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ELABORAÇÃO DO LAUDO E PARECER PERICIAL Professor Dr. Ademir M. Moribe DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Editoração Ellen Jeane da Silva Designer Educacional Produção de Materiais Qualidade Textual Produção de Materiais Revisor Técnico Jovi Barboza C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MORIBE, Ademir M. Perícia Contábil. Ademir M. Moribe. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 48 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Contábil. 2. Perícia. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0092-4 CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 07| ESTRUTURA DO LAUDO E PARECER 17| RESPOSTA AOS QUESITOS 23| APRESENTAÇÃO DO LAUDO E DO PARECER 30| PROPOSTA DE HONORÁRIO E LEVANTAMENTO DE HONORÁRIO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Demonstrar ao aluno como produzir pareceres e laudos periciais e defen- dê-los à luz do Código de Processo Civil. • Explicar quando e como apresentar o laudo e o parecer pericial. • Estudar como deve ser a estrutura de um laudo. • Explicar a importância de se observar os aspectos processuais para apre- sentação do laudo e parecer. • Explicar formas de estabelecer a composição dos honorários e quando so- licitar a sua liberação. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Estrutura do laudo e parecer • Resposta aos quesitos • Apresentação do laudo e do parecer • Proposta de honorários e levantamento de honorários ELABORAÇÃO DO LAUDO E PARECER PERICIAL INTRODUÇÃO introdução Olá! Como vimos anteriormente, as áreas que requerem o trabalho pericial são variadas, como, por exemplo, as divergências com relação aos direitos no entendimento de empregados e empregadores nas rescisões trabalhistas, a in- cidência ou não de tributos em determinadas operações comerciais, os juros das operações de financiamentos e empréstimos, os direitos de sócios numa sociedade comercial, os direitos de credores na recuperação de empresa em di- ficuldades, o valor das indenizações nos casos de danos à imagem ou à moral de pessoas físicas e jurídicas, a partilha de bens e direitos de espólios ou disso- luções de casamentos etc., além, é claro, da apuração de haveres e de realidades em operações de investigação de dilaceração do patrimônio, como os casos dos escândalos antigos (Banco Pan-Americano, Enron) e atuais (Petrobrás, Metrô de São Paulo, Receita Estadual do Paraná). A atividade pericial é cheia de formalismos, por ser um ambiente proces- sualístico, por envolver ritos jurídicos formais a serem observados por todos, inclusive pelas partes em litígio e, portanto, é uma especialidade que requer conhecimentos técnicos e processuais. Especificamente, para atuação na área do Direito, todo profissional que exerce essa atividade tem a qualidade de auxiliar a justiça, seja o magistrado, os promotores de justiça ou advogados das partes, elaborando laudos e pare- ceres que possam esclarecer questões que requerem conhecimentos técnicos e científicos. Dessa forma, a elaboração e a apresentação do laudo e parecer devem apresentar uma estrutura lógica que facilite o entendimento do julgador e dos demais usuários da informação. É preciso lembrar que, na perícia, há o forma- lismo jurídico, que deve ser respeitado, sob pena de responsabilidades, que são aspectos relacionados a prazos, petições, estrutura do laudo, diligências etc. Nessa parte do nosso estudo, sobre a apresentação do laudo pericial produ- zido pelo perito, veremos as exigências mínimas que devem conter na estrutura, bem como as exigências requeridas pelo parecer pericial, elaborado pelo assis- tente técnico nas pericias judiciais. INTRODUÇÃO introdução Destacamos que a apresentação do laudo pericial e a do parecer possuem prerrogativas que devem ser observadas e que serão apresentadas nesta unidade, que são as metodologias, as diligências, a apresentação de respostas dos quesi- tos etc. E veremos que, para a entrega e apresentação do laudo, são requeridos procedimentos protocolares, que são imprescindíveis, devendo ser observados e obedecidos pelos profissionais envolvidos nesse tipo de trabalho. Por fim, estudaremos como deve ser feita a apresentação da proposta de honorários e do requerimento de levantamento dos valores depositados a esse título, mediante a entrega do trabalho. Pós-Universo 7 Depois de executados todos os procedimentos periciais e diligências necessárias para a obtenção da prova, consolidados com a realização do trabalho de perícia, é necessário apresentar o resultado do trabalho de forma objetiva, porém circunstan- ciada, obedecendo a uma sequência lógica e estruturada, conforme normas técnicas que possibilitem o fácil entendimento como caminho para resolução dos questio- namentos suscitados. O laudo pericial é o produto ou a peça que sintetiza objetivamente, de forma mi- nuciosa e circunstanciada, todo o trabalho desenvolvido pelo perito e que deve ser entregue ao magistrado devidamente protocolizado nos cartórios ou varas. Trata-se de um relatório técnico com convicções formadas pelo perito, obtidas durante as diligências. ESTRUTURA DO LAUDO E PARECER Pós-Universo 8 Um laudo, que é o resultado do trabalho do perito-contador, não pode ser apresen- tado de qualquer forma. É necessário seguir uma estrutura de uma peça documental que obedeça a critérios pré-estabelecidos, de forma a garantir uma leitura mais aces- sível, lógica e de fácil entendimento, que certamente propiciará maior confiabilidade e credibilidade. O documento é denominado Laudo Pericial Contábil. Não há um modelo padrão para a elaboração de um laudo. Mas existem formali- dades que compõem a estrutura dele, derivado da doutrina jurídica aplicada de forma uniforme por todos os peritos contábeis. Por outro lado, conforme as jurisdições ou tipo de trabalho, pode ser requerida uma estrutura mais simples ou complexa. A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC TP 01, introduzida pela resolu- ção CFC nº 1.243, define laudo pericial contábil como: “ O laudo pericial contábil é a peça pela qual o perito-contador expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências, os critérios adotados, os resultados, e as conclusões (BRASIL, 2009). O laudo poderá ser com resposta aos quesitos, e, havendo quesitos, a resposta será orientada pelo objeto da matéria. “ Neles devem ser registrados de forma circunstanciada, clara e objetiva, se- quencial e lógica, o objeto da perícia, os estudos e observações realizadas, as diligências executadas para a busca de elementos de prova necessários, a metodologia e critérios adotados, os resultados devidamente fundamen- tados e as suas conclusões (BRASIL, 2009). Em observância às determinações do art. 25 do Decreto-Lei nº 9.295 (BRASIL, 1946) e da NBC TP 01 - Perícia Contábil, aprovada pela Resolução CFC nº 1.243 (BRASIL, 2009)(reeditada em 2015), qualquer laudo pericial contábil e parecer pericial contá- bil deve ser elaborado somente por contador habilitado e devidamente registrado em Conselho de Contabilidade. http://bd.cenofisco.com.br/bd/bd.dll/bol/bol_a511/bol_a512/?f=id&id=INTN_1A45&t=document-frame.htm&an=RS_CFC_1243_2009&p=&2.0 http://bd.cenofisco.com.br/bd/bd.dll/bol/bol_a511/bol_a512/?f=id&id=INTN_1A45&t=document-frame.htm&an=RS_CFC_1243_2009&p=&2.0 Pós-Universo 9 Você e seu amigo são presos devido a fraudes cometidas no setor da empresa em que trabalham. A polícia lhe oferece o seguinte acordo (delação premiada): • Se denunciar seu colega, você fica livre. Porém, seu colega pode pegar 5 anos de prisão. Mas não se esqueça: a mesma proposta será feita para ele. • Se você e seu colega se denunciarem, ambos pegam 3 anos de prisão cada. • Se nenhum dos dois se confessar, a polícia dispõe de provas para conde- nar com prisão de, no máximo, apenas um ano cada. • Você é alertado pelo defensor a não delatar o colega. Fonte: o autor. reflita Como documento formal, o laudo deve apresentar atributos que demonstrem a sua qualidade, como a materialidade e a consistência das afirmações e apreciações ex- pressas pelo perito, a partir dos elementos examinados. O parecer pericial representa a opinião das partes envolvidas (Reclamante e Reclamada) e será emitido pelos Assistentes Técnicos das partes, após analisar o laudo pericial, concordando ou discordando das convicções formadas pelo perito. Em caso de discordância parcial, o assistente deverá levantar elementos de prova capazes de provar especificamente nos quesitos apontados as imperfeições observadas nos pro- cedimentos ou metodologias de trabalho adotado. A estrutura do laudo representa a identificação da sucessão de eventos previstos para a apresentação do documento, contendo uma sequência de ações. De acordo com a NBC TP 01 (BRASIL, 2009), o laudo pericial contábil, elaborado pelo perito, e o parecer pericial contábil, elaborado pelo assistente técnico, devem conter, no mínimo, os seguintes itens: a. identificação do processo e das partes. Em geral, em se tratando de perícia judicial, a identificação do processo decorre do tipo de ação judicial que está sendo tratado, enquanto que as partes representam quem está recla- mando e quem é o reclamado na causa; b. síntese (resumo) do objeto da perícia, ou seja, do que se trata a perícia; Pós-Universo 10 c. metodologia adotada para os trabalhos periciais, definindo-se com base nas perspectivas teóricas adotadas nos instrumentos de coleta de dados e diligências, dando a consistência técnico-científica, essencial para o laudo; d. identificação dos tipos de diligências realizadas. Muitas vezes um perito ex- periente omite ou descreve de forma simplificada essas diligências, o que pode dar margem a interpretações erradas a seu respeito; e. transcrição na íntegra e resposta dos quesitos formulados pelo juiz e pelas partes nas petições deferidas pelo magistrado, tanto para o laudo como para o parecer, conforme o caso; f. respostas e comentários do perito-contador assistente. Trata-se, nesse caso, do parecer do assistente técnico das partes sobre o laudo elaborado pelo Perito, sendo o caso; g. conclusão da perícia; h. anexos ao laudo; i. apêndices; j. assinatura do perito: fará constar sua categoria profissional de contador e o seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade, compro- vada mediante Declaração de Habilitação Profissional (DHP). É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil). Pós-Universo 11 Observe os preceitos que envolvem a PERÍCIA: Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, arbitramento, mensuração, avalia- ção e certificação. O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos. A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situa- ção, coisa ou fato, de forma circunstancial. A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhece- dores do objeto da perícia. A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias. O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico. A mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações. A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obriga- ções, despesas e receitas. A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial con- tábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a esse profissional. Concluídas as diligências, o perito-contador apresentará o laudo pericial contábil, e os peritos-contadores assistentes, seus pareceres periciais con- tábeis, obedecendo aos respectivos prazos. Ocorrendo diligências em conjunto com o perito-contador assistente, o pe- rito-contador o informará por escrito quando do término do laudo pericial contábil, comunicando-lhe a data da entrega do documento. O perito-contador assistente não pode firmar em laudo ou emitir parecer sobre esse, quando o documento tiver sido elaborado por leigo ou profis- sional de outra área, devendo, nesse caso, apresentar um parecer contábil da perícia. Fonte: Portal de Contabilidade (online). fatos e dados Pós-Universo 12 O perito-contador assistente, ao pôr a sua assinatura, em conjunto com o perito- -contador, em laudo pericial contábil, não deve emitir parecer pericial contábil a esse laudo. Um laudo pericial deve ter em sua estrutura, no mínimo, os elementos seguin- tes, conforme a NBC TP 01 do Conselho Federal de Contabilidade (BRASIL, 2009). a. Abertura do processo: • Nome da pessoa a quem se dirige a perícia (judicial = ao juiz). • Nº do processo se houver. • Nome ou Identificação das partes envolvidas – autor e réu ou reclamante e reclamado. • Parágrafo introdutório. No parágrafo introdutório, deve constar: • Declaração formal de realização do trabalho pericial. • Identificação legal do perito. • Nº de registro no órgão de classe. • Declaração de observância da legislação processual aplicável (código de direito trabalhista, bancário, penal, código civil, código de processo civil etc.), das Normas Brasileiras de Perícia e do perito-contador (atual- mente as Normas Brasileiras de Contabilidade são NBC TP 01 e NBC PP 01, editadas em 2009 e reeditadas em 2015). • Declaração da espécie de laudo que se apresenta. É importante escla- recer se o Laudo é referente aos quesitos ordinários, de esclarecimento ou complementar, conforme apresentado. b. Considerações iniciais: • Data e nome do solicitante da perícia. • Síntese do objeto da perícia. É um relato resumido que possibilita, por meio de uma breve leitura, a noção dos fatos relatados, ou a transcrição resumi- da dos fatos da lide sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do perito-contador. Pós-Universo 13 • Metodologia adotada para os trabalhos periciais – é o conjunto dos meios adotados para alcançar o resultado da perícia por meio do conhecimento técnico ou científico. • Referência de técnicas adotadas para exame dos autos. c. Exposição sobre o desenvolvimento do trabalho: • Introdução ao trabalho, referência a normas profissionais e ordenamento lógico. • Identificação do objeto da prova pericial (questão). • Identificação do objetivo da prova pericial (sua finalidade). • Se não houver diligência, descrição dos elementos que foram objeto de exame ou verificação. • Se houver diligência, identificar de que forma e tipo os procedimentosforam realizadas. São todos os procedimentos e atos adotados pelo perito con- tador na busca de documentos, coisas, informações ou quaisquer outros elementos de prova, bem como todos os subsídios necessários à elabo- ração do Laudo Pericial Contábil, mediante Termo de Diligência, quando possível, inclusive acompanhamento ao perito assistente técnico, quando este for realizar diligências junto a qualquer das partes. Ainda são conside- radas diligências as comunicações às partes, aos Peritos Contadores ou a terceiros, ou petições judiciais, em decorrências de necessidade de arreca- dar elementos de prova. • Descrição de técnicas, análises, métodos utilizados para conclusão pericial. • Transcrição e resposta aos quesitos: verificação da existência ou não da transcrição, bem como, para efeito dessa pesquisa, a existência de menção ou não de quesitos nos autos do processo. Quesitos são as perguntas ela- boradas pelas partes ou pelo magistrado referentes ao objeto da perícia. Pós-Universo 14 d. Considerações finais: • Síntese da conclusão. • Opinião técnica do perito sobre a matéria. • Síntese de apuração de valor e seu montante (se for o caso). • Síntese da finalidade do laudo. • Indicação de quesitos (se houver). e. Quesitos – Respostas: • Transcritos na íntegra e na ordem sequencial iniciando com os quesitos do Magistrado, do Reclamante e do Reclamado. • Respondidos sequencialmente à transcrição dos quesitos formulados. • Respondidos de forma clara e objetiva, sem tergiversar sobre detalhes que podem fazer parte do ambiente, mas que não dizem respeito ao quesito. É importante evitar assuntos ou opiniões pessoais ou subjetivas nas respostas. f. Encerramento do laudo com a Conclusão: • Exposição formal do encerramento do trabalho pericial, de maneira objetiva. Nesse caso, é preciso verificar a existência ou não desse requisito no pro- cesso ou causa. É a quantificação, quando possível, do valor da demanda, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo ou em documentos. É na conclusão que o perito-contador colocará outras informações que não foram objeto dos quesitos, porém as encontrou na busca dos elementos de prova e que, de alguma forma, servirão de apoio para a opinião ou julgamento. Sem a conclusão, o laudo não ganha sentido, tornando-se uma peça inócua. • O perito deve lembrar-se de fazer constar da descrição da quantidade de páginas que compõem o laudo e rubricar. • Local e data da conclusão do laudo. Pós-Universo 15 • Assinatura e identificação do perito. Verificação da existência ou não de assinatura aposta no laudo pericial, do profissional responsável pela sua ela- boração, com o respectivo Número do registro no CRC (Conselho Regional de Contabilidade), em que o profissional contador está registrado. A assinatura do profissional é o principal item que lhe confere a autoria, a responsabili- dade pelo trabalho realizado, pelo que foi descrito no laudo pericial. g. Anexos: • Os anexos que integram o laudo devem ser numerados sequencialmente e rubricados pelo perito. Anexos são documentos elaborados pelas partes ou terceiros com o intuito de complementar a argumentação ou elemen- tos de prova, arrecadados ou requisitados, pelo perito-contador durante as diligências. • Dos anexos fazem parte: demonstrativos de análise e documentos indis- pensáveis à ilustração e bom esclarecimento do trabalho técnico realizado. • Apêndices: verificação da existência ou não desse requisito. São documen- tos elaborados pelo perito-contador com o intuito de complementar a argumentação ou elementos de prova. Quando o perito deixa de apresentar alguns requisitos importantes que deveriam constar no laudo, como a metodologia adotada e quais foram os critérios utilizados na realização do seu trabalho, faz que a leitura e o entendimento do laudo tornem-se difíceis, afastando-se da sua finalidade, que é elucidar questões que exijam conhe- cimentos especializados. Além disso, a ausência de metodologia induz dificuldades em compreender como as diligências foram realizadas. Dessa forma, o magistrado fica sem saber como foi que o perito chegou à conclusão do seu trabalho e quais foram os atos que permitiram a ele fundamentar sua opinião. Pós-Universo 16 Em geral, pode haver confusão quanto às funções de auditoria e perícia contábil. No aspecto prático, prevalecem procedimentos e técnicas inves- tigativas diferentes. A perícia é a prova elucidativa dos fatos específicos, identificados pela auditoria, enquanto a auditoria é voltada para revisão, verificação e tende a ser necessidade periódica, podendo ser por amostra- gem. A Perícia não aceita a amostragem e sua atuação se dá no universo completo dos fatos, em que a opinião é expressa com rigores de cem por cento de análise. A Auditoria busca avaliar controle interno e a certificação da fidedignidade da informação. Porém, se for detectado problema no setor, não aponta a pessoa que deverá ser responsabilizada pelo problema, por ter cometido a irregularidade, salvo em casos de confissão. O trabalho de auditoria é con- solidado em um Relatório de Auditoria que dá base ao Parecer de Auditoria. Auditoria avalia e faz “checagem” dos documentos, registros, procedimen- tos de rotina para confirmar se estão registrados, avaliados e classificados corretamente. Fonte: o autor. saiba mais Apesar de aparente obviedade, na estrutura do laudo pericial, é importante relembrar que uma perícia judicial segue formalismos jurídicos que ensejam diversas formas de responsabilidades jurídicas. Portanto, não cumprir as principais formalidades de um laudo, como deixar de apresentar o laudo no prazo, não responder todos os quesitos, não apresentar as metodologias e técnicas adotadas, deixar de rubricar todas as páginas de um laudo, são falhas graves que certamente poderão gerar contestações ou solicitações de explicações adicionais que retardarão a finalização do processo. Outras consequências são as comunicações dessas negligências pelo magistra- do, ao Conselho Regional de Contabilidade, gerando outras penalidades e punições. atenção Pós-Universo 17 Ao se deparar com o laudo pericial, se você não estiver bem familiarizado(a) com o processo, poderá ter alguma dificuldade de interpretação do trabalho realizado pelo perito, na intenção e no cumprimento de um mister de oferecer ao juiz uma ma- terialização da prova. Mas, sem dúvida, uma das maiores dificuldades do peito é a resposta aos quesitos efetuados pelas partes. Primeiramente, é preciso esclarecer que “quesitos” são algumas questões (pergun- tas mesmo) feitas pelas partes (autor e réu), por meio dos seus advogados, perguntas essas que têm a finalidade de esclarecer o caso. Os quesitos podem ser apresentados pelo juiz, pelo autor e pelo réu. Em alguns casos, o Ministério Público pode atuar no caso como “fiscal da lei”. Nesses casos, o representante do Ministério Público (Promotor) também pode formular “quesitos”. RESPOSTA AOS QUESITOS Pós-Universo 18 Como nos ensina João Paulo Ferreira Neto, em sua obra “As diversas formas de elaboração de um laudo pericial contábil – Semelhanças doutrinárias e normativas” (2006), o perito pode adotar uma forma de hierarquia, respondendo primeiramente os quesitos do juiz e, depois, os quesitos das partes. Vejamos: “ Quesitos: Quando os assuntos técnicos objeto do litígio são desenvolvidas mediante perguntas formuladas pelo magistrado, pelas partes, por uma das partes apenas, ou pelo tribunal arbitral, o perito observará algumas regras básicas. 1) Respostas aos quesitos do juízo (se houver) Considerando a hierarquia, são respondidos em primeiro momento os quesitos formulados pelo magistrado. 2) Respostas aos quesitos das partes (se houver) A respostas dos quesitos ofertados pelas partes devem ser na mesma ordem em que foi juntada nos autos do processo. Outro requisito deve ser observado, as respostas aos que- sitosdevem ser pontualmente na mesma ordem de sua formulação, ou seja, do primeiro até o derradeiro sem nenhuma alternância. O perito deve abster- -se de responder aqueles quesitos que fogem de sua competência técnica. 3) Abordagem da questão técnica: Na ausência da formulação de quesitos, o perito, necessariamente deve abordar de maneira original e tecnicamente adequada tendo em vista os assuntos polêmicos que deram origem a soli- citação da prova técnica (FERREIRA NETO, 2006, p. 14). Então, observe que o perito atento verifica nos autos quem trouxe primeiramente os quesitos ao processo, respondendo nessa ordem. Além disso, observa rigorosa- mente a ordem das questões, adotando a numeração ordinária do questionamento da parte, isto é, quesito 1, quesito 2 etc. Pós-Universo 19 Pode-se entender os quesitos como sendo um questionário básico formu- lado e apresentado pelas partes (ou seus advogados e peritos assistentes) e pelo próprio magistrado, antes do início das diligências. Isto é, antes do desenvolvimento da produção da prova pericial contábil e entrega da peça técnica. São as perguntas de natureza técnica ou científica a serem respon- didas pelo perito. São, em geral, apreciadas pelo magistrado e pelas partes a fim de evitar indagações impertinentes, fora do âmbito da lide proposta, bem como diligências desnecessárias ou procrastinatórias. Surgem, assim, duas categorias de quesitos: os pertinentes e os impertinentes. Os primeiros têm por objetivo esclarecer as questões técnicas contábeis. Os impertinentes abordam, geralmente aspectos não relacionados com o que se debate nos autos do processo, ou então, são perguntas que buscam do perito, opinião fora de sua competência legal. Evidentemente, encontra-se o perito apto para afirmar, no mais das vezes, se um quesito é manifestamente impertinente ou não. De outro modo não se acha preparado para o exercício da função. Se tiver dúvidas, sobretudo nas perguntas cuja impertinência não seja manifesta, nada impede que se dirija ao magistrado, por petição ou verbalmente, para que este decida ou o oriente a respeito. Estas cautelas não devem ser postergadas, pois uma má quesitação pode condenar uma boa perícia e até mesmo abalar o con- ceito do perito (Pestana de Aguiar) Os quesitos formulados pelas partes são oferecidos perseguindo determi- nados objetivos, ou seja, ver produzida prova contábil que dê guarida aos fatos por elas alegados. Cada perícia contábil tem em comum determinados objetivos perseguidos, todavia, não os quesitos formulados. Esses refletem o estilo e a estratégia de quem os formula. Isso vale dizer ser difícil o perito deparar com quesitos idênticos para pro- cessos semelhantes. Podem-se, quando muito, encontrar alguns quesitos semelhantes em processos cujos conteúdos sejam também semelhantes desde que patrocinados pelos mesmos advogados. Oferecer resposta correta e adequada aos quesitos formulados tem por pres- suposto saber ler e entender o que está sendo indagado, tarefa essa nem sempre tranquila, mormente, quando o texto da indagação seja dúbio ou permita mais de uma interpretação técnica. saiba mais Pós-Universo 20 Cuidado especial deve ser dado a determinados quesitos cujo conteúdo envolva matéria de direito. Salvo naquilo que for necessário reportar para atender à questão técnica proposta, o perito judicial deve eximir-se de ofe- recer resposta a esse tipo de pergunta mesmo porque estão fora de sua competência legal. Então, é possível aparecer várias categorias de quesitos: na primeira cate- goria, enquadram-se aqueles pertinentes ao objeto da perícia; na segunda, aqueles indeferidos pelo magistrado; em uma terceira categoria, aqueles cujas indagações são dúbias ou que permitem mais de uma resposta técnica; e, por último aqueles que tratam de matéria jurídica. Fonte: Soares (online). saiba mais A resposta aos quesitos é objetiva e não subjetiva. Portanto, se o perito encontrar uma questão que possa gerar uma resposta puramente pessoal, deve esquivar-se de maneira técnica da questão, evitando, assim, colocar o trabalho sob questionamento ou impugnação. Um exemplo de quesito que remete à questão subjetiva é aquele que pergunta sobre a legalidade. Nesse caso, o perito deve responder de maneira que passe a análise da questão ao crivo do juiz, pois, este, sim, é quem está encarre- gado de analisar as questões de direito (se é legal ou não). Vejamos alguns quesitos: 1. É legal a cobrança do imposto objeto de litígio? 2. A cobrança da multa de 10%, no caso, tem embasamento legal? 3. O período de incidência dos juros legais está compreendido na vigência da lei que rege a aplicação da cobrança de juros compensatórios? Nos casos acima, deve o perito responder de forma objetiva, porém, sem emitir juízos de valor. Vejamos, a título de exemplo, como poderiam ser as respostas aos quesi- tos acima: 1. Prejudicado. A matéria envolve análise de “legalidade”, de forma que a questão extrapola o campo de competência do perito, devendo a mesma ser submetida ao crivo do juízo. Pós-Universo 21 2. Prejudicado. A questão envolve a “legalidade”, matéria que foge à compe- tência do perito, devendo ser submetida ao crivo do juiz. 3. Prejudicado. A questão que envolve análise de legalidade de incidência de juros legais é pertinente ao crivo do juiz, extrapolando, assim, o campo de competência do perito. Observe que o perito não deixou de responder os quesitos, porém, não respondeu as questões, deixando-as ao crivo do juiz. Dessa forma, o perito mantém-se dentro do campo de sua competência. Observe atentamente o conteúdo do estudo e tente refletir sobre as se- guintes questões: 1. O que são quesitos na perícia? Para que servem os quesitos? Por quem são formulados? 2. Todos os quesitos devem ser respondidos? Justifique à luz da legislação. 3. Como deve ser respondido um quesito que trate de matéria jurídica? Exemplifique. 4. O que são quesitos impertinentes? Justifique e exemplifique. 5. O que significa responder o quesito e não responder a questão? reflita Veja que o perito utilizou uma expressão clássica e técnica para o início da resposta: “prejudicado”. A expressão significa uma resposta ao quesito, mas não uma resposta à questão apresentada. Assemelha-se a uma resposta de alguém que analisa uma fo- tografia em “preto e branco” devendo responder a seguinte questão: “qual a cor dos olhos do investigado?”. A resposta, de forma técnica, é: “Prejudicado”. Explicando-se, em seguida, o motivo: “a foto apresentada tem característica ‘preto e branco’”, com- plementa a resposta ao “quesito”, sem responder à questão. Como vimos, portanto, o quesito foi respondido e o perito não poderá ser incomo- dado, admoestado ou questionado ou mesmo impugnado por não ter respondido o quesito, pois este foi respondido. Se a questão não foi respondida, é porque o perito não poderia respondê-la. Pós-Universo 22 Dentre as perícias extrajudiciais, uma das mais modernas, apesar das mais antigas, é a chamada Perícia Arbitral. Atualmente, vigente por meio da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, relativa a direitos patrimoniais dis- poníveis, a Arbitragem garante às partes litigantes o direito de escolher, livremente, as regras do direito que serão aplicadas no procedimento arbitral. As partes podem submeter a solução dos litígios ao juízo arbitral, valendo- -se, no entanto, de laudos técnicos periciais, que em nada diferem daqueles produzidos na justiça estatal. Apresenta características de perícia judicial, porque o juízo arbitral é instância que decide, sendo criada pelas próprias partes. Entretanto, o juízo arbitral é privado e, dessa forma, tem aspectos de perícia extrajudicial. Normalmente, as decisões são operadas nas Câmaras de Mediação e Arbitragens. Fonte: o autor. fatos e dados É claro que o perito não pode utilizar esse expediente em todas as questões e fugir, assim, de sua responsabilidade. Deve, logicamente, responder as questõestécnicas, que se encontram no campo de sua competência: contabilidade, cálculos, medições de patrimônio, aspectos fiscais etc. Pós-Universo 23 O laudo pericial é a finalização do trabalho do perito com as conclusões do trabalho e as respostas aos quesitos. Conforme estabelece o art. 433, do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973) (Novo CPC, art. 477), o perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, e os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo. Ambos os documentos devem ser escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minu- dências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova, necessários para a conclusão do seu trabalho. No encerramento do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, deverão consignar suas conclusões de forma clara e precisa. APRESENTAÇÃO DO LAUDO E DO PARECER Pós-Universo 24 Como em qualquer outro documento contábil oficial, os laudos periciais ou pare- ceres periciais contábeis não devem conter espaços em branco, rasuras, entrelinhas etc. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem ser escritos de forma direta e circunstanciada, devendo atender às necessidades dos julgadores (magistra- dos) e dos interessados (reclamante e reclamado) e ao objeto da discussão, sempre com conteúdo claro e limitado ao assunto da demanda, de forma que possibilite aos julgadores proferirem justa decisão. A linguagem adotada pelos peritos deve ser acessível aos interlocutores, possibilitando aos julgadores e às partes da demanda conhecimento e interpretação dos resultados obtidos nos trabalhos periciais contá- beis. Os termos técnicos devem ser inseridos na redação do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil, de modo a se obter uma redação técnica que qua- lifique o trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade, bem como a legislação de regência da profissão contábil. Os profissionais deverão se uti- lizar do vernáculo, sendo admitidas apenas palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas de uso comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem contemplar o resul- tado final de todo e qualquer trabalho alcançado por meio de elementos de prova, inclusos nos autos ou adquiridos em diligências que o perito-contador tenha efetua- do por intermédio de peças contábeis e quaisquer outros documentos. Um laudo divergente poderá ser elaborado pelo assistente técnico pericial quando houver discordância do laudo oficial. Nessa circunstância, é neces- sária uma sólida fundamentação conceitual e técnica para sua apresentação, além de seguir todos os procedimentos aplicados ao laudo pericial judicial. Alguns juízes acatam os pareceres técnicos elaborados pelos assistentes técnicos das partes, entendendo que, conforme os artigos 332 e 333 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973) (CPC 2015, art. 373), “cabe o ônus da prova ao autor”, ou seja, a quem alega e, portanto, se juntada na inicial, este parecer é prova suficiente. E ao réu cabe o ônus de provar que o direito alegado pelo autor foi extinto, modificado ou não existente. Fonte: o autor. saiba mais Pós-Universo 25 A apresentação do laudo requer alguns procedimentos que servem de orientação no ato da entrega, a saber: • Entrega do laudo por meio de petição: verificação da exigência ou não de documento petitório de juntada aos autos do processo, do laudo pericial contábil. • Laudo escrito de forma clara, objetiva, concisa e completa: por ausência de definição dos critérios na NBC TP 01, para essa pesquisa, será verificada a presença ou não dos seguintes requisitos na escrita do laudo: a. Clareza: redação de acordo com a norma culta, de forma que permita o entendimento do que foi escrito. b. Forma objetiva: abordagem do tema de forma específica sem fugir do que foi proposto e sem opinião subjetiva do perito. c. Concisão: ser criterioso no uso das palavras. Expressar as ideias de forma breve e eficiente. d. Precisão: utilizar as palavras corretas, elaborar o laudo de forma coerente. Na NBC TP 01 - Perícia Contábil (BRASIL, 2009), encontramos as seguintes definições pertinentes ao laudo e ao parecer pericial contábil: a. Forma Circunstanciada - entende-se como a redação pormenorizada, minuciosa, efetuada com cautela e detalhamento em relação aos procedi- mentos e aos resultados do parecer ou do laudo pericial contábil. b. Síntese do Objeto da Perícia - entende-se como o relato sucinto sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do perito. c. Diligências - entende-se como todos os procedimentos e atos adotados pelo perito na busca de documentos, objetos ou coisas, informações ou quaisquer outros elementos de prova, bem como todos os subsídios ne- cessários à elaboração do laudo e do parecer pericial contábil. d. Critérios da Perícia - são os procedimentos que servem de norma para julgar ou decidir o caminho que deve seguir o perito na elaboração do tra- balho pericial. Pós-Universo 26 e. Metodologia - conjunto dos meios dispostos convenientemente para al- cançar o resultado da perícia mediante o conhecimento técnico-científico, de maneira que possa, ao final, inseri-lo no corpo técnico do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil. f. Resultados Fundamentados - é a explicitação da forma pela qual o perito chegou às conclusões da perícia. g. Conclusão - é a quantificação, quando possível, do valor da demanda, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil. EXEMPLO DE CAPA DO LAUDO PERICIAL VARA.......................: VARA DE FEDERAL DE EXECUÇÕES FISCAIS Classe......................: EXECUÇÃO FISCAL Processo nº..............: 2004.20.3.66100-2 AUTOR.....................: MARINGÁ NNNN LTDA RÉU..........................: UNIÃO NACIONAL SETEMBRO DE 2010 EXEMPLO DE CAPA DO LAUDO DE ESCLARECIMENTO VARA.....................: VARA DE FEDERAL DE EXECUÇÕES FISCAIS Classe....................: EXECUÇÃO FISCAL Processo nº............: 2002.80.3.55100-2 EMBARGANTE ......: MARINGÁ NNNNN LTDA EMBARGADA.........: UNIÃO NACIONAL SETEMBRO DE 2010 EXEMPLO DE LAUDO PERICIAL Pós-Universo 27 AUTOS Nº 3.156.2000 /2005 CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS VARA....................: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARINGÁ ESTADO DO PARANÁ Classe...................: CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS Processo nº...........: 3.XX56.2000 /2010 Ação: CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS Requerente: FUNDO BRASIL Requerido: ASSOCIAÇAO AVENIDA A) OBJETO O presente trabalho tem como objetivo de perícia, após responder os quesitos formu- lados pelas partes, apresentar o resultado da perícia realizada nos autos do processo. O caso examinado se refere a um litígio (trabalhista, cível, criminal - ?) na qual o autor (NOME) moveu contra a empresa (NOME) requerendo (QUAL A RECLAMAÇÃO - ?), ocorrida em (QUE PERÍODO - ?) A) ALEGAÇÕES: A-1 PARTE RECLAMANTE Detalhar os direitos reclamados A-2 PARTE DA RECLAMADA Detalhar as alegações da defesa A-3 DECISÕES DE INSTÂNCIA DO JUIZ Detalhar as decisões de instância do juiz B) CONSIDERAÇÕES INICIAIS DA PERÍCIA Respostas aos quesitos formulados pelos Requeridos, ASSOCIAÇÃO AVENIDA, confor- me petição das fls. 16 a 20, e pelo Réu, FUNDO BRASIL, conforme contestação das fls. 163 e 164, consubstanciados nos Autos nº. 1000/2004, de CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Pós-Universo 28 C) QUESITOS DOS AUTORES D) QUESITOS DOS RÉUS D) ENCERRAMENTO Apresentadas as respostas aos quesitos formulados pelo autor e demais aspectos re- levantes, são essas as declarações que em seu entendimento tem o Perito a fazer e que possam serúteis às partes e para esse juízo. Em, sendo assim, o presente LAUDO PERICIAL está concluído, em sua etapa inicial. Esse perito coloca-se à inteira disposição das partes e de Vossa Excelência para dirimir eventuais dúvidas, se ainda persistirem. O presente laudo é composto de 16 (Dezesseis) folhas, impressas somente no anverso, todas rubricadas e numeradas. Maringá, 10 de julho de 2007. CRC/PR Nº 1PR0000/00 Perito Judicial A complexidade do laudo pode variar conforme o caso. Se o laudo exigir apenas cálculos aritméticos, como atualização monetária de uma dívida, por meio de aplica- ções de índices econômico-financeiros, fatores de correção monetária ou conversão de moedas, basta transpor esses elementos de tabelas oficiais, disponíveis em sites, como Banco Central, IBGE, FGV-Fundação Getúlio Vargas e outros Institutos, fazer as multiplicações e apresentar a composição da dívida. Mas há casos em que a apresentação de uma dívida exige compreensão de di- versas variáveis, além das acima indicadas, como, por exemplo, avaliação de perdas e danos de um período de recesso de uma empresa, em razão de um sinistro qual- quer, ou a avaliação de quotas empresariais para fins de separação de sócios etc. Nesses casos, o laudo deve apresentar a metodologia correta e, ainda, as memó- rias de cálculos, deixando bem claro quais as ferramentas utilizadas pelo perito para que a conclusão reflita realmente a prova de que o magistrado precisa para concluir seu julgamento. Pós-Universo 29 Por isso, o perito deverá ser um eterno acadêmico, ou seja, deve se reciclar cons- tantemente em diversos campos do conhecimento, além da contabilidade, devendo dominar a aplicação da matemática financeira, em todas as suas nuances, como juros simples, juros compostos, anuidades e somatórios, entendimentos sobre os diver- sos tipos de taxa, como taxa nominal e efetiva, taxas equivalentes, além, é claro, de compreender o funcionamento de calculadoras financeiras que facilitam o trabalho e dão mais segurança ao perito na elaboração de suas memórias de cálculo. Nem sempre um processo judicial volumoso ou de movimentação morosa, em termos de quantidade de folhas contidas no processo ou montante fi- nanceiro em discussão, significa que o trabalho pericial a ser realizado seja complexo. A atuação do perito deve ser específica sobre o que o magistrado irá solicitar de esclarecimentos por meio dos quesitos ou que extrajudicial- mente as partes querem que sejam elucidadas. Tão importante quanto a resposta esperada pelas partes e fornecidas pelo perito é a formulação correta e coerente dos quesitos. Um quesito mal formulado, que possibilite mais de uma interpretação, pode levar a uma resposta imprecisa. É importante que o perito não deixe transparecer sua posição pessoal acerca do problema, pois uma tendenciosidade pode significar a impugnação do laudo. atenção Pós-Universo 30 A definição dos honorários a serem cobrados pelos trabalhos periciais depende de uma série de fatores e circunstâncias. Quando o magistrado entender que o honorá- rio requerido pelo perito é muito elevado, pode arbitrar um valor menor. A NBC PP 01 (BRASIL, 2009) orienta que, na elaboração da proposta de honorários, o perito deve levar em conta a relevância, o vulto, o risco, a complexidade do trabalho, a quantida- de de horas, a quantidade de pessoal técnico a ser envolvido, o prazo estabelecido, a forma de recebimento dos honorários e a elaboração de laudos em conjunto com outros profissionais de diferentes áreas, entre outros fatores. Esses fatores devem ser relacionados com o valor da causa, com os prazos para a execução da perícia e com a facilidade ou dificuldade de acesso ao local da coleta de provas e realização da perícia. PROPOSTA DE HONORÁRIO E LEVANTAMENTO DE HONORÁRIO Pós-Universo 31 Um dos principais pontos de referência para definir os honorários é o valor da causa, associado à complexidade do trabalho e relacionado com as dificuldades téc- nicas, pelo grau de especialidade exigida ou dificuldade para obter os elementos de prova. Essas complexidades, associadas, em conjunto, com a dimensão do volume de trabalho e com a abrangência das áreas de conhecimento envolvidas, dão a di- mensão para a definição dos honorários. Em geral, os parâmetros para a definição dos honorários são os seguintes: a. o valor da causa; b. a relevância, o volume dos trabalhos, a complexidade do serviço e o custo do serviço a executar; c. o número de horas estimadas para a realização dos serviços; d. a peculiaridade de tratar-se de um serviço que a justiça entende ser de pe- quenas causas; e. a qualificação técnica dos profissionais requeridos para participar da exe- cução dos serviços; f. o lugar em que os serviços serão prestados, indicando-se como serão co- brados os custos de viagens e estadas, se for o caso. Pós-Universo 32 Para atuar na atividade pericial, é necessário atender a normas legais, como as leis, e estar em conformidade com a regularidade profissional. Recomenda- se, ao aluno, observar as Normas Brasileiras de Contabilidade, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, especialmente as NBC TP 01 e NBC PP 01 (BRASIL, 2009). O perito deve demonstrar capacidade para pesquisar, examinar, analisar, sin- tetizar e fundamentar as provas colhidas no laudo pericial e/ou no parecer pericial contábil. Existem situações que restringem o trabalho do profissional de contabili- dade nas atividades de perícia, que são a sua competência técnica, além dos casos de impedimentos legais, impedimentos técnico-científicos e si- tuações de suspeição de sua imparcialidade. O formalismo jurídico e o processual são importantes fatores a que o perito deve estar atento, para não ter seu trabalho invalidado ou impugnado. O CRC – Conselho Regional de Contabilidade é o órgão fiscalizador da pro- fissão e pode autuar o profissional que não estiver de acordo com as normas NBC TP 01 e TP 02, podendo, inclusive, aplicar o Código de Ética e instau- rar o processo administrativo disciplinar, que poderá resultar em punição ao profissional, inclusive com a suspensão temporária de suas atividades. A conduta ética do perito, além daquelas insertas no Código de Processo Civil, está também capitulada nos Códigos de Éticas de várias profissões. No caso dos contadores, por meio da Resolução 803/96 e 815/97 do CFC, es- pecialmente no comportamento exigido, no seu art. 5º que se manifesta: Art. 5º - O contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá: I- recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II- abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que cons- titui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III- abster-se de expender argumento ou dar a conhecer sua convic- ção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; fatos e dados Pós-Universo 33 IV- considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V- mencionar obrigatoriamente fatos que conheça, e repute em con- dições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso 11 do Art. 2º; VI- abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemen- te informado e munido de documentos; VIII- considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; VIII- atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à dispo- sição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execuçãodo seu trabalho (BRASIL, 1996). fatos e dados Além disso, não se pode esquecer os riscos envolvidos, tais como a possibilidade dos honorários não serem integralmente recebidos ou que haja atraso demasiadamente longo no recebimento dos honorários, e as implicações cíveis, penais e profissionais, às quais poder estar sujeito o perito. Não se pode esquecer, sob risco de prejuízos financeiros, durante a elaboração da proposta de honorários, da quantidade de horas necessárias para a realização do trabalho, incluindo a quantidade de profissionais por qualificação (auxiliares, assis- tentes, seniores etc.). Conforme a NBC PP 01 (BRASIL, 2009), as seguintes atividades devem ser ponde- radas na elaboração da proposta de honorários: (a) retirada e entrega dos autos; (b) leitura e interpretação do processo; (c) elaboração de termos de diligências para arrecadação de provas e comu- nicações às partes, terceiros e peritos-contadores assistentes; Pós-Universo 34 (d) realização de diligências; (e) pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais e societários; (f ) realização de planilhas de cálculos, quadros, gráficos, simulações e análi- ses de resultados; (g) laudos interprofissionais; (h) elaboração do laudo; (i) reuniões com peritos-contadores assistentes, quando for o caso; (j) revisão final; (k) despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação etc.; (l) outros trabalhos com despesas supervenientes. A proposta de honorários deve ser apresentada pelo perito, após sua intimação, de- vidamente fundamentada, ao magistrado nas perícias judiciais ou ao contratante nas pericias extrajudiciais. Nos casos em que houver necessidade de desembolso para despesas superve- nientes, tais como viagens e estadas, para a realização de outras diligências, o perito poderá requerer ao juízo o pagamento das despesas, desde que apresentando o res- pectivo orçamento e desde que não estejam contempladas na proposta inicial de honorários. Por sua vez, o perito-contador assistente deve apresentar sua proposta no con- trato que celebrará com o seu cliente, sem a necessidade de submeter à apreciação do magistrado. Ao aprovar o honorário requerido pelo perito, o magistrado determinará a rea- lização do depósito do montante em conta vinculada. Por fim, o levantamento de honorário deve ser requerido pelo perito na mesma petição em que requer a juntada do laudo pericial aos autos. Veja a seguir um modelo com as variáveis a serem computadas para calcular a proposta de honorário: Exemplo de parâmetros para fixação de honorários periciais: Pós-Universo 35 Tomando por base o planejamento dos trabalhos, o perito contador estimou as seguintes necessidades de horas dedicadas à perícia: 1. Análise dos autos: 4 horas 2. Confecção das comunicações às partes e demais atos processuais: 2 horas 3. Exames, diligências e outros procedimentos não especificados: 80 horas 4. Reunião com outros peritos assistentes e/ou representantes das partes: 6 horas 5. Elaboração e revisão do Laudo: 8 horas 6. Soma de horas Operacionais: 100 horas 7. Margem de risco de excesso de trabalho adicional: 20% do item 6: (100 x 20%) = 20 8. Total estimado: 120 horas 9. Custo por hora estimado: 100,00 10. Custo do honorário: 100 x 120 = R$ 12.000,00 O custo hora de trabalho do profissional pode ser calculado a partir de outras in- formações acrescentadas ao custo de manutenção das atividades. Consideramos a título de exemplo que o custo hora do profissional seja de R$ 100,00 Por fim, ponderando os fatores discorridos, em conjunto com o prazo, estima- do em quantidade de horas necessárias para a realização de cada fase do trabalho, é que chegamos aos parâmetros de referência para a determinação dos honorários. Quanto à liberação dos honorários, nos trabalhos de grande complexidade, pode ser requerida de forma parcial no início dos trabalhos. A justificação necessária para essa liberação normalmente está relacionada a custos de deslocamentos em viagens de diligências, viagens e compras de materiais de escritório. Porém, essa liberação depende do entendimento do magistrado, frente à situação posta, o que varia con- forme as circunstâncias. Pós-Universo 36 Nos casos em que o perito avaliar que o trabalho não apresenta comple- xidades, em termos de pessoal de apoio, diligências ou dificuldades na obtenção das provas, a proposta de honorários pode ser uma simples des- crição do valor do honorário desejado. Nos casos complexos, em que se perceber grandes dificuldades, recomenda-se que a proposta de honorários seja detalhada com a descrição do pessoal envolvido, diligências e outros elementos considerados importantes. O perito-contador pode requerer a liberação parcial dos honorários, quando julgar necessário, para o custeio de despesas durante a realização dos trabalhos. Veja mais no site da justiça federal do Paraná, disponível em: <www.jfpr.jus. br>. Acesso em: 3 ago. 2015. saiba mais A seguir, veja o modelo de petição (correspondência) protocolizada para solicitar a liberação de honorário: (por questões de limitação do espaço, neste modelo, não foram observados aspectos estéticos de uma petição). EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE UMUARAMA - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ. AMMMMMM, brasileiro, casado, contador, estabelecido à Rua Maringá, 1023, sala 04, Jardim Universitário, Maringá, Paraná, Perito nos Autos da Ação nº 2000.8.4.0171-0, em que é Autor ANDERSON E OUTRO e Réus FFG E COMPANHIA, na qualidade de Perito Judicial nomeado nos autos, vem respeitosamente re- querer de Vossa Excelência o que segue: a) a juntada do LAUDO PERICIAL que segue incluso; b) Liberação e transferência dos honorários previamente depositados, para a conta corrente nº.1.734.234, Agência 0100 do Banco xxxl. Pós-Universo 37 Nestes termos, aguarda deferimento. Maringá-PR, 12 de agosto de 2012. AMMMMMMM - Perito CRC/PR nr. 0XXXXXX Assim, verifica-se que o perito, após a elaboração do laudo pericial, ganha o poder de requerer a liberação do valor depositado a título de honorários, assim como pode, ainda, requerer o pagamento de valores complementares, uma vez justificados e caso a proposta apresentada anteriormente permita essa circunstância. Contudo, todo e qualquer requerimento sempre passará pelo crivo do juiz, o qual poderá deferir (autorizar) ou indeferir (desautorizar) o ato, sempre despachando de forma fundamentada. resumo Um trabalho de perícia deve ser finalizado com a produção de um laudo. Não há um modelo padrão para sua elaboração. Porém não pode ser apresentado de qualquer forma. É necessário seguir uma estrutura mínima de uma peça documental que garanta uma leitura mais acessível, lógica e de fácil entendimento para o julgador, demonstrando quais foram as metodologias adotadas, as diligências, as considerações acerca das dificuldades encontradas, as respostas de todos os quesitos respondidos e os documentos anexados. É preciso lembrar que o laudo deve ser elaborado de forma detalhada, ou seja, circunstanciada, obedecendo a uma sequência, conforme descrita e apresentada na estrutura do laudo. O laudo deve conter o objeto da perícia, estudos, observações, metodologias, técnicas adotadas nas in- vestigações, diligências realizadas, resultados e as conclusões. É importante destacar que o perito não deve expressar sua opinião pessoal a partir de “achismos”, e sim expressar a verdade a partir da aplicação de métodos científicos, contendo informações técnicas com referencial conceitual que qualifique a redação técnica. A referência para a estrutura do laudo pode ser encontrada na NBC TP 01 - Perícia Contábil, destacada neste estudo, a qual serve de orientação para definições de termos como Forma Circunstanciada, Síntese do Objeto da Perícia, Diligências, Critérios da Perícia, Metodologias apli- cadas e o que representam os Resultados Fundamentados e as Conclusões. O trabalhodo perito é fundamental, pois tem o condão de prova. Induz e conduz o magistrado a uma correta orientação para o julgamento. A questão discutida no bojo de um processo judicial tem, no mínimo, duas vertentes: a versão do autor, aquele que pede em juízo; e a versão do réu, aquele que contesta o pedido feito pelo autor. O juiz, no seu mister, busca um correto esclareci- mento dos fatos por meio das provas. O Código de Processo Civil atribui o “dever” (ônus) de provar àquele que alega em juízo. Portanto, se o autor delineia uma situação ou circunstância judicial, deve apresentar a prova de tudo que está sendo alegado, buscando convencer o juiz acerca do que falou. O réu, por sua vez, pode aceitar o que foi dito pelo autor ou pode refutar (negar, con- testar) e apresentar uma versão completamente diferente do que foi alegado pelo autor. Mas, com isso, assume, também, o ônus (obrigação) de provar o que está alegando. Caso as divergências sejam muitas, isto é, os panoramas apresentados sejam antagônicos, o juiz providenciará a “instrução”, ou seja, a coleta de provas adicionais, além dos documentos acosta- dos com a petição inicial e com a contestação. Se essa divergência paira sob um aspecto técnico, o juiz deve ser assistido por um profissional que entenda desse aspecto técnico. resumo Esse profissional é o perito. E, por isso, o seu trabalho será remunerado de forma correta, justa, atendendo aos preceitos legais. Com a averiguação do que o autor pleiteia e do que o réu contesta, o perito buscará cumprir o múnus determinado pelo magistrado de forma imparcial, isto é, sem buscar favorecer o interes- se de nenhuma das partes. É essa a justificativa a que deve ser remunerado de forma apropriada, pois um trabalho coerente, bem apresentado e que atende aos fins legais, que é a constituição de prova, visando facilitar o julgamento do juiz, merece ser condizentemente remunerado. Portanto, o juiz pode definir os honorários provisórios (iniciais, adiantados), mas é o perito quem tem o crivo correto para avaliação de quanto vale o seu trabalho, levando em conta, para isso, sua formação profissional, suas responsabilidades, sua conduta ilibada, sua reputação, seu con- ceito social e obediência aos princípios éticos e morais (deontológicos) no exercício da profissão. Finalmente, destacamos que a definição do valor dos honorários periciais é aparentemente uma tarefa simples. Porém exige uma formalização lógica para se chegar ao valor correto do serviço a ser executado, pois fixar um valor muito baixo pode gerar prejuízos durante a execução com gastos acima do previsto, enquanto que pedir um valor muito elevado pode gerar uma impug- nação pelo magistrado ou até mesmo a desistência das partes. Assim deve se associar o valor da causa com a complexidade do trabalho, analisado sob a ótica das dificuldades técnicas, dificul- dade para obter os elementos de prova e a dimensão do volume de trabalho. Vale a pena lembrar ainda que o trâmite da justiça brasileira costuma ser moroso por diversas razões, e a perícia judicial acompanha esse contexto, fazendo com que a liberação total dos ho- norários possa, às vezes, ter prazos demasiadamente longos. atividades de estudo 1. Assinale V para alternativas verdadeiras e F para afirmações falsas e escolha a alter- nativa que representa a sequência correta: )( A transcrição de todos os quesitos deferidos pelo magistrado para o laudo é uma recomendação prevista na Norma Brasileira de Contabilidade. )( Em um trabalho de grande dimensão de análise, a auditoria pode ser realizada por amostragem, enquanto que a perícia requer apreciação de todo o volume. )( Deixar de apresentar o laudo no prazo ou indicar as metodologias e técnicas ado- tadas são falhas graves em uma perícia. )( A estrutura de um laudo pericial deve seguir um modelo padrão fixado pelo Conselho Federal de Contabilidade. )( Caso o perito entender irrelevante o laudo, poderá apresentar apenas um relató- rio das evidências ao juiz, que aceitará como suficiente. a) V, V, V, V, V. b) F, F, F, F, F. c) F, V, F, V, F. d) V, F, V, F, V. e) V, V, V, F, F. 2. Assinale a alternativa correta. O laudo pericial contábil deve conter, no mínimo, as seguintes informações: a) Identificação dos tipos de diligências realizadas. b) Descrição de forma simplificada, apenas das diligências realizadas, sem deta- lhar individualmente cada fato diligenciado, se o perito for reconhecidamente experiente. c) O parecer do assistente técnico que foi indicado pelas partes. d) As metodologias e as técnicas de coleta de dados adotadas pelo perito, em cada quesito respondido. e) O valor dos honorários cobrados pelo perito. atividades de estudo 3. Sobre a Perícia, é correto afirmar que: a) A perícia estatal é aquela realizada sob a tutela do poder judiciário. b) A perícia extrajudicial não pode ser realizada para resolver casos de litígio entre as partes, e sim somente casos amigáveis. c) A perícia é judicial quando é realizada sob orientações do juiz envolvendo inqué- ritos, sindicâncias de processos sobre casos diversos, inclusive fraudes. d) A perícia arbitral é realizada com a autorização do juiz, que nomeia o perito. e) A arbitragem é uma modalidade de solução de litígio que pode nomear livre- mente o perito para atuar como árbitro e resolver pendências, desde que haja concordância do juiz. 4. Sobre os Quesitos, é correto afirmar que: a) Os quesitos podem ser apresentados pelo juiz, pelo autor e pelo réu. b) Os quesitos podem ser apresentados somente pelo réu. c) Os quesitos podem ser apresentados somente pelo autor. d) Os quesitos podem ser apresentados somente pelo juiz. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 5. Relacione os termos da coluna da direita com as definições da coluna da esquerda: A Critérios da perícia Meios dispostos para alcançar o resulta- do da perícia mediante o conhecimento técnico-científico. B Metodologia Redação detalhada dos procedimentos e dos resultados do parecer. C Síntese do objeto da perícia Descrição das finalidades da perícia. D Síntese dos objetivos da pericia Relato das questões básicas que levaram à pericia. E Forma circunstanciada Procedimentos para decidir o caminho a ser seguido pelo perito na execução do trabalho pericial. atividades de estudo Assinale a alternativa correta, contendo a sequência das letras da segunda coluna: a) B, E, D, C, A b) A, B, C, D, E c) E, D, C, B, A d) B, A, C, D, E e) B, D, A, E, C 6. Assinale a alternativa correta sobre o laudo pericial elaborado pelo profissional contábil. a) O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto. b) O perito deve elaborar o laudo e o parecer, utilizando-se do vernáculo, não sendo admitidas palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas de uso comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais. c) O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito do juízo e pelo perito-assistente, que adotarão padrão impróprio, respeitado a es- trutura prevista na norma, devendo ser redigidos de forma circunstanciada, clara, objetiva, sequencial e lógica. d) Os peritos não devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico-contábil, de forma clara e precisa, as suas conclusões. 7. Considere “V” para firmações verdadeiras e “F” para afirmaçoes falsas nos itens a seguir: )( Perito assistente técnico deve submeter a sua proposta de honorário à aprova- ção do magistrado, em uma perícia judicial. )( A liberação do honorário do perito e do assistente técnico em uma perícia extra- judicial é condicionada à conclusão do laudo. )( Realizações de diligências que incluam viagens podem ser parâmetro para compor o cálculo da proposta de honorários do perito.)( Pesquisa documental e exame de livros contábeis, fiscais e societários, por serem atividades internas, não interferem na proposta de honorário. )( A proposta de honorários é uma responsabilidade do perito. atividades de estudo Assinale a alternativa que representa a sequência correta da incidência dos atribu- tos dos itens acima: a) V, V, V, V, V. b) V, F, V, F, V. c) F, V, F, V, F. d) F, F, V, F, F. e) V, V, F, V, V. 8. Assinale a alternativa correta. Na justiça do trabalho, os honorários periciais são de- finidos por meio da seguinte condição: a) Fixação, pelo juiz, atendendo à sugestão proposta pelo perito, sendo que parte do valor da causa é usada para pagamento dos honorários periciais. b) Mediante apresentação do laudo e do parecer, pelo assistente técnico, desde que haja o deposito prévio dos honorários. c) Não existe depósito prévio dos honorários periciais nas causas de foro trabalhista. d) Manifestação do perito, após intimação sobre os honorários, e logo em seguida deverá ser feita a liquidação da sentença. e) Por ser justiça do trabalho, não há cobrança de honorários, devendo o perito atuar como voluntário. material complementar A Era do Escândalo Autor: Mario Rosa Editora: Geração Editorial Sinopse: o livro é uma narrativa dos escândalos e das ações de bastidores sobre os fatos ocorridos. Esse livro reúne 10 casos de grande repercus- são na mídia, a partir do testemunho inédito dos protagonistas. É um autêntico manual de como preservar a imagem e a reputação em plena “Era do Escândalo”. Faz também uma análise pioneira do escândalo no Brasil, comparando-o com outras manifestações desse fenômeno tão atual ao redor do mundo. referências ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. BARBOZA, J. Matemática financeira. Apostila. Maringá: Projus, 2011. ____. Perícia Contábil. Apostila. Maringá: Projus, 2015. BRASIL. Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 3 ago. 2015. BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 3 ago. 2015. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 3 ago. 2015. BRASIL. NBC PP 01 - Norma Brasileira de Contabilidade. Resolução nº. 1.244/2009. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Per%C3%ADcia_ Cont%C3%A1bil.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2015. BRASIL. NBC TP 01 - Norma Brasileira de Contabilidade. Resolução nº. 1.243/2009. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1243.doc>. Acesso em: 30 jul. 2015. BRASIL. NBC T 13 – Da Perícia Contábil. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com. br/nbc/t13.htm>. Acesso em: 3 ago. 2015. CRESPO, A. A. Matemática Comercial e Financeira Fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. FERREIRA NETO, J. P. As Diversas Formas de Elaboração de um Laudo Pericial Contábil – Semelhanças doutrinárias e normativas. APJEP – Associação dos Peritos Judiciais do Estado de Pernambuco. 2006. Disponível em: <http://www.apjep.org.br/fotos/formas.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015. HOOG, W. Z. Prova Pericial Contábil: Teoria e prática. 10. ed. Curitiba: Editora Jurua. ____. Perícia Contábil - Normas Brasileiras Interpretadas - Interpretação à Luz dos Códigos Civil, Processo Civil e Penal. 5. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2012. LAPPONI, J. C. Matemática financeira – Uma abordagem moderna. São Paulo: JC Lapponi Editora, 1992. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.869-1973?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.406-2002?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.105-2015?OpenDocument referências MAGALHÃES, A. de D. F.; LUNKES, I. C. Perícia Contábil nos processos Cível e Trabalhista. São Paulo: Atlas, 2008. MANOEL, R. da C. Perito-Contador. Curitiba: Juruá, 2006. MATIAS, W. F. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 1982. MAYO, H. B. Finanças Básicas. 9. ed. São Paulo: Cenage Learning, 2008. MERCHEDE, A. Matemática financeira para advogados. São Paulo: Atlas, 2003. ORNELAS, M. M. G. de. Perícia Contábil. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. PIRES, M. A. A. Laudo Pericial Contábil. 4. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2006. PUCCINI, A. de L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 1984. ____. Matemática financeira: objetiva e aplicada – Manual do Professor. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. SOARES, S. Perícia Contábil. Apostila 07. Quesitos. Disponível em: <http://www.ceap.br/material/ MAT09042012205545.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015. SOBRINHO, J. D. V. Manual de aplicações financeiras HP-12C. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. SOBRINHO, J. D. V. Matemática financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1986. resolução de exercícios 1. e) V, V, V, F, F. 2. a) Identificação dos tipos de diligências realizadas. 3. c) A perícia é judicial quando é realizada sob orientações do juiz envolvendo inqué- ritos, sindicâncias de processos sobre casos diversos, inclusive fraudes. 4. a) Os quesitos podem ser apresentados pelo juiz, pelo autor e pelo réu. 5. a) B, E, D, C, A 6. a) O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto. 7. d) F, F, V, F, F. 8. c) Não existe depósito prévio dos honorários periciais nas causas de foro trabalhista. B_CT_CONT_ASECTOS_B40_10_4 ESTRUTURA DO LAUDO E PARECER
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