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Fetotomia De acordo Prestes (2017c, p. 262), “consiste na fragmentação do feto no interior do útero, utilizando-se de equipamento específico e removendo as secções correspondentes”. Por se tratar de um procedimento cruento e fatal para o bezerro, é uma intervenção obstétrica extrema e de difícil execução (GÓMEZ, 2008). A fetotomia está indicada para os seguintes casos: feto estiver preferencialmente morto; ocorrência de fetos absolutos ou relativos grandes; fetos enfisematosos; monstros fetais; fetos gravemente mutilados após tentativas de realização de manobras; distocias impossíveis de corrigir; fetos em adiantado estado de putrefação (GÓMEZ, 2008; PRESTES, 2017c). Se não der certo opta-se pela cesariana. As contraindicações para a realização de fetotomia são em casos de: estreitamento de via fetal; ruptura uterina; graves lacerações vaginais; hemorragia profusa; feto vivo; doenças graves da vaca (PRESTES, 2017c). A técnica pode ser realizada com a fêmea em estação ou decúbito, ser realizada de forma total ou parcial, além de poder ser feita de forma transcutânea tradicional ou subcutânea, com o auxílio da espátula de Keller que desestrutura o esqueleto reduzindo o volume e facilitando a extração (PRESTES, 2017c). Quando o feto morto é muito grande e incompatível com pelve iremos cortar os pedaços do feto de dentro da fêmea. Com o animal em decúbito é necessário estar protegidos com colchão para não sofrer compressão dos nervos superficiais, porém é uma posição difícil de realizar o procedimento. Se o animal estiver em estação devemos nos atentar com a anestesia, não deve fazer o animal deitar-se. Se comparada com a posição de decúbito, em estação o procedimento será realizado mais facilmente. É mais realizada em grandes animais, de emprego restrito em pequenos ruminantes e não aplicável a carnívoros e suínos, em razão do fetótomo ser uma ferramenta muito grande. É uma técnica utilizada principalmente em equinos e bovinos. Uma vez iniciada a técnica deve-se ir até o final, pois ao deixar uma parte do feto exposta no útero, pode haver laceração e perfuração, e consequentemente comprometer a viabilidade da vaca. A primeira medida a ser tomada é a confirmação da morte fetal através de exames clínico e obstétrico rigorosos da vaca, bem como fazer testes de reflexo digital, anal (em apresentações posteriores) e de sucção, além da detecção do pulso por palpação do cordão umbilical no feto. Caso o bezerro ainda não tenha entrado em óbito, porém esteja muito debilitado, pode-se realizar o sacrifício através da ruptura manual do cordão ou ainda pelo corte rápido do pescoço. Antes de iniciar o procedimento todas as partes do feto que estão acessíveis devem ser fixadas com cordas ou correntes, principalmente as que serão cortadas e as que serão tracionadas. Previamente a cada corte, deve-se irrigar o útero com mucilagem, além de manter a vagina e os braços do operador do fetótomo sempre lubrificados (PRESTES, 2017c). No Brasil o tipo de fetótomo mais usado é o modelo rígido Thygesen®, onde o fio serra de aço (Liess) precisa de um comprimento mínimo de 6 metros. Com este equipamento é possível fazer cortes transversais, longitudinais e diagonais voltados para frente ou para trás (PRESTES, 2017c). Também existe o modelo de Ultrecht. De acordo com Prestes (2017c) são descritos 8 cortes para fetos em apresentação anterior e 7 para as apresentações posteriores. A técnica é semelhante para vacas e éguas, não é necessário a execução total. Em éguas, geralmente o pescoço do animal estará virado, nesse caso iremos apenas fazer o corte do pescoço, porque a égua pari com mais facilidade que a vaca, por este motivo não é necessário executar vários cortes em potros. Nesta intervenção é feita a anestesia epidural, no máximo 5ml para evitar que o animal fique em decúbito. O Thygesen é introduzido via vaginal, e com um fio de serra se faz o movimento de corte das partes do feto. É necessário colocar a parte fetal dentro do laço para cortar as partes. É um procedimento rápido, se comparado ao parto. A fragmentação do feto pode ser feita de 3 maneiras; percutânea, que se faz uma secção transcutânea do feto; subcutânea, que é pouco utilizada, onde disseca-se partes do feto com bisturi, entra com a mão escondendo o bisturi, dentro abre a mão para dissecar o feto; parcial, quando precisa-se remover apenas um membro, como por exemplo, a cabeça. Ocorre em casos que houve um trabalho de parto curto. Em condições de campo a sequência clássica e o número de cortes deverão ser abandonados. Se faz os cortes de acordo com a necessidade. Antes dos cortes do útero e vagina, os braços do operador deverão ser lubrificados com mucilagem. A mucilagem é para facilitar a retirada e para que o fetótomo não causa lesão no útero. A vulva e vagina se tornam edemaciada em razão da intensa passagem dos braços. Isso pode dificultar a retirada das partes fetais. Segundo Prestes (2017c), cortes mal feitos ou executados em locais que possam deixar pontas de osso expostas e estas serem cortantes ou perfurantes podem acarretar em lesões na vaca, portanto a correta remoção deve ser realizada com cautela e com a proteção adequada das mucosas da parturiente. O autor ainda alerta que o abandono da técnica, a partir do momento que já se tenha feito alguns cortes, nunca pode ocorrer devido a elevada possibilidade de ocorrerem perfurações e lesões ao útero. Ao final do processo deve-se realizar criterioso exame obstétrico para avaliação de lesões, além de promover a lavagem do útero com água aquecida em abundância para remover resíduos de pelos, ossos, coágulos, tecidos e mecônio, promovendo a sifonagem do conteúdo remanescente. É recomendado a antibioticoterapia uterina em bolus e antibiótico sistêmico, bem como terapia de suporte, se necessário (PRESTES, 2017c). O bolus intra-uterino é utilizado principalmente em bovinos. Nos equinos causa incomodo na égua por ser um pastilha efervescente de gentamicina. É necessário uma reposição hidroeletrolítica intravenosa ou hidratação oral porque o animal faz um esforço muito grande. Na égua, terapia preventiva para laminite e lavagem uterina 2 vezes ao dia. Se faz até líquido ficar bem transparente. Ainda que a realização da fetotomia seja preferível em detrimento da cesárea, esta última deve ser considerada quando a extração do feto for inviável mesmo com amputações parciais, devendo sempre preconizar o bem-estar da vaca, antevendo a possibilidade destas intensas manipulações que podem resultar em traumas e deixar a fêmea esgotada (GÓMEZ, 2008). Referencias DE SOUZA RAMOS, Inalda Angélica et al. APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE FETOTOMIA EM BOVINOS. GUALLPA, Teodoro. DISTOCIAS Y TECNICAS QUIRURGICAS EN. SANTIAGO, Yasmin Lopes et al. FETOTOMIA EM ÉGUA COM PARTO DISTÓCICO. BORGES, Luisa Pucci Bueno. Intervenções Obstétricas em Equinos INVESTIGAÇÃO, v. 14, n. 1, 2015.
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