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5 - PRINCIPIOS-E-METODOS-DA-ORIENTACAO-INSPECAO-SUPERVISAO-E-GESTAO-ESCOLAR

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR. .................................................. 4 
3 O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR NO PLANEJAMENTO 
PARTICIPATIVO-ESCOLAR. ...................................................................................... 6 
3.1 Supervisor escolar: conceito, atribuições e responsabilidades. ........... 7 
3.2 Planejamento participativo na escola. ................................................ 10 
3.3 Obstáculos enfrentados pelo supervisor escolar no planejamento 
pedagógico. ........................................................................................................... 13 
4 BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ........................ 16 
4.1 O Orientador Educacional. ................................................................. 24 
4.2 O papel do orientador educacional. .................................................... 26 
5 INSPEÇÃO ESCOLAR. ............................................................................ 28 
6 INSPEÇÃO X SUPERVISÃO. ................................................................... 34 
6.1 O papel da inspeção escolar. ............................................................. 38 
6.2 Atribuições do cargo de inspetor escolar. ........................................... 38 
7 ANÁLISE DA GESTÃO EDUCACIONAL. ................................................. 44 
7.1 Aportes legais e normativos da gestão escolar. ................................. 47 
7.2 Eixos de trabalho da gestão escolar. ................................................. 50 
7.3 Desafios e perspectivas da gestão escolar. ....................................... 51 
8 INTEGRAÇÃO ENTRE INSPEÇÃO ESCOLAR E GESTÃO DA ESCOLA: 
DESAFIOS. ............................................................................................................... 52 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ......................................................... 59 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR. 
A supervisão surgiu no Brasil pela primeira vez com a Reforma Francisco 
Campos, Decreto-Lei nº 19.890, de 18 de abril de 1931, concebida de forma bem 
diferente da que se vinha realizando até aquele momento de simples fiscalização, para 
assumir o caráter de supervisão e inspeção (RANGEL, 2001). 
Também há evidências que o termo supervisão surgiu no período da Revolução 
Industrial, com o objetivo de aperfeiçoar produção quantitativa e qualitativa, visando o 
lucro dessa forma. Por isso a função do supervisor surgiu devido à necessidade de 
melhores técnicas para orientar os profissionais a exercerem suas funções na 
indústria e no comércio (ALVES, 2012; RANGEL, 2001). 
Ao longo do tempo, prevaleceu uma imagem da supervisão ligada à 
fiscalização e ao controle. Contudo, alguns estudos históricos revelam que se 
muitas vezes eles pareciam ligados aos políticos pela hierarquia 
administrativa e enfrentando os docentes, outras tantas se recortavam com 
independência dos mandatos governamentais e se uniam às lutas do 
magistério. Este leque de posições em torno do vínculo com as gestões 
políticas e com os mestres também está presente nos discursos e práticas 
que hoje os supervisores realizam. (FERREIRA, 2010, apud, PEREIRA, 
2014, p. 3). 
Etimologicamente, supervisão significa "visão sobre", e da sua origem traz o 
viés da administração, que a faz ser entendida como gerência para controlar o 
executado. Desta forma, quando transporta para a educação, passou a ser exercida 
como função de controle no processo educacional (FERREIRA, 2010). Assim, a 
função de Supervisor escolar propriamente dita só veio a ser regulamentada 
oficialmente pelo Parecer Nº 252/69, com a finalidade de promover a melhoria na 
qualidade do ensino (MENDES, 2009). 
Recentemente (Decreto Lei 95/97 de 23/4), a supervisão foi assumida como 
uma das áreas de formação especializada já previstas na Lei de Bases do 
Sistema Educativo (1986) e no Decreto-Lei que aprovou o regime jurídico da 
formação de educadores e professores (Decreto-Lei 344/89 de 11/10). 
Efetivamente, o reforço da autonomia das escolas como fator de construção 
de uma escola democrática e de qualidade traduziu-se também no 
reconhecimento oficial da necessidade de formações especializadas para o 
exercício de cargos, funções ou atividades especificas, por meio de cursos 
de especialização realizados em instituições do ensino superior. define-se 
que a área de supervisão pedagógica e formação de formadores visa 
"qualificar para o exercício de funções de gestão e coordenação de projetos 
e atividades de formação inicial e contínua de educadores e professores" 
(RANGEL, 2011, apud, PEREIRA, 2014, p. 3). 
 
A partir da década de 80, surge uma nova concepção de Supervisão Escolar 
através da Gestão Democrática, devido grandes discussões entre político e 
educacional, pois a figura do supervisor desponta como elemento de intermediação 
associada a ideia de mudança com aplicação de novas propostas curriculares. 
A origem da supervisão escolar também está associada ao Programa de 
Assistência e Formação de Professores Leigos (PABAEE), implantado no Brasil por 
influência norte-americana. Com isso, o conceito de supervisão educacional tem 
sofrido alterações no decorrer do tempo, alterando seus objetivos de acordo com as 
diferentes etapas que marcaram o processo evolutivo dessa profissão. Tais alterações 
geraram mudanças profundas na maneira de encarar a tarefa educativa e na 
compreensão da escola como local especializado para conduzir o processo educativo 
(FERREIRA, 2010). 
A supervisão encontra seus fundamentos nas ciências da educação e nas 
ciências sociais que explicam a criação e o desenvolvimento dos grupos organizados 
socialmente para realizar funções ou atividades consideradas desejáveis. 
A política da Gestão Democrática, implantada no sistema de ensino com a 
Constituição de 1988, reforçou o discurso de que a escola pública pertence ao setor 
público. Desse modo determinou-se legalmente a implementação de um trabalho 
pedagógico articulado, com o objetivo de tornar possível a elaboração de um projeto 
educacional que vincule projetos pessoais dos educadores a um projeto mais amplo 
e que envolva o fazer individual e o coletivo, dando ainda mais importância à função 
do supervisor escolar. 
Outro ponto importante é o significado específico que o termo "supervisão" 
adquire nos diferentes sistemas de ensino. No estado de São Paulo a expressão 
esteve sempre relacionada ao cargo de "supervisor", alocado nas delegacias de 
ensino (Lei Complementar nº836, dezembro 1977). Nos demais estados, não existe o 
cargo, mas a função. Esse profissional fica na escola e realização a "supervisão 
pedagógica", junto aos professores, recebendo nome de coordenador, orientados, 
assistente pedagógicoou equivalente. Essa distinção torna-se importante, visto que 
decorrem algumas dificuldades de entendimento de muitas críticas feitas ao trabalho 
do "supervisor", para pessoas não familiarizadas com o sistema paulista de ensino 
(FERREIRA, 2010). A profissão de Supervisor Escolar ou Supervisor Educacional 
 
sempre foi carregado de indefinições, embora este profissional contribua 
decisivamente para o êxito das práticas educativas no contexto escolar. 
3 O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR NO PLANEJAMENTO 
PARTICIPATIVO-ESCOLAR. 
 
Fonte: widgetserver.com 
Preambularmente, cumpre destacar que, mesmo diante da imperiosa 
importância do profissional de Supervisão Escolar, não há, no Brasil, lei que 
regulamente e especifique quais são suas atribuições. 
Desde 2012, tramita, no Congresso brasileiro, o Projeto de Lei 4.106, o qual 
objetiva regulamentar essa profissão, bem como permitir a organização e a 
representação sindicais. São muitas as diferenças que há nesse cargo se comparado 
ao de professor, a começar pela carga horária. Outra diferença gritante é o lapso 
necessário para aposentadoria, o qual gera divergências em nossos tribunais. 
O certo é que o tema requer maior atenção da sociedade, tendo em vista a 
necessidade desse profissional para o bom andamento da escola, assim como para o 
devido cumprimento da sua função social, haja vista que esse é um articulador da 
comunidade escolar e que por estar na gestão da escola, tem por encargo tornar esse 
espaço um ambiente de debates que aproximem os sujeitos dessa comunidade 
escolar. 
 
3.1 Supervisor escolar: conceito, atribuições e responsabilidades. 
Como dito Alhures, não há, no Brasil, previsão legal acerca do reconhecimento 
do profissional supervisor escolar. Para fins de atribuições, utilizar-se-á o que prevê o 
PL 4.106/2012. 
– supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula estabelecidos 
legalmente; 
– orientar e acompanhar os professores no planejamento e desenvolvimento 
dos conteúdos; 
– planejar e coordenar atividades de atualização no campo educacional; 
– coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades 
do educando; 
– acompanhar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e o 
trabalho do professor junto ao aluno, auxiliando em situações adversas; 
– participar da análise qualitativa e quantitativa do rendimento escolar, junto 
aos professores e demais especialistas, visando a reduzir os índices de 
evasão e repetência, e qualificar o processo ensino-aprendizagem; e 
– valorizar a iniciativa pessoal e dos projetos individuais da comunidade 
escolar; entre outras. (BRASIL, 2012, apud SOUZA, 2017, p. 486). 
O que é traçado pelo PL já tem sido feito há muito pelos profissionais que 
desempenham essa função nas escolas. Alguns municípios, como Osório, no Rio 
Grande do Sul, sequer realizam concurso público para essa área, tendo em vista a 
ausência legal de regulamentação. 
Noutro prisma, alguns autores auxiliam a conceituar e a compreender o que é 
a função do supervisor escolar, qual a mais importante que ele deve desempenhar. 
Nesse sentido, Ferreira (2007, p. 327) afirma que o significado essencial do supervisor 
escolar está na “formação humana” do processo educacional. 
Libâneo (2002, p. 35) descreve o supervisor escolar como “um agente de 
mudanças, facilitador, mediador e interlocutor”. Portanto, seria um profissional apto a 
realizar a interlocução entre direção escolar, educandos, educadores e todos os 
demais indivíduos que, de alguma forma, fazem parte da comunidade escolar. Teria 
como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento individual, político, 
econômico, ético e afim. Assim, buscando romper com “a cultura política do Brasil há 
500 anos, que foi sempre fazer da educação uma grande bandeira, mas sempre a 
reduziu”. Para os dominantes, o povo é analfabeto, é ignorante, é bárbaro, e a 
educação viria, então, para resolver esses “problemas”. (ARROYO, 2000, p. 2). Essa 
cultura política invadiu a cultura pedagógica. 
 
A partir de tais conceitos, é possível perceber que o supervisor escolar deve 
desenvolver uma ação crítica, construtiva e participativa acerca do seu saber-fazer 
pedagógico, sempre trabalhando de forma articulada, lógica e coerente com todos os 
sujeitos que interagem no espaço escolar. Todas as suas ações devem visar à 
qualidade do ensino, bem como à qualidade da aprendizagem. 
Para a escola atingir bons resultados na aprendizagem dos educandos, são 
necessários planejamento, avaliação e aperfeiçoamento das suas próprias ações 
pedagógicas, a fim de que o processo educacional seja qualitativo. Tais ações são 
vistas como de responsabilidade do supervisor escolar e devem garantir à escola 
resultados excelentes, bem como envolver toda a comunidade nas tomadas de 
decisão que se refiram ao bom andamento da escola, ou seja, a comunidade deve 
participar do seu Projeto Político-Pedagógico, de forma ativa, demandando seus 
anseios e perspectivas à gestão da escola. E essa deve ter a perspicácia de articular 
os múltiplos saberes que entrecortam a vida dos estudantes, através de seus 
professores, da família e do seu entorno, que são tão educativos quanto o próprio 
espaço escolar. 
Subestimar a sabedoria que resulta necessariamente da experiência sócio-
cultural é ao mesmo tempo, um erro científico, e a expressão inequívoca da 
presença de uma ideologia elitista. Talvez seja mesmo, o fundo ideológico 
escondido, oculto, opacizando a realidade objetiva, de um lado, e fazendo do 
outro, míopes os negadores do saber popular, que os induz ao erro científico. 
(FREIRE, 1992, apud SOUZA, 2017, p. 487). 
Nesse viés, o supervisor escolar tem como objetivo aperfeiçoar o fazer dos 
educadores que atuam no espaço escolar, identificando suas potencialidades, sua 
personalidade, suas qualidades, a fim de que cada um contribua para um 
planejamento pedagógico a partir dentro daquilo que melhor sabe fazer. Essa 
identificação exige do supervisor escolar uma atualização constante, bem como uma 
avaliação do seu desempenho profissional. 
Com isso, é muito importante que esse profissional tenha comprometimento 
com a práxis educativa, que entenda o meio em que a escola está inserida, 
provocando, assim, nos educadores, especialmente, o interesse em aliar os 
conteúdos programáticos à realidade dos estudantes, fazendo com que os 
professores compreendam que: 
 
 A escola deve respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os 
das classes mais populares, cujos saberes são socialmente construídos na 
prática comunitária [...], discutir com os alunos a razão de ser de alguns 
desses saberes em relação com o ensino de alguns conteúdos [...] porque 
não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a 
disciplina cujo conteúdo se ensina. (FREIRE, 2006, apud SOUZA, 2017, p. 
488). 
Todavia, é de se lembrar de que o supervisor escolar está ligado ao 
planejamento do currículo escolar, o qual deve se dar de forma participativa, a fim de 
promover a melhoria da qualidade da aprendizagem, assim como do ensino, trazendo 
a realidade para debate em sala de aula, bem como levando a escola para o meio 
familiar desses estudantes. 
Vasconcellos (2002, p. 42) assevera que “não podemos ser ingênuos: para 
estabelecer outra ordem nas coisas, há necessidade de uma ação numa determinada 
direção, pois não é uma ação qualquer que nos levará ao que desejamos”. É 
necessário planejamento a fim de que os objetivos traçados sejam alcançados e, para 
tanto, o supervisor escolar é peça fundamental na elaboração do plano político-
pedagógico que a escola seguirá. 
Todo esse processo requer do supervisor uma vivência do contexto histórico 
social no qual a escola está inserida, bem como o conhecimento sobre quais são seus 
níveis e modalidades de aprendizagem. Igualmente, é necessário conhecer quais são 
os fundamentos teóricos que sustentam o ensino e a aprendizagemna escola e quais 
os princípios que norteiam a prática da escola em que atua. 
Ademais, o supervisor escolar deve compartilhar as práticas pedagógicas com 
aqueles que são atingidos por elas. Toda a comunidade escolar precisa estar inserida 
no poder decisório dessas práticas, a fim de que o planejamento seja, de fato, 
participativo. Assim, a autonomia da instituição também deve ser visada de forma a 
envolver a comunidade. 
Freire em sua obra Pedagogia da autonomia vai muito além da autonomia da 
instituição, afirmando que ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando, e 
o: 
[...] respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e 
não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente 
porque éticos podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para 
a sua negação, por isso é imprescindível deixar claro que a possibilidade do 
desvio ético não pode receber outra designação senão a de transgressão. O 
professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, 
 
a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua 
prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que 
“ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, 
tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de 
propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar 
respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride 
os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE, 2006, 
apud SOUZA, 2017, p. 489). 
O que se percebe é que a autonomia da instituição escolar só acontecerá 
quando a independência do próprio educando for respeitada, ou seja, ele também 
deve ter sua liberdade preservada, a fim de que participe das tomadas de decisão do 
ambiente escolar. E o autor supramencionado afirma que mais que um dever, é um 
imperioso ético que o educador deve respeitar. 
Por fim, não menos importante, deve ser levada em consideração a 
necessidade de valorização dos educadores, de uma formação continuada e de 
qualidade, que eleve sua autoestima e que os estimule a desenvolver novas práticas 
educativas nas salas de aula. 
3.2 Planejamento participativo na escola. 
Primordialmente, há que se explicitar que não é necessário tratar da crise na 
escola, visto que todos a percebem e dela falam. O planejamento participativo surge 
como uma alternativa a essa crise. É o ato de antever o futuro, reduzir riscos, ou seja, 
é o planejamento de ações em si. O planejamento é a base para poder de agir e assim, 
maiores são as condições de intervir no futuro. 
O planejamento é uma das mais importantes ferramentas de comunicação e 
articulação de interesses. Existem diferentes formas de fazer um planejamento. As 
principais são: diagnóstico (estudo da realidade); análise de riscos/viabilidades; plano 
(narração escrita aliada ao orçamento para execução das ações); proposta ou carta-
consulta; plano de ação; planos e relatórios de monitorias e relatório de avaliação. 
Há a necessidade de fazer-se a gerência dos projetos de planejamento. A 
elaboração de um conjunto de atividades delimitadas no tempo, com orçamento 
específico, buscando gerar um produto ou um serviço inovador, fora da rotina é uma 
ação essencial para o gerenciamento. O planejamento escolar vai além de tais 
conceitos e requer conhecimentos específicos sobre a prática pedagógica. 
 
O planejamento será decisivo na formação da identidade da escola, pois é ele 
que definirá quais práticas pedagógicas a escola deverá seguir. 
[...] uma explicação simples e muito clara de planejamento curricular é: um 
educador que está envolvido com questões de currículo interessa-se 
exclusivamente em determinar os objetivos do sistema educacional. Existem 
basicamente duas espécies de decisões que o educador deve tomar. 
Primeiro, ele necessita decidir quais devem ser os objetivos (isto é, os fins) 
do sistema de ensino, e segundo, a consecução destes objetivos. Quando o 
professor está envolvido na seleção de objetivos para uma sequência 
particular de ensino de seu interesse, seja um ano acadêmico ou um único 
período de classe, ele está envolvido na tomada de decisões do currículo. 
Quando o interesse focaliza a seleção ou avaliação dos esquemas de ensino 
pelos quais os objetivos devem ser alcançados, ele está envolvido na tomada 
de decisões no ensino. Consequentemente a distinção entre currículo e 
ensino é essencialmente uma distinção entre fins e meios. (POPHAM, 1987, 
apud SOUZA, 2017, p. 490). 
Aliar todos os sujeitos que interagem no espaço escolar é uma das tarefas do 
supervisor escolar. Esse profissional deve, em decorrência da importância da função 
que desempenha estar intimamente relacionado e participando do planejamento 
escolar. É para sanar dúvidas e dificuldades, no cotidiano escolar, que o planejamento 
é necessário. Para tanto, o supervisor deverá administrar seu tempo, a fim de cumprir 
determinadas tarefas que são de sua responsabilidade, como: dar atenção à formação 
continuada dos professores, planejar reuniões, envolver-se com a comunidade 
escolar nos processos decisórios, dentre outras atribuições. Gandin e Gandin 
explicam acerca da necessidade urgente de planejamento participativo. 
Eis, então, o grande limite e a grande possibilidade da educação, inclusive a 
escolar: a escola só pode reproduzir a sociedade, isto é, ela tem a tarefa de 
incorporar as gerações novas ao espírito, à cultura da geração existente; 
quando esta cultura e este espírito entram em crise, ou seja, quando a 
sociedade começa a duvidar do que é bom ou do que é mau, as escolas 
perdem sua segurança e entram nesta dúvida geral; como o padrão sempre 
foi o de uma escola fechada que repete o que lhe mandam repetir, a crise da 
escola significa o desencontro entre o “ser responsável por algo” e não ter 
“este algo claramente aceito”. (GARDIN, 1999, apud SOUZA, 2017, p. 490). 
É de relevância o fato de que o supervisor escolar atue com visão coletiva, 
mostrando a importância (que detêm as relações interpessoais) aos professores, 
alunos e a todos os indivíduos que fazem parte da comunidade escolar. Para isso é 
importante que tal profissional detenha as habilidades de olhar, ouvir, falar e cuidar. 
Somente assim, o planejamento será, de fato, coletivo. 
 
[...] o isolamento e o individualismo possuem várias causas. É comum 
parecerem uma espécie de fraqueza de personalidade que se revela em 
competitividade, em atitude defensiva quanto à crítica e em uma tendência a 
acumular recursos. As pessoas, todavia, são criaturas de circunstâncias, e, 
quando o isolamento é disseminado, temos de perguntar o que há em nossas 
escolas que tanto contribui para que ele se crie. (FULLAN, 2003, apud 
SOUZA, 2017, p. 491). 
Quando se fala em planejamento coletivo, o que se objetiva é demonstrar a 
importância de todos no processo de elaboração, aplicação e fiscalização do projeto 
político-pedagógico escolar. Nesse processo, os educandos também precisam, 
inexoravelmente, fazer parte das decisões da escola. Podem atuar nas decisões sobre 
o espaço em que convivem. A organização e a distribuição dos tempos e espaços 
escolares representam o poder exercido pelo adulto sobre a criança. 
 À primeira vista, não é possibilitado à criança o exercício de participação e 
proposição de alternativas para a organização do seu próprio espaço, de modo que 
possa ocupá-lo e transformá-lo em lugar. 
Como observa Escolano (1998), o espaço escolar expressa e reflete 
determinados discursos, além de representar um elemento significativo do currículo, 
uma fonte de experiência e aprendizagem. Quando crianças, internalizamos as 
primeiras percepções do espaço, desenvolvemos nossos esquemas corporais e 
acomodamos nossos biorritmos aos padrões estabelecidos pelas organizações 
próprias do tempo escolar. 
Ao recordar as experiências escolares e ao se pensarcomo eram as escolas 
de antigamente, pode-se perceber que os espaços não são estruturas neutras, mas 
construções sociais que aprendemos e que condicionam a significação de 
aprendizado e os modos de educação. 
Assim, se defendemos a escola como lugares privilegiados da infância em 
nossa sociedade precisaram repensar a construção, organização e ocupação dos 
edifícios escolares, sendo preciso, sim, repensar a importância das condições dos 
lugares escolares, para que possamos permitir que seus usuários se apropriem e 
vivenciem o espaço e as práticas ali desenvolvidas de modo a transformá-lo em lugar; 
um lugar cheio de sentido, que desperte o gosto pelo saber e que permita às 
crianças/adolescentes vivenciarem sua infância juntamente com seus pares. 
Para que a criança se aproprie da escola, transformando este tempo e espaço 
também em lugar de infância, é necessário que a ela seja permitido deixar suas 
 
marcas, seja através de uma pintura na parede, de um desenho no chão, seja 
participando da discussão, definição e organização desses espaços; enfim, dando-lhe 
oportunidade de opinar e discutir suas ideias e seus desejos. 
Assim, uma escola construída e organizada com crianças precisa respeitá-las 
como sujeitos de direitos, garantindo, no seu interior, direitos básicos, como: direito à 
educação, ao brincar, à cultura, à saúde e à higiene, a uma boa alimentação, à 
segurança, ao contato com a natureza, a espaços amplos por onde possa se 
movimentar, ao desenvolvimento da criatividade e da imaginação, ao respeito à 
individualidade e ao desenvolvimento de sua identidade; enfim, o direito a uma 
infância cheia de sentidos, possibilitando: 
[...] à escola uma organização a partir dos sujeitos reais que nela ingressam, 
e quão a leitura do mundo antecede e dá sentido ao mundo da palavra. Essa 
antecedência é de cunho tanto cronológico quanto epistemológico, pois de 
fato é a experiência do mundo que dá sentido à experiência da escola. 
(NOGUEIRA, 2011, apud SOUZA, 2017, p. 491). 
O planejamento será, de fato, participativo e de qualidade somente quando 
envolver todos os indivíduos que formam a comunidade escolar. 
3.3 Obstáculos enfrentados pelo supervisor escolar no planejamento 
pedagógico. 
São infinitos os desafios enfrentados diariamente pelo profissional da 
supervisão escolar e é de todo modo, muito diversificados. Vasconcellos afirma acerca 
da necessidade do planejamento, 
[...] que o fator decisivo para a significação do planejamento é a percepção 
por parte do sujeito da necessidade de mudança. É claro que se tudo vai bem, 
se nada há para se modificar na escola, para quê introduzir esse tal de “plano” 
É incrível, mas muitos professores parecem tão satisfeitos – ou alienados... – 
com suas práticas que não sentem necessidade nem de aperfeiçoamento. 
Talvez, se questionados sobre a escola, até tenham o que dizer; ou não, de 
medo que dizendo alguma coisa possa sobrar alguma tarefa para eles... Todo 
o trabalho da ideologia dominante vai no sentido de anestesiar a percepção 
das contradições e a consequente necessidade de mudança. 
(VASCONCELLOS, 2002, apud SOUZA, 2017, p. 492). 
A ação do supervisor escolar é movida por qualidades que são necessárias à 
concretização de objetivos que foram traçados no próprio planejamento escolar. Para 
isso é preciso força de vontade para elaborar um trabalho que esteja voltado à 
 
transformação. Esse profissional necessita ser dotado de compreensão, empatia e 
consideração por aquilo que os outros pensam e estar conectado à realidade escolar, 
“oxigenando” esse espaço com provocações e ideias junto com seus pares, além de 
estar articulando ações integradas na comunidade escolar como um todo. 
É perceptível toda essa sensibilidade quando o tema em pauta é a formação 
continuada do professor. Nesse momento, o supervisor terá de estar com toda sua 
atenção voltada às características de cada professor, ao pensar e ao fazer de cada 
professor. E é nesse momento, com tantas diferenças reunidas, que novos 
conhecimentos poderão ser produzidos, bem como momentos de mudanças. 
Vasconcellos trata do planejamento como sendo uma prática desafiadora: 
A questão do planejamento é desafiadora, pois projetar é para o humano, e 
não poucas vezes estamos reduzidos em nossa humanidade, estamos 
desanimados, descrentes, cansados. Também no meio educacional – entre 
professores, membros de equipes de coordenação, direção, mantenedores, 
pais, funcionários, alunos – , estão presentes forças de vida e de morte. 
Chegamos a nos sentir com ausência de desejo: quem quer a escola? Quem 
acredita na escola como caminho de construção de uma sociedade mais 
justa? Escola para quê? Simplesmente como meio de subsistência? 
(VASCONCELLOS, 2002, apud SOUZA, 2017, p. 493). 
Todos esses meandros perpassam pelas responsabilidades do supervisor 
escolar. Ele deve lidar com todas as adversidades que permeiam a tarefa de planejar. 
Assim, Veiga-Neto (2002, p. 34) afirma que isso “tem sido entendido tanto numa 
acepção macro – em nível sistêmico, governamental, etc. quanto na acepção micro – 
em nível escolar ou mesmo de sala de aula”. 
O planejamento educacional deve objetivar, principalmente, transformações no 
cotidiano escolar, a fim de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem. No 
que tange ao planejamento participativo, de acordo com Gandin (1984, p.13), “sua 
ação [está] na crença de que o melhor para as pessoas é aquilo que essas mesmas 
pessoas decidiram em seus grupos”. 
O planejamento participativo somente será de qualidade quando aqueles que 
atuam no meio decidirem sobre ele. E isso já se vê em outros campos, como no da 
política, por exemplo, que tenta trabalhar com a inserção do orçamento participativo, 
ação pela qual os próprios integrantes decidem sobre a destinação do orçamento 
público, dentre outras ações. Dessa feita, o planejamento educacional tem como 
 
objetivo analisar os problemas referentes à educação nacional, à estruturação e ao 
funcionamento dos sistemas que norteiam a educação brasileira. 
A intenção é a melhoria da educação, do ensino no País, evidenciando os 
principais valores de cada pessoa e, principalmente, da escola na sociedade. O 
planejamento deve estar voltado para a visão global e de desempenho em longo 
prazo. Leciona Parente Filho (2003, p. 63) que o planejamento “é entendido como 
processo de mobilização dos meios para a realização de missão setorial ou 
organizacional”. 
Nesse sentido, planejar é adiantar uma atividade que será realizada e agir 
conforme o que foi previsto. Planejar é transformar. É descontruir paradigmas, 
reinventar o que já existe. Mais do que isso, é lutar pelo que é justo, pelo que é certo, 
pelo que é de direito de todos. Freire (2003, p. 38) afirma que “o destino do homem 
deve ser criar e transformar o mundo”. Conforme Vasconcellos relata; 
[...] é possível a transformação da escola? Entendemos que, 
fundamentalmente, o que possibilita sua mudança é o fato da contradição 
estar também ali presente e não apenas fora dela, pois a escola não 
consegue ser um lugar isolado da sociedade – apesar deste parecer ser o 
sonho de certos educadores. Para além do otimismo ou pessimismo, temos 
que tomar a escola como local de contradições dialéticas. [...] Essas 
contradições, ao serem assumidas por vários segmentos da escola, passam 
a atuar ainda mais fortemente, ocupando mais espaço e provocando mais 
reação, o que vai exigir a definição mais clara de posições por parte de todos 
os membros da comunidade educativa. Por outro lado, à proporção que as 
contradições são postas a descoberto, são tematizadas, favorece-se a 
tomada de consciência, a superação do senso comum. (VASCONCELLOS, 
2002, apud SOUZA, 2017, p. 495). 
O indivíduo epistêmico forma-se pela sua própria ação. Ele interage sobre o 
meio objetivando alcançar suas necessidades. Essa atividade transforma o meio no 
qual ele vive. Ao modificar esse meio, o sujeitoé confrontado com as resistências do 
meio. (BECKER, 2003, p. 35). Fullan e Hargreaves afirmam acerca da transformação 
do professor: 
Se modificar o professor envolve modificar a pessoa que é, precisamos saber 
como as pessoas se modificam. Nenhum de nós é uma ilha; não nos 
desenvolvemos em isolamento. Nosso desenvolvimento dá-se através de 
nossas relações, em especial aquelas que estabelecemos com pessoas 
importantes para nós. Essas pessoas agem como uma espécie de espelho 
para nossos “eus” em desenvolvimento. Se em nossos locais de trabalho há 
pessoas que são importantes para nós e estão entre aquelas por quem temos 
consideração, eles terão uma enorme capacidade para, positiva ou 
negativamente, influenciar a espécie de pessoas e, por conseguinte, a 
 
espécie de professores que nos tornamos. (FULLAN, 2003, apud SOUZA, 
2017, p. 495). 
Transformar de modo epistemológico refere-se ao romper ações que 
imobilizam. As ações são decisivas, porquanto transforma o sujeito, o mundo, o meio 
no qual ele vive. O ato de planejar é uma ação importante às intenções de cada sala 
de aula, de cada escola e de cada comunidade escolar envolvida. 
4 BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
Fonte: 
Para entender o que é o orientador educacional, é preciso fazer uma breve 
retrospectiva histórica, pois há diversas vertentes ao longo de seu desenvolvimento. 
Transferindo o conceito original de Orientação, para o conceito metafórico de 
Orientação Educacional, este pode ser definido como “uma ação consciente 
de situar o educando no campo educacional, segundo os pontos básicos do 
processo educacional”. (VITORIANO, 1973, apud SILVA, 2015, p. 17). 
O conceito de orientação significa ação ou efeito de orientar. Orientar é um 
processo humano de colocar pessoas ou coisas na direção do oriente como ponto de 
referência. 
Mostrou-se válida na ordenação de sociedade brasileira em mudança na 
década de 1940 e incluía a ajuda ao adolescente em suas escolas 
profissionais. A autora mostra que a primeira menção a cargos de orientador 
nas escolas estaduais se deu pelo Decreto n. 17.698 de 1947, referente às 
Escolas Técnicas e industriais. (PASCOAL; HONORATO E 
ALBUQUERQUE, 2008, apud SILVA, 2015, p. 17). 
 
A Orientação Educacional no Brasil surge no início da década de 20, na capital 
paulista. Ela foi introduzida pelo professor e engenheiro suíço Roberto Mange, cujos 
trabalhos iniciais foram realizados na área de orientação profissional. (SAVIANI, 2007) 
A essa época, o país atravessava um período de instabilidade econômica. 
No campo educacional, as oportunidades eram reservadas para as classes 
dominantes, enquanto que as classes menos favorecidas não podiam alcançar 
melhores condições de vida, ou seja, a escola reproduzia as desigualdades sociais. 
No ano de 1908, na cidade de Boston (EUA), em meio a tantos avanços 
tecnológicos, Frank Parsons criou um sistema de orientação para adolescentes que 
ainda não haviam optado por uma carreira – foi o início da Orientação Profissional. 
Logo em seguida, no mesmo país, a Orientação Profissional ganhou seu 
espaço dentro das escolas, que hoje é conhecido como Orientação Vocacional. A 
proposta era de orientar os alunos na área que escolheria para inserção no mercado 
de trabalho. A preocupação era voltada para a formação profissional e não para o 
desenvolvimento do aluno. 
Depois de muitos anos, a orientação começa a ganhar espaço no país e é 
mencionada na legislação federal brasileira. É trazida nas Leis Orgânicas do ensino, 
que foram criadas para dar definição a cada área de ensino e suas diversas 
atribuições. A Lei Orgânica do ensino Industrial em 1942 trouxe, pela primeira vez, 
algo sobre Orientação Educacional. 
O seu papel seria trabalhar com a ascensão das qualidades morais do 
indivíduo, desvendando assim, suas aptidões naturais, o que ajudaria na escolha da 
carreira profissional. Em seguida seu papel recebe caráter disciplinatório, alunos que 
saíam dos moldes desejados eram encaminhados ao SOE (Serviço de Orientação 
Educacional). Sua função era voltada para ajustamento e falta de disciplina, pouco ou 
nada voltada para a autonomia do aluno. As pessoas eram rotuladas em mais capazes 
e menos capazes, àqueles que exerceriam funções subordinadas e àqueles que 
exerceriam funções de chefia ou direção. 
Nesse contexto, percebe-se uma ação discriminatória, onde, caso necessário, 
os indisciplinados eram postos em classes especiais e os vistos como mais capazes 
tinham as habilidades treinadas para que mais tarde ocupassem os melhores postos 
de trabalho. 
 
Como já exposto, o histórico da Orientação perpassa por diversas fases e 
papéis exercidos por esse profissional, em diferentes contextos históricos e políticos. 
O campo de atuação era voltado para “desajustes” escolares, hoje o papel 
desempenhado por esse profissional é outro: 
[...] a orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e 
unicamente cuidar e ajudar os „alunos com problemas‟. Há, portanto, 
necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, 
voltada para a „construção‟ de um cidadão que esteja mais comprometido 
com seu tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o “aonde chegar, 
neste momento da Orientação Educacional, em termos do trabalho com os 
alunos”. Pretende-se trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu 
processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, 
obtido através do diálogo nas relações estabelecidas. (GRINSPUN, 1994, 
apud SILVA, 2015, p. 19). 
Segundo Grinspun (2003), antes o orientador era visto como uma figura 
“neutra” no processo educacional, para “guiar os jovens em sua formação cívica, 
moral e religiosa”, hoje, espera-se um profissional comprometido com sua área, com 
a história de seu tempo e com a formação do cidadão. 
O orientador deve fortalecer o contato entre escola e comunidade, já que é tão 
importante para o aluno o entendimento da sua história real vivida. Com isso, o 
orientador consegue exercer um de seus papeis, que é atuar na construção do 
indivíduo, fazendo com que ele tenha compromisso com sua comunidade, 
desenvolvendo assim, a cidadania. 
O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de uma 
cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto 
pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’ (grifo da autora): 
com utopias, desejos e paixões. (...) a Orientação trabalha na escola em favor 
da cidadania, não criando um serviço de orientação (grifo da autora) para 
atender aos excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que 
ocorrem (...) na instituição Escola. (GRINSPUN, 2002, apud SILVA, 2015, p. 
19). 
O que mostra que seu papel vai além dos portões da escola. Ele deve auxiliar 
o trabalho do professor, fazer a ponte entre família e escola, dar apoio para o aluno 
no processo educacional, realizar projetos para atender as necessidades de seus 
alunos, entre outras diversas atribuições que lhe são dadas. 
O orientador educacional tem um papel fundamental na vida do aluno, da 
família e até mesmo dos professores. É ele o responsável pela mediação entre todos 
 
os envolvidos no processo educacional. É um papel desafiador, que foi ganhando, 
com o passar dos anos, suma importância no âmbito escolar. 
Infelizmente, seu papel ainda não está muito bem definido dentro das escolas, 
e ele acaba por realizar as atribuições de outros profissionais. Sua figura muitas vezes 
é confundida com a do psicólogo, coordenador, professor. No final, ele realiza todas 
essas tarefas, mas o seu real papel precisa ser bem desenhado, para que ele consiga 
realizar seu trabalho com excelência e sem sobrecarga. 
Seu trabalho apresenta um olhar voltado para o educando, centrado na 
responsabilidade de formar cidadãos, de fazer valer o caráter democrático da 
educação, ou seja, dar o suporte necessário para o indivíduo atuar no meiosocial, 
fazendo com que desenvolvam senso crítico. 
Auxiliá-los através de uma prática pedagógica que estimule sua participação, 
desenvolvendo sua capacidade de criticar e fundamentar sua crítica, de optar 
e assumir a responsabilidade da execução e da avaliação do trabalho 
pedagógico. ...O orientador trabalha o aluno para o seu desenvolvimento 
pessoal, visando à participação dele na realidade social. (GRISPUN, 2003, 
apud SILVA, 2015, p. 20). 
É uma tarefa que vai se aprimorando com o passar dos anos, se ganha 
experiência no dia a dia. Ele está disposto no espaço escolar para orientar o aluno, 
ajudando a solucionar problemas que vão surgindo durante a caminhada escolar e na 
vida pessoal. É ele quem faz a mediação escola/família, aluno/professor, 
aluno/família, aluno/comunidade, comunidade/aluno família/professor e 
mediações/prevenções ligadas a drogas, violência e sexo, mostrando os caminhos e 
escolhas que o educando pode seguir. Seu papel ultrapassa os muros da escola. 
Atualmente, a sala da orientação educacional é o local que o aluno vai, não só 
para ser orientado sobre seus comportamentos e atitudes, mas para se sentir 
acolhido, ouvir e ser ouvido, entender que ele tem o seu espaço no colégio e no 
mundo. 
Orientador e professor devem caminhar juntos. Ele auxilia o professor a 
compreender o comportamento dos educandos, a lidar com as dificuldades de 
aprendizagem e mediar conflitos entre alunos, professor e comunidade. O orientador 
educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do professor e do diretor. O 
diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida da 
especificidade de sua área do conhecimento; o coordenador fornece condições para 
 
que o docente realize a sua função da maneira mais adequada possível e o orientador 
educacional cuida da formação de seu aluno, para a escola e para a vida. 
 É necessário que os docentes conheçam e reflitam sobre o verdadeiro 
significado da existência da escola e sua função social. Seu trabalho volta-se para a 
constante reflexão crítica da prática pedagógica. A relação é baseada em auxílio e 
troca de informações, onde o professor relata o que acontece, diariamente dentro da 
sala de aula, e o orientador utiliza a informação para agir na vida do educando. Na 
maioria das vezes o comportamento que o aluno tem dentro de sala de aula é reflexo 
do que acontece dentro de casa, e que nem sempre ele se sente a vontade para contar 
a seus professores, enviam apenas sinais, ele capta e transfere para o orientador. É 
preciso ressaltar que na promoção das reflexões e discussões, o Orientador 
Educacional deve conhecer a ciência da educação incluindo as teorias da 
aprendizagem, as psicológicas, as ciências sociais, ou seja, possuir competência 
técnica. 
Outros conhecimentos devem fundamentar a prática do orientador 
educacional, tais como a: Psicologia, Sociologia, História da Educação e 
História do Brasil (até nossos dias), além de outros, oriundos da Antropologia, 
Ciências Políticas, Metodologia e Pesquisa em uma abordagem qualitativa 
(ASSIS, 1994, apud SILVA, 2015, p. 21). 
No que tange à ação com a família e comunidade, o trabalho volta-se para 
incluir e mostrar a importância que possuem na organização e desenvolvimento da 
instituição. Promovendo ações que incentive pais e comunidade a participarem da 
rotina escolar, que possam levar seus anseios e sintam que sua opinião é válida e 
importante. Devem construir uma relação de confiança, onde pais e comunidade 
estejam sempre informados do que acontece no âmbito escolar e participem 
ativamente da vida de seus filhos. Isso é muito importante para que esses pais tenham 
sentimento de pertença e colaborem com o processo educativo. Esse é um dos 
desafios do Orientador, levar pais e comunidade para dentro das escolas, um espaço 
coletivo onde as decisões podem ser compartilhadas (GRISPUN, 2003). 
 É um profissional muito solícito, contribui para a sociedade de maneira 
esplendida, é parceiro da educação e faz total diferença na instituição. Possui papel 
essencial na desenvoltura e na vida do aluno. É um papel com muitos desafios, que 
foi ganhando, com o passar dos anos, suma importância no âmbito escolar. 
 
Segundo Giacaglia e Penteado (2010), “é um profissional técnico, da área de 
educação, que exerce uma profissão de apoio a pessoas e, portanto, de natureza 
assistencial.” Ainda segundo essas autoras o trabalho desses profissionais se orienta 
principalmente para o “bem estar e felicidade” dos alunos. É necessário compreender 
o educando de forma integral, e não apenas como um sujeito a ser ajustado e 
ensinado. 
A necessidade da Orientação Educacional no Brasil surge também de acordo 
com as necessidades do mercado de trabalho, uma vez que a educação seria a 
responsável pelo desenvolvimento do país. Ela surge na década de 20, junto com um 
movimento em prol da educação do povo, onde o Governo estava preocupado em dar 
educação para todos, visando à ascensão social. Tudo isso na tentativa de amenizar 
a crise social e política vivida na época. 
A orientação vocacional se empenha em auxiliar pessoas a tomar decisões no 
âmbito do trabalho, atendendo a pessoas em processos de escolha de carreira, o que 
ajudaria a melhorar o quadro histórico em que se encontrava o Brasil. Em 1924 temos 
o primeiro Serviço de Orientação voltado para a escolha profissional, para alunos do 
curso de mecânica, criado pelo engenheiro Suíço Roberto Manage junto com 
Lourenço Filho. 
Em 1931, Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de Orientação 
Profissional no Brasil, mas que foi extinto em 1935. Com Getúlio Vargas no poder 
(década de 30) é implantado um novo processo de mudanças políticas, sociais e 
econômicas com o objetivo de favorecer a modernização do estado. 
Vargas desenvolveu uma política voltada para várias classes sociais, causando 
grande mudança no âmbito educacional. Visava qualificar trabalhadores para a 
crescente industrialização. Com isso, pessoas deixavam a vida rural e vinham tentar 
melhores condições nas cidades. 
Art. 129: À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à 
educação em instituições particulares, é dever da Nação, dos Estados e dos 
Municípios assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em 
todos os seus graus, e a possibilidade de receber uma educação adequada 
às suas faculdades, aptidões e tendências vocacionais. O ensino pré - 
vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas é em 
matéria de educação o primeiro dever do Estado... (Constituição Federal 
Brasileira de 1937, apud SILVA, 2015, p. 22). 
 
É nítido que a educação era elitista, onde o ensino principal era o ensino privado 
e as famílias que não tinham condições para colocarem seus filhos em escolas 
privadas, o governo assumiria e iriam para escolas públicas. 
Para Romanelli (1986), durante a ditadura do governo Vargas, se instituiu 
oficialmente a discriminação social através da escola. No seu artigo 129 promulgou 
que: O ensino pré-vocacional e profissional é destinado às classes menos favorecidas. 
Com isso, estaria orientando a escolha da demanda social da educação fazendo com 
que o movimento renovador se calasse, pois modificava fundamentalmente o dever 
do Estado e limitava-lhe a ação quanto à educação. 
A primeira lei que mencionou a Orientação Educacional no país foi o Decreto – 
Lei nº 4073, de 30 de janeiro de 1941 (Lei Orgânica do Ensino Industrial), formulada 
por Gustavo Capanema – ministro da Educação e Saúde Pública, que traz, em seu 
capítulo XII, a seguinte redação: 
Art. 50. Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a 
orientação educacional, que busque, mediante a aplicação de processos 
pedagógicos adequados, e em face da personalidade de cada aluno, e de 
seus problemas, não só a necessária correção e encaminhamento, mas ainda 
a elevação das qualidades morais. Art. 51. Incumbetambém à orientação 
educacional, nas escolas industriais e escolas técnicas, promover, com o 
auxílio da direção escolar, a organização e o desenvolvimento, entre os 
alunos, de instituições escolares, tais como as cooperativas, as revistas e 
jornais, os clubes ou grêmios, criando, na vida dessas instituições, num 
regime de autonomia, as condições favoráveis à educação social dos 
escolares. Art. 52. Cabe ainda à orientação educacional velar no sentido de 
que o estudo e o descanso dos alunos decorram em termos da maior 
conveniência pedagógica. (Lei Orgânica do Ensino Industrial, 1941, apud 
SILVA, 2015, p. 23). 
Sua função era descobrir habilidades particulares de cada educando e 
desvendar as aptidões naturais do indivíduo. Aqui seu referencial era baseado 
praticamente em bases psicológicas, ele realizava diagnósticos baseados na 
psicologia aplicada e indicava as profissões adequadas a cada orientando (SPARTA, 
2003). 
 Em 1942 as Leis Orgânicas de Ensino tornam obrigatória a presença do 
Orientador Educacional nas escolas secundárias (somente para escola industrial ou 
escola técnica, provavelmente por conta de suas origens profissionalizantes). 
Em 1958, por meio da Portaria de nº 105 do MEC o exercício da função do 
orientador educacional no ensino secundário foi regulamentado. Mas o primeiro 
registro oficial de um Orientador foi dado pelo MEC apenas em 1960. Em 1961, a Lei 
 
nº 4024/61 (LDB) a orientação, antes introduzida somente no ensino secundário, 
passou a atender também o ensino primário. Nesta, a orientação tem um novo 
enfoque, suas atribuições voltam-se para todos os alunos e não mais somente para 
os alunos problemas. Nesse contexto na LDB de 1961, o Orientador ganha status de 
Orientador Educativo (OE) e Vocacional, tornando seu trabalho mais minucioso e 
desenvolvido para todos os alunos, não mais voltado apenas para os “alunos-
problema”. 
A LDB de 1971 trouxe a obrigatoriedade do orientador nas escolas de 1º e 2º 
grau, sejam públicas ou particulares. No Capítulo I, no décimo artigo temos: “Será 
instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento 
vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. 
Em 1973 é criado o Decreto – Lei n° 72.846 de 26/06/1973, que regulamentou 
as atribuições do Orientador Educacional em âmbito nacional, e até os dias de hoje a 
atuação desses profissionais estão baseadas nesse documento. O legislador 
estabeleceu atribuições privativas, nas quais o Orientador deve coordenar e participar, 
atuando em cooperação com os demais membros da escola. Dentre todas as 
atribuições, que auxiliam na orientação para um trabalho prático, destaco algumas 
atribuições previstas nos Artigos 8º e 9º: 
Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e 
coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação 
Educacional em nível de: 1- Escola; 2- Comunidade; c) Coordenar a 
orientação vocacional do educando, incorporando- o ao processo educativo 
global; d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e 
habilidades do educando; h) Coordenar o acompanhamento pós- escolar; j) 
Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. Art. 9º Compete, 
ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: c) Participar no 
processo de elaboração do currículo pleno da escola; e) Participar do 
processo de avaliação e recuperação dos alunos; g) Participar do processo 
de integração escola- família- comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas 
na área de da Orientação Educacional. (Lei n° 72.846 de 26/06/1973, apud 
SILVA, 2015, p. 24). 
A década de 80 traz uma série de fatores que mostra uma busca de identidade 
para o orientador. Apesar dos avanços legais e continuidade da movimentação da 
classe, o trabalho efetivo não acontecia, o que desvalorizava o trabalho desse 
profissional. 
Isso se dá por vários fatores, um deles é o não cumprimento da lei 5692/71 que 
previa a obrigatoriedade do Orientador Educacional nas escolas. Um dos motivos do 
 
não cumprimento da lei era a situação econômica que o país enfrentava. Havia muitas 
escolas públicas e a folha de pagamento público representava uma enorme fatia do 
orçamento público, onde a figura do Orientador ficava fora das prioridades de 
contratação. 
A falta de esclarecimento e delineamento do papel do orientador nas escolas e 
na comunidade e a falta de estrutura para os estudantes de Pedagogia também foram 
pontos marcantes para a desvalorização do Orientador Educacional. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 (1996) em seu 
artigo 64 diz que: “A formação dos profissionais da educação para a administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação 
básica, será feito em cursos de graduação, em Pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum 
nacional”. 
A LDB (1996) deixa de se referir claramente à obrigatoriedade do profissional 
nas escolas. Explicitando como deve ser a sua formação, não trazendo suas 
atribuições, destacando apenas que para atuar na área de Orientação, é preciso ter 
graduação em Pedagogia aliada a uma pós-graduação em Orientação Educacional, o 
que foi um ganho para o curso de Pedagogia, pois na lei anterior a esta, a profissão 
do Orientador não exigia um curso de licenciatura específico, o que fazia com o que 
os Orientadores Educacionais pudessem ser professores de outras licenciaturas que 
não dispõe de base comum para atuar na área. 
Com a não obrigatoriedade deste profissional dentro das escolas a profissão 
foi perdendo força. Além de todos esses fatores legais, é nítido que a educação 
sempre serviu mais a política do que à sociedade, visto que essas decisões foram 
tomadas devido a crises econômicas. 
4.1 O Orientador Educacional. 
Segundo Grinspun (2003), o trabalho realizado pela Orientação Educacional se 
divide em seis momentos distintos, datados e caracterizados. 
 Período implementador – 1920 a 1941, onde o orientador começa aparecer no 
cenário educacional brasileiro timidamente associado à orientação profissional. Tendo 
como foco os trabalhos de seleções e escolhas profissionais. 
 
Período institucional – 1942 a 1960, considerado como o período que está 
subdividido em funcional e instrumental, é onde ocorre toda a exigência legal da 
orientação nas escolas, que, por meio do esforço do Ministério da Educação e Cultura 
buscou dinamizá-la, efetivar os cursos que cuidavam da formação dos Orientadores 
Educacionais. 
 Período Transformador – 1961 a 1970 que traz consigo uma Orientação 
Educacional caracterizada como educativa, começam a aparecer em eventos da 
classe, em congressos, e ganha espaço nesse período as questões psicológicas. 
Tendo em seu bojo, um fazer de orientação, de fora para dentro, a partir da dinâmica 
do grupo e das atividades que fomentava conflitos dentro da escola. 
Período Disciplinador – 1971 a 1980, onde a orientação estava sujeita à 
obrigatoriedade da lei 5692/71 que determina, inclusive, o aconselhamento 
vocacional, ou seja, de vocação. Ao mesmo tempo, a Orientação deveria trabalhar 
com o currículo da escola, levando os seus orientadores a questionar a sua pratica 
pedagógica. Nesse cenário, as diretrizes indicavam para uma visão sociológica e 
coletiva, ao contrario, os profissionais enquadravam-se em uma visão psicológica. 
Grinspun (2003, p. 19), pondera que é nesse período que "desloca-se a análise da 
escola, das relações internas desta instituição e da dinâmica do processo de ensino 
aprendizado, para compreender o que se passava no eixo social [...]." para então 
questionar o fazer diário dos serviços de responsabilidade da escola. 
Período Questionador - década de 80. Como o próprio nome já indica é neste 
período que mais se questiona a Orientação Educacional, tanto em termos de 
formação de seus profissionais,quanto da prática realizada, pois, o cenário dos anos 
80 trouxe grandes modificações que refletiu na educação e logo na forma de fazer 
orientação. Isso levou a ser caracterizado como período onde se realizou muitos 
cursos de capacitação voltados para os profissionais. Contudo, inicia–se o momento 
onde o orientador educacional se viu na necessidade de: 
"[...] participar do planejamento- não como benesse da orientação, mas sim 
como um protagonista do processo educacional procurando discutir objetivos, 
procedimentos, estratégias e critérios de avaliação [...]," com isso, trazer a 
realidade social do aluno para dentro das ações da escola. De forma a pode 
refletir a ação do aluno, baseado na relação escola e meio externo 
(sociedade). (GRINSPUN, 2003, apud TRINDADE, 2011, p. 9). 
 
Período Orientador – a partir de 1990, assim denominado este período, por 
acreditar que, principalmente a partir de 1990, temos a "orientação" da Orientação 
Educacional pretendida. Também caracterizada como uma prática a ser construída 
cotidianamente. E ainda, cogita-se no sentido de saber se esse profissional subsistirá. 
Atualmente o trabalho desenvolvido pela Orientação Educacional engloba o 
trabalho diretamente com os alunos, seu compromisso é com a formação permanente 
dos educandos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções, sentimentos e suas 
relações pessoais, sociais e escolares. 
4.2 O papel do orientador educacional. 
O papel do Orientador Educacional (OE) na escola é muito amplo, sendo muito 
importante em todo o processo educacional, pois busca sempre a formação integral 
do estudante e trabalha com toda a comunidade escolar. 
A Orientação Educacional (OE) é um processo organizado e permanente que 
existe na escola. Ela busca a formação integral dos educandos (este 
processo é apreciado em todos seus aspectos, tido como capaz de 
aperfeiçoamento e realização), através de conhecimentos científicos e 
métodos técnicos. A Orientação Educacional é um sistema em que se dá 
através da relação de ajuda entre Orientador, aluno e demais segmentos da 
escola; resultado de uma relação entre pessoas, realizada de maneira 
organizada que acaba por despertar no educando oportunidades para 
amadurecer, fazer escolhas, se auto conhecer e assumir responsabilidades 
(MARTINS, 1984, apud BUGONE, 2016, p. 2). 
O trabalho de Orientação Educacional, ao longo dos tempos, passou por 
diversas etapas e transformação para se adaptar as mudanças e necessidades da 
sociedade. Atualmente, é importante que para desenvolver suas atividades de 
trabalho, o OE procura conhecer a realidade na qual está inserida a escola e 
principalmente a realidade dos estudantes, levando em conta suas características e 
vivências. Isso se torna fundamental, pois influencia no processo de ensino e 
aprendizagem, que antes acontecia somente na escola, e agora passou a abranger 
diversos outros campos, como na família, no trabalho, na sociedade, nos meios de 
comunicação, etc. 
O OE está sendo cada vez mais requisitado no contexto escolar, mediante os 
problemas que as escolas têm enfrentado como indisciplina, conflitos familiares, 
auxílio aos professores para lidar com educandos/famílias/dificuldades na 
 
aprendizagem e para auxiliar a dar conta das funções que a escola tem assumido na 
atualidade. O mesmo precisa trabalhar buscando o desenvolvimento integral do 
estudante, sendo o mediador entre os professores, funcionários, estudantes e 
sociedade, promovendo uma melhor convivência dentro e fora da escola, procurando 
mostrar que a função da escola é ensinar (socialização secundária) e não educar 
(socialização primária), descobrindo novos métodos que possam auxiliar nas 
dificuldades dos estudantes. Diante do exposto, como questionamentos centrais deste 
estudo definimos: quais são os desafios do OE no meio escolar? Como ele pode 
enfrentar tais desafios? 
A escola vem vivenciando uma nova realidade e enfrentando diversos desafios, 
é preciso pensar e repensar nas formas de aprendizagem, sempre buscando meios 
necessários para que se possa cumprir sua função de ensinar, promovendo a 
tematização de conhecimentos básicos para formar cidadãos, lançando mão de 
práticas pedagógicas ancoradas em princípios como a autonomia, a responsabilidade, 
a solidariedade, o respeito e a ética. O OE precisa estar comprometido com a 
construção do sujeito\estudante na formação de suas ações de cidadania. 
A busca não se dá apenas no processo de adquirir informações, mas como se 
dá a formação desse sujeito. Pensar a Orientação Educacional hoje, não é se 
preocupar exclusivamente com os “alunos problemas”. Ela tenta contribuir, na solução 
dos problemas enfrentados pelos estudantes, mas, além disso, de toda a comunidade 
escolar, numa perspectiva de melhor compreensão do sujeito e de suas relações 
dentro e fora da escola. O desafio maior do sistema educacional é o de oferecer um 
ensino de qualidade, em que a formação do estudante ocorra em termos de formação 
do cidadão participativo, crítico, emancipado, consciente de seu papel na sociedade. 
Neste contexto, é importante mostrar e refletir sobre o papel do OE, pois este precisa 
ter compromisso em relação aos valores, atitudes, emoções e sentimentos, devendo 
ter claro que cada sujeito é um ser único e pela sua individualidade cada um é especial 
merecendo além de respeito, muitas vezes carinho e afeto. 
Esse fato merece atenção, pois grande parte dos aprendizados acontecem na 
decorrência de interação e relação com as pessoas que estão presentes no nosso dia 
a dia. É significativo ressaltar também a relação e o comprometimento que o OE deve 
manter com os professores, pais, direção, coordenação, funcionários e comunidade 
escolar como um todo, pois como faz parte da equipe pedagógica da escola, suas 
 
responsabilidades são muitas, precisa mediar, planejar, coordenar, avaliar e 
assessorar. Apesar de ser um profissional de extrema importância no âmbito escolar, 
ainda existem muitas escolas ou instituições educacionais que não possuem 
orientadores. Isso faz com que outros profissionais da escola, muitas vezes não 
capacitados e acumulando funções, acabam tentando desenvolver esse trabalho, 
porém, apesar dos possíveis esforços, geralmente não é desenvolvido de forma tão 
qualificado como poderia pelo profissional especializado. A educação escolar não 
pode se constituir num processo linear, mas precisa ser uma busca a partir da 
compreensão da realidade, refletindo sobre a integração do sujeito ao meio escolar e 
ao meio que vive. 
Então, considerando a importância e a real função do OE na orientação do 
processo educativo escolar, busca-se compreender a função deste especialista em 
educação no cotidiano escolar. Nesse sentido, investigar quais são os desafios e 
atribuições impostas ao OE no meio escolar, aprofundar conhecimentos sobre a 
função da Orientação Educacional, suas atribuições tanto na equipe gestora, quanto 
em contato com os estudantes, famílias e sociedade torna-se premissa básica quando 
se intenciona refletir acerca dos problemas que muitas vezes impedem que o 
professor desenvolva uma educação escolar de qualidade. 
5 INSPEÇÃO ESCOLAR. 
A inspeção escolar é uma das funções compreendidas no artigo 64 da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9394/96, que define as 
carreiras para a atuação em administração, planejamento, inspeção, supervisão e 
orientação educacional na Educação Básica, no Brasil. Constitui-se ainda, em uma 
das categorias de trabalhadores que devem ser considerados como os profissionais 
da Educação Básica, no país, segundo a lei nº 12.014 de 6 de agosto de 2009, que 
alterou o artigo 61 da LDB. O novo artigo 61 define estes profissionais como 
trabalhadores em educação, entre eles, os Inspetores Escolares - “Art. 61. 
Consideram-se profissionais da educação básica os que, nela estando em efetivo 
exercício, e tendo sido formados em cursosreconhecidos são: Inciso II - trabalhadores 
em educação, portadores de diploma em pedagogia, com habilitação em 
 
administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem 
como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas”. 
A Inspeção Escolar - entendida aqui como uma instituição social, portanto 
produzida historicamente e composta por um sistema de regras - atravessa e é 
atravessada pelas relações de poder que circulam no cenário educacional. Alguns 
autores, como Meneses (1977) defendem que “a inspeção sempre existiu e não 
constitui novidade nem nas empresas e nem nas atividades sociais”. 
Essa visão naturalizada da Inspeção neutraliza a possibilidade de pensar 
outras possibilidades de práticas, principalmente educacionais, além de 
desconsiderar a historicidade das produções sociais e, principalmente, impede que a 
função seja questionada. Afinal, a escola nem sempre existiu, as hierarquias também 
não, assim como os sistemas educacionais, a legislação e, consequentemente, a 
Inspeção. Em vez de tentar achar uma definição em relação a essa função e a esse 
profissional, por que não pensar sobre os modos que garantiram o seu surgimento, a 
sua produção e, enfim, a sua institucionalização? As contribuições da Análise 
Institucional - na perspectiva dos franceses1 - nos ajudam a refletir sobre o status de 
naturalidade das instituições educacionais e questioná-las, servindo como 
possibilidade de alternativa às cristalizações do campo educacional. 
A ideia de “instituição” passou a ser usada com ênfases muito diferentes, 
sendo possível identificar três momentos: num primeiro momento as 
instituições são pensadas como estabelecimentos de cuidados, ou seja, a 
serviço da ação terapêutica; num segundo momento as instituições passam 
a ser entendidas como dispositivos que estariam instalados no interior dos 
estabelecimentos; e num terceiro momento, a instituição passa a ser 
entendida não mais como algo localizável, mas como a “forma” de produzir e 
reproduzir as relações sociais ou a “forma geral” dessas relações que se 
instrumentalizarão nos estabelecimentos ou nos dispositivos (RODRIGUES, 
1987, apud PEREIRA, 2012, p. 15). 
Lapassade (1977) ao propor uma pedagogia institucional, isto é, um novo modo 
de funcionamento em que “a criança torna-se o centro de decisão, ou melhor, o grupo 
assume a sua própria direção e caminha para a sua própria autogestão” 
(LAPASSADE, 1977, p.212), faz uma análise da pedagogia-burocrática, um fenômeno 
que, na pedagogia tradicional, é bastante visível. Enquanto que na pedagogia 
institucional defende-se a ideia de que as estruturas podem ser alteradas, na 
pedagogia tradicional, não pode haver questionamentos em relação ao seu modo de 
funcionamento, e por isso, conta com uma organização hierárquica. 
 
A burocracia pedagógica funciona num sistema em que as decisões 
fundamentais (programas e nomeações) são tomadas pela “cúpula da burocracia 
pedagógica” e são transmitidas e executadas através dos vários graus da hierarquia. 
Várias regras são definidas pela burocracia resultando em estatutos, obrigações, 
condições de ingresso na profissão pedagógica, definindo um sistema de controle e 
acaba sendo vista como uma fonte de julgamentos e sanções. Segundo Lapassade: 
[...] o “universo burocrático” exprime-se ao nível do “vivido”, e pertence, por 
esse fato, ao campo da análise psicológica (ansiedade dos professores, por 
exemplo, quando das “visitas” do Inspetor, encarado antes como um 
controlador e como um juiz do que como um conselheiro pedagógico 
(LAPASSADE, 1977, apud PEREIRA, 2012, p. 16)). 
Esse exemplo, entendido pelo autor como pertencendo ao campo da análise 
psicológica, é o que se reflete nas práticas das relações que foram sendo 
estabelecidas historicamente entre a Inspeção Escolar e os demais profissionais da 
educação. A produção de uma relação hierarquizada, autoritária, fragmentada e 
cristalizada. Contudo, algumas escolas institucionalistas nos ajudam a entender que 
não há; 
[...] uma separação radical entre vida econômica, vida política, vida do desejo 
inconsciente, vida biológica e natural; o que existem são imanências – isto é, 
a coextensão, a condição intrínseca de cada um destes campos em relação 
aos outros, que só podem se separar de uma maneira artificial para a 
finalidade de seu estudo (BAREMBLITT, 1992, apud PEREIRA, 2012, p. 16). 
Assim, segundo o autor, ao invés de uma separação radical, podemos 
conceber a vida social como uma rede, em que é possível distinguir o “molar” (o 
macro, o lugar da conservação, da ordem, da regularidade, das leis, do visível, da 
reprodução) e o “molecular” (o micro, o lugar da produção, do impensável, do novo, 
do imprevisível). Em outras palavras, movimentos intensos ente o instituído (o que 
está posto, o que procura conter as transformações, controlar) e o instituinte (dinâmica 
de transformação). 
Pode-se considerar, para a análise deste estudo, que a Inspeção Escolar está 
marcada por processos burocráticos, portanto, inserida no num contexto molar, 
fazendo parte de uma rede de relações de produções e reproduções que afirmam um 
modo de funcionamento que induz a efeitos de submissão dos sujeitos. 
 
As condições que levaram às várias mudanças na organização da Inspeção 
Escolar não se deram simplesmente porque o Estado, o poder, a legislação e as 
regulamentações assim decretaram. Mas justamente porque mudanças moleculares 
foram acontecendo e se conectando na vida social. Isto é, os direcionamentos que 
levaram à institucionalização da Inspeção Escolar, são o resultado das mudanças que 
surgiram na sociedade, como um dispositivo para contê-las ou configurá-las. 
Em meio a tantas mudanças no tecido social, em relação à Inspeção Escolar é 
possível distinguir, de um modo geral, três períodos de “evolução”, conforme o 
dicionário de Pedagogia LABOR (MENESES, 1977) aponta: período confessional, 
período de transição e período técnico-pedagógico. 
O período confessional teve como principal característica a influência 
religiosa. A escola paroquial era a única existente no período anterior ao 
século XII, em que o bispo da diocese era o responsável pela Inspeção. Com 
o aumento do número de escolas, a função de inspecionar a educação foi 
designada aos “cantores de cabido”. Posteriormente a função foi oficializada 
e agora ao “mestre-escola” ou “escolástico”, era atribuída à tarefa de 
“elaborar planos de estudos, designar e demitir professores e, em nome do 
bispo, conceder o direito de ensinar” (MENESES, 1977, apud PEREIRA, 
2012, p. 17). 
Embora com outros nomes, a figura do Inspetor Escolar já estava sendo 
produzida, tendo como pano de fundo o controle exercido pela religião através da 
educação, haja vista que o direito de ensinar era concedido pelo bispo. Com as 
mudanças ocorridas a partir do século XIII devido ao enfraquecimento da influência 
religiosa e ao desenvolvimento da indústria e do comércio, temos o período 
denominado de transição. Com o desenvolvimento das administrações municipais as 
escolas seculares começaram a surgir e a responsabilidade pela inspeção foi sendo 
lentamente transferida da diocese para o poder civil. Durante este período de 
transição (por volta do século XVI) o profissional “Inspetor Escolar Público” começa a 
aparecer (MENESES, 1977). 
Após Revolução Francesa temos o período técnico-pedagógico, em que é 
atribuída ao Estado a responsabilidade pela inspeção. O caráter fiscalizador delineia 
a atuação do Inspetor, devido à ideia de uma organização escolar, defendida por 
vários pensadores como Pestalozzi, baseada num sistema de controle. Meneses 
(1977) destaca que o modelo francês dessa perspectiva de Inspeção Escolar, que 
apavorava os professores, serviu de modelo para vários sistemas educacionais. A 
 
Inspeção Escolar na maioria dos países passa, então, a ser personificada pela figura 
do Inspetor, um funcionário público,desenvolvendo uma fiscalização pautada na 
técnica e na burocracia. 
No caso do Brasil, pode-se considerar a partir da contribuição de vários 
pesquisadores (MENESES, 1977; LIMA, 1978; NOGUEIRA, 1989; ALARCÃO, 2002; 
SAVIANI, 2006; FERREIRA, 2006; BARBOSA, 2008), que a inspeção escolar já 
estava presente nas práticas educativas mais remotas, embora ainda que não 
regulamentada como profissão. O modelo de sistema feudal que foi implantado 
durante a colonização trazia consigo a ideia de controle, delineando o processo 
educacional que se iniciava no Brasil no período do século XVI. 
Mas afinal, o que é a Inspeção Escolar? Seria possível ou necessário defini-la? 
Essas questões tornam-se “desgastantes”, pois falar sobre a Inspeção Escolar no 
Brasil não é tarefa fácil, devido à escassez de material sobre o tema. As críticas em 
relação à função de inspeção têm sido constantes no âmbito acadêmico, sugerindo 
inclusive, sua eliminação na organização escolar. Entretanto, sua prática permanece 
mais viva do que nunca no contexto educacional. 
Meneses (1977) situa em seu trabalho que a palavra inspeção vem do latim 
“inspectio”, “onis”, e significa “ação de olhar; exame, verificação”. Portanto, de acordo 
com este autor, no sentido de ação: 
“[...] inspeção é acercar-se de alguma coisa ou alguém para compreender, 
controlar, cuidar, examinar, fiscalizar, guardar, observar, olhar, revistar, 
superintender, supervisar, ver, verificar, vigiar, vistoriar” (MENESES, 1977, 
apud PEREIRA, 2012, p. 17). 
Esta visão foi fortemente influenciada pelas teorias da Administração, em que 
uma função, que é propriamente de fiscalização, é exercida pela própria administração 
através de uma inspeção interna, ou seja, vigilância por parte das autoridades da 
empresa sobre os trabalhadores; e por parte de um organismo estranho – quase 
sempre o Estado, para verificar se as leis estão sendo cumpridas. 
Nesse sentido, a inspeção, no contexto educacional, não diferiria do sentido em 
que é executada nas empresas. A expressão “Inspeção Escolar” não estaria ligada 
somente à vigilância e ao controle, mas também à orientação da ação, conforme 
aponta o “Dicionário de Pedagogia LABOR”, de 1936 (MENESES, 1977). Ou seja, no 
entendimento de Meneses a Inspeção Escolar tem como objetivo observar, orientar e 
 
examinar as unidades que compõem os sistemas de ensino para o seu 
desenvolvimento. 
Vejamos uma definição do Petit Dictionnarie Portatif de Pédagogie Pratique, 
que embora seja de 1962, se mostra bastante atual em relação às práticas que vendo 
sendo desenvolvidas pelo Inspetor Escolar: 
Condenado por esse nome lacônico e pouco amável, o inspetor 
departamental do ensino é o funcionário mais difícil de ser classificado. É 
professor quando se ocupa da Escola Normal, preocupando-se com a 
formação dos futuros mestres; é administrador assoberbado pelo excesso de 
leis, num dilema constante entre conhecê-las todas e por elas não se deixar 
dominar; é o examinador que outorga os certificados de estudos; é o 
conselheiro pedagógico, que gostaria de dar a sua orientação aos 
professores a respeito das melhores técnicas de ensino e que dariam bons 
resultados mesmo nas piores classes; é o conferencista que procura 
persuadir os professores de que eles são intelectuais em perigo pelo contato 
permanente com crianças e em isolamento cultural; é o animador das 
atividades peri e pós-escolares, bibliotecário. (MENESES, 1977, apud 
PEREIRA, 2012, p. 18). 
A atualidade desta definição é perceptível nas várias responsabilidades que 
são atribuídas ao Inspetor Escolar, visto e entendido, como o profissional da educação 
comprometido com a garantia de direitos e deveres. Quando possível, preocupa-se 
com a questão pedagógica, pois também tem responsabilidades no que diz respeito 
à “qualidade” da educação. Uma leitura atenta das legislações aprovadas no sistema 
escolar brasileiro em relação à Inspeção Escolar nos permite perceber uma relação 
direta com o contexto das políticas educacionais que iam se desenvolvendo em 
atendimento, principalmente, às exigências internacionais. 
 
6 INSPEÇÃO X SUPERVISÃO. 
 
Fonte: educacional.com.br 
Segundo Pereira & Santos (1981) a ideia de supervisão surgiu durante o 
período de industrialização, como uma estratégia para a melhoria da produção e 
posteriormente foi introduzida no contexto educacional estadunidense, com o objetivo 
de melhorar o desempenho das escolas. 
Meneses (1977) aponta que o “termo Inspeção Escolar não aparece na 
bibliografia americana”, mas o termo “Supervisão”, para tratar de questões que se 
referem ao controle de unidades escolares, ou seja, atividades típicas de Inspeção. 
A Supervisão emergiu das atividades da Inspeção e no cenário educacional 
dos Estados Unidos, passou por quatro etapas: tarefa de vigilância; tarefa de 
orientação e aconselhamento; liderança democrática; e trabalho de análise e 
melhoria de sistemas (LEMUS, apud PEREIRA, SANTOS, 1981). 
No Brasil, a ideia de supervisão começou a se difundir no âmbito educacional 
na década de 30. 
Saviani (2002) aponta que com a Reforma pernambucana de 1928, inicia-se 
uma “remodelação do aparelho organizacional”, no sentido de separar os setores 
técnicos pedagógicos dos setores administrativos. Assim, exige-se a criação de 
órgãos específicos para cuidarem da parte técnica (pedagógica) e órgãos específicos 
para cuidarem da parte administrativa. Para o autor, essa divisão permitiu o 
surgimento do Supervisor, responsável pela parte pedagógica, enquanto que ao 
 
Diretor cabia a parte administrativa. Caminhando nessa perspectiva, a Reforma 
Campos, através do Decreto-Lei nº 19.890/31 propunha uma inspeção: 
[...] de forma bem diferente da que vinha ocorrendo até então, uma vez que 
se tornara formal, mera fiscalização, surgindo a necessidade de uma ação 
supervisora que, sem deixar de zelar pelos aspectos legais, estivesse voltada 
para a dinamização do sistema de ensino, na busca de sua melhoria e de 
maior produtividade no campo pedagógico (PEREIRA, 1981, apud PEREIRA, 
2012, p. 22). 
Nesse sentido, o papel do Supervisor seria uma reconfiguração do papel do 
Inspetor, privilegiando o aspecto pedagógico, pois: 
[...] é quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel 
predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência 
técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições, que 
esse profissional passa a ser chamado de supervisor (SAVIANI, 2002, apud 
PEREIRA, 2012, p. 22). 
A aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4024/61, 
segundo Saviani (2002), foi o reflexo das mudanças que ocorreram a partir da 
Reforma Francisco Campos (1931) e da Reforma Capanema (1942), no sentido de 
estruturar e reestruturar o ensino brasileiro. A partir do Decreto nº 19.851/31, coube 
às Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, formar os professores do ensino 
secundário. Criou-se então o curso de Pedagogia que pretendia formar os professores 
das disciplinas do Curso Normal e os “técnicos da educação”, a saber: 
A categoria ‘técnicos da educação tinha, aí, um sentido genérico. Em 
verdade, os cursos de Pedagogia formavam pedagogos, e estes eram os 
técnicos ou especialistas em educação. O significado de ‘técnico da 
educação’ coincidia, então, com o ‘pedagogo generalista’ (SAVIANI, 2002, 
apud PEREIRA, 2012, p. 22). 
Durante o período da ditadura militar, novas reformas no ensino foram 
realizadas para atender à conjuntura que se estabelecia. Acompanhando o ideário da 
Teoria Taylorista de administração, em que “o controle é feito com o propósito de 
diminuir os tempos e movimentos a fim de reduzir os gastos e aumentar o ritmo de 
trabalho, consequentemente a produtividade” (BARBOSA, 2008, p. 15), as reformas 
educacionais que foram ocorrendo nesse período eram fortemente voltadas para o 
tecnicismo, fortalecendo a burocratização do ensino. 
Segundo Aranha (1996) a tendência tecnicista,

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