Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2017 RecuRsos NatuRais e FoNtes de eNeRgia Profª. Louise Cristine Franzoi Profª. Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin Profª. Renata Joaquim Ferraz Bianco Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Profª. Louise Cristine Franzoi Profª. Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin Profª. Renata Joaquim Ferraz Bianco Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 343.81092 F837r Franzoi, Louise Cristine Recursos naturais e fontes de energia / Louise Cristine Franzoi; Joseane Gabriele Kryzozun Rubin; Renata Joaquim Ferraz Bianco: UNIASSELVI, 2017. 161 p. : il. ISBN 978-85-515-0089-7 1.Recursos Naturais. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III apReseNtação Bem-vindo(a) aos estudos referentes à disciplina de Recursos Naturais e Fontes de Energia! Este material conta com um amplo apanhado de conteúdos referentes a esta temática tão atual no Brasil e no mundo. A partir da década de 1960, a humanidade passou a repensar sua relação com o ambiente em que está inserida, especialmente no que tange à utilização e degradação dos recursos naturais. Conforme as discussões e os movimentos ambientalistas foram avançando, houve a necessidade de repensarmos nosso atual modelo de “desenvolvimento”. Desta forma, este caderno de estudos, em sua primeira unidade, versa sobre o estudo referente aos conceitos de Ecodesenvolvimento e de Desenvolvimento Sustentável sob uma perspectiva crítica, a partir da análise de seu verdadeiro significado. Em seguida, são abordadas as principais normas do Direito Ambiental (DA) Internacional e Nacional, a partir do foco nos princípios básicos do DA. Na sequência, são estudados os principais marcos legais do DA brasileiro, a partir da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei no 6.938, de 1981. Finalmente, ainda na Unidade 1 apresenta-se o estudo dos chamados espaços territoriais especialmente protegidos (ETEP), seu conceito e suas tipologias. Posteriormente é abordado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os tipos de Unidades de Conservação existentes, além dos aspectos necessários à criação de uma UC. Na Unidade 2 do caderno de Recursos Naturais e Fontes de Energia serão apresentados os conceitos dos recursos naturais renováveis e não renováveis, bem como os problemas ambientais recorrentes no planeta. Os recursos naturais renováveis são aqueles que apresentam renovação cíclica. Entretanto, devido ao alto grau de poluição antrópica, há o impedimento da renovação de muitos destes recursos. Já, os recursos naturais não renováveis são aqueles que demoram milhões de anos para serem formados, portanto não têm a renovação a curto prazo. E para finalizar esta unidade, iremos verificar alguns desastres ambientais mundiais e os últimos que ocorreram no Brasil, além das consequências que a poluição humana está acarretando no nosso planeta. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Para finalizar o caderno de estudos de Recursos Naturais e Fontes de Energia, a Unidade 3 irá apresentar uma perspectiva da produção de energia com ênfase no cenário brasileiro. A abordagem de estudo desta unidade tem o intuito de concluir os estudos deste caderno fazendo com que você reconheça a matriz energética presente no cenário brasileiro, saiba definir e relacionar a energia com o meio ambiente e, finalmente, identifique e repense os desafios futuros para a geração de energia no Brasil. Bons estudos! V VI VII UNIDADE 1 – AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..................... 1 TÓPICO 1 – AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? ....... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 HISTÓRICO DO AMBIENTALISMO ........................................................................................... 3 2.1 A DÉCADA DE 60 ........................................................................................................................ 3 2.2 A DÉCADA DE 70 ........................................................................................................................ 4 2.3 A DÉCADA DE 80 ........................................................................................................................ 5 2.4 A DÉCADA DE 90 ........................................................................................................................ 5 2.5 O AMBIENTALISMO NO SÉCULO XXI ................................................................................... 6 3 ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .............................. 8 3.1 AS EMPRESAS E A “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” ................................................. 13 4 AGROECOLOGIA E A SUSTENTABILIDADE RURAL ........................................................... 14 4.1 ASPECTOS GERAIS ..................................................................................................................... 14 4.2 AS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DA AGROECOLOGIA ..................................................... 17 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 20 RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 25 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 – DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO? .................................................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27 2 DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL E NACIONAL .................................................... 28 2.1 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .......................................................................... 29 3 DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO: COMPETÊNCIAS E MARCOS LEGAIS ............... 31 3.1 ASCOMPETÊNCIAS DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS ........................................... 31 4 A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ..................................................................... 33 4.1 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................. 34 4.1.1 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental .................................................... 35 4.1.2 Zoneamento ambiental (ZA) .............................................................................................. 35 4.1.3 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) ........................................................................ 36 4.1.4 Licenciamento Ambiental (LA) .......................................................................................... 39 RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 43 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44 TÓPICO 3 – A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS ................................................................................................................ 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45 2 O CONCEITO DE ESPAÇO TERRITORIAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO .................. 45 2.1 ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL ............................................................................................ 47 2.2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ............................................................................ 47 sumáRio VIII 2.3 RESERVA LEGAL ......................................................................................................................... 47 2.4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ............................................................................................. 48 3 O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC) ........................... 49 4 COMO SÃO CRIADAS AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO? ............................................ 52 RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 54 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55 UNIDADE 2 – RECURSOS NATURAIS .......................................................................................... 57 TÓPICO 1 – RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS ................................................................. 59 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59 2 RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS ...................................................................................... 59 2.1 AR .................................................................................................................................................... 59 2.2 ÁGUA ............................................................................................................................................. 61 2.3 SOLO ............................................................................................................................................... 64 2.4 FAUNA ........................................................................................................................................... 65 2.5 FLORA ............................................................................................................................................ 66 2.6 BIODIVERSIDADE ....................................................................................................................... 67 RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70 TÓPICO 2 – RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS ....................................................... 71 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71 2 RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS ........................................................................... 71 2.1 PETRÓLEO .................................................................................................................................... 71 2.1.1 Breve histórico da extração de petróleo no Brasil ........................................................... 72 2.1.2 Extração do petróleo ............................................................................................................ 73 2.1.3 Refino do petróleo ............................................................................................................... 74 2.2 CARVÃO ........................................................................................................................................ 75 2.3 GÁS NATURAL ............................................................................................................................ 77 2.4 URÂNIO ......................................................................................................................................... 78 RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 80 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 81 TÓPICO 3 – AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE ........................................................... 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83 2 HISTÓRICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................................... 85 3 MODIFICAÇÕES AMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS ............................................................. 88 4 PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS ....................................................................................... 89 4.1 EFEITO ESTUFA E AQUECIMENTO GLOBAL ...................................................................... 90 4.2 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO ............................................................................ 92 4.3 CHUVA ÁCIDA ............................................................................................................................ 94 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 95 RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 103 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 104 UNIDADE 3 – A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ............................................ 105 TÓPICO 1 – MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO ........................................ 107 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 107 2 MATRIZES ENERGÉTICAS RENOVÁVEIS ............................................................................... 108 2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA BIOMASSA .............................................................. 112 IX 2.2 A BIOMASSA NO BRASIL ..........................................................................................................113 3 MATRIZES ENERGÉTICAS NÃO RENOVÁVEIS .................................................................... 118 3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................................... 118 4 POLÍTICA ENERGÉTICA BRASILEIRA ...................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 123 TÓPICO 2 – ENERGIA E MEIO AMBIENTE .................................................................................. 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 125 2 INOVAÇÕES INTELIGENTES ....................................................................................................... 127 3 AULA PRÁTICA ................................................................................................................................ 133 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 138 RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 141 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 142 TÓPICO 3 – DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL ......... 143 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 143 2 BANDEIRAS TARIFÁRIAS ............................................................................................................ 143 3 INCENTIVO FISCAL ........................................................................................................................ 144 4 A CRISE ENERGÉTICA E AS DIFERENTES VISÕES DO PROBLEMA ............................... 147 4.1 UMA VISÃO PARA O FUTURO ................................................................................................ 149 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 150 RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 152 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 153 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 155 X 1 UNIDADE 1 AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir desta unidade, você será capaz de: • identificar os principais acontecimentos do movimento ambientalista ao final do século XX e início do século XXI; • refletir sobre as intenções das grandes corporações frente aos pilares da sustentabilidade; • conhecer os conceitos de Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Susten- tável, observando suas principais diferenças; • compreender o conceito de Agroecologia, algumas de suas técnicas e seu papel diante de uma perspectiva de desenvolvimento socioambiental e econômico responsável; • estabelecer o conceito do termo Direito Ambiental (DA); • analisar os princípios do DA Internacional e Nacional; • reconhecer as competências do poder público em matéria de meio am- biente, além dos principais marcos legais do DA brasileiro; • caracterizar a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), o SISNAMA (Sis- tema Nacional do Meio Ambiente), seus objetivos, bem como, alguns dos ins- trumentos da referida política: padrões de qualidade ambiental, zoneamento ambiental, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento ambiental; • conceituar o termo Espaços Territoriais Especialmente Protegidos, além de conhecer suas categorias principais; • compreender os principais aspectos relativos ao Sistema Nacional de Uni- dades de Conservação (SNUC), os tipos de UC estabelecidos por lei, con- forme suas características; • entender os procedimentos básicos relativos à criação de uma UC. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que irão contribuir para sua compreensão dos conteúdos explorados. TÓPICO 1 – AMBIENTALISMO,ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOL- VIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? TÓPICO 2 – DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTER- NACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO? TÓPICO 3 – A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 1 INTRODUÇÃO O meio ambiente, essencial à vida das espécies, tornou-se motivo de preocupação, especialmente entre o equilíbrio da interação e as atividades humanas e do seu entorno, somente a partir da década de 1950. Durante os anos subsequentes, até a atualidade, aspectos supostamente desconexos da realidade global começaram a ser conectados de modo que passamos, enquanto espécie, a vislumbrar um futuro incerto (UNEP, 2015). Desta forma, os itens iniciais deste tópico concentram-se em abordar os acontecimentos ligados à história do movimento ambientalista e suas consequências. Em seguida, trataremos sobre o conceito de desenvolvimento sustentável e suas vertentes, além do papel das grandes corporações frente ao novo paradigma do desenvolvimento humano. Finalmente, falaremos a respeito da Agroecologia, seu desenvolvimento, sua contraposição frente ao paradigma da agricultura mecanizada trazida pela “Revolução Verde” durante a década de 1960, além de algumas técnicas agroecológicas empregadas na atualidade. 2 HISTÓRICO DO AMBIENTALISMO 2.1 A DÉCADA DE 60 A publicação do livro “Primavera Silenciosa”, da bióloga marinha e escritora Rachel Carson (1907-1964), alertou o mundo sobre os efeitos nocivos da utilização de pesticidas e do próprio rumo que a relação espécie humana- natureza estava tomando (CIÊNCIA HOJE, 2012). O emprego do DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) começou a ser efetuado posteriormente à Segunda Guerra Mundial, no combate a insetos que atacavam as plantações agrícolas. Contudo, após uma década, episódios de contaminação da água e do solo, bem como a morte de animais, começaram a ser noticiados (CIÊNCIA HOJE, 2012). UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4 A referida publicação resultou em grande comoção na opinião pública dos Estados Unidos, que culminou com a criação da Agência de Proteção Ambiental (EPA), além da proibição do uso do DDT. No ano de 1968 é criado o Clube de Roma, composto por economistas, pedagogos e membros da comunidade científica de dez nacionalidades, cujo objetivo foi o de discutir e analisar os limites do crescimento econômico considerando a crescente utilização dos recursos naturais. 2.2 A DÉCADA DE 70 No ano de 1970 observa-se o agravamento dos problemas ambientais, pois trata-se de uma época de grandes transformações mundiais. Em 1972 é realizada a primeira Conferência das Partes (COP-1), em Estocolmo, na Suécia, com a participação de 113 países. O evento alertou diversas nações sobre as consequências da degradação ambiental para o planeta (PORTAL BRASIL, 2012). Neste mesmo ano, o Clube de Roma publica o relatório intitulado “Os limites do Crescimento”, que apontava para uma sombria realidade. Este documento analisava cinco variáveis: tecnologia, população, nutrição, recursos naturais e meio ambiente. O principal resultado do estudo constituiu-sena conclusão de que, mantidas as taxas de crescimento atuais, o limite da Terra seria alcançado em 100 anos (FRANCO, 2000; UNEP, 2016). Possivelmente, um dos princípios mais importantes que resultaram da Conferência de Estocolmo versou sobre a importância da Educação Ambiental enquanto campo de atuação da pedagogia, no sentido de considerar a educação enquanto verdadeira ferramenta de mudanças socioambientais. A seguir é apresentado este princípio na íntegra: É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos (ESTOCOLMO, 1972, princípio 19). Um dos marcos importantes desta Conferência foi a instituição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cuja missão atual é de “[...] liderar e encorajar parcerias ambientais, inspirando, informando e preparando povos e nações para melhorar sua qualidade de vida sem prejudicar a das gerações futuras” (INSTITUTO BRASIL PNUMA, 2016). TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 5 Em relação aos acontecimentos ligados ao meio ambiente ocorridos durante a década de 70, a COP-1 caracterizou-se por exprimir o “espírito da época”, ou, ao menos, a visão de muitos ocidentais frente às discussões inerentes às questões ambientais globais (UNEP, 2016). 2.3 A DÉCADA DE 80 No decorrer da década de 80, mais especificamente em 1983, a Organização das Nações Unidas (ONU) cria a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMA), presidida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Esta mesma comissão, no ano de 1987, publicou um relatório denominado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), que apresenta ao mundo o conceito de desenvolvimento sustentável. Este conceito e suas nuances serão melhor discutidos adiante, onde se aborda o tema Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável (ONUBR, 2014). O referido Relatório apresenta como proposta a junção entre os aspectos econômicos, tecnológicos e políticos, além de atentar para uma nova postura ética, que deve contemplar a responsabilidade intergeracional e entre os indivíduos da atual civilização (FRANCO, 2000). Possivelmente, o maior avanço obtido pela Comissão Brundtland seja a abertura de precedentes para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra (ONUBR, 2014). 2.4 A DÉCADA DE 90 A Rio-92 ou Cúpula da Terra foi realizada em junho do ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Este evento contou com a participação de 179 países e marcou a maneira como a humanidade vislumbrava sua relação com o meio ambiente. Tratou-se de um momento histórico inédito, pois a comunidade política em nível mundial admitiu que era necessário compatibilizar desenvolvimento socioeconômico à utilização dos recursos naturais. FIGURA 1 – LOGOTIPO DA CONFERÊNCIA RIO-92 FONTE: Disponível em: <opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2016. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 6 Resultou da Cúpula da Terra um documento importante, a Agenda 21. Nela, os governos estabeleceram um programa destinado a combater o modelo de desenvolvimento atual, insustentável, direcionando as ações no intuito de proteger e renovar os recursos naturais, dos quais a sociedade “depende”. Dentre as áreas de atuação da Agenda 21 pode-se destacar, conforme ONUBR (2014): • Proteção da atmosfera; • Combate ao desmatamento; • Prevenção da perda de solo e da desertificação; • Extinguir a destruição das populações de peixes; • Incentivar a gestão segura de resíduos tóxicos. DICAS Para que você, acadêmico(a), possa aprofundar seus conhecimentos, sugerimos que assista ao vídeo do discurso da menina canadense de 12 anos, Severn Susuki, proferido durante a ECO-92, que literalmente “calou” os governantes mundiais! Este material pode ser acessado através do link: <https://www.youtube.com/watch?v=u5fyt0rSfdI>. É importante frisar que a Agenda 21 pretendia realizar 20 ações práticas nos âmbitos local, regional e internacional, de forma a parar e reverter a degradação ambiental dos ecossistemas, além de modificar as políticas públicas que implicam em desigualdades sociais entre as diferentes nações (AGENDA 21, 1995). 2.5 O AMBIENTALISMO NO SÉCULO XXI Apesar da Agenda 21, o prazo em que foram propostas as principais medidas para possibilitar uma modificação significativa no modo de vida da sociedade não foi aplicado com afinco pelas nações e seus governantes. O encontro que gerou a Agenda 21 também elencou outras temáticas importantes, a exemplo da pobreza e da dívida externa dos países em desenvolvimento (ONUBR, 2014). Agora, passemos aos principais fatos ocorridos neste século no que diz respeito aos movimentos ambientalistas mundiais. No ano de 2012 aconteceu no Brasil a chamada Rio+20, ou seja, 20 anos após a realização da ECO-92, entre os dias 13 e 22 de junho. A Conferência teve como finalidade a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, através da medida do progresso e dos lapsos deixados na aplicação prática das decisões pelos principais encontros ambientais ocorridos até o momento, além do tratamento de temáticas novas e emergentes (RIO 20, 2016). O que mudou desde a realização da ECO-92 em relação à Rio+20? TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 7 Conforme os dizeres do secretário-geral da ECO-92, o canadense Maurice Strong, a Rio+20 gerou resultados decepcionantes em relação aos governantes presentes na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, elogiou a participação da sociedade civil organizada, que contou com a presença de mais de 50 mil pessoas. Strong relatou que, além dos dirigentes das nações participantes apresentarem-se preocupados com suas crises internas, os mesmos retrocederam em questões que já haviam sido estabelecidas em reuniões de preparação para o evento, uma dessas questões seria a erradicação da pobreza (ECODESENVOLVIMENTO, 2012). Quais os temas e soluções efetivas a serem acordados durante a Rio+20? As nações reconhecem que na esfera internacional é preciso progredir na transferência efetiva das tecnologias, incentivo de uma política global de propriedade intelectual, além da implementação de direitos de acesso à informação, participação e justiça social. Os países enfatizaram a necessidade de prover um subsídio novo de recursos financeiros destinados à construção de políticas de desenvolvimento sustentável nas nações em desenvolvimento. A discussão sobre um novo modelo de produção e consumo foi outro tema colocado em pauta (CUT BRASIL, 2011). Por meio do exposto, nota-se que não houve avanços significativos resultantes da Rio+20. Muito pelo contrário, o relatório final carece de medidas mais efetivas e compromissos com prazos específicos. Tratou-se meramente de uma carta de intenções. O documento final resultante da Rio+20, com o título “O futuro que queremos”, pode ser acessado através do link: <http://www.mma.gov.br/port/conama/ processos/61AA3835/O-Futuro-que-queremos1.pdf>. ATENCAO Você recorda, acadêmico(a) do discurso proferido pela menina canadense, Severn Susuki, proferido durante a ECO-92? Pois é, durante a Rio+20 em 2012, a mesmaretorna, já com 32 anos, e profere um novo discurso sobre a questão socioambiental mundial. Será que a humanidade efetuou algum progresso? Confira por meio do link: <https://www.youtube.com/watch?v=k8onZK3U0VM>. Através do que foi explanado frente ao histórico do ambientalismo mundial, cabe salientar que diversos aspectos foram discutidos quando da realização das diferentes conferências ambientais no final do século XX e neste início do século XXI. Contudo, a tríade ambiente, economia e sociedade ainda apresenta sérios problemas a serem resolvidos, inclusive sobre o próprio papel das grandes corporações e do governo enquanto fomentadores de mudanças mais concretas, dentre elas, a diminuição da desigualdade social (FRANZOI, 2015). UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 8 O conceito de Ecodesenvolvimento foi cunhado por Maurice Strong, secretário da Conferência de Estocolmo no ano de 1973. Esta definição consistia na construção de um modelo de desenvolvimento que estivesse adaptado às regiões rurais dos países em desenvolvimento, a partir de um emprego criterioso dos recursos ambientais existentes, mas sem ocasionar o esgotamento destes, pois nestas regiões ainda existia a possibilidade destas sociedades não aderirem à ilusão do crescimento mimético, ou seja, a tentativa de reproduzir a trajetória histórica das nações desenvolvidas que origina custos sociais e ambientais extremamente elevados (LIMA, 1997). A partir do ano de 1974, o economista Ignacy Sachs apropria-se do termo Ecodesenvolvimento e desenvolve um conceito para o mesmo, originando um panorama de três eixos (pilares) para que o ecodesenvolvimento seja atingido: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica (LAYRARGUES, 2015). Desta forma, Sachs (1993) define o ecodesenvolvimento enquanto “o desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder à problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio” (apud MONTIBELLER FILHO, 1993, p. 7). A partir das palavras de Sachs (1993) podemos verificar a evidente preocupação com as questões econômicas do desenvolvimento, mas não desvinculadas dos aspectos socioambientais. Existe um posicionamento ético essencial, onde o desenvolvimento deve se direcionar às necessidades sociais mais abrangentes, relacionadas à melhoria da qualidade de vida da maioria dos seres humanos, além do cuidado com a conservação do meio ambiente para as gerações atuais e futuras. Por meio destas questões foram elaboradas as cinco dimensões da sustentabilidade, que devem ser consideradas de forma simultânea de modo a se planejar o desenvolvimento de uma sociedade em direção à sustentabilidade: social, ecológica, espacial, econômica e cultural. Estas dimensões podem ser observadas na figura 2. FIGURA 2 – CINCO DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE FONTE: Disponível em: <portalefreitas.wordpress.com>. Acesso em: 9 fev.2015. 3 ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 9 A dimensão social trata-se do estabelecimento de um processo de desenvolvimento pautado sob a ótica do conceito de uma “boa” sociedade. A temática social abarca questões ligadas à interação dos indivíduos e à sociedade nos aspectos de sua condição de vida. Sendo assim, a pobreza torna-se um tema chave, pois Sachs (1993) propõe que o desenvolvimento resulte em um crescimento estável, com uma distribuição igualitária de renda, onde se reduzam as divergências sociais e a melhoria na qualidade de vida. No caso da sustentabilidade ambiental, esta deve contemplar um novo capital ao sistema capitalista, o capital natural. A partir daí este tipo de sustentabilidade deve amplificar a capacidade do meio em prover recursos naturais, com a mitigação dos impactos originados de sua extração. Neste quesito, a redução do emprego de combustíveis fósseis e da emissão de substâncias poluentes, além da substituição do uso de recursos não renováveis por renováveis, são questões-chave no desenvolvimento de uma sustentabilidade ambiental (SILVA; MENDES, 2005). A dimensão espacial da sustentabilidade trata de considerar as variáveis locais, definindo-se os objetivos e os recursos disponíveis na localidade, além de se refletir sobre a interação com outros meios. Para tanto, é necessário buscar uma conformação da divisão dos espaços rural e urbano, mais adequada para a conservação da biodiversidade, concomitantemente à melhoria na qualidade de vida dos seres humanos (SILVA; MENDES, 2005). Na dimensão econômica deve-se atentar ao fluxo permanente de investimentos públicos e privados (com destaque ao cooperativismo), com a alocação e a gestão mais eficiente do capital financeiro. Isto inclui também, a absorção pelas empresas dos custos ambientais ocasionados a partir de suas atividades (SACHS, 1993; SILVA; MENDES, 2005). A sustentabilidade em sua dimensão cultural pretende trazer o conceito geral de ecodesenvolvimento para um conjunto plural de soluções particulares, respeitando-se as peculiaridades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local (SACHS, 1993). Caro(a) acadêmico(a), para que possamos continuar nossos estudos é importante atentarmos para a seguinte questão: os conceitos de Ecodesenvolvimento de Sachs e de Desenvolvimento Sustentável são sinônimos em termos de princípios ideológicos? Discuta esta temática com seus colegas e tutor externo para que juntos possamos avançar na busca de novos conhecimentos. ATENCAO UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10 No decorrer da década de 80, a expressão desenvolvimento sustentável é disseminada. Este termo apresenta tradução oficial a partir do francês, de “Développement Durable” (desenvolvimento durável). Entretanto, outras expressões são utilizadas, correspondendo, na língua portuguesa, a desenvolvimento sustentável, desenvolvimento viável e desenvolvimento sustentado (RAYNAUT; ZANONI, 1993 apud MONTIBELLER FILHO, 1993). Durante a Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento, a IUCN -International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza), ocorrida na cidade de Ottawa/Canadá, em 1986, o conceito de desenvolvimento sustentável e igualitário foi postulado enquanto novo paradigma, apresentando como princípios fundamentais (MONTIBELLER FILHO, 1993): • Integrar a conservação da natureza e o desenvolvimento; • Sanar as necessidades humanas fundamentais; • Buscar igualdade e justiça social; • Procurar a autodeterminação social e a diversidade cultural; • Manter a integridade ecológica. Prezado(a) acadêmico(a), será que estes objetivos foram atingidos? Além disso, as nações desenvolvidas e em desenvolvimento estão empregando tempo e recursos para que estas metas sejam atingidas a médio e longo prazo? Reflita sobre estas questões e vamos em frente! ATENCAO No ano de 1987 é publicado o Relatório Brundtland, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A este Relatório foi atribuído o título de “Nosso Futuro Comum”, que estabelece o conceito de desenvolvimento sustentável como sendo: “A humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às próprias necessidades” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1987 apud CAPRA, 2008). Por meio da constatação de que a Terra é um planeta finito, haveria preocupações e desafios comuns a todos os integrantes da humanidade. Este viés é o ponto básico defendido pela Comissão Brundtland. Contudo, omite o conceito de ser humano sócio-histórico e origina o conceito de “ser humano abstrato”, cujo resultado implica na retirada do aspecto ideológico das questões ambientais. TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 11 Estas então passam a ser tidas com certa dose de descompromisso, em relação à carência de visibilidade de todas as modificações históricas que geraram a crise ambiental. Além disso, o referido relatório aponta a pobreza como um dos principais motivos para as problemáticas ambientais. A partir desta alegação ocorre uma acentuada propaganda em torno das causas da pobreza, mas, com a finalidade de se justificar a necessidade de que o crescimento econômico continue, com a omissão da responsabilidade socioambiental do consumo demasiado das nações desenvolvidas, a exemplo dos Estados Unidos (LAYRARGUES, 2015). A crença é de que o crescimento econômico pode se dar de forma indefinida, contanto que sejam realizadas mudanças do aparato tecnológico de modo a tornar os recursos energéticos mais econômicos e eficientes. Entretanto, esta premissa mostra-se cada vez mais equivocada. Um exemplo a ser utilizado diz respeito ao consumo de energia ao se comparar uma economia industrial de mercado e um país com uma realidade extremamente oposta. Na atualidade, um indivíduo de um país industrializado consome, em média, 80 vezes mais energia quando comparado a um indivíduo que habita a África subsaariana. Ou seja, para que toda a população possa desfrutar da mesma quantidade de energia sem demais ônus à “sustentabilidade ambiental”, existe a urgente necessidade de ampliação do rendimento energético em geral, pois, como já mencionado anteriormente, este deve tornar-se mais eficiente e econômico através de tecnologias inovadoras (LAYRARGUES, 2015). Contudo, por mais que sejam desenvolvidas novas tecnologias adequadas a esta realidade, permanece o questionamento a respeito da possibilidade da ocorrência de modificações socioculturais que acompanhem de forma voluntária estas transformações, pois um dos caracteres básicos de uma sociedade industrializada de consumo é o chamado desperdício (LAYRARGUES, 2015). Esta questão pode ser mais bem compreendida ao se observar a figura a seguir, trata-se de uma foto de infravermelho de alguns carros, onde se pode observar o desperdício de energia pelos mesmos sob a forma de calor, que pode chegar a 80%. FIGURA 3 – DESPERDÍCIO ENERGÉTICO POR CARROS NA FORMA DE CALOR FONTE: Disponível em: <viverdeperto.blogspot.com>. Acesso em: 9 fev. 2015. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 12 Outra nuance a ser observada diz respeito ao próprio significado do termo “desenvolvimento sustentável”. De acordo com Franzoi (2015), atualmente, a mídia nos bombardeia com uma vasta gama de informações sobre sustentabilidade, mas que não levam a uma reflexão profunda e abrangente sobre esta temática. Muito pelo contrário, as informações disponibilizadas levam à construção de um conhecimento “raso”, pouco reflexivo, carente de uma análise crítica acerca do verdadeiro significado da expressão “desenvolvimento sustentável”. Por isso, quando compreendemos a verdadeira natureza da sustentabilidade, nos deparamos com uma realidade drástica, pois notamos que o viés econômico do tripé da sustentabilidade (figura 4), se sobrepõe de forma predatória sobre os demais pilares (social e ambiental). FIGURA 4 – TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE FONTE: Disponível em: <www.iprconcursos.com.br>. Acesso em: 8 fev. 2016. No que tange às dimensões relacionadas na figura 4, pode-se visualizar que as mesmas apresentam definições similares àquelas já estabelecidas por Sachs (1993). Contudo, para que possamos vislumbrar um panorama mais abrangente frente a esta discussão, é importante frisar, conforme Lassu (2015) apud Franzoi (2015): • Dimensão social: está representada pelo capital humano, que pode pertencer a uma empresa ou comunidade, por exemplo. O respeito aos direitos humanos e à legislação trabalhista, além do próprio bem-estar dos indivíduos, são premissas básicas a serem respeitadas. Este eixo também compreende de que maneira as atividades econômicas interferem nas comunidades que se localizam no seu entorno. • Dimensão econômica: este eixo representa questões relacionadas à produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Cabe destacar que esta dimensão deve respeitar os aspectos sociais e ambientais já relacionados no tripé da sustentabilidade. TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 13 • Dimensão ambiental: é relativa ao capital natural. Para entendê-la é fundamental analisar que toda atividade econômica gera impactos ambientais sobre o meio, sejam eles positivos ou negativos. A partir daí a organização deve trabalhar a fim de reduzir seus impactos negativos sobre o meio ambiente. Vale destacar que todo cidadão também é responsável pelas alterações que exerce sobre o meio em que vive. A partir do exposto, adentraremos em uma discussão mais específica relativa ao pilar econômico do tripé da sustentabilidade, que abrange o papel das empresas/corporações frente à sustentabilidade socioambiental. 3.1 AS EMPRESAS E A “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” Ao se analisar a esfera privada, até meados da década de 80 predominou no discurso empresarial uma resistência a qualquer iniciativa de minimizar os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas. Até então, os administradores empresariais alegavam que os custos adicionais para as empresas, oriundos dos gastos em controle da poluição, comprometeriam a lucratividade, a competitividade e a oferta de empregos, gerando assim prejuízos às partes interessadas, ou seja, trabalhadores, acionistas e consumidores (DEMAJOROVIC, 2003 apud FRANZOI, 2015). Diante desta temática é importante que façamos os seguintes questionamentos: será que a real preocupação das organizações era com os seus colaboradores? Repense esta questão. Você também pode pesquisar a respeito dos acidentes ambientais ocorridos ao longo da história e as ações das corporações responsáveis frente a estes acontecimentos. Será que as mesmas assumiram sua responsabilidade diante destes eventos? ATENCAO A estratégia das corporações era a de exteriorizar os custos ambientais, ou seja, transferi-los para a sociedade, eximindo a responsabilidade do causador em arcar com qualquer ônus resultante de suas ações. Entretanto, a partir de meados da década de 80, o discurso dos empresários, que engrandecia o papel exclusivo das organizações como provedoras da riqueza, encontrou cada vez menos notoriedade frente à sociedade (DEMAJOROVIC, 2003 apud FRANZOI, 2015). Sendo assim, a emergência das questões e dos problemas ambientais do planeta pareceu, inicialmente, ao empresariado global, como uma ameaça. Os mesmos temiam que as consequências negativas do crescimento industrial, exemplo: desertificação, perda da biodiversidade, aquecimento global, pudessem ser motivo de argumentações para reduzir o crescimento econômico. Mais iminente era o perigo de que regulamentações “ambientais” correlatas pudessem frear as atividades do livre mercado (FINGER; KILCOYNE, 1997). UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 14 Deste modo, ao analisarmos o “interesse” das empresas (especialmente as grandes corporações) nos temas envolvendo a área socioambiental, é necessário que se efetue uma análise crítica dentro de um contexto histórico sobre os reais motivos que subitamente fomentaram esta “motivação”. DICAS Para subsidiar demais reflexões sobre as grandes corporações multinacionais e sua postura frente às variáveis socioambientais, recomendamos que você assista ao documentário: “A Corporação”. Este material pode ser acessado por meio do link, <https:// www.youtube.com/watch?v=SV_MoR-o7C4>. 4 AGROECOLOGIA E A SUSTENTABILIDADE RURAL 4.1 ASPECTOS GERAIS Agora que abordamos o significado da expressão “desenvolvimento sustentável”, estudaremos uma área do conhecimento cujos princípios procuram estar em consonância aos estabelecidos pelo tripé da sustentabilidade,a Agroecologia. Atualmente, a agricultura tem demonstrado uma alta produtividade. Contudo, tem gerado os mais variados impactos socioambientais negativos, a exemplo da erosão dos solos, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, diminuição da biodiversidade, além da perda de conhecimentos tradicionais das populações (por exemplo: indígenas), dependência econômica, decréscimo das oportunidades de trabalho e renda, êxodo rural e exclusão social (MEDEIROS, 2011). Estes malefícios resultantes da agricultura tradicional estão em desacordo com os preceitos da sustentabilidade, já discutidos anteriormente, no item 3 doTópico 1. Durante a década de 1960 tem início a conhecida “Revolução Verde”, que direcionou a pesquisa e a criação de sistemas modernos de produção agrícola, objetivando a incorporação de ferramentas tecnológicas, aparentemente de aplicação “universal”, que visavam à maximização da produtividade dos cultivos em diferentes condições ecológicas. O grande propósito era o de gerar situações ecológicas ideais, afastando predadores naturais mediante o emprego de agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes sintéticos). O emprego de agroquímicos aliado ao desenvolvimento genético de sementes culminou com a denominada “Revolução Verde”. (BARROS, 2010 apud MATOS, 2010). TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 15 Também surge nos anos 60 um movimento contrário, que gerou diversos questionamentos sobre o modelo de pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente em relação aos seus efeitos adversos não previstos quando estas foram criadas. Para tentar minimizar estes impactos ambientais indesejáveis surgiram algumas abordagens de trabalho em equipe entre cientistas de diferentes áreas do conhecimento (FEIDEN, 2005). Lembram-se dos aspectos discutidos sobre o histórico do ambientalismo? A crítica efetuada por Rachel Carson em seu livro trata-se justamente do emprego massivo de pesticidas, uma das características da “Revolução Verde”. ATENCAO No quadro a seguir é possível evidenciar inúmeras diferenças entre as técnicas da “Revolução Verde” e aquelas pertencentes ao campo da Agroecologia. QUADRO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE AS TECNOLOGIAS DA REVOLUÇÃO VERDE E DA AGROECOLOGIA Características Revolução Verde Agroecologia Técnicas: Cultivos afetados Trigo, milho, arroz etc. Todos os cultivos. Áreas afetadas Na sua maioria, áreas planas e irrigáveis. Todas as áreas, especialmente as marginais (dependentes da chuva, encostas declivosas). Sistema de cultivo dominante Monocultivos geneticamente uniformes. Policultivos geneticamente heterogêneos. Insumos predominantes Agroquímicos, maquinário; alta dependência de insumos externos e combustível fóssil. Fixação de nitrogênio, controle biológico de pragas, corretivos orgânicos, grande dependência nos recursos locais renováveis. Ambientais: Impactos e riscos à saúde Médios a altos (poluição química, erosão, salinização, resistência a agrotóxicos etc.). Riscos à saúde na aplicação dos agrotóxicos e nos seus resíduos no alimento. Nenhum. Econômicas: Custos das pesquisas Relativamente altos. Relativamente baixos. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 16 Necessidades financeiras Altas. Todos os insumos devem ser adquiridos no mercado. Baixas. A maioria dos insumos está disponível no local. Retorno financeiro Alto. Resultados rápidos. Alta produtividade da mão de obra. Médio. Precisa de um determinado período para obter resultados mais significativos. Baixa a média produtividade da mão de obra. Institucionais: Desenvolvimento tecnológico Setor semipúblico, empresas privadas. Na maioria, públicas; grande envolvimento de ONGs. Socioculturais: Capacitações necessárias à pesquisa Cultivo convencional e outras disciplinas de ciências agrícolas. Ecologia e especializações multidisciplinares. Participação: Baixa (na maioria, métodos de cima para baixo). Utilizados para determinar os obstáculos à adoção das tecnologias. Alta. Socialmente ativadora, induz ao envolvimento da comunidade. Integração cultural: Muito baixa. Alta. Uso extensivo de conhecimento tradicional e formas locais de organização. FONTE: Adaptado de Altieri (2004, p. 43-44) Neste contexto entra em cena a chamada agroecologia. A utilização mais antiga da palavra agroecologia se trata do zoneamento agroecológico, que é definido enquanto demarcação do território de uma área a ser explorada por determinada cultura, em virtude dos aspectos edafoclimáticos necessários ao seu desenvolvimento (FEIDEN, 2005). Já na década de 1980, esta definição passou a ter um sentido diferenciado. O autor Gliessmann (2001) apud Feiden (2005) define a agroecologia enquanto aplicação dos princípios e conceitos oriundos da ecologia ao desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis. TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 17 Prezado(a) acadêmico(a), você sabe o significado da expressão condições edafoclimáticas? Tratam-se daquelas características relativas ao solo, relevo, a temperatura, a umidade do solo, o vento, o clima e a disponibilidade de água. Estes aspectos são importantes quando estudamos o desenvolvimento das plantas e das culturas agrícolas. ATENCAO Altieri (1989) apud Feiden (2005) define a agroecologia enquanto a ciência que investiga os agroecossistemas reunindo conhecimentos de agronomia, ecologia, economia e sociologia. Outros pesquisadores a consideram somente uma nova disciplina surgida da ciência. Desta forma, para efeitos didáticos, iremos considerar a agroecologia tal qual uma ciência em estruturação, com aspectos transdisciplinares integrando conhecimentos. Sendo assim, é importante salientar que a agroecologia provê um aparato metodológico de trabalho para que a natureza seja compreendida de uma maneira mais profunda, além, é claro, dos princípios que regem os agroecossistemas. O conhecimento tradicional abrangido pela agroecologia é referente aos saberes, ensinamentos e experiências dos agricultores, dos povos indígenas, dos povos da floresta, dos pescadores, das comunidades quilombolas, além dos demais componentes sociais envolvidos em processos de desenvolvimento das zonas rurais, incorporando e agregando o potencial presente no local. Este potencial endógeno é um aspecto essencial e o ponto inicial de qualquer projeto de transição agroecológica, pois contribui para a aprendizagem a respeito das variáveis socioculturais e agroecossistêmicas que originam as bases estratégicas de qualquer iniciativa de desenvolvimento rural que objetive atingir níveis crescentes de desenvolvimento sustentável (CAPORAL; COSTABEBER; PAULUS, 2011). 4.2 AS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DA AGROECOLOGIA São conhecidos diferentes tipos de estratégias alternativas de diversificação que resultam em benefícios efetivos para a fertilidade do solo, a proteção das culturas e a produtividade. O emprego de um ou mais desses sistemas alternativos eleva a possibilidade de interações complementares entre os diversos integrantes do agroecossistema. Desta forma, resultados positivos podem ser observados, conforme aponta Altieri (2004, p. 68): • Fechamento dos ciclos de nutrientes; • Conservação do solo e da água e uso eficaz dos recursos locais; • Aumento do controle biológico de pragas através da diversificação; • Ampliação da capacidade de múltipla utilização da paisagem; • Produção sustentada do cultivo sem o uso de insumos que degradam o ambiente. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 18 Antes de continuarmos com nossos estudos é fundamental diferenciar os conceitos de Ecossistema e de Agroecossistema, vamos lá? ATENCAO Conforme Pillar (2002, p. 1), “um ecossistema é um sistema de organismos vivos e do meio com o qual trocam matéria e energia”. “Um ecossistema contém componentes bióticos(plantas, animais, micro-organismos) e abióticos (água, solo, etc.) que interagem para formar uma estrutura com uma função”. Já um agroecossistema é resultado da modificação de um ecossistema natural pelo homem visando à produção de elementos necessários à sua sobrevivência. A partir da interferência humana, os meios e controles naturais são substituídos por controles artificiais (FEIDEN, 2005). Agora estudaremos alguns sistemas diversificados de produção agroecológica, sob o enfoque do autor Altieri (2004): • Sistemas de cultivo múltiplos: também conhecidos por policultivos, um dos principais motivos pelos quais os agricultores adotam este tipo de técnica deve-se ao fato de que uma área semeada com cultivos múltiplos, com frequência, resulta em uma produção maior quando comparada a uma área cultivada em parcelas com monoculturas diferentes. A vantagem no aproveitamento de terra resultante deste cultivo é importante em áreas de pequenas propriedades rurais em virtude das condições socioeconômicas das populações residentes. (Figura 5 A). DICAS A monocultura refere-se ao plantio extensivo de uma única espécie de vegetal. Pode-se citar como exemplo a cultura da soja. Já uma policultura ou policultivo trata-se da plantação de variadas espécies e variedades de plantas. • Rotação de culturas: refere-se ao sistema de diversos cultivos realizados em uma mesma área, sucedendo-se uns aos outros, numa sequência definida. Em muitos sistemas agrícolas, as rotações constituem-se na principal forma de se manter a fertilidade do solo, além de se obter um controle de ervas, pragas e doenças. (Figura 5 B). TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 19 • Cultivos de cobertura: são realizados na porção interior das plantações, podendo ser utilizado o plantio de leguminosas ou cereais, por exemplo. Este cultivo apresenta a finalidade de proteção do solo contra erosão, melhoria do microclima, fortalecimento da estrutura e da fertilidade do solo, além de eliminar pragas (por exemplo: insetos e patógenos). (Figura 5 C). • Sistemas agroflorestais: trata-se de um termo genérico empregado na descrição de um sistema de utilização de terras em que árvores são associadas a plantios agrícolas e/ou animais. Neste método há a combinação de características de silvicultura e representa uma maneira de uso integrado da terra especialmente adequada a áreas marginais e metodologias de baixo emprego de insumos (por exemplo: fertilizantes, agrotóxicos). Com a silvicultura, a utilização dos recursos naturais torna-se mais eficiente. Além disso, as diversas camadas da vegetação proporcionam o melhor aproveitamento da luz solar, e diferentes sistemas de enraizamento, em diversas profundidades, permitem um melhor aproveitamento do solo. Outro aspecto interessante é o de que a função protetora do solo, executada pelas árvores, pode contribuir com a redução de riscos de degradação ambiental. (Figura 5 D). • Agricultura orgânica: neste sistema é evitado/excluído o emprego de fertilizantes e agrotóxicos sintéticos. Quando há possibilidade, recursos externos, a exemplo de substâncias químicas e combustíveis obtidos por via comercial, são substituídos por recursos encontrados na própria unidade de produção agrícola ou em áreas próximas. Esses subsídios internos abrangem energia solar ou eólica, controle biológico de pragas, e outros nutrientes obtidos a partir da matéria orgânica ou por meio das reservas do solo. Existem opções específicas, nas quais a agricultura orgânica está baseada, sendo que estas, quando possível, incluem rotações de cultura, resíduos de lavouras, esterco animal, utilização de leguminosas, adubos verdes, entre outras. Todas estas ações culminam com o aumento da matéria orgânica do solo, a eliminação de resíduos de agrotóxicos, a supressão biológica de pragas, doenças e ervas indesejáveis, além da estocagem das águas pluviais, evitando-se o escoamento desnecessário. (Figura 5 E). Acadêmico(a), é necessário atentar para a procedência dos alimentos que consumimos. Um exemplo claro desta questão pode ser observado por meio do vídeo disponibilizado na internet sobre feirantes que comercializam vegetais com agrotóxicos, mas os vendem como se fossem orgânicos! Vale a pena conferir! Para tanto, acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=vcyMDkE_MFo>. ATENCAO UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20 FIGURA 5 – DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA FONTE: Disponível em: <hydroenv.com.mx>. Acesso em: 19 fev. 2016. A seguir transcrevemos um texto de Herman E. Daly, economista americano, conhecido por sua opinião crítica por questionar a real sustentabilidade socioambiental da economia convencional. Boa leitura! CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL? NÃO, OBRIGADO PROPOSIÇÕES IMPOSSÍVEIS são a própria base da ciência. Na ciência, muitas coisas são impossíveis: viajar mais rápido do que a velocidade da luz; criar ou destruir matéria-energia; construir uma máquina de movimento perpétuo, e assim por diante. Respeitando o teorema da impossibilidade, nós evitamos gastar recursos em projetos que estão sujeitos a falhar. Economistas deveriam, por conseguinte, estar muito interessados no teorema da impossibilidade, especialmente aquele que eu demonstro neste capítulo: isto é, que é impossível sair da pobreza e da degradação ambiental através do crescimento econômico mundial. Em outras palavras, crescimento sustentável é impossível. LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 21 Em suas dimensões físicas, a economia é um subsistema aberto do ecossistema terrestre, o qual é finito, não crescente e materialmente fechado. À medida que o subsistema econômico cresce, ele incorpora uma proporção cada vez maior do ecossistema total e deve alcançar um limite a 100%, se não antes. Por isso, seu crescimento não é sustentável. O termo crescimento sustentável quando aplicado à economia é um mau oximoro – contraditório como prosa e não evocativo como poesia. Economistas irão protestar de que o crescimento no PIB (Produto Interno Bruto) é uma mistura de aumento quantitativo e qualitativo e, portanto, não estritamente sujeitos às leis físicas. Eles têm razão. Mudanças quantitativas e qualitativas são muito diferentes e, por isso, é melhor mantê-las separadas e chamá- las por nomes diferentes já fornecidos no dicionário. Crescer significa “aumentar naturalmente em tamanho pela adição de material através de assimilação ou acréscimo”. Desenvolver-se significa “expandir ou realizar os potenciais de trazer gradualmente a um estado mais completo, maior ou melhor”. Quando algo cresce, fica maior. Quando algo se desenvolve, torna-se diferente. O ecossistema terrestre desenvolve-se (evolui), mas não cresce. Seu subsistema, a economia, deve finalmente parar de crescer, mas pode continuar a se desenvolver. O termo desenvolvimento sustentável, portanto, faz sentido para a economia, mas apenas se entendido como desenvolvimento sem crescimento – a melhoria qualitativa de uma base econômica física que é mantida num estado estacionário pelo transumo de matéria-energia que está dentro das capacidades regenerativas e assimilativas do ecossistema. Atualmente, o termo desenvolvimento sustentável é usado como um sinônimo para o oximoro crescimento sustentável. Ele precisa ser salvo dessa perdição. Politicamente, é muito difícil admitir que o crescimento, com suas conotações quase religiosas de fim último, deva ser limitado. Mas é exatamente a insustentabilidade do crescimento que dá urgência ao conceito do desenvolvimento sustentável. A terra não irá tolerar nem mesmo a duplicação de um grão de trigo 64 vezes, ainda que nos últimos dois séculos nós tenhamos desenvolvido uma cultura dependente do crescimento exponencial para sua estabilidade econômica. Desenvolvimento sustentávelé uma adaptação cultural feita pela sociedade quando ela se torna consciente da necessidade emergente do crescimento nulo. Até mesmo “crescimento verde” não é sustentável. Há um limite para a população de árvores que a terra pode suportar, assim como há um limite para as populações humanas e de automóveis. Ao nos iludir na crença de que o crescimento é ainda possível e desejável se apenas o rotularmos “sustentável” ou o colorirmos de “verde”, apenas retardaremos a transição inevitável e a tornaremos mais dolorosa. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 22 Se a economia não pode crescer para sempre, então quanto ela pode crescer? Ela pode crescer o suficiente para dar a todos um padrão de uso dos recursos per capita igual ao da média americana? Isso seria um fator de sete, um número que é caprichosamente colocado entre parênteses pela Comissão Brundtland (a Comissão das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento [CNUMAD], chefiada pela senhora Gro Brundtland) em seu apelo para a expansão da economia mundial por um fator de 5 a 10. O problema é que mesmo uma expansão de um fator de 4 é impossível se Vitousek e outros (1986) estiverem corretos em seus cálculos de que a economia humana atualmente obtém ¼ do produto primário líquido global da fotossíntese. Nós não podemos ir além de 100%, e é improvável que aumentemos o produto primário líquido, uma vez que a tendência histórica até agora é de o crescimento econômico reduzir a fotossíntese global. Uma vez que os ecossistemas terrestres são os mais relevantes, e nós antecipamos 40% do produto primário líquido terrestre, até mesmo um fator de 4 é uma superestimativa. Além do mais, atingir 100% é irrealista, já que nós somos incapazes de trazer sob a administração humana direta todas as espécies que compõem os ecossistemas sobre o qual dependemos. Além disso, é ridículo encorajar a preservação da biodiversidade sem estar disposto a deter o crescimento econômico que exige o controle humano de todos os lugares agora ocupados por outras espécies. Se o crescimento até o fator de 5 a 10 recomendado pela Comissão Brundtland é impossível, então que tal apenas manter a escala atual – isto é, que tal crescimento líquido zero? Todos os dias lemos a respeito das reações de tensões provocadas aos ecossistemas pela economia, tais como a intensificação do efeito estufa, a erosão da camada de ozônio, a chuva ácida, e assim por diante, os quais constituem prova de que até mesmo a escala atual é insustentável. Como então as pessoas podem continuar falando a respeito de “crescimento sustentável” quando (1) a escala atual da economia mostra sinais claros de insustentabilidade, (2) multiplicando aquela escala por um fator de 5 a 10, como recomendado pela Comissão Brundtland, passaríamos da insustentabilidade ao colapso iminente, e (3) o conceito em si mesmo é logicamente contraditório, num ecossistema finito, não crescente? Ainda assim, crescimento sustentável é o modismo de nossos tempos. Ocasionalmente torna-se verdadeiramente ridículo, como quando escritores falam seriamente de “crescimento sustentável na taxa de aumento da atividade econômica”. Não apenas devemos crescer para sempre, devemos acelerar para sempre! Isto é verbosidade política vazia, totalmente desvinculada da realidade. TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? 23 A questão importante é aquela que a Comissão Brundtland encabeça mas não enfrenta: em que medida nós podemos aliviar a pobreza através do desenvolvimento sem crescimento? Eu suspeito que a resposta será uma quantidade significativa, mas menos do que a metade recomendada. Se a expansão de 5 a 10 vezes for realmente em consideração aos pobres, então terá que consistir de coisas que lhes são necessárias – alimento, vestuário, habitação –, não serviços de informação. Bens básicos têm uma dimensão física irredutível, e sua expansão exigiria crescimento ao invés de desenvolvimento, embora desenvolvimento via aumento da eficiência ajudaria. Em outras palavras, a redução no volume de recursos por dólar de PIB observada em algumas nações ricas nos últimos anos não pode ser proclamada como rompendo o vínculo entre expansão econômica e o meio ambiente, como alguns reivindicaram. Desenvolvimento sustentável deve ser desenvolvimento sem crescimento, mas com o controle da população e a redistribuição da riqueza, se é para ser um ataque sério à pobreza. Na opinião de muitas pessoas, crescimento tornou-se sinônimo de aumento da riqueza. Dizem que precisamos ter crescimento para sermos ricos o bastante para arcar com o custo de limpar e aliviar a pobreza. Que todos os problemas são mais fáceis de ser resolvidos se formos mais ricos não está em discussão. O que está em questão é se o crescimento da margem atual realmente nos torna mais ricos. Há evidência de que nos Estados Unidos o crescimento atualmente nos torna mais pobres, aumentando os custos mais rapidamente do que aumenta os benefícios. Em outras palavras, parece termos crescido além da escala ótima. O conceito de uma escala ótima da economia agregada relativa ao ecossistema está totalmente ausente da teoria macroeconômica corrente. Assume- se que a economia agregada crescerá para sempre. A microeconomia, a qual é quase inteiramente devotada em estabelecer a escala ótima de cada atividade de nível micro, igualando custos e benefícios pela margem, não tratou de informar-se se não há também uma escala ótima para o conjunto de todas as microatividades. Em uma dada escala (o produto da população vezes o uso de recursos per capita) constitui uma dada carga sobre o meio ambiente e pode consistir de muitas pessoas, cada uma consumindo pouco, ou poucas pessoas, cada uma consumindo correspondentemente mais. Uma economia em desenvolvimento sustentável adapta-se e aperfeiçoa- se em conhecimento, organização, eficiência técnica, e sabedoria; ela faz isso sem assimilar ou acrescentar uma percentagem cada vez maior de matéria-energia do ecossistema para si, mas, antes, para uma escala na qual o ecossistema remanescente pode continuar a funcionar e renovar-se ano após ano. A economia de crescimento nulo não é estática, ela está sendo continuamente mantida e renovada como um subsistema de estado estacionário do meio ambiente. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 24 Quais são as políticas necessárias para alcançar o objetivo do desenvolvimento sustentável como aqui definido? Tanto otimistas como pessimistas devem concordar com as seguintes políticas: empenhar-se para deter o transumo nos níveis atuais (ou reduzi-lo a níveis verdadeiramente sustentáveis) taxando severamente a extração de recursos, especialmente energia. Buscar elevar a maior parte do rendimento público de tais taxas de ruptura de recursos e compensar (atingir a neutralidade de rendimento), isso com a redução do imposto sobre a renda, especialmente na extremidade mais baixa da distribuição de renda, talvez até mesmo financiando uma taxa de rendimento negativa em seu limite mais inferior. Há algumas diretrizes adicionais de políticas para o desenvolvimento sustentável: Recursos renováveis devem ser explorados de maneira tal que: (1) as taxas de colheita não excedam às taxas de regeneração e (2) as emissões de resíduos não excedam a capacidade assimilativa renovável do meio ambiente local. Os recursos não renováveis deveriam ser esgotados a uma taxa igual à taxa de criação de substitutos renováveis. Os projetos baseados na exploração de recursos não renováveis devem ser casados com projetos que desenvolvam substitutos renováveis. As rendas líquidas da extração dos recursos não renováveis devem ser separadas num componente de renda e num componente de liquidação de capital. O componente de capital seria investido a cada ano no desenvolvimento de um substituto renovável. A separação é realizada de tal maneira que, quandoo recurso não renovável for exaurido, o recurso renovável substituto terá sido desenvolvido pelo investimento e crescimento natural ao ponto onde sua produção sustentável é igual ao componente de renda. O componente de renda terá assim se tornado perpétuo, justificando, portanto, o nome rendimento, o qual é por definição o máximo disponível para o consumo ao mesmo tempo que o capital se mantém intacto. No entanto, antes que estes passos operacionais em direção ao desenvolvimento sustentável possam ter uma oportunidade justa de serem ouvidos, nós precisamos primeiramente tomar as medidas conceituais e políticas no sentido de abandonar o slogan vazio do crescimento sustentável. FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v7n2/24695.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. 25 Neste tópico você estudou que: • É preciso conhecer os principais acontecimentos históricos acerca do ambientalismo, para que seja possível compreender a realidade atual e os desafios a serem superados para que possamos construir uma sociedade em desenvolvimento sustentável. • A importância do conhecimento do real significado do conceito de desenvolvimento sustentável é fundamental, para que seja possível criar meios e soluções que verdadeiramente contribuam ao bem-estar socioambiental. • Em muitas ocasiões, o conceito de desenvolvimento sustentável é deturpado, o que resulta em uma interpretação equivocada sobre a sua verdadeira natureza, que deve considerar os três eixos da sustentabilidade (ambiental, social e econômico) de forma igualitária. • O interesse das grandes corporações nem sempre anda em consonância com as variáveis socioambientais do seu entorno, apesar de, em muitos casos, as organizações veicularem uma imagem “ambientalmente correta” das atividades que executam. • A agroecologia surge durante a década de 1960 numa perspectiva contrária à estabelecida pela “Revolução Verde”, onde a primeira busca por uma produção de alimentos que exerça impactos ambientais mínimos, numa relação mais harmoniosa com o meio ambiente. RESUMO DO TÓPICO 1 26 1 Com o avanço do movimento ambientalista, especialmente entre as décadas de 1960 e 1980, houve um questionamento sobre a mudança de paradigma frente aos adventos tecnológicos oriundos da “Revolução Verde” (RV), a aplicação massiva de agroquímicos e o desenvolvimento genético de sementes. Sendo assim, surge a agroecologia, com uma proposta diferenciada, pautada em uma relação mais harmoniosa com o meio ambiente, surge como um contraponto à RV. Deste modo, apresente um quadro comparativo que contenha, no mínimo, três características da RV e três características referentes à agroecologia. 2 Durante o século XXI observa-se que não houve grandes avanços no que tange ao estabelecimento de medidas efetivas em prol da solução de problemas socioambientais (por exemplo: a erradicação da pobreza). Cite e descreva três razões para tal fato. 3 Uma agricultura pautada nas características da agroecologia apresenta variados benefícios socioambientais pautados no novo paradigma da sustentabilidade. Aponte e descreva, ao menos, três destes benefícios. AUTOATIVIDADE 27 TÓPICO 2 DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO? UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Antes de estudarmos algumas das normas do Direito Ambiental (DA) Nacional e Internacional, faz-se necessário definir o conceito de Direito Ambiental para que possamos compreender os desdobramentos de suas normas jurídicas. Conforme Séguin e Carrera (1999, p. 70), o DA abrange o “conjunto de leis, princípios e políticas públicas que regem a interação do homem com o meio ambiente para assegurar, através de processo participativo, a manutenção de um equilíbrio da natureza, um ambiente ecologicamente equilibrado para a presente e futuras gerações”. O DA também pode ser conceituado como “[...] ramo do Direito que estuda as relações jurídicas ambientais, observando a natureza constitucional, difusa e transindividual dos direitos e interesses ambientais, buscando a sua proteção e efetividade” (JURISTAS LEIGOS, 2002, p. 6). Outra conceituação é apresentada por Milaré (2011, p. 1607), ao mencionar que o DA é definido enquanto “o complexo de princípios jurídicos e normas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações”. Por meio destes conceitos pode-se notar que as normas do meio ambiente se originaram em virtude da necessidade de se regulamentar a conduta humana sobre a utilização dos recursos naturais, além de possibilitar que todas as pessoas, de todas as gerações, possam usufruir dos recursos e benefícios ambientais. Veremos algumas das principais normas do DA Nacional e Internacional, além de evidenciarmos a função do poder público (gestão ambiental pública) frente à temática socioambiental. UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 28 2 DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL E NACIONAL A história do DA Internacional permeia e é permeada pela própria história dos movimentos ambientalistas e conferências mundiais realizadas a partir da segunda metade do século XX. Uma das primeiras questões a ser relacionada trata-se do aparecimento do DA enquanto 3ª Geração dos Direitos Humanos Fundamentais. Esta questão pode ser melhor observada a partir do quadro a seguir. QUADRO 2 – GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Geração de direitos Características Ramos do direito Exemplos 1ª Geração Individuais, civis, políticos e penais Direito Civil, Penal, Constitucional Habeas corpus, Direito ao nome, Direito ao voto 2ª Geração Coletivos, sociais e econômicos Direito do Trabalho, Previdenciário Direito ao Salário, Férias, Décimo Terceiro e demais direitos trabalhistas 3ª Geração Transindividuais e difusos Direito Ambiental, Direito do Consumidor D i r e i t o a o a m b i e n t e ecologicamente equilibrado e direito a alimentos de qualidade FONTE: Juristas Leigos (2002, p. 4) Pode-se evidenciar, então, que o DA trata-se de um direito de terceira geração, que consagra os princípios da solidariedade e da fraternidade, caracterizado por apresentar uma natureza transindividual e difusa. O que isso significa? Os direitos transindividuais recebem esta denominação porque não pertencem a um indivíduo isoladamente. Ao abordar os direitos difusos, se entende que estes consideram o indivíduo em sua totalidade, não sendo possível individualizar a pessoa por um dano gerado, pois a consequência torna-se comum a toda a comunidade (OLIVEIRA, 2015). Sobre estas duas definições bastante similares, pode-se citar como exemplo a própria questão do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Determinado indivíduo pode imaginar que deixar água acumulada é um problema individual, pois o terreno é propriedade particular. Contudo, esta atitude possivelmente prejudicará outras pessoas, pois está se favorecendo a proliferação de larvas do referido mosquito e a consequente veiculação da doença. Daí a natureza transindividual e difusa do direito, onde não é possível desligar o indivíduo do meio que o cerca. TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO? 29 2.1 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL Ao se abordar efetivamente o DA internacional, uma das questões a serem tratadas diz respeito aos seus princípios básicos, também relacionados às normas do DA Nacional, pois são fundamentais ao entendimento dos instrumentos legais já existentes e para criação de novas legislações. Procedemos ao estudo destes princípios: • Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana: o meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida (art. 225, da Constituição Federal de 1988, CF, p. 36) está diretamente relacionado
Compartilhar