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DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Profª. Me. Valdirene da Rocha Pires CONVERSA INICIAL Olá alunos e alunas! Nesta aula, “Conhecendo os modos de produção pré-capitalistas”, vamos relembrar as principais características dos modos de produção pré-capitalistas e também conhecer os processos produtivos desenvolvidos pela humanidade ao longo de sua história. Serão temas desta aula: 1. Definição de modo de produção 2. Modo de produção primitivo 3. Modo de produção escravista 4. Modo de produção feudal 5. A transição do modo de produção feudal para o capitalismo. Vamos lá? TEMA 1 – DEFINIÇÃO DE MODO DE PRODUÇÃO Para iniciar nossa reflexão sobre modo de produção, vamos antes, pensar em possíveis respostas para a seguinte questão: “Modo de produção, mas produção do quê?” • Bom, o ser humano tem necessidades vitais a serem supridas, correto? Assim como outros animais, o ser humano tem necessidades vitais que precisam ser supridas, como a fome, a sede, a proteção do frio e do calor. • Quando vamos ao supermercado e compramos comida ou quando vamos a uma loja e compramos roupas, estamos adquirindo/consumindo bens. Quando pagamos por uma passagem de ônibus ou de avião, ou quando consultamos um médico, por exemplo, estamos adquirindo um serviço. Uma vez que concordamos que o ser humano tem necessidades a serem supridas, vamos ver que, ao longo da História, a humanidade desenvolveu e aperfeiçoou meios para suprir suas necessidades. A forma como o indivíduo desenvolve e aperfeiçoa a busca por alimentos e outros bens para suprir sua necessidade se apresenta diferente em cada período histórico. Nesse sentido, a ideia de produção diz respeito ao método como “membros da sociedade apropriam-se dos produtos da natureza para as 3 necessidades humanas; a distribuição determina a proporção em que o indivíduo participa dessa produção. [...] a produção dá objetos que correspondem às necessidades [...]. (Marx, 1996). Com o avanço dos modos de produção de alimentos e de objetos consumidos pelo homem, desenvolvem-se também as forças produtivas, em especial no que diz respeito à organização das atividades laborais dos indivíduos de uma sociedade, que por sua vez, também está relacionada com o modo de vida de determinada sociedade. Assim, se refletirmos sobre como são produzidos os bens necessários para nossas necessidades, nos dias atuais, logo pensaremos no modo de produção capitalista, que é adotado no Brasil e na maioria dos países orientais e ocidentais. No entanto, como veremos do decorrer desta aula, o modo de produção capitalista não é o único existente na história da humanidade. Podemos entender, portanto, que modo de produção é a forma como o homem, em sociedade, se organiza para obter bens para o consumo, ou seja, produzir e distribuir os meios necessários à sua subsistência, assim como para manter a reprodução da espécie humana. No próximo tema, veremos quais eram as características do modo de produção primitivo, ou o comunismo primitivo, a primeira forma registrada na história da humanidade de se extrair e produzir alimentos e abrigo. TEMA 2 – MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVA Quando estudamos História, não temos conhecimento de outra espécie do reino animal que tenha desenvolvido o mais rudimentar instrumento, a não ser a espécie humana. No início da civilização humana, (Pré-História)1, nossos ancestrais utilizavam-se de paus e pedras como instrumentos para coletar os frutos que utilizavam como alimentos e também usavam esses objetos para se defender de ataques de outros animais. E essa é uma das principais características do modo de produção primitivo. O surgimento da espécie humana corresponde à época em que a natureza sofre a maior transformação de sua história. Tal transformação é marcada pelo momento em que o homem primitivo passa a produzir seus instrumentos de trabalho, fato que o diferencia e destaca cada vez mais dos 1 Para saber mais sobre o período pré-histórico, pesquisar sobre o Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, e o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida. 4 outros animais. Durante um longo período (centenas de anos), o principal meio de subsistência do homem primitivo era a caça e a coleta de alimentos disponíveis na natureza (plantas, raízes e frutos), tarefas que eram realizadas de forma coletiva. (Gorender; Almeida, 1961) A Figura 1 é uma ilustração que mostra como os ancestrais do homem se organizavam para realizarem suas tarefas, bem como os instrumentos – paus e pedras – utilizados. Figura 1 – Hominids (Australlopithecus africanus) Fonte: Christian Jegou/Latinstock Como já vimos em diversos estudos sobre a história da humanidade, os macacos frequentemente utilizavam-se de paus e/ou pedras para coletar alimentos, ou defender-se de ataques de outros animais. Portanto, a História considera que os primeiros instrumentos a serem descobertos e utilizados por 5 nossos ancestrais foram pedras e paus, os quais foram cada vez mais aperfeiçoados ao longo dos anos. Outra importante conquista para o desenvolvimento da humanidade foi a descoberta do fogo, que trouxe modificações significativas à sua vida material, fazendo com que o ser humano se diferenciasse decisivamente do mundo animal. O indivíduo utilizava o fogo no preparo dos alimentos, na produção de instrumentos e na proteção contra o frio e animais ferozes. Os instrumentos de pedra continuaram sendo utilizados por milhares de anos, no período que ficou conhecido como a Idade da Pedra. Depois dela, seguem a Idade do Cobre, a Idade do Bronze e, por fim, a Idade do Ferro (Gorender; Almeida, 1961). O desenvolvimento de novas ferramentas de trabalho permitiu ao homem primitivo domesticar os animais, iniciando, dessa forma, o que mais tarde chamaremos de pecuária. No entanto, a descoberta da pecuária, de fato, acontece somente após a invenção de dois importantes instrumentos: o arco e a flecha. De acordo com Gorender e Almeida (1961): Marco importante no caminho para o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho ainda na idade da pedra foi a invenção do arco e da flecha, com o aparecimento dos quais a caça passou a fornecer maior quantidade de meios de subsistência. O incremento da caça conduziu ao aparecimento da pecuária primitiva. Os caçadores começaram a domesticar os animais, a começar pelo cão. Mais tarde, de acordo com as peculiaridades das diferentes regiões onde os homens se haviam fixado, foram sendo domesticados cabras, gado vacum, porcos e cavalos. Com a domesticação dos animais, os gados passam a ser utilizados como força de tração (tração animal) na agricultura. Mas foi apenas com o aprimoramento da fundição do metal que apareceram os primeiros instrumentos de metal utilizados na agricultura, o que deu uma base mais sólida ao trabalho agrícola. (Gorender; Almeida, 1961). Já a propriedade “privada” da terra, nas comunidades primitivas, surgiu da necessidade de domínio sobre as forças da natureza, o que não era possível de forma isolada e apenas com o uso de instrumentos rudimentares. Desse modo, o domínio sobre uma fração de terra era feito por grupos de famílias, daí o nome comunitário. Neste sentido, Gorender e Almeida (1961) destacam que: O trabalho do homem primitivo não criava qualquer excedente além do mais indispensável à vida, isto é, não proporcionava um produto suplementar. Em tais condições, na sociedade primitiva não podia haver classes nem exploração do homem pelo homem. A propriedade social existia apenas nos marcos de cada comunidade; estas 6 comunidades eram pequenas e mais ou menos isoladas umas das outras. Como vimos, neste item, a propriedade privada da terra (meios de produção) não existia nas comunidades primitivas, isto só vai ocorrer mais tarde,com a evolução/transformação dos modos de produção. Com a evolução dos meios de produção, ocorrem também as mudanças na forma de organização dos grupos/comunidades. No próximo item, saberemos quais as principais características do modo de produção escravista. TEMA 3 – MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA Com a decadência do modo de produção primitivo, surge o modo de produção escravista. Mas esse novo modo de produção só foi possível porque, em meio ao desenvolvimento das forças produtivas, surge também a propriedade privada. Assim, nas palavras de Gorender e Almeida (1961): O aparecimento da propriedade privada está intimamente ligado à divisão social do trabalho e ao desenvolvimento da troca. Com a passagem à pecuária e à agricultura, surgiu a divisão social do trabalho, isto é, uma divisão do trabalho segundo a qual, a princípio, diferentes comunidades e depois também membros individuais das comunidades passaram a ocupar-se em diferentes tipos de atividade produtiva. Com o aprimoramento das forças produtivas, e o trabalho aplicado na agricultura e na pecuária, o ser humano passa a ter condições de produzir alimentos além do que necessitava para o consumo imediato, o que possibilitou o armazenamento de meios de subsistência. Assim: Surgiu a possibilidade da apropriação do trabalho suplementar e do produto suplementar, isto é, o excedente de trabalho e de produto sobre aquilo que era indispensável para o sustento do próprio trabalhador e sua família. Revelava-se, assim, vantajoso não matar as pessoas aprisionadas em combates, como antes se fazia frequentemente, mas sim, obrigá-las a trabalhar, transformando-as em escravos (Gorender; Almeida, 1961). O aumento da produção em todos os ramos — na pecuária, na agricultura, no artesanato caseiro — tornou a força de trabalho do homem capacitada para produzir uma quantidade de produtos maior do que a necessária à sua subsistência. Ao mesmo tempo, esse aumento fazia crescer a quantidade diária de trabalho que recaía sobre cada membro da “gens”, da comunidade doméstica, ou de famílias isoladas. Dessa forma, a incorporação de novas forças de trabalho 7 tornou-se desejável e as guerras proporcionavam-nas: os prisioneiros passaram a ser transformados em escravos. (Marx; Engels,1955 Apud Gorender; Almeida, 1961). O surgimento da propriedade privada e a exploração do trabalho escravo possibilitaram o acúmulo de bens e, com isso, desenvolve-se uma a diferença/desigualdade, pois aqueles que se apropriavam do excedente do trabalho iam se afastando dos demais membros das comunidades, formando os grupos detentores de poder. No exemplo de Gorender e Almeida (1961): Em tais condições, as pessoas que tinham na comunidade as atribuições dos anciãos, de chefes militares, de sacerdotes, utilizavam- se de suas posições para enriquecer. Tinham sob seu domínio uma parte considerável da propriedade comunitária. Os detentores de tais atribuições distanciavam-se mais e mais da massa dos membros da comunidade, constituindo uma aristocracia gentílica. Com frequência cada vez maior, transmitiam o seu poder por herança. Ao mesmo tempo, as famílias aristocráticas tornavam-se as famílias mais ricas. E a massa dos membros da comunidade, em escala maior ou menor, ia caindo gradualmente na dependência dessa cúpula aristocrática e rica. É importante ressaltar que o trabalho escravo originou uma grande desigualdade entre as comunidades, que antes produziam de forma coletiva. Dessa forma, à medida que os detentores das propriedades comunitárias vão se distanciando das comunidades, surge o primeiro modelo de divisão social em classes e concomitantemente a exploração do homem pelo homem. “Foi assim que surgiu a primeira divisão da sociedade em classes — a divisão em senhores de escravos e escravos. Surgiu a exploração do homem pelo homem, isto é, a apropriação gratuita por umas pessoas do produto do trabalho de outras pessoas” (Gorender; Almeida, 1961). Além da ampliação da produção de bens, como alimentos, ferramentas, vestimenta, e gados domesticados, outro fator que favoreceu o acirramento da desigualdade nesse período foi o incremento da troca. Assim, o que antes era produzido de forma coletiva e passível de usufruto por todos os membros da comunidade para suprimento de suas necessidades, agora era utilizado como moeda para trocar por outros bens. Isso fez com que aqueles grupos que detinham o poder sobre os meios de produção pudessem acumular mais em relação aos que não tinham controle nem sobre seu próprio trabalho. A troca transformou-se em um “fenômeno” e, assim, funciona como “dinheiro”, e o “dinheiro” como mercadoria universal. 8 Graças ao aparecimento do artesanato e da troca, ocorre a formação das cidades. E com esse ofício presente nas cidades, a população se afastava cada vez mais do campo. Iniciou-se, assim, a oposição entre cidade e campo, com o aumento da produção e da troca, o que intensifica a disparidade de bens. Nesse contexto, os ricos concentravam os instrumentos de produção: sementes e gados, além de dinheiro, levando os pobres frequentemente a procurá-los para contrair empréstimos, tanto de ferramentas como de dinheiro em espécie. Quando não conseguiam cumprir com os pagamentos, tornavam-se escravos, e suas terras eram tomadas, surgindo a “usura” (Gorender; Almeida,1961. A centralização das riquezas monetárias, do número de escravos e da propriedade ficaram nas mãos dos “senhores de escravos” e, dessa forma, surgiu o modo de produção escravista, no qual os homens eram divididos entre homens livres e escravos. Os homens livres, “grandes senhores proprietários de terra e grandes senhores de escravos”, os pequenos produtores — camponeses e artesãos — e sacerdotes. O Estado surge com o advento da “propriedade privada”, com o aumento da “divisão social do trabalho”, incremento da “troca”, as distintas “gens” e a união das tribos. Com isso, as instituições gentílicas foram perdendo o caráter popular (Gorender; Almeida, 1961). Portanto, a criação de um Estado, na condição de centralização do poder, nasce da necessidade de proteger a propriedade privada, que, ainda de acordo com Gorender e Almeida (1961), “passavam a usar o seu poder para a defesa dos interesses da cúpula possuidora, para a repressão dos seus próprios parentes arruinados e para o esmagamento dos escravos. A este fim destinavam-se os destacamentos armados, os tribunais e os órgãos repressivos”. A análise dos autores nos mostra que a criação do Poder Estatal, teve como objetivo a manutenção do sistema de exploração entre homens “livres e escravos”. Nesse período, o modo de produção escravista elevou amplamente as forças produtivas em comparação ao regime comunitário primitivo. Havia um grande número de escravos nas mãos do Estado, os quais testemunharam as mais famosas construções erguidas na Antiguidade: TEMA 4 – MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL O modo de produção feudal marca o período histórico que chamamos de Idade Medieval, que teve início na Europa, no século V e permaneceu até meados do século XVI. Na sociedade feudal, havia três tipos de grupos sociais, 9 os senhores feudais (donos das terras), os servos (trabalhadores) e o Clero (representantes da Igreja) Figura 2 — Pirâmide que representa a estrutura da sociedade na Idade Média Segundo Betto (1986), nessa sociedade: Os servos não eram como os escravos: eram donos de suas vidas e trabalhavam a terra para si. Eram obrigados, porém, a entregar ao senhor feudal uma parte do que produziam; e durante três dias por semana trabalhavam de graça as terras do senhor. Cuidavam ainda conservação de estradas, de pontes de castelos. Nesse tipo de organização social, os senhores feudais representavam o poder político e econômico, pois detinham o poder sobre terra, principal meio de produção. Era, portanto, o trabalho dos servos que sustentavatoda a hierarquia da nobreza, incluindo o Clero, composto por representantes da Igreja. Assim, “os senhores feudais tinham ainda o poder ideológico, graças à estreita ligação que havia entre eles e o maior poder político espiritual da época: a Igreja Católica” (Betto, 1986). No que diz à gênese do regime feudal, é importante destacar um acontecimento histórico, a queda do Império Romano. 10 Figura 3 — Ilustração que representa um feudo Fonte: AnnaNenasheva/shutterstock Sobre a época, Gorender e Almeida (1961) revelam que: O Império Romano foi derrotado pelas tribos germânicas, gaulesas, eslavas e por outros povos que viviam em diferentes partes da Europa. As tribos-conquistadoras, a época em que Roma foi vencida, viviam no regime comunitário primitivo já na fase de desagregação. O desmembramento do regime gentílico foi acelerado com a conquista do Império Romano, o que possibilitou manter e fortalecer o comando sobre os camponeses dependentes. Sobre as ruínas do Império surgiu uma série de estados comandados por reis. A Igreja, com o importante apoio do poder real, ganhou vastas terras que eram trabalhadas por camponeses, chamadas feudos. Daqui a denominação do regime social — o feudalismo. O modo de produção da sociedade feudal caracteriza-se pela exploração dos camponeses pelos senhores feudais. O trabalho do camponês era divido em duas partes: a produção necessária para a manutenção de sua família e a produção suplementar, destinada ao senhor feudal. Essa relação era uma exigência do senhor feudal para que o camponês (não proprietário) pudesse trabalhar a terra, tirando dela tanto o sustento próprio, quando o do dono da terra. Vamos observar agora o que dizem Gorender e Almeida (1961) sobre o assunto: O trabalho suplementar dos camponeses, realizado na fazenda do senhor feudal, ou o produto suplementar, criado pelo camponês em sua própria economia, e do qual aquele se apropriava, constituía a renda feudal da terra. A renda feudal frequentemente abarcava não só o trabalho suplementar do camponês, mas também parte do seu trabalho necessário. A base desta renda era a propriedade feudal da 11 terra, relacionada com a dominação direta do latifundiário feudal sobre os camponeses dele dependentes Além da produção agrícola, os servos também trabalhavam nas oficinas, onde fabricavam, por exemplo, móveis, carroças, enxadas, roupas. Com o aumento e aprimoramento da produção artesanal, cresceu também a atividade da troca de produtos, dando início, assim, às primeiras cidades. Foi “com o mercado feudal que surgiram muitas cidades europeias e que o comércio se desenvolveu” (Betto, 1986). Essas cidades cresceram, e o comércio se desenvolveu de tal forma que os senhores feudais buscavam cada vez mais lucro e eram cada vez mais atraídos para essas localidades, atraídos pelos artigos de luxo dos artesãos urbanos. Já no final do século XVI, com o aprimoramento da produção mercantil, as relações de produção no interior da sociedade feudal entram em um período de grandes contradições, dando início a um outro modo de organização social, que será considerada a passagem do feudalismo para o capitalismo. E esse será assunto para nosso próximo tema! TEMA 5 – A TRANSIÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL PARA O CAPITALISMO Como vimos, a cultura de troca de produtos da economia camponesa tem início no final do regime escravista e intensifica-se no regime feudal. Mas é apenas neste último que surge a produção mercantil, quando os produtos passaram a ser utilizados para trocas e considerados como mercadorias. Aqui, o valor de troca de um produto estava relacionado com tempo que se despende para fabricá-los. Em meados do século XV, inicia-se a constituição do mercado mundial, que teve grande importância para o surgimento da economia capitalista. O advento do chamado “mercado mundial” teve como principal influencia os conflitos entre os países da Europa e os turcos, pois esse povo interrompeu os caminhos que eram fundamentais para a passagem de comerciantes. Com isso, foi necessário buscar outros caminhos marítimos para chegar até as Índias. Assim, nas palavras de Gorender e Almeida (1961): procurando uma via marítima para a Índia, Colombo descobriu a América em 1492 e, em 1498, Vasco da Gama, navegando em torno da África, descobriu o caminho marítimo para a Índia. Em consequência destas descobertas, o centro de gravidade do comércio 12 transferiu-se do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, e o predomínio comercial deslocou-se para os Países Baixos, a Inglaterra e a França. No comércio europeu, a Rússia desempenhava um papel importante. Assim, como consequência das novas descobertas, países como Inglaterra e França cumprem um importante papel para o desenvolvimento do mercado mundial, inserindo-se como grandes centros comerciais europeus, contando ainda com uma posição geográfica que facilitava o escoamento de mercadorias pelo Oceano Atlântico. O surgimento do mercado mundial aumentou a demanda por mercadorias, que não poderia ser suprida apenas com a produção artesanal. Dessa forma, o modo de produção feudal entra em declínio, pois já se encontrava em desenvolvimento o modo de produção fabril, representando o início do que mais tarde chamaríamos de modo de produção industrial capitalista. Então, para atender à crescente demanda por produtos, os donos dos meios de produção criaram as primeiras oficinas de trabalhos manufatureiros. Nessas oficinas, eram empregados principalmente aqueles artesãos cuja produção, e consequentemente sua venda, não era suficiente para o sustento da família. Surge assim o trabalho assalariado, tema que será trabalhado posteriormente NA PRÁTICA Como exercício de reflexão desta aula, os alunos podem assistir ao filme indicado, para posterior discussão em grupos, com colegas e tutores. Um ponto importante para tratar é a relação do filme com a emergência do capitalismo comercial. O MERCADOR de Veneza. Direção: Michael Radford. Sony Pictures Classics, 2004. 138 min. FINALIZANDO Nesta aula, vimos quais foram as principais formas de produzir os bens necessários para a manutenção da vida humana. O modo de produção primitivo (caça, pesca e coleta de frutos) é considerado como a primeira forma aperfeiçoada pelo homem de produzir alimentos. Esse modo de produção está situado no período denominado Pré-História. 13 Vimos também o modo de produção escravista, marcado pelo domínio de terras por parte de um grupo, e pela submissão por parte de outro. Com o fim desse modo de produção, surgiu o feudalismo. A principal característica desse modo de produção também era o domínio sobre a terra e os meios de produção por um grupo (os senhores feudais) e a sujeição daqueles que não tinham o domínio sobre a terra, que eram os vassalos/camponeses. 14 REFERÊNCIAS ANTUNES, J. Marx e categoria de modo de produção asiático: a Índia como modelo de sociedade não ocidental. Tempo da Ciência (UNIOESTE), v. 13, p. 125-146, 2006. _____. Marx e o último Engels: o modo de produção asiático e a origem do estatismo na teoria da história marxista. 2006. Disponível em: <http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunica coes/gt1/sessao3/Jair_Antunes.pdf>. Acesso em: 30 out. 2018. BETTO. F. Introdução à política brasileira. São Paulo: Ática., 1986. GORENDER, J.; ALMEIDA, J. Manual de economia política. 1961. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/manual/02.htm#i7c2>. Acesso em: 30 out. 2018. MARX, K. Introdução [à crítica da economia política]. In: MARX, K. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 23-54. SOUZA. D. G.; MEIRELES.G. A. L.; LIMA. S. M. A. Produção capitalista e fundamentos do Serviço Social (1951-1970). Curitiba: InterSaberes, 2016.
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