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15
FCE- FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS
A CONTRIBUIÇÃO DA INSPEÇÃO ESCOLAR FRENTE AOS PARADIGMAS DA EUCAÇÃO
Charles Rodrigo Ribeiro dos Santos 
RESUMO 
Este artigo tem por objetivo entender que a Inspeção Escolar tem sofrido, ao longo dos tempos, grandes mudanças proporcionadas pelos novos paradigmas da sociedade. Esta nova visão de gestão nos permite confrontá-la com os atuais modelos de instituições familiares que são atendidos pela Instituição Escolar. Sendo assim, as atribuições desse profissional que anteriormente se baseava na metodologia da fiscalização, hoje, tem o objetivo de contribuir para a transformação cidadã da escola. De um modo geral, percebe-se que a Inspeção Escolar ocupa um lugar importante e estratégico em relação ao Sistema Educacional. Apesar das grandes mudanças ocorridas nos modelos educacionais, esse profissional ainda padece da alcunha de ser considerado um “fiscalizador radical” com a missão de punir as irregularidades que, possivelmente, possam ocorrer no ambiente escolar, além da dificuldade constante em conciliar a orientação do trabalho administrativo com o pedagógico. Atualmente, a sociedade tem passado pela inversão de papéis em torno da “Instituição Família”. Percebe-se que esta peça é fundamental para o desenvolvimento psicológico, educacional e social do aluno. A Gestão escolar, amparada pelo apoio do Inspetor escolar, pode, a partir deste anseio, contribuir com propostas fundamentadas, para a melhoria do desempenho das instituições educativas e não ser um mero instrumento de controladoria. 
Palavras-chave: Inspetor Escolar; Paradigmas; Gestão Escolar
ABSTRACT
This article aims to understand that School Inspection has undergone, over time, major changes provided by the new paradigms of society. This new management vision allows us to confront it with the current models of family institutions that are served by the School Institution. Thus, the duties of this professional who previously was based on the inspection methodology, today, aims to contribute to the citizen's transformation of the school. In general, it is noticed that the School Inspection occupies an important and strategic place in relation to the Educational System. Despite the great changes that have occurred in educational models, this professional still suffers from the nickname of being considered a “radical inspector” with the mission of punishing irregularities that may possibly occur in the school environment, in addition to the constant difficulty in reconciling work orientation administrative with the pedagogical. Currently, society has undergone a role reversal around the “Family Institution”. It is perceived that this piece is fundamental for the psychological, educational and social development of the student. School management, supported by the support of the school inspector, can, based on this desire, contribute with reasoned proposals, to improve the performance of educational institutions and not be a mere controlling instrument.
Keywords: School Inspector; Paradigms; School management
INTRODUÇÃO
A sociedade nas últimas décadas têm observado, de forma acelerada, mudanças em relação à educação escolar e as novas sistematizações em torno das várias situações cotidianas do ambiente escolar. Constata-se que a partir dessa nova tradução do “ver pedagógico”, torna-se necessário a mudança nas atitudes dos gestores em específico, para definir qual a real função do profissional em Inspeção Escolar. 
 Este profissional que apareceu em meio às grandes transformações ocorridas nas décadas de 60, até hoje, ainda padece pela visão meio deturpada que a sociedade tem da sua função. Resultado de um processo social que manifestava várias medidas que visavam à nacionalização e reforma da educação. Medidas essas que submetiam a sociedade a aspectos coercitivos do sistema de governo vigente. 
 O profissional surgido nessa década conviveu numa sociedade que se apresentava como estável e conservadora, acabando por determinar atualmente, um grande equívoco na função desse especialista que, segundo normas rígidas, pregava uma doutrina autoritária e de fiscalização. Essas características atualmente não podem se enquadrar nas exigências latentes que a sociedade atual tem almejado. O novo perfil desse profissional deve apresentar-se de maneira plural, participativa, inovadora e crítica frente ao processo educacional de forma a auxiliar a direção pedagógica e a metodologia que proporcionará um melhor resultado à comunidade escolar atendida pela instituição. 
 A escolha da temática para este estudo ocorreu em função das indagações atuais na sociedade sobre qual a função do Inspetor Escolar no contexto atual em que a humanidade percebe-se envolta em incertezas, no centro de uma cultura da informação. O objetivo desse estudo visa produzir conhecimentos a partir de análises das fontes bibliográficas e artigos científicos que pressupõe refletir sobre a importância das dimensões do trabalho do Inspetor Escolar frente aos novos modelos educacionais. Quais competências deverão ser desenvolvidas pelo mesmo, para que seja assumida uma nova atitude frente aos novos paradigmas da educação? 
 Este estudo conta com subsídios teóricos de autores, buscando relacionar o papel do Inspetor Escolar dentro de uma gestão democrática participativa, contribuindo, assim, com a construção de uma escola mais adequada a atender a demanda dessa realidade social vigente.
1 A PERCEPÇÃO HISTÓRICA DA INSPEÇÃO ESCOLAR
 É incontestável que a sociedade vem se transformando e que a escola necessita adequar-se a essa realidade mundial. Em concomitância com este caminho, observa-se que, para garantir um resultado positivo neste processo educacional, torna-se necessário a parceria de outros profissionais em especial o Inspetor Escolar. Entretanto, para compreender a função desse profissional é imprescindível conhecer alguns conceitos básicos relacionados à função desse profissional em outras décadas. 
 Podemos agregar os primeiros indícios da origem relacionada às atividades de inspeção escolar durante a chegada dos portugueses ao Brasil. Estes apresentaram um padrão educacional de cunho Europeu; e a igreja, instituição representada pelos jesuítas, ofereceu ao povo, um trabalho de catequização a partir da valorização cultural (religião e costumes), submetendo a sociedade a um modelo inicialmente organizacional pedagógico que deixava as escolas iniciais subordinadas à província da companhia de Jesus. Ou seja, a escola estava sujeita à fiscalização expressada por meio de relatórios enviados ao Superior da Companhia. “No Brasil perdurou por muito tempo a educação inspirada na tradição greco-romana das humanidades, adaptada pelos cristãos medievais e renascimento na Idade Moderna [...].” (ARANHA, 2006, p.96).
 Durante o período do descobrimento, não havia ainda uma organização educacional, com normatização de funcionamento. Essa organização educacional mais latente é observada a partir de 1599 com a formação do “Ratio Studiorum” que representa a ideia de Inspeção com o objetivo controlar as regras oferecidas pelas pessoas que obtinham autoridade educacional. Durante esses períodos, foram observados que a imagem do Inspetor Escolar sempre esteve presente nos modelos educacionais, mas apresentando diferentes formas de nomeação. No período imperial, havia a nomeação do Inspetor Geral ou paroquial que visava ao controle e à fiscalização da população. Já no período da república, recebeu a titulação de Inspetor de Distrito ou Supervisor.
 A função da Inspeção Escolar também pode ser observada em alguns estados como: Minas Gerais, que teve sua origem ainda no império com a Lei nº 13 de 28 de março de 1835; onde foi decretada a lei orgânica do Ensino primário que concederia às províncias a autoridade de indicar um comissário com a função de delegar, vistoriar, punir ou mesmo endossar substitutos para dar aulas. 
 Nesse período, percebe-se que a essas funções eram realizadas de forma assistemática, pois havia a inconstânciaem se manter essa autoridade já que a mesma provinha do “cargo de confiança”. Durante as mudanças pelas quais a sociedade atravessou, verifica-se que a inspeção passou por várias denominações na sociedade brasileira, mas, sempre mantendo o cunho de autoritarismo e fiscalização.
 Durante a primeira República, a educação tanto no modelo conservador como no liberal foi estritamente controladora e servia-se da Legislação de Ensino que deveria ser aceita por todo sistema educacional. Conceitos como: regulamentação, programas curriculares, aprovação e reprovação, estrutura material e educacional ditada pelo modelo; transformava a sociedade em meros indivíduos passivos das leis ministradas pelo sistema educacional vigente.
 Na década de 40, a reforma educacional (Lei n.º 4.244/42 Reforma Capanema), organizou o ensino secundário em dois ciclos: o Ginasial com 04 anos, o clássico científico ou normal com 03 anos. Nessa perspectiva, na comunidade escolar é adicionado aos currículos temas que engrandecem o patriotismo nacionalista. 
As escolas eram consideradas como quartéis em sua divisão estrutural. Apresentavam a divisão nos quartos repartidos ao longo de um corredor como uma série de pequenas celas, além de salas de refeições com estrados mais altos para a colocação das mesas dos Inspetores dos estudos que tinham toda visão dos alunos e suas divisões durante as refeições. (FOUCAULT, 1997. P. 167).
 Durante a segunda República, o mesmo sistema educacional reforçou o autoritarismo que se manteve até 1945. Após o fim do Estado Novo e do autoritarismo, surgiram movimentos populares que tinham por finalidade aumentar a participação da população no acesso à escolarização. Em 1951, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciou uma questão delicada observada pelo Censo Demográfico, de que a educação brasileira continuava passando por um grande problema, pois, a taxa de analfabetismo estava na ordem dos 52%; além da dificuldade que a população brasileira passava com a permanência e o direito dos imigrantes no país.
 Essas situações revelaram que o sistema educacional deveria ser reavaliado, pois o controle de qualidade educacional de uma determinada “educação” visava ao controle e a formação para um tipo determinado de cidadão, que era considerado necessário e suficiente para aquela época. E toda forma de educação que não estivesse delineada de acordo com o sistema educacional, deveria ser repudiada. Assim, em 1954, com a descentralização da inspeção escolar em seccionais para dar um atendimento melhor às diferenças educacionais existentes nas regiões brasileiras e para fortalecer o trabalho educacional que estava fragilizado; marcam o fim de um período que outrora era centralizador. Essas alterações resultaram na aprovação e votação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN. 4.024/61), que delegava várias competências aos Estados e o Distrito Federal passa a ter a competência para dar autorização, inspecionar e reconhecer os estabelecimentos de ensino primário e médio, não pertencentes à União (artigo 16). 
 Além disso, outras resoluções como a de nº 43/66 de 18/05/1966 foram se adequando no sentido de se regulamentar para se cumprir a atribuição no que se refere à especificidade do cargo de inspeção nos estabelecimentos que tinham o ensino médio. Diante do artigo 65, fica estabelecido a partir desse momento; a qualificação do responsável pela Inspeção.
O inspetor de ensino, escolhido por concurso de títulos e provas, deve possuir conhecimentos técnicos e pedagógicos demonstrados, de preferência, no exercício de funções do magistério, de auxiliar de administração escolar ou na direção de estabelecimentos de ensino. (MENESES, 1977).
 Segundo o artigo 65, a inspeção escolar, neste período, poderia ser exercida por profissionais sem habilitação específica. Possibilitando, assim, que essa atribuição fosse desempenhada por professores, ou mesmo pessoas que portassem diploma de curso superior sem nenhum vínculo com os a realidade educacional. 
 Com a publicação da LDBEN. 5.692/71, fica estabelecido que a organização do ensino de 1º grau seria de 4 séries do primário e mais 4 do ginásio e que no 2º grau a alteração de toda legislação anterior no ensino primário e médio. A partir dessa exigência, a carreira de inspeção escolar fica definida e passa por uma nova exigência: a formação em curso superior de graduação, podendo ser admitido, também, por meio de concursos públicos de provas ou títulos. 
 Em 1977, com a aprovação da lei nº 7.109/77 (Estatuto do Magistério), fica assim regulamentado a profissão de Inspetor Escolar. Com a publicação da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394/96, o profissional da Inspeção Escolar, apesar de manter a formação, fica estabelecido que este cargo deverá ter em sua formação cursos de pós-graduação sendo necessária a dedicação exclusiva com regime jornada de trabalho de 40 horas observadas na Lei de nº. 9.347/86 e Decreto nº. 26.250/86.
A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em Cursos de Graduação em Pedagogia ou em nível de Pós-Graduação, a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum nacional. (LDB. 9394/96).
2 A INSPEÇÃO E OS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO
 As mudanças constantes nos modelos pedagógicos que predominaram nas escolas ao longo dos tempos acabaram, por fim, apresentando os paradigmas que a Inspeção Escolar vem acompanhando e reproduzindo desde os modelos arcaicos até os novos conceitos sobre a educação na sociedade. 
 O modelo da Escola Tradicional desenvolveu-se ao longo do século XIX, mas, atualmente permanece em algumas instituições escolares, principalmente utilizando-se de algumas verdades de que o ensino verdadeiro apresenta métodos mais eficientes que garantem o sucesso do discente, tendo a função de conduzir o aluno até o contato de grandes realizações. Snyders (1974), que apresentou um estudo sobre o ensino da escola tradicional, defende a necessidade de se compreender esse tipo de ensino e suas justificativas.
O ensino verdadeiro tem a pretensão de conduzir o aluno até o contacto com as grandes realizações da humanidade: obras-primas de Literatura e Arte, raciocínio e demonstrações plenamente elaborados, aquisições científicas atingidas pelos métodos mais seguros, dando-se a ênfase aos modelos que atingem todos os campos do saber.
 A presença, na atualidade, de vestígios da escola tradicional deve-se a causas várias que têm a ver com a visão de que o docente é o elemento imprescindível na transmissão de conhecimento. Ou seja, um homem “acabado”, “pronto” e o aluno um “adulto em miniatura” que precisa ser modelado para a sociedade. Há a prevalência de um ambiente organizacional e de um estilo de gestão que inibam a introdução de mudanças. Os agentes educativos entre eles o Inspetor, em especial, tendem, neste modelo, a reproduzir métodos tradicionalistas voltados para a ordem e a disciplina. A autoridade não se questiona e nem se discute. Há um controle permanente além de processos burocráticos cuja principal missão é atender as ordens procedentes do ministério. Segundo Snyders (1974), a relação predominante é de professor-aluno (individual) e consiste na didática de “dar a lição” e em “tomar a lição”. 
 A Escola Nova aparece no final do século XIX e desenvolve-se até a primeira metade do século XX no Brasil. O principal pioneiro a inserir essa nova visão sobre qual deveria ser o atual modelo educacional no Brasil, foi Rui Barbosa (1849 - 1923). Essa escola desenvolveu-se mediante vários impactos econômicos, políticos e sociais que transformaram a sociedade brasileira. De um lado o progresso industrial e econômico, em contraposição a desordem no campo político e social, causando uma mudança na visão do brasileiro.
Nesta visão educacional, a disciplina já não é mais o centro valorizado, mas sima interação com o meio social que procura enriquecer as vivências dos alunos, a participação, a direção e a responsabilidade. O professor deixa de ser o principal responsável pela transmissão de conhecimento, passando a ser orientador e o aluno, que estava em segundo plano, torna-se o centro da escola.
 Na escola, a mudança de modelo educacional, visa à interação professor/aluno com o meio social e procura enriquecer essa relação incorporando nos currículos a cultura do meio ao qual o aluno está inserido (Artes e a Moral e o Social). Esses currículos contemplam todos os aspectos da formação total da pessoa, tanto física, quanto intelectual, fazendo, assim, a formação integral e preparando o aluno para uma vida ativa.
“Á criança, um meio vivo e natural, favorável ao intercâmbio de reações e experiências, em que ela, vivendo a sua vida própria, generosa e bela de criança, seja levada ao trabalho e à ação por meios naturais que a vida suscita quando o trabalho e a ação convêm aos seus interesses e às suas necessidades”. (VIDAL & RODRIGUES. 1932, p. 54).
 
 O interesse deveria ser o centro de toda atividade das crianças e a escola deveria ser reorganizada para atender aos novos anseios sociais. Assim, o Inspetor não poderia apenas verificar se os alunos obtiveram o domínio sobre o conteúdo, mas se este processo de aprendizagem é suscetível a propiciar a junção do conhecimento à prática e vice-versa; de maneira que estes saberes apresentem as competências essenciais para que o discente as utilize na vida adulta.
 Essas características expressivas da Escola Nova servem de referência para os Inspetores atualmente, pois esses devem adequar-se as diversas modalidades de acompanhamento da nova visão educativa que se desenvolve neste período nas escolas. Dessa forma, esse profissional está diante de uma nova reformulação educacional que deve mediar a participação ativa da comunidade escolar conseguindo assim, contribuir para a modernização e atualização nas relações professor/aluno, e mostrando, também, que a instituição escolar está a serviço do desenvolvimento da sociedade.
 Esse modelo de escola aparece a partir das contribuições vários pesquisadores, como Bruner Novak, Ausebel, Eliot entre outros, em especial Jean Piaget (1896-1980) que abre um leque importante na observação do aprendizado discente: esse aprendizado provém da diversificação nos conteúdos apresentados. De acordo com Piaget, existem duas relações distintas que podem ou não auxiliar no desenvolvimento da criança: A “Cooperação” e a “coação”. 
A coação, representa o tipo de relação dominante na vida da criança pequena […]. A cooperação é um método que possibilita chegar a algumas verdades. A coação só possibilita a permanência de crenças e dogmas. (Piaget.1980, p.18).
 Assim, os procedimentos realizados dentro do ambiente escolar, devem ser trabalhados a partir da realidade vivenciada pelo discente. Esses procedimentos não devem visar à coação, característica marcante na função de inspetoria durante vários anos dentro do ambiente escolar. Diante desse paradigma educacional, dá-se maior importância aos procedimentos que conduzam o aluno dentro de sua própria aprendizagem, não deixando de lado funções que mantenham as normas e valores que são essenciais para o processo de aprendizagem. Assim, o inspetor já não é mais aquele ao qual lhe é atribuída à função de controladoria, mas sim de mediador que esteja preparado para lidar com a cooperação e criação de projetos que visem a desenvolver um diálogo construtivo aberto às inovações sociais entre o professor/aluno.
3 OS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS
 A Inspeção Escolar, de um modo geral, vem acompanhando a evolução dos modelos pedagógicos, mas tendo sempre como missão, a verificação da conformidade entre a pragmática e as normas jurídicas e pedagógicas escolares que as regulam. Em contraposição a sociedade atual, que segue o modelo da globalização mundial e apresenta uma nova visão da expansão do comércio; o comércio à distância, a lucratividade, capital, a mundialização tecnológica e de consumo; revela que o homem, ao longo de sua existência, vai agregando conhecimentos e valores socioculturais, modificando assim as relações sociais. 
 Diante dessa nova sociedade, emerge o papel fundamental da educação que vem contribuir na formação de cidadãos atuantes, críticos, participativos frente a esta nova sociedade. A partir desses novos paradigmas educacionais que vão sendo criados com o objetivo de transformar a educação num instrumento de democratização social; surge uma nova visão relacionada ao real papel do Inspetor Escolar. Este deve estar preparado para atender a demanda da comunidade escolar. Ou seja, mediar a comunicação entre os órgãos superiores do sistema de ensino e os estabelecimentos de ensino, para que todas as camadas da sociedade possam viver a democratização educacional verdadeira, garantindo a todo indivíduo o direito de ser educado e preparando para uma vida social melhor.
Todo indivíduo o direito a ser educado até onde o permitam as suas aptidões naturais, independente de razões de ordem econômica e social. [...] preparando-se para formar a hierarquia democrática pela hierarquia das capacidades, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas oportunidades de educação. (VIDAL & RODRIGUES, 1932, p. 42).
 A leitura da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional mostra que a gestão escolar pública no Brasil deve abrir espaço para novas discussões relativas ao que seria o real papel desse profissional dentro dos novos modelos educacionais que contribuem para uma escola mais humana e atuante politicamente. 
A escola hoje se apresenta com um espaço público por excelência e passaporte para a cidadania de qualquer indivíduo, independente de classe social, raça ou sexo. Entretanto, o número apresentado pelas pesquisas têm causado espanto aos envolvidos com a problemática educacional: dos 33 milhões de estudantes do ensino fundamental no país, 10 milhões repetem todos os anos. (AQUINO, 1999. P. 201).
 Segundo Aquino, a escola, atualmente, não pode ser vista como um processo mecânico de desenvolvimento das potencialidades. Deve sim, ser um processo de construção ao longo do tempo orientada para o “saber” e suas potencialidades. Cabendo aos gestores, em especial aos Inspetores, um olhar mais crítico e medidas que auxiliem o trabalho educacional transformando a Instituição escolar em um local onde os profissionais que lá estão inseridos, possam participar ativamente de uma escola que seja capaz de criar liderança, legitimidade, competência técnica e pedagógica. Levando em conta que esta escola também seja um local onde se crie mecanismos que assegurem a participação do aluno assim como a sua permanência para ter uma educação de qualidade.
 As abordagens realizadas durante a evolução da Inspeção Escolar no mundo e no Brasil estabelecem uma relação sobre qual era o tipo de profissional capacitado desde o colonialismo e qual deve ser hoje a real papel desse profissional. Ele deve estar engajado em auxiliar tanto a escola quanto o corpo docente para melhorar, assim, o atendimento educacional. 
 Percebe-se que durante os períodos pelos quais a Inspeção escolar transcorreu, ainda há uma relação com a dominação até os tempos atuais. 
Mas, com as grandes transformações e avanços tanto no campo social, tecnológico e cultural, observa-se que há uma exigência de que este profissional não seja mais o representante de um modelo educacional antiquado, mas sim uma pessoa que atue dentro do sistema educacional vigente, auxiliando e valorizando a formação de cidadãos aptos para participarem ativamente dos anseios sociais. Dessa maneira, é observado a funções desse profissional durante a permanência dos modelos educacionais no mundo até a atualidade. 
 A variação constante na geração de novos conhecimentos que são ocasionados pelas mudanças sociais e econômicas do mundo globalizado vem, aos poucos, transformando a educação em um instrumentode democratização social, que tem por objetivo atender todas as classes sociais, estabelecendo, assim, novas propostas para a escola. Principalmente a necessidade de adaptação ou mesmo introdução de novas abordagens ou metodologias por parte dos profissionais da educação, principalmente em sua prática pedagógica. Dessa maneira, as relações surgidas entre professor/aluno tem a probabilidade de ampliar os conhecimentos essenciais para a formação de um cidadão crítico e responsável. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O presente artigo procurou demonstrar a trajetória desse profissional desde o antigo sistema educacional até as mudanças ocorridas dentro da sociedade durante os séculos, tanto no âmbito econômico, quanto social e educacional. Assim sendo, novos estudos poderão complementar a investigação realizada manifestando qual o real papel desse profissional, que há muito tempo foi rotulado como o “fiscalizador”; mas que, atualmente, deve criar espaços que favoreçam as novas relações no interior da instituição escolar, para que a comunidade escolar se torne participativa e possa construir uma escola capaz de preparar o aluno para a sociedade que atualmente, anseia por um cidadão mais capacitado. 
 O Inspetor deve ter a função de intermediar o diálogo entre a comunidade escolar e a instituição em si, para que, a partir dessa intervenção pedagógica, os problemas cotidianos ou eventuais que possivelmente possam manifestar-se, deverão ser superados com responsabilidade de acordo com a realidade social vigente. A mediação deve ser democrática, equitativa e interventora. Deve reconhecer e respeitar a diversidade social existente, superando os problemas, sem cair no paternalismo ou mesmo no famoso autoritarismo social. Assim, as competências educacionais deverão ser construídas a partir de vários processos pedagógicos que valorizem a construção de projetos educacionais, a cooperação administrativa e pedagógica e o apoio da comunidade escolar.
 O Inspetor deve ser também, uma pessoa que seja capaz de mediar situações de confrontos dentro do ambiente escolar e que possa enfrentá-las, principalmente com a mudança de postura diante de certas dificuldades que possivelmente estão atrapalhando a articulação pedagógica dentro da instituição escolar.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Autoridade e Autonomia na Escola – Alternativas teóricas e práticas . São Paulo: Summus Editorial, 1999.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia – Geral e Brasil. 3ª. Ed. São Paulo: Moderna, 2006.
BRASIL. Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: DF. 1961. 
BRASIL. Decreto – Lei nº. 4.244 de 9 de abril de 1942. 
BRASIL. Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: 1971. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional – Lei nº. 4.024 de 20/12/1961.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 39ª Edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
IBGE. Censo Demográfico – 1950: Características da população e dos domicílios. Resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 1951.
 
MENESES, João Gualberto de Carvalho. Princípios e Métodos de Inspeção Escolar. São Paulo: Saraiva, 1977.
MINAS GERAIS. Lei 7109 de 13 de outubro de 1977. Estatuto do Pessoal do Magistério Público do Estado de Minas Gerais. 
PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1980. 
SNYDERS, G. Pedagogia Progressista. Coimbra: Almedina, 1974.
VIDAL, Diana Gonçalves; RODRIGUES, Rosane N. A casa, a escola ou o trabalho: o Manifesto e a profissionalização feminina no Rio de Janeiro (1920-1930). In: XAVIER, Maria do Carmo (Org.). Manifesto dos Pioneiros da Educação: um legado educacional em debate. Rio de Janeiro/ Belo Horizonte: FGV/FUMEC, 2004. 
�. Graduado em Pedagogia, atua na rede pública de ensino na cidade de Marechal Deodoro, Alagoas.
Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Inspeção e Supervisão Escolar.
�
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS NA INTRODUÇÃO 
OBJETIVO GERAL 
OBJETIVO ESPECÍFICO
JUSTIFICATIVA
PROBLEMA

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