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Água e geração de energia Água e os princípios de geração energética O princípio da geração energética em usinas hidrelétricas baseia-se no uso de grandes volumes de água para a rotação de turbinas que, associadas a geradores, irão produzir energia elétrica pelo fenômeno da indução magnética. De acordo com a Lei de Indução de Faraday, é possível gerar uma força eletromotriz (também denominada de fem) em uma bobina, variando o fluxo de um campo magnético ao longo do tempo. A força eletromotriz é necessária para a geração de corrente elétrica; assim, em um dínamo, o ímã situado no interior da bobina é movimentado a partir de um eixo móvel sobre o qual se acha instalado. Uma usina hidrelétrica acarreta baixos impactos ambientais, no que diz respeito à poluição atmosférica. Isso porque, quando comparadas a outras matrizes energéticas (como os combustíveis fósseis), as emissões de CO2 associadas a essa forma de geração de energia são baixas. Entretanto, caso a cobertura vegetal da área a ser alagada não seja removida adequadamente, haverá um grande aporte de matéria orgânica nos reservatórios. Uma vez depositado no fundo desses reservatórios, a decomposição da matéria orgânica será realizada sob condições de anaerobiose, isto é, na ausência de oxigênio. Esse processo será responsável por produzir quantidades elevadas de metano (CH4), um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa. Capacidade hidrelétrica mundial Globalmente, as usinas hidrelétricas em larga escala são as instalações mais eficientes para produção energética. De fato, algumas delas são capazes de gerar mais do que o dobro de energia produzida nas maiores instalações nucleares do mundo. Apesar de não haver uma classificação oficial em relação ao tamanho das hidrelétricas de acordo com sua produção, usinas com capacidade superior a 100 MW1 são comumente definidas como grandes centrais hidrelétricas. Atualmente, entretanto, apenas quatro instalações com capacidade superior a 10.000 MW estão em operação no mundo (EIA, 2016), a saber: • Usina de Três Gargantas (China), com capacidade de 22.400 MW; • Usina de Itaipu (Brasil/Paraguai), com capacidade de 14.000 MW; • Usina de Xiluodu (China), com capacidade de 13.860 MW; • Usina de Guri (Venezuela), com capacidade de 10.000 MW. No Brasil, de acordo com a Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) n. 673, de 4 de agosto de 2005 (BRASIL, 2005), uma central hidrelétrica é classificada como uma PCH quando sua capacidade instalada for superior a 3 MW e inferior a 30 MW. Ainda conforme a Resolução, a área ocupada pela usina deve ser inferior a 3 km2 . Em geral, as PCHs operam em regime de fio d’água, atribuindo um custo maior à produção de eletricidade. Entretanto, apresentam um impacto ambiental reduzido, quando comparadas com usinas com reservatórios. São ideais para rios de médio e pequeno porte que apresentem desníveis elevados durante seu percurso. No período compreendido entre 2005 e 2008, a capacidade de geração mundial em PCHs cresceu 28%, o que corresponde a, aproximadamente, 85 GW. Entre os países cujo crescimento de pequenas centrais de hidroeletricidade foi mais proeminente, estão: China, com 65 GW; seguida do Japão com 3,5 GW; Estados Unidos, com 3 GW; e Índia, com 2 GW. 1 Megawatt: unidade de potência equivalente a 106 watts (ou 106 Joules por segundo). 7 Água e geração de energia 118 Geografia dos Recursos Hídricos Em relação aos países líderes no processo de geração de hidroeletricidade, têm-se: China, Estados Unidos, Brasil, Canadá, Índia e Rússia (IEA, 2016). Atualmente há 1,21 TW2 de capacidade hidrelétrica total instalada no mundo. A maior parte desse montante está concentrada no leste asiático, que apresenta capacidade igual a 385 GW3 . Na sequência, têm-se Europa, América do Norte e América Latina, com 294 GW, 193 GW e 159 GW, respectivamente. Devido à menor disponibilidade hídrica da região, o Oriente Médio e o norte da África apresentam a menor capacidade entre as diferentes regiões do globo: 20,6 GW. Na Figura 7 é apresentada a divisão da capacidade de geração de hidroeletricidade, de acordo com cada região do planeta. Impactos e benefícios da implantação de usinas hidrelétricas A construção e a operação de represas para geração de energia hidrelétrica acarretam inúmeros impactos, positivos ou negativos, tanto em âmbito local como global. Esses efeitos podem ser de âmbito socioeconômico, institucional ou ambiental, podendo ainda interferir na saúde, na cultura e no bem-estar de uma população. Nos últimos anos, vários estudos têm discutido a importância e as dificuldades na avaliação quantitativa e qualitativa dos impactos associados às instalações hidrelétricas. De acordo com a Comissão Mundial sobre Barragens (WCD – do seu termo em inglês World Comission on Dams), além dos impactos negativos ambientais diretos, como o comprometimento dos ecossistemas presentes nas áreas alagadas e o aumento de emissões gasosas em reservatórios com aporte de matéria orgânica, também há um grande número de benefícios associados à implantação das barragens, dentre os quais se destacam: o suprimento de água para irrigação e para abastecimento doméstico e industrial; a geração de eletricidade, de acordo com a demanda de cada região; e o controle de enchentes (WCD, 2000). Ainda conforme a WCD (2000), vários benefícios indiretos também estão relacionados à implantação de usinas hidrelétricas. Esses impactos recebem o nome de multiplicadores, tendo em vista a resposta em cascata que provocam. Como exemplo, o aumento do fornecimento de eletricidade leva a uma maior demanda por bens de consumo, incentivando o desenvolvimento industrial e econômico das regiões atendidas. Além disso, serviços de atendimento básico, como saúde e educação, são enormemente beneficiados com o aumento da disponibilidade energética em uma comunidade. Em 2009, o Banco Mundial estabeleceu um índice para estimar o valor de multiplicadores que uma usina hidrelétrica é capaz de produzir em determinada localidade. De acordo com seu relatório Directions in hydropower, para cada dólar investido no setor, são produzidos entre 40 centavos e 1 dólar em investimentos indiretos na região atendida, o que torna essa forma de geração energética atrativa do ponto de vista econômico e social (WORLD BANK, 2009).
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