir de 1846, sob 
inspiração metalista, o sistema monetário brasileiro voltou ao padrão-ouro, tendo sido fixada em 1 por 
15,625 a relação legal entre o ouro e a prata. Em 1849, fortaleceu-se ainda mais a corrente metalista, 
implantando-se o regime monometálico e reduzindo-se as peças monetárias de prata à condição de 
moeda auxiliar. Como registra Hugon, a reforma de 1846 preparou as condições favoráveis à retomada 
do desenvolvimento econômico, que ganhou impulso na segunda metade de século e inaugurou novo 
27 
 
período na história econômica do País. O comércio exterior desenvolveu-se e a balança comercial 
tornou-se favorável, a partir de 1854 até o final do Império, com exceçäo de apenas quatro anos25. 
 
Novo Banco do Brasil 
No decurso deste mesmo período, o Banco Comercial do Rio de Janeiro e o Banco de Mauá 
(Banco do Brasil), estimulados pelo Visconde de Itaboraí, fundiram-se, dando origem, em 1851, a um 
segundo (novo) Banco do Brasil. Este adquiriu os direitos de emissão dos outros bancos privados, 
restabelecendo-se o monopólio para a emissão de notas bancárias. Este novo Banco do Brasil foi 
encarregado de substituir por suas notas as do Tesouro. Seu limite de emissão foi fixado no dobro do 
capital disponível. 
 Com a Guerra do Paraguai (1864-70), as finanças públicas voltaram a se enfraquecer. O 
financiamento se fez através do processo emissor. O teto para emissão do Banco do Brasil foi elevado 
até cinco vezes em relação ao capital. Em 1866, o direito de emissão retornou ao Tesouro. Com o fim da 
guerra, o ritmo de emissöes diminuiu. Somente em 1888 restabeleceram-se condiçöes para a plena 
conversibilidade, com a abundância de ouro. Outra reforma monetária foi então implantada, voltando o 
País ao regime de pluralidade de emissões, novamente regido pelo sistema de teto máximo. 
 
Voltam os Bancos de Emissão 
Em 1890, reimplantaram-se quatro bancos de emissão. Autorizações para a expansão dos 
empréstimos à indústria, aliadas às dificuldades econômicas da Primeira República, ensejaram o 
encilhamento, que foi um período de forte especulação, crédito fácil, tetos de emissão frequentemente 
ultrapassados e, em consequência, ampla desconfiança pública em relação ao meio circulante. Os 
preços subiram em ritmo inusitado (Lopes, Rossetti, p.37). O ouro evadiu-se. Foi uma época de atividade 
comercial febril, criadora de riquezas ilusórias e de nocivas especulações em bolsas, que lembravam as 
da Rua Quincampoix na época crítica do sistema de Law, na França. Terminou igualmente em crise, que 
atingiu duramente o sistema bancário, com a falência do segundo Banco do Brasil e de outros 
estabelecimentos. 
 
Volta a Emissão ao Tesouro 
Em 1898, na virada para o século XX, implantou-se importante contrarreforma, dirigida pelo 
ministro metalista Joaquim Murtinho. Incineraram-se cédulas monetárias, a taxa de câmbio foi 
valorizada e o processo emissor foi contido. Em 1900, a cobertura metálica das emissões do Tesouro era 
de apenas 2,14%, mas, progressivamente, chegou a 32,5% em 1913. Mas, com a Primeira Guerra 
Mundial, interromperam-se bruscamente as condições subjacentes ao fortalecimento monetário e ao 
equilíbrio cambial. Entre 1914-20, as emissões de notas do Tesouro aumentaram 88%, enquanto o 
encaixe metálico voltou a sofrer reduções, recuando à taxa de 9,5% em 1920. Nova reforma monetária 
se aproximava. 
 
Volta o Banco do Brasil 
A partir de julho de 1923, o Banco do Brasil, cujas operações foram reativadas em 1906, 
reassumiu o monopólio das emissões e, em 1926, para novamente compatibilizar o padrão monetário 
com as reservas metálicas do País, o mil-réis passou a corresponder a 200 mg de ouro. 
Criou-se então uma Caixa de Estabilização, encarregada de operar os processos de conversão de 
notas em ouro e de ouro em notas. Tratava-se de um órgão encarregado de manter estável a última 
decisão do governo quanto ao lastro do sistema monetário. Dado o volume do meio circulante, a 
garantia de 200 mg de ouro por mil-réis correspondia a uma cobertura, nos termos do sistema de 
reserva proporcional, de 37%. 
A estabilizaçäo do lastro e da garantia de conversäo durou novamente muito pouco. O sistema 
foi desarticulado com a Grande Depressäo dos anos 1930, iniciada no final de 1929. Com a brusca queda 
 
25 Esta informação reforça a importância das exportações como um fator determinante do modelo de crescimento da 
economia brasileira ao longo da sua história (e do seu presente). 
28 
 
do comércio mundial de café e de suas cotações (o valor-ouro da saca de café caiu 80%), tornaram-se 
inevitáveis o déficit da balança comercial e a desvalorização da taxa cambial. Esta recuou a níveis 
inferiores aos da taxa de conversão, de tal forma que as reservas em ouro e em divisas da Caixa de 
Estabilização reduziram-se de 37% (1926) para menos de 0,5% (1931), tendo sido absorvidas pelos 
países credores ou com superávit nas relações bilaterais. A Caixa de Estabilização foi liquidada. A 
recomposição das reservas somente ocorreria durante a Segunda Guerra Mundial, com a redução das 
importaçöes e expansäo das exportações, possibilitando a expansäo da cobertura metálica para 45%, 
apesar do crescimento, na época, das emissöes de papel-moeda pelo Tesouro Nacional. 
 
Surge o Cruzeiro 
No decurso desse novo capítulo da história da moeda no Brasil, o governo instituiu o cruzeiro, 
em 1942, como unidade monetária, no lugar do mil-réis, mantendo a equivalência entre as duas 
unidades monetárias, durante o período de substituição do meio circulante. Não obstante o cruzeiro 
fosse declarado inconversível, o processo emissor passou a ter como freio uma garantia em ouro e em 
divisas conversíveis de 25% do total do meio circulante. Mas este limite proporcional não foi respeitado 
e, em 1945, estabeleceu-se a liberdade de emissão sem limitaçäo de lastro. 
Em 1948, o Brasil comunicou ao Fundo Monetário Internacional, o valor do cruzeiro: esse valor 
correspondia a Cr$18,50 por US$1.00. A partir de 1961 este padrão foi definitivamente suspenso, após 
sucessivas e constantes desvalorizações cambiais. O sistema monetário tornou-se então totalmente 
fiduciário, sem lastro metálico e inconversível. 
A emissão do cruzeiro, desatrelada de lastros metálicos, permaneceu unificada, confiada ao 
Tesouro Nacional. A SUMOC, Superintendência da Moeda e do Crédito, foi criada na época como órgão 
para implementar a política monetária. O Banco do Brasil manteve a tradição de atuar, em parte, como 
autoridade monetária e, em parte, como agente financeiro do Tesouro Nacional. 
 
Surge o Bacen 
Em 1964, foi criado o Banco Central do Brasil, em substituição à SUMOC. Passou a ser sua 
privativa competência a emissão de moeda, bem como a execução dos serviços do meio circulante. O 
Tesouro Nacional, todavia, não perdeu o controle do processo emissor. O Banco Central permaneceu de 
fato atrelado às autoridades fiscais, sem obter independência operacional. O meio circulante e a 
emissão de moeda primária permaneceram subordinados às exigências de cobertura de déficits 
resultantes das operações do complexo constituído pelas autoridades fiscais e monetárias. 
 
O Cruzado e a Volta do Cruzeiro 
Em fevereiro de 1986 (Decreto-lei nº 2.283) nova reforma monetária foi implantada no País, com 
a criação de nova moeda, o cruzado (Cz$). Esta reforma monetária, todavia, não implicou mudanças 
substantivas no processo de aumento do meio circulante. O Banco Central não foi proibido de financiar 
o Tesouro Nacional. Este ainda continuou descarregando sobre as autoridades monetárias as exigências 
de nivelamento dos orçamentos públicos. A austeridade emissora, requerida para a sustentação da nova 
moeda, o cruzado, permaneceu comprometidapela não-extensão da reforma monetária à estrutura 
institucional e às relações entre o Banco Central e os demais centros de poder do governo central. O 
cruzado teve vida curta. Em 1990, foi reinstituído o cruzeiro. 
 
O Cruzeiro Real e o Real 
Em 1993 surgiu o cruzeiro real e, finalmente, em julho de 1994, entrou em cena o real, voltando-
se a usar, no Brasil, a denominação da primeira moeda que por aqui circulou.26 
 
 
26 A título de curiosidade, faz-se referência ao “pila”, termo usado no Rio Grande do Sul como designação popular de moeda, 
independentemente desta ser oficialmente designada como cruzeiro, cruzado ou real. 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 centavo - R$ 0,01 
 
Anverso: 
À direita, a efígie representativa da República, ladeada por representação estilizada de 
ramo de louros. Na parte inferior, a inscrição "BRASIL". 
30 
 
 
Reverso: 
Inscrição indicativa de valor, ladeada por ramos de louros. Abaixo, os dísticos "centavo" e 
o correspondente ao ano de cunhagem. 
 
5 centavos - R$ 0,05 
 
Anverso: 
À direita, a efígie representativa da República, ladeada por representação estilizada de 
ramo de louros. Na parte inferior, a inscrição "BRASIL". 
 
Reverso: 
Inscrição indicativa de valor, ladeada por ramos de louros. Abaixo, os dísticos "centavos" 
e o correspondente ao ano de cunhagem. 
10 centavos - R$ 0,10 
 
Anverso: 
À direita, a efígie representativa da República, ladeada por representação estilizada de 
ramo de louros. Na parte inferior, a inscrição "BRASIL". 
 
Reverso: 
Inscrição indicativa de valor, ladeada por ramos de louros. Abaixo, os dísticos "centavos" 
e o correspondente ao ano de cunhagem. 
25 centavos - R$ 0,25 
 
Anverso: 
No centro, a efígie representativa da República, ladeada pela inscrição "BRASIL". Na parte 
inferior, dístico correspondente ao ano de cunhagem. 
 
Reverso: 
Linhas sinuosas de fundo dão destaque ao dístico correspondente ao valor facial, seguido 
do dístico "centavos". 
50 centavos - R$ 0,50 
 
Anverso: 
À direita, a efígie representativa da República, ladeada por representação estilizada de 
ramo de louros. Na parte inferior, a inscrição "BRASIL". 
 
Reverso: 
Inscrição indicativa de valor, ladeada por ramos de louros. Abaixo, os dísticos "centavos" 
e o correspondente ao ano de cunhagem. 
1 Real - R$ 1,00 
31 
 
 
Anverso: 
À direita, a efígie representativa da República, ladeada por representação estilizada de 
ramo de louros. Na parte inferior, a inscrição "BRASIL". 
 
Reverso: 
Inscrição indicativa de valor, ladeada por ramos de louros. Abaixo, os dísticos "Real" e o 
correspondente ao ano de cunhagem. 
 A partir de 23/12/2003 a moeda de R$ 1,00 em aço inox saiu de circulação. 
 
ANEXO 2 – TABELAS 
 
 
Tabela – Padrões Monetários do Brasil no Século XX – do Réis ao Real 
Plano 
Econômico 
Padrão Monetário Início Fim Duração 
(meses) 
Inflação 
Acumulada (%) 
Inflação Média 
Mensal 
- Real ou Réis (R) (+/-)1580 Out/1833 (+/-)3.036 - - 
- Mil-Réis (R$1000) Out/1833 Out/1942 1.428 - - 
- Cruzeiro (Cr$) Nov/1942 Jan/1967 292 31.191 1,99% 
- Cruzeiro Novo (NCr$) Fev/1967 Mai/1970 40 90 1,61% 
- Cruzeiro (Cr$) Jun/1970 Fev/1986 190 206.288 4,10% 
Cruzado (I e II) Cruzado (Cz$) Mar/1986 Dez/1988 35 5.699 12,30% 
Verão (I e II) Cruzado Novo (NCz$) Jan/1989 Fev/1990 15 5.937 31,44% 
Collor (I e II) Cruzeiro (Cr$) Mar/1990 Jul/1993 41 118.590 18,85% 
Transição Real Cruzeiro Real (CR$) Ago/1993 Jun/1994 11 2.396 33,97% 
Real Real (R$) Jul/1994 - - - - 
Fontes: IBGE, Banco Central do Brasil, Autor, Gremaud, et allii. 
 
 
Tabela – Meio circulante ou moeda em circulação (moeda em poder do público e da rede bancária) 
Em 12/02/2020 Em 17/02/2019
Tipo de Moeda Qdade (nº) Valor (R$1,00) Qdade (nº) Valor (R$1,00)
Cédulas (1ª família) - - 701.165.749 12.424.685.660
Cédulas (2ª família) - - 5.507.386.443 216.966.894.033
Total 6.691.618.718 253.741.595.053 6.208.552.192 229.391.579.693
Cédulas em polímero - - 3.531.973 35.319.730
Total de Cédulas 6.691.618.718 253.741.595.053 6.212.084.165 229.426.899.423
Moedas – (1ª família (inox)) - - 20.310.236.261 5.822.798.441
Moedas – (2ª família) - - 5.654.112.920 608.749.748
Moedas – 2ª fam.(Olímpiadas) - - 371.689.500 371.689.500
Total de Moedas 27.128.741.632 7.080.165.588 26.336.038.681 6.803.237.689
Moedas comemorativas 966.175 3.547.534 965.318 3.545.808
Total Meio Circulante Nacional - 260.825.308.175 - 236.233.682.920
Variação anual (%) - 10,41 - 2,82 
Fonte: Banco Central do Brasil. www.bcb.gov.br. 
 
 
Tabela – Índices de Preços – variações percentuais 
Periodo INPC IPCA INCC-DI IGP-DI IGP-M IPC-Fipe Média*
2010 6,47 5,91 7,77 11,30 11,32 6,40 8,20
2011 6,08 6,50 7,48 5,00 5,09 5,81 5,99
2012 6,20 5,84 7,11 8,10 7,81 5,10 6,69
2013 5,56 5,91 8,08 5,52 5,52 3,88 5,75
2014 6,23 6,41 6,94 3,78 3,67 5,20 5,37
2015 11,28 10,67 7,49 10,70 10,54 11,07 10,29
2016 6,58 6,29 6,11 7,18 7,19 6,54 6,65
2017 2,07 2,95 4,24 -0,42 -0,53 2,27 1,76
2018 3,43 3,75 3,83 7,10 7,55 3,01 4,78
2019 4,48 4,31 4,14 7,70 7,31 4,40 5,39
Média 5,84 5,85 6,32 6,60 6,55 5,37 6,09 
 Fonte: Banco Central do Brasil. 
* Média dos índices INPC, IPCA, INCC, IGP-DI, IGP-M, IPC-Fipe. 
 
http://www.bcb.gov.br/

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