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Os Principais Métodos de Planejamento Ambiental Método de Lewis O método de Lewis surge com o objetivo de identificar, conservar, proteger e realçar os valores intrínsecos mais enfáticos e conseguir que os fatores antrópicos se desenvolvessem harmoniosamente com os recursos naturais. Para isso, esse estudo deveria dar uma solução negativa, ou seja, teria que dizer onde não se deve fazer uso para atividades, ao invés de localizar as áreas de potencial uso. Essa metodologia foi criada em um estreito espaço de tempo para efetivação do trabalho e, portanto para agilizá-lo, Lewis concluiu que era vantajoso diferenciar os recursos mais importantes, ou seja, os maiores, como (superfície de água ou drenagem, terras úmidas ou áreas alagáveis e topografia notável ou terras firmes) dos recursos sujeito a mudanças, adaptações ou acréscimos humanos como, por exemplo, cidade antiga, grutas e locais de banho. No decorrer do projeto, Lewis visualizou nos mapas produzidos estruturas contínuas que davam a idéia de um corredor ambiental, dando assim origem ao termo que hoje é muito difundido nos estudos ambientais. Essa proposição, segundo Almeida (1993), é de extrema importância pelas seguintes razoes: - è uma estrutura geográfica facilmente compreensível pelo público, e isto é básico, dado o objetivo protetor do trabalho de Lewis. - o traçado dos recursos maiores determina a grande maioria dos recursos ambientais da região em estudo, o que proporciona grande economia de verbas para a análise do cenário geral. - é no corredor onde se concentram as medidas de proteção e as atividades ligadas ao passeio e lazer, enquanto as atividades humanas que suponham alterações haveriam de situar-se fora do corredor. - permite somar as forças dos diferentes grupos que possam estar interessados em um ou em vários recursos que coexistem no corredor. A implantação de um corredor ambiental necessita de um planejamento regional. O primeiro passo para implementar um corredor se resume em identificar as áreas prioritárias para a conservação. Com esse objetivo, são realizados workshops regionais, eventos que reúnam vários especialistas nas regiões a serem conservadas. O segundo passo é envolver no projeto de conservação diversos setores da sociedade e do governo, como proprietários rurais, universidades, empresas privadas, comunidades tradicionais, etc. Método de Steinitz Carl Steinitz foi pesquisador da universidade de Harvard onde junto com seus colaboradores desenvolveu pesquisas sobre diferentes modelos matemáticos e técnicas para automatizar as respostas aos problemas de incorporação dos dados do meio físico ao planejamento territorial. Esse processo se dá mediante o auxílio de ordenadores, o que permite uma grande capacidade e rapidez no tratamento dos dados. Seu mais famoso trabalho, o programa Ingrid, foi o que proporcionou ao sistema computacional uma dinâmica maior. Esse sistema se apóia no inventário do meio físico e seu arquivo, previamente codificado e “georreferenciado” em um banco de dados, legível por identificador (ID), sendo assim, é feito o estabelecimento das atividades potenciais que têm em conta as possibilidades da área de estudo, as necessidades existentes e a orientação do planejamento. As análises desenvolvidas com este método tem como resultado a determinação da capacidade e da vulnerabilidade do território para cada uma das unidades, sendo apresentado em forma de mapas de capacidade e vulnerabilidade, esses dados são implementados com dados sociais, político e econômico, dando origem à primeira proposta a ser avaliada de forma automática. Como resultado dessa avaliação, os resultados obtidos podem ser corrigidos, a fim de se aproximar mais dos objetivos perseguidos, de aumentar a capacidade e diminuir o impacto. O Ingrid permite que os mapas de capacidade possam ser alterados conforme incorporação de novas informações ao banco de dados, pois este fica aberto a novas e diversas informações. Figura 01: Demonstração do processo de analise ambiental desenvolvido por Steinitz Fonte: http://envs6108.blogspot.com/2005/11/carl-steinitz-framework-for-landscape.html Acessado em 18/08/2007 Método de Hillis A metodologia empregada por A.G. Hills, para dar respostas ao departamento florestal do Governo do Canadá, pode ser resumido em uma classificação do solo em unidades homogêneas e uma avaliação do potencial das unidades para usos múltiplos, alternativos ou combinados, sob vários níveis e condições de ordenação. Esse método divide a área total de estudo consecutivamente, em unidades cada vez menores, tendo como referencia para isso o gradiente escalar de fatores climáticos e de formas externas do solo, após esse processo, é elaborado uma lista de usos para o espaço em foco. Quando a área exige maior detalhe, dividem-se os usos em tipos fisiográficos e em seguida determina-se o uso potencial, em termos de capacidade de uso, adequação de uso e viabilidade de uso. Durante este processo, agrupam-se os tipos fisiográficos que tem características morfológicas similares, dando origem as unidades de paisagem. Para cada uma delas, recomenda-se o uso principal ou co-principal, tendo por fim a representação dos resultados em forma de mapas que representam os usos recomendados para cada unidade de paisagem. http://envs6108.blogspot.com/2005/11/carl-steinitz-framework-for-landscape.html Método de Lynch Kevin Lynch promoveu diversas contribuições ao campo urbanístico através de pesquisas empíricas em como os indivíduos observam, percebem e transitam no espaço urbano. Sua metodologia de planejamento fundamenta-se nos sistemas de interação entre os organismos e o seu entorno. A inovação de Lynch está em levar em consideração dados como equilíbrio ecológico, singularidade do local e qualidades intangíveis, que não eram levados em consideração nos planejamentos territoriais. O tipo de planejamento proposto por Lynch é mais voltado para áreas urbanas e sendo assim, foca suas forças em dispor ou adaptar o meio ambiente físico externo para acolher as atuações humanas. Para tanto, os dados de saída que vão dar suporte à tomada de decisões sobre o arranjo espacial da cidade são os mapas básicos superpostos com diversos temas, utilizando procedimentos automáticos de classificação numérica ou de forma manual com transparências, fazendo simultaneamente um levantamento sobre os usuários do local, suas necessidades, valores de comportamento e outros. O mais interessante desse método são os movimentos cíclicos das análises para aperfeiçoar a definição dos objetivos, facilitando a resolução de conflitos espaço- temporal podendo obter um bom design urbano. Figura 02: Mapa elaborado por Lynch através de sua metodologia para identificação dos problemas da cidade de Boston Fonte: http://www.csiss.org/classics/content/62 Acessado em 18/08/2007 Método de Johns A proposta metodológica de Johns faz uma releitura sintética das outras metodologias já apresentadas, nesse modelo complexo inclui-se a capacidade intrínseca do território e um estudo de impacto produzido pelos diferentes planos de atuação sobre esse território. O desenvolvimento dessa metodologia passa pelo levantamento de dados do meio ambiente, ou seja, um inventário descritivo dos fatores naturais, culturais, sociais ou econômicos, que são inseridos num banco de dados para posterior análise, como já havia sido proposto por Steinitz. Debruçados sobre o banco de dados do inventário analisavam a capacidade, a viabilidade e a adequação de uso do território. De posse dos resultados podia-se gerar distintas soluções que eram submetidas a uma análise de impacto. Tendo essa informação e sabendo os objetivos a alcançar, fazia-se, dasrespostas encontradas revisões e reciclagens até reduzir o impacto a um nível aceitável, de acordo com os objetivos. http://www.csiss.org/classics/content/62 Método de Mcharg Uma das metodologias mais brilhantes da década de 1960 e que até hoje pode ser encontrada nas mais variadas aplicações é o método de Ian Mcharg, que era segundo Almeida (1993), especialmente preocupado pelo modo como os processos biológicos deveriam ser reconhecidos como critérios restritivos e orientadores no planejamento regional. O método em questão, parte de uma descrição ecológica, que é mais do que somente um inventário de paisagens, pois trata dos processos de interação entre as unidades, avaliando as possibilidades de ordenação e planificação e suas conseqüências sobre o meio ambiente. Segundo Cersósimo (2006) esse método é essencialmente baseado em análise espacial com utilização de variáveis sócio-ambientais que são classificadas como restrições ou fatores de aptidão, integradas numa única escala de valores, com pesos diferenciados em função da relação do empreendimento com cada variável. O desenvolvimento desse método utiliza sistemas gráficos de sobreposição de mapas de recursos naturais e culturismo, mapas de capacidade intrínseca e mapas de capacidade combinada. Para se chegar a esses resultados Mcharg cria três matrizes: a primeira identifica todos os usos do solo pretendidos e cruza cada uso com todos os outros para determinar compatibilidades ou incompatibilidades; a outra matriz faz referencia aos recursos necessários para cada uso; e a ultima indica por uso do solo as conseqüências de sua operacionalização. Por fim, o método expõe um sistema de recomendações muito claro, permitindo identificar para um mesmo espaço, a coexistência criteriosa de diferentes usos. Esse método é bem argumentado e coerente, mas segundo Almeida (1993) não finaliza, de todo, o processo de planejamento. Quadro 02: Principais fatores considerados nos estudos de ordenamento territorial realizados por McHarg (1979). Fonte:http://www.igeo.pt/instituto/cegig/got/3_Docs/Files/mestrado_ass/cap1.pdf Acessado em 21/08/2007 Figura 03: Dinâmica cartográfica empregada na metodologia de planejamento de McHarg. Fonte: http://www.csiss.org/classics/content/23 Acessado em 21/08/2007 Método de Tricart Jean Léon François Tricart orientou estudos integrados do meio ambiente natural e introduziu novos métodos com emprego em diversas regiões do mundo. Tricart (1977) afirma que já não há ecossistema que não seja modificado pelo homem, sendo assim sua metodologia assenta-se sobra o sistemismo ecológico, que permite estudar as relações http://www.igeo.pt/instituto/cegig/got/3_Docs/Files/mestrado_ass/cap1.pdf http://www.csiss.org/classics/content/23 entre os diversos componentes do meio ambiente. A esse sistemismo ecológico, Tricart dá o nome de dinâmica dos ecótopos ou ecodinâmica. Os estudos feitos utilizando essa metodologia têm como principal objetivo a avaliação do impacto da inserção da tecnologia humana no ecossistema, ou seja, determinar a taxa aceitável de extração de recursos, sem degradação do ecossistema, ou determinar quais as medidas que devem ser tomadas para permitir uma extração mais elevada sem degradação. Para tanto, estabeleceu uma escala de avaliação dividindo o ambiente em três meios morfodinâmicos, a saber: - Meios Estáveis, que tem lenta evolução, resultante da permanência no tempo de combinações de fatores como cobertura vegetal densa, dissecação moderada do relevo e ausência de manifestações vulcânicas. Geralmente, as relações complexas se estabelecem entre essas diversas condições, compondo mecanismos de compensação e auto-regulação. - Meios Intergrades, que se caracterizam pela interferência permanente de morfogênese e pedogênese apresentando-se de maneira concorrente sobre um mesmo espaço, assegurando a passagem gradual entre os meios estáveis aos instáveis. São meios delicados e suscetíveis a fenômenos de amplificação, transformando-se em meios instáveis cuja explotação fica comprometida. - Meios Instáveis, são aqueles onde impera a morfogênese, tendo como desencadeador desse processo as condições bioclimáticas agressivas, com ocorrência de variações fortes e irregulares de ventos e chuvas, relevo com vigorosa dissecação, inexistência de cobertura vegetal densa o que acarreta inundação dos fundos de vales, dando uma geodinâmica intensiva para o espaço. Para esta metodologia os dados de entrada são os mapas de todas as unidades territoriais básicas e localização, identificação e análise dos diferentes processos e sistemas com uma interação dinâmica, tendo como resposta a subdivisão em unidades hierarquizada e representada em forma de mapas que dão suporte ao uso apropriado para o território. Metodologias de Planejamento Ambiental com a utilização de Geotecnologias Metodologia de Planejamento Ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Essa metodologia foi desenvolvida levando em consideração as discussões feitas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, algumas considerações dadas por Institutos de Pesquisa e por Universidades, sendo definido que para alcançar os objetivos do ZEE, seria necessária uma análise do meio físico e biótico, que dariam suporte para criação de uma carta de vulnerabilidade à perda do solo. (CREPANI et.al., 1996). Essa parte da metodologia de ZEE com Geotecnologias foi criada pelo INPE e está fundamentada na análise de Tricart (1977), a Ecodinâmica e nas potencialidades para estudos integrados de imagens orbitais e SIG, tendo como objetivo principal o recolhimento de um conjunto de dados e conhecimento científico para compreender a dinâmica do meio natural e destacar as zonas ou fatores, estabelecendo uma relação com a morfogênese e/ou pedogênese que podem limitar determinados usos do território (ALMEIDA, 1993, 34p.), Sendo assim, primeiramente é feito um levantamento e aquisição de material, bibliográfico sobre a área de estudo como produções locais, produtos cartográficos que na maioria das vezes são as cartas do projeto RADAM, com reinterpretação das informações temáticas por meio do auxilio das imagens de satélite, criando os planos de Informação georreferenciados (PI), esses dados posteriormente são cruzados para geração do mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTB) e em seguida associam-se os bancos de dados contendo as classes dos PI temáticos e valores, relativos e empíricos, de vulnerabilidade à erosão de cada uma dessas classes. Esse procedimento dará origem à carta de vulnerabilidade natural à perda de solo de cada UTB o que possibilita um bom ordenamento territorial. No entanto, essa proposta deve ser associada aos dados sócio-econômicos para um diagnóstico mais completo, que é desenvolvido pelo LAGET. Figura 04: Resumo do procedimento de integração dos meios físico/biótico (baseado em Rocha, 2000) Metodologia de Planejamento Ambiental do Laboratório de Gestão do Território (LAGET-UFRJ) A proposta metodológica desenvolvida pelos pesquisadores do LAGET vem complementar a metodologia do INPE, sendo também planejada durante as discussões junto a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência de República, pois usa a carta de vulnerabilidade já elaborada pelo INPE para cruzar com a carta de potencialidade social que segundo Rocha (2000) é o complemento indispensável para se obter a integração ecológica – econômica necessária ao zoneamento. Essa carta de potencial social é gerada seguindo padrões internacionais estabelecidos pela ONU, segundo esses critérios, o desenvolvimento humano é resultante do desenvolvimento econômico sustentado, o que possibilita uma melhoria na qualidade de vida, a partir dequatro indicadores: natural, humano, produtivo e institucional, que serão algebricamente cruzados, considerando a relação entre os fatores dinâmicos e restritivos, gerando assim, o potencial social de cada unidade territorial. Por fim, é gerada a carta síntese de subsídio à gestão do território fundamentada na sobreposição das duas cartas (vulnerabilidade e potencial) acima descritas e na legislação existente. A análise do produto será feita conforme a figura 05 abaixo. Figura 05: Modelo de Análise Socioambiental (Becker & Egler, 1997) O resultado da fusão de unidades territoriais pode ter a seguinte classificação, como sugerido no gráfico acima: 1 – Áreas produtivas: 1.1 – De consolidação ou fortalecimento do desenvolvimento humano, pois tem baixa vulnerabilidade e alta potencialidade; 1.2 – Destinada à expansão do potencial, pois tem baixa vulnerabilidade e baixa potencialidade; 2 – Áreas crítica: 2.1 – Recuperação, tendo em vista o alto potencial de desenvolvimento e, por conseguinte alta vulnerabilidade. 2.2 – Conservação, pois é observado uma baixa potencialidade e uma alta vulnerabilidade. Além dessas considerações a metodologia ainda ressalta as áreas institucionais de preservação permanente, como parques nacionais e estaduais; áreas de uso restrito e controlado, como reservas indígenas e extrativistas; e áreas de interesse estratégico, como as áreas de fronteiras. + - - + POTENCIALIDADE VULNERABILIDADE ÁREAS Produtivas Críticas consolidação recuperação conservação expansão Metodologia de Planejamento Ambiental do Laboratório de Geoprocessamento (LAGEOP - UFRJ) A proposta elaborada por Xavier (2001) é uma proposta diferenciada das outras duas não sendo criada especificamente para o ZEE, mas também para uso próprio. Essa metodologia permite identificar relações de contingência, conexão, proximidade e funcionalidade entre partes componentes da situação ambiental levando em consideração a visão sistêmica do ambiente. Para tanto essa metodologia baseia-se essencialmente em técnicas de geoprocessamento e estrutura-se em dois eixos, diagnósticos de situações existentes ou de possíveis ocorrências e prognósticos onde são feitas previsões e zoneamentos, e, eventualmente, sugeridas provisões quanto aos problemas ambientais em estudo. a) Diagnóstico: Compreendem os tratamentos necessários à identificação, no tempo e no espaço, de dados e problemas específicos relevantes para a análise da situação ambiental, apoiando-se nos inventários e análise de situações existentes ou de possível existência, como por exemplo: planimetrias, assinaturas, monitorias, riscos ambientais, potenciais ambientais, incongruências de uso, potenciais conflitantes, áreas críticas e impactos ambientais. b) Prognósticos: Baseia-se em informações temporais dos registros das ocorrências dos fenômenos do ambiente e dados levantados durante o período do diagnóstico, levando em consideração também aspectos políticos. O prognóstico permite a indicação de atitudes da gestão ambiental (planejamento), tendo seu fundamento em questões estudadas anteriormente no diagnóstico sendo prevista para uma determinada extensão territorial. Todos esses processos de obtenção de informação são também ligados aos dados de sensores espectrais e radiométricos que por definição extraem informações qualitativas e quantitativas dos objetos sem contato físico direto com os mesmos. O organograma abaixo tenta explicar o fluxo de trabalho com essa metodologia. Figura 06: Esquema metodológico de análise ambiental (baseado em Silva, apud Rocha, 2000)
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